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Resumo: romances de amor podem ser definidos como uma literatura que possui sua
narrativa centrada na história de amor romântico entre um casal, em sua maioria
heterossexual, que se apaixona perdidamente, enfrentam obstáculos para viverem o seu
amor, passam por reviravoltas e, ao término, superam as adversidades e conseguem o
seu final feliz, muitas vezes, concretizado num enlace matrimonial, encerrando a
história numa clara alusão aos contos de fadas. Um modelo literário reproduzido em
larga escala por grupos editoriais nacionais e internacionais, em diferentes momentos do
mercado editorial brasileiro. Também chamados de romances sentimentais, do coração,
cor de rosa, água com açúcar, de mulherzinha e femininos, desde a sua origem essa
literatura percorreu diferentes caminhos até chegar aos dias atuais. Sua forma e
conteúdo sofreram mudanças, por vezes, condicionadas ao momento e ao lugar de sua
produção e circulação, mas, em essência, permaneceram como narrativas sobre histórias
de amor romântico, sendo escritas e lidas, majoritariamente, por mulheres. Este artigo
tem por objetivo compreender alguns aspectos do cenário de transformações que
caracteriza a escrita de romances de amor na contemporaneidade, a partir de entrevistas
com autoras brasileiras que publicam no segmento. Entende-se essas transformações
como novos caminhos que se fixam na produção dessa literatura, protagonizado pelas
autoras.
Abstract: Love novels can be defined as a literature that has its narrative centered on
the romantic love story between a couple, mostly heterosexual, who fall madly in love,
face obstacles to live their love, go through twists and, in the end, overcome adversities
and achieve their happy ending, often materialized in a marriage bond, ending the story
in a clear allusion to fairy tales. A literary model reproduced on a large scale by national
and international publishing groups, at different times in the Brazilian publishing
market. Also called sentimental, heart, rose, water with sugar, little woman and
feminine novels, since its origin this literature has traveled different paths until reaching
the present day. Their form and content underwent changes, sometimes conditioned to
the time and place of their production and circulation, but, in essence, they remained
narratives about romantic love stories, being written and read, mostly, by women. This
article aims to understand some aspects of the scenario of transformations that
characterize the writing of love novels in the contemporary world, based on interviews
with Brazilian authors who publish in the segment. These transformations are
understood as new paths that are established in the production of this literature, carried
out by the authors.
3
VASCONCELOS, Sandra Guardini Teixeira. A formação do romance inglês: ensaios teóricos. São
Paulo: Fapesp, 2007, p. 105.
4
A origem do romance é imprecisa. Não é possível afirmar com exatidão o momento e o lugar de seu
aparecimento. Desde a antiguidade clássica, há indícios da existência de gêneros, que acabaram por
compor o romance, certamente, em outros formatos e com outras denominações. Os estudos do teórico
russo Mikhail Bakhtin apontam a Grécia Antiga como local de nascimento do romance ocidental. Os
gêneros precursores foram, segundo o teórico, o romance clássico, o romance de aventuras e de costumes
e o romance biográfico. Na Idade Média, houve o romance de cavalaria, que manteve, em sua forma,
elementos da antiguidade, como a aventura, mas apresentando mudanças. O romance europeu ocidental
moderno, portanto, seria fruto da antiguidade e do medievo. Seu formato, tal qual se concebe hoje, passou
a chamar a atenção do mundo letrado, na Inglaterra do século XVIII; mas, apesar das vertentes inglesas,
desenvolveu-se em diferentes regiões da Europa. Em termos de expressividade, foi na Inglaterra e na
França que o gênero teve maior potência. Em cada país, passou a dominar as penas dos escritores.
Somente no final do século XVIII, fixaram-se os termos novel, em língua inglesa, e roman, na francesa,
para denominar o novo gênero. Estabelecer um único termo que designasse a prosa de ficção da época era
complexo e discordante, pois englobava contos, novelas, história, diários, biografia, memória, etc. Para
um aprofundamento sobre a questão consultar: BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e estética (a
teoria do romance). São Paulo: Hucitec, Editora da Unesp, 1993.
5
De acordo com Ian Watt as características são: verossimilhança - a literatura passa a imitar a realidade,
cria uma correspondência, em que todo tipo de experiência humana é retratada na ficção, o que se lê é o
que se vive; identificação - o romance passou a nomear e identificar suas personagens dando-lhes
personificação; particularização - aborda-se o universo particular, nãos mais um cenário amplo, genérico
e casual, é retratado o local e o específico, compreendendo a experiência humana como única e não mais
geral ou universal. Essa ideia, inclusive, aproxima-se da perspectiva do método de Descartes, a unidade,
conforme indica Ian Watt; tempo e espaço - situam-se as personagens no tempo e num espaço, há também
uma periodização das histórias e o interesse pelo desenvolvimento das personagens, no curso do tempo,
narrando sua vida e consciência em um fluxo contínuo, o tempo é ainda quantificado e marcado pelas
ações das personagens; linguagem acessível - os romancistas primaram por uma escrita menos elaborada,
mais próxima da realidade dos falantes, impactando diretamente na facilidade de compreender a leitura. O
conjunto desses elementos, extraídos do campo filosófico, imprimiram a ideia de “realidade” ao novo
gênero literário que se estabelecia. WATT, Ian. A ascensão do romance: estudos sobre Defoe,
Richardson e Fielding. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
como sentimentais6. Nesse ponto, Rousseau inovou ao aperfeiçoar esse modelo de
narrativa, colocando os sentimentos humanos no centro do romance moderno. Apesar
de o século XVIII ter sido marcado como o século das luzes, por ser esse o momento
em que se primava pelo pensamento racional e científico, na esteira do que os
renascentistas começaram séculos antes, a exposição detalhada dos sentimentos, seu
caráter subjetivo e virtuoso, também se atrelou à razão. A emoção era vista como uma
das essências da experiência humana, logo, sua expressão, mesmo que demasiada,
caracterizava aspectos da racionalidade, assim como, as paixões e os desejos. Desse
modo, a mescla da razão com a emoção fez com que escritores, filósofos e romancistas,
naquele momento, rompendo com tradições literárias precedentes - como a poesia, o
teatro e a epopeia - elegessem o sentir como uma qualidade humana, explorando-o em
suas obras. No que se refere aos romances, aqueles que abordavam questões do coração,
como o amor – numa interpretação platônica considerado um dos sentimentos mais
nobres – tornaram-se um subgênero do romance, isto é, um segmento literário, no
interior do próprio romance, que retratava, primordialmente, as emoções e os enlaces do
coração.
9
KEHL, Maria Rita. Deslocamentos do feminino: a mulher freudiana na passagem para a modernidade.
São Paulo: Boitempo, 2016.
10
TSCHICHOLD, Jan. A forma do livro: ensaios sobre tipografia e estética do livro. Cotia, SP: Ateliê
Editorial, 2007.
do mercado editorial, constituindo-se numa parcela dentro da atividade econômica do
comércio de livros.
Ao longo do século XX, grande parte dos romances que entravam no Brasil,
principalmente os sentimentais, mantiveram-se como traduções de obras estrangeiras,
editadas em forma de coleções, popularizando-se no país e marcando gerações de
leitores13. Há ressalvas, é claro, quanto às especificidades do subgênero, sua circulação e
apropriação nos mais diferentes grupos, lugares, contextos e momentos pelos quais as
obras circularam, dentro da diversidade espacial e sociocultural do território nacional.
11
ABREU, Márcia. (org.). Romances em movimento: a circulação transatlântica dos impressos (1789-
1914). Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2016.
12
O desenvolvimento do periodismo é um importante elemento na disseminação dos romances no Brasil.
Jornais, revistas e panfletos circularam sobremaneira. Em 1838, com a obra Capitão Paulo, do autor
francês Alexandre Dumas, o romance-folhetim foi lançado no país. A partir daí, a fórmula francesa
“continua amanhã” não parou e fez fortuna por aqui. O Jornal do Comércio, o Gazeta das Notícias, A
Vida Fluminense e O Arlequim são alguns dos jornais da época que publicaram, em suas muitas edições,
romances-folhetins, em sua maioria, traduções de obras francesas e inglesas. Logo, escritores nacionais
aprenderam a fórmula e, seguindo as tendências literárias e jornalísticas da época, publicaram suas obras
a exemplo dos folhetins europeus. O precursor foi Joaquim Manuel de Macedo, que publicou, em 1844, A
Moreninha, considerado o primeiro romance-folhetim nacional. Esse novo formato tornou-se um
importante veículo para a difusão de autores nacionais, apesar de ser, em grande parte, traduções de obras
estrangeiras. O talento literário nacional baseou-se nesse modelo para começar a produzir suas obras.
Gonçalves Magalhães, Martins Pena, Aluísio de Azevedo e Machado de Assis são alguns exemplos de
escritores que usaram o folhetim, em especial o modelo francês, como trampolim para a futura publicação
de seus romances. Muitos outros autores, ainda desconhecidos do público leitor na época, ganharam a
vida apenas traduzindo folhetins do francês.
13
Foram editadas coleções que marcaram gerações, como a Biblioteca das Moças, lançada pela
Companhia Editora Nacional entre 1926-1960 e posteriormente entre 1983-1987; Biblioteca das
Senhorinhas da Editora Brasileira editada entre 1930-1940; Menina Moça da José Olympio Editora, que
circulou entre 1934-1960; as coleções Trevo, Carícia, Amor, Lírio e Celia lançadas pela editora Cedibra
entre 1960-1970; Romances Rebeca, publicada pela Edições de Ouro entre 1970-1980; Coleções Sabrina,
Julia e Bianca, editadas pela Nova Cultural entre 1977-2011; além de outras. M. Delly, Bertha Ruck,
Elinor Glyn, Concordia Merrel, Corin Tellado e Barbara Cartland foram algumas das autoras consagradas
dessas coleções, preferidas entre o público leitor dos respectivos períodos, seus enredos eram compostos
por histórias de amor romântico entre as personagens de forma açucarada, com cenários paradisíacos,
personagens atraentes e uma narrativa típica de um conto de fadas. Para um aprofundamento sobre a
produção e circulação desses romances no Brasil a partir do século XX, consultar: ANDRADE, Roberta
Manuela Barros de Andrade; SILVA, Erotilde Honório. et. al. Um século de Romances de Amor: a
trajetória da literatura sentimental no Brasil (1920-2020). Editora: Independently Published, 2020.
Com base nos estudos das sociólogas Roberta Manuela Barros de Andrade e
Erotilde Honório Silva, pode-se estabelecer três momentos para a circulação dos
romances sentimentais no território brasileiro durante o século XX. O primeiro
compreende o período entre 1920-60. Nele, é possível observar a penetração seguida do
alargamento da literatura sentimental no país, por meio das coleções lançadas por
editoras nacionais e internacionais. As coleções eram tendência do mercado editorial,
não só para os romances, mas também para outros gêneros literários, serviam como uma
forma de cativar e manter o público leitor de um segmento. As coleções se mantiveram
como um dos principais formatos para a edição de romances sentimentais. Os romances
desse período traziam histórias ambientadas em cenários paradisíacos, tendo, como
pano de fundo, a Europa oitocentista. O amor romântico era o tema central. Somavam-
se aos enredos os enlaces do coração entre o herói, nobre e rico, e a heroína, pobre,
virtuosa e sonhadora. A figura da mulher sempre submissa em relação à figura
masculina, buscando vencer as adversidades para se juntar ao seu amado. Ao fim das
narrativas, chega-se sempre ao matrimônio e, assim, ao final feliz. Em outras palavras,
era o clássico conto de fadas. A coleção Biblioteca das Moças, da Companhia Editora
Nacional, foi destaque desse período. Os romances de M. Delly, Elinor Glyn, Concordia
Merrel e Bertha Ruck fizeram sucesso e circularam entre as preferências literárias das
mulheres.
14
CUNHA, Maria Tereza Santos. Biblioteca das Moças: contos de fada ou contos de vida? Cad. Pesq.,
São Paulo, n.85, maio 1993, p.54-62.
em bancas de revista, em formato reduzido, com um menor custo em sua produção;
contribuindo, assim, para tornar o livro mais acessível às pessoas de menor poder
aquisitivo. Esse modelo vinha na trilha das fotonovelas da década anterior, 1950, uma
linha de publicações de novelas em quadrinhos que utilizavam fotografias como forma
de narrar; primariamente, extraídas da produção cinematográfica e acrescidas com
caixas de diálogo. Essas publicações foram importantes no prosseguimento e na
disseminação das narrativas sentimentais entre as leitoras brasileiras15. Grupos de
mulheres operárias passaram a ler romances sentimentais a partir desse momento,
quando tiveram acesso aos livros, pelo seu baixo preço e pela maior disponibilidade
deles em pontos de venda de comércio popular, como as bancas de revista e redes de
supermercado16. O tamanho pequeno dos livros contribuía para o seu fácil manuseio,
podia ser carregado na bolsa e lido a qualquer hora e em qualquer lugar. A editora
Cedibra teve papel central na publicação de romances de bolso nesse período. Filial
brasileira da editora espanhola Bruguera, a Cedibra lançou as coleções Trevo, Carícia,
Amor, Lírio e Celia, além de outras. Corin Tellado foi a autora destaque dessas
coleções. Devido ao seu sucesso editorial na Espanha, teve seus livros publicados em
vários países da América Latina. Com uma estrutura narrativa simples, de fácil
compreensão, com poucas páginas, um papel de menor qualidade, capas brilhantes e
com ilustrações chamativas, os romances de Corin Tellado caíram no gosto popular das
classes trabalhadoras, e a portabilidade dos livros facilitou, ainda mais, a leitura nos
intervalos do trabalho.
15
Revistas de fotonovelas circularam em grande quantidade e eram vendidas em redes de supermercado,
livrarias e bancas de jornal, e ficaram conhecidas como uma “imprensa popular feminina”. Dentre as
revistas que mais se destacaram, podem-se citar a Grande Hotel, da editora italiana Vechi, com
fotonovelas europeias; Capricho, da Editora Abril com publicações argentinas e, às vezes, nacionais; e a
revista Sétimo Céu, com histórias nacionais, publicadas pela editora Bloch. BUITONI, Dulcília
Schroeder. “Fotonovela: infelizmente ainda um quadrado amoroso”. In: AVERBUCK, Lígia (org.).
Literatura em tempo de cultura de massa. São Paulo: Nobel, 1984, p. 57-75.
16
BOSI, Ecléa. Cultura de Massa e Cultura Popular – leituras de operárias. Petrópolis, Vozes, 1986.
“virtude”, que passa a compreender qualidades do caráter de uma pessoa,
o que a distingue das demais17.
17
ANDRADE, Roberta. M. B; SILVA, Erotilde. “A vida em cor de rosa: o romance sentimental e a
ditadura militar no Brasil”. IN: Revista FAMECOS. Porto Alegre. v. 17 n. 12. p. 41-48, mai/ago., 2010.
Disponível em: < http://gg.gg/kq79k>. Acesso em: 20 jul. 2020.
18
A editora Harlequin Enterprises Limited, mais conhecida como Harlequin, foi fundada em 1949, em
Toronto, no Canadá, onde possuía sede. Entre os anos de 1981 e 2014, foi adquirida pela companhia
Torstar Corporation, uma grande editora de jornais no Canadá, que passou a operar com a Harlequin em
18 países, por meio de selos editoriais. Em 2015, a News Corp, um grupo de comunicação e mídia norte-
americano, comprou a empresa e fundou uma divisão denominada de HarperCollins Publishers, a segunda
maior editora de livros comerciais do mundo, mantendo, também, a presença em diversos países, por
meio de selos editoriais. No Brasil, os livros da editora Harlequin foram publicados em dois momentos: o
primeiro sob o selo da Harlequin-Sillouette em parceria com a editora paulistana Nova Cultural, que
vigorou entre os anos de 1977 a 2005. O segundo, a partir de 2005, quando a Harlequin passou a publicar
os seus livros no Brasil em parceria com a editora carioca Record. Em 2015, essa parceria foi encerrada.
Atualmente, a HarperCollins Publishers e a editora paulistana Ediouro Publicações constituíram uma
joint venture, termo em inglês que significa “associação de empresas”. Ambas se associaram e fundaram
a HarperCollins Brasil ou, usando seu nome fantasia, Harlequin Brasil. A empresa passou, então, a fazer
parte de um dos "braços" das duas editoras, atuando de forma independente no país.
19
ANDRADE, Roberta. M. B; SILVA, Erotilde. Os romances sentimentais e a revolução digital: os
processos de criação dos projetos de democratização da leitura nos livros do coração. Revista de Estudos
da Comunicação. Curitiba, v. 16, n. 41 set/dez, 2015, p. 345-361. Disponível em: <http://gg.gg/krc2b>.
Acesso em: 21 jul., 2020.
visava atender aos gostos literários das leitoras, segmentando as coleções de acordo com
os variados interesses. Surgiram as séries Julia Picante, Sabrina Sonhos, Bianca
Destinos, Momentos Íntimos e Clássicos Históricos. O sucesso de público e venda
permaneceu ao longo da década de 1990.
As coleções ficaram conhecidas como romances água com açúcar, cor de rosa,
do coração, de mulherzinha, por apresentarem narrativas simples, uma linguagem
acessível, capas coloridas, poucas páginas e histórias de amor romântico, sempre com
finais felizes, aos moldes das narrativas sentimentais anteriores. As personagens
femininas começam a aparecer inseridas no mercado de trabalho, exercem as profissões
de secretária, professora, assistente. A mulher passa a se relacionar com os homens não
apenas pelo ideal do amor romântico, mas também pela busca do prazer sexual. Os
cenários onde as histórias se passam já não são apenas castelos e lugares campesinos,
mas também, centros urbanos, nos Estados Unidos principalmente, pois grande parte
das autoras desse período são norte-americanas. O herói da história, a figura masculina,
ainda é representado como forte, protetor e de melhor posição social, porém não mais
20
IZIQUE, Naiara; CURCINO, Luzmara. Romances Populares de Ontem e Hoje: uma análise discursiva
de livros da coleção “Julia”, “Sabrina” e “Bianca”. Revista Linguasagem, São Carlos, v.32, Número
temático. Discursos sobre leitores e leitura: suas representações simbólicas como tema de pesquisa. dez.
2019, p. 119-131. Disponível em: <http://gg.gg/wy0g9 >. Acesso em: 19 nov., 2021.
nobre e aristocrático. A partir de então, ele é apresentado nas narrativas exercendo uma
profissão, como empresário, diretor, professor, advogado e médico. Simone Meirelles
acrescenta “são histórias contemporâneas, com uma diferença principal: a atração física
e a sensibilidade são molas mestras das ações das personagens. Encontros sexuais são
descritos em detalhes e um clima erótico permeia todo o texto, são romances modernos”
.
21
Para além do cenário dos romances sentimentais no Brasil, não se pode deixar de
considerar o surgimento do romance chick lit22, nos Estados Unidos, na década de 1990,
designação consagrada com a publicação da obra Bridget Jones´s Diary, da escritora
britânica Helen Fielding em 1996. A obra foi classificada como fundadora do chick lit e,
a partir de então, surgiu um conjunto de obras sobre mulheres, escritas, sobretudo, por
autoras britânicas e americanas, mas também por autoras de outros países. A
personagem Bridget Jones causou impacto no mundo inteiro e desencadeou uma onda
de produção ficcional que procurou reproduzir as mesmas características dessa
narrativa. Na esteira desse sucesso, outro lançamento literário consagrou-se como
referência de chick lit. Em 1997, a autora americana Candace Bushnell publicou Sex
and the City. O livro trouxe o que era mais apreciado no chick lit. Esses dois romances
21
MEIRELLES, SIMONE. Das Bancas ao Coração: Romances sentimentais e leitura hoje. Curitiba.
Dissertação (Mestrado em Letras) UFP, 2002, p. 49.
22
Em 1988, nos Estados Unidos, foi publicado o livro de antologias Chick-Lit: Postfeminist Fiction, dos
críticos literários Cris Mazza e Jeffrey DeShell. O livro reúne narrativas curtas de vinte e duas escritoras,
que atenderam ao pedido de Mazza e DeShell e escreveram uma ficção pós-feminista. No livro, as
narrativas apresentam as mulheres distantes de ideários feministas, mas também, longe de serem
subjugadas por sociedades patriarcais. O objetivo era mostrar a mulher apenas como ser humano, pessoa
que sofre e que faz sofrer, que é vítima, assim como pode vitimar, que vive o fracasso, a fragilidade, mas
também obtém o sucesso e pode ser forte, como aquela que é dona do seu destino e assume a
responsabilidade que lhe é devida sobre o que acontece em sua vida. O livro teve como pretensão trazer
algo de novo à literatura escrita por mulheres e sobre mulheres. O termo chick, forma curta de chiken
(galinha), é usado no título como forma depreciativa para se referir a mulheres jovens. Associa-se à
imagem de comida, colocando a mulher como algo comestível, como objeto sexual. O termo traz, ainda, o
sentido de uma mulher feminina, atraente, capaz de seduzir. O uso do termo foi proposital para ativar
todas as associações ligadas à mulher e à sua escrita, tida sempre como menor, não para as validarem,
mas sim para as demonstrarem na criação de estereótipos. Lit é a abreviação de literatura. A obra foi bem-
aceita nos meios acadêmicos, tanto na área de estudos literários quanto na área de estudos sobre as
mulheres. O livro inspirou o curso de tradição literária feminina, da Universidade de Princeton,
comandado pela crítica literária Elaine Showalter, e passou a ser amplamente debatido. As ontologias
apresentadas na obra foram consideradas como “ficção pop”. As personagens femininas eram
caracterizadas por seu gosto, pelas roupas extravagantes e luxuosas, personalidades ativas, eram solteiras
e pós-feministas. De acordo com a socióloga Jaqueline Santos, o mercado editorial norte-americano
cooptou o sentido dessa produção literária e passou a utilizá-lo nas capas dos romances sentimentais com
cores mais chamativas, imagens de adereços e vestuário feminino; os enredos das histórias passavam a
retratar mulheres profissionais em busca de amor. Nessa associação, o hífen foi retirado e nasceu uma
nova designação para as narrativas romanceadas escritas por mulheres e para mulheres, o chick lit.
SANTOS, Jaqueline Santana Martins. Literatura de mulherzinha: gênero e individualismo em romances
“Chick Lit”. Rio de Janeiro, 2016. Dissertação (Mestrado em Sociologia) Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Instituto de Filosofia e Ciências Sociais.
validam e dão uma projeção para o termo chick lit, projeção esta que se manteve por
quase duas décadas após o aparecimento das obras.
23
PUHL, Paula Regina; SILVA, Cristina Ennes. O amor como entretenimento: a trajetória dos romances
sentimentais. p. 61. Disponível em: <http://gg.gg/e2zlr>. Acesso em: 29, mai, 2019.
24
DUNGEE, P. M. I. Integrated marketing communications at Harlequin Entreprises: the marketing of
happily ever after. Dissertação de Mestrado. Seton Hall University, 2003.
Várias mudanças ocorreram no mercado editorial brasileiro, sobretudo, a partir
do lançamento do e-book, o livro digital, em 2011, fazendo com que várias editoras se
adequassem às novas configurações tecnológicas frente ao livro e à leitura, retirando
coleções de circulação, diminuindo a publicação de livros impressos e estabelecendo
novos formatos para a sua publicação, como os atuais livros trade25. Nesse cenário,
prosseguem os romances sentimentais, também adequados a essas novidades.
25
Desde 2010, grupos editoriais passaram a editar livros de romances sentimentais em formato trade
(comercial), vendidos em livrarias, sites e lojas de departamento. O livro trade nada mais é do que o
formato tradicional dos livros. A novidade está nas capas com design diferenciado, na melhora do
acabamento dos livros com o acréscimo de badanas, no papel de alta qualidade, e na utilização de muitas
cores. As histórias são, também, mais longas, assim, os livros têm mais páginas. Em suma, trata-se de
uma estratégia adotada pelas editoras para agregar valor ao livro. Além do seu conteúdo, a estética passa a
ser um elemento importante, um atrativo para uma nova experiência com o livro.
26
Existem muitas plataformas de publicação online disponíveis na internet, algumas nacionais, outras de
domínio estrangeiro, mas que atuam em diversos países, dentre elas: Publique-se, livraria Saraiva; Kobo
Writing Life, da livraria Cultura; Buqui Self, da Buqui Editora; E-Galáxia; Clube dos Autores; Spirit
Fanfics e Histórias; Bookess e Perse; entre outras. Além da possibilidade da publicação online, todas
oferecem outros serviços, porém alguns são pagos, às vezes, em moeda estrangeira, como a elaboração de
arte (capa e design do livro), revisão, edição, diagramação e, também, a opção de publicação na versão
impressa. Cada plataforma possui sua especificidade quanto às condições de publicação, porém, todas
elas têm, como característica principal, a publicação do livro no formato digital.
tal, dada a sua gratuidade. É certo, também, que escritores e escritoras já conhecidos do
grande público e com uma trajetória literária consolidada, também, utilizam-se desses
recursos, pois a conjuntura digital atual tem demonstrado algumas vantagens financeiras
e de publicização, levando-os a privilegiar esse novo meio de publicação. No KDP, por
exemplo, após escrever o texto, pode-se editá-lo na forma do livro digital (e-book) e
comercializá-lo na loja online da plataforma. A definição de preço do e-book fica sob a
responsabilidade do próprio autor/autora, que pode tanto receber uma porcentagem
sobre cada livro vendido, ou então, sobre o número de páginas lidas.
Esse cenário configura-se como um momento de transformação no que se refere
à escrita, à publicação, à leitura e à circulação de livros. Integra, ainda, um campo de
mudanças muito mais amplo no interior da história do livro e da leitura, que se
desenvolve com as novas tecnologias digitais e o acesso à internet a um maior número
de pessoas, o que, no Brasil, ocorre desde a primeira década do século XXI. Como
define Roger Chartier, estamos diante de um cenário em que as diferentes modalidades
da palavra escrita (manuscrita, impressa e eletrônica) coexistem 27. Com o aparecimento
de plataformas online para a escrita e publicação de textos autorais de maneira
independente, tornou-se possível, a um incontável número de pessoas, integrar cenários
literários, sem quaisquer necessidades de validação e legitimação que as formas
precedentes de publicação requeriam, como os livros impressos lançados por editoras.
Foram abertos novos caminhos para se produzir literatura, mais do que isso, para que
pessoas que tinham a aspiração de criar e escrever histórias, nas mais diversas formas de
narrativa, assim pudessem fazer. No tocante aos romances de amor, grande parte do
público leitor desse segmento literário são mulheres e, muitas delas, outrora apenas
leitoras, estimuladas pelo repertório de leituras do gênero que acumularam, passaram a
criar suas próprias histórias28 e a torná-las públicas por meio das plataformas online,
especificamente o Wattpad e a Amazon, valendo-se desses mecanismos como recurso
para serem autoras.
27
CHARTIER, Roger. A mão do autor e a mente do editor. Tradução de George Schlesinger. 1ª ed. São
Paulo: Editora Unesp, 2014.
28
A crescente publicação de romances com histórias de amor romântico, no Brasil, teve impulso após o
lançamento da obra 50 Tons de Cinza, em julho de 2012, pela editora Intrínseca, da autora britânica Erika
Mitchell, conhecida pelo pseudônimo E.L. James.
história, mulheres que iniciaram suas trajetórias como escritoras a partir de plataformas
online e que estão protagonizando um conjunto de transformações relevantes no que se
refere à forma e ao conteúdo dos romances de amor.
Transformações em curso
Para ler essa conjuntura, foram selecionadas dez autoras brasileiras que atuam no
segmento. Essa seleção ocorreu com base na observação dos romances mais lidos na
plataforma online da Amazon, na categoria Romance e subcategorias Contemporâneo,
Época, Erótico e Lésbico29, entre janeiro de 2018 e janeiro de 2020, por meio de um
ranking elaborado pela própria plataforma, em que as autoras apareciam entre as vinte
primeiras colocações no referido período.
29
Essas classificações, além de outras, correspondem às denominações atuais dos romances de amor.
Naturalmente, as autoras entrevistadas não correspondem à totalidade e à
diversidade das autoras brasileiras que escrevem e publicam no presente. No
desenvolvimento desta pesquisa, foi possível identificar centenas de autoras em todo o
território nacional, e conversamos com muitas delas. Contudo, na impossibilidade de
entrevistá-las, decidiu-se selecionar autoras que, em parte, pudessem representar a
heterogeneidade das autoras brasileiras do segmento. Autoras que, em sua maioria,
publicam de forma independente, escrevem romances nos mais variados estilos e temas;
mulheres que, antes de serem escritoras, são ávidas leitoras, possuem vasto
conhecimento de si, do outro e do mundo, e buscam expressá-los por meio das histórias
que criam. Tomando de empréstimo a expressão de Benedict Anderson, pode-se dizer
que as autoras são, portanto, representantes de uma “comunidade imaginada” 30, por
integrarem um amplo grupo de escritoras presentes em todo o território nacional, muitas
das quais não se conhecem pessoalmente, mas partilham dos mesmos interesses e
práticas ao escreverem romances de amor.
Tem muitas coisas que acabam surgindo de vivências minhas. Não tem
como, né? a gente acaba misturando algumas coisas. Tem gente que fala
assim: “Nossa, esse personagem tem muito de você, Paula”. Porque não
tem como, você escreve, você acaba misturando algumas coisas. De
vivência de outras pessoas, eu costumo não misturar, pois eu acho que as
pessoas têm muitas coisas que são só delas. Então, assim, de amigos,
pessoas próximas, às vezes, eu acabo usando algumas características de
30
ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do
nacionalismo. tradução Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
personagens. Eu acabo, até mesmo, fazendo algumas homenagens, mas
não costumo colocar a vivência de outras pessoas não. (Paula Toyneti
Benalia, 2018).
As vivências que mais se recordam são aquelas baseadas nas observações que
fizeram sobre pessoas, momentos e lugares. Nana Pauvolih relata que chegou a escrever
um romance inteiro a partir de uma cena do cotidiano que observou.
Esta é uma questão subjetiva e que não permite formular uma resposta com
precisão. No entanto, pode-se inferir que a noção de vivência citada pelas autoras deve
compreender, também, a operação mental pela qual passam, de forma consciente ou
não, ao mobilizarem o conjunto de referências que possuem para criar com o que
observam sobre o cotidiano; pois, como define Sandra Jathay Pesavento, em referência
ao historiador francês Jacques Le Goff, “tudo pode ser submetido a uma leitura
imaginária”31.
31
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 3. ed.; 1. reimp. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2014, p. 45.
Eu observei, com o livro Advogado, que muitas meninas viviam situações
parecidas com a da Carla [personagem do livro. Na sinopse é apresentada
como uma moça pobre que vive sozinha desde o falecimento de sua mãe
e trabalha como empregada doméstica, sofrendo muitos abusos e
humilhações de seus patrões]. Eu não tinha muita noção disso, antes eu
não tinha tantas leitoras que me relatassem. Com este livro, que foi muito
lido gratuitamente por conta do Wattpad, alcancei muitas empregadas,
elas relataram que passavam por situações semelhantes em seus trabalhos.
Então, esse feedback me deixou com um senso de responsabilidade muito
grande, pois eu percebi que muitas das minhas mocinhas representavam
as minhas leitoras. No livro “Diretor”, foi a mesma coisa, a mocinha se
vira nos trinta para conseguir realizar os sonhos dela. Muitas leitoras
vieram me dizer que também passavam por aquilo, que vendiam docinhos
para conseguir pagar a faculdade. Então, a vivência, a vida real mesmo,
me inspira para escrever. Eu tenho uma pegada de contos de fada, eu
gosto de finais felizes, mas eu meio que faço uma mistura de realidade e
fantasia. Eu gosto de dizer que eu dou um final feliz para as mocinhas dos
livros porque eu gostaria que as moças da vida real, também, tivessem o
seu final feliz. É essa misturinha que eu faço. (Kalie Mendez, 2020).
Mesmo que não tenham a consciência da dimensão subjetiva que está presente
nessas colocações, as autoras estão a expressar, justamente, que suas emoções e
percepções advindas de suas apropriações culturais são o que as fazem compor seus
personagens e a história como um todo. Notadamente, as características e
personalidades, bem como as ações e os diálogos das personagens são construídos pelas
autoras e, por mais que não percebam, os pensamentos que possuem sobre todos os
aspectos que elaboram são a manifestação mais íntima de seus desejos, reações,
projeções e reflexões sobre o mundo externo.
Eu sempre escrevi para mim. Durante anos, eu fiz isso, dos onze anos de
idade até 2011, eu escrevi só para mim. Eu escrevi aquilo que eu queria
ler. Em relação a romances, sobre se apaixonar, viver uma história de
amor, de curtir, era isso que eu queria. E, quando eu comecei a escrever,
as meninas que se identificaram com a minha escrita queriam ler,
também, aquilo; começaram a acompanhar meu trabalho. (Nana Pauvolih,
2019).
As autoras têm, por hábito, a leitura. Leem livros de diferentes gêneros literários,
muitas vezes, até mesmo relacionados às áreas profissionais em que atuam e, como
qualquer pessoa deste século, assistem a noticiários e a programas de televisão, filmes e
séries em plataformas de streaming, escutam músicas com frequência, navegam na
internet e fazem uso das redes sociais online. Logo, estão sujeitas a receberem uma
gama de informações que são cotidianamente veiculadas nos mais diferentes meios de
comunicação da contemporaneidade.
32
CHARTIER, Roger. “O mundo como representação”. IN: Estudos Avançados, São Paulo, n. 11, v. 5, p.
173-191, 1991.
33
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 3. ed.; 1. reimp. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2014.
Esses elementos, separados ou ao mesmo tempo, certamente, acabam por ser
interiorizados pelas autoras em diferentes níveis e de um modo muito subjetivo e
individual, compondo o imaginário de cada uma, fazendo-as criarem suas próprias
histórias com base nas representações que estão presentes no campo social e que lhes
são dadas a ler.
Seus romances podem ser observados como uma das formas de manifestação de
suas sensibilidades. Um ato de expressar, por meio da escrita, o que está presente em
suas subjetividades e que, de alguma maneira, contribui para formar suas
individualidades, assim como marcar alguns aspectos de suas experiências sociais, em
suas relações para consigo e, também, para com o outro.
Adentrar no campo do sensível, ou seja, das emoções, é uma tarefa custosa para
os historiadores, conforme adverte Sandra Jatahy Pesavento, pois o plano do sensível,
dada a sua relatividade e abstração, requer que o historiador faça uma tradução de outras
34
Como estabelece o historiador Carlo Ginzburg, indícios são pormenores, e é justamente o seu caráter de
minúcia e migalha, quase imperceptíveis a um primeiro olhar, que permite identificar aspectos
reveladores da experiência humana. São pequenos traços, é certo, mas que, na maioria das vezes, podem
ter mais significância do que qualquer outro elemento de maior destaque, pois, de acordo com Ginzburg,
é no detalhe e na análise que dele se faz, que pode estar contida toda a essência daquilo que se busca
conhecer e compreender. Para aprofundar essa questão, consultar: GINZBURG, Carlo. “Sinais: raízes de
um paradigma indiciário”. In: Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia
das Letras, 1989, p. 143-179.
experiências e maneiras de sentir. “Logo, este não é apenas um problema de fonte para
o historiador, mas, sobretudo, de uma concepção epistemológica para a compreensão da
história”35. Entretanto, existem possibilidades, pois, de acordo com a própria Pesavento,
Desse modo, compreende-se que as histórias criadas pelas autoras são, também,
um registro de suas próprias emoções, da maneira pela qual elas sentem e percebem o
mundo social. Por meio das representações com as quais entram em contato, apropriam-
se e acabam por registrar suas percepções, sentimentos, indagações e reflexões em seus
romances.
Considerações
Suas vozes foram ouvidas separadamente, mas, quando postas para uma análise
conjunta, os elementos que narraram interligaram-se, expondo os mesmos pontos,
indicando os mesmos aspectos e apresentando as mesmas condições e situações. Isso
demonstra que, em suas experiências no campo da literatura, elas vivenciaram, e ainda
vivenciam, situações que não foram, ou são, específicas de suas individualidades, mas
sim, que estão relacionadas ao fato de serem mulheres e escritoras.
38
PESAVENTO, Sandra Jatahy. “Sensibilidades: escrita e leitura da alma”. In: PESAVENTO, Sandra
Jatahy; LANGUE, Frédérique. (Orgs.) Sensibilidades na História: memórias singulares e identidades
sociais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007, p. 19.
Por atuarem no mesmo campo literário, romances de amor, com variações
apenas nas temáticas que abordam e nas classificações, isso pode esclarecer o fato de
terem questões em comum sobre os seus momentos de criação e de escrita. Certamente,
o que mais chamou a atenção fora o fato de todas mencionarem suas vivências e as
referências culturais das quais se apropriam. Representações que formam e constituem
seus imaginários, a ponto de todas os interpretarem como fatores de inspiração,
verdadeiras matérias-primas para suas produções literárias, agindo como substrato
daquilo que idealizam para escrever.
Referências bibliográficas
Obra completa
ANDRADE, Roberta Manuela Barros de Andrade; SILVA, Erotilde Honório. et. al. Um
século de Romances de Amor: a trajetória da literatura sentimental no Brasil (1920-
2020). Editora: Independently Published, 2020.
BARROS, José D´Assunção. O Tempo dos Historiadores. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
MEYER, Marlyse. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p.
57-58.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 3. ed.; 1. reimp. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2014, p. 45.
Capítulo de obra
Artigos
PUHL, Paula Regina; SILVA, Cristina Ennes. O amor como entretenimento: a trajetória
dos romances sentimentais. p. 61. Disponível em: <http://gg.gg/e2zlr>. Acesso em: 29,
mai, 2019.