Você está na página 1de 4

ROMANCE CORTÊS: FUNDAMENTOS LITERÁRIOS DA

AUTORREPRESENTAÇÃO DA NOBREZA EM SUAS FORMAS


IDEALIZADAS E DA REPRESENTAÇÃO FEÉRICA DE TEMPO E ESPAÇO

¹ Maria Izabelly Gonçalves Pessoa

Em "EPOS E ROMANCE" (1970), Mikhail Bakhtin caracteriza através de uma


estrutura própria, uma teoria do romance como gênero literário, aplicando as relações
com a contemporaneidade, dentro dessa realização, é possível compreender a
importância do gênero com a relação histórica no desenvolvimento da literatura,
ultrapassando as descrições sistemáticas que delimitam aos traços estilísticos .
Na idade moderna, o “único gênero em formação” , que teve como concepção
pensar na estrutura que foi se alinhando e organizando conforme o tempo foi propondo,
assim é ainda comum conceber a ideia e reafirmar da condição do romance, que é um
gênero apto a refletir e praticar a caracterização de acordo com a transformação da
realidade.
Destaca ainda que o surgimento do romance, tem fatores de influências direta
quanto a multiculturalidade de povos e linguagens na literatura, difundida nas intenções
através riso, em todas as suas variantes , por exemplo, o cômico popular, a sátira aberta
e velada, a paródia, a ironia, além de outras formas de aproximação entre os indivíduos
e a realidade pela linguagem.
Defoe, Richardson e Fielding não constituem uma escola literária, por isso é
dificultoso abordar questões amplas, assim como responder situações que requer ações
de compreender esse movimento. Em suas obras apresentam tão poucas características
de influência recíproca, e ainda são de naturezas diversas, que a primeira vista parecia
que nossa curiosidade sobe o surgimento do romance, quase improvável que encontraria
alguma satisfação além daquela já existente, pelos termos “gênio” e “acidente”, a dupla
face desse Jano do beco sem saída da história literária.
Perdido nas profundezas dos séculos e milênios a palavra romanesca teve uma
longa trajetória, ela se formalizou com a estrutura do tempo, amadureceu nos gêneros
do discurso familiar, ainda pouco estudado, mas que reflete a formação da linguagem
popular falada, aplicando ainda a gêneros literários e folclóricos inferiores. Romance
em sua estrutura inicial tem a sua interligação no processo de surgimento e
desenvolvimento nessa ressonância completa de luta .
Portanto destaca tanto o estilo, quanto a linguagem são atmosferas únicas, e com
características que dialogam nas diversas relações das personagens com o mundo. Há a
multiformidade dos gêneros, mas investida na formação de uma linguagem mais nobre,
distanciada da rudeza cotidiana. Dentre os textos mais conhecidos está Amadis,
inserida numa linha que favoreceu o florescimento de estilos romanescos até o século
XIX, como
como o romance medieval de cavalaria, o romance pastoril, o romance barroco – cheio
de contrastes e desafios, também conhecido como romance de provações – e o romance
iluminista .
Destaca que existe dento dessa representatividade a relação de instabilidade
típica, da formação romanesca que abala pilares da teoria tradicional dos gêneros, e que
revela, isso até o final do século XIX, uma certa incapacidade ou falta de espaço de
analise para compreender. A caracterização perpassa a relação da desestabilização das
teorias tradicionais, o que coloca em jogo traços importantes para compreender de que
maneira podemos encontrar dificuldades de encontrar nele, traços fixos, para então
sintetiza – lós dentro do sistema de conceito. Bakhtin analisa a seguir problemas nas
conceituações sobre o romance a partir da análise da flexibilidade do gênero.

Entretanto esse emprego do termo “realismo” tem o grave defeito de esconder o que é
provavelmente a característica mais original do gênero romance. Se este fosse realista
só por ver a vida pelo lado mais feio não passaria de uma espécie de romantismo às
avessas; na verdade, porém, certamente procura retratar todo tipo de experiência
humana e não só as que se prestam a determinada perspectiva literária: seu realismo não
está na espécie de vida apresentada, e sim na maneira como a apresenta. Evidentemente
tal posição se assemelha muito à dos realistas franceses, os quais diziam que, se seus
romances tendiam a diferenciar-se dos quadros lisonjeiros da humanidade mostrados
por muitos códigos éticos, sociais e literários estabelecidos, era apenas porque
constituíam o produto de uma análise da vida mais desapaixonada e científica do que se
tentara antes.
Não há evidência de que esse ideal de objetividade científica seja desejável e com
certeza não se pode concretizá-lo: no entanto é muito significativo que, no primeiro
esforço sistemático para definir os objetivos e métodos do novo gênero, os realistas
franceses tivessem atentado para uma questão que o romance coloca de modo mais
agudo que qualquer outra forma literária — o problema da correspondência entre a obra
literária e a realidade que ela imita. Trata-se de um problema essencialmente
epistemológico e, assim, parece provável que a natureza do realismo do romance — no
século XVIII ou mais tarde — pode se elucidar melhor com a ajuda de profissionais
voltados para a análise dos conceitos, ou seja, os filósofos.

Não há evidência de que esse ideal de objetividade científica seja desejável e com certeza não
se pode concretizá-lo: no entanto é muito significativo que, no primeiro esforço sistemático
para definir os objetivos e métodos do novo gênero, os realistas franceses tivessem atentado
para uma questão que o romance coloca de modo mais agudo que qualquer outra forma
literária — o problema da correspondência entre a obra literária e a realidade que ela imita.
Trata-se de um problema essencialmente epistemológico e, assim, parece provável que a
natureza do realismo do romance — no século XVIII ou mais tarde — pode se elucidar melhor
com a ajuda de profissionais voltados para a análise dos conceitos, ou seja, os filósofos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. 2.ed. São Paulo:
Hucitec; UNESP, 1990.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. PAZ, Octavio.
Os signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 2003.

Watt, Ian A ascensão do romance : estudos sobre Defoe, Richardson e Fielding / Ian Watt ;
tradução Hildegard Feist. — São Paulo : Companhia das Letras, 2010.

Você também pode gostar