Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Resposta Cética
Os céticos antigos, de entre os quais se destaca Pirro de Élis, consideravam que, uma vez que
as pretensões de conhecimento se podem revelar injustificadas, o melhor a fazer é suspender
o juízo relativamente a todo e qualquer assunto, isto é abster-se de considerar que sabiam que
o que quer que seja é absolutamente verdadeiro ou falso. Ainda hoje há quem seja desta
opinião.
Existem céticos radicais que põem em causa a possibilidade de toda e qualquer espécie de
conhecimento e há céticos moderados que cingem o seu ceticismo a certos tipos ou domínios
de conhecimento. É desta segunda espécie de ceticismo que nos iremos ocupar.
“Come a sopa!”, “Porquê?”, “Porque isso é importante para ti.”, “Porquê?”, “Porque te torna
mais saudável.”, “Porquê?” (…) e a conversa pode prolongar-se indefinidamente, ou até que
um dos dois desista. Normalmente, é o adulto o primeiro a dar-se por vencido, afirmando num
tom impaciente: “Porque sim!”. No entanto, não é difícil perceber que “Porque sim!” não
justifica coisa alguma.
Quando uma cadeia de justificações se começa a desenrolar existem apenas três alternativas:
Não temos crenças justificadas pois nenhuma crença injustificada serve de justificação para o
que quer que seja.
Não temos crenças justificadas porque nenhuma justificação circular pode ser eficaz, pois o
que se pretende justificar está a ser usado na própria justificação.
Não temos crenças justificadas porque nenhuma cadeia infinita pode ser abarcada por
criaturas finitas e limitadas como nós. Como este tipo de justificações não tem fim à vista não
serve de justificação para coisa alguma.
Assim: as três possibilidades têm o mesmo desfecho: as nossas crenças não são justificadas,
não temos crenças justificadas.
Argumento:
O ceticismo instala-se quando se conjuga esta conclusão com a ideia de que o conhecimento
só é possível se tivermos crenças justificadas.
(8) Se as nossas crenças não estão justificadas, então não temos conhecimento.
(9) As nossas crenças não estão justificadas.
(10) Logo, não temos conhecimento.
Objeções ao ceticismo
Rejeitam a primeira premissa do argumento cético da regressão infinita. Para estes autores,
nem todas as crenças se justificam com base noutras crenças, pois existem crenças que são de
tal forma evidentes que podemos considerar que se justificam por si mesmas.
Por exemplo: não parecem ser necessárias razões adicionais para acreditares que a) existes; b)
2+2=4.
1
Uma perspetiva é autorefutante quando se refuta a si mesma, isto é, quando demonstra a sua própria
falsidade.
1) Crenças básicas (ou fundacionais) – de tal modo evidentes que não precisam de ser
justificadas por outras crenças, justificam-se a si mesmas como autoevidentes.
Tal como os alicerces (fundações) servem de suporte para a totalidade do edifício, sem
que sejam suportados (as) por este, também as crenças básicas representam uma base
sólida sobre a qual podemos edificar as nossas restantes crenças.
2) Crenças não básicas – não são evidentes, são inferidas a partir de outras crenças, com
base nas quais se justificam.
1. Racionalismo de R. Descartes.
2. Empirismo de D. Hume.