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➔ Na época de Descartes surge a

ciência moderna.

Objetivo " Reformar os princípios do


A dúvida aplica-se a:
conhecimento, pretende reformar o
conhecimento (criar novos métodos que • conhecimento sensível
se querem científicos)
A dúvida vai aplicar-se, em primeiro
➔ Como? lugar, às informações dos sentidos. Os
• Procurando um princípio sentidos enganam-nos algumas vezes.
evidente incondicionado Aplicando o principio hiperbólico que
• Deste decorre o conhecimento orienta a aplicação da dúvida: se
de tudo o mais, mas não devemos considerar enganador aquilo
reciprocamente que alguma vez nos enganou, então os
• Método " Dúvida (metódica) sentidos não merecem qualquer
➔ Como se chega a algo evidente? confiança.
-Duvidando
➔ Na dúvida como método rumo à • existência do mundo

evidência (racional):
Descartes põe em causa outros dos
• Considera falso o que for, por
fundamentos essenciais do saber
mínimo, duvidoso (e obviamente
tradicional: a convicção ou crença
o que for falso);
imediata na existência das realidades
• Considera enganador aquilo que
físicas ou sensíveis. Mas como
alguma vez nos enganou.
encontrar uma razão para duvidar

Características da dúvida cartesiana: daquilo que parece ser tão evidente?


Como duvidar da existência das
• metódica - é apenas um método realidades sensíveis ou corpóreas?
para chegar a algo evidente;
Descartes inventa um argumento
• provisória - porque apenas
engenhoso que se baseia na
corresponde a uma suspensão
impossibilidade de encontrar um
temporária dos conhecimentos;
critério absolutamente convincente
• hiperbólica - porque há uma
que nos permita distinguir o sonho da
análise radical e total dos
realidade. Há acontecimentos que,
conhecimentos possíveis
vividos durante o sonho, são vividos com
(excessiva).
tanta intensidade como quando dúvida. A estratégia é simples e
estamos acordados. sempre a mesma: devemos
encontrar um motivo, uma
Se assim é, não havendo uma maneira
razão, um argumento, para
clara de diferenciar o sonho da
suspeitar, por muito pouco que
realidade, pode surgir a suspeita de que
seja, da validade dos
aquilo que consideramos real não passe
conhecimentos matemáticos.
de um sonho. Deste modo, posso supor
Se essa suspeita, essa dúvida,
que os acontecimentos e as coisas que
for possível, esses
julgo reais nada mais são do que
conhecimentos serão
figurantes de um sonho. Basta esta
considerados falsos, como
suspeita, basta esta mínima dúvida,
manda o princípio hiperbólico
para transformar os acontecimentos e
que rege o exercício da dúvida.
as coisas que eu julgava absolutamente
reais em realidades meramente O argumento que vai abalar a confiança
imaginárias: todas as coisas sensíveis depositada nas noções e
podem não passar de realidades que só demonstrações matemáticas baseia-se
existem em sonho (incluindo o meu numa hipótese ou numa suposição: a de
corpo). que Deus, que supostamente me criou,
criando ao mesmo tempo o meu
Se os sonhos são ilusórios por que é
entendimento, sendo um ser
que o mundo exterior não é também?
omnipotente, pode fazer tudo, mesmo
-põe em causa a existência do mundo.
criar o meu entendimento, ao depositar
nele as verdades matemáticas, pode tê-
• conhecimento das matemáticas
lo criado “virado do avesso” sem disso
e existência de Deus como um
me informar. Por outras palavras, logo à
ser bom e não enganador
partida, o meu entendimento pode
• As matemáticas são produtos da
estar radicalmente pervertido,
atividade do entendimento e por
tomando como verdadeiro o que é
isso constituem a dimensão dos
falso e por falso o que é verdadeiro.
objetos inteligíveis. Sendo estas
realidades inteligíveis
Enquanto a hipótese de Deus enganar
consideradas as mais evidentes,
não for rejeitada, não podemos ter a
se as pudermos pôr em causa,
certeza de que as mais elementares
todos os outros produtos do
“verdades” matemáticas são realmente
entendimento serão postos em
verdadeiras. Se isso vale para as porque a evidência de que Descartes
“verdades” mais elementares e simples, parte não é, de modo algum, a
mais se aplica ainda às mais complexas. evidência sensível e empírica. Os
sentidos enganam-nos, as suas
➔ Parece que chegamos ao ceticismo
indicações são confusas e obscuras,
radical, em que não há um princípio
só as ideias da razão são claras e
racional no mundo para chegar à
distintas. O ato da razão que
primeira verdade:
percebe diretamente os primeiros
• Se há dúvidas, há alguém que
princípios é a intuição. A dedução
duvida
limita-se a veicular, ao longo das
• Se alguém que dúvida, alguém
belas cadeias da razão, a evidência
pensa (não pode duvidar que é
intuitiva das "naturezas simples". A
o sujeito da dúvida)
dedução nada mais é do que uma
• Se pensa, tem consciência de si
intuição continuada.
enquanto ser que pensa
➔ A dúvida de Descartes é hiperbólica
• Logo, há um 1º princípio
e metódica. “Existe, porém, uma
indubitável e evidente
coisa de que não posso duvidar,
mesmo que o demónio me queira
sempre enganar. Mesmo que tudo o
O “eu” que pensa é a primeira evidência que penso seja falso, resta a certeza
racional de que eu penso. Nenhum objeto de
pensamento resiste à dúvida, mas
EU PENSO, LOGO EXISTO - 1ª verdade o próprio ato de duvidar é
epistemológica - (sou um ser que pensa) indubitável. "Penso, logo existo.”
Não é um raciocínio (apesar do logo)
Cogito, Ergo Sum (latim) " Penso logo
mas uma intuição.
sou
➔ Assim, a primeira verdade

➔ No plano ontológico, Descartes cartesiana é o cogito (“penso, logo

começa por duvidar de tudo quanto existo”) em que conclui que existe

existe, para ver se há alguma enquanto substância pensante. Mas

verdade clara e distinta que se é preciso garantir a o fundamento da

apresente ao espírito com evidência existência do homem. O

tal que não possa ser negada fundamento ontológico é Deus,

(intuição). O método é racionalista que garante a nossa existência e a


própria veracidade da sua existência.
Esta é a prova ou argumento O “eu” (alma) ≠ Corpo
ontológico ao qual se segue um
(substância imaterial e racional)
apelo ao raciocínio categórico-
(substância material)
demonstrativo.
➔ No plano ontológico, Descartes
➔ Esta verdade, “Eu penso, logo,
começa por pôr em dúvida o plano
existo”, vai ser o critério ou o modelo
dos conhecimentos. O cogito é a
de toda e qualquer verdade ou
garantia da evidência das coisas,
evidência posterior.
mas Deus é o fundamento
• Sujeito que pensa " subjetividade
epistemológico que garante a
(o saber tem que ser objetivo se
veracidade dos nossos
não não passa de uma crença, e
conhecimentos.
a definição de crença é
➔ Nos “Princípios da Filosofia”,
insuficiente)
Descartes deteta a ideia de “um ser
• É preciso um princípio objetivo,
omnisciente, todo-poderoso e
que garanta a validade dos
extremamente perfeito”. Após ter
conhecimentos e a existência
chegado à verdade do Cogito,
dos objetos fora do sujeito
conclui que existe em nós a ideia de
• Se duvido, sou imperfeito (se não
um “Ser todo perfeito”, e não
tivéssemos em nós a ideia de
podendo ser o homem, como ser
perfeição, não sabíamos que
imperfeito que é, a causa desta
éramos imperfeitos)
ideia, afirma que o Ser que é causa
➔ Porquê? Porque duvidar é ser menos
desta ideia deve ter mais perfeição
perfeito do que ser sabedor
do que a sua representação (a Ideia).
• Só sei que sou imperfeito por
Logo, Deus existe porque existe em
referência à ideia de perfeição
nós a sua ideia. Este é o argumento
que possuímos.
da causalidade ou princípio de
adequação causal. Como é que tenho a ideia de perfeição?
➔ Descartes, considera, assim, que só
um ser perfeito pode ter posto em ➔ Não pode ter sido criada por mim

nós, seres imperfeitos, esta ideia de porque do menos perfeito não pode

perfeição, pois o efeito não pode ser surgir o mais perfeito. Logo, a ideia

maior do que a causa. Deus é a de perfeição foi-me colocada por um

causa das ideias inatas que ser mais perfeito (o mais perfeito) -

colocou no homem. DEUS


Deus - a perfeição absoluta tem de ser a • Verdades da matemática,
causa da minha ideia de perfeição. Logo, geometria, ideia de causalidade
Deus existe.

➔ Características de um ser perfeito:


As ideias evidentes, claras e distintas
• Omnisciente
puramente racionais
• Omnipotente
• Existência necessária e eterna -
não é apenas possível, é
necessário O que conhecemos do mundo são as
suas características racionais
A existência de Deus é necessária
porque, para um ser ser perfeito tem O que é que garante a
que existir, logo, a existência objetividade/validade deste
necessária tem que ser atribuída ao conhecimento?
perfeito
• Deus é a primeira verdade
Ordem do conhecer ≠ Ordem do ser metafísica, é a fonte, origem ou
raiz do conhecimento. Ele
➔ Ordem do conhecer:
garante a objetividade, certeza e
• 1ª Verdade " “Eu” penso
evidencia dos conhecimentos
• 2ª Verdade " “Deus como
racionais, assim como a sua
existência necessária”
validade universal.
➔ Ordem do ser:
• Garante a correspondência
• 1ª Verdade " Deus " existente
permanente entre as nossas
necessário
ideias e os objetos a que
• 2ª Verdade " Eu penso "
correspondem, independentes
existência possível
de nós.
➔ Objetos correspondentes às outras
• Garante a existência continuada
ideias inatas (evidentes)
do mundo, mesmo depois de não
➔ Se Deus existe, está refutada a
pensarmos nele.
hipótese de Deus enganador
➔ Temos ideias inatas (nascem
connosco, são a marca de Deus)
• “Deus”
• “Eu” – Alma

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