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A BUSCA DA VERDADE
Considere, hoje em dia, as nossas possibilidades de aquisição de verdades. De
acordo com alguns, este é o melhor dos tempos, visto que, antes, nós nunca fomos
dotados com tantas informações e conhecimentos. Pense, por exemplo, na vasta
rede de informações que nos é acessível via internet. De acordo com outros, este é
o pior dos tempos, pois existe um aumento de condições preocupantes. Por
exemplo, vivemos em uma era em que a emissão de informações atinge-nos de
todos os lados. Como distinguir a informação verdadeira da falsa? Como distinguir
as informações relevantes das irrelevantes?
O VALOR DO CONHECIMENTO
Com freqüência escutamos pessoas falando sobre a importância de ter
conhecimento. Alguns chegam a falar que vivemos na sociedade do conhecimento.
Parece haver uma força cultural que nos impele a assumir o objetivo prioritário de
ter conhecimento. Por outro lado, se observarmos bem, constataremos aquilo que o
filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) escreveu no primeiro parágrafo de um de
seus livros: “todos os homens, têm por natureza, desejo de conhecer”. Podemos
concluir, então, que o impulso para conhecer vem pelo menos de dois lados: da
natureza e da cultura.
O QUE CONHECEMOS?
Mas, afinal, o que podemos conhecer? Podemos conhecer os nossos pensamentos e
sentimentos, o nosso ambiente próximo e distante, fatos científicos, alguma coisa
sobre o passado e o futuro, ou ainda sobre a moralidade. Naturalmente, essa lista
está incompleta. Existem muitas coisas dessas categorias que nós ainda não
conhecemos. Você, inclusive, pode ter dúvida se podemos saber alguma coisa
sobre a moralidade. Talvez nunca tenhamos um conhecimento completo sobre o
passado. Conhecemos pouco e apenas imprecisamente o nosso futuro próximo.
Todavia, apesar de tantas dúvidas, quanto nós já conhecemos? O que ainda
podemos conhecer?
AS FONTES DO CONHECIMENTO
Como nós chegamos a conhecer aquilo que pensamos conhecer? Quais são as
fontes do conhecimento? Tradicionalmente, as fontes são (a) percepção, (b)
memória, (c) introspecção, (d) raciocínio e (e) testemunho. Para conhecer algo
sobre nosso ambiente próximo, como estar sentado em uma cadeira diante de um
computador, utilizamos a percepção, que é a nossa consciência do mundo que nos
rodeia, por meio da visão, audição, tato e outros sentidos. Para conhecer algo
sobre o passado, como, por exemplo, que choveu ontem à tarde, utilizamos a
memória, que é a nossa capacidade de reter experiências passadas ou informações
ou informações adquiridas. Para conhecer algo sobre nossos próprios estados
internos, como, por exemplo, estar sonolento ou pensando sobre algo, utilizamos a
introspecção, que é o processo de auto-exame dos nossos estados mentais – é
como olhar para dentro da própria mente para ver o que se pensa ou sente. Para
conhecer fatos que são sustentados por outros fatos, como, por exemplo, os fatos
científicos, utilizamos o raciocínio, que é o processo de tirar uma conclusão de um
conjunto de premissas. Entretanto, a maior parte do patrimônio cultural que
herdamos nos foi dado por meio do testemunho de outras pessoas. Entretanto, o
testemunho não se limita aqui às declarações feitas por testemunhas sob
juramento, onde o testemunho é dado formalmente. Ele é muito mais amplo do
que isso. O testemunho também pode ser informal. O testemunho formal difere do
informal apenas nas condições sobre as quais ele é dado, mas não necessariamente
em ser mais digno de crédito. Testemunhar, ou dar testemunho, é declarar que
uma proposição é verdadeira e isso inclui o que as outras pessoas dizem a você,
incluindo o que eles dizem a você na TV ou em livros e jornais.
CONHECIMENTO OBJETIVO
As pessoas têm opiniões sobre muitas coisas, mas nem todas elas expressam
conhecimento. O que é preciso para que uma opinião seja conhecimento? Uma
concepção tradicional de conhecimento sugere que para ter conhecimento alguém
deve ter uma opinião verdadeira e bem fundamentada. Ter uma opinião bem
fundamentada significa ter boas razões para sustentar tal opinião. Uma pessoa
pode ter uma opinião bem fundamentada com base na ciência, na filosofia ou na
sua própria experiência. Entretanto, ter boas razões difere de ter uma opinião
verdadeira. Podemos ter uma opinião bem fundamentada, mas falsa. E podemos
ter uma opinião verdadeira baseada em preconceito. Muitas pessoas alegam ter
conhecimento, mas elas realmente têm? Como podemos saber disso? É preciso
assumir uma postura crítica em relação às opiniões, seja em relação as nossas
opiniões seja em relação às opiniões dos outros. Se o conhecimento objetivo é
valioso para nós, então temos que ser astutos e aprender a diferenciá-lo do que é
meramente subjetivo.