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Língua Portuguesa

Professora Rita de Cássia


ROMANCE
Gênero literário com narrativa em prosa

Todo mundo já assistiu um Romance na TV ou no cinema, mas


apesar da relação que as pessoas fazem com o sentimentalismo
e as paixões, a narrativa romântica não está necessariamente
ligada a essas características. O gênero se refere às histórias em
prosa organizadas em diversas tramas para contar uma ideia
principal. 

O romance apresenta alguns elementos que ajudam a


compor a narrativa. Eles são o narrador (responsável
por contar a história), personagens (sobre quem se
conta a história), enredo (o acontecimento e o seu
desenrolar). Além disso, a história deve acontecer em
determinado espaço e tempo. 
História do Romance
• A palavra romance tem origem na época do Império Romano e
designava as línguas populares usadas pelos povos do período.
Com a modernidade, o romantismo passou a ser considerado
como sinônimo de folhetim. Somente no século XVIII ele
passou a ser considerado um gênero literário. 

• O Romance iniciou como narrativas das cavalarias e contavam


histórias de heróis que defendiam a honra das mulheres
amadas. O gênero tornou-se popular só tornou-se popular
com a ascensão da burguesia, já que as classes que antes não
tinham acesso a cultura passou a adquirir livros. Para o filósofo
Georg Hegel, o romance foi um dos grandes feitos da
burguesia, pois além de ter ampliado o acesso a obras ainda
deixou a linguagem mais acessível ás camadas mais populares.
• Embora a palavra “romance” seja muitas vezes
utilizada para designar uma experiência de cunho
amoroso, quando se trata de literatura, sua
definição é outra. O romance é a forma literária
mais popular do Ocidente, desde o século XIX.
• Histórias famosas da literatura clássica,
como Dom Casmurro ou Guerra e paz, até best-
sellers contemporâneos, como A culpa é das
estrelas foram escritas na forma do romance – e
não necessariamente envolvem pares amorosos.
Mas afinal, o que significa o termo “romance”
para a literatura?
O que é romance?
• O romance é uma forma literária narrativa escrita
em prosa, que se popularizou na literatura ocidental
durante o século XIX. Suas origens, entretanto,
remetem a Dom Quixote, novela de cavalaria escrita
por Miguel de Cervantes no século XIV, considerada
um precursor do romance moderno.
• A forma literária do romance apresenta, de maneira
ficcional, a experiência social da modernidade,
uma representação mais próxima da experiência
individual, que possui um contexto temporal e
espacial.
• Antes de serem vendidos e editados em forma
de livro, tal como os conhecemos agora, os
romances eram publicados como folhetins:
um capítulo por vez, em espaços dedicados a
eles nos jornais. Isso colaborou para a
popularização desse tipo de história ficcional,
já que eram veiculados em meios de
comunicação de grande circulação e deixavam
os leitores ávidos por dar continuidade à 
narrativa – algo semelhante aos seriados e
novelas televisivos dos dias de hoje.
Características do romance
• Narrativa longa, escrita em prosa, geralmente dividida em
capítulos.
• Ambientação temporal: a narrativa deve acontecer em
determinado tempo, que pode ser linear ou não linear,
objetivo ou subjetivo.
• Ambientação espacial: além do tempo, o romance é
ambientado em determinado espaço, onde as ações
acontecem.
• Enredo ou trama: o romance conta uma história, que é
apresentada a partir de um encadeamento de eventos – é o
enredo. Muitas vezes, a história contada não é o principal
componente do romance, mas sim a maneira como essa
história é contada.
• Presença de personagens, que podem ser
planas ou complexas, protagonistas,
antagonistas, em número variável, mas que
se relacionam a partir da trama principal.
• Gênero em constante mutação: o romance
não é uma forma acabada, mas está
continuamente se transformando, assim
como a humanidade. É um gênero aberto
aos mais variados experimentalismos,
buscando novas formas de captar a atenção
do leitor.
Característica do Romance
• O romance é uma narrativa literária organizada em uma
sequência de fatos interligados e que acontecem em
determinado tempo. Alguns desses textos não são
construídos em uma em uma relação temporal lógica, mas é
possível reconstruir a temporalidade. 

• O romance consegue abraçar diversos outros gêneros em


sua estrutura. Isso porque é uma narrativa longa e criada
com diversos textos. Em um romance é possível contar
histórias reais ou imaginárias, ou até as duas juntas. 

• A obra considerada iniciadora do romantismo moderno é o


livro de Miguel de Cervantes, Dom Quixote de La Mancha,
escrito em 1600. O romance de cavalaria conta as aventuras
de Dom Quixote e seu companheiro Sancho Pança. 
Estrutura da narrativa
Os romances são caracterizados pela construção a partir de uma sequência
temporal que apresenta uma trama. A estrutura é formada por quatro
elementos:

• Narrador: pessoa que conta a história e que pode ser um personagem,


narrador em primeira pessoa, ou apenas um observador;

• Personagens: são as pessoas envolvidas na história. Suas características


físicas e psicológicas são apresentadas para que o leitor tenha uma ideia dos
personagens. O protagonista é o personagem principal em um romance;

• Enredo: é a sequência de fatos que serão contados na história. O enredo


desenvolve a trama e é construído para que um tema central seja atingido;

• Tempo: é quando os fatos aconteceram. Neste caso, o tempo pode ser


cronológico ou psicológico. No primeiro caso, existe uma data e momento
demarcado. No segundo, a subjetividade dos personagens é que marca o
tempo dos acontecimentos. 
Tipos e exemplos de romance
• Romance histórico: é aquele em que as ações
são ambientadas em dado período ou evento
histórico. Trata-se de uma narrativa ficcional
que se desdobra em determinado espaço-
tempo que corresponde a um período
histórico verídico. Estão ausentes as análises
psicológicas aprofundadas ou críticas
sociais. Exemplo: As Minas de Prata, de 
José de Alencar .
• Romance regional: também conhecido como
romance regionalista, diz respeito a narrativas
que têm o componente do espaço
intensamente caracterizado. Geralmente,
trata-se de um espaço rural, ou distante dos
grandes centros urbanos, cujos costumes e
cultura são representadas em primeiro plano,
representando a “cor local” desses
espaços. Exemplo: O Gaúcho, de José de
Alencar.
• Romance de formação: narra uma história de
crescimento e amadurecimento de um
protagonista, ilustrando as dificuldades e
percalços durante o longo caminho de
formação moral, física e psicológica de um ser
humano. Exemplo: O Ateneu, de Raul
Pompeia.
• Romance de ação: possui uma trama complexa e a
história é centrada nos desdobramentos da ação
do protagonista. Os acontecimentos se sucedem
uns aos outros, frequentemente repletos de
surpresas e derivações da trama principal. Um
evento comum pode ter uma consequência
inesperada, levando a sequências extraordinárias
de ações, geralmente superadas pelo protagonista
(herói) com astúcia, inteligência, força etc. Os
chamados romances policiais encaixam-se nesta
categoria, com a especificidade de localizarem a
ação em torno de investigações
criminais. Exemplo: O Guarani, de José de Alencar.
• Romance picaresco: protagonizada por um pícaro,
isto é, uma personagem de origem humilde, sem
trabalho ou profissão fixa, que vive das mais diversas
ocupações para garantir sua sobrevivência, muitas
vezes envolvendo-se em atividades escusas ou ilícitas.
O pícaro é um anti-herói, e antes de tudo um ingênuo
que aprende a malandragem e a picaretagem a partir
do embate direto com a realidade circundante. A
narrativa se constrói a partir de vários episódios
vivenciados pelo protagonista, com a característica de
possuir um tom bem-humorado. Exemplo: 
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel
Antonio de Almeida.
• Romance autorreflexivo: também
chamado de metaficcional, caracteriza-se
por inserir no texto colocações que dizem
respeito ao próprio ato de escrevê-lo. Há
uma presença ativa do leitor na construção
textual e uma exposição das estruturas que
compõem a narrativa. Exemplo: 
Memórias póstumas de Brás Cubas, de 
Machado de Assis (romance com
características autorreflexivas).
• Romance psicológico: centrado na consciência
individual das personagens. Em lugar de um
narrador externo e onisciente, desenvolve-se
a história a partir do olhar e da interioridade
de uma (ou mais)
personagem. Exemplo: Angústia, de 
Graciliano Ramos.
Romance no Brasil
A literatura brasileira possui diversos autores consagrados com romance publicados. O
gênero passou a estar presente no país a partir de 1950 e as principais obras são de: 

• Jorge Amado: Gabriela, Cravo e Canela; 

• Geraldo Ferraz: Doramundo; 

• Guimarães Rosa: Grande Sertão: Veredas (1956); 

• Machado de Assis: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881);


 
• Raul Pompeia: O Ateneu (1888);
 
• Mário de Andrade: Macunaíma (1928); 

• Graciliano Ramos: Vidas Secas (1938);

• Fernando Sabino: O Encontro Marcado.


Os principais tipos de romance presente no Brasil são:

• Romance Romântico: são as narrativas que destacam a figura do herói,


cavalheirismo, figura feminina, amor, pátria. Os autores de destaque
desse estilo são: Joaquim Manuel de Macedo com o livro "A Moreninha",
e José de Alencar com "O Guarani";

• Romance realista: são os textos que tecem críticas sociais, religiosas e


políticas. Machado de Assis é o principal representante;

• Romance naturalista: é muito parecido com o realista, mas tem como


foco a análise social a partir do coletivo. Uma das obras mais conhecida é
"O Cortiço" de Aluísio Azevedo;

• Romance modernista: marcado pelo movimento Romance 30, o tipo faz


críticas sociais e anticapitalistas. Os nomes de destaque são Jorge Amado
com o livro "Capitães de Areia" e "O País do Carnaval"; e Graciliano
Ramos com "São Bernardo". 
Outros gêneros literários
Além do romance, existem diversos outros gêneros literários. Cada um
com sua característica. São eles: 

• Novela: narrativa com apenas um núcleo de personagens;

• Conto: história curta de linguagem simples;

• Fábula: narrativa curta, construída com figura de linguagem e onde os


personagens normalmente são seres fantásticos ou animais falantes;

• Lenda: textos fantasiosos criados a partir do imaginário popular e das


histórias de um povo;

• Crônica: narrativa curta e coloquial. Relata situações do cotidiano e


faz críticas sociais. 
Romance, conto e novela
Quem está para fazer a prova do Enem deve ter em mente a diferença entre
romance, conto e novela. Os gêneros textuais podem ser confundidos por
apresentarem características em comum. Assim, é preciso destacar a diferença entre
eles. 

• Romance: como já comentado, essa narrativa apresenta uma sequencia de


acontecimentos relacionados a certos personagens e que levam a um ponto alto ou
clímax. Machado de Assis, Érico Veríssimo e Graciliano Ramos são os representantes
brasileiros desse gênero. Mundialmente existem Jane Austen, Gustave Flaubert e
Fiódor Dostoiévski;

• Conto: e um texto bem curto e com poucos personagens. O texto pode ter elementos
reais e fictícios e gira em tono de uma história de destaque. Machado de Assis também
desenvolveu esse tipo de narrativa;

• Novela: é um texto mais extenso que o conto, não possui muitos personagens e
acontece em torno de um conflito principal. Possui elementos tanto do conto quanto
do romance e, assim, pede ser confundida com os dois. Muitos autores consideram a
novela um tipo de romance. “A morte de Ivan Ilitch” de Lev Tolstói é a obra de maior
representação do gênero. 

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