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RACIONALISMO (páginas 146 à 147)

A razão (entendimento) é a fonte principal do conhecimento.

Só através da razão é que se pode encontrar um conhecimento seguro, o qual se apoia em princípios
evidentes, sendo totalmente independente da experiência sensível.

Tal conhecimento, que é a priori, é considerado necessário – tem de ser assim e não pode ser de outro
modo, de contrário entraríamos em contradição lógica – e universal – tem de ser assim sempre e em
toda a parte. (exemplo página 146)

O modelo do conhecimento ou do saber é-nos dado pela matemática.

1. Desconfiança dos sentidos:

Os racionalistas não negam a existência do conhecimento empírico (conhecimento à posteriori), mas


este não pode ser considerado universal e necessário. As crenças e informações que se obtêm através
dos sentidos são, muitas vezes, confusas ou incertas.

2. Otimismo racionalista:

Há uma correspondência entre a ordem do pensamento e a ordem da realidade, existindo


conhecimentos a priori acerca do mundo. (Manual página 146)

3. Ideias inatas:

As ideias fundamentais do conhecimento já nascem connosco. (Descartes pág. 146)

4. Intuição e dedução:

As ideias fundamentais descobrem-se por intuição intelectual. O conhecimento constrói-se de forma


dedutiva (privilegia-se o raciocínio dedutivo).

EMPIRISMO (páginas 147 e 148)


A experiência é a fonte principal do conhecimento.

Não existem ideias, conhecimentos ou princípios inatos. O entendimento humano é, antes de


qualquer experiência, como uma tábua rasa ou uma folha de papel em branco.

Todas as ideias têm uma base empírica, até as mais complexas. O conhecimento do mundo obtém-se
através de impressões sensoriais.

1. Rejeição do inatismo:

Nada, à nascença, se encontra escrito na mente; só com a experiência isso se tornará possível.

2. Significado da experiência:

É nela que o conhecimento tem o seu fundamento e os seus limites. (página 147)

3. Desvalorização do conhecimento a priori:

Embora neguem os conhecimentos inatos, os empiristas não negam o conhecimento a priori. Esse
conhecimento existe, só que nada nos diz de importante ou de substancial acerca do mundo. (página
147 D. Hume)

Primazia da indução: Privilegia-se o raciocínio indutivo.


Tanto o empirismo como o racionalismo se enquadram naquilo a que se pode chamar
FUNDACIONALISMO:

O conhecimento deve ser concebido como uma estrutura que se ergue e se desenvolve a partir de
fundamentos certos, seguros e indubitáveis.

• RAZÃO: racionalismo;
• Combinação da razão e experiência;
• Experiência: empirismo.

POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO = a perguntar se o sujeito apreende efetivamente o objeto (pág.


150).

Racionalistas e empiristas admitem, portanto, que o conhecimento (proposicional) é possível.

Mas será que o conhecimento é mesmo possível?

Será possível ter uma crença verdadeira devidamente justificada acerca de alguma realidade?

• O dogmatismo é uma perspetiva que considera que o conhecimento é possível, confiando


sobretudo na razão. (Mas o termo “dogmatismo” possui diversos significados.)
• O ceticismo, na sua forma radical, nega que o conhecimento seja possível.

DOGMATISMO páginas 150/151


Quatro aceções do termo:
• Posição própria do realismo ingénuo – ausência de exame crítico das aparências. - É o
dogmatismo ingénuo. Não coloca o problema do conhecimento. Não ocorre propriamente na
filosofia. Pág.150/151
• Confiança absoluta num órgão determinado de conhecimento, sobretudo a razão. O
conhecimento é possível. Esta perspetiva opõe-se, de certo modo, ao ceticismo. Pág.151
• Completa submissão, sem exame pessoal, a certos princípios ou à autoridade que os impõe
ou revela. Expressando uma ausência de espírito crítico, esta atitude não é própria da
filosofia Pág.151
• Exercício da razão, em domínios metafísicos, sem uma crítica prévia do seu poder ou da sua
capacidade. Opõe-se ao criticismo (Kant). Pág.150 Pág.151

CETICISMO ABSOLUTO OU RADICAL páginas 152 e 153


Corrente filosófica que afirma a impossibilidade do conhecimento.

Mesmo que as nossas crenças sejam verdadeiras, não temos justificações suficientes para mostrar
essa verdade. Nem a razão nem a experiência justificam devidamente e de modo satisfatório as nossas
crenças.

Pode ser considerado autocontraditório ou autorrefutante.

Afirma que o conhecimento é impossível, mas, ao afirmar isso, já exprime um conhecimento.

CETICISMO MITIGADO OU MODERADO pág. 153


Não estabelece a impossibilidade do conhecimento, mas sim a impossibilidade de um saber rigoroso.
Não podemos afirmar se este ou aquele juízo é ou não verdadeiro, se corresponde ou não à realidade,
apenas podemos dizer se é ou não provável ou verosímil.

Contradição: o conceito de «probabilidade» pressupõe o de «verdade».

Suspensão do juízo:

Estado de neutralidade em que nada se afirma e nada se nega.

Conduz à ataraxia ou ausência de perturbação.

Argumentos para a suspensão do juízo:

CETICISMO RADICAL - fundador Pirro de Élis - Segundo este, é impossível ao sujeito apreender o
objeto, não sendo, por conseguinte, possível qualquer conhecimento.

Os enganos e as ilusões dos sentidos.

Existem, relativamente ao mesmo objeto, sensações e perceções diferentes, e até incompatíveis; e os


objetos, pelas diversas formas como nos surgem, desencadeiam ilusões e aparências. Exemplo pág.
152

A discordância e a divergência de opiniões.

Se existem opiniões divergentes, então nenhuma se encontra adequada ou suficientemente


justificada, o que torna impossível que nos decidamos por uma ou outra. Exemplo pág. 152

Nada se pode compreender por si. Nada pode ser compreendido com base noutra coisa:

Para justificar uma crença tem de se recorrer a outra, e assim ou caímos num círculo vicioso ou temos
de recorrer a outras crenças, numa cadeia de justificação até ao infinito – regressão infinita da
justificação. Exemplo pág. 153

RENÉ DESCARTES- página 154


• Filósofo racionalista;
• A razão é a fonte principal do conhecimento: fonte de um conhecimento caracterizado pela
universalidade e pela necessidade.
• Descartes procurou na razão os fundamentos do conhecimento.
• Há crenças que a razão, e apenas a razão, é capaz de justificar.
• Só encontrando esses fundamentos é que seria possível superar os argumentos dos céticos
radicais para os quais o conhecimento não era possível.

Uma vez que a razão é a origem do conhecimento universal e necessário então as proposições da
matemática assumem um caráter evidente.

Têm origem racional e a priori.

Método inspirado na matemática.

REGRAS DO MÉTODO- texto 10, pág.154/155

• Evidência:

Não aceitar nada como verdadeiro se não se apresentar à consciência como claro e distinto, sem
qualquer margem para dúvidas.
• Análise:

Dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas as necessárias para melhor as resolver.

• Síntese:

Conduzir por ordem os pensamentos, começando pelo mais simples e fácil de compreender e subir
gradualmente para o mais complexo.

• Enumeração / revisão:

Fazer enumerações tão completas e revisões tão gerais, que tivesse a certeza de nada omitir.

As regras do método permitem guiar a razão (o bom senso), orientando duas operações
fundamentais:

• Intuição:

Representação da mente pura e atenta, tão fácil e distinta que nenhuma dúvida nos fica acerca do
que compreendemos. Ato puramente intelectual ou racional de apreensão direta e imediata de
noções simples e indubitáveis. Exemplo página 155

• Dedução:

«O que se conclui necessariamente de outras coisas conhecidas com certeza.» Encadeamento e


sucessão de intuições, implicando um movimento contínuo do pensamento, desde as ideias simples e
evidentes até às consequências necessárias. Exemplo página 155

DÚVIDA é um instrumento importante do método pág.156 e157


→ Recusar todas as crenças em que se note a mínima suspeita de incerteza- Se alguma crença
resistir à dúvida, então ela poderá ser a base ou o fundamento para as restantes.
→ É um instrumento da luz natural ou razão, posto ao serviço da verdade e da procura de uma
justificação para as nossas crenças.

RAZÕES QUE JUSTIFICAM A DÚVIDA – dúvida metódica


• Por causa dos preconceitos e dos juízos precipitados que formulámos na infância.
• Porque os sentidos são muitas vezes enganadores: convém fazer de conta que nos enganam
sempre.
• Porque não dispomos de um critério que nos permita discernir o sonho da vigília.
• Porque alguns seres humanos se enganaram nas demonstrações matemáticas.
• Porque pode existir um Deus enganador ou um Génio maligno, que nos iludem, fazendo com
que estejamos sempre enganados.

CARACTERÍSTICAS DA DÚVIDA pág. 157


• Metódica e provisória:

É um meio para atingir um conhecimento seguro, a certeza e a verdade, não constituindo um fim em
si mesma. Mantém-se apenas até se descobrir algo indubitável.

• Universal e radical:
Incide sobre o conhecimento em geral, sobre os seus fundamentos e suas raízes, pondo em causa a
possibilidade de o construir (as faculdades do conhecimento são postas em causa).

• Hiperbólica:

É uma dúvida levada ao extremo. Considera como falso tudo aquilo em que se note a mínima suspeita
de incerteza.

• Voluntária:

Não é uma dúvida sofrida em termos psicológicos, mas sim artificial e estabelecida livremente.

CARACTERÍSTICAS DO COGITO (páginas 158, 159 e 160)


• É um princípio evidente e indubitável, uma certeza inabalável;
• Obtém-se por intuição, de modo inteiramente racional e a priori;
• Serve de paradigma das afirmações verdadeiras: fornece o critério de verdade;
• É uma crença fundacional ou básica, pois serve de alicerce a todo o sistema do saber;
• Apresenta uma condição necessária da dúvida (hiperbólica); impõe uma exceção à sua
universalidade - há pelo menos uma realidade da qual não posso duvidar: a minha própria
existência;
• É uma crença autoevidente e autojustificada: impede a regressão infinita da justificação;
• Revela a natureza ou a essência do sujeito: o pensamento. - Refere-se a toda a atividade
consciente. Ele é o atributo essencial da alma (substância pensante), a qual é distinta do corpo
e é conhecida antes dele e de tudo o resto.

O COGITO FORNECE O CRITÉRIO DE VERDADE

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