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CAPÍTULO IV
(REPREENSÕES AOS PEIXES EM GERAL)
Nos dez primeiros parágrafos, que constituem o ponto alto deste sermão, aponta-se o terrível defeito
que os peixes/homens têm de se comerem (explorarem) uns aos outros devido à sua cobiça desmedida,
o que prova a sua crueldade, a sua maldade, a sua injustiça.
A ictiofagia representa a antropofagia social, isto é, o facto de os
homens se exploram uns aos outros, sobretudo os poderosos
relativamente aos mais desfavorecidos.
Vieira apoia a sua argumentação no pensamento de Santo
Agostinho;
Para mostrar aos peixes o quão feio é seu pecado (comerem-
se uns aos outros), recorre aos exemplos no mundo dos
Homens – “Vós virais os olhos (…) para a cidade.”
Exemplo do morto: “Morreu algum deles (…) comido toda a terra.”
Exemplo do réu: “Mas para que conheçais (…) nem sentenciado e já comido.”
Vieira aponta os homens perseguidos pela justiça perversa e viciada. O orador
sublinha a crueldade do homem, referindo que mesmo os corvos só comem o
enforcado depois de executado.
NÃO ESQUEÇAS:
• As repreensões aos peixes dirigem-se alegoricamente aos homens, facto visível nos
exemplos humanos mencionados. Assim, também os homens se «comem», no sentido de
se explorarem uns aos outros, sendo um facto que os mais poderosos («os maiores»)
abusam dos mais frágeis («os mais pequenos»). Podemos estabelecer uma relação direta
com o propósito alegórico do Sermão, que consiste na admoestação aos colonos pela
exploração dos índios.
CRÍTICA SOCIAL E ALEGORIA
Ao censurar os vícios dos peixes,Vieira critica,
por analogia, os defeitos dos homens.
peixes:
No Maranhão, os «brancos» também
Comem-se uns aos outros: facto se «comem» (exploram) uns aos
agravado por uma circunstância» — outros de muitas maneiras; e os mais
os grandes comem os pequenos. poderosos exploram os mais fracos.
morrer.