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Textos argumentativos/expositivo-argumentativos

Um texto argumentativo é um texto que expressa uma opinião ou tese fundamentada por diversos
argumentos sólidos e válidos. Como exemplo temos os discursos políticos e o Sermão de Santo António aos
Peixes.

Estrutura:

1. Introdução/Tese – apresentação clara da ideia/opinião que se quer defender


2. Desenvolvimento/Corpo argumentativo – apresentação das razões que justificam e sustentam a tese
3. Conclusão – demonstração clara da tese defendida

Sermão de Santo António aos Peixes

Um Sermão é um género de discurso de conteúdo e intenção religiosa ou moralizante, pretendendo, deste


modo, formar pessoas mais conscientes através do ensino da religião e moral, da persuasão e do agrado. Os
temas são, então, desenvolvidos a partir de versículos da Sagrada Escritura.

O Sermão de Santo António aos Peixes foi escrito pelo Padre António Vieira.

Estrutura:

i. Introdução: Exórdio (conceito predicável – apresentação da tese) e Invocação


ii. Desenvolvimento: Exposição (divisão do assunto) e Confirmação
iii. Conclusão: Peroração

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Exórdio – Capítulo I

Por que motivo o Padre António Vieira se refere a Santo António no exórdio?

Padre António Vieira menciona Santo António na sua obra, mais concretamente no exórdio, pelo
facto de, naquele momento, se celebrar o dia de Santo António, momento esse que antecede 3 dias
a partida do autor para os índios do Brasil.
Por outro lado, tanto António Vieira como Santo António pretendem transmitir uma mensagem,
dado que ambos são pregadores. Porém, contrariamente a outros “santos doutores da Igreja”, Santo
António é considerado não só o sal da terra, como também o sal do mar, motivo pelo qual será ele
o escolhido como exemplo para tornar a obra de Padre António Vieira o mais plausível e fiável
possível.

O conceito predicável

Os conceitos predicáveis são expressões retiradas das Sagradas Escrituras que encerram uma determinada
verdade que vai servir de introdução ao sermão.

Nesta obra, o conceito predicável é: Vos estis sal terrae (“Vós sois o sal da terra”)

Vós = pregadores
Sal = doutrina (mensagem bíblica)
Terra = auditório (ouvintes)

Teoricamente, o sal tem como função conservar os alimentos e evitar que os microrganismos ou outro tipo
de animais entrem. Relacionando agora com o Sermão, a função do sal será conservar a mensagem bíblica e
evitar a corrupção. Por sua vez, os pregadores devem louvar o bem e impedir o mal.

A Terra está corrupta porque:

I. O sal não salga, dado que os pregadores:


Não pregam a verdadeira doutrina
Dizem uma coisa e fazem outra
Pregam-se a si mesmos e não a Cristo
II. A Terra não se deixa salgar, dado que os ouvintes:
Não querem receber a verdadeira doutrina
Querem imitar o que os pregadores fazem e não o que dizem
Querem servir aos seus apetites em vez de servir a Deus

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Qual será a solução que Santo António arranja?

Mudou de púlpito
Mudou de auditório

“Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que não
me querem ouvir os Homens, ouçam-me os peixes. (…) António pregava e eles ouviam”.

Capítulo II – Louvores em Geral

A partir deste capítulo, todo o Sermão é uma alegoria porque os peixes são uma metáfora ou personificação
dos Homens. Assim, as virtudes dos peixes servem de contraste aos comportamentos humanos, mas os vícios
dos peixes coincidem com os vícios humanos.

Será neste capítulo que o pregador se dirige aos peixes, tendo como principal alvo não estes, mas o Homem.
Assim, ao apresentar os louvores em geral, demonstra que os peixes são melhores que os Homens, pelo que,
quanto mais longe destes estiverem, melhor.

Deste modo, os peixes:

São um bom auditório: ouvem e não falam *


Foram os primeiros animais a serem criados por Deus
Foram os primeiros a ser nomeados pelo Homem
São os mais numerosos e os mais volumosos (de maiores dimensões)
* São obedientes a Deus e atentos à sua palavra
Não são domáveis ou domesticáveis; são livres
Escaparam todos do dilúvio porque não tinham pecado

Capítulo III – Louvores em particular

Neste capítulo são apresentados os louvores em particular:

1. Tobias – o fel cura a cegueira e o coração expulsa os demónios


2. Rémora – é pequena mas tem muita força, travando o leme das naus e a consequente ambição dos
Homens
3. Torpedo – executa descargas elétricas que fazem tremer o braço do pescador, impedindo a pesca*
4. Quatro-olhos – evita e está atento aos perigos vindo do céu (as aves) e do mar (os outros peixes),
representando a capacidade de distinguir o bem do mal

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Comparação com Santo António:


1. Alumiava e curava as cegueiras dos ouvintes, lançava os demónios fora de casa
2. A língua de Santo António, tão pequena como a rémora, domou a fúria das paixões humanas:
soberba, vingança, cobiça e sensualidade
3. 22 Pescadores tremeram ao ouvir as suas palavras e converteram-se
4. Santo António consegue distinguir o bem do mal e, olhando apenas diretamente para cima ou para
baixo, não vê a vaidade do mundo

*na descrição das virtudes do torpedo são descritas as etapas pelas quais a descarga elétrica passa até chegar
ao Homem (“passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao
braço do pescador”), o que corresponde ao processo de conversão do Homem pelas palavras de Santo António.

O capítulo termina com o pedido do Padra António Vieira para que os peixes, que tanto servem os ricos
como os pobres, se multipliquem e cresçam, dado que “mais e melhor o farão os vivos!”.

Capítulo IV – Repreensões em Geral

Neste capítulo são apresentadas as repreensões dos vícios em geral, de modo a criticar os vícios semelhantes
ou superiores dos Homens.

Assim:

Os peixes comem-se uns aos outros (ictiofagia)


Os maiores comem os mais pequenos, pelo que são precisos muitos pequenos para um grande
Também os Homens se comem uns aos outros (e fazem-no enquanto estes estão vivos!).
Exemplos: povos indígenas, morte de algum e réu em julgamento
Os peixes são ignorantes e cegos (perdem a vida porque são enganados por um pedaço de pano, não
entendendo o significado deste, atirando-se cegamente e ficando presos)
Também o Homem é ignorante e cego, não conseguindo resistir à tentação e à vaidade.
Exemplo: as guerras entre exércitos (são dadas cores que os fazem lutar entre si e morrer ao
engolir um ferro) e a vaidade no vestuário (são-lhes apresentados trapos, uma e outra vez,
cada vez mais caros. Compram-nos e ficam endividados)

O Padre pede, finalmente, aos peixes para que pensem se, de facto, não existirá outro meio de sustentação,
dado que o ato de se comerem uns aos outros não é estatuto da natureza, mas sim pecado físico e sevícia.

Capítulo V – Repreensões em Particular

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Neste capítulo são apresentadas as repreensões aos vícios em particular.

1. Roncadores – são pequenos mas têm muita língua e facilmente são pescados, representando o
orgulho, a vaidade e a arrogância.
2. Pegadores – vivem na dependência dos grandes e morrem sem ter comido, dado que são pescados
juntamente com os grandes. Representam o parasitismo, o oportunismo e a bajulação
3. Voadores – foram criados peixes e não aves, mas insistem em voar, sendo mortos pelos pescadores
ou pelos caçadores. Representam a ambição e presunção.
4. Polvo – é o maior traidor do mar, porque se esconde e ataca às escuras, de emboscada, as suas
vítimas desacauteladas. Representa a traição, a hipocrisia e o disfarce. Aparentemente são santos
(capelo – monge), belos (raio – estrela) e bondosos (ausência de ossos). É realizada uma
comparação com Judas, que abraçou cristo e traiu-o às claras (sendo menos traidor do que o polvo)

Comparação com Santo António:


1. Era detentor do saber e do poder e não se vangloriava por isso
2. Pegou-se somente a Cristo e tornou-se imortal
3. Tinha duas asas (sabedoria natural e sobrenatural) e não as usou para exibir o seu valor
4. Esteve sempre afastado da traição e da mentira, sendo sempre verdadeiro e sincero

Finalmente, o Padre conclui ao dizer que acabou os louvores e as repreensões ao seu auditório, relembra
os ofícios do sal e aconselha os peixes a não se pegarem aos perigos da riqueza e da matéria.

Capítulo VI – Peroração

Neste último capítulo o Padre António Vieira despede-se dos peixes, referindo que:

Antigamente, Deus escolheu animais que haveriam de ser sacrificados. Os peixes eram os únicos
que não o podiam ser, dado que não conseguiam chegar vivos ao sacrifício, contrariamente aos
restantes animais. Deus não quer que Lhe ofereçam coisas mortas.
Os Homens, como os animais, também chegam mortos ao altar porque vão em pecado mortal e,
deste modo, Deus não os quer.
Os animais (fora os peixes) devem oferecer a Deus o ser sacrificado; os peixes devem oferecer o
ato de não serem sacrificados, ou seja, devem comportar-se de tal forma que os seus atos não
precisem de ser punidos.
Os animais (fora os peixes) devem oferecer o sangue e a vida a Deus; os peixes, o respeito e
obediência.
De seguida, o orador enumera algumas diferenças entre a sua pessoa e os peixes e relata factos:
Tem inveja dos peixes por estes terem mais vantagens do que o pregador

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Padre António Vieira ofende a Deus com as palavras, com a memória, com o pensamento e com a
vontade e não atinge o fim para que Deus o criou (servir unicamente a Deus)
Os peixes não falam (só escutam), não entendem, não desejam e atingem sempre o fim que lhes foi
destinado (servir o Homem).
Com isto, o Padre apresenta um retrato de si próprio como pecador
Os peixes podem apresentar-se a Deus porque não pecaram e o Padre é pecador e não poderia
apresentar-se a Deus.

Por último, o orador faz um apelo aos peixes (Homens) para que louvem e respeitem Deus, seu criador.

Resumindo…
1. Os Homens têm os defeitos dos peixes mas não as suas qualidades
2. Os Homens devem seguir os exemplos dos peixes virtuosos e tomar como exemplo os vícios destes
para perceber e tomar consciência dos seus
3. Todo o Sermão é uma alegoria porque os peixes são uma personificação do Homem
4. O Sermão representa uma crítica social
5. A mensagem de Vieira ainda deve ser recebida na atualidade

Textos de Teatro

O texto dramático é escrito para ser representado, pressupondo o recurso à linguagem gestual, sonoplastia
e luminotécnica.

É composto por dois tipos de texto:

1. Texto principal – fala das personagens:


Monólogo
Diálogo
Aparte
2. Texto secundário – (didascálias ou indicações cénicas) que se destinam ao leitor, encenador e/ou
atores
Gestos, entoação, movimento das personagens no palco, vestuário, etc.
Frei Luís de Sousa

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A obra Frei Luís de Sousa foi escrita por Almeida Garrett e representa ambos os géneros dramáticos:
tragédia clássica e drama romântico. No primeiro caso, porque envolve uma catástrofe, simplicidade e índole.
No segundo caso, porque é utilizada linguagem dramática, a composição é em prosa e existe o objetivo de
ensinar algo.

Almeida Garrett baseou-se na sua vida pessoal para escrever este drama, tendo em conta a situação íntima
e socialmente insustentável que fora criada pelas imposições da Igreja católica. Por outro lado, o drama
também tem em conta o lado histórico de Portugal e das consequentes relações que neste tempo se
estabeleceram ou existiram.

Estrutura Interna e Externa, respetivamente:

1. Exposição/ Ato I, cenas 1-2 – representação do conflito e dos seus antecedentes


2. Conflito/ Ato I, cena 3 até Ato III, cena 9 – evoluir do conflito e clímax
3. Desenlace – Ato III, cenas 10-12 – resolução do conflito e catástrofe

A mudança de atos deve-se a alterações de cenário e a mudança de cenas deve-se à entrada ou saída de
personagens.

ATO I

Cena 1

Inicia-se no fim da tarde, com Madalena


Madalena encontra-se sentada, a ler repetidamente um excerto d’Os Lusíadas, relativo a Inês de
Castro
M pensa na sua felicidade e no facto de a ter mas de não usufruir dela, devido ao seu medo, em
semelhança ao que aconteceu com Inês de Castro

Cena 2

Telmo entre e começa a falar com Madalena sobre o seu marido, Sr. Manuel de Sousa Coutinho e,
mais tarde, sobre a filha do casal: Maria
Maria tem 13 anos (número do azar) e cresceu demais, tornando-se numa personagem fora do
contexto temporal e numa pessoa frágil, débil
Telmo diz que Maria é um anjo, devido à sua pureza, brandura e inocência
Madalena, mais tarde, confessa a Telmo que, após a partida de D. João de Portugal (que a deixou
viúva e órfã. Esta última porque a relação que Madalena estabeleceu com D. João não foi amorosa
mas paternal), foi Telmo quem passou a ser um pai para si e foi a Telmo que obedeceu como filha

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Madalena refere que procurou D. João por todo o mundo mas que, sem resultados positivos, não
restou dúvidas de que este estaria morto. Telmo rapidamente afirma que ainda lhe restam dúvidas
D. João estava desaparecido há 21 anos
Telmo confessa que Manuel nunca seria o espelho de D. João
Madalena disse que o seu casamento com Manuel partira do consenso e aceitação de todos e que
Maria fora uma bênção de Deus. Porém, disse a Telmo que este estava sempre a reviver o seu
passado com a pequena Maria e que esse facto era suficiente para as desonrar – era uma dúvida fatal
Por último, Madalena pede a Telmo que vá ter com Frei Jorge Coutinho para ver se este tem notícias
do irmão (Manuel de Sousa Coutinho.

Cena 3

Maria entra em cena e diz a Telmo que está à espera que este lhe conte o romance que lhe prometeu,
relativo ao el-rei D. Sebastião, que ainda poderá estar vivo
Madalena, ao ouvir isto, diz que isso é a imaginação do povo a falar
Porém, nunca uma pura falsidade chega a obter crédito total
Maria diz que o seu pai também não pode sequer ouvir falar no regresso de D. Sebastião e, confusa,
pergunta se ele está do lado de D. Filipe
Madalena começa a chorar e Maria consola-a. O assunto é posto de parte
Indícios da doença de Maria (tuberculose)
* A crença sebastianista de Maria e Telmo pressupõe a vida de D. João de Portugal

Cena 4

Maria pergunta à mãe porque é que os seus pais estão sempre preocupados consigo. Madalena
responde-lhe que é por a amarem tanto, mas Maria diz que não estará relacionado com isso e que
ouve coisas e lê olhos.
As flores que Maria trazia murcharam. Eram flores do sono, para a fazerem dormir e não sonhar
(papoulas)
Maria pergunta-se ainda porque não podia ela ser aquilo que o seu pai sempre quis

Cena 5

Jorge chega com notícias más: os governadores querem sair da cidade e hospedar-se na casa de
Madalena.
Maria ouve o seu pai chegar (mais um indício da sua doença, dado que mais ninguém o ouviu)

Cena 6

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Miranda (empregada) diz que Manuel chegou. Madalena espanta-se com o facto de Maria ter
mesmo bom ouvido (pode significar que não tem noção de que a sua filha está doente)
Jorge diz que a fantástica audição de Maria é um “terrível sinal naqueles anos”

Cena 7

Manuel chega e diz à sua família que têm de sair de casa porque Luís de Moura (arcebispo) e os
outros governadores se vão, efetivamente, hospedar na sua casa. Dá ordens para arrumarem as
coisas mais importantes o mais rapidamente possível
Maria fica radiante com a decisão e Madalena pede para falar a sós com Manuel, tendo ficado
atormentada
Maria vai com o seu tio, Jorge, arrumar as suas coisas: livros e papéis; segredos

Cena 8

Manuel tinha dito a Madalena que iriam para a antiga casa de Madalena: casa de D. João de Portugal
Madalena suplicou para que não o fizessem mas Manuel acabou por iniciar um discurso no qual
refere que ela não tinha de se preocupar com o passado porque o seu coração e as suas mãos estavam
puras

Cena 9

Telmo alerta para a chegada antecipada dos governadores


Manuel dá ordens para saírem imediatamente

Cena 10

Dá-se a continuação da saída

Cena 11

Manuel incendeia a própria casa e faz antecipadamente uma analogia sobre a morte de seu pai e a
sua possível morte

Cena 12

Madalena espanta-se com o ato do seu marido e este responde-lhe que ilumina a sua casa para
aqueles que a queriam invadir.
Com isto, o retrato de Manuel é também incendiado – indício da morte do amor de Madalena por
Manuel e, consequentemente, da união entre estes
Todos fugiram

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ATO II

Cena 1

Maria arrasta Telmo para uma sala, para finalmente conversarem.Têm o cuidado de não fazer
barulho para não acordar Madalena que não dorme há oito dias, desde que estão naquela casa.
Maria confessa que o incêndio a fascinou, apesar de ter destruído a sua mãe. Agora, era Maria quem
tinha de se fazer de forte e sensata/discreta, que tinha de fingir não acreditar nos destinos e
presságios, apesar de neles acreditar fortemente. Tinha a noção de que uma desgraça estava por vir.
Telmo diz-lhe que justiça será feita e que o seu pai, Manuel, é um exemplo de Homem, apesar de
só agora lhe ter começado a dar o devido valor.
Maria dirige-se para os três retratos ao fundo da sala e, apontando para o de D. João de Portugal,
pergunta a Telmo de quem se trata. Inicialmente este não lhe disse toda a verdade, mas Maria, que
já o conhece, tentou perceber o porquê de tanto mistério.

Cena 2

Entra Manuel, que diz a Maria que o retrato misterioso é de D. João de Portugal
Manuel pergunta a Maria por Madalena e esta responde-lhe que a mãe está outra pessoa, mas que
continua a dormir

Cena 3

Maria e Manuel vão conhecer melhor o palácio e partilhar ideias


Maria pergunta se o pintor foi justo e realista ao fazer o retrato de D. João I. A resposta foi afirmativa
e Manuel acrescentou que apenas as qualidades daquele Homem é que não estavam ali
representadas. (…) E que qualidades!
Manuel: “se ele vivesse… não existia tu agora, não te tinha eu aqui nos meus braços.”

Cena 4

Jorge aparece com notícias relativas à invasão: os governadores cederam


Manuel decide ir a Lisboa e Maria pede para ir com ele, de modo a conhecer Joana de Castro (Joana
de Castro separou-se de Luís de Portugal e seguiram, cada um separadamente, a vida religiosa –
indício trágico)

Cena 5

Madalena diz-se curada dos maus pensamentos e pede a Manuel para que não saia de perto de si
Manuel diz que é sexta-feira (dia da paixão de Cristo) mas que tem de ir a Lisboa e volta à noite (a
noite está associada ao romantismo)
Jorge fica a fazer companhia a Madalena e Maria vai com o pai

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Cena 6

Madalena diz a Manuel que não quer que Telmo fique no palácio a fazer-lhe companhia, ao invés
de ir acompanhar Maria. E assim foi.

Cena 7

Madalena começa a chorar mas logo acaba por se despedir deles

Cena 8

Madalena pede precaução e Manuel diz que nada vai acontecer, que Maria só vai conhecer Joana
de Castro
Rapidamente a história de amo desta surge na conversa: “depois de tantos anos de amor… e
convivência… condenarem-se a morrer longe um do outro, sós, sós! E quem sabe se nessa tremenda
hora... Arrependidos! (…)”

Cena 9

Jorge pensa que o mal se instalou nos corações da sua família e, talvez, também se instalará no seu

Cena 10

Hoje, sexta-feira, faz anos que Madalena casou com D. João I, que se perdeu el-rei D. Sebastião e
que Madalena viu pela primeira vez Manuel de Sousa
Crime: Madalena amou Manuel assim que o amou

Cena 11

Miranda chega a casa com um recado; um romeiro, que vem de Roma e dos Santos-lugares, quer
ver e falar a Madalena
Madalena diz a Miranda para o trazer perto de si, já que este insiste em falar com Madalena e não
com Jorge

Cena 12

Jorge pensa que se trata de uma fraude

Cena 13

O romeiro entra e Miranda volta para o local onde inicialmente estava


O romeiro identifica Madalena como sendo a pessoa a quem se quer dirigir (mesmo após tantos
anos)

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Cena 14 - CLÍMAX

O romeiro diz que viveu 20 anos nos Santos-Lugares e que é português. Teve uma vida miserável,
sem filhos e “perdeu” a família
Fez um juramento há um ano atrás, de que iria estar ali, hoje, diante de Madalena, a pedido de D.
João de Portugal, para lhe dizer que este ainda está vivo, para mal de muitos
Madalena fica atormentada, assustada, perdida ao saber isto

Cena 15

Jorge pergunta ao romeiro quem ele é e este responde “Ninguém!”


Negação total da sua identidade

ATO III

Cena 1

Manuel diz que Maria ficou órfã de pais, família e nome e que Deus o castigou pelo erro que
cometeu, sendo que é, de momento, o homem mais infeliz da terra
Jorge tenta consolar o irmão e refere que já visitou Maria hoje e que ela já não está tão mal
Manuel pergunta-lhe por Madalena e este diz-lhe que ela se vai conformando, com o apoio de Deus
Entretanto, o romeiro está na cela, para que ninguém o veja. Jorge promete-lhe que falará com
Telmo Pais (seu aio velho)
D. Madalena não sabe que o romeiro é D. João de Portugal e Maria desconhece a razão de todo o
sofrimento (a não ser que entretanto a adivinhe, refere Jorge)

Cena 2

Telmo diz que Maria acordou


Jorge e Manuel vão-se embora e dizem a Telmo para ali ficar. Telmo terá de puxar uma corda com
uma sineta, de modo a chamar um Irmão Converso (frase) que se encarregará de o levar para junto
do romeiro

Cena 3

Telmo puxa a sineta e o Converso abre-lhe a porta.

Cena 4

Monólogo de Telmo: já tinha um pressentimento de que algo mau iria acontecer e tinha mesmo
chegado a desejar a vinda de D. João mas, agora que este veio, ficou mais confuso do que ninguém

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Telmo refere que o amor que tem por Maria venceu o amor que tinha por D. João
Teme, agora, pela vida de Maria e pede a Deus para que leve D. João I. O romeiro ouve este seu
último pedido

Cena 5

Romeiro entra em cena e Telmo percebe que este é D. João de Portugal


D. João diz-lhe que sabe que Telmo foi dos únicos a duvidar da sua morte, apesar de todas as
provas de que de facto estava morto e pergunta depois se é verdade que D. Madalena se esforçou
por o procurar por toda a parte. Recebe, então, uma resposta afirmativa
Ao saber que o casal tem uma filha (Maria), D. João pede a Telmo para que lhes vá dizer que o
romeiro era um impostor

Cena 6

Aparece Madalena aos gritos, à procura de seu esposo


D. João pensa que esta se refere a si, mas depressa Madalena diz o nome de Manuel e o romeiro
toca a sineta novamente e desaparece com Telmo

Cena 7

Jorge chega e Telmo, a pedido deste, abre a porta. Madalena entra e pergunta novamente pelo seu
esposo, dado que tinha ouvido duas vozes
Manuel aparece e diz a Madalena que o seu amor é impossível e que está tudo dito entre eles

Cena 8

Estabelece-se um diálogo entre Madalena, Jorge e Manuel.


Madalena questiona a veracidade do que foi dito pelo romeiro. No entanto, Jorge e Manuel sabem
a verdadeira identidade deste e, como tal, sabem que não há volta a dar: Madalena terá de ir para o
convento.
Manuel termina com uma despedida de Madalena.

Cena 9

Madalena chama novamente por Manuel, mas não obtém resposta.


Jorge chama-a porque vai começar a santa cerimónia (da tomada do Hábito)

Cena 10

O Prior (superior de convento) dirige-se a Manuel e Madalena, referindo o crime ou erro por estes
cometido

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Cena 11

Maria interrompe a cerimónia da Tomada do Hábito e, alienada pela febre que exprime, chama
pelos seus pais. Depressa pergunta que cerimónia é aquela e dirige-se a Deus, pedindo-Lhe que não
mate os seus pais, mas que a mate a ela
Maria refere que sabia o motivo de todo aquele sofrimento e pede aos pais para que mintam, para
salvarem a honra da sua filha. Estes não atuam

Cena 12

O Romeiro pede a Telmo que salve a família de todo aquele sofrimento, porque ainda vai a tempo
Maria ouve a voz do Romeiro e morre (morre de vergonha)
A cerimónia religiosa prossegue

O Passado e a Atualidade – pequena análise

Num país ligado às grandes e longas viagens marítimas, é provável que episódios semelhantes aos relatados
na tragédia se tenham repetido, entre os quais, os pensamentos que invadiam a mente das esposas abandonadas
e dos maridos que poderiam posteriormente encontrá-las casadas com outro.
Atualmente, o tema do homem que vai para longe e que, de certo modo, abandona a sua família para
descobrir novos mundos (ou até para se descobrir a si mesmo), faz ainda parte da nossa realidade, dado que
vivemos num mundo de guerras, conflitos, interesses e curiosidades

Textos narrativos e descritivos

Leitura de um romance de Eça de Queirós

Eça de Queirós viveu no século XIX e abordava temas relacionados com o realismo, impressionismo e
naturalismo.

O Realismo defendia a inovação e um maior contacto com as realidades sociais, manifestando-se pela maior
abertura às evoluções científica e literária.

Seguiu-se o Naturalismo, que se preocupava com as questões mais fundamentais levantadas pelo contacto
com as diferentes realidades. Deste modo, enquanto o Realismo se limitava a dar uma pequena impressão do

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mundo exterior, o Naturalismo tentava compreender, através da análise, os problemas sociais, económicos e
políticos.

O Impressionismo nasceu numa exposição de pintura francesa e estendeu-se até à literatura, manifestando-
se como uma maior preocupação pelos efeitos da luz e da cor, pela descrição e acentuação de traços visíveis
nas personagens, entre outros. De uma maneira geral, o impressionismo literário pretendia transparecer as
impressões que ficavam da realidade observada, sendo necessário dar uma maior importância à atenção, ao
pormenor e à subjetividade que provém da opinião pessoal.

Os temas tratados por Eça de Queirós referem-se a uma constante crítica social, englobando:

A educação
O jornalismo
A política
O ser/parecer
O adultério e o incesto
A corrupção
A decadência e a falta de mudança

Relativamente à escrita, a prosa queirosiana apresenta as seguintes características:

Ironia/sarcasmo
Metáforas e comparações
Hipálages (ex.: fumei um cigarro pensativo)
Sinestesia
Diminutivo – crítica/ironia, carinho e pequenez (tamanho)
Estrangeirismos, principalmente franceses e ingleses
Recurso a verbos expressivos
Adjetivação dupla ou múltipla, ligada muitas vezes às sensações
Discurso indireto livre
Neologismos (criação de novas palavras/expressões ou atribuição de novos significados a outras já
existentes)
Registo de língua familiar e corrente, por vezes, com função crítica

Discurso direto, indireto e indireto livre

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Discurso direto – processo de citação de uma voz, que ocorre normalmente em diálogos e é introduzido
por um verbo declarativo (dizer, afirmar, declarar, responder, confessar, etc.).
Virgília ouvia-me calada; depois disse:
– Não escaparíamos talvez; ele iria ter comigo e matava-me do mesmo modo.

Discurso indireto – processo enunciativo em que o locutor incorpora outra voz diferente da sua (de um
enunciador). As falas do enunciador são também introduzidas por um verbo declarativo.
Alcancei-a a poucos passos, e jurei-lhe por todos os santos do céu que eu era obrigado a
descer, mas que não deixava de lhe querer e muito; tudo hipérboles frias que ela escutou sem
dizer nada

Discurso indireto livre – processo enunciativo, em que a voz do narrador e a voz do personagem se
confundem, sendo uma espécie de interseção entre o discurso direto e o indireto.

O marquês gostava de Gambetta: fora o único que durante a guerra mostrara ventas de
homem; lá que estivesse “comido” ou que “quisesse comer” como diziam – não sabia nem
lhe importava.

Textos líricos

Poesia de Cesário Verde

A poesia de Cesário Verde é marcada por três movimentos estético-literários:


1. Realismo – apresentação do real objetivo, representação da sociedade e crítica de denúncia social
Atenção ao detalhe
Linguagem burguesa, popular e rica em termos concretos
Predomínio do cenário urbano:

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O campo é vida, fertilidade, vitalidade, rejuvenescimento e liberdade


A cidade é ganância, miséria, sofrimento , poluição e exploração
Valorização do natural em detrimento do artificial
Situa espácio-temporalmente as cenas apresentadas – marcas da estrutura narrativa
Preocupação social sentida
2. Parnasianismo – reação antirromântica
Recusa da divulgação dos sentimentos
Os sentimentos e sensações ficam registados nas lembranças: poeta do imediato mas
também da memória
Objetividade e impessoalidade
Rigor na forma
3. Impressionismo – fuga ao sentimento de decadência
Impressão pura e perceção imediata: uso de sinestesias
Cor, luminosidade e textura
Construções impessoais
A qualidade ótica do objeto é mais importante que o objeto em si
Recurso à hipálage: preocupação com a beleza formal

Embora já tenham sido referidas algumas, encontram-se agora apresentadas as características temáticas de
Cesário Verde:
Oposição cidade-campo – a esta oposição associam-se as oposições: belo/feio, claro/escuro,
força/fragilidade
Oposição passado/presente – o passado é visto como um tempo de harmonia com a natureza, ao
contrário do presente contaminado pelos malefícios da cidade
A inviabilidade do Amor na cidade
A humilhação sentimental, estética e social
Preocupação com as injustiças sociais
Sentimento anti burguês
Perpétuo fluir do tempo, que só trará esperança para as gerações futuras
Presença obsessiva da figura feminina, vista:
Negativamente – contaminada pela civilização urbana: mulher opressora, fria, nórdica e
geradora de um erotismo da humilhação
Positivamente – relacionada com o campo, podendo ser:
a) Mulher anjo, com visão angelical, reflexo de uma entidade divina, símbolo de pureza
campestre

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b) Mulher regeneradora, frágil, pura, natural, simples, representante dos valores do


campo na cidade e que estimula a imaginação
c) Mulher oprimida, resignada, vítima da opressão social urbana, com a qual o sujeito
poético se identifica ou por quem nutre paixão
Como objeto de estímulo erótico: mulher objeto que é vista como impulso erótico

Figuras de estilo mais usadas

Assíndeto (as ideias não são ligadas por nenhuma conjunção) – ritmo mais violento e agressivo
Ironia
Comparação e metáfora
Sinestesia
Estrangeirismos
Hipálage
Adjetivação e enumeração
Antítese
Transporte (continuação da ideia no verso seguinte)

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