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Romance

8º ano

Profª.: Verônica Cabral


Romance – senso comum: uma experiência amorosa.

Romance – literatura: escrita mais popular do Ocidente desde o


século XIX. Narrativa em prosa.

Os romances eram publicados como folhetins: um capítulo por


vez, em espaços dedicados a eles nos jornais. Isso colaborou
para a popularização desse tipo de história ficcional, já que eram
veiculados em meios de comunicação de grande circulação e
deixavam os leitores ávidos por dar continuidade à narrativa –
algo semelhante aos seriados e novelas televisivos dos dias de
hoje.
Embora a palavra “romance” seja muitas vezes utilizada para designar uma
experiência de cunho amoroso, quando se trata de literatura, sua definição é outra. O
romance é a forma literária mais popular do Ocidente, desde o século XIX.
Histórias famosas da literatura clássica, como Dom Casmurro ou Guerra e paz, até
best-sellers contemporâneos, como A culpa é das estrelas foram escritas na forma do
romance – e não necessariamente envolvem pares amorosos. Mas afinal, o que
significa o termo “romance” para a literatura?
A forma literária do romance apresenta, de maneira ficcional, a experiência social da
modernidade, uma representação mais próxima da experiência individual, que possui
um contexto temporal e espacial.
Antes de serem vendidos e editados em forma de livro, tal como os conhecemos
agora, os romances eram publicados como folhetins: um capítulo por vez, em espaços
dedicados a eles nos jornais. Isso colaborou para a popularização desse tipo de
história ficcional, já que eram veiculados em meios de comunicação de grande
circulação e deixavam os leitores ávidos por dar continuidade à narrativa – algo
semelhante aos seriados e novelas televisivos dos dias de hoje.

https://www.portugues.com.br/literatura/romance.html
Características do romance

Narrativa longa, escrita em prosa, geralmente dividida em capítulos.

Ambientação temporal: a narrativa deve acontecer em determinado tempo, que pode ser linear ou não
linear, objetivo ou subjetivo.

Ambientação espacial: além do tempo, o romance é ambientado em determinado espaço, onde as ações
acontecem.

Enredo ou trama: o romance conta uma história, que é apresentada a partir de um encadeamento de
eventos – é o enredo. Muitas vezes, a história contada não é o principal componente do romance, mas
sim a maneira como essa história é contada.

Presença de personagens, que podem ser planas ou complexas, protagonistas, antagonistas, em número
variável, mas que se relacionam a partir da trama principal.

Gênero em constante mutação: o romance não é uma forma acabada, mas está continuamente se
transformando, assim como a humanidade. É um gênero aberto aos mais variados experimentalismos,
buscando novas formas de captar a atenção do leitor.
Romances de acordo com a escola literária:

Romance Romântico – Destacam-se os ideais cavalheirescos, a idealização da mulher e


o heroísmo. Exemplos: A Moreninha – Joaquim Manuel de Macedo, Senhora – José de
Alencar.

Romance Realista – Os temas são influenciados pelo cientificismo da época, sendo


carregado de críticas sociais. Exemplos: Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado
de Assis, Dom Casmurro – Machado de Assis.

Romance Naturalista – Possui basicamente as mesmas características das narrativas


realistas e foram produzidos no mesmo período. Exemplos: O Cortiço – Aluízio Azevedo,
O Ateneu – Raul Pompéia.

Romance Modernista – É caracterizado pelo caráter revolucionário, trazendo consigo


fortes críticas sociais e novas visões do mundo. Exemplos: Vidas Secas – Graciliano
Ramos, O Quinze – Rachel de Queiroz.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.

Desde o momento da sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro;


foi proclamada a rainha dos salões.

Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos


noivos em disponibilidade.

Era rica e formosa.

Duas opulências, que se realçam com flor em vaso de alabastro;


dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do
diamante.

Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o


firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de
repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?
(Senhora – José de Alencar)
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida.
Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele
lance consternou a todos. Muitos homens choravam
também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva,
parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria
arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu
olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão
apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem
algumas lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu
enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que
estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis
levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também.
Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o
defuncto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras
desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora,
como se quisesse tragar também o nadador da manhã.
“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo,
não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas
alinhadas. /.../
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente;
uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns,
após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do
fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O
chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as
saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a
tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam,
suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os
homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo,
ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e
esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e
fungando contra as palmas da mão.

O Cortiço – Aluízio Azevedo


Chico Bento bateu à porta, enquanto Cordulina se sentava no chão,
na beirada do alpendre. Lá dentro, uma voz de mulher disse baixinho:
–Abre não, menina, é retirante… É melhor fingir que não ouve…
Chico Bento escutou; e em sua voz lenta explicou, dolorida:
–Não vim pedir esmola, dona; eu careço é de ver o delegado daqui…
Um homem de cachimbo no queixo mostrou a cara na meia porta:
–Está falando com ele. O que é?
Chico Bento ficou um instante encarando o homem, reconhecendo-o.
Mas o delegado, impaciente, repetiu a pergunta:
–O que é que você queria?
–Eu vim falar ao senhor mode um filho meu, que desde ontem tomou
sumiço. Nós ficamos na estrada, eu assim, variando, muito fraco… e
ele veio até aqui. Quando de manhã cacei o menino, não teve quem
desse notícia.
–E como ele é? –Assim comprido, magrinho, a cara chupada… está
dentro dos doze anos […] –Não tenho jeito a dar não, meu amigo… O
menino, naturalmente, foi embora com alguém… Um rapazinho,
assim sozinho, muito gente quer.
Cordulina ouvia confusamente o que diziam, e chorava baixinho.
Desanimado, Chico Bento sentou-se na mesma beirada de tijolo,
junto à mulher.
O Quinze – Rachel de Queiroz
Tipos e exemplos de romance

Romance histórico: é aquele em que as ações são ambientadas em dado período ou


evento histórico. Estão ausentes as análises psicológicas aprofundadas ou críticas
sociais. Exemplo: As Minas de Prata, de José de Alencar .

Romance regional: têm o componente do espaço intensamente caracterizado.


Geralmente, trata-se de um espaço rural, ou distante dos grandes centros urbanos,
cujos costumes e cultura são representadas em primeiro plano, representando a “cor
local” desses espaços. Exemplo: O Gaúcho, de José de Alencar.

Romance de formação: narra uma história de crescimento e amadurecimento de um


protagonista, ilustrando as dificuldades e percalços durante o longo caminho de
formação moral, física e psicológica de um ser humano. Exemplo: O Ateneu, de Raul
Pompeia.
Romance de ação: possui uma trama complexa e a história é centrada nos
desdobramentos da ação do protagonista. Os acontecimentos se sucedem uns aos
outros, frequentemente repletos de surpresas e derivações da trama principal. Os
chamados romances policiais encaixam-se nesta categoria, com a especificidade de
localizarem a ação em torno de investigações criminais. Exemplo: O Guarani, de José
de Alencar.

Romance picaresco: protagonizada por um pícaro, isto é, uma personagem de origem


humilde, sem trabalho ou profissão fixa, que vive das mais diversas ocupações para
garantir sua sobrevivência, muitas vezes envolvendo-se em atividades escusas ou
ilícitas. O pícaro é um anti-herói, e antes de tudo um ingênuo que aprende a
malandragem e a picaretagem a partir do embate direto com a realidade circundante. A
narrativa se constrói a partir de vários episódios vivenciados pelo protagonista, com a
característica de possuir um tom bem-humorado. Exemplo: Memórias de um sargento
de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
Romance autorreflexivo: também chamado de metaficcional, caracteriza-se
por inserir no texto colocações que dizem respeito ao próprio ato de
escrevê-lo. Há uma presença ativa do leitor na construção textual e uma
exposição das estruturas que compõem a narrativa. Exemplo: Memórias
póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (romance com
características autorreflexivas).

Romance psicológico: centrado na consciência individual das personagens.


Em lugar de um narrador externo e onisciente, desenvolve-se a história a
partir do olhar e da interioridade de uma (ou mais) personagem. Exemplo:
Angústia, de Graciliano Ramos.

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TEXTO 1

O menino, como já dissemos, estremecera de prazer ao ver aproximar-se a


procissão. Desceu sorrateiramente a soleira, e sem ser visto pelo padrinho colocou-se
unido à parede entre as duas portas da loja, levantando-se na ponta dos pés para ver
mais a seu gosto.
Vinha aproximando-se o acompanhamento, e o menino palpitava de prazer. Chegou
mesmo defronte da porta; teve ele então um pensamento que o fez estremecer; tornou-
se a lembrar das palavras do padrinho: “farte-se de travessuras”; espiou para dentro da
loja, viu-o entretido, deu um salto do lugar onde estava, misturou-se com a multidão, e lá
foi concorrendo com suas gargalhadas e seus gritos para aumentar a vozeria. Era um
prazer febril que ele sentia; esqueceu-se de tudo, pulou, saltou, gritou, rezou, cantou, e
só não fez daquilo o que não estava em suas forças. Fez camaradagem com dois outros
meninos do seu tamanho que também iam no rancho, e quando deu acordo de si estava
de volta com a via-sacra na igreja do Bom Jesus.
(Memórias de um sargento de milícias)
1. O trecho de “Memórias de um sargento de milícias”
exemplifica um romance picaresco. Pode-se dizer que
o protagonista no trecho representa o anti-herói?
Por quê?

2. Retire do trecho um exemplo de ação inadequada


feita pelo menino Leonardo.
TEXTO 2

O amanhecer a região litoral da província, desde Alagoas até Paraíba, estava


separada do sertão por cordão sanitário, formado pelas milícias volantes dos diferentes
distritos rurais. Todas as matas compreendidas na zona que fica entre a costa e o
sertão, foram batidas ao mesmo tempo.
Os piquetes que penetraram nas de Serinhaém, Água Preta, Muribeca, Merueira, S.
Lourenço, Catucá, Iguaraçu, Goiana, Pau-d’Alho, Limoeiro, recolheram-se mais tarde
às respectivas sedes, depois de terem realizado importantes capturas.
Assassinos de profissão e de fama, que, protegidos pelas trevas da noite e pelas
sombras das selvas virgens, tinham horrorizado durante muitos anos as povoações
pacíficas, apareceram à luz do dia, trazendo nos pulsos cordas e algemas que bem
denotavam que a justiça dos homens, reflexo ainda que pálido da justiça de Deus, cedo
ou tarde restaura os seus foros e faz-se respeitar como uma fatalidade
reparadora.

(O Cabeleira)
3. O texto 2 pode ser classificado
como romance regionalista?
Justifique.

4. Qual a ideia do último parágrafo?

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