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EPISTEMOLOGIA

- Introdução à Teoria do Conhecimento –

Epistemologia (do grego episteme, “conhecimento”, e logos, “explicação”), o estudo da


natureza do conhecimento e da justificação; especificamente o estudo (a) das
características da definição, (b) das condições essenciais das fontes, e (c) dos limites do
conhecimento e da justificação. As três últimas categorias são representadas pela
tradicional controvérsia filosófica sobre a análise do conhecimento e da justificação, as
fontes do conhecimento e a sua justificação (por exemplo, racionalismo versus
empirismo) e a viabilidade do ceticismo a respeito do conhecimento e da justificação
(MOZER, P.K. ‘Epistemologia’, In AUDI, R. (Org.). Dicionário de Filosofia de Cambridge, 2006.).

A teoria do conhecimento, ou epistemologia, é o ramo da filosofia que trata das


questões filosóficas sobre o conhecimento e a racionalidade. Os epistemólogos estão
primariamente interessados nas questões sobre a natureza do conhecimento e nos
princípios que governam a crença racional. Eles estão menos focados em decidir se há
conhecimento ou crença racional em casos reais... A tarefa dos epistemólgos é tentar
desenvolver uma teoria geral, estabelecendo as condições sob as quais as pessoas têm
conhecimento e crenças racionais (FELDMAN, R. Epistemology, 2003.).

ORIENTADOS PARA A VERDADE


Um valor amplamente difundido é a verdade. O interesse amplamente difundido
pela verdade pode ser evidenciado pela prática de questionar. Afinal, o objetivo
padrão ao fazermos uma pergunta é o de receber do nosso interlocutor uma
resposta verdadeira. Podemos identificar dois motivos que guiam a nossa busca
pela verdade: a mera curiosidade e as vantagens práticas. Imagine que temos um
trabalho, mais tarde, que devemos realizar conjuntamente com outras pessoas.
Entretanto, não recordamos qual é o horário de tal atividade. Nós, freqüentemente,
não perguntamos o horário de nossa reunião para a primeira pessoa que
encontramos na rua. Nós procuramos entrar em contato com algum integrante de
nosso grupo de trabalho e, então, lhe fazemos a pergunta. Buscar crer em
verdades pode ser um meio útil para alcançarmos fins práticos. Afinal, as crenças
que formamos sobre o mundo constituem a base que utilizamos para tomar as
nossas decisões e orientar as nossas ações.

A BUSCA DA VERDADE
Considere, hoje em dia, as nossas possibilidades de aquisição de verdades. De
acordo com alguns, este é o melhor dos tempos, visto que, antes, nós nunca fomos
dotados com tantas informações e conhecimentos. Pense, por exemplo, na vasta
rede de informações que nos é acessível via internet. De acordo com outros, este é
o pior dos tempos, pois existe um aumento de condições preocupantes. Por
exemplo, vivemos em uma era em que a emissão de informações atinge-nos de
todos os lados. Como distinguir a informação verdadeira da falsa? Como distinguir
as informações relevantes das irrelevantes?

O VALOR DO CONHECIMENTO
Com freqüência escutamos pessoas falando sobre a importância de ter
conhecimento. Alguns chegam a falar que vivemos na sociedade do conhecimento.
Parece haver uma força cultural que nos impele a assumir o objetivo prioritário de
ter conhecimento. Por outro lado, se observarmos bem, constataremos aquilo que o
filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) escreveu no primeiro parágrafo de um de
seus livros: “todos os homens, têm por natureza, desejo de conhecer”. Podemos
concluir, então, que o impulso para conhecer vem pelo menos de dois lados: da
natureza e da cultura.
O QUE CONHECEMOS?
Mas, afinal, o que podemos conhecer? Podemos conhecer os nossos pensamentos e
sentimentos, o nosso ambiente próximo e distante, fatos científicos, alguma coisa
sobre o passado e o futuro, ou ainda sobre a moralidade. Naturalmente, essa lista
está incompleta. Existem muitas coisas dessas categorias que nós ainda não
conhecemos. Você, inclusive, pode ter dúvida se podemos saber alguma coisa
sobre a moralidade. Talvez nunca tenhamos um conhecimento completo sobre o
passado. Conhecemos pouco e apenas imprecisamente o nosso futuro próximo.
Todavia, apesar de tantas dúvidas, quanto nós já conhecemos? O que ainda
podemos conhecer?

AS FONTES DO CONHECIMENTO
Como nós chegamos a conhecer aquilo que pensamos conhecer? Quais são as
fontes do conhecimento? Tradicionalmente, as fontes são (a) percepção, (b)
memória, (c) introspecção, (d) raciocínio e (e) testemunho. Para conhecer algo
sobre nosso ambiente próximo, como estar sentado em uma cadeira diante de um
computador, utilizamos a percepção, que é a nossa consciência do mundo que nos
rodeia, por meio da visão, audição, tato e outros sentidos. Para conhecer algo
sobre o passado, como, por exemplo, que choveu ontem à tarde, utilizamos a
memória, que é a nossa capacidade de reter experiências passadas ou informações
ou informações adquiridas. Para conhecer algo sobre nossos próprios estados
internos, como, por exemplo, estar sonolento ou pensando sobre algo, utilizamos a
introspecção, que é o processo de auto-exame dos nossos estados mentais – é
como olhar para dentro da própria mente para ver o que se pensa ou sente. Para
conhecer fatos que são sustentados por outros fatos, como, por exemplo, os fatos
científicos, utilizamos o raciocínio, que é o processo de tirar uma conclusão de um
conjunto de premissas. Entretanto, a maior parte do patrimônio cultural que
herdamos nos foi dado por meio do testemunho de outras pessoas. Entretanto, o
testemunho não se limita aqui às declarações feitas por testemunhas sob
juramento, onde o testemunho é dado formalmente. Ele é muito mais amplo do
que isso. O testemunho também pode ser informal. O testemunho formal difere do
informal apenas nas condições sobre as quais ele é dado, mas não necessariamente
em ser mais digno de crédito. Testemunhar, ou dar testemunho, é declarar que
uma proposição é verdadeira e isso inclui o que as outras pessoas dizem a você,
incluindo o que eles dizem a você na TV ou em livros e jornais.

CONHECIMENTO OBJETIVO
As pessoas têm opiniões sobre muitas coisas, mas nem todas elas expressam
conhecimento. O que é preciso para que uma opinião seja conhecimento? Uma
concepção tradicional de conhecimento sugere que para ter conhecimento alguém
deve ter uma opinião verdadeira e bem fundamentada. Ter uma opinião bem
fundamentada significa ter boas razões para sustentar tal opinião. Uma pessoa
pode ter uma opinião bem fundamentada com base na ciência, na filosofia ou na
sua própria experiência. Entretanto, ter boas razões difere de ter uma opinião
verdadeira. Podemos ter uma opinião bem fundamentada, mas falsa. E podemos
ter uma opinião verdadeira baseada em preconceito. Muitas pessoas alegam ter
conhecimento, mas elas realmente têm? Como podemos saber disso? É preciso
assumir uma postura crítica em relação às opiniões, seja em relação as nossas
opiniões seja em relação às opiniões dos outros. Se o conhecimento objetivo é
valioso para nós, então temos que ser astutos e aprender a diferenciá-lo do que é
meramente subjetivo.

Felipe de Matos Müller

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