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COMO FAZER
HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS
Juan Acevedo
Contato Imediato
COMO FAZER
HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS
Contato Imediato
COMO FAZER
HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS
£lobal editora
OJuan Acevedo
Título original: Como hacer historietas (ISBN 84-85016-35-1)
Editorial Popular, Madrid
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
Acezedo, Juan.
Como fazer histórias em quadrinhos / Juan Acezedo ;
[tradução Sílvio Neves Ferreira]. — São Paulo : Glo-
bal, 1990.
Bibliografia.
ISBN 85-260-0242-2
CDD-741.5028
90-1095 -741.5014
Nº de catálogo: 1799
Direitos reservados:
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São Paulo — SP Rio de Janeiro — RJ
A Enriquee Julieta, meus pais.
JUAN ACEVEDOFernández de Paredes, peruano,é jornalista. Colabora-
dor de diversos periódicos peruanose educadorligado àsartes, além de suas
atividades acadêmicas exercidas em universidades de seu país, vem-se
dedicando à divulgação das técnicas de histórias em quadrinhos com a
realização de diversos encontros e cursos. Voltados sobretudo à realidade
daspróprias comunidades, esses cursos têm sido realizados em vários países
da Europa e Américas, incluindo o Brasil. Como quadrinhista é criador,
entre outros, de “Paco Yunque”, traduzido e editado também na Europa.
PREFÁCIO
Javier Coma
10
INTRODUÇÃO
' De 1976até a data de publicação da segunda edição destelivro, o método nascido em Villa El
Salvadorfoi aplicado em diversos seminários na América Latina e na Espanha. Nocapítulo V
atualizaremos esta informação.
gens primordiais que estas representavam: trabalho, saúde, educação etc.
A maioria não conseguiu esses benefícios. Sua presença, em troca, alterou
o ritmo de crescimento das cidades, dando-lhes novas características so-
ciais, econômicas, políticas e culturais.
Nascida em 1971, Villa El Salvador está situada em um imenso
areial, vinte quilômetros ao sul de Lima. Ali, em condições econômicas e
sociais adversas, surgiram organizações que, a suas idéias, uniram a ação,
para mudar a realidade em que vivem. Uma dessas organizações é o Cen-
tro de Comunicação Popular.
Quando entramos em contato com o Centro, já havia oficinas de
teatro, cinema, audiovisuais, música, obras artísticas e serigrafia, nas quais
os habitantes aprendiam a utilizar técnicas de comunicação dentro de um
processo destinado a despertar a consciência sobre a realidade e a estimu-
lar a ação sobre ela. A essas oficinas, e com as mesmas características,
somou-se a Oficina de Quadrinhos.”
O caso do Centro de Comunicação Popular é uma das mais bem-
sucedidas experiências de educação popular da América Latina: organiza-
ção independente, formada em sua totalidade por habitantes da própria
comunidade, continua regularmente, desde 1974, a atividade de suas ofici-
nas, “Trata-se”, diz uma das matérias de sua revista Critica, “não tanto de
difundir “cultura”, masde ir criando nossa própria cultura, desde as bases
mediante a comunicação mútua daquilo que sentimos e queremos” **5
A Oficina de Quadrinhos
A Oficina começou com quinze participantes: em sua maioria, estu-
dantes de ambos os sexos, um universitário e uma dona-de-casa. As reu-
* É um costume peruano,talvez devido à pobreza da população ouao gosto pela leitura (N.T.).
teúdos que eles transmitem, e entre esses conteúdos e a própria realidade.
Prosseguia-se com o estudo da linguagem dos quadrinhos — leitura de li-
vros especializados e constatação nos quadrinhos que tivéssemos. Por fim,
desenvolvia-se o trabalho prático: exercícios individuais e coletivos sobre
o quese aprendera.
Um dos exercícios mais interessantes foi o das “situações”. Nele, os
integrantes da Oficina propunham uma situação (esta palavra é mais espe-
cífica que “tema”) a partir da qual se dava o exercício propriamente dito.
A situação marcava apenas o ponto de partida, a visualização e o desen-
volvimento dela ficavam inteiramente por conta da criação do indivíduo
ou do grupo, conforme se havia decidido trabalhar (ambos os modos, o
individual e o coletivo, alternavam-se de maneira permanente). O trabalho
prático terminava com a crítica de cada um sobre os trabalhos.”
Este esquema não era, de modo algum, rígido. Pelo contrário, podia
apresentar variações: talvez não se lesse uma história em quadrinhos conhe-
cida, mas umade coleção (mais antiga ou vinda do exterior), talvez apenas
se desenhasse,talvez se dedicasse todo o tempo à leitura e à crítica de uma
história em quadrinhos produzida pela Oficina e que deveria ser publicada.
As atividades da Oficina não se limitavam às sessões, mas tinham
continuidade na observação, na reflexão, nas práticas de desenho etc., cuja
realização era recomendada na vida cotidiana. Das anotações resultantes
destas práticas foi surgindo o Arquivo da Oficina de Quadrinhos, que fi-
cava aos cuidados de um dos integrantes da Oficina,eleito pela maioria.
Com o tempo, o Arquivo foi crescendoe se diversificando: seção de livros,
seção de artigos recortados dos jornais, seção de quadrinhos, seção de aná-
lises feitas por membros da Oficina etc., uma espécie de memória à dis-
posição de todos os participantes da Oficina.
Com a publicação dos quadrinhos produzidos na Oficina iniciou-se
umaoutra etapa de trabalho: até então, o propósito principal tinha sido o
de aprender a manejar a linguagem dos quadrinhos; daí em diante, ao
desenvolvimento dessa aprendizagem integrou-se o interesse pelas reações
e opiniões dos leitores. Ao atingir o leitor, a comunicação se havia concre-
tizado: a partir desse momento,as respostas do leitor deviam incorporar-se
aos trabalhos da Oficina.
? É oportunoobservar queas situações escolhidas sempre eram extraídas das próprias vivências
dosintegrantes da Oficina: “uma criança traz água do tanque”, “um interiorano procura um lote
em Villa El Salvador”, “um passarinho perdeu-se do ninho” etc. Eram diversos os desen-
volvimentos: nos extremos, um “realismo” sem maior imaginação ou uma “fantasia” sem
consistência alguma; da candura própria da ingenuidade até as revelações da atitude consciente,
a presençade diferentes características: humor, ternura, desolação, amargura etc.
Ashistórias em quadrinhos da Oficina foram publicadas numarevis-
ta chamada PIOLA. Tinha umatiragem de 500 exemplares mimeografa-
dos em papel-jornal. Era vendida ao preço de dois soles” em algumas
bancas, no Centro de Comunicação Popular e também pelos integrantes da
Oficina que se convertiam em vendedores ambulantes.
A cada número, PIOLA mostrava um esmero maior: aos quadrinhos
— que cresciam em nível técnico e de argumentos — juntou seções (edi-
torial, informação e crítica) sobre o mundo dashistórias em quadrinhos.
Embora elaboradas em equipe, a maioria das histórias de PIOLA era
escrita e desenhada por um só autor. Em alguns casos, foram executadas
por dois autores, um para O roteiro e outro para os desenhos. Também se
realizaram trabalhos por encomenda: por ocasião de alguma data comemo-
rativa ou situação que estivesse ocorrendo, em coordenação com as demais
oficinas do Centro.
Não obstante, mesmo recolhendo as opiniões dos leitores e integran-
do-as aos novos quadrinhos ou trabalhando por encomenda para atender a
algum evento, a Oficina sentiu a necessidade de incrementar ainda mais a
comunicação com a coletividade, formando novos grupos e ensinando-lhes
a técnica dos quadrinhos. Osintegrantes da Oficina transformaram-se em
promotores: sua tarefa era ensinar o que haviam aprendido e aprender a
ensinar. Começou assim mais uma etapa de trabalho: nela, compreender-
se-ia que o fato de “ensinar” e de “aprender” é relativo quando trabalham
diversas pessoas, que o promotor não é “o que ensina” e os demais “os que
aprendem”. O promotor se torna um integrante a mais, com a diferença de
que ele é quem conhece, há mais tempo, uma técnica e vai conhecê-la
ainda mais, com todos, quando a difundir. Pois com os diálogos, as refle-
xões e os trabalhos práticos em grupo todos aprendem e todos ensinam.
Todas as pessoas — e, com certeza, não apenas os professores — sa-
bem por experiência própria que, ao ensinar, ao divulgar um conhecimen-
to, aquele que ensina “volta a aprender”. Se a relação é de diálogo, ao vol-
tar a aprender descobrir-se-ão novos ângulose, consegiientemente, aprender-
se-á melhor.
O aprender melhor confluiu com a própria evolução dos integrantes
da Oficina, pois as novas histórias em quadrinhos ganharam não só um
maior domínio da linguagem ali utilizada, como também uma observação
mais aguda da realidade que se exprimia no prazer com que se retocavam
“A palavra “piola” é uma expressão popular que se utiliza para significar que algo está bem.
* Com a reforma econômicade maio de 1985, o sol foi substituído pelo inti, que valia 1.000 soles.
Em março de 1989 a cotação era de 1.200 intis por dólar (N.T.).
alguns detalhes, tanto dos personagens como do ambiente. Desse gosto
pela forma brotaram expressões de verdadeira arte popular.
Atualmente, a Oficina de Quadrinhos mantém suas atividades, pro-
duzindo histórias e formando novos cartunistas. O processo, sem dúvida,
não foi retilíneo nem caiu do céu: no primeiro grupo, de quinze pessoas,
sobraram, porfim, quatro, e essa proporção, mais ou menos, repetiu-se no
desenvolvimento de outros grupos. À revista Piola foi suspensa por algum
tempo, para dar vez a novas formas de comunicação (cartazes e ilustra-
ções). Enquanto alguns membros da Oficina dedicaram-se mais aos qua-
drinhos (que continuaram a ser publicados na revista Crítica), outros en-
tregaram-se à pintura (o que originou a criação de “quadrinhos murais”).
Em todo esse processo, a Oficina afirmou-se em sua comunidade e
desenvolveu-se com ela.
É possível que alguns não dêem valor à experiência da Oficina de
Quadrinhos. Para um comerciante, por exemplo, uma revista como PI/O-
LA, com umatiragem de 500 exemplares mimeografados, é uma revisti-
nha. Uma pessoa alheia às tarefas populares considerará pouco menos que
absurdo um grupo que se empenha em fazer histórias em quadrinhos “num
ambiente como a Villa El Salvador, sem recursos materiais e, ainda mais,
histórias em quadrinhos com uma mensagem que faça pensar”. Certamen-
te, à margem das inadequadas avaliações a que leva um raciocínio simplis-
ta, é inegável que a Oficina de Quadrinhos, com suas revistas mimeografa-
dase suas seqiiências pictóricas murais, com seus ativos mas poucosinte-
grantes, com seus escassíssimos recursos econômicos, não é, nem de lon-
ge, a resposta proporcional que exige um lugar como Villa El Salvador (na
atualidade, com cerca de 280.000 habitantes). Tudoisso os integrantes da
Oficina sabem muito bem. E sabem mais: a revista é feita a mimeógrafo,
com infra-estrutura limitada, sim, masinfra-estrutura justa e própria, como
próprios são os atos que acontecem relacionados com este fato. São pró-
prios também o caminho que se escolhe, o trabalho e a realidade em que
ele acontece. Em termos qualitativos, a batalha está sendo vencida; em ter-
mos quantitativos, ainda não. Mas está-se lutando. Com base no trabalho
de seus membros, a Oficina de Quadrinhos é um fato real, integrada ao Cen-
tro de Comunicação Populare, com este, a outras organizações populares.!º
16
Este livro
Este livro foi escrito com basenacitada experiência. Com ele, que-
remos oferecer um texto útil para as pessoas que desejam aprender a fazer
histórias em quadrinhos, bem como para aqueles que estiverem interessa-
dos em promover a educação popular por esse meio.
Nopresente trabalho, parte-se da observação da realidade e não de
esquema algum. Estuda-se em que consiste a linguagem dos quadrinhos,
analisa-se cada um de seus elementos, individual e coletivamente.
Estuda-se uma linguagem e esta nos remete a uma determinada rea-
lidade. Estuda-se o mecanismo da linguagem dos quadrinhos e procura-se
esclarecer como, a partir desse mecanismo, estão já definidas as relações
entre quem produz a história em quadrinhos e quem lê.
Quando quem lê é um leitor passivo, limitado simplesmente a consu-
mir os produtos que lhe são impostos, não é de estranhar que ignore como
funciona o meio através do qual recebe mensagens, os truques que o
emissor utiliza para orientar suas emoções e suas idéias numa direção
final: a defesa do sistema dominante.
Pelo fato de esse leitor passivo ser o leitor típico de uma sociedade
dominante, os editores o chamam “leitor médio”, simplesmente o especta-
dor anônimo,alheio às tarefas de seu tempo, massificado e, por tudo isso,
destituído de si mesmo. É o homem oprimido: só poderálibertar-sea partir
do desenvolvimento de sua consciência e à medida que esta lhe sirva para
atuar em conjunto com outros homens, transformando-se a si mesmo e
transformando seu mundo até instâncias qualitativamente superiores.
É preciso compartilhar o conhecimento para que exista uma relação
de diálogo, verdadeiramente entre iguais, uma relação libertadora. Basea-
dos nessa convicção, fizemoseste livro, focalizando nosso estudo a partir
das próprias formas, para descobrir como age quem nos envia mensagens,
que recursos emprega,e para deduzir que finalidades busca. A análise dos
conteúdos produzir-se-á, então, com maior riqueza e teremos dado passos
fundamentais na formação de nossa consciência crítica.
| CAPÍTULOI
O QUE E A HISTORIA
EM QUADRINHOS
? No Brasil, somente ostreze principais títulos das duas mais importantes editoras de revista de
histórias em quadrinhos(classificadas comoinfanto-juvenis) somam umatiragem de 2,5 milhões
de exemplares mensais(cf. revista Imprensa, nº 17, p. 73, jan. 1989). A primeira publicação do
gênero, no País, foi a revista O Tico Tico, lançada em 11 de outubro de 1905 (N.T.).
19
Partiremos dessas idéias, que formam o lugar comum das opiniões
que as pessoas têm a respeito dos quadrinhos. Uma definição em termos
mais exatos virá adiante.
20
CAPÍTULO II
OS PERSONAGENS
2 Os modelos que vamosestudar valem para todas as classes de histórias em quadrinhos. Para dar
mais clareza à sua exposição, escolhemos um tipo de desenho muito simples, próprio do
quadrinho humorístico. Obviamente, um desenhoque procure ser mais “fiel à realidade”terá de
atentar para vários problemas dos quais não cuidamos, pois nosso objetivo é outro.
1. CONSTRUÇÃO DA CABEÇA
Sobre essa base, traçaremos uma linha vertical que nos servirá de
eixo. Vamos traçá-la de leve, pois é apenas uma linha auxiliar para o
desenho final.
22
Também de leve, traçaremos uma linha horizontal a um terço do
eixo vertical, contado a partir do topo da cabeça.
23
E, à mesma altura da linha horizontal, podemos pôr os olhos.
24
2. AS EXPRESSÕES DE ÂNIMO FACIAIS
Expressões básicas
a. À alegria
c. À tristeza
26
d. A serenidade
Trabalho prático
a. Malícia
b. Ingenuidade
28
Trabalho prático
29
Intensidade da expressão
Trabalho prático
30
boca, de uma sobrancelha, uma piscadela, uma careta etc., podem
dar um caráter peculiar à expressão.
32
d. Linhas “vibratórias” paralelas aos lados da cabeça
SL NB
Trabalho prático
Movimentoslaterais da cabeça
Para virar a cabeça para um lado, temos que deslocar a linha eixo
vertical (*). Com ela, é lógico, vão os demais traços.
35
Trabalho prático
36
A cabeça conforme o ângulo de visão
(ud)
é) 1 1) Ga
* Circunferência é a linha fechada plana cujos pontos são equidistantes de um outro ponto situado
no mesmoplano, chamadodecentro da circunferência. Círculoé a figura plana contida nointerior
de umacircunferência (N.T.).
37
E, vista por baixo, ocorre o inverso, destacando-se as diversas partes
de baixo para cima.
1 [ *)
Su Ge +)
RR Vi *)
Trabalho prático
38
Também podem-se introduzir outros personagens que tenham rela-
ção com o primeiro (a relação pode ser explicada na situação ima-
ginada). Aqui, o que interessa é o trabalho de expressões e do mo-
vimento da cabeça.
4. BREVE AVENTURA PELOS CAMINHOS
DO DESENHO NATURALISTA
40
olhos, essa necessidade de estruturar, de relacionar tudo aquilo com que
entra em contato.
Vemosas coisas atentando para a forma de seu volume. Este surge
diante de nosso olhar conforme se dão luzes e sombras, e conforme rela-
cionamos umas com as outras.
Para estudar como ocorrem as luzes e as sombras nos objetos, o
exercício mais elementar é escolher um sólido geométrico e colocá-lo na
frente de um foco de luz. É evidente que a face que o sólido apresenta ao
foco será a mais iluminada, assim comoa face oposta será a que menos luz
recebe. O interessante é aquilo que acontece entre as duas faces. Se a
superfície do objeto é curva, apreciaremosde forma gradual a passagem da
luz à sombra.
41
são diferentes. É o que podemos constatar num ambiente exterior, à luz do
dia: lá, a luz invade quase tudo.
Trabalho prático
1. Estudar vários objetos e notar como até os que oferecem mais di-
ficuldades podem ser simplificados se os reduzirmos ao sólido
geométrico que define sua estrutura e sobre o qual trabalharemos
os detalhes.
a,
MI
1
g Dj f NA
Um modo simples de fazer a medida é com o braço estendido e com
os dedos polegar e indicador. Com o punho fechado, o indicador será o
“cursor”, fixando-se a uma altura do polegar em que coincida com a cabe-
ça (ver ilustração).
43
Depois, essa medida fixa de nosso polegar nos servirá para estabele-
cer divisões imaginárias no corpo. Assim, saberemos quantas cabeças de
altura tem cada pessoa e à altura de qual divisão situam-se as diferentes
partes do corpo humano.
Quanto à cabeça, podemosdizer que tem “três partes iguais”, em que
se localizam a testa, o nariz e o queixo. Estudemos isso na realidade.
Trabalho prático
O plano
A
Nosso “traçado” apenas melhora o desenho infantil: deixamos espa-
ço para os ombrose os quadris.
0 EBa 45
Esse “traçado” é a base de nossa figura e, portanto, dele depende o
movimento que esta vai ter, independentemente de que o desenho seja
naturalista ou caricatural.
Sobre a base do “traçado”, podemos preencher o corpo com ovais e
circunferências que lhe darão consistência.
Convém que traçemos todasessas partes primeiro a lápis para depois
terminá-las a tinta. Ao passara tinta, não seguiremos fielmente a linha a
lápis, mas esta nos servirá de referência; do contrário, as circunferências e
ovais darão um aspecto demasiado rígido à figura.
46
Trabalho prático
Oy Mogno A
A RR
A
RR,
47
Movimento do corpo
m— dpdg
48
A estabilidade das articulações depende, em primeiro lugar, da ati-
vidade dos músculos próximos. São os músculos que fixam as articulações
e que tornam possível o movimento. Dos moluscos ao homem, este tecido
— músculo — dota os animais da capacidade de mover-se.º
Salientamos que a estabilidade das articulações depende da atividade
muscular para fazer notar que os músculos continuam seu trabalho até
mesmo quando estamos parados.
Trata-se de um estado de semicontração ou tônus muscular. Sem
este, nenhum músculo manter-se-ia no lugar. Já imaginaram, por exemplo,
o que aconteceria com os músculos do rosto se perdessem o tônus?
Ficaríamos de cara caída! Podemos ver um pouco disso nos anciãos, nos
quais os músculos, por cansaço,já não têm o tônus da juventude.
Entender a função do tônus muscular nos servirá, mais tarde, para
compreender melhora relação entre o movimento e os estados de ânimo.
É * Flexões
º Extensões
49
O movimento de rotação é aquele que se realiza em tomo de seu
próprio eixo.
Trabalhoprático
* A coluna vertebral é composta portrinta e três pequenos ossos chamados vértebras, o que
significa outras tantas articulações. Comoestas articulações funcionam em conjunto, quase
sempre descrevem movimentos curvos.
50
Aorealizar esses movimentos, veremos que alguns não podem acon-
tecer sem que, ao mesmo tempo, ocorram outros. Assim, por exem-
plo, se levantarmos uma perna além de uma certa altura, a coluna
vertebral também realizará um movimento. Esse movimento da coluna
ocorre para manter o equilíbrio.
51
Este exercício, de fácil comprovação, leva-nos a uma conclusão
simples: o corpo é uma estrutura e o movimento de uma de suas
partes implica o trabalho de outras, compensando-se, assim, o movi-
mento inicial e mantendo-se o equilíbrio da estrutura. Isso acontece
sempre, mesmo quando o movimento de outras partes é menos evi-
dente à primeira vista.
É necessário insistir no trabalho com os dez pontos assinalados:
desenhando a partir do traçado para evitar complicações. E, sobre-
tudo, estudar os movimentos mais comuns que as pessoas fazem e
anotá-los em um caderno de rascunho. Assim, o desenho do corpo
humano em movimento será dominado.
6. A EXPRESSÃO CORPORAL
Expressões básicas
Vejamos como se manifestam no corpo as quatro expressões básicas,
visando estudar, na prática, outras expressões.
53
Alegria
Raiva
54
Tristeza
4REISES
Serenidade
1. De exercício
2. De reconhecimento
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Sinais e expressões
Não vamos repetir o que já foi dito sobre os sinais gráficos que
realçam as expressões. Basta-nos saber que aqueles sinais que vimos nas
expressões faciais servem da mesma forma para as expressões corporais.
* Mais adiante, dedicamos uma seção especial sobreas figuras cinéticas, pois são uma legítima
contribuição das histórias em quadrinhos.
5a
Trabalho prático
1. De execução
a. Desenhar como se manifestam as expressões derivadas no rosto
e no corpo. Considerar suas diversas intensidades.
b. Combinar expressões derivadas com sinais gráficos que re-
alçam a expressão corporal.
2. De reconhecimento
a. Examinar histórias em quadrinhos e reconhecer as expressões
corporais derivadas e, caso haja, os sinais gráficos que as re-
forçam.
b. Verificar se coincidem as expressões com os personagens e
com a situação em que se encontram. Da mesma forma, verifi-
car se o uso dos sinais gráficos é adequado.
58
7. PSICOLOGIA DO PERSONAGEM
Duas propostas
59
suas atitudes, sua maneira de enfrentar diversos problemas. Basta observar
a nós mesmose as pessoas que conhecemos.
* Dizermos que nos interessarão tais ou quais aspectos do personagem não significa que
tenderemos à reprodução minuciosa da realidade, pois isso poderia nos levar a extremos
absurdos. Se observamos todos esses aspectos é para assinalar a importância de que nossos
personagens possuam coerência, que cada ação ou pensamento seja reconhecido comopróprio
ou possível dele (mesmo quandose trate de contradições). Isso vale para todotipo de história em
quadrinhos, tanto as mais naturalistas comoas caricaturais.
60
estes e aqueles, e em que se baseia essa relação. Assistir a esse encontro
permitir-nos-á tirar várias conclusões em relação ao personagem,ao leitor
e a nós mesmos. Isso tudo será tão ou mais valioso que os conselhos que
recebamosa respeito.
As considerações feitas até aqui indicam o trabalho com uma classe
de personagens: os personagens psicológicos, aqueles que se assemelham
aos homensreais, com a riqueza e complexidade que isso pressupõe. Exis-
tem ainda os personagens arquetípicos, que permitem outro tipo de histó-
rias em quadrinhos (que é, além de tudo, o mais antigo e difundido).
Os personagens arquetípicos correspondem melhor a um símbolo, a
um modelo bastante simplificado que funciona como um molde:o “herói”,
o “bandido”, a “mulher fatal”, o “cientista descuidado” etc. O modelo,
neste caso, determina de antemão as características que o personagem vai
apresentar. Assim, por exemplo, o “herói” costumater feições agradáveis,
ser esbelto, inteligente, generoso e valente, enquanto que a “mulherfatal”
tem uma beleza fria, é elegante, calculista e, frequentemente, malvada
(como se vê, este procedimento é muito diferente de estudar a vida real).
Em todo caso, uma consideração será válida: observar que ações e que
diálogos cabem ao personagem, para não perder a coerência.
Trabalho prático
1. De exercício
a. Desenhar um personagem (real ou imaginário) em várias
posições. O desenho, mais próximo do estilo caricatural ou do
naturalista, é inteiramente opcional. Observar os traços do
personagem, bem comoseus gestos, modos e costumes. Caso
necessário, para reforçar uma atitude, pode-se acrescentar um
texto que exprima suas idéias e/ou sentimentos.
b. Desenhar um personagem que se relacione com o anterior. A
relação é livre: pode ser de proximidade, de afinidade ou de
oposição. Aqui, além de observar os traços e hábitos do per-
sonagem, é preciso concentrar o interesse na relação existente
com o personagem anterior e na situação em que o rela-
cionamento tem lugar. Os textos são opcionais.
c. Um exercício interessante, caso se esteja trabalhando em grupo,
é estabelecer a relação de nosso personagem com aqueles cri-
ados pelas outras pessoas. Surge então a possibilidade de uma
dinâmica maior de respostas e situações imprevistas.
61
2. De reconhecimento
a. Observar, na leitura de histórias em quadrinhos, se os person-
agens têm coerência (o que pensam, sentem e fazem e em que
situações transcorre sua ação).
b. Ver se os personagensdessas histórias têm relação ou não com
a realidade em que vivemos. A relação não se estabelece ape-
nas pela semelhança de aparências externas, mas, princi-
palmente, pelas situações em que ocorre a ação, pelo conjunto
de relações existentes e pela maneira de responder a tais
situações.
62
8. AS PROPORÇÕES DA IMAGINAÇÃO
te e a dp VA O =EsM ge ear]
63
“57
“AC” (Antes de Cristo), por Johnny Hart.
64
E por que os autores dos modernos quadrinhos procuram novas for-
mas? Sem dúvida, não pelo desejo de serem diferentes. Necessitam de
novas formas para expressar novos conteúdos. O que querem comunicar é
impossível de ser comunicado através de esquemas convencionais (e aqui
já não nos referimos ao desenho de personagens, masao de toda a história
em quadrinhos).
É interessante saber o que está ocorrendo com os quadrinhos con-
temporâneos. Eles avançaram, libertando-se dos esquemas iniciais. Suas
conquistas nos ajudam a compreender que o importante é que o desenho se
ajuste aos objetivos. Atentemos, portanto, ao que queremos dizer e ao
modo de dizê-lo.
Rabiscos e manchas
67
outros aspectos, partindo de base materiais diferentes daquelas destesatri-
butos, não pode ser uma leitura simples. Parece simples por que, desde
criança, acostumamo-nos a ler histórias em quadrinhos. Aquilo que, num
primeiro momento, pôde ser descoberta e aprendizagem, converteu-se com
a prática, em formas que integramos a nós mesmos.
SRS
a ESP
LS ss
CL
68
CAPÍTULO III
A VINHETA
E A SEQUÊNCIA
MAS NESSE
INSTANTE
69
“Conjunçãode ases”, por Roger King e Néstor Olivera.
70
Quando duas ou mais vinhetas se articulam para significar uma
ação, dizemos que ali existe uma segiiência.
ro
.
7
Isto é muito importante: a história em quadrinhos carece de movi-
mento, mas o sugere. É leitor que lhe dá movimento e continuidade, em
sua imaginação.
Agora podemos definir a história em quadrinhos em termos mais
exatos: é uma estrutura narrativa formada pela segiiência progressiva de
vinhetas.
“Planeta”, porJan.
“O eternauta”, por H. Oesterheld e A. Breccia.
73
Trabalho prático
1. De exercício
a. Fazer uma segiiência composta porduas,três e até quatro vinhe-
tas. Este exercício não inclui textos, ou seja, a segiiência deve
ser organizada exclusivamente com base em imagens. O tema
é livre.
b. Se o trabalho for em grupo, deverá ser escolhida umasituação
para todos. A partir dessa situação, cada um fará uma seqiiência
composta por duas, três e até quatro vinhetas. Opcionalmente,
podem-se incluir textos.?
c. Uma prática interessante é fazer sequências com trabalho em
grupo, isto é, juntar várias pessoas para a produção de uma
única sequência, de maneira que se somem as contribuições e
aptidões de cada um.? ,
2. De reconhecimento
a. Examinar histórias em quadrinhose assinalar as sequências.
Como umasó história em quadrinhos pode compreender várias
ações, observar-se-á queas sequências variam de extensão, sendo
a mínima de duas vinhetas e a máxima sem limite determinado.
b. Selecionar um certo número de sequências e tentar eliminar al-
gumas vinhetas. Comprovar-se-á que existem vinhetas cujo
significado torna-se imprescindível para a segiiência, de ma-
neira que, se forem eliminadas, altera-se o sentido da ação
narrada ou um determinado aspecto da mesma. Também há
segiiências nas quais algumas vinhetas podem ser eliminadas
sem que o sentido da ação sofra mudanças importantes.
c. Ainda com as segiiências selecionadas, tentar modificar a or-
dem em que se sucedem as vinhetas. Chegar-se-á, então, a
diversas conclusões: 1) a segiiência perde todo o sentido; 2) o
sentido original da segiiência se reforça; 3) a sequência adquire
um sentido diferente do que originalmente tinha. Em qualquer
caso, se for necessário, podem-se agregar vinhetas adicionais.
2:3O fato de que cada integrante do grupo trabalhe a partir de uma única situação para todos —
o que conduzirá depois à visão e crítica conjuntas de todos os trabalhos — é o que nos leva a
recomendar, no primeiro exercício, que o tema sejalivre ou, melhor dizendo, sem nenhum prévio
acordo com os outros membros do grupo. É interessantealternar estesdois tipos de exercícios:
o individual e o coletivo,e integrá-los (comono terceiro exercício). Esta opçãofica aberta para
todas as demais práticas.
74
Comitê de Educação
Esta sequência, queilustra asidéias de uniãoe ordem, seria mais eficaz se a primeira vinheta
tivesse sido posta emterceirolugar.
75
Praticamos com seqiiências e até mesmo as compusemos e decompu-
semos; ou seja, realizamos práticas de montagem.
Alguns imaginam que, como a montagem é a fase final na produção
de uma história em quadrinhos, deve ser ensinada também no final. Não
queremosser tão rígidos assim. Introduzimos, a partir deste capítulo, ligei-
ras práticas de montagem, para dar maior dinamismo à nossa aprendiza-
gem.
A história em quadrinhos, sem dúvida, é uma estrutura narrativa
complexa. Sua fase final, a montagem, será observada com toda essa
complexidade. Chegaremos também à montagem. Mas não vamos esperar
até o fim para acabar de descobrir a estrutura. Preferimospartir de um es-
quema simples daquela estrutura. Integraremos, passo a passo, a complexi-
dade que outros elementos lhe dão.
u 4 O s
E n4
SEQUÊNCIA SEQUÊNCIA
N —— 4
MONTAGEM
76
ELEMENTOS DA VINHETA:
1. O ENQUADRAMENTO
Os planos
* A palavra “plano”, como outras que se usam para designar elementos da linguagem dos
quadrinhos, foi tomada da terminologia cinematográfica. A utilização convencional destes
termos tem a ver com várias coincidências que existem entre estas duas linguagens de nosso
tempo: o cinemae a história em quadrinhos.
71
Plano geral
ÉÍ PELA RUA PRINCIPAL DESTA CIDADE SEM LE) NEI ORDEM, QUE VEMOS CHEGAR UM CAVALEIRO SOLITÁRIO DISTANTE DE SEU LAR...
78
Plano total
79
Plano americano
GASo
«NEM ELE NEM ELA VOLTA -
RÃO A SER OS MESMOS.
80
O plano americano também tem sido chamado de plano de conversa-
ção, dado que, quando batemos papo com alguém, estando atentos a seu
rosto, os limites de nossa percepção visual parecem diluir-se naaltura dos
joelhos.
'
Pluno médio
81
Aqui tem duas outrês pepitas...
masisso não é nada! Para trazer
as pepitas que existem em mi-
nha mina, só com carretas...!
Primeiro plano
«MUITO SUSPEITO,
ENTENDE? I
1
!
i
i
|
4
. A
82
“O Espírito”, por Will Eisner.
Plano de detalhe
pufis lo est
84
Quando damosas referências correspondentes a cada plano, não es-
tamos falando em termos de exatidão, mas sim de aproximação. Não se
podem fixar, de maneira rigorosa,os limites para estabelecer onde termina
um plano e começa outro. Seria uma tarefa inútil. O importante é saber
como funcionam os planos e quais são suas possibilidades expressivas. À
medida que avançarmos em nossa aprendizagem, comprovaremos que estas,
em cada plano, também têm a ver com o conjunto da narrativa em que
estão traçados, com todaa estrutura.
Trabalho prático
1. De exercício
a. Desenhar os diversos planos em vinhetas isoladas, a fim de re-
conhecê-los por meio da prática.
b. Fazer uma segiiência composta por duas, três ou até quatro vi-
nhetas, atentando para o uso dos planos segundo a ação nar-
rada.
2. De reconhecimento
a. Examinar histórias em quadrinhos e assinalar os diversos pla-
nos.
b. Além do reconhecimento dos diversos planos, atentar para sua
função na seqiiência da qual fazem parte. Trata-se de observar
a qualidade do uso do plano: se é simplesmente correto ou
excelente, ou está errado etc. Caso se encontre um plano cuja
função seja considerada equivocada ou insuficiente para a ação
narrada, especificar qual seria o mais adequado.
* Esta indicação — que iremos recordar em outro momento — vale para todosos elementos que
compõem a vinheta. Sendo esta uma célula de uma estrutura maior (a história em quadrinhos),
é lógico que seus elementos guardem umacerta relação com aquela estrutura.
85
Os formatos
Denomina-se formato a configuração que o enquadramento apre-
senta no papel.
Em geral, os limites do enquadramento estão assinalados por uma
linha demarcatória. Nesse caso, o formato pode ser retangular (de predo-
minância horizontal ou vertical), quadrado, circular etc.
/
O ME ENTRARA BOCA,
NE POR QUE NAS
ORELHAS?
86
A escolha de umformato depende do espaço e do tempoque se quer
representar. Assim, por exemplo, um plano de detalhe (que porsi repre-
senta pouco espaço na realidade) mostrado em uma vinheta de pequenas
dimensõessignifica um tempo muito breve de narrativa (e de leitura). Ao
contrário, um plano geral, numa vinheta de grandes dimensões, significa
um tempo maiorda narrativa e induz a uma leitura mais demorada.
E interessante observar essa relação entre os espaços e tempos
representados e os espaços e tempos reais que são exigidos para serem
mostradose lidos. A consciência dessa relação levou à criação da chamada
vinheta-flash (vinheta-relâmpago), que é aquela de pequenas dimensões
que serve para esclarecer um momento importante da ação e que se costu-
ma inserir no interior de umavinheta maior.
O gatilho & apertado...
87
Quanto à linha que marca os limites do enquadramento, trata-se uni-
camente de uma convenção que parece obedecer à necessidade de ordenar
a narrativa, estabelecendo a diferença entre uma vinheta e outra. Essa
exigência de ordenamento, entretanto, pode ser satisfeita alterando-se a
linha demarcatória ou até mesmo sem sua presença.
88
A linha demarcatória pode ser modificada ou eliminada porque care-
ce de significado por si mesma. Pode adquirir significado, porém, se for
delineada de maneira inusitada.
Assim, por exemplo, a linha demarcatória delineada com pequenos
traços ou com pequenas semicircunferências significa que o conteúdo da
vinheta não tem existência na “realidade” da história narrada: já a teve
(quando se trata de uma lembrança) ou ainda vai tê-la (quando se trata de
uma projeção no futuro). Em outros casos, significa apenas que a ação
narrada nessa vinheta teve lugar na imaginação do personagem (divaga-
ções, sonhos etc.)
MRE A Te Neem
[os Zan
TINOS! EU SABIA TUDO COMEÇOU DOIS DIAS ANTES COM O
:
QUE ERA UMA ENCONTRO DO NAUFRAGO
ARMADILHAOLAF
89
Trabalho prático
1. De exercício
a. Desenhar diversos formatos de vinhetas a fim de reconhecer
suas possibilidades na própria prática.
b. Fazer uma segiiência atentando para o uso dos formatos,
segundo a ação narrada.
2. De reconhecimento
a. Examinar histórias em quadrinhos e assinalar os diversos for-
matos.
b. Além do reconhecimento dos diversos formatos, atentar para
sua função na segiiência da qual fazem parte. Trata-se de ob-
servar a qualidade do uso do formato. Caso se encontre um
formato cuja função seja considerada inadequada para a ação
narrada, especificar qual seria o mais apropriado.
90
2. O ÂNGULO DE VISÃO
Outro dos fatores que definem a expressão do conteúdo da vinheta é
o ângulo de visão.
O ângulo de visão é o ponto a partir do qual a ação é observada.
Existem três tipos de ângulo de visão: médio, superior e inferior.
91
Ângulo de visão superior
* dai
DE : B
aa E q E
(ga 1 | “O Homem-aranha”,
im PR mn por Gerry Conwaye Ross Andru.
92
Ângulo de visão inferior
“A balada do mar salgado”, por HugoPratt. Plano geral e ângulo de visão médio para
contemplar a relação dos personagensentre si e com o ambiente. Meio plano e primeiro
plano com mudanças no ângulo de visão;vê-se “Crânio” por debaixo e “Pandora” por
cima (como se vêem um aooutro e permitindo aoleitor pôr-se no lugardeles, entrando na
própria ação).
Amabilidade e candura são mostradas nãosó pela “atuação” dos personagens(expressões
e qualidade do desenho), como tambémpelo adequadousodosplanos e ângulos devisão
94
um personagem, em outro pode ser utilizado para apenas obter-se um
maior predomínio da ação; o ângulo de visão inferior, em vez de fazer com
que um personagem pareça majestoso, pode dar-lhe umaaparênciaridícula.
Por todas estas observações, faz-se necessário que a função de um
ângulo de visão não seja encarada de modo isolado, mas como parte da
estrutura em seu todo.
A várias milhas da ... rodando por uma deserta:
cidade... estrada de subúrbio... É noite. A tragédia
espreita...
TENHAM PACIÊNCIA
- NOS ALGUMAS
PAGINAS E VAMOS
EXPLICAR-LHES...
— COMEPARIA À
PENSAR QUE ROBBIE
ME TROUXE À
A CÁ
BRINCADEIRAS
1. De exercício
a. Desenhar os diversos ângulos de visão em vinhetas separadas,
a fim de reconhecê-los mediantea prática. Fazê-lo várias vezes,
experimentando diferentes inclinações em cada ângulo.
b. Fazer uma segiiência composta por duas, três ou quatro vinhetas,
atentando para o uso dos ângulos de visão, segundo a ação
narrada.
2. De reconhecimento
a. Examinar histórias em quadrinhos e assinalar os diferentes
ângulos de visão.
b. Além do reconhecimento dosdiferentes ângulos de visão, aten-
tar para sua função na segiiência da qual fazem parte. Observar
a qualidade do uso do ângulo de visão. Caso se encontre um
ângulo de visão cuja função seja considerada equivocada e
insuficiente, especificar qual seria o mais adequado.
96
3. OS TEXTOS
O balão
O balão é uma convenção própria da história em quadrinhos que serve
para integrarà vinheta odiscurso ou o pensamento dos personagens.
* Para conseguir essa integração, o balão abriga em seuinterior a linguagem escrita e/ou o
desenho.
97
Semtítulo, por Caloi.
CrÊCASIR aperta
Cras te rea ma mo
98
A passagem da filactera da pintura ao balão dos quadrinhos, eviden-
temente, não foi direta. Os passos intermediários e necessários foram dados
pelas gravuras populares que apareceram após a invenção da imprensa, e
pelos trabalhos dos desenhistas satíricos ingleses (desde o século XVII) e
norte-americanos (desde o século XVIII).
Tão interessante quanto seguir a linha evolutiva que levou à concep-
ção do balão é constatar a necessidade de “fazer falar” os personagens
representados, que está presente em diversas culturas. Situamo-nos no
princípio do fenômeno:a filactera, ou a forma que lhe seja equivalente em
outra cultura, interessa-nos também,por si mesma, como forma quesignifica
voz, ar expirado, som que sai da boca ao homem.
99
A presença de filacteras em um desenho inglês do
século XVII.
BALÃO
4— RaBicHo
100
A expressão do que está sendo falado ou pensado é feita através da
linguagem escrita da imagem.
Ouseja, o balão é composto por dois elementos: o continente (corpo
e rabicho) e o conteúdo (linguagem escrita ou imagem). A silhueta resul-
tante do corpo mais o rabicho não é apenas continente, mas significa, em
si mesma, voz ou som, quando se refere ao discurso falado; ou significa
algo ainda mais abstrato, a mente, quando se refere ao pensamento.
Quandosignifica fala ou ruído, é, na maioria dos casos, uma fala ou
um ruído “neutro”. Quer dizer, só significa fala ou ruído. Vejamos o
seguinte exemplo:
CUIDADO COM
OS TRUQUES, HEIN?
CUIDADO COM
OS TRUQUES, HEIN?
101
CUIDADO COM
OS TRUQUES, HEIN?
Nessas três vinhetas, a silhueta dos balões alterou-se sem que isto
tenha modificado, de modo algum, a qualidade do conteúdo. Nos três
casos os balões são “neutros”.
Entretanto, a história em quadrinhos conta com certas maneiras de
delinear que possuem significados precisos e afetam qualquer elemento da
vinheta a que forem aplicados (entre estes, o balão).” Então, a fala e o som
perdem sua neutralidade e ganham outro caráter. O modo de delinear
substitui o modo de pronunciar. Vejamos.
O balão cuja silhueta foi delineada com linhas quebradas, parecidas
com os dentes de um serrote, significa uma particular vibração da voz.
Serve para exprimirgritos, estalidos, irritação, bem como para indicar que
a voz provém de algum aparelho elétrico (um alto-falante, um rádio, um
telefone etc.)
7 É possível que essas maneiras de delinear tenham origem nossinais gráficos aplicados às
expressões, que estudamos nocapítulo dos personagens.
102
PETER!
PETER!oue
ACONTECEU?
SANTO DEUS, S
a
er ZM /
” DB gr. /
103
(NÃO O CASTIGAM PORQUE”
à sEU PAi É Rico. Vou Con-
* TAR PARA MAMÃE, «e
1
104
“Branca de Nevee osanõesfatídicos”, por
Steve Skeats e E. Maroto.
105
... PARA APEDREJA-LA COMO NA BÍBLIA...
ENTÃO, SUA LÍNGUA IRA PARA ONDE NÃO
POSSA SER OUVIDA...!
O balão cuja ponta do rabicho não aparece mas se une a outro balão
significa que este outro balão pertence ao mesmo personagem e é pronun-
ciado em um momento posterior. Este “rabicho-ponte” indica, então, “pausa
intermediária”.
PARA O QUE O
TIO SAM DIGA!
106
ANIQUILASTE UMA TRIBO
paNeAS8Ee
MATOU AS Es
BRANI
A
dO
SU Y
Sa VBAud
107
O balão com vários rabichossignifica que a voz provém de diversos
emissores ao mesmo tempo.
VV |
== o Efe
LAR DD mid
“Ojulgamento de Salomão”. por John Lenti.
108
Por vezes, a silhueta do balão deixa de ser uma simples linha, para
ser desenhada com mais cuidado. É quando o balão assemelha-se a um
pedaço de gelo se derretendo (para significar a “frieza” com que o texto é
pronunciado) ou a uma chama ardente (para significar uma voz apai-
xonada).*
O balão cujo rabicho é formado por pequenos círculos, como bolhas,
significa que o texto não foi pronunciado, mas é apenas um pensamento.
Às vezes, essas bolhas chegam ao corpo do balão, parecendotirar peso da
fala, fazendo-a “flutuar”.
QUE REBU-
LIÇO QUE ESTES CRIMI-
NOSOS ME FIZERAM ONTEM/
SOU UM HOMEM HON-
RADO E NÃO MEREÇO
ESSE TRATAMENTO...
NEM SER CHAMADO...
DE COVARDE
POR WALTER!
* Podemosdizer, então, que a linha deixou de ser um sinal abstrato e transpôsa fronteira da
metáfora visual.
109
As letras:tipo e significado
COMO
—CHEGUEI
MASO
2. Após definir a distribuição do texto, passa-se a delinear a
silhueta do balão. Esta ordem, primeiro o texto e depois o
balão,é recomendável paraevitar o resultado freqiiente quando
se procede de maneira inversa: o texto fica sobrando.
HO
A letra de tamanho maiorque o usual costumasignificar um volume
mais alto que o da voz normal. Se a este traço acrescentarmos uma linha
tremida, será o ideal para a expressão de um brado, um grito de pavor.
QUI! TAMBORES!
TAMBORES !TAM-
ceoABnco
NOS MATAR?TAM-
DANCA,
UM MILHÃO DE
BORES RUGEM NA Dem Rea
MINHA CABEÇA RAS
HA!
mi
“Watami”, por H. Oesterheld eJ.
Moliterni.
112
A letra que descreve um ritmo visual, geralmente ondulado, significa
que o texto é4 cantado”. Costuma ser complementada com algumas notas
musicais.
aqui
Querida
404 jraLas....
i
113
A letra “à mão” põe em evidência a riqueza de possibilidades expres-
sivas da letra desenhada diante das carências da tipografia simples. Além
disso, a letra desenhadadeixa de ser simples letra e integra-se graficamen-
te à vinheta: imagem palavra escrita formam uma unidade. Essa integra-
ção ocorre em diferentes graus, desde a letra de tipografia que é incluída
de modo discreto no balão até a letra desenhada que, em dado instante,
liberta-se do balão e invade o espaço.
14
Localização do balão na vinheta
POR QUE ME
INTERROMPE,
MIKIS?
15
Não é difícil estabelecer a ordem de leitura dos balões de uma vi-
nheta: é a mesma ordem de leitura de qualquer texto; ou seja, leitura
horizontal, da esquerda para a direita e seguindo de cima para baixo.
16
Nesta vinheta, temos dois personagens: 4 e B. O diálogo deve ser
iniciado por B, sendo respondido por A. O fato de que B está à direita e na
parte inferior situa-o em posição desfavorável para iniciar o diálogo. O que
faremos?
Umasolução é alongar os rabichos dos balões para indicar quem fala
primeiro.
117
Uma possibilidade pouco aproveitada é a de cruzar os rabichos. Ela
costuma dar resultados eficazes, embora não convenha abusar desses
“cruzamentos”, pois sua repetição pode incomodar leitura.
Feabt a
118
Também modifica-se a vinheta mudando o plano ou o ângulo de
visão. Isso ocasionará uma nova proporção entre os personagens.
Trabalho prático
1. De exercício
a. Treinar, várias vezes, até conseguir dominá-la, a escrita com
“letra de imprensa”.
b. Desenhar situações em que ocorram diversos balões. Fazê-lo
em vinhetas isoladas, para reconhecer os balões pela prática.
c. Desenhar uma vinheta em que os personagens tenham opiniões
diferentes. Seus diúlogos ou pensamentos serão mostradosatra-
vés dos balões apropriados para esses efeitos. Atentar, também,
para a linha de indicatividade.
d. Rever várias seqiiências: em cada uma, experimentar um só
tipo de balão, assim como diferentes posições dos balões na
vinheta. Combinar temas diversificados.
e. Fazer umaseqiiência, atentando para o uso dos diversos balões,
segundo a ação narrada.
f. Desenhar os diversostipos deletra e indicar as expressões a que
dão lugar.
g. Fazer uma segiiência, atentando para o uso das letras desen-
hadas segundo a ação narrada.
2. De reconhecimento
a. Examinarhistórias em quadrinhose indicar os diversos tipos de
balões e de letras. Atentar, além disso, para o funcionamento
da linha de indicatividade.
19
b. Além do reconhecimento dos diversos balõese tipos de letras, atentar
para sua função na seqiiência da qual fazem parte. Caso se encontre
um balão ou tipo deletra que seja considerado impróprio, especificar
qual seria o mais adequado.
120
“A quimera do ouro”, por Tabaré. Neste caso, para osefeitos da piada, as imagens
dentro do balão são mais apropriadas que o texto.
121
DEVO CONCLUIR
«A OPERAÇÃO AN-
TES QUE ELLEN
É POLÍCIA SA:
BERA QUE VEIO
A HONG-KONG a
PARA TIRARILE-/NÃO.
GALMENTE
122
Página de “La Codorniz”, por Pablo. Que texto poderia competir com a “elogiiência”
dografismo de Pablo?
123
SH SFC E =: istmo ENpu CJRRE
(257)
Kokuri densetsu (“A lenda da raposa”), por Tsunoda Jirô. História em quadrinhos
japonesa. Além da ordem diferente de leitura, podemos observar a integração entre
imagem e texto nogrito desesperado do personagemferido. A tradição detexto e imagem
têm muita força na cultura oriental.
124
O letreiro
HA MUITOS
MILHÕES DE
,ALGO
QUE VINHA
DAS
E AGORA wu
o EDIFÍCIO
INTEIRO DES-
MORONAVA!
126
R RI
por EDGAO pea BURROUGHS'
CE s
Po emaeatANA
SE PARA ATACAR O
SE AMOTI
HOMENOS -DEDOI VARAM
S DE -MURMU:
O CAPITA TANTOS ANOS
O NA LEGIÃO! CONSEG UI LEVA
LOSSERR
ATE QUARTEL LA OS TRANQUEI
AaanneAgpare
FepasaaFORO,
cer
SATAQU Ras
nero,
No rosso pf age
OÉ OeasTÃS
LUGARBRRNOP
TENENTE
CARNOT tNÃO EEN. É see
çg
DEM DUES PO
DERDO AFASTAR 09
MA?GA
ALDa!
IORa!c"Comi M OS
VOU ITALEV LEGSIO:
NáRmiD
feo ERES
MAS
A LO ATÉ
PRETI-
ONDE ESTÃO 08 VÍV
GARAD LUTAR PARA RECUÓERA-LOS!*
127
PNY ADV:
E!
AN RP AER dk
MAR ARS N
1 NoEIN: IR
hANU
E,um motivo E A
FAMANIAA. FÊMEA
NA QUE PRO-
* CRIA A QUE RE-
PRODUZ A E.
128
MAS COMO ALGUNS DE
NOS,PETER PARKER TEM
UMA RESERVA EXTRA DE
IA...UMA OBSTINA: [4
Trabalho prático
1, De exercício
a. Desenhar diversos tipos de letreiros (horizontais, verticais, em
diversas posições etc.), em vinhetas isoladas, para reconhecê-
los pela prática.
b. Fazer uma seqiiência atentando para o uso dos letreiros segundo
a ação narrada. Buscar a complementação entre letreiros e
imagens, evitando a mera repetição.
c. Fazer uma seqiiência atentando para a complementação entre
letreiros e balões, formando uma unidade com a imagem.
d. Fazer uma segiiência procurando integrar graficamente os le-
treiros. Não descuidar do uso do tipo de letra dentro do le-
treiro.
129
2. De reconhecimento
a. Examinar histórias em quadrinhos e reconhecer os diversosle-
treiros.
b. Além do reconhecimento dosletreiros, atentar para sua função
na segiiência da qual fazem parte. Caso se considere errado o
uso de um letreiro, especificar qual seria o mais adequado.
A onomatopéia
Vimosos diversos níveis de integração que textos e imagens chegam
a alcançar na história em quadrinhos, graças ao fato de que os balões e as
letras podem ser desenhadas de diferentes modos. Talvez seja na
onomatopéia que, com mais fregiiência, integram-se a linguagem escrita e
a imagem.
A onomatopéia é a imitação do ruído de algo, através de um vocábu-
lo; assim, por exemplo, “dim-dom” é a onomatopéia de um sino, “rata-
plam” sugere o toque de um tamboretc.
131
“O Homem-aranha”, por G. Conway e R. Andru.
132
Dessa forma, os quadrinhos norte-americanos não só disseminam
seus conteúdos específicos (de acordo com seus interesses específicos)
como também impõem suas formas lingúísticas.”
Sendo a linguagem uma maneira especial de apreender o mundo,
expressão íntima de umacultura e psicologia próprias, interessa compreen-
der estes fenômenos em sua raiz, a fim de agirmos crítica e livremente
diante deles. Podemos observar, então, que não se trata de recusar as
onomatopéias vindas de fora, nem tampouco de repeti-las mecanicamente,
fugindo da mais humilde das tarefas criativas e negando o próprio ser.
Muitos cartunistas compreenderam este problema e se deram ao tra-
balho de utilizar onomatopéias pertencentes a seus idiomas. Dentre os
desenhistas “estrangeiros” (para os norte-americanos) podemos apreciar os
seguintes exemplos:
isto É UM BILHETE
Fast
pus"
QUEGU IÉ ISTO
QUIEQUIE 5702
DE METRB!
ISTO É UM BILHETE
DE METRG!
* Ocolonialismo mental que ambosos fatos comportam foi imposto através dos diversos meios
de comunicação de massa (a canção comercial, a televisão, o cinemaetc.).
133
s Zeri óis”, por Ziraldo. De onomatopéia em onomatopéia, o “Capitão América” —
e a a t 4
como outros heróis dos quadrinhos norte-americanos — desgasta-sefazendo ruídos.
Trabalho prático
1. De exercício
a. Fazer umalista das onomatopéias orais mais conhecidas (em
grupo, é mais agradável e frutífero).
b. Lembrar de situações em que se produzem ruídos e tratar de
expressá-los em onomatopéias. Não importa se estas não te-
nham sido escutadas antes: o interessante é o exercício de ex-
pressá-las.
c. Produzir diversos sons com diferentes objetos e materiais e
tratar de expressá-los com onomatopéias (em caso de dúvida,
recorrer a este exercício sempre dá resultado).
d. Desenhar, uma a uma, várias situações em que se produzam
sonse nelas posicionar as onomatopéias. Fazê-lo de modo que
sugiram os ruídos em questão também através do próprio de-
senho.
e. Fazer uma segiiência atentando para o uso das onomatopéias
conforme foram praticadas até aqui.
2. De reconhecimento
a. Examinar histórias em quadrinhose indicar as diversas onoma-
topéias.
b. Além de reconheceras diversas onomatopéias, observar se cor-
respondem ao ruído que é preciso imitar mediante o vocábulo
escrito e sua forma gráfica. Caso pertençam a outro idioma e
se decidir que dão um resultado mais expressivo do que aque-
las que se podem obter em nossa própria língua, integrá-las ao
uso desta.
136
OS QUADRINHOS: .
UM MEIO DE COMUNICAÇÃODE MASSA
137
Naânsia de tornar mais atraente o seu periódico, o New York World,
Pulitzer publicou, desde 1893, um suplemento dominical com uma página
em cores. Nesta apareceu, em 1895, uma vinheta de autoria do desenhista
Richard Outcault, que descrevia cenas pitorescas dos bairros populares de
Nova York e que tinha como personagem principal um garoto vestido com
um camisolão amarelo. O garoto converteu-se em personagem permanente
do dito suplemento, chegando a ficar conhecido como Yellow Kid (“Ga-
roto Amarelo”). Para fazer com que seus personagens “falassem”, Out-
cault incluía textos em cartazes, paredes, no próprio camisolão do Yellow
Kid, e nessa convenção gráfica que iria afirmando suas características: o
balão, elemento específico da história em quadrinhos.
Em 1896, Hearst conseguiu conquistar Outcault, que passou, com
seu Yellow Kid, para The New York Journal. Pulitzer, então, encarregou o
pintor George Luks de continuar desenhando, com idêntico estilo, o mes-
mo personagem no New York World. O mesmo personagem publicado, ao
mesmo tempo, em dois jornais diferentes, feito por desenhistas diferentes!
Desta maneira, utilizada pelos magnatas da imprensa, acolhida com
entusiasmo por um vasto público,entre regateiose atos de pirataria comer-
cial, começou a história da história em quadrinhos.
Esta breve resenha tem um objetivo: estudara história em quadrinhos
como meio de comunicação de massa que surgiu durante a etapa de expan-
são do capitalismo. Este fato permite compreender os fatores que condi-
cionaram as formas e os conteúdos das histórias em quadrinhos.
Elas precisaram submeter-se ao espaço que lhes prescrevia o jornal:
ao desenhista competia administrar esteticamentetal espaço, de conformi-
dade com as possibilidades técnicas de impressão, além dos ritmos narra-
tivos que pretendia obter.
Se o aspecto de sua feitura tornou-se decisivo para as formas que os
quadrinhos adotaram, o aspecto de sua comercialização o foi para seus
conteúdos.
138
mesmotipo: o King Features Syndicate, que vendia matérias para diversos
periódicos, dentro e fora dos EUA. Em poucos anos, o King Features
Syndicate era o mais importante distribuidor de histórias em quadrinhos.!
Paralelamente ele, existiram outros syndicates menores, todos dis-
tribuindo histórias em quadrinhos por quase todo o mundo. Isso acarretou
duas conseqiiências principais:
1. A padronização dos quadrinhos, com a eliminação dos aspectos que
porventura provocassem recusa em países com outros costumes (era
necessário cuidar da relação com a clientela).
2. A imposição das histórias em quadrinhos norte-americanas sobre as
locais — muitas no nascedouro — de outros países.
DEM, MuNcA
SE SABEhou
SEMAID" PoE
Canna mes
sa.
Em ovTRAS
PALAVRAS,
ComoSe Da,
x este
você.
DÉUMA
OLnADa MO
D0RMAL DE
Amanuh E
VEJA O QUE
MAVTT GANHA
POR Si MESMA.
“Mutt e Jeff”, por Bud Fisher,nascido em 1907(este exemplo é de 1915). O encanto dos
primeiros quadrinhos foi-se debilitando diante da padronização imposta pelo mercado
capitalista, embora alguns autorestalentosos conseguissem queseu gênio sobrevivesse.
' Ashistórias em quadrinhosnasceram nojornale para o jornal. Foi há pouco,na década de 30,
que se libertaram dele e adquiriram a formade revista.
139
Conquistados os novos mercados, o segundo passo era mantê-los:
optou-se por atuar em terreno seguro, fazendo da padronização uma ca-
racterística e da atitude conservadora uma norma. Ingênuas ou dramáticas,
as histórias em quadrinhos sempre respeitaram as instituições e os valores
tradicionais. Como outros meios de comunicação, os quadrinhos norte-
americanos propagaram em outros países as idéias, costumes, expressões
etc. próprias do esquema do american way of life (o estilo de vida capita-
lista ianque, bem entendido).
A maioria dos países receptores, ainda carentes de uma sólida escola
dentro do novo gênero, aceitaram jubilosos os quadrinhos importados. Os
jornais desses países os compravam porque, além de seu baixo custo
(comprar um cartoon de um syndicate saía mais barato que pagar os origi-
nais de um desenhista), o modelo que as histórias em quadrinhos defen-
diam coincidia com os esquemas dos donos dos jornais.
A grande crise do ano de 1929 (seguida do período da Grande De-
pressão) e a II Guerra Mundial foram episódios que abalaram os EUA e,
comoera de se prever, isso se refletiu com mais ou menos evidência em
suas histórias em quadrinhos: durante os anos de crise, os quadrinhos
desenvolveram um sugestivo processo de sinal invertido, chegando-se a
considerar essa fase como a “Época de Ouro dos Quadrinhos”. E durante o
segundo conflito mundial, vários foram os desenhistas que, usando o pa-
pel, combateram ao lado das forças armadas norte-americanas.!!
Em meados deste século surgiram algumas histórias em quadrinhos
que manifestavam uma consciência e uma sensibilidade distintas: “Pogo”
(1948), “Peanuts” (1950; “Minduim” ou “Charlie Brown”, no Brasil), “B.C.”
(1958; “AC”, no Brasil), entre outros, despertam o interesse de um público
mais intelectual. Seu aparecimento não foi casual: no momento em que o
grosso dos quadrinhos norte-americanos alcançava seu fim de ciclo, em
uma minoria deles manifestou-se o espírito de uma nova época. Esta,
entretanto, já não terá por eixo principal os Estados Unidos.
Noque diz respeito aos primeiros cingiienta anos deste século, ative-
mo-nos aos quadrinhos norte-americanos. Noutros países, como a Argenti-
na, a Espanha, a França e a Itália, o gênero também teve excelentes cria-
dores. No mercado internacional, porém, são os syndicates norte-ame-
* Alguns dos casos mais destacados são os seguintes: em 1941, Ham Fisher, em entendimentos
com o Departamento de Guerra, fez de “Joe Palooka” (“Joe Sopapo”, no Brasil) um promotor
da política intervencionista; em 1942, Milton Caniff criou “Male Callpara os jornais do exér-
cito; em 1943, Roy Cranecriou o aviador “Buz Sawyer”etc. Terminadaa guerra, vários desses
personagens continuam em outra: espionam, sabotam,difamam, combatem — enfim — as
causas populares em diversoslugares do planeta.
140
ricanos que mantêm o monopólio: o Super-homem e “seus amigos do
peito” exercem seu domínio até mesmo nas localidades mais afastadas. E
. neste domínio que concentramos nossa atenção.!2
* Existem livros dedicadosà história das histórias em quadrinhos. Nosso interesse é, simples-
mente, apresentar os traços principais que permitam compreender o atual panorama dos
quadrinhos.
141
“A garagem hermética”, por Moebius, de 1977.
Durante a década de 70, continuou a pesquisa de
novasformase conteúdos, ao mesmo tempo em que,de
modo concomitante, diversificavam-se os gostos e
interesses do público leitor.
142
Nos EUA, assim como em outros países de avançado desenvolvi-
mento industrial, aparecem quadrinhos clandestinos que, aos poucos, vão
afirmando sua presença: são as histórias em quadrinhos undergroud
(“subterrâneas”, ou alternativas), de argumentos e formas agressivas, ex-
pressão e protesto que evidenciam os aspectos desumanizantes da socie-
dade de consumo. Enquanto isso, pelos canais do comércio normal, alas-
tram-se os super-heróis que aposentam os fatigados heróis das décadas
anteriores. Não obstante, depois do boom inicial, o interesse pelas histórias
de super-heróis se debilita: são vencidas pela padronização que o mercado
impõe.
As novas histórias em quadrinhos, na maioria, expressam o espírito
de seu tempo: as tentativas de construir um novo homem, umanova socie-
dade. Também contribui para essa tarefa um novo tipo de quadrinhos
surgido na década de 70: a história em quadrinhos popular. Ela é particu-
larmente interessante porquesignifica uma nova opção, desde seu nível de
infra-estrutura: elaborada em geral por amadores, com intenções em tudo
opostas às do comerciante ou industrial capitalista, busca chegar ao leitor
com uma mensagem libertadora, quer incentivar sua consciência e dar
alento à sua ação no ambiente em que vive. Os cartunistas populares não
se detêm diante das dificuldades que o acesso a uma tecnologia cara pres-
supõe; recorrem ao mimeógrafo, ao duplicador manual, ao gelatinógrafo
etc. É que as tarefas do cartunista popular não esperam: são as tarefas do
lutador social. Por isso, quase sempre, o cartunista popular está vinculado
a uma organização popular. A necessidade de reagir ao sistema opressor
não quer dizer a exclusão da pesquisa formal ou da melhoria das condições
de industrialização e comercialização. Tal necessidade faz com que se
comece já. Progredir significa sempre um processo, neste casoinextricável
do objetivo: contribuir para o desenvolvimento dos movimentos populares.
143
MEU IRMAOZINHO 6 MUITO
DEPOIS DE MORRER JE E] TRABALHADOR. PRECISA DI-
SUA ESPOSA E Com p ZER PARA ELE SE CUIDAR,SÓ ISSO
TANTOS FILHOS
+.« CARAMBA
“Por que... uma nova Constituição”, por Cuyé. Editada por ILLApara osetor
camponês peruano.
144
Quanto à história em quadrinhos tradicional, em que pese a medio-
cridade e a estagnação que caracteriza grande parte dela, continua sendo
lida por um extenso público. Porém, já não detém o monopólio: os novos
quadrinhos disputam-lhe a posição em diferentes lugares do mundo, con-
quistando um setor cada vez mais amplo, que prefere uma obra que dê
elementos para participar ao mero divertimento.
A variedade de histórias em quadrinhos existentes é um sinal do
desenvolvimento que o gênero alcançou. Trata-se de várias linhas, que
podem realizar descobertas, avanços, mas também estacionar e desviar-se.
Vinculada intimamente aos processos sociais, a evolução dos quadrinhos
depende de como os assumam autores e editores e da relação que se
estabeleça com os leitores,relação definitiva, sentido último da história em
quadrinhos.
145
4. AS METÁFORASVISUAIS
“Pigui” (anônimo).
146
Nalinguagem oral, “a grana saiu voando” equivale a “dinheiro gasto
muito depressa”. Nos quadrinhos, isso é visualizado por uma cédula com
asas.
147
pontos de exclamação e interrogação,as reticências etc.) e da escrita musical
(os símbolos das notas musicais).
148
“O melhorinimigo do cão”, por Alfredo. O signo
gráfico do dólar deu ocasião à metáfora visual
“capital” (dinheiro, negócio etc.).
149
Trabalho prático
1. De exercício
a. Desenhar as diversas metáforas visuais de que se tenha conhe-
cimento.
b. Recordar metáforas usadas na linguagem oral cotidiana e visu-
alizá-las. Sintetizar a visualização (ou tomar dela o mais signi-
ficativo) e desenhá-la. Submetê-la depois à apreciação de outras
pessoas para verificar sua validade (nem todas as metáforas
são passíveis de conversão bem-sucedida em metáfora visual
de quadrinhos).
c. No mesmosentido do trabalho anterior, examinar os símbolos
da linguagem escrita, dos acontecimentos etc. e experimentar
convertê-los em metáforas visuais.
2. De reconhecimento
a. Examinar histórias em quadrinhos e identificar as metáforas
visuais.
b. Além de reconhecer as metáforas visuais, refletir sobre sua
possível origem (linguagem oral, escrita, musical, acontecimen-
tos etc.). Caso se considere que o uso de alguma metáfora
visual ficou impreciso, especificar qual seria a mais adequada.
150
5. AS FIGURAS CINÉTICAS
“Drácula”, porLlobet
151
Asfiguras cinéticas naturalistas descrevem alguns momentossignifi-
cativos do percurso do corpo em seu movimento. Assim, convertem-se em
“átomos de seqiiência” no interior da própria vinheta.
AONDE Va TÃO.
Trabalho prático
1. De exercício
a. Desenhar diferentes corpos em movimento, experimentando os
dois tiposde figuras cinéticas (abstratas e naturalistas), segundo
o efeito que se queira obter.
b. Fazer umaseqiiência atentando para o uso dasfiguras cinéticas.
2. De reconhecimento
a. Examinar histórias em quadrinhose identificar as figuras cinéti-
cas.
b. Além de reconhecer as figuras cinéticas, atentar para a quali-
dade de seu uso. Caso se considere que alguma figura cinética
resultou excessiva, escassa etc., especificar qual seria a mais
adequada.
152
VEJAM! DEI-
XOU CAIR O
PERGAMINHO!Cid)
6. A COMPOSIÇÃO
154
A ação das linhas e das figuras de geometria plana no
espaço
As linhas simples
155
A linha reta inclinada ou oblíqua leva o olhar para as zonas indica-
das por sua inclinação. São como flechas, indicações que conduzem a
atenção para os pontos de interesse.
As linhas compostas
156
Aslinhas compostas, sejam elas quebradas ou mistas, podem se rela-
cionar de maneira uniforme, criando ritmosfáceis de seguir com vista e
proporcionando distensão para o olhar.
MM
“LILI
Carr
Quando as linhas mistas não descrevem ritmos uniformes, rompe-se
a inércia no deslocamento do olho, que tem de esforçar-se para acompa-
nhar o movimento.
Que ritmos convêm para a composição de nossas vinhetas? Em ge-
ral, aqueles que apresentam certa variedade sem perder a unidade. A va-
riação é fator de amenidade visual, enquanto que a unidade assegura a
força da comunicação.
Enfatizamos “em geral” para relembrar que, em matéria criativa, não
se pode dar uma receita ou fórmula infalível (que, ademais, não existe).
Ao contrário, o sucesso de uma solução depende do contexto em que é
introduzida, bem como do efeito que se quer obter.
158
O triângulo é uma figura composta por três linhas retas e apresenta
três ângulos. E uma figura com tendência ao movimento.
A ação do espaço
160
Quadrado no centro do espaço
E
Quadrado na parte alta do espaço
161
Quadrado em um dos extremos do espaço
Retângulos
162
Retângulo em um dos extremos do espaço
163
Triângulo em um dos extremos do espaço
Z
Círculo no centro do espaço
164
Círculo em um dos extremos do espaço
“Corto Maltês”. por Hugo Pratt. A ação daslinhas em um ritmo rompido e sincopado
a confusãoda situaçãoflui da própria base compositiva.
165
to
“*Mas a cidade de Balda Ilan
fica nas colinas do Dag,
depois de um deserto
abrasador, que poucos, ex-
ceto os nativos do lugar,
conseguiram atravessar.'*
strap
“Príncipe Valente”, por Harold Foster. A árvore e sua sombra na terra formam uma
linha curva (semicircunferência), criandoa sensação deespaçointerno (envolvidopela
semicircunferência) e externo (fora dela). Nosso olhar vai antes para o interno: o
personagempenetra noespaço, a nova aventura.
166
“O Cobra”, por Ray Collins e Arturodel Castillo. Claro exemploda açãode linhas e do
espaço. Verticais e horizontais na primeira vinheta, quietude e tensão; diagonais e o
espaçoque se abre na segunda, rompendo a tensãoedandovez à ação.
167
“O Cobra”, por RayCollins e Arturo del Castillo. Nesta segiiência: oinício e o fimda
avalanche. À açãodaslinhase do espaço soma-se a qualidadedo desenho. Nãoapenas
cadavinheta, mas o conjunto emqueela ocorre (a página) possuemunidadegráfica que
enriquece a narrativa.
168
CAPÍTULO IV
A MONTAGEM
169
1. RECURSOS PARA LIGAR AS VINHETAS
Fusões
“Sunday” por Víctorde la Fuente. Mesmo quando mudam as relações espaciais em cada
vinheta, a imagem éfundamentalmente a mesma: um rostotenso, cuja tensãose prolonga
através das mudanças tonais que vão encadeandoas vinhetas.
170
Espaços contíguos
Sim. Esenãotem
algo realmente in-
= 4 7]
él
teressante para dizer,
é melhorficarde bico
calado, Morton. Onde /
está Smiles? 1
Letreiro
171
Ligações superpostas
Ê E
W /A AN E»
42, p- AD nb cs Are
“Terry e os piratas”, por Milton Caniff. Uni letreiro eum balao servent para ligar
graficamente duas vinhetas.
172
2. ESTRUTURAS ESPECIAIS
DE MONTAGEM
tehe stroke of mundana (ÃO vour da meta norte a por Steranho Deslocamento
para a frente.
173
“Barbatanas de tubarão”, por Enrique Serpa, Isabel Morales e Vicente S. L. Deslo-
camentolateral.
174
3. ESTRUTURAS TEMPORAIS
DE MONTAGEM
175
4. ESTRUTURAS PSICOLÓGICAS
DE MONTAGEM
Trabalhoprático
1. De exercício
a. Fazer várias segiiências, uma para cada forma de montagem,
experimentando os recursos paraligar as vinhetas, as estruturas
espaciais, temporais e psicológicas. A realização dessas
sequências pressupõe a integração das práticas anteriores.
b. Fazer uma história em quadrinhos, composta por várias seqiuiên-
cias, usando as formas de montagem que a narrativa exigir.
2. De reconhecimento
a. Examinarhistórias em quadrinhos e reconheceras diversas for-
mas de montagem, atentando para a função que cumprem dentro
da narrativa, bem comopara a qualidade de sua utilização.
176
GIMENET NUNCA
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179
180
181
HUM.ESTÁ NA
182
CAPÍTULO V
A HISTORIA EM
QUADRINHOS POPULAR
* Em 1968, o Peru passou a ser governado por uma junta militar encabeçada pelo general Juan
Velasco Alvarado. A junta desenvolveu uma política reformista no campo social e nacionalista
no campo econômicoque, em particular, prejudicou os interesses norte-americanos na extração
do petróleo e do cobre peruanos. Em 1975, Velasco cedeu o posto ao general Morales Bermúdez
(N.T.).
183
Era precisoliberar o livro. Nos primeiros dias de 1980, TAREA, um
centro de educação popular, iniciou o resgate: publicou-o em forma de fas-
cículos e, quase a preço de custo, o pôs ao alcance das organizações popu-
lares e de qualquer pessoainteressada no tema. Como fazer histórias em qua-
drinhos voltara a seu ambiente: a gente da qual e para a qual havia nascido.
Em 1981, houve um acontecimento agradável: Histórias em
quadrinhos foi publicado pela Editorial Popular, da Espanha, voltando,
assim, às livrarias peruanas, mas numa edição com a qual, por ser
estrangeira, não se podiam tomar as mesmas “liberdades”. Logo seguiram-
se outras edições da TAREA e a segunda edição da Editorial Popular,
assim como a da AG SPAK, da República Federal da Alemanha.
Paralelamente a isso, surgiram oficinas na América Latina e na Espa-
nha queutilizaram Como fazer histórias em quadrinhos comosua principal
ferramenta metodológica. São elas:
184
1982: I Oficina Centro-americana de Quadrinhos Populares
(organizada pelo ALFORJA, Centro de Estudos e Publicações, em
San José, Costa Rica).
1982: Oficina Regional de Quadrinhos
(organizada pelo CIDHAL,na capital do México).
1983: Oficina Regional de Quadrinhos Populares
(organizada pelo Instituto de Pastoral Andina, em Cuzco, Peru).
1983: HI Oficina Nacional de Quadrinhos Populares
(organizada pela TAREA, Associação de Publicações Educativas,
em Lima, no Peru).
1984: I Oficina Colombiana de Quadrinhos Populares
(organizada pelo CINEP, em Bogotá, na Colômbia).
1985: Oficina Regional de Quadrinhos Populares
(organizada pela Equipe PUEBLO,na capital do México).
1986: I Oficina Alemã de Quadrinhos Populares
(organizada pelo AG SPAK, de Munique, República Federal da
Alemanha).
1986: Oficina de Quadrinhos
(organizada pela Escola de Verão de Ação Educativa, em Madri,
Espanha).
1986: Oficina de Quadrinhos Populares
(organizada pela Comunidade de Madri [Conselho de Educação e
Cultura], Espanha).
1986: Oficina de Quadrinhos Populares
(organizada pelo Centro de Professores da Comunidade de Valência,
na Espanha).
186
com um grupo de comunicação popular que visitava a Oficina ou, então a
Oficina deslocava-se até o grupo.
Preferimos partir do reconhecimento de dois problemas, porque é
possível que estes ocorram àqueles que iniciam umaoficina: comofacilitar
a integração entre os participantes e como conseguir um clima apropriado
à aprendizagem. Naquela época,tivemos quelidar “como Deus quis” com
esses problemas, pois não tínhamos as ferramentas que a situação exigia.
Era diferente na Oficina de Villa El Salvador, com suas tardes demoradas,
em algumas das quais deixávamos os quadrinhos para nos integrarmos ao
trabalho comunitário, ao contrário desse novo tipo de “oficina-concentra-
ção”, de prazo curto e fechado.
A nova oficina teve sua própria organização, que deu margem a
contribuições que continuaram afirmando-se nas experiências seguintes.
Descrevamos um dia normal desta oficina. A jornada compunha-se
de três partes: leitura crítica, estudo e prática da linguagem e, por fim,
encontro com outro grupo (espetáculo e diálogo).
Começávamoso dia com leitura de histórias em quadrinhos. Pedia-
se às pessoas que levassem à oficina as histórias em quadrinhos de que
mais gostavam e as mais lidas em sua cidade (independentemente das
preferências do desenhista). Elas passavam de mão em mão e todos dedi-
cavam-se a sua leitura individual ou em grupo, como lhes aprouvesse.
Terminada a leitura, passava-se ao reconhecimento da linguagem dos
quadrinhos, conforme o que fora aprendido na sessão anterior. Indicavam-
se as expressões dos personagens, a utilização de planos, ângulos de visão,
balões etc., se eram corretos ou se podiam ser melhorados e, quando
possível, desenhava-se a maneira proposta. Essa leitura era muito impor-
tante porque apresentava dois aspectos: por um lado, permitia consolidar o
que fora aprendido, vendo-se como funcionava nos quadrinhos dos profis-
sionais; por outro lado, permitia a desmitificação dos profissionais, ao
facultar suacrítica a partir de dados concretos (o conhecimento e a prática
da linguagem). Percebia-se, então, que existe uma tendência “mecanicista”
em boaparte das histórias em quadrinhos do mercado. Seus autores, embora
profissionais do desenho, agem mecanicamente, sem sentir seu tema. Desde
a expressão de cada personagem, que é o começo, via-se que esses profis-
sionais possuíam um limitado repertório de expressões que deveriam ser
pensadas em sua respectiva situação. Comprovava-se a mesma atitude no
uso de outros elementos da linguagem dos quadrinhos. Avançando na
análise, via-se que essa postura não era exclusiva do desenhista, mas era
estabelecida ou aceita pelas empresas produtoras de histórias em quadri-
nhos e obedecia a determinada concepção deste meio: os quadrinhos como
187
mero objeto de consumo; o leitor — de qualquer idade — como simples
consumidor. Era a visão desumanizada do comerciante (a das empresas
multinacionais), antagônica à do comunicador popular. A partir da expe-
riência da linguagem, os membros da oficina convertiam-se em leitores
mais rigorosos, diferenciando a boa da má história em quadrinhos. Para
regozijo dos que iam aprendendo a linguagem dos quadrinhos, também
encontramos autores sumamente criativos (Quino, com sua Mafalda e outras
páginas; Goscinny e Uderzo, com Asterix; Schulz, com Charlie Brown;
Will Eisner, com Spirit, dentre os mais conhecidos). Ao apreciá-los em
outro nível de leitura — ou que, no mínimo, acabava de se tornar cons-
ciente —, parecia multiplicar-se o prazer oferecido por suas obras.
Apósa leitura, seguia-se o estudo e prática dos elementos da história
em quadrinhos, segundo o método exposto neste livro. Então gesticuláva-
mos, fazíamos ruídos, inventávamos seqiiências, argumentos etc. Procurá-
vamos a experiência direta antes de desenhar algo. Com fregiiência, rela-
cionávamos os detalhes e a estrutura maior, as relações no interior da
história em quadrinhos e entre esta e a estrutura social. Tratávamos de
exprimir a vida em seus diversos matizes.
A jornada cotidiana terminava com o encontro com um grupo de
comunicação popular. Isso, que de início fizemos para dar um fôlego à
intensidade com que se trabalhava na oficina, converteu-se numa impor-
tante descoberta: os cadernos de anotações já estavam fechados e as pes-
soas assistiam a um espetáculo. O grupo ouartista convidado apresentava
sua obra de teatro ou audiovisual, canto, poesia etc.), após o que iniciava-
se a conversação entre os expositores e os participantes da oficina de
quadrinhos. Vários assuntos eram tratados. Um era a relação entre as di-
versas linguagens, o reconhecimento de aspectos e recursos em comum,
bem como o que era específico de cada qual (segiiências, planos, expres-
sões, a mudança de tempo, o congelamento de uma imagem, a voz externa
ou dirigida ao público etc.).
Outro temaera o da experiência do grupo convidado. Eles contavam
comohaviam surgido, qual o seu objetivo, que dificuldades enfrentavam e
respondiam a outras perguntas. Os encontros tornavam-se muito estimu-
lantes para uns e outros. Para a oficina de quadrinhos, muito mais que um
descanso, os encontros eram um reforço à consciência sobre o próprio
objeto de trabalho e sobre o sentido da comunicação popular. No dia
seguinte, essa experiência era integrada às práticas de segiiência, aten-
tando-se para o conceitual ou o emotivo ou, ainda, para qualquer ocorrên-
cia aleatória que o encontro provocara no participante da oficina.
188
Esse esquema diário básico manteve-se, com as variantes que cada
situação determinou, na oficina nicaragiiense, na segunda do Peru e nas
regionais da Espanha.
O esquema era o mesmo, embora cada experiência lhe desse vida
própria. Dessa diversidade nasceram novas projeções para o método: aten-
dendo à sua aplicação em experiências de educação popular e também à
sua utilização por pessoas que queriam expressar-se individualmente; aber-
to em sua concepção, o método foi aplicado ao trabalho com crianças em
idade escolar, à educação de adultos, à mobilização popular, à expressão
artística etc.
189
3. DINÂMICAS PARA A PARTICIPAÇÃO
190
gem popular peruana, dir-se-ia que as dinâmicas “lançam fagulhas” ou
“afinam”, isto é, despertam uma atitude de alerta, dão uma nota adequada,
em um tom adequado para o trabalho. Este “tom” é de suma importância
na educação popular e liga-se ao prazer que se sente pelo que se está
fazendo. É um componente afetivo, um clima emotivo totalmente favorá-
vel ao trabalho. Com isso, nada se faz por obrigação, mas as coisas fluem
com liberdade a partir de cada pessoa, criando confiança em si mesmoe
nos companheiros da oficina.
Existem diversos usos das dinâmicas, as de apresentação no primeiro
momento, por exemplo. Na oficina de quadrinhos, era costume se combi-
nar duas delas: uma para gravar, desde o princípio, os nomes dos compa-
nheiros. Um deles, qualquer um, dizia seu nome em voz alta. O que ficava
à sua direita repetia esse nome e, por sua vez, dizia o seu. A pessoa
seguinte pronunciava o nome das duas anteriores e acrescentava o seu, e
assim iam-se juntando todos. Quando se chegava ao último (o que estava à
esquerda do primeiro), este tinha que dizer todos os nomes, mas na ordem
inversa, começando com seu próprio. Esta dinâmica de simples retenção
permite, por exemplo, brincar com o próprio nome. Os nervosse acalmam,
a gente conhece os nomes mas precisa de mais informações. Então,utili-
závamos outra dinâmica: a apresentação por pares. Estes (escolhidos ao aca-
so e procurando juntar desconhecidos) trocam, à parte, seus dados pessoais,
lugar de procedência, interesses, expectativas, gostos etc. Depois, todos
reunidos, cada um é apresentado por seu par, de forma simples e breve.
Essas são dinâmicas genéricas, que podem servir em qualquer ofici-
na, não apenas nas de quadrinhos. Há outros jogos, como o das lanchas.
Imagina-se que estamos em um navio que começa a afundar. É preciso
correr paraas lanchas salva-vidas, mas estas têm uma capacidade limitada.
O capitão do barco põe todos em uma roda e vai marcando um ritmo. De
repente, ordena que se formem lanchas de, por exemplo, quatro pessoas. O
grupo forma novas rodas com esse exato número de pessoas. Saem do
jogo, considerados afundados ou afogados, aqueles que não conseguirem
agregar-se a uma das rodas. Para os que ficam, vêm novas ordens e assim
até se chegar a dois vencedores (há casos de finalistas aguerridos em que
o número não baixa de três).
Essa dinâmica é tipicamente de animação. As dinâmicas de anima-
ção costumam ser usadas para iniciar uma jornada e criar um ambiente
alegre ou para amenizar um excessivo clima de concentração ou, ainda,
para reanimar a participação.
Foram-secriando outras dinâmicas nas oficinas de quadrinhos, volta-
das não apenas para o ânimo das pessoas como também para o próprio
191
objeto de trabalho. Dessa forma, na oficina mexicana, não se começou de
zero o estudo das expressões, como sempre havíamos feito, mas antes
introduzimos uma dinâmica com pura linguagem mímica: tratamos de
sentir e, principalmente, transmitir os estados de alegria, raiva, tristeza e
serenidade. Cada estado, um a um, foi representado por grupos de seis
pessoas e, depois, selecionamos os “atores” mais convincentes, atentando-
se ainda para os diversos matizes que se apresentavam dos estados. Forma-
dos os grupos, conversávamos sobre o que se sentia em cada estado, como
se registrava muscularmente e as imagens mentais que o acompanhavam.
O passo seguinte era uma encenação do conjunto, para ver no que dava,
como se relacionavam os grupos: vieram primeiro os tristes e depois os
enraivecidos, que não se comoviam diante do drama dos primeiros, alguns
dos quais abatiam-se ainda mais ou começavam a ficar irados. Nesse
momento, entravam os serenos, que impunham a concórdia, acalmando
uns e outros. Mas então chegavam os alegres e ocorria a desordem total
pois, exagerando seu papel, transformavam-se em brincalhões, pondo a
perder o trabalho dos serenos (que, em sua maioria, perdiam a calma,
irritando-se ou entristecendo-se ou misturando-se com os brincalhões) e
instaurando o caos. À dinâmica deu um resultado muito interessante e
motivador para a segunda etapa: desenhar as expressões, de acordo com
aquilo que se havia sentido, e desenvolver segiiências, a partir do ocorrido.
Noutros casos, utilizaram-se dinâmicas já existentes e que foram
adaptadas aos interesses da oficina de quadrinhos. Assim foi com a dinã-
mica da identidade e dos animais, na III Oficina Nacional peruana. Cada
participante mencionava o animal que gostaria de ser e por quê. O jogo faz
com que as projeções se realizem sem inibições. Cada pessoa fala das
qualidades que admira no animal escolhido e que considera, ou gostaria de
possuir. Em seguida, desenhava-se uma sequência tendo esse animal como
personagem e com desenvolvimento livre. Vinha depois a análise coletiva
das formas e conteúdos dessas histórias em quadrinhos.
Detivemo-nos nas dinâmicas porque marcaram um novo tipo derela-
cionamento entre os integrantes da oficina e, em algumas ocasiões, deram
origem a novas formas de abordagem da linguagem dos quadrinhos.
192
4. A FORMAÇÃO DE PROMOTORES
5. O MOVIMENTO E O SONHO
193
Nos primeiros dias de 1986, deu-se um passo importante. Graças ao
apoio do Escritório Regional de Comunicação da UNESCO,realizou-se o
I Encontro Peruano de Quadrinhos Populares. Durante três dias, os cartu-
nistas avaliaram seus problemas e aprovaram várias propostas de ação. A
principal delas, por unanimidade: organizar o movimento nacional, como
passo prévio para a constituição do movimento em âmbito latino-america-
no. Outra das decisões foi publicar um boletim informativo que servisse de
vínculo entre os cartunistas e que, além das tarefas de difusão, aprofundas-
se o conhecimento da linguagem dos quadrinhos e do método para seu
ensino.
O projeto dos quadrinhos populares iniciou, assim, uma nova etapa.
Osprimeiros dez anos foram de “semeadura”, de formação de oficinas na
América Latina e na Espanha. Atualmente, trata-se de relacionar essas
oficinas e outras que também estão surgindo em outras áreas.
Nosso projeto parte dos quadrinhos, mas aponta para mais adiante.
Partimos da história em quadrinhos por vocação, porque é o melhor meio
de nos expressarmos. Logo descobrimos que sua linguagem, composta por
imagens desenhadas e palavras escritas, tem um lugar privilegiado onde
parecem entrecruzar-se outros meios, dos quais os quadrinhos tomam
emprestado e aos quais reverte. Por isso, não estranha encontrar, cada dia
mais, os cartazes das ruas, os anúncios nos jornais, o cinema e outros
meios visuais recorrendo a elementos próprios dos quadrinhos para comu-
nicar suas mensagens. Isso ocorre porque trata-se de convenções suma-
mente expressivas e porque fazem parte de uma linguagem que todos
entendem. Com as oficinas de quadrinhos, queremos que as pessoas não só
entendam essa linguagem, como também que a manejem, que aprendam a
lê-la de modo crítico e a usá-la para comunicar suas próprias histórias.
Podemos afirmar, baseados nas citadas experiências, que a lingua-
gem da história em quadrinhos é um excelente ponto de partida para
organizar um programa de “alfabetização visual”. Esta denominação pode
ser polêmica. Querdizer que existem analfabetos visuais? É sabido que há
analfabetos que não sabem ler nem escrever; mas, aqui mesmo, não se está
dizendo que as pessoas entendem (“lêem”) a linguagem das imagens?
Naresposta a estas questões está presente o desafio que temosdiante
de nós, nosso sonho. Grosso modo, as pessoas entendem a linguagem das
imagens, sabem “lê-las”, mas não o fazem, não as criam. Se nos limitar-
mos ao desenho, a maioria das pessoas não o utiliza para se expressar.
Nosso desafio é trabalhar para que as pessoas dêem um salto qualitativo:
que os consumidores se transformem em produtores. Esta segunda catego-
ria não descarta a primeira, mas, em troca, o simples fato de consumir não
194
pressupõe que se chegue à produção criativa. Trata-se de passar de um
papel fundamentalmente passivo para o desempenho de um papel ativo, de
ser objeto a sersujeito, criador de imagens... e da história. Se falarmos de
quadrinhos populares, é evidente que nos movemos no quadro da educa-
ção libertadora, de um processo de transformação social em que o povo
seja cada vez mais dono de seu próprio destino. Estas palavras correspon-
dem mais a nosso sonho,o projeto de fundo. É preciso voltar ao movimen-
to, pois um e outro se alimentam mutuamente.
Em junhoe julho de 1986,participei de várias oficinas de quadrinhos
na República Federal da Alemanha e na Espanha. Um dos temas com mais
fregiência proposto foi o do sentido dos quadrinhos populares na Europa.
Vimos queeles se desenvolveram principalmente na América Latina, mas
que sua vocação é universal. Trata-se de quadrinhos que expressam o
pensamento e as vivências do povo que os cria, suas lutas e sua imagina-
ção mais livre, sua vida. Nesse sentido, cremos que o movimento dos
quadrinhos populares pode converter-se também em um espaço de integra-
ção dos povos, em que saibamosuns dos outros através de nossas próprias
expressões.
Em sua nova etapa, o projeto dos quadrinhos populares tem interes-
santes tarefas: dirigido à organização do movimento, alentando o inter-
câmbioe a integração entre os povos, deve atentar também paraa investi-
gação da linguagem da imagem, de sua relação com outros mecanismos de
percepção do ser humanoe trabalhar estes conhecimentos na perspectiva
da educação popular.
195
EPÍLOGO
196
Luis Santín. Il Oficina Nacional de Quadrinhos Populares, organizada pela TAREA (Lima,
1983).
197
K:Epo
tá
198
Sequência sobre o enquadramento, por Heriberto Valdés. 1 Oficina Centro-americana de
Quadrinhos Populares, organizada pelo ALFORJA (San José, 1982).
Y
ES
Segiiência sobre metáforas visuais, por Jaime Luna. Il Oficina Nacional de Quadrinhos
Populares, organizada pelo TAREA (Lima, 1981).
199
POR QUE NÃO
CONSIGO PENSAR
Segiiência sobre ângulos de visão, por Alfredo Dominguez. Oficina Regional de Quadrinhos,
organizada pelo CIDHAL (México, 1982).
200
José Morales. Oficina Regional de Quadrinhos, organizada pela Escola de Verão de Estre-
madura (Jaraiz de la Vera, 1981).
201
VAMOSELEcER O vizamo |/ nnua.| | NESSA NOITE EM CASAA
COMO DIR+- HE eva, MAVIZI MUÚER
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SOLIDÁRIO E CON- ROO BURT ||COMPRE- É HORAS.
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SOS PROBLEMAS
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202
ZEEBO EFE GOMEZ 48 DE AGOSTO DE 1984.
QUEM AEREDITA
EM PAZ NESTES
203
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criando Cardozo, animador de educação popular. | Oficina Colombiana de Quadrinhos
Populares, organizada pelo CINEP (Bogotá, 1984).
204
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UMA ONOMATOPÉIA)
NA CLANDESTI -
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Colombia.
205
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OUTRO MACHISTA
EM CRISE,
206
A BETERRABA
(Beta Volgaris )
207
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E
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208
Edilberto Rojas, estudante universitário colombiano. Publicado em El Mosquito, boletim
informativo dos quadrinhos populares peruanos(Lima, 1986). (Os primeiros conquistadores
espanhóis chamavam de muiscas ao povo chibcha, que habitava a atual Colômbia. N.T.)
209
BIBLIOGRAFIA
210
CONHECER NOSSO TEMPO(nº 4). As histórias em quadrinhos: uma nova
forma de comunicação, São Paulo, Abril S. A. Cultural e Industrial,
1973.
SUCESO. Suplemento dominical do jornal Correo. “Edición especial sobre
el 9º arte; la historieta” (diversos autores). Lima, 22 fev. 1976.
Sobre educação
211
CUADERNOS SINDICALES(nº 6). La clase trabajadora y la prensa. Lima,
Cuadernos Sindicales,jan. 1976.
REVOLUCIÓN Y CULTURA(nº 24). Teatro Escambray:cinco ahios de
experiencia sin experiencia previa. Havana, Consejo General de Cul-
tura, ago. 1974.
TEXTUAL (nº9). Número dedicado a Augusto Salazar Bondy. Lima, Revista
del Instituto Nacional de Cultura, dez. 1974.
212
ÍNDICE
Prefácio
Introdução ....
H - OS PERSONAGENS 21
- Construção da cabeça .. 22
As expressões de ânimofaciais . 25
Expressões básicas 25
Expressões derivadas 28
Intensidade da expressão . 30
Sinais gráficos que enfatizam a expressão .. 31
Movimento da cabeça................. 35
Movimentoslaterais da cabeça . 35
A cabeça conforme o ângulo devisão..............seetereeeeseneeres 37
Breveaventura pelos caminhos do desenho naturalista 40
A figura humana, realidade e proporções... 42
Construção do corpo...... 45
O plano 45
Movimento do corpo .... 48
À expressão corporal 53
Expressões básicas 53
Sinais e expressões.............. 57
Psicologia do personagem ... 59
Duas propostas 59
O tipo e a história do personagem . 59
As proporções da imaginação 63
Formasantigas e formas novas. 63
Rabiscos e manchas 65
213
Natureza da linguagem dos quadrinhos:tinta sobre papel ......... 67
IV - A MONTAGEM 169
1. Recursospara ligar as vinhetas... 170
2. Estruturas especiais de montagem... 173
3. Estruturas temporais de montagem .... 175
4. Estruturaspsicológicas de montagem 176
Epílogo 196
Bibliografia 210
214
ÍColeção CONTATO IMEDIATO
MARKETING
Francisco Gracioso
PRODUÇÃO GRÁFICA
Mário Carramillo Neto
MÍDIA
Mizuho Tahara
PLANEJAMENTO DE PROPAGANDA
Roberto Corrêa
CRIAÇÃO DE PROPAGANDA
Julieta de Godoy Ladeira
PROPAGANDA
Ricardo Ramos
PESQUISA DE PROPAGANDA
Sérgio P. de Queiroz Cotrim
OPINIÃO PÚBLICA
Tupã Gomes Corrêa
ATENDIMENTO DE PROPAGANDA(Prelo)
Eloy Simões
EMBALAGENS(Prelo)
Dalva S. Bolognini e Nelson D. Bavaresco
N J
Contato Imediato
COMO FAZER
HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS
“y
global editora