Você está na página 1de 11

FILOSOFIA

A gnosiologia ou teoria do conhecimento, é justamente a disciplina filosófica que


estuda o conhecimento.

Os estudos gnosiológicos, ao debruçarem-se sobre o conhecimento, incidem sobre as


relações entre o sujeito e o objeto, procurando esclarecer e analisar criticamente os
problemas que essas relações suscitam, nomeadamente os problemas relativos à origem, à
natureza, à possibilidade e aos limites do conhecimento.

● O conhecimento é uma relação entre um sujeito e um objeto.


● O sujeito conhece o objeto; o objeto é conhecido pelo sujeito.
● Há uma correlação entre eles.
● O sujeito apreende o objeto e constrói uma imagem ou representação
do objeto, que é o conhecimento.
● O conhecimento não é uma captação pura (interpretações diferentes)
A realidade designa o que efetivamente existe ou é. Mas este conceito possui
outros significados: aquilo que se opõe ao aparente e ao nada; o que não é
potencial, mas atual; o que existe independentemente do sujeito; o que nos é dado
na experiência; o que é (ou pode ser) esclarecido pelo conhecimento científico.

A linguagem, sobretudo a verbal, é uma capacidade de comunicação e expressão,


mas também nos permite organizar o pensamento. Pensamento e linguagem são
elementos indissociáveis. A linguagem está diretamente implicada nos processos
de conhecimento e comunicação do mesmo.

Definição tradicional do conhecimento


Vamos agora incidir sobre a definição tradicional de conhecimento. O tipo de
conhecimento que aqui teremos é, somente, o saber-que, ou conhecimento
proposicional.

Ao nível do conhecimento proposicional, a crença - atitude de adesão a uma


determinada proposição, tomando-a como verdadeira - é uma condição necessária
do conhecimento, mas não é uma condição suficiente: a verdade e a justificação da
crença são outras condições necessárias.
No diálogo Teeteto, Platão apresentou a definição clássica ou tradicional de
conhecimento: o conhecimento é uma crença verdadeira justificada.

Teoria tradicional do conhecimento


● Remonta a Platão.
● Define o conhecimento proposicional como crença verdadeira justificada.

Segundo a teoria tradicional do conhecimento, são necessários três requisitos para


haver conhecimento:
1. CRENÇA - se alguém sabe que uma proposição é verdadeira, então tem de
acreditar que é verdadeira
2. VERDADE - se alguém sabe que uma proposição é verdadeira, então a
proposição tem de ser verdadeira
3. JUSTIFICAÇÃO - para haver conhecimento têm de existir provas que
sustentem essa crise verdadeira
Edmund Gettier contestou essa definição, apresentando contraexemplos que
revelam a possibilidade de termos uma crença verdadeira justificada sem que ela
corresponda a conhecimento. Pode haver crenças verdadeiras justificadas
acidentalmente. (exemplo pág.139)

Fontes de conhecimento
Quando falamos em “fontes de conhecimento”, estamos a pressupor a ideia de que
há diferentes formas de o justificar. A este nível, distinguimos o conhecimento a
priori do conhecimento a posteriori.

Diferentes fontes de conhecimento equivalem a diferentes formas de o justificar.


Distinguirmos o conhecimento a priori, justificado pela razão - baseia-se em juízos
a priori (universais e necessários) -, e o conhecimento a posteriori, justificado pela
experiência - baseia-se em juízos a posteriori (não estritamente universais, sendo
contingentes).

JUÍZOS

Juízos a priori Juízos cuja verdade pode ser Estes juízos são universais - no
conhecida independentemente sentido em que não admitem
qualquer exceção, sendo verdadeiros
de qualquer experiência, tendo,
sempre e em toda a parte - e
portanto, origem no necessários - são verdadeiros em
pensamento ou na razão. quaisquer circunstâncias, e negá-los
implicaria entrar em contradição.

Juízos a posteriori Juízos cuja verdade só pode ser Estes juízos não são estritamente
conhecida através da universais - porque admitem
exceções, podendo não ser
experiência sensível.
verdadeiros sempre e em toda a parte
- e, não sendo necessários, são
contingentes - são verdadeiros, mas
poderiam ser falsos, e negá-los não
implica entrar em contradição.

Esta diferenciação ajuda-nos a compreender a distinção entre dois modos de


conhecimento:
Modos de conhecimento Exemplos

Conhecimento a priori Baseia-se em juízos a priori, “Todos os corpos são


tendo a sua fonte ou origem extensos”
apenas no pensamento ou na “A=A”
razão. “2+2=4”
É justificado pela razão e não
pela experiência.

Conhecimento a posteriori Baseia-se em juízos a “O Manuel é alto.”


posteriori, tendo a sua origem “A chuva molha.”
na experiência. “Todos os corpos são
É o conhecimento empírico, pesados.”
justificado pela experiência.

Kant dividiu os juízos em analíticos(a priori), sintéticos a posteriori e sintéticos a


priori.
Só os juízos a priori são universais e necessários.
Só os sintéticos são extensivos, e por isso ampliam o nosso conhecimento, pois
neles o predicado não está implícito no conceito do sujeito.
Origem do conhecimento
Acabámos de abordar a distinção entre conhecimento a priori e conhecimento a
posteriori. Vamos agora estudar duas doutrinas filosóficas que valorizam e
privilegiam diferentemente as duas fontes de que provêm esses conhecimentos.

Racionalismo

De acordo com o racionalismo, a razão - por vezes também chamada entendimento


- é a fonte principal do conhecimento. Só através da razão é que se pode encontrar
um conhecimento seguro, o qual se apoia em princípios evidentes - ou, como diz
René Descartes, claros e distintos -, sendo totalmente independente da experiência
sensível. Tal conhecimento, que é a priori, é necessário e universal.

O racionalismo moderno é otimista(crença nem sempre é possível): partindo de


princípios evidentes, e seguindo determinado método, será possível conhecer toda a
realidade. Há uma correspondência entre a ordem do pensamento e a da realidade.
As ideias fundamentais são inatas (defendeu-o Descartes), descobrem-se por
intuição intelectual, e o conhecimento constrói-se de forma dedutiva.
Racionalismo
A razão é a principal fonte do conhecimento - conhecimento universal e
necessário.

As ideias fundamentais do conhecimento são inatas.

O conhecimento tem como modelo a matemática.

As ideias fundamentais descobrem-se por intuição intelectual. O conhecimento


constrói-se de forma dedutiva.

Há uma correspondência entre o pensamento e a realidade.

O sujeito impõem-se ao objeto através das noções e princípios evidentes que traz
em si.
Empirismo

Se o racionalismo admite a existência de um conjunto de ideias inatas,


anteriores à experiência, o empirismo é uma teoria segundo a qual a experiência é a
fonte principal do conhecimento. Temos aqui em conta sobretudo o empirismo
moderno, por vezes também chamado empirismo inglês.
De acordo com a doutrina empirista, não existem ideias, conhecimentos ou
princípios inatos. O entendimento assemelha-se a uma página em branco onde,
antes de qualquer experiência, nada se encontra escrito.
Pode-se, por isso, definir o empirismo como sendo a teoria filosófica que,
opondo-se ao racionalismo, nega a existência de conhecimentos inatos, afirmando
que o conhecimento humano deriva principalmente da experiência. É na experiência
que o conhecimento tem o seu fundamento e, naturalmente, os seus limites.

Segundo Locke, a experiência - seja a experiência externa (sensação), seja a


interna (reflexão) - marca duplamente limites do conhecimento: ao nível da sua
extensão e da sua certeza.
Empirismo
A experiência é a origem principal de todo o conhecimento.

Todas as ideias têm uma base empírica, até as mais complexas: não há ideias
inatas.

O conhecimento do mundo obtém-se através de impressões sensoriais.

O conhecimento encontra-se limitado pela experiência.

O objeto impõem-se ao sujeito.

Fundacionalismo

Tanto o empirismo como o racionalismo se enquadram naquilo a que se pode


chamar o “fundacionalismo”.
O fundacionalismo é uma perspetiva segundo a qual o conhecimento deve
ser concebido como uma estrutura que se ergue e se desenvolve a partir de
fundamentos certos, seguros e indubitáveis(sem dúvida, que não possibilita
questionamento).
Tais fundamentos poderão encontrar-se na razão (racionalismo), na
experiência (empirismo) ou numa combinação dessas duas fontes.
De acordo com a definição tradicional de conhecimento, sabemos que uma
crença se encontra justificada se tivermos razões para pensar que ela é verdadeira.
Tais razões, por sua vez, traduzem outras crenças. (Exemplo do Tiago não ir à
escola porque é domingo.) Deste modo, a justificação é inferencial:da crença D infiro
a C, da C infiro a B, da B infiro a A.
Existe, no entanto, o risco da regressão infinita da justificação: a crença D
justifica-se com a E, esta com a F, etc. Ora, uma vez que somos criaturas finitas,
essa regressão torna-se problemática. Os fundacionalistas encontram para este
problema uma solução alternativa.
Deste modo, são as crenças básicas que suportam o sistema do saber. Trata-
se de crença que não necessitam de uma justificação fornecida por outras crenças,
porque se justificam a si mesmas. Essas crenças permitem evitar a regressão infinita
da justificação.
Por sua vez, designamos por crenças não básicas aquelas que são
justificadas por outras crenças.
Possibilidade do conhecimento
Será o conhecimento possível? Será que o sujeito apreende efetivamente o objeto?
O dogmatismo responde afirmativamente. O ceticismo, na sua forma radical, nega
tal possibilidade.

Você também pode gostar