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FRASE E ORAÇÃO

A frase pode conter uma ou mais orações.


O período é a frase organizada em oração ou orações. Pode ser simples, quando
constituído por uma só oração, ou composto, quando formado por duas ou mais orações.
O período termina sempre por uma pausa bem definida, que se marca na escrita com um
ponto, um ponto de exclamação ou de interrogação, reticências e, algumas vezes, com
dois pontos.
A ORAÇÃO E OS SEUS TERMOS ESSENCIAIS
SUJEITO
O sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração:
Este aluno obteve ontem uma boa nota.
Podem desempenhar a função de sujeito os pronomes pessoais, substantivos
(antecedidos ou não por um determinante), um pronome demonstrativo, relativo,
interrogativo ou indefinido, um numeral, uma palavra ou expressão substantivada, uma
oração substantiva:
Matilde entendia isso.
Esperam que eles acreditem?
Achava consolo nos livros que o afastavam cada vez mais da vida.
Tudo parara ao redor de nós.
Quem disse isso?
Isto não lhe arrefece o ânimo?
Os dois riam-se satisfeitos.
O cultivar é muito bonito.
Era forçoso que fosse assim.

Sujeito simples - quando tem um só núcleo, isto é, quando o sujeito se refere a


um só substantivo, a um só pronome, etc.:
Sujeito composto - quando tem mais de um núcleo:
As vozes e os passos aproximavam-se.
Ele e eu somos da mesma raça.

Sujeito oculto (determinado) - quando não está expresso, mas pode ser
determinado:
Ficámos um bocado sem falar. (Nós)
Joana correu furiosamente e depois parou.
(O sujeito da segunda oração é ainda Joana.)
Sujeito indeterminado - por vezes o verbo não se refere a uma pessoa
determinada, por não se conhecer quem executa a acção ou por não haver interesse nesse
conhecimento:
Dizem que ele é culpado.
Contaram-me essa história há muitos anos.

Sujeito inexistente/ verbo impessoal:


Amanheceu a chover.
Chove. Anoitece. Faz frio.
Faz hoje oito anos que o vi.
Era por altura das colheitas.

PREDICADO
O predicado é tudo aquilo que se diz do sujeito:
Este aluno obteve ontem uma boa nota.

O predicado nominal é formado por um verbo de ligação e por um predicativo.


Eu sou a tua sombra.
Ela parecia um anjo.
Ele era já velho.
Os ventos pareciam quietos naquela noite.

O predicativo pode ser representado por um substantivo, um adjectivo ou


locução adjectiva, um pronome, um numeral ou uma oração substantiva:
O boato é um vício detestável.
A praia estava deserta.
Esta linha é de morte.
Vou calar-me e fingir que eu sou eu.
Nós éramos cinco...
A verdade é que nunca se calava.

O predicado verbal tem como elemento nuclear um verbo, que pode ser
transitivo ou intransitivo. Os verbos transitivos podem ser directos ou indirectos:
A sombra desce.
A chuva cai.
Vou ver o doente.
Ela comprou vários livros.
José perdoou a Maria.
Sara assistiu ao espectáculo duas vezes.
Aconselhei prudência aos alunos.
Deram férias a todos os trabalhadores.
Alguns verbos podem pedir diferentes tipos de predicação, conforme os
contextos: Perdoai sempre. Perdoai as ofensas. Perdoai aos vossos inimigos. Perdoai as
ofensas aos vossos inimigos.

NOTA: Nem sempre o sujeito e o predicado vêm expressos. Diz-se então,


conforme o caso, que o sujeito ou o predicado estão elípticos.
OS COMPLEMENTOS DA ORAÇÃO

COMPLEMENTO NOMINAL:
O complemento nominal vem ligado por preposição ao substantivo, ao adjectivo
ou ao advérbio cujo sentido integra ou limita. Pode ser representado por um
substantivo, um pronome, um numeral, uma palavra ou expressão substantivada,
uma oração completiva nominal:
O pior é a demora do vapor.
Teve pena de si mesma.
A vida dele era necessária a ambas.
Os dois eram adversários na luta do sim e do não.
Tomei consciência de que sou/ Homem de trocas com a natureza
Nota: o complemento nominal pode integrar o sujeito, o predicado, o objecto
directo e o indirecto, o agente da passiva, o adjunto adverbial, o aposto, o vocativo.

COMPLEMENTOS VERBAIS
Objecto directo é o complemento de um verbo transitivo directo, ligado ao
verbo sem preposição e indica o ser para o qual se dirige a acção verbal. Pode ser
representado por um (ou mais) substantivo(s), por um pronome, por um numeral, por
uma palavra ou expressão substantivada, por uma oração substantiva:
Vou descobrir mundos, quero fama e glória...
Os jornais nada publicaram.
Já comprei seis, posso comprar mais um.
Analisava, na quietude, o inútil da sua vida.
Não quero que fiques triste.

Objecto directo preposicional - quando iniciado por uma preposição:


Não amo [a] ninguém.
Objecto directo pleonástico - quando se usa um pronome pessoal para retomar o
sentido do objecto directo já antes nomeado:
A mim ninguém me segura.
Palavras leva-as o vento.

Objecto indirecto é o complemento de um verbo transitivo indirecto, isto é, que


se liga ao verbo por meio de preposição. Pode ser representado por um (ou mais)
substantivo(s), por um pronome, por um numeral, por uma palavra ou expressão
substantivada, por uma oração substantiva:
Duvidava da riqueza da terra.
Queria incorporar em si o sentimento da paisagem.
Os domingos, porém, pertenciam aos dois.
Quem daria dinheiro aos pobres?
Ela precisava convencer-se de que tinha mesmo de partir.
Nota: não vem precedido de preposição o objecto indirecto representado pelos
pronomes pessoais me, te, se, lhe, nos, vos, lhes.
O objecto indirecto também pode ser pleonástico: Quem te disse a ti essa
mentira?
Predicativo do objecto - Substantivo ou adjectivo (podendo ser antecedido por
preposições ou pelo conectivo como) que modifica o objecto directo ou o indirecto:
Chamo-me António.
Uns nomeiam-na Primavera.
Os rapazes fogem daquele lugar. Julgam-no assombrado.
Naquele ano Ismael achou o avô mais triste.
Tratavam-no por major.
Consideraram o texto como adequado a crianças.

Agente da Passiva é o complemento que, na voz passiva, designa o ser que


pratica a acção. Antecedido pela preposição por, pode ser representado por um
substantivo ou palavra substantivada, por um pronome, por um numeral, por uma oração
substantiva:
Esta carta foi escrita por um marinheiro americano.
A resposta foi ignorada por ele.
O livro foi escrito por ambas.
Mariana era apreciada por quantos a conheciam.

OS TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO


Chamam-se acessórios aos termos que se juntam a um nome ou a um verbo para
lhe precisar o significado e que, embora tragam um dado novo à oração, não são
indispensáveis ao entendimento do enunciado. São o adjunto adnominal, o adjunto
adverbial (complementos circunstanciais) e o aposto.

ADJUNTO ADNOMINAL é o termo de valor adjectivo que serve para


especificar ou delimitar o significado de um substantivo, qualquer que seja a função
deste. Pode ser representado por um adjectivo ou locução adjectiva, por um pronome
adjectivo (adjunto), por um numeral, por uma oração adjectiva:
Na areia podemos fazer castelos soberbos...
Era um homem de consciência.
Deposito a minha dona no limiar da sua moradia.
Vários vendedores expunham as suas mercadorias.
Casara-se havia duas semanas.
Os cabelos, que tinha fartos e lisos, caíram-lhe pelas costas.
Nota: o mesmo substantivo pode estar acompanhado por vários adjuntos
adnominais.
ADJUNTO ADVERBIAL é o termo de valor adverbial que denota
circunstâncias do facto expresso pelo verbo, ou intensifica o sentido deste, de um
adjectivo ou de um advérbio. Pode ser representado por um advérbio, por uma locução
ou expressão adverbial, por oração adverbial:
Aqui não passa ninguém.
Amou-a perdidamente.
De súbito, abriu-se uma porta.
Quando acordou, já Lisa saíra.
Deitado de barriga, nem se mexeu.

Classificação dos adjuntos adverbiais:


a) de companhia: Ide com Deus! Foi ao cinema com o namorado.
b) de dúvida: Talvez Nina tivesse razão...
c) de causa: Chorou muito por causa de ti.
d) de fim: Viajou muito para se instruir.
e) de instrumento: Dou-te com este pau. Escrevia com uma pena de ganso.
f) de intensidade: Gosto muito de ti.
g) de lugar aonde: Cheguei à taberna do velho ao fim da tarde.
h) de lugar onde: No mês passado, estive algum tempo em Lisboa.
i) de lugar donde: Chegou hoje da China. Sai daqui, ingrato.
j) de lugar para onde: A chuva levou-os para casa.
k) de lugar por onde: Por sobre o navio, voavam as gaivotas.
l) de matéria: Era uma camisola de lã vinda de Itália.
m) de meio: Voltamos de barco para o Faial.
n) de modo: Vagarosamente, ela foi recolhendo o fio.
o) de negação: Não partas ainda.
p) de tempo: Todas as manhãs saía cedo pelos campos.

APOSTO é o termo de carácter nominal que se junta a um substantivo, a um


pronome ou a um equivalente destes, a título de explicação ou de apreciação:
Eles, os pobres desesperados, tinham uma euforia de fantoches.
Esses, os que não se interessam, fingem nada ver.
Aposto de especificação:
A cidade de Lisboa.
O poeta Bilac
O rei D. Manuel
O mês de Junho
Construções que não devem confundir-se com os casos distintos de «O clima de
Lisboa», «O soneto de Bilac»,« a época de D. Manuel», «as festas de Junho».

O aposto também pode


a) ser representado por uma oração (A verdade é esta: não tem sotaque
nenhum).
b) referir-se a uma oração inteira (O importante é saber para onde puxa mais a
corredeira – coisa, aliás, sem grandes mistérios).
c) ser enumerativo ou recapitulativo (Tudo o que fazia era lembrar-se dela: a
manhã, os pássaros, o mar, o azul do céu...).

Valor sintáctico do aposto: tem o mesmo valor sintáctico do termo a que se


refere.

VOCATIVO: termos de entoação exclamativa isolados do resto da frase.


Normalmente separado por vírgula ou seguido de ponto de exclamação.

a) Ana, já fizeste o trabalho de casa?


b) João! Não te via há imenso tempo.
FRASE E ORAÇÃO – EXERCÍCIOS

1. Identifique a função sintáctica das palavras e/ ou expressões sublinhadas.

(1) A irmã da Ana é alta.


(2) A Ana vai a Paris de comboio.
(3) Os estudantes aplaudiram de forma calorosa o novo presidente da Associação
Académica.
(4) Já lhe tinha dito que o João iria faltar.
(5) Dá o telemóvel ao pai.
(6) Ontem à noite a Ana consertou o relógio.
(7) A biologia explicará a origem da depressão pelos factores biológicos.
(8) A origem da depressão será explicada pelos factores biológicos.
(9) A doença potencia a depressão.
(10) Verdadeiramente interessante é o estudo da língua.
(11) Resolver a situação implica um esforço de rigor e contenção.
(12) A Ana não sabia nada.

2. Analise sintacticamente as seguintes frases.

(1) O jornal de ontem enunciava o aumento do preço dos combustíveis.


(2) Os alunos entregaram o trabalho ao professor na última aula.
(3) A nossa mãe ofereceu-nos os bilhetes para o cinema.
(4) Porque não vens comigo ao cinema esta noite?
(5) Há na narrativa dois planos distintos.
(6) Eu sou o filho mais velho de um pescador terceirense.
(7) A casa fora vendida há muito tempo pelo seu avô.
(8) A Filipa suspeitava do tio do José.
(9) Ao fim de algum tempo, os jornalistas puderam transmitir a notícia aos
espectadores.
(10) As perguntas dos entrevistadores foram inteligentes e pertinentes.

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