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Sermão de Santo António aos peixes

Contexto Histórico-Cultural

 Século XVII

Europa:

 Reforma religiosa
 Aparecimento da Inquisição – como forma de perseguição religiosa
 Medo generalizado- conficto entre cristãos e não cristãos

Portugal:

 Luto por Dom Sebastião


 Reinado da coroa espanhola
 Inquisição ataca o país e espalha medo
 escravatura nas diferentes colónias

Padre António Vieira

Nasce 1608  1640 – restauração da independência – para expressar a sua lealdade


ao novo Rei, mas foi considerado um herege, devido as suas ideias revolucionárias, sua
relação com os brasileiros, defendendo os seus direitos.

 é encarcerado em Coimbra até partir para o brasil novamente.

1654  Dá o “Sermão de Santo António”

Padre António Vieira /= Santo António

Características da Oratória

 Docere - Educar ou ensinar – aposta numa abordagem lógica utilizando referências


respeitadas como a Bíblia.

 Delectare – Agradar – existe uma apresentação do conteúdo oque cativa a


audiência, normalmente conseguida através de recursos expressivos ou mudanças de
tom de voz e do próprio conteúdo.

 Movere – Persuadir – É o culminar de todo o processo, o orador persuade a


audiência a fazer um exercício de pensamento crítico das ações que toma e convence
os demais a mudar os seus hábitos e atitudes.
Estrutura do Sermão

É composto por 6 capítulos:

 Exórdio (cap. 1)

Apresentação do tema e do motivo que o leva a fazer este sermão, é uma forma de
cativar o público.

- Utiliza um jogo metafórico utilizando o conceito predicável: “Vos estis sal terrae” 
“Vós sois o sal da terra” – sal = pregadores / terra = ouvintes

Os pregadores agem como o sal, ou seja, preservando os ouvintes de se tornarem


corruptos, porém o mundo está imerso de corrupção.

Porquê?

Padre António Vieira segue o exemplo de Santo António e devido à causa perdida que
as pessoas representam, vira se para o mar e dá o sermão aos peixes.

 Exposição e confirmação (cap. 2 a 5)

Apresentação da sua argumentação e da sua tese.

Exposição  Louvores e repreensões em Geral.


Confirmação Louvores e repreensões em Particular.

O objetivo é fazer salientar os defeitos dos Homens, para isso demonstra as qualidades
dos peixes, considera-os os animais mais puros.
Porquê? Louvores aos peixes

Em geral:
Em particular:

O peixe de Tobias
 é um animal que é protagonista de um episódio bíblico, em que as suas entranhas
têm o poder de curar a cegueira dos homens e o seu coração afugenta o mal.

 Analogia: Santo António – “abria a boca contra os hereges “curando a cegueira e


expulsando do demónios da cas dos Homens.

A Rémora – peixe de pequenas dimensões que, através de uma ventosa, se agarra ao


casco dos navios servindo de leme, guiando as naus a bom porto e fora dos maus
caminhos. – Evitando desastres.

Analogia: Santo António faria exatamente o mesmo, mas com os homens, guiando-os
pela vida através da sua palavra, corrigindo os Homens.  “Se alguma rémora houve
na terra, foi a língua de Santo António”.

O Torpedo – peixe que possui a capacidade de produzir descargas elétricas que


impedem o e pescador de o apanhar, pois tremelga – lhes o braço ao o agarrar.

Analogia: As palavras de Santo António têm um efeito semelhante para aqueles que
extorquem aquilo que não lhes pertence, abaulando os de forma que se transformem
e se arrependam. A descarga elétrica simboliza a palavra de Deus que deveria abalar a
consciência dos Homens.

O quatro-olhos: devido à anatomia, consegue ter uma visão do céu e da terra e assim
proteger-se de outros peixes, mas também das aves.
Analogia:Existe uma relação na forma como o peixe olha tanto para cima como para
baixo e entre a consciência do Homem tem de ter acerca do Céu, mas também
Do inferno. Os Cristãos teriam de olhar para o céu, mas sempre com a noção que existe
o inferno.

Repreensões em Geral – critica aos Homens

Dois pontos:

 Os peixes comem-se uns aos outros, os grandes comem os pequenos.

- Também os Homens se “comem” uns aos outros, os mais poderosos exploram os mais
fracos e esta situação agrava-se quando em ambiente de sociedade.
- Comparação, os peixes grandes seriam os colonos e os peixes pequenos seriam os
homens do maranhão (região colonizada pelos portugueses no Brasil).

 Os peixes são ignorantes e cegos

- Os peixes são enganados facilmente e por isso são punidos com a morte. São
ignorantes por não saberem o significado do isco que lhes lançam e são
completamente cegos, porque se atiram sem hesitar e ficam presos.

- Analogia com os Homens, afirmando que os homens não são diferentes dos peixes,
que são levados pela aparência e vaidade das coisas, ficam então, “engasgados e
presos”, com dívidas de um ano para outro ano, de uma safra para outra, e lá vai uma
vida, à semelhança dos peixes.

Repreensões em particular

Roncador  peixe pequeno, capaz de emitir sons bastante fortes, como se de uma
autopromoção à procura de atenção se tratasse – “quem tem muita espada, tem pouca
língua”

-Analogia  Santo António, apesar se ser um mítico símbolo e exemplo, nunca se


vangloriou de forma vaidosa da sua condição e capacidade.

Pegador  peixe parasita, que se apega ao seu hospedeiro e se aproveita inteiramente


do mesmo.

Analogia  Critica ao sistema colonial português, pela forma como os governadores


nunca partem para conquistas ou conflitos sem uma larga comitiva. Os preguiçosos
acabam como o pegador, quando o hospedeiro é “pescado” o parasita é arrastado sem
qualquer forma de defesa.

Voador  peixe morfologicamente adaptado para dar grandes saltos além de nadar,
tem a capacidade de voar curtas distâncias imitando as aves.
Analogia: Critica à ganância e ambição que, tal como o voador, os humanos têm e em
relação à inconformidade sobre aquilo que têm. Querem sempre mais e mais o que
leva a que sejam apanhados por isso, apenas por não se contentarem pelo que têm.

O Polvo: culminar de imensos aspetos negativos, apresenta santidade, beleza, uma


certa mansidão, no entanto, não passa de hipocrisia e simulação. É um animal de pura
aparência e traição, utiliza a para efeito de predação. É enganador.

Analogia: A relação entre o homem e o polvo, os homens corruptos que aparentam


características claras e justas mas que são corrompidos facilmente e enganadores.
Santo António foi o “mais puro exemplar de candura, sinceridade, e da verdade, onde
nunca houve dolo, fingimento ou engano.

 Peroração (cap. 6)

Conclusão do assunto desenvolvido – aqui que tenta criar alguma influência na


população portuguesa.

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