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EPISTEMOLOGIA – o problema

da possibilidade do conhecimento
EPISTEMOLOGIA
Definição tradicional
Definição de conhecimento

Racionalismo
Origem
Problemas do
Empirismo
conhecimento

Ceticismo
Possibilidade
A teoria de Descartes

A teoria de Hume
Ceticismo

Racionalismo
Problema É possível conhecer? de
Descartes

Empirismo
de
Hume
O PROBLEMA DA POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO

Saberemos o que julgamos saber?

Por vezes, temos crenças falsas.

Vivemos na ilusão de que são


verdadeiras e de que temos
conhecimento.

Essa ilusão pode:


• durar apenas algum tempo;
• durar a vida toda.
Ilusão ótica
O PROBLEMA DA POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO

Julgamos que conhecemos. Ao fazer estas perguntas


colocamos o problema
Mas teremos de facto conhecimento? da possibilidade
do conhecimento.
Saberemos o que julgamos saber?

Será o conhecimento realmente possível?


Três respostas a este
problema:
• o ceticismo
• a perspetiva de Descartes
• a perspetiva de Hume
O conhecimento é possível?
O desafio cético

Por vezes, chama-se ceticismo pirrónico


ao ceticismo radical.

O nome vem de Pirro, filósofo grego que


defendeu que não podemos ter a
certeza de nada.

Devemos suspender a crença na ideia


em causa:

• não acreditar;

• nem deixar de acreditar.


O conhecimento é possível?
O desafio cético

CETICISMO ABSOLUTO OU RADICAL

Teve origem em Pirro de Élis (c. 365-275 a. C.), mas é de Sexto


Empírico (séculos II-III d. C) que o recebemos.

Sexto Empírico defende que mesmo que as nossas crenças sejam verdadeiras, não temos
justificações suficientes para mostrar essa verdade. Nem a razão nem a experiência justificam
devidamente e de modo satisfatório as nossas crenças. Logo, à falta de justificação adequada,
nenhuma das nossas crenças pode ser considerada conhecimento.

O mais sensato é suspender o juízo em vez de dizer que sabemos


Suspensão do juízo: estado de
neutralidade em que nada se seja o que for, ainda que acreditemos realmente em várias coisas e
afirma e nada se nega. algumas dessas crenças possam ser verdadeiras.
O conhecimento é possível?
O desafio cético
Resposta cética

Não podemos afirmar que temos conhecimento,


Tese porque nenhuma fonte de justificação das
nossas crenças é satisfatória.
O conhecimento é possível?
O desafio cético
• «De acordo com os céticos, nenhuma das nossas crenças está devidamente justificada, quer a
suposta fonte justificação seja o pensamento quer seja a experiência. Eles pensam assim porque
consideram que nem as justificações baseadas nos sentidos nem as baseadas na razão garantem
que não estamos enganados. Assim, à falta de justificação adequada, nenhuma das nossas
crenças pode ser considerada conhecimento. O mais sensato é, portanto, suspender o juízo em
vez de dissermos seja o que for.
• É importante compreender que os céticos aceitam o seguinte:
➢ Todos nós temos crenças.
➢ Sem crenças não há conhecimento.
➢ Algumas das nossas crenças são verdadeiras.
➢ Sem crença justificada não há conhecimento.
Argumento central dos céticos

É,precisamente, por pensarem não haver crenças justificadas que defendem não
haver conhecimento, mesmo que algumas dessas crenças seja verdadeira.

O argumento central dos céticos é, pois, o seguinte:


Se há conhecimento, algumas das nossas crenças estão justificadas.
Mas nenhuma das nossas crenças está justificada.
Logo, não há conhecimento.»
Almeida, Aires et Murcho, Desidério Lições de Filosofia 11
O conhecimento é possível?
O desafio cético

A posição do ceticismo pode ser expressa através


deste argumento:

1 Se as nossas crenças não estão justificadas,


então não temos conhecimento.

2 As nossas crenças não estão justificadas.

3 Logo, não temos conhecimento.

Mas será sólido? Para ser sólido, para além de válido tem de ter premissas verdadeiras. A 1ª premissa é
claramente verdadeira, a justificação é uma condição necessária para haver conhecimento; a 2ª é discutível e
muitos filósofos não a aceitam. Temos, por isso, que saber quais as razões dos céticos para afirmar que
nenhuma das nossas crenças está justificada.
2 As nossas crenças não estão justificadas.
Será esta premissa verdadeira?

«O filósofo Sexto Empírico expôs no seu livro Hipóteses Pirrónicas as razões dos
céticos para considerarem duvidosas todas as justificações. Trata-se, portanto, de
argumentos a favor da segunda premissa do argumento central. Os três
argumentos principais são:
O conhecimento é possível?
➢ Argumento da divergência
O desafio cético
de opiniões

➢ Argumento da ilusão

➢ Argumento da regressão infinita


da justificação»
Argumento central dos céticos Argumentos de suporte

«Se há conhecimento, algumas das


nossas crenças estão justificadas. Argumento da divergência de
opiniões

Mas nenhuma das nossas crenças


está justificada. Argumento da ilusão

Logo, não há conhecimento.» Argumento da divergência de


opiniões
O conhecimento é possível?
O desafio cético

Ceticismo: argumentos
Argumento da divergência
de opiniões

Se fosse possível justificar as nossas crenças, não haveria lugar para divergências de
opinião.
Há divergências de opinião.
. Logo, é impossível justificar as nossas crenças

Se existem opiniões divergentes, mesmo entre os especialistas do mesmo domínio, então


nenhuma se encontra adequada ou suficientemente justificada, sendo assim razoável
suspender o juízo.
O conhecimento é possível?
O desafio cético

Ceticismo: argumentos
Argumento da ilusão

Tudo o que é uma fonte de justificação segura do


conhecimento não nos engana.
Os sentidos enganam-nos.
Logo, os sentidos não são uma fonte de justificação segura do
conhecimento.
Argumento da ilusão

• Existem, relativamente ao mesmo objeto, sensações e perceções


diferentes, e até incompatíveis; e os objetos, pelas diversas formas
como nos surgem, desencadeiam ilusões e aparências. Se muitas
vezes justificamos as nossas crenças com base nos sentidos e estes
muitas vezes iludem-nos, então eles não são dignos de confiança e
não são uma justificação adequada para as nossas crenças acerca da
realidade.
O conhecimento é possível?
O desafio cético

Ceticismo: argumentos
Argumento da regressão
infinita da justificação

A justificação de qualquer crença é inferida de outras crenças.


Se a justificação de qualquer crença é inferida de outras crenças, então dá-se uma regressão infinita.
Se há uma regressão infinita, as nossas crenças não estão justificadas.
Logo, as nossas crenças não estão justificadas.
Argumento da regressão infinita da justificação

• Para justificar uma crença tem de se recorrer a outra. Para que esta
segunda crença possa justificar a primeira, temos de a justificar
também. Contudo, a única maneira de o fazer é recorrer a outra
crença ainda, que teremos também de justificar. E assim tudo o que
fizemos foi fazer recuar a justificação, fazendo uma regressão que
não acaba, que é infinita. Logo, as nossas crenças não estão
justificadas.
O conhecimento é possível?
O desafio cético

Argumento da regressão infinita da justificação

Os filósofos pirrónicos dizem:

Cada crença precisa de uma justificação.

Cada justificação precisa de uma nova justificação.

É uma regressão sem fim.

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