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Romance

Romance - definição

Romance é um gênero textual que consiste em uma narrativa longa, escrita em


prosa. Seu surgimento e popularidade remete ao século XVIII, quando ele tomou
o lugar das epopeias (longas narrativas em verso).

Por tratar-se de uma narrativa, o romance possui uma ação, lugar onde ela
ocorre, tempo em que ela acontece, personagens que a realizam, uma trama e
um ponto de vista, isto é, a perspectiva do narrador.
Romance - definição

As características que compõem o gênero literário o tornam uma narrativa fluida,


organizada e harmônica. O romance combina variados estilos para criar uma
história linear e profunda.

Por meio disso, suas características serão fundamentais para a delimitação


deste gênero. De forma resumida, o romance abrangeria os seguintes aspectos
em sua composição:
Romance - características

● Estilística caracterizada por diferentes gêneros literários;


● Oralidade tradicional cotidiana;
● Apropriação de variados gêneros narrativos;
● Variação literária;
● Aprofundamento do ambiente como espaço presente na obra;
● Diálogos e discursos individualizados e próprios.
Romance - tipos

● Romance monofônico

O foco narrativo está sobre uma personagem, o protagonista:

“Aos dias difíceis, que tenho passado no correr dos tempos, sempre se
sucederam dias repousantes, sem problemas, durante os quais todos os
fantasmas se desvanecem e os velhos temas torturantes deixam a tona
da consciência, [...].”

O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos.


Romance - tipos

● Romance polifônico

O foco narrativo está sobre várias personagens. Um exemplo é o romance Crônica


da casa assassinada, de Lúcio Cardoso (1912-1968), que concede o protagonismo
a várias personagens, como é possível verificar, por exemplo, nos primeiros cinco
capítulos da obra:

1. Diário de André (conclusão).


2. Primeira carta de Nina a Valdo Menezes.
3. Primeira narrativa do farmacêutico.
4. Diário de Betty (I).
5. Primeira narrativa do médico.
Romance - tipos
● Romance fechado

O narrador fornece todas as informações, não deixa espaço (abertura) para a imaginação dos
leitores:

“E só me resta chegar rapidamente ao desenlace desta narração singular com a qual


tratei de conseguir que o leitor compartilhasse os medos escuros e as vagas conjecturas
que ensombreceram, durante tantas semanas, nossas vidas e que concluíram de maneira
tão trágica. Na manhã seguinte se levantou a névoa e a senhora Stapleton nos levou até o
lugar onde ela e seu esposo tinham encontrado um caminho praticável para penetrar no
pântano. [...]. Holmes afundou-se até a cintura ao sair do caminho para pegá-lo [um
objeto escuro], e se não estivéssemos ali para ajudá-lo, nunca voltaria a colocar o pé em
terra firme. O que levantou no ar foi uma bota velha de cor preta. “[...]” estava impresso no
interior do couro.|1|”

O cão dos Baskerville, de Arthur Conan Doyle.


Romance - tipos

● Romance aberto

Nem tudo é expresso, o narrador deixa lacunas a serem preenchidas pelos


leitores. Como, a misteriosa acusação que sofre Josef K., personagem do
romance O processo, de Franz Kafka (1883-1924):

“Alguém devia ter caluniado Josef K., pois, sem que tivesse feito mal
algum, ele foi detido certa manhã. A cozinheira da senhora Grubach, sua
senhoria, que lhe trazia o café da manhã todos os dias bem cedo, por volta
das oito horas, desta vez não aparecera.|2|”
Romance - tipos

● Romance linear ou progressivo

Os acontecimentos que formam o enredo são mais importantes do que a reflexão:

“O senhor Sherlock Holmes, que sempre se levantava muito tarde, exceto nas
ocasiões nada raras em que não dormia por toda a noite, estava tomando o
café. Eu, que me achava de pé perto da chaminé, agachei-me para pegar a
bengala esquecida por nosso visitante da noite anterior. [...]. Era exatamente a
classe de bengala que costumavam levar os antigos médicos de cabeceira:
digna, sólida e que inspirava confiança.

— Vejamos, Watson, a que conclusões chega?”|1|

O cão dos Baskerville, de Arthur Conan Doyle.


Romance - tipos
● Romance vertical ou analítico

A ação é auxiliar, no contexto geral da obra, pois o principal objetivo é refletir sobre o impacto dessa
ação nas personagens:

“Quaresma viveu lá, no manicômio, resignadamente, conversando com os seus companheiros,


onde via ricos que se diziam pobres, pobres que se queriam ricos, sábios a maldizer da
sabedoria, ignorantes a se proclamarem sábios; [...].

Saiu o major mais triste ainda do que vivera toda a vida. De todas as coisas tristes de ver, no
mundo, a mais triste é a loucura; é a mais depressora e pungente.

Aquela continuação da nossa vida tal e qual, com um desarranjo imperceptível, mas profundo e
quase sempre insondável, que a inutiliza inteiramente, faz pensar em alguma coisa mais forte
que nós, que nos guia, que nos impele e em cujas mãos somos simples joguetes.”

Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.


Romance - tipos
● Romance psicológico

Está centrado no funcionamento da mente humana, nos pensamentos do narrador ou das


personagens, na forma como eles entendem o mundo exterior. É caracterizado, portanto, pela
análise psicológica e pelos fluxos de consciência. Assim, ao contrário do romance vertical ou
analítico, ele não está condicionado à ação, pois a reflexão, a análise está voltada para o mundo
íntimo, os sentimentos e memórias do narrador ou personagens:

“[...], primeiro porque travava conhecimento com a cunhada (e quem sabe por que meios,
por que secretas afinidades conseguiria transformá-la numa aliada?), segundo porque, no
íntimo, devia tramar alguma coisa contra os irmãos. Ah, essa raça de Meneses era bem
minha conhecida. No entanto, de pé, procurava em vão imaginar por que aquela visita lhe
causava um tão extraordinário prazer. Que secreta partida jogava ele, [...]?”

Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso.


Elementos da narrativa

- Foco narrativo (1º e 3º pessoa);

- Personagens (protagonista, antagonista e coadjuvante);

- Narrador

(narrador personagem, narrador observador, narrador onisciente);

- Tempo (cronológico e psicológico);

- Espaço.

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