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EPISTEMOLOGIA – os problemas

Capítulo1 da definição, possibilidade e origem do conhecimento


PowerPoint 2
O RACIONALISMO
DE DESCARTES
Será o conhecimento possível?

Será que o ceticismo radical


está certo?

Será realmente verdade que


não conhecemos nada?

Será que o conhecimento


não é possível?
O RACIONALISMO
DE DESCARTES
Será o conhecimento possível?

Descartes tentou refutar o ceticismo radical

procurando demonstrar que


o conhecimento é possível
O RACIONALISMO DE DESCARTES

Será o conhecimento possível?

Descartes começou por avaliar


tudo o que tinha aprendido

concluindo que existiam muitas


obscuridades e incertezas
na Filosofia e nas ciências
O RACIONALISMO DE DESCARTES

A procura de um fundamento

Contrariar o ceticismo implica:

• distinguir as ideias corretas das incorretas;

• eliminar os erros;

• substituir as dúvidas por certezas.


O RACIONALISMO DE DESCARTES

A procura de um fundamento

Encontrar um fundamento
implica:

encontrar uma crença:

• indubitável e
• básica
O RACIONALISMO DE DESCARTES

A procura de um fundamento

Uma crença
será

indubitável básica
• se for totalmente certa, • se for completamente
acima de qualquer evidente, sem necessitar
dúvida de justificação exterior
O RACIONALISMO DE DESCARTES

A procura de um fundamento

Uma crença

indubitável básica
• permitirá responder • permitirá responder
ao argumento cético ao argumento cético
dos enganos sensoriais da regressão infinita
da justificação
O RACIONALISMO DE DESCARTES

Dúvida metódica

Descartes recorre
ao método da
dúvida metódica

duvidar de todas as crenças até


encontrar uma crença:
• indubitável
• resistente a qualquer dúvida
O RACIONALISMO DE DESCARTES

Dúvida metódica

Características da dúvida cartesiana

voluntária metódica teórica voluntária


A DÚVIDA METÓDICA

A aplicação do método

A aplicação da dúvida metódica é um percurso sequencial.


Descartes debate consigo próprio e vai apresentando ideias.

• vai descartando algumas dessas ideias; • e vai mantendo outras.

• depois, descarta também estas


até encontrar a certeza que procurava
A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar dos sentidos

A dúvida começa por incidir nas crenças derivadas


dos sentidos.

Descartes rejeita essas crenças usando um argumento


parecido com o argumento cético dos sentidos
enganadores:

1 Se os sentidos por vezes me enganam, então não devo


confiar nas informações fornecidas pelos sentidos.

2 É verdade que os sentidos por vezes me enganam.

3 Logo, não devo confiar nas informações fornecidas


pelos sentidos.
A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar dos sentidos

1 Se os sentidos por vezes me enganam, então não devo confiar


nas informações fornecidas pelos sentidos.

2 É verdade que os sentidos por vezes me enganam.

3 Logo, não devo confiar nas informações fornecidas pelos sentidos.


A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar dos sentidos

1 Se os sentidos por vezes me enganam, então não devo confiar


nas informações fornecidas pelos sentidos.

2 É verdade que os sentidos por vezes me enganam.

3 Logo, não devo confiar nas informações fornecidas pelos sentidos.


A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar dos sentidos

Para questionar a fiabilidade dos sentidos, Descartes


recorre ao argumento do sonho:

1 Se tenho sonhos que não são distinguíveis das


perceções que tenho quando estou acordado, então
não posso garantir que neste momento não estou
a sonhar nem que a minha vida não é um sonho.

2 É um facto que tenho sonhos que não são distinguíveis


das perceções que tenho quando estou acordado.

3 Logo, não posso garantir que neste momento não estou


a sonhar nem que a minha vida não é um sonho.
A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar dos sentidos

O argumento do sonho diz:


• alguns sonhos são muito nítidos e semelhantes
às experiências que tenho quando estou acordado;
• quando estou a sonhar acredito que o sonho
é real e está mesmo a acontecer;

o que levanta questões:


• Como posso eu garantir que neste preciso
momento não estou a sonhar?
• Como posso garantir que toda a minha vida
não é um sonho?
A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar da matemática

crenças
algumas matemáticas
crenças
continuam
a ser
verdadeiras: outras crenças
racionais
e a priori
A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar da matemática
A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar da matemática
A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar da matemática
A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar da matemática

A hipótese do deus … é mais radical


enganador… do que a hipótese
de a vida ser um sonho.

permite duvidar das


crenças a posteriori permite duvidar das
e das crenças a priori crenças a posteriori
A DÚVIDA METÓDICA
Duvidar da matemática

A hipótese do Deus enganador pode ser apresentada


sob a forma de um argumento:

1 Se posso conceber a possibilidade de um Deus


enganador, então até as crenças a priori podem
ser falsas.

2 Posso conceber a possibilidade de um Deus


enganador.

3 Logo, até as crenças a priori podem ser falsas.


A DÚVIDA METÓDICA
O percurso da dúvida de Descartes

Argumento dos Argumento do génio


Argumento do sonho
enganos sensoriais maligno

Crenças
Crenças Crenças
a posteriori
a posteriori a posteriori
e a priori
A DÚVIDA METÓDICA
O cogito

Mesmo que um Deus enganador possa enganar-me


em várias coisas, há algo em que não me pode
enganar: eu existo.

Se penso (mesmo que erradamente), então existo.

Pensar implica existir.

A descoberta do cogito é a descoberta da primeira certeza.


A DÚVIDA METÓDICA
O cogito

A verdade do cogito é indubitável.

A verdade do cogito é, também,


autoevidente.

Podemos compreender
essa verdade sem recorrer
a qualquer raciocínio.
A DÚVIDA METÓDICA
Uma coisa pensante

Descartes considera que provou a sua Descartes considera ter


existência como coisa pensante. encontrado o fundamento
sólido que procurava.
O cogito é uma crença indubitável
e básica.

O cogito é uma ideia com uma


grande clareza e distinção.
Justifica o Refuta o
conhecimento. ceticismo.
A DÚVIDA METÓDICA
Impasse

A clareza e a distinção pode


constituir o critério de verdade?

Neste momento do percurso da dúvida


metódica, não!
O génio maligno não nos pode enganar acerca Descartes é um eu solitário,
da existência, mas pode enganar-nos acerca de sem poder ter mais nenhuma
outras ideias. certeza além de que existe.
A DÚVIDA METÓDICA
A ideia de Deus

A ideia de Deus é especial e diferente das


outras.
É a ideia de um ser perfeito.

Como pode um ser imperfeito (que se


engana e tem dúvidas) possuir a ideia
de um ser perfeito?
A DÚVIDA METÓDICA
A ideia de Deus

A causa da ideia de um ser perfeito


teve de ser um ser perfeito.

O próprio Deus.

Que, portanto, existe!


A DÚVIDA METÓDICA
O fim do génio maligno

A existência de Deus As capacidades cognitivas que Deus


anula a hipótese do nos deu são de confiança
génio maligno. caso sejam bem usadas.

Um Deus perfeito não


pode ser enganador.
A bondade divina
garante que o critério
das ideias claras e
Isso seria uma
distintas nos leva à
imperfeição.
verdade.
A DÚVIDA METÓDICA
Recuperação das crenças suspensas

Se usarmos bem as Podemos confiar nas nossas experiências


capacidades cognitivas, sensíveis (visuais, auditivas, etc.)
desde que a razão analise as informações
confiando apenas no que
delas derivadas e confirme a sua veracidade
compreendemos
clara e distintamente,

chegamos
à verdade
e evitamos
o erro.
A DÚVIDA METÓDICA
Recuperação das crenças suspensas

A função de Deus

Garante a
Permite afastar
verdade das
hipótese do
ideias claras
génio maligno
e distintas
OBJEÇÕES A DESCARTES

A incoerência
de Descartes

Ao passar da certeza do cogito


à certeza de Deus, Descartes
recorreu a capacidades e ideias
que tinham sido postas em O círculo
suspenso pela hipótese cartesiano
do deus enganador.
Descartes raciocina de modo
circular: a existência de Deus
e o critério das ideias claras
e distintas pressupõem-se
mutuamente.
O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO

Qual é a origem do conhecimento humano?

Qual é a fonte principal do conhecimento humano?

Vamos analisar duas respostas a estas questões.


O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
A resposta de René Descartes

• Racionalismo
Descartes foi um filósofo racionalista.

O racionalismo considera que a razão é a fonte


principal do conhecimento humano.

A razão é a capacidade de raciocínio.

René Descartes
1596-1650
O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
A resposta de Descartes

• Ideias inatas, adventícias e factícias Descartes

Descartes considera que temos três tipos diferentes


de ideias:

IDEIAS

INATAS ADVENTÍCIAS FACTÍCIAS


O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
A resposta de Descartes

IDEIAS

INATAS ADVENTÍCIAS FACTÍCIAS

Ideias que nascem connosco. Ideias com origem na experiência Ideias criadas pela imaginação.
Não derivam da experiência. (fornecidas pelos sentidos). Inspiradas em outras ideias.
Exemplos: a ideia de Deus, Exemplos: árvore, Exemplos: unicórnio,
as ideias matemáticas, etc. automóvel, etc. lobisomem, etc.
O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
A resposta de Descartes

IDEIAS

ADVENTÍCIAS FACTÍCIAS
INATAS

A razão é a fonte das ideias inatas.

Para Descartes, as ideias inatas


são mais claras e distintas
do que as outras ideias.
O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
A resposta de Descartes

• Conhecimento a priori

RAZÃO HUMANA
partindo

das IDEIAS de ideias da


e
INATAS EXPERIÊNCIA
produz

conhecimento
a priori
O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
A resposta de Descartes

• Conhecimento a priori

CONHECIMENTO A PRIORI

é substancial

é um conhecimento
acerca do mundo
O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
A resposta de Descartes

• Conhecimento a posteriori
Descartes não nega que a experiência é
necessária para conhecer coisas como,
por exemplo, «está a nevar».

Porém, por não derivar da razão,


o conhecimento a posteriori
é menos certo e menos rigoroso
do que o conhecimento a priori.
O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
Crítica empirista ao inatismo de Descartes

O inatismo foi criticado por David Hume


e por outros empiristas.

Essa crítica pode ser formulada através


do argumento seguinte:

1 Se algumas ideias fossem inatas, então as crianças


mostrariam conhecê-las.

2 Mas as crianças não mostram conhecê-las.

3 Logo, essas ideias não são inatas.


O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
Crítica empirista ao inatismo de Descartes

O argumento pode ser reforçado referindo que


muitos adultos parecem igualmente desconhecer
essas ideias.

A resposta racionalista é que as ideias inatas


são como sementes:

nascem connosco, mas não vêm


completas e acabadas

é preciso exercício e treino para as tornar


conscientes e explícitas.

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