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3 REALISMO BRASILEIRO E A REPRESENTAÇÃO DA FIGURA DA MULHER

NAS OBRAS REALISTAS

O movimento realista no Brasil emergiu no final do século XIX como uma


resposta à influência predominante do romantismo. Influenciados pelas ideias do
realismo europeu, os escritores brasileiros buscaram retratar a sociedade e a
realidade de forma objetiva e crítica. Uma das figuras centrais desse movimento
foi Machado de Assis, que se destacou com obras como "Dom Casmurro" e
"Memórias Póstumas de Brás Cubas". Machado foi um mestre em explorar a
psicologia dos personagens e satirizar a sociedade da época.
O realismo brasileiro também foi marcado por uma forte preocupação com
as questões sociais e políticas. Autores como Aluísio Azevedo, em obras como "O
Mulato" e "O Cortiço", denunciaram as desigualdades e as condições precárias
enfrentadas pela população mais marginalizada. Azevedo utilizou a narrativa para
expor os problemas sociais e as injustiças que permeavam a sociedade brasileira
da época.
Além disso, o realismo brasileiro também se destacou pela valorização da
linguagem precisa e pela busca pela representação fiel da realidade. Os
escritores buscavam evitar a idealização excessiva dos personagens e das
situações, optando por uma abordagem mais objetiva. Isso se refletiu na escolha
de temas relacionados à vida cotidiana e à vida urbana, proporcionando um olhar
crítico sobre a sociedade em transformação.
Em resumo, o movimento realista no Brasil foi uma manifestação cultural e
artística que surgiu no final do século XIX, influenciada pelo realismo europeu.
Caracterizou-se pela representação objetiva da realidade, a crítica social e
política, e a valorização da linguagem precisa. Este movimento teve um impacto
duradouro na literatura e na arte brasileiras, deixando um legado de obras que
ainda são estudadas e apreciadas até a atualidade.

3.1 A figura feminina representada nas obras do Realismo

No período do Realismo, as representações das mulheres nas obras


artísticas e literárias refletiam as complexas dinâmicas de gênero e as normas
sociais da época. Ao contrário do idealismo romântico, o Realismo procurava
retratar a vida cotidiana de maneira objetiva e sem adornos, o que incluía as
experiências das mulheres. No entanto, muitas vezes, essas representações
ainda eram moldadas pela visão masculina predominante na sociedade.
Em várias obras realistas, as mulheres eram frequentemente apresentadas
em papéis tradicionais, como esposas, mães e donas de casa. Elas eram muitas
vezes retratadas em ambientes domésticos, refletindo o contexto social da época
em que se esperava que as mulheres desempenhassem esses papéis.
Além disso, o Realismo abordou questões relacionadas à posição social
das mulheres. Obras como "Madame Bovary" de Gustave Flaubert exploraram as
restrições e insatisfações enfrentadas por mulheres que estavam confinadas a
papéis limitados na sociedade. Flaubert apresentou Emma Bovary como uma
mulher que busca escapar das expectativas impostas a ela, mas acaba se
perdendo em fantasias e desilusões. Por outro lado, algumas obras realistas
também apresentaram personagens femininas mais complexas e independentes,
que desafiavam as normas de gênero da época. Em obras de Émile Zola, por
exemplo, é possível encontrar personagens femininas que lutam contra as
adversidades e buscam autonomia em uma sociedade dominada por homens.
Em resumo, as representações das mulheres nas obras do Realismo
variaram de acordo com o autor e o contexto social, refletindo tanto as limitações
quanto as aspirações das mulheres na época. Embora muitas vezes confinadas a
papéis tradicionais, algumas obras também exploraram a complexidade e a
diversidade das experiências femininas, contribuindo para uma representação
mais matizada das mulheres na literatura e na arte.

3.2 Principais obras de Machado de Assis, como abordavam a traição

Machado de Assis, um dos maiores escritores da literatura brasileira,


deixou um legado de obras magistrais que exploram a complexidade das relações
humanas, incluindo o tema da traição. Em "Dom Casmurro" (1899), o autor nos
apresenta a história de Bento Santiago, conhecido como Dom Casmurro, que
narra suas memórias e suspeitas de traição por parte de sua esposa, Capitu, com
seu amigo Escobar. A trama é uma intricada exploração das dúvidas e obsessões
de Bento, deixando o leitor imerso na incerteza sobre a veracidade dos fatos.
Outra obra notável, "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881),
transcende a narrativa convencional ao ser contada por um defunto. Brás Cubas,
o protagonista, reflete sobre sua própria vida e a sociedade em que vive,
proporcionando uma visão sarcástica e crítica das relações humanas, inclusive da
traição, sob uma perspectiva pós-morte.
Em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", o tema da traição é tratado de
forma bastante peculiar. A obra é narrada por Brás Cubas, um defunto que decide
contar sua própria história após a morte. A estrutura inusitada da narrativa, com
um protagonista já falecido, permite a Machado de Assis abordar a traição de
maneira irônica e perspicaz. Ao longo da história, Brás Cubas relembra suas
experiências e relações, incluindo a relação com sua amada, Virgília. Virgília,
casada com outro homem, envolve-se em um relacionamento extraconjugal com
Brás Cubas. Esta situação configura uma forma de traição, na medida em que
quebra as convenções sociais e morais da época. O tom irônico e cético de Brás
Cubas permite que o autor explore a complexidade da traição de uma forma
única.
Brás Cubas não demonstra remorso ou culpa por seu envolvimento com
Virgília, o que adiciona uma camada de ambiguidade moral à narrativa. Além
disso, a morte de Brás Cubas e sua posição como defunto proporcionam uma
perspectiva distanciada e desencantada sobre os eventos de sua vida. Isso
permite a Machado de Assis abordar a traição de uma forma desapaixonada,
questionando as normas sociais e morais que regem as relações humanas.
Assim, em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", a traição é abordada de forma
crítica e provocativa, desafiando as convenções e oferecendo uma reflexão sobre
as complexidades das relações humanas, tudo isso sob o olhar satírico e mordaz
de um protagonista que já não está mais entre os vivos.
Na obra Iaiá Garcia (1878), embora não centralize sua trama na traição,
aborda com sutileza a complexidade dos sentimentos e relações humanas. A
novela reflete a transformação dos personagens diante dos desafios impostos
pela sociedade e pelas próprias emoções, criando um ambiente propício para a
análise dos meandros do amor e das desilusões. A trama se desenrola em torno
da família Garcia, e a personagem principal, Iaiá, é uma jovem que enfrenta uma
série de desafios e conflitos emocionais ao longo da narrativa. Embora o tema da
traição não seja o foco central da trama, ele está presente de maneiras distintas.
O principal exemplo é o personagem Luís Garcia, que, após uma viagem
prolongada, retorna à sua cidade natal e encontra mudanças significativas em sua
vida. A suposta traição de sua noiva, Estela, com outro personagem, é um
elemento que provoca uma reviravolta na história. A abordagem de Machado de
Assis à traição em "Iaiá Garcia" é menos direta e mais sutil em comparação com
algumas de suas outras obras. Em vez de se concentrar na investigação
detalhada dos eventos ou nas emoções dos personagens envolvidos, o autor
utiliza a traição como um elemento que desencadeia ações e revela aspectos da
dinâmica familiar e social. A obra também explora as complexidades das relações
humanas, o impacto das expectativas sociais e a evolução dos sentimentos ao
longo do tempo. As situações e os personagens em "Iaiá Garcia" são
apresentados de maneira a refletir a intricada teia de emoções e motivações que
permeiam as interações humanas, incluindo aquelas relacionadas à traição.
Assim, em Iaiá Garcia, a traição é abordada como um elemento que influencia a
narrativa, mas de uma forma mais sutil e contextualizada, permitindo ao autor
explorar as complexidades das relações interpessoais e as nuances das emoções
humanas.
Em ordem, pode-se citar a obra "Quincas Borba" (1891), sequência
espiritual de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", explora temas como ambição,
loucura e o destino humano. Embora não se concentre primariamente na traição,
a obra examina as interações entre os personagens e como eles enfrentam as
adversidades, iluminando a natureza humana em sua complexidade. A trama é
centrada em Rubião, um ingênuo e simpático professor que herda uma fortuna de
seu falecido amigo, Quincas Borba. A narrativa explora a transformação gradual
de Rubião à medida que ele se envolve com a alta sociedade carioca. A traição
em "Quincas Borba" é um tema subjacente à trama, manifestando-se
principalmente nas interações sociais e nas relações entre os personagens.
A sociedade retratada na obra é marcada por interesses e manipulações, e
a lealdade é frequentemente subordinada aos ganhos individuais. A traição é
evidente em várias situações, como nas relações amorosas e nas alianças
políticas que se formam ao longo da história. Os personagens muitas vezes agem
em busca de seus próprios interesses, às vezes à custa dos outros, e a fidelidade
é frequentemente colocada em xeque.
Machado de Assis aborda a traição de forma sutil, utilizando-a como um
elemento que ilustra as complexidades das relações humanas e as nuances da
moralidade. Ele não julga os personagens de forma maniqueísta, mas apresenta
suas ações como reflexo de uma sociedade onde os valores são muitas vezes
relativizados em prol do próprio benefício. Em "Quincas Borba", a traição é
abordada como um elemento que permeia as relações sociais e humanas,
refletindo a complexidade e as ambiguidades da moralidade na sociedade
retratada por Machado de Assis.
Essas obras-primas de Machado de Assis oferecem uma visão profunda e
multifacetada das relações humanas, inclusive da traição. Com sua maestria em
explorar a psicologia dos personagens e a sagacidade ao analisar a sociedade, o
autor nos presenteou com um valioso acervo literário que continua a cativar e
intrigar os leitores até os dias de hoje. Durante o período do Realismo, as
mulheres enfrentavam severas penalizações se fossem acusadas de trair seus
esposos. A sociedade da época era fortemente patriarcal e as expectativas em
relação à fidelidade feminina eram extremamente rígidas.
A traição conjugal era vista como uma grave transgressão moral e social, e
as mulheres que eram acusadas enfrentavam diversas formas de punição. Em
muitos casos, a traição conjugal era motivo para o divórcio, embora esse
processo fosse complexo e desfavorecesse consideravelmente as mulheres. Elas
podiam perder a guarda dos filhos, além de serem estigmatizadas socialmente.
Além disso, em algumas culturas, a traição era considerada um crime passível de
punição legal, podendo resultar em penas de prisão ou multas.
A reputação das mulheres era um elemento crucial em uma sociedade
altamente hierarquizada, e a acusação de traição frequentemente resultava em
ostracismo social. Elas eram vistas como desonradas e muitas vezes excluídas
de círculos sociais e familiares. Isso levava a um isolamento emocional e
econômico, aumentando ainda mais o estigma associado à traição. A traição
conjugal também poderia ter sérias consequências financeiras para as mulheres,
especialmente se fossem deserdadas ou tivessem seus bens confiscados.
Em algumas culturas, a traição era motivo para a perda de direitos legais,
incluindo a capacidade de herdar propriedades ou participar de transações
comerciais. Sendo assim, pode-se afirmar que, durante o período do Realismo, as
mulheres que eram acusadas de traição e enfrentavam uma série de punições
que variavam de acordo com as leis e as normas sociais da época. Elas eram
penalizadas tanto em termos legais quanto sociais, resultando em um impacto
profundo em suas vidas e na dinâmica das relações de gênero na sociedade da
época.

2 DOM CASMURRO E SUAS NUANCES NO UNIVERSO LITERÁRIO

2.1 A obra

"Dom Casmurro", obra-prima de Machado de Assis e representante do


realismo brasileiro, é um intrigante romance psicológico narrado em primeira
pessoa. A trama envolve Bento Santiago, conhecido como Bentinho, e sua amada
Capitu, cujo amor nasceu na infância. O ponto crucial da narrativa emerge quando
os dois se casam, desencadeando um conflito que se torna o cerne da história: as
suspeitas de Bentinho sobre um possível relacionamento entre sua esposa e seu
melhor amigo, Escobar. Embora muitos estudiosos abordem a obra por meio da
questão central "Capitu traiu ou não traiu Bentinho?", esta dissertação busca ir
além, oferecendo uma análise minuciosa e esclarecedora sobre esse inquérito. A
perspectiva única de Bentinho, como narrador, destaca-se, e a história se
desdobra revelando que toda trama possui dois lados.
Ao desvelar as complexidades da personagem Capitu, não apenas como
figura suspeita, mas como mulher submetida às limitações e expectativas da
sociedade do século XIX, esta análise se propõe a lançar luz sobre a
representação feminina na obra de Machado de Assis. Afinal, em um romance
intrincado como "Dom Casmurro", o entendimento completo da trama requer uma
apreciação mais profunda das mulheres, suas motivações e as complexidades de
suas vidas.

2.2 Representação da mulher na literatura

Na literatura da Grécia e Roma antigas, as mulheres muitas vezes eram


retratadas em papéis estereotipados, como esposas, mães ou amantes. Algumas
obras, como as tragédias gregas de Sófocles, apresentavam personagens
femininas complexas, com voz própria e com essas características citadas
anteriormente, como por exemplo, Jocasta, que sempre foi uma mulher que viveu
tutelada, ou seja, sempre estava à mercê de alguma figura masculina. As
mulheres da Grécia Antiga também não podiam herdar bens e nem possuir
propriedades em seus nomes, mulheres de classes mais altas, como era o caso
de Jocasta, eram educadas e criadas para serem ótimas companhias para seus
esposos. (SÓFOCLES, 473 a.C)
Durante a Idade Média, a literatura europeia frequentemente representava
as mulheres como símbolos de virtude ou tentação. As figuras femininas eram
comumente associadas à pureza (a Virgem Maria) ou à sedução (Eva). Um bom
exemplo de obra da Idade Média (Idade Medieval), são os Contos de Cantuária
de Geoffrey Chaucer, as mulheres na obra são apresentadas em suas diversas
facetas, enfrentando desafios e restrições sociais, ao mesmo tempo em que
desafiam ou conformam-se aos estereótipos da época. A sexualidade e o amor
são explorados abertamente, proporcionando uma reflexão crítica sobre as
normas culturais associadas à expressão feminina da sexualidade. Assim,
Chaucer contribui para uma compreensão mais profunda da condição das
mulheres na Idade Média, oferecendo retratos que refletem as complexidades de
suas vidas e desafiam as normas culturais estabelecidas.
Com o Renascimento, surgiu um interesse crescente na educação das
mulheres. Autoras como Christine de Pizan (França) e Sor Juana Inez de la Cruz
(México) começaram a desafiar as ideias convencionais sobre o papel das
mulheres na sociedade. Christine de Pizan defende a dignidade e as virtudes das
mulheres em um contexto histórico em que as mulheres eram frequentemente
rebaixadas. Em seu livro, intitulado como “A Cidade das Damas”, ela diz que:

Se as mulheres são fracas, sou eu a única mulher forte. Se são


irresponsáveis, sou eu a única responsável. Se são más, sou eu a única
boa." (PIZAN, Christine de. A Cidade das Damas. Século XV)

Nesta citação, Christine de Pizan está desafiando as generalizações e


estereótipos negativos associados às mulheres, afirmando sua própria força,
responsabilidade e virtude como mulher.
Durante os séculos XVIII e XIX, muitas autoras começaram a explorar as
restrições sociais impostas às mulheres. Escritoras como Jane Austen (Reino
Unido) e George Sand (França) criaram personagens femininas que desafiavam
as normas da época, a título de exemplo, temos a personagem Elizabeth Bennet
(Orgulho e Preconceito), Elizabeth é uma das heroínas mais famosas de
Austen. Ela desafia as expectativas sociais ao recusar propostas de casamento
que não são baseadas no amor verdadeiro. Sua inteligência, perspicácia e senso
de independência a tornam uma figura cativante na obra.
O movimento feminista do século XX teve um impacto profundo na
literatura. Autoras como Virginia Woolf (Reino Unido) e Simone de Beauvoir
(França) exploraram a condição das mulheres e suas lutas por igualdade e
autonomia. Virginia Woolf tinha uma abordagem inovadora para a escrita e
explorava uma variedade de temas em suas obras. Algumas das principais áreas
e ideias que ela prezava retratar em suas obras incluem a condição feminina.
Uma das marcas registradas de Woolf foi sua exploração das experiências das
mulheres e suas reflexões sobre a opressão, as expectativas sociais e o potencial
criativo das mulheres. Em seu conto “Um Teto Todo Seu" - A Room of One's Own
– a autora diz a seguinte frase

Qualquer mulher nascida com um grande dom na virada do século XIX


teria sido louca, provavelmente, para ter tentado utilizá-lo de forma
literária." (WOOLF, 1929, p. [26])

A citação supracitada evoca as restrições e limitações que as mulheres


enfrentavam em termos de oportunidades e reconhecimento naquele período.
Essa observação de Woolf é uma crítica à sociedade patriarcal da época, que
desencorajava e desvalorizava as contribuições intelectuais das mulheres. Ela
enfatiza como as barreiras sociais e econômicas impediam as mulheres de
desenvolver todo o seu potencial criativo. Na sequência será realizado inferências
das mudanças nos períodos estéticos no que concernem as vozes femininas na
literatura.

2.3 Do Modernismo à pós-modernidade - narrativas femininas em


transformação

No contexto do Modernismo brasileiro, a representação da figura feminina


nas obras ganha destaque pela quebra de paradigmas e pela busca por uma
expressão literária que refletisse as mudanças sociais, culturais e políticas da
época. As autoras modernistas desempenharam um papel crucial na
desconstrução de estereótipos tradicionais associados à mulher, oferecendo
novas perspectivas e explorando a complexidade de suas experiências.
Rachel de Queiroz, emerge como uma figura pioneira no cenário
modernista brasileiro. Sua obra "O Quinze" (1930) é um exemplo emblemático da
maneira como as autoras modernistas abordavam as questões sociais de seu
tempo. Ao situar sua narrativa durante a seca no Nordeste, Rachel de Queiroz
não apenas oferece uma análise profunda das adversidades climáticas, mas
também destaca as condições sociais precárias enfrentadas por personagens
femininas. A personagem feminina central é Conceição, uma jovem de dezenove
anos da cidade de Quixadá, no Ceará. Conceição é uma personagem
emblemática e demonstra ser uma mulher bastante a frente do seu tempo, logo
no início da obra Raquel de Queiroz à descreve da seguinte maneira

Conceição talvez tivesse umas ideias; escrevia um livro sobre


pedagogia, rabiscara dois sonetos, e às vezes lhe acontecia citar o
Nordau ou o Renan da biblioteca do avô. Chegara até a se arriscar em
leituras socialistas, e justamente dessas leituras é que lhe saíam as
piores das tais ideias, estranhas e absurdas à avó. Acostumada a pensar
por si, a viver isolada, criara para o seu uso ideias e preconceitos
próprios, às vezes largos, às vezes ousados, e que pecavam
principalmente pela excessiva marca de casa." (QUEIROZ, 1915, p. 1)

Esse trecho sugere que as ideias de Conceição, são vistas como estranhas
e absurdas por sua avó. A personagem é caracterizada como alguém que pensa
de forma independente, vivendo de maneira isolada e desenvolvendo suas
próprias ideias e preconceitos, que podem ser considerados peculiares e
marcados por sua perspectiva única.
Outra autora modernista relevante, que também contribuiu para a
representação da figura feminina, é Clarice Lispector. Em sua obra "Perto do
Coração Selvagem" (1943), Lispector explora a subjetividade feminina de maneira
inovadora, utilizando uma prosa introspectiva e desconstruindo as convenções
narrativas convencionais. Seus retratos de mulheres rompem com as expectativas
tradicionais, oferecendo uma visão mais complexa e rica das experiências
femininas. Clarice Lispector apresenta uma protagonista, Joana, que desafia os
estereótipos convencionais das mulheres na literatura da época. Joana é uma
personagem complexa, profunda e introspectiva, cuja narrativa incorpora
elementos de stream of consciousness1.
A abordagem de Clarice Lispector em "Perto do Coração Selvagem" reflete
uma investigação profunda da psique feminina e uma exploração da liberdade
interior da mulher. Joana não se encaixa em padrões preestabelecidos de
comportamento feminino e é apresentada como alguém que busca compreender
a complexidade de sua própria existência.
É importante ressaltar que as autoras modernistas, de maneira geral,
buscavam ampliar a representação das mulheres na literatura, dando voz a suas
experiências, anseios e desafios. Elas desafiaram a visão estereotipada da
mulher como mero objeto passivo e exploraram narrativas que refletiam as
transformações em curso na sociedade brasileira do período. Ao fazê-lo,
contribuíram significativamente para uma nova compreensão e apreciação da
figura feminina na literatura e na cultura brasileira.
Em se tratando sobre a representação da figura feminina no pós-
modernismo brasileiro é marcada por uma rica diversidade de vozes que
desafiam as convenções narrativas tradicionais, explorando a multiplicidade de
experiências das mulheres em um contexto cultural específico. Autoras do pós-
modernismo no Brasil têm contribuído para a literatura contemporânea com
narrativas inovadoras e perspectivas que transcendem as fronteiras
convencionais.
Uma figura central nesse movimento é Hilda Hilst, cuja obra abrange
diversos gêneros literários, incluindo poesia, prosa e teatro. Em obras como "A
Obscena Senhora D" (1982), Hilst explora a sexualidade feminina e questiona as
normas sociais, desafiando o patriarcado por meio de uma linguagem provocativa
e experimental.
Ainda sobre a autoras de suma importância no pós-modernismo, pode-se
destacar a escritora Lygia Fagundes Telles, embora tenha iniciado sua carreira
literária antes do pós-modernismo, continuou a produzir obras significativas nesse
período. Em romances como "As Meninas" (1973), Lygia explora a subjetividade
feminina e a complexidade das relações interpessoais, incorporando elementos
de vanguarda à sua narrativa.

1
Fluxo de consciência, técnica literária utilizada primeiramente por Édouard Dujardin em 1888
que explora os pensamentos e emoções do personagem de forma contínua e sem interrupções.
A partir da década de 1960, o feminismo desempenhou um papel
importante na evolução da representação feminina na literatura brasileira, autoras
como Júlia Lopes de Almeida abordaram questões de gênero e poder em suas
obras, a exemplo temos a obra “A intrusa”, este romance de Julia Lopes de
Almeida apresenta uma história envolvente sobre uma mulher, Marina, que busca
um lugar na sociedade carioca do início do século XX. O livro destaca questões
de classe, gênero e a busca por identidade feminina em uma época de mudanças
sociais. A literatura feminista também começou a ganhar destaque, com autoras
como Conceição Evaristo que em sua obra “Ponciá Vicêncio” aborda a vida de
Ponciá Vicêncio, uma mulher negra que enfrenta os desafios do racismo e da
busca por identidade e a autora Carolina Maria de Jesus, ambas deram voz às
experiências das mulheres negras e pobres.
Essas personagens femininas apresentam uma força e resistência notáveis ao
confrontar os desafios impostos pela sociedade. Em vez de retratar mulheres
como figuras passivas e submissas, tais autoras supracitadas, inovam ao dar voz
a personagens que enfrentam ativamente as adversidades, desafiando assim
estereótipos arraigados.
Dessa forma, a literatura continua a ser uma poderosa ferramenta para
explorar as complexidades da experiência feminina em diferentes contextos
culturais e históricos. A representação da figura feminina na literatura brasileira é
um tema complexo e multifacetado, que evoluiu ao longo do tempo em resposta
às mudanças sociais, políticas e culturais.
Diante disso, pode-se observar que a atuação da mulher na literatura
brasileira tem evoluído significativamente ao longo do tempo, refletindo as
mudanças na sociedade e nas concepções de gênero. Hoje, a literatura brasileira
é rica em uma variedade de vozes femininas, cada uma trazendo uma perspectiva
única e valiosa para o cânone literário do país. A representação da mulher na
literatura ao longo da história mundial reflete a evolução das concepções de
gênero, papéis sociais e poder nas diferentes culturas.

2.4 Vozes femininas em dom casmurro - as instâncias do narrador a


narrativa

Há diversas vozes femininas em "Dom Casmurro" que desempenham


papéis significativos na trama, um exemplo disso é a própria Capitu, é a
personagem feminina central da história e o interesse amoroso de Bentinho. A
narrativa gira em torno da ambiguidade e da dúvida de Bentinho sobre a
fidelidade de Capitu. A voz de Capitu é fundamental, embora indiretamente,
através das memórias e interpretações de Bentinho.
Dona Glória - Mãe de Bentinho - a figura de dela é bastante importante na
configuração da trajetória de Bentinho. Ela representa a tradição, a religiosidade e
as expectativas sociais da época, que influenciam as decisões de Bentinho, além
de que, a própria tem uma grande influência em seu comportamento que se
desenvolve ao decorrer da história, um exemplo disso é a questão de Bento
sempre ter tudo o que quer, por ser filho único, sua mãe o trata com
exclusividade. Dona Justina - tia da mãe de Bento - é uma personagem
secundária, mas sua influência é notável. Ela é uma das principais responsáveis
pela decisão de Bentinho de entrar para o seminário, pois nutre uma grande
devoção religiosa e influencia fortemente a família. Sr. Pádua e Dona Fortunata
- pais de Capitu. O primeiro, “era empregado em repartição dependente do
Ministério da Guerra” e a mãe “alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça,
os mesmos olhos claros” como relata Bento Santiago. Jamais se opuseram à
amizade de Capitu e Bentinho.
Dona Sancha - mulher de Escobar - é uma personagem interessante, pois
representa uma alternativa à figura de Capitu. A narrativa de Bentinho muitas
vezes a compara com Capitu, destacando as diferenças entre as duas mulheres.
Essas personagens femininas contribuem para a complexidade e
profundidade da trama de "Dom Casmurro". Cada uma delas tem um papel
distinto na vida de Bentinho e na evolução da história. Além disso, através dessas
personagens, Machado de Assis aborda temas como amor, ciúmes, família e
sociedade, oferecendo uma visão rica e multifacetada das relações humanas.
Segundo a teoria da construção psicológica dos personagens de Machado
de Assis, este adota uma abordagem dramática sobre as questões sociais. Nota-
se a complexidade de suas criações pela forma com que se desenvolve o
comportamento de cada personagem da obra, isso se dá pelo fato de se obter
uma disjunção existencial feita pelo eu-narrante, Dom Casmurro. É observado um
monólogo Shakespeariano que suscita uma escrita ambígua, e tamanha mixórdia
nos leva a pensar se as particularidades são reais, ou frutos de uma mente
confusa perante as crises existenciais causadas por uma série de pensamentos
melodramáticos. Há uma demasia ao descrever eventos simples, o que
chamamos de tempestades em copos d´água, essa demasia atinge todos os
personagens, incluindo as personagens femininas, às quais o narrador pode usar
sua overdose de sentimentos tanto para bendizer, quanto para blasfemar, e
dependendo do grau de fé do leitor na escrita de Dom Casmurro, o credo pode
desencadear uma confiabilidade em cada vírgula dita sobre os personagens
explanados.
Dom Casmurro é famoso por sua narrativa complexa e pela perspectiva
ambígua do narrador, Bento Santiago. A ambiguidade reside na confiabilidade e
na subjetividade de Bentinho ao contar a história. Ele é um narrador em primeira
pessoa, o que significa que a história é contada do ponto de vista dele, mas isso
também significa que estamos limitados às suas percepções e interpretações.
Há várias instâncias notáveis do narrador na narrativa e em determinados
momentos o autor deixa algumas “pontas soltas”, um exemplo disso é a memória
seletiva, Bentinho é o narrador e, como tal, ele seleciona conscientemente o que
incluir ou omitir de sua narração. Isso significa que podemos questionar a
precisão dos eventos que ele descreve, especialmente quando se trata de sua
relação com Capitu e suas suspeitas de traição.
O narrador constantemente faz reflexões e julgamentos sobre os
personagens e eventos. Ele oferece sua interpretação subjetiva das ações e
motivações dos outros personagens, o que pode ser influenciado por suas
próprias emoções e preconceitos.
Ao longo da narrativa, Bentinho muitas vezes se envolve em monólogos
interiores, nos quais ele reflete profundamente sobre suas próprias emoções,
dilemas e dúvidas. Esses monólogos revelam muito sobre seu estado emocional
e seu conflito interno.
Em várias ocasiões, Bentinho se desvia do curso principal da história para
discutir teorias filosóficas, observações sociais e outros temas que estão em sua
mente. Esses desvios adicionam camadas de complexidade à narrativa e podem
fornecer insights, ou seja, pedaços de informações sobre a mente do narrador.
Em certos momentos, Bentinho parece estar ciente de que está contando
uma história, e ele até mesmo brinca com o leitor ao sugerir diferentes
interpretações dos eventos.
Essas instâncias do narrador em "Dom Casmurro" são fundamentais para a
riqueza e complexidade da narrativa. Elas desafiam o leitor a questionar a
objetividade da história e a considerar as múltiplas interpretações dos eventos. A
habilidade de Machado de Assis em criar um narrador tão complexo e ambíguo é
uma das razões pelas quais "Dom Casmurro" continua a ser objeto de discussão
e análise crítica até hoje.
Ao longo da narrativa, existem várias contradições e ambiguidades que
geram debates e discussões entre os estudiosos e leitores da obra. Algumas das
principais contradições do narrador na obra incluem a parcialidade do narrador,
Bentinho é o narrador da história e, como tal, tem um ponto de vista subjetivo. Ele
conta a história a partir de sua própria perspectiva, o que significa que a
interpretação dos eventos pode ser influenciada por seus sentimentos, emoções e
experiências pessoais.
Ao longo do livro, Bentinho frequentemente admite que sua memória pode
ser falha e que ele pode não se lembrar dos eventos com precisão. Isso levanta
dúvidas sobre a veracidade dos eventos narrados.
Uma das principais contradições da obra gira em torno da fidelidade de
Capitu, esposa de Bentinho, e a suspeita de traição. Bentinho acredita firmemente
na infidelidade de Capitu, mas as evidências apresentadas ao longo da narrativa
são ambíguas e passíveis de diferentes interpretações.
Entre Bentinho e Escobar existia uma amizade bastante forte e isso é um
elemento-chave na história. O narrador afirma que Escobar era seu amigo íntimo,
mas também deixa pistas de que poderia haver mais do que uma amizade
platônica entre eles, o que adiciona uma camada de complexidade à narrativa.
O final da história é deixado em aberto, sem uma confirmação definitiva da
traição de Capitu. O narrador sugere, mas não prova, a infidelidade, deixando
espaço para interpretações divergentes.
Na teoria de Fernanda Tatiele C. Fernandes do Departamento de Teoria
Literária e Literatura da Universidade de Brasília, chamada “o silencio de Capitu e
a recepção do leitor em Dom Casmurro”, a autora retrata de forma concisa, como,
por muitos anos, essa personagem foi construída erroneamente pelas mentes
subordinadas de muitos leitores que seguiram firmemente as ideias de Bentinho,
é o exemplo do crítico literário José Veríssimo que escreve sobre a forma com
que Bentinho era manipulado por Capitu. O crítico estampa Bentinho como um
pobre mísero que cai nos dotes e virtudes de uma aclamada moça, pela qual este
morre de amores O monólogo retratado busca enfatizar a má fama deixada pelo
narrador-personagens em relação a Capitu, esse olhar único e exclusivo de uma
pessoa nos faz refletir sobre as reais intenções do narrador, Bentinho.
Ao longo da narrativa, é evidente que Bentinho é atormentado pelo ciúme e
pela inveja. Esses sentimentos podem estar influenciando sua interpretação dos
eventos e sua relação com Capitu. Além disso, no início da narrativa o próprio
autor diz que uma de suas inspirações para narrar a história foram Nero, César,
Augusto e Massinissa, cada uma dessas figuras históricas utilizou suas
habilidades de persuasão de maneira única, seja em contexto político, militar ou
diplomático, para atingir seus objetivos e exercer influência sobre as pessoas ao
seu redor.
Essas contradições e ambiguidades contribuem para a riqueza da narrativa
e estimulam a discussão e análise crítica por parte dos leitores. Cada leitor pode
ter sua própria interpretação dos eventos e das motivações dos personagens, o
que torna "Dom Casmurro" uma obra fascinante e aberta a múltiplas
interpretações
As contradições do narrador, Bento Santiago, em "Dom Casmurro", são um
elemento crucial para a complexidade da narrativa e para o questionamento da
veracidade dos eventos que ele descreve.
Inicialmente, Bento Santiago descreve Capitu como uma figura angelical,
destacando sua beleza e virtude. No entanto, à medida que a história progride,
ele começa a alimentar suspeitas sobre sua fidelidade e a pintá-la de forma cada
vez mais ambígua e enigmática. Ele mesmo alega que está contando os fatos
como aconteceram, mas é evidente que suas emoções e interpretações
subjetivas influenciam sua narrativa, por muitas vezes o narrador mistura o que de
fato ocorreu com suas próprias conjecturas e suposições.
O personagem é claramente um narrador ciumento e possessivo. Ele lê
intenções nas ações de Capitu que podem ou não estar lá. Isso se manifesta em
suas interpretações de situações inocentes como sinais de traição. Inicialmente
ele admite que sua memória é falha e que ele está contando a história muitos
anos após os eventos terem ocorrido. Isso deixa espaço para dúvida quanto à
precisão de seus relatos. O narrador elogia Escobar e o considera um grande
amigo. No entanto, à medida que a história avança, ele começa a desconfiar das
intenções de Escobar em relação a Capitu, alimentando a ideia de uma possível
traição.
A narrativa de Bentinho é frequentemente influenciada por suas emoções e
impulsos, em contraposição à lógica e à razão. Isso pode levar a interpretações
exageradas e precipitadas dos eventos. Essas contradições são intencionais por
parte de Machado de Assis, conforme afirma Cândido em sua obra “Esquema de
Machado de Assis”, onde ele afirma que o ganho, o lucro, o prestígio, a soberania
do interesse são molas dos seus personagens, ou seja, os personagens
machadianos são impulsionados por motivações profundas, centradas na busca
por vantagens financeiras, prestígio social e reconhecimento e servem para criar
uma narrativa rica e complexa. Elas incentivam os leitores a questionarem a
objetividade da história e a considerar as diferentes interpretações dos eventos. A
habilidade de Machado de Assis em tecer essas contradições de forma sutil é um
dos elementos que tornam "Dom Casmurro" uma obra-prima da literatura
brasileira.

ESSSA PARTE EU RETIREI DA INTRODUÇÃO


O livro "Dom Casmurro" de Machado de Assis, clássico da literatura
brasileira, é uma obra literária que tem gerado muitas discussões e interpretações
ao longo dos anos, sobretudo pelo enigma da traição que envolve a trama das
características mais marcantes da narrativa é como está representada a figura
feminina presente na história, em que o leitor é levado a questionar a veracidade
das informações apresentadas pelo narrador-personagem, Bentinho que
fomentam questões voltadas a cultura do patriarcado.2
Dessa forma, essa presente monografia se justificativa por meio de explorar
essa complexidade literária em detalhes, a fim de compreender as diversas
interpretações possíveis da obra. Além disso, o trabalho pode abordar as
diferentes teorias críticas, tais como a teoria do conto, teoria do narrador não
confiável, teoria do machadianismo etc. que surgiram em relação ao livro ao longo
do tempo, bem como as polêmicas em torno da paternidade do filho Ezequias,
fruto desse romance entre Capitu e Bentinho, personagens centrais da história.

2
Refere-se a um sistema social em que o poder e a autoridade são predominantemente
exercidos pelos homens, com uma estrutura hierárquica que favorece a liderança masculina.
Por meio de uma análise minuciosa do texto e de sua relação com o
contexto histórico e literário em que foi produzido, o trabalho contribui para uma
compreensão mais profunda da obra e de sua importância na literatura brasileira.
Além disso, a discussão sobre a figura feminina na narrativa pode trazer reflexões
relevantes sobre questões como a subjetividade na escrita e na leitura, a
veracidade dos relatos e a construção da identidade, além de ser um excelente
material de apoio para estudantes do curso de Letras, assim como também
pesquisadores da área.
Inserido em um contexto de constantes mudanças e desafios na área de
estudos literários, este trabalho propõe-se a investigar a representação da figura
feminina no século XIX, com foco na análise da obra 'Dom Casmurro' de Machado
de Assis. Diante da rápida evolução das discussões sobre gênero e das
transformações sociais e culturais da época, torna-se imperativo compreender de
que maneira a figura feminina é delineada e influencia as dinâmicas sociais e
literárias do século XIX.
Contudo, ao realizar uma revisão crítica da literatura, identificamos uma
lacuna significativa no entendimento da representação específica da figura
feminina em obras literárias desse período, com enfoque particular na análise
detida de personagens femininas e em suas interações com o contexto
sociocultural da época. Essa lacuna representa não apenas uma oportunidade
para contribuições originais nesta área, mas também ressalta a urgência de uma
pesquisa que esclareça, explore e proponha soluções para o entendimento mais
profundo da construção narrativa e social da figura feminina em obras literárias do
século XIX, especialmente em 'Dom Casmurro'.
A formulação da pergunta central deste estudo – Como a figura feminina é
representada no conto Dom Casmurro de Machado de Assis e como o fato do
autor ser um homem influencia na forma como o personagem principal interpreta
fatos isolados? – Servirá como guia para explorar e responder de maneira
abrangente e aprofundada a esse problema, buscando não apenas ampliar o
conhecimento acadêmico sobre a representação feminina, mas também fornecer
insights valiosos para aplicações práticas no campo da análise literária e cultural.

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