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NEBULOSAS

NARCISA AMÁLIA

PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO DE PESSANHA PÓVDA

APRESENTAÇÃO E POSPÁCIO DE ANNA FARDRICH

* EDIÇÃO

RIO DE JANEIRO, 207

PB qradr

va
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO — Anna Eseslrich


PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO - Pessanha Póvoa
PRIMEIRA FARTE

Nebulosas
SEGUNDA PARTE

Voto

Saudades

Linda

Atlita

Aspiração

Confidência

Desengano

Desalento

Agonia

Consolação

O Itatiaia

Vinte e cinco de março


Manhã de maio

A Resende
Miragem
Lembras-te?

À lua

Sete de setembro
A noite

Vem!

Pesadelo

TERCEIRA PARTE

Castro Alves

A A Carlos Gomes

Visão

A festa de 5. João

Recordação

O sacerdote

Amor de Violeta

Clafricano e o poeta

Sadness

O haile

Fantasia

Julia e Augusta

Noturna

A rosa

Ave-Maria

Os dois troféus
PosrÁcio = À LÍnICA DE NARCISA AMÁLIA: DIÁLOGOS,
INTEMPÉRIES E ESQUECIMENTO — Anna Faedrich

CRONOLOGIA
Notas

REFERÊNCIAS RIBLIDGRÁFICAS

APRESENTAÇÃO

Este é 0 segundo livro da coleção Nluminatio, que assume à


papel de resgatar obras importantes de escritores e escritoras que
foram ignscados ou apenas alodidos nos columes de história da
literatura brasibeisa aé locigo dos dois últimos séculos,
Esta edição de Mebudosas, único livro de poesia de Narcisa
Amália, apresenta todos 0544 poemas da obra publicada em 1872 pela
editora Garnier. Nebulosas foi muito bem recebido iépoca, contando
com a leitura comentada do Machado de Mesis. O texto crítico de
Machado, de tom elogioso, publicado no conceituado pornal carioca
Semana Nustrada, cevela a surpresa positiva do escritor com o talento
da jovem poeta:

“A leitura das Nebulosas causou-me a este respeito excelente


impressão, Achei uma poctisa, dotada de sentimento
verdadeiro e real inspiração, a espaços de muito vigor, reinando
em tedo o lirro um ar de sinceridade e modéstia que encanta, e
tidos estes predicados juntos, e 05 mais que lhe notar a critica,
e certo que não são comuns a todas as coltoras de poesia"?

Machado de Assis olgerva a singularidade de Narcisa Amália


emrelação às suas contemporâneas Em pleno século XIX, contexto de
hitido preconceito social, Narcisa Amália rompe com as expectativas
relacionadas à literatura escrita por uma mulher, À poeta transcende
o halbuciar insignificante de frases convencionais” * terzendo à tona
em seus poemas o comprometimento com a entica sociale a denúncia
de injustiças da sociedade escravocrata é monarquista, Poemas como
“Perhil de escrava” e “O africano é 0 posta” são reveladores de ideias
Hbertárias e profunda tristeza e indignação com a condição dos
escravos no Brasil, Nesse sentido, sua possia social dialoga com a de
WABCLSA AMLÁLIA

Castro Alves, poeta absoluto da terceira geração romântica, cujos


versos são retomados na obra de Narcisa. Vejamos um excerto do

poema “Cafricano eo poeta”:

= Roubaram-me feros

A férvidos braços;

Em rigidos laços

Sulguei vasto mar;

Mas este queixiume

Do triste mendigo,

Sem pai, sem abrigo,

Quien quer escutar?...


- Quem quer? - O posta
Ogre os térrcos mistérios
Aos paços sidérens
Deseja elevar.

E notável o modo come o poema dá voz ao escravo, que lantenta


a sua condição, expõe a sua dor e a violência sofrida. Também é digna
de neta a celeão sobre a função do posta, que se repete a cada estrofe
tal como um refrão, em forma de questionamento e resposta O excerto
do poema mostra que o poeta é aquele — talvez 0 único — que quer
escutar os queixumes do escravo triste, sem pai, sem abrigo e sem lar,

É importante também mencionar o prefácio de Pessanha


Póvoa, que acompanhou a obra original de LATA, por soa importância
histórica. Esse prefácio testemunha um aspecto fundamental das
condições da produção intelectual feminina no século ARX: a
nececeidade de endosso masculino como condição de reconhecimento
e legitimidade -da obra literária escrita por mulheres. É como se Póvoa
“lançasse” a poeta, autorizando a sua entrada no universo masculino
das letras brasileiras, recomendando a leitura aos seus paroriros:
“Peço um lugar de honra no aniitório das vossas glórias literárias pasa
a autora das Nebulosa” Machado de Assis, ao final de sua coluna na

NEBNINHAE

Semana Ihestrada, também cecomenda a leitura de Nebudosas; “Aqui


termino as transcrições e a noticia, recomendando aos leitores as
Nebulosa”,

Narcisa Amália ocupou lugar de destáque nos periódicos do


Eio de Janeiro, por meio da publicação de textos é por menções é
considerações feitas a respeito de-sua obra pela elite intelectoal da
época. Iniciou a carreira cómo tradutora de contos-e ensaios de
autores franceses, Publicou em jornais como A República, Correio
de Povo, O Fluminense, Astra Resendense, Monitor Campista,
Echo Americano, O Espirito Santense, Gazeta de Campos, Correio
Fheminense e Tymburiba. Também foi colaboradora do Almanaque
de Lembranças Luso-Brasileiro. Todas essas questões, relacionadas
à trajetória intelectual de Narcisa Amália, estão aprofundadas no
Posfácio desta reedição,

Antonio Carlos Secchan observa que o critico literário c poeta


Péricles Eugênio da Silva Ramos (1919-1982), além de “incrementar a
faixa de nomes esquecidas” em Presta romdatica (1965), é e primeiro
a incluir a participação feminina suma antologia poética, trazendo à
lia o nome de Narcisa Amália Péricles Eugênio tece comentários
elogiasos à poctau também fe menção an episódio, sempre lesibrado
quando se fala de Narcisa, da visita do Imperador Dem Pedro II, qua
fez questão de conhecer pessoalmente a escritora: “Musa des livros!
uma poetisa cuja fama os anos não conseguiram apagar de todo;
Narcisa Amália, Seu senome foi tal na ocasião, que, publicadas as
Nebulosas, o próprio Imperador à quis conheces e declamou para ela
estrofes do lyro” *

Outra referência importante à Narcisa Amália é Feita peló


notável historiador « enitico literário Wilson Marilns (1921-2070),
em História da inteligência brasileira, livro de 1977, Martins afirma
que Nebulosas “ol a estreia mais sensacional do ano” e que “Narcisa
Amália foi mulher emancipada e corajosa defénsera dos direitos
femininos, oque, de resta, pouco transparece na sua poesia” O
historiador analisa as infloências da possa de Narcisa e acredita que a
MARGISA AMÁLIA

ausência de estímulos possa ter afetado a produção e a publicação de


ouitas obras:

"Apesar da simpatia do Imperador, publicamente expressa,


é de crer que não haja encontrado maisres estímulos na vida
literária, pois as Nebulnsas permaneceriam como livro único,
sob a égide da Tristeza, seu “anjo inspirador, frio & telste. [1]
como poeta, ela ainda se deixava daminar excessivamente pela
influência de Casimiro de Abreu [...] ou de Fagundes Varela
[.] oude Castro Alves"

Ubiratan Machado, em À vida literária no Brasil durante o


Romantismo, afirma que “a paixão pela literatura é a disposição para
enfrentar os preconceitos foram características marcantes de Narcisa
Amália”, Machado destaca que Narcisa [oia primeira mulher a atas
como profissional de impressa & que, com apenas vinte anos, foi
“squdada como a maior poctisa brasileira, muito superior às suas
antecessoras Sobre Nebulesas, o escritor afirma que “rompla outra
barreira: eva a primetea obra de mulher cuja edição são era custeada
pela autora. O mérito da livro justificou a audácia do editor Garnier” *

Narcisa Amália não viu seu livro reeditado em vida, pois a


primeira reedição só ocorreu em 1994, organizada pelo historiador
sanjoanense João Oscar (1939-2006). O) livro reeditado, Narcisa
Amélia; via e poesia, contêm uma importante biografia da posta, que
precede os poemas originalmente constantes em Nebulosas, além de
alguns poemas esparsos. Infelizmentê este livro quase não eimeulime,
porter sido publicado em uma editora pequena é pouco conhecida da

cidade fuminense de Campos!


Para esta reedição da Gradiva Editorial, realizei o cotepo entre

o original de Nebulosas e a transerição [eita por João Oscar. Oplei


pela fidelidade à edição original, reparando as falhas de transcrição
encontradas ba secdição de 19940 e atualizando à grafia das palavras,

conforme o Novo Acordo Ortogrífico da Lingua Portuguesa.

= 10] —

NEDULÇMAS

Lera obra de Narcisa Amália e a sua tecepção critica, bem como


sobre a sua biografia, possibilita importantes reflexões sobre a condição
da mulher escritora é intelectual nó Brasil do entresséculos (L87O-
1930). Infelizmente, eram condições muito desfavoráveis ao exercício
Feminino da atividade intelectual O preconceito de gênero impedhu
que a literatora escrita por uma mulher cecebesse o mesmo tratamento
que aquela escrita por um homem, que as mulheres tivessers as mesmas
condições de produção (por dificil acesso 4 educação, poucos estímulos
para o desenvolvimento intelectual, obrigações domésticas ete,) é de
publicação (acesso aos jornais, editoras e espaços de prestigio); que
escritoras fizessem parte da história Hiterária brasileira; que séus livros
passassem pelos mesmos entérios de julgamento crítico, eim lugar de
serem vitimas decriíticas desencorajadoras cu conservadoras; que uma
poeta de porte de Narcisa Amália fosse estudada 20 lado de poetas
cotuo Castro Alves e Gonçalves Dias, já que a obra dos três autores
dialogam e abrem espaço para uma análise comparatistá.

Não são poucas as escritoras injustamente apagadas da


história literária brasileira, muitas das quais, por meio da escrita,
lutaram socialmente para que às mulheres pudessem votar, ter
maior reconhecimento e aceitação no mercado de trabalho e no
meio intelectual, escrever sem pseudônimos, publicar, cotquistar a
emancipação da tutela masculina, entim, bes novos direitos. À pesquisa
arqueológica da atuação das mulheres no mundo dasletras nos séculos
passados permite concloir que houve, sim, avanços em direção à maior
igualdade, embora existam importantes obstáculos a superar.

Dessa forma, acredito que uma política crucial para ampliar a


igualdade de gênero seja reconhecer o papel da mulher em diversos
campos da produção cultural — literatura, música, artos plásticas,
imprensa periódica etc. Quanto mais se seteocede no lempo o se
busca informações sobre a atuação de mulheres em outros periodos
da história do Pais, constaza-se 0 quanto foram eclipsadas na história
político-cultural brasileira, À época, a atuação de mulheres nos campos
da produção cultural foi relevante & expressiva, embora preterida

= |l —
MAREA AMÁEIA

pelo cânone. À literatora é um bom exemplo disso. Se analisarmos o


volume e o teor da produção de escritoras no entresséculos [ATX E
XX) pela história literária atual, não é exagero afirmar que nenhuma
mulher aparece, Se aparece, não há análise literária sobre a sua obra. É
como se a autoria feminina = relevante — não tivesse existido antes de
Rachel de Queiroz nos discarsos de nossos historiadores da literatura
consagrados — a exemplo de Antonio Candido José Aderaldo
Castello é Alfredo Bosi =, que escrevem a partir das primeiras
histórias da literatura, tais como as de José Verissimo (História do
Literatura Brasileira, 1916/12 Ronald de Carvalho (Pequerta História
da Literatura Brasileira, 19195, E curioso observar que O primeiro
historiador da litatatura, Silvio Romero, avalia positivamente 2 obra
de Narcisa Amália, como nota Nelly Novaes Coelho: “Silvio Romero
“ Machado de Assis estão entre os que louvavam seu fino talento”!
Também Luciana Stegagno Picchio cita Narcisa Amália de forma
eligiosa ao tratar da causa abolicionista elevada a tema literário.

A exclusão de escritoras pelos historiadores da literatura


brasaleira, sobretudo das escritoras no pertedo do Romantismo, me
Antrigou a ponto de se tornar 0 meu objeto de pesquisa, Ágimos como
se mão tivessem existido escritoras mess epoca. Nossas histórias
literárias têm uma arbitrariedade de gênero. As antologias e a crítica
literária também. É surpreendente tal preterição quando se constata
a participação intensa de mulheres no cenário cultural desde o
século XIX. A questão latente é se elas escreviam, publicaram,
tinham êxito, recditavam suas obras por conta deste êxito, atuavam
na grande imprensa, escreviam colonias em espaço pelvilegiado do
jornal, dialogavam com os escritores importantes da época, eram
elogiadas per eles, recebiam comentários de enaltecamento sobre suas
obras o que as levou a serem limas de um apagamento gradual até
v completo esquecimento? É inaceltável que, hoje, não as estudemos,
que não conheçamós os poemas líricos, políticos, sociais, de exaltação
da naburesa e da pátria de Narcisa Amália, ao lado de Gonçalves Dias,
Casimiro de Abreu e Castro Alves.

BENIN AS

& parceria da Gradiva Editorial com a Fondação Biblioteca


Nacional é fundamental para apoiar a publicação de livros deixados
no esquecimento, & no caso das escritoras, para restabelecer à
memória fesminina e reinserir as escritoras alljadas da tradição literária
brasileira. Nesse sentido, o projeto de reedição da obra Nebadosas
pode contribuir com o processo de valorização da magnitude é da
qualidade da atuação das mulheres na literatura, na pólitica e no
cenário cultural e intelectual de diferentes épocas Cada pesquisa que
prioriza o resgate de nomes Fenininos deixados 4 sombra das historias
faz parte de uma luta por reconhecimento que é decisiva para que se
alcance maior igualdade, Resgatar nomes como é de Narcisa Amália é
dar o devido relevo a eles é passo necessário para reescrever a história
da hteratura brasileira e abrir espaço pará que perfie femininos sejam
considerados em seu devido valor e, como tais, passem a integrar a
tradição literária brasileira,

Anna Faedrich'*

ms HR
Retrato de Marcisa Amália, em ditimgravinra que ilustra a premetra edição de
Miebrdosas, prablicada pela Garmaer em 1972,

—— ra

PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO

Jura dfctnr esti


TIL

É uma lição digna de se imitar, embora perdida no vasto recinto


da ignorância, a publicação de um livro,

Uim dos nossos folhetinistas já liquidou a causa do marasmo


literário, qualificando de indiferença esse torpor que envelhece uma
nova sociedade - Artes e Letras — Reformo de JE7O,

Denuncia essa peste nosso primeiro escritos, ]. de Alencar.

Somês de ontem, aimda não temos a nossa história antiga, é


vivemos sob o império do desânimo.

Quando em uma nação, asartes, as letras, ns ciências cumprem


o inglório destino da planta que nasce, vive e morre dos abismos de
um subterrineo, ou do mendigo na festa do opulento, e representam
o papél humilde de uma nave acruinada, de um Campanário sumido
nas heras, entre 0s suntuosos palácios da cidade vaidosa, essa nação
tem chegado ao seu último grau de decadência. Nessa hora triunfam
o4 analfabetos, vs.mercadores de escândalos, 05 demolidores de tudo
quanto é nobre e principalmente do que constitui o orgalho de um
pais = a sua glória literária.

Profundando o coração do povo, Addison, Balzac, La


Bruyére, LarochefoucaukiS e outros quiseram explicar a ingratidão
do público, esse equivoco soberano de todas as idades, o qual,
nem Buffon, mem vs modernos naturalistas e escritores politicos
classificaram e defintcam.

O público de hoje, como o de todos 05 tempos, sevandija à


vietade e ajoelha do vicio; proscreve o crime e deifica a probidade.

O público! é uma torre de ventos.


RARÇIBA AMÁLIA

— Vemos 05 bons descaldos

E os maus nai levantados,

Virtuosos desvalidos,

Os sem virtudes cabidos

Eor meios falsificados.

= Vetnos honrar lisonjeiros

É folgar com murmurar,

E caber mexertqueiros;

Os mentirosos medrar

Desmedrar os verdaderos.
(Caccia de Resende!

Assim foi, começou com o mundo, não o podemos reformar.


Ú

O desenvolvimento intelectual da humanidade, os periodos


de harmonia entre as raças + as descobertas do espiritr humano,
todos esses autênticos monumentos das vitimas pacíficas do talento,
falam e atestam a influência da literatura sobre a forma poética &
política.

Quer se investigue a fenomenologia da consciência, quer osatos


da inteligência, quer as formas abstratas e subjetivas do pensamento
nas suas periódicas revoluções do mundo ontológico, acharemos a
poesia exercendo a suá Fegitima influência.

Percorrendo-se a idade de oposição de variedade;


analisando-se as épocas da formação dos caracteres escritos, da
linguagem É a nova união de coleas, da moral social, da felicidade
doméstica, da harmonia com as ciências, com as artes, com à
religião nós reconhecemos que a púesiá tem uma ação eficas,
refletida, que preside a todo o constitutivo orgânico das épocas e
do povo, noção esta que nos está ensinando a filosofia da história c
o Direito Natural,

REDULCENS

Confessemes: Um livro-de versos é uma lição. Ariosto, Dante,


Tassó, Cervantes, Lope de Vega, Martinez, Racine, Béranger é Hugo,
Optita, Wesland, Goethe, Pope, Dryden, Shakespeare, Byron, Camôes,
Ferreira, Bocage, Basílio da Gama, Gregório de Matos, Magalhães,
formam o concílio ecuménico da poesia, donde vieram até nós, não
os dogmas, não às contradições e ultrajes à razão, mas os afurismos
que constituem o código da homanidade,

O livro de versos tem sido lição aos reis; a palavra de ordem dos
povos civilizados, drbita ao redor da qual o mundo gira
A poesia pode dizer

— Eu umino a história!

— Q que ela oculta, cu denuncio!

— Eu levanto do túmulo os heróis; vingo 04 mártires; puno 05


traidores.

= Eu doi a glória = 0 sol dos matrtos!

Que o diga a cternidade, é que conteste


Otempo, a terra, à humanidade inteira,

A minha rival, varte, poderia dizer:

— Sou uma cidada dos séculos futuros!

— Eu a antecediçeu a hei de excóder,

= Fui o gênio de todos os cultos, de todas as seltas.

— Servi ao ódio, à inveja; serei mais à candade, ao entusiasmo,


ao direito, à verdade, à justiça.

A China
“O murado redil, a terra impérvia,
Retraida dos povos pelo orgulho

Do bonzo mercenário, avesso à cruz)

fed o meu feudo


HABCISA AMÁLIA

“= Aja! que encerras da natura os dotes


E do mundo moral à = prisca origem,
Desce a plaga da luz, mãe da palmeira,
“Tê a noite polar, que alenta o pinho,
Seo teu nome para glória eterna” —
Em teu seio vivi, deixei-te opressa,
Punida no castigo de teus sonhos:

nm

Presentemente a poeda que ideia social aduz ou combate?

ie lei imoral ataca ou defende?

Vivemos, como outros povos, de wma poesia cmérita?

Há ganhadores, assalariados, mercenários vemais como esses


que se alugam à política, imbecis que fingem ignorar que sempre se
depende da mão que papa?

Não sabem queo seu apostolado é um charlatanismo criminoso,


um roubo organizado que exercem contra a dignidade dos escritores
honestos, dos literatos, dos homens de letras, únicos sacrificados
neste pais?

Pregando a vilânia des sentimentos, negam aos outros o que


não possuem, embora se lhes grite;

-O que se aluga, VENDE-SE!

Creio nos esforços da literatura contemporinea.

Cada povo tem faculdades primitivas e necessidades


particulares. As ideias arraigadas nos hábitos dese povo não
cedem seu império, sendo depois de combates porfados e lutas
sanguinalentas. É por isso que ante as convivências da politica é as
necessidades da indústria a poesia não se justifica,

Eu sei que a rotina, economicamente falando, tem a soa

E ei — a

REBULOGAS

justificação; portanto anistiemos desta batalha a Lndiistria + digamos


porque é oposta à política.

Tem o seu fundamento histórico sem ter o racional, a


demonstração.

4 política tem sido c continuará a ser, em qmuitos casos, e-em


muitos palses, a arte ea ciência dos nulos e perrersos.

Luis XE, apesar dos seus oficiosos biógrafos, é um cinico;


Voltaire, Montaigne + Montesquica, por orgulho político, quiseram
explicar os dogmas e os segredos das instituições. Tudo confundiram.
Talleyrand foi mais cslebre pela hipocrisia que pelo seu gênio, Ele,
outros, e muitos, e nesse número alguns dos nossos pretensos
estadistas que fazem praça de muito sagazes, são desdenhados.
voltaire-politico é um intrigante inepto; mas o poeta da solidão de
Fernageera um castigo dos déspotas,

Fousseai é admirado unicamente naquelas obras em que o


filóssfo ou o político é vencido pelo poeta,

Entremos óu penetremos a nossa lareira.

Atados à galé da política, vemos Pedro Luiz e Bittencourt


Sampaio, ndufragos, mar em fora, ludibriados pelas mesmas ondas
que dalios arrancaram.

Como a imagem da “Esperança” nas lendas pagas, José de


Alencar tem um braço no céu e outro na terra,

Teimam e insistem, lutam e sustentam ums dia artificial em


plena escuridão, Joaquim Serra, Celso Magalhães, Sabrador, Menezes,
UC. Ferteira é FP Tâvira,

Agora vem Narcisa Amália.

Contra estes vejo uns Fabricantes de autómatos, arreados de


lodo, cheios de ignorância, que nos detestam e nos perseguem.

Sim; emcreio nos esforços da literatura, nos resultados eficazes


da pogsia,

Clirismo, que tem sidoa feição predominante da infância de todos


as povos, não batizou o nosso berço de nação livre, mas nos acompanhon
tos julbilosos dias da conquista da nossa automormia nacional,

-— |) —
FARCISA ANÁLIA

A poesia lírica brasileira teve entre nós bons e poucos


representantes Ocupéu o primero lagar Gonçalves Dias o poeta
cosmopolita; é seu continuador, com muita inferioridade, Teixeira é
Sotiza, a quem demos muito como rúmancista; poaço, como poeta lírico.

Já levantou uma estátua a Gonçalves Dias a ua província natal;


deve, a do Rio Grande, ac-cantor do Colombo, ea do Rio de janeiro,
aocantor dos Tamos.

Se ainda este povo for susceptivel de raciocinio, tenho fé de que o


José Basílio merecerá qualquer menória de pedra ou um poema de bronze,

O assunto do poeta no poema “Uruguai” Ea guerra que à


Espanha e Portugal tiveram de sustentar contra os Índios de Missões
porque, por um tratado celebrado a Ló de janeiro de 1750 entre as
duas nações, ficavam pertencendo a Portugal as terras que os Jesuitas
possuiam ma parte oriental do Uruguai. Estes jncitam os indios a
resistir. Espanha e Portugal mandam suas tropas combatê-los; Comes
Freire de Andrade comanda à exército portugués,

Outros trabalhos de José Basilio, que ainda valem hoje prémios


que ele não teve, q secomendam à gratidão nacional, porque ele nos
traçou a Águra do jesuíta daquela e desta época, e feriu o despotismo
até onde à sua Limaginação lhe ofereceu armas.

Teixeira é Souza, já por mim quase esquecido neste momento,


todo esquecido da pátria que o deixou por muito tempo mendigar,
ensaiou a épica no seu poema A Iudependência do Brasil”, Magalhães
“o épico dramático, o formador ou criador da nossa literatura.

Não venham, amanha, os alcatdes das letras perguntar-me se


Joaguim Mancel de Macedo, Alencar outros não são literatos, não
fazem hiteratura. Há tanta ignorância, que nem por estar pesado &
medido pelo Dr. Moreira de Azevedo o nosso periodo literário, tenho
visto inverter-se 0 que os meninos já decoraram nas aulas,

Magalhães criou a literatura; Porto Alegre a desenvolve,


Macedo a propagou, Alencar corrigiu-os Fazendo a critica e formando
amais completa literatura, dando os últimos toques nas grandes telas
daqueles mestres e apagando os borrões.

— dE —

REDULORAS

Falava dos poetas líricos,

Mais enérgico nas imagens e muitas vezes de mais elevação, foi


Casimiro de Abreu,

Álvares de Azevedo foi o cantor da morte, foi um génio.

Bernardo Guimarães, bucólico, elegiaco, lírico, decidiu-se por


uma forma, uma escola mais preferida entre todos vs literatos,

Apossta epica tem tido poucos cepresentantes. Conheço alguns


ensaios, 2 boa promessa considero o Bigckuelo de 8. Pereira, outro de
Zeterino, e alguns fragmentos, os quais não são a Epopeia da Guerra.

À poesia dramática tem poucos cultivadores O criador do


teatro muúdermo queimou as Mas de um anjo; Pinheiro Guimarães
discute sobre eleições, « preleciona ná cadeira de medicina: Varejão
não é mais o Aquiles; Machado de Assis casou-se; França Junior é um
cofre; Joaquim Serra não doi mais a Roma; Sizenando Nabuco está
envolto nasua túnica; Joaquim Pires não faz mais Demiúnios; Menezes
adormeceu à sombra da mancenilha; Salvador espera o outra = Bobo -,
& Jasé Tito faz Charadas Políticas.

- Como as vozes do mar n'um canto d'Ossian


Poucas veces suiço — passam longe.

Não precisamos de imaginações sonhadoras e místicas como


os poetas do Oriente para enriquecer o teatro; há assuntos na tossa
história para os dramas marítimos, militares, politicos.

Por que e que a Idade Média tem um cariter de originalidade,


cujalembrança exalta aindahoje, depois detantos séculos, a imaginação
dos romancistas e poetas? É porque as trovadores vulgarizaram a
hestória dos amores, das vitórias politicas, dos comthates guerreiro,
os sentimentos de patriotismo

Eu ainda ignoro para que fm destina o Sr, Ministro o seu


Conservatório,
ABOLEA AMLÁLIA

Enige-tr!

Narcisa Amália será a impulsora é à ornamento de uma época


literária mais auspiciúsa que a presente; Hã de redigir os aforismos
poéticos, como Aristóteles escreveu os da natireza.

Na história da nossa literatura, o seu entusiasmo moral, que é


um culto do seu talento, terá uma consagração nos anais do futuro
cesta legião de inteligências que está celebrando as glórias do presente,

Não à conheça, mas eu imagino que em seu rosto a tristeza


ocupa o hugar da alegria.

— À funda melancolia

Não seguiu-a desde a infância,


Deus não fé-la triste acabo...
Houve na sorte inconstância,
Ese perdeu a alegria,

É de homens obra ruim, —

à extremesa pureza dos seus pensamentos, o pador da sua


imaginação, bem incultam que os seus pais lhe anteciparam um
tesouro no abençoado corso da sua edocação, no santo respeito da
família eanvor da pátria.

Eu penso que 0 eco dassuas palavras é um concerto de pesares,


Ela alrarrece a canalha subalterna das letras, porque há uma canalha
ilustre que é mais fidalga que à nobreza de decretopessa, ela estima e
aplande.

Narcisa Amália não é um bipo, é uma heroina.

Sénto” acaba de pedir que não elogiem seus livros de prosa.

Eu peço que julguem o livro de Nº. Amália, livro que ilumina a


grande noite da poesia brasileira.

Quando houver um Conselho de Estado ou um Senado


Literário, Narcisa Amália terá às honras de Princesa das Letras.

Este livro há de produzir tristezas e alegrias É à primeira

REBULOSAS

brasileira dos nossos dias; a mais ilustrada que nós conhecemos; é à


primeira poetisa desta nação,

Delfina da Cunha, Floresta Brasileira, Ermelinda da Cunha


Matos, Maria de Carvalho, Beatriz Brandão, Maria Silvana, Fiolante,
são bonitos talentos. Narcisa Amália é um talento feto, horrivel, cruel,
porque mata áqueles. Foram as suas antecessoras auroras efêmeras;
ela é um astro com úrbita determinada.
Eu não crítico, nem analiso o livro, porque vejo, todos os dias,
passar o lirismo, o amor, a fantasia, à heroicidáde, a glória literária é
artistica, como os vultos fatais nas tragédias antigas, vejo sempre em
prolongado silêncio, abafados, como aqueles comprimidos gemidos
do Tiradentes, quando tomou posse do seu Pedestal,

Prnserdo fraidai 1

Cantaste à Família, a Pátria é a Humanidade.

A familia =pilar da pátria, a pátria = cruzdostolos,a humanidade


- bomcura de Deus.

Aescolha de um assunto, a do ponto de vista, em que tanto se


distinguem Bossuel e MonlAlverme, nã eloquência sagrada; a escolha
do momento e da extensão, que no comancista é mais desenvolvida
que no historiador, vos a conheceis é praticais como nos prescrevem
as FEgras:

A escolha das circunstâncias e dos contrastes, da topografia e


seus acidentes — vejo fundidas como relevo de um escudo na descrição
do Itatiaia, = onde vos admiro igual a Virgílio, quando ele descreve
o Feponso no meio da noite para fazer contraste com a agitação da
minha de Cartago,

Um acadêmico de 5. Paulo — João Cardoso de Meneses, hoje


condestável na política = já esteve muito perto da vossa imaginação
quando descreveu a serra do Paranapiacaba.

— 23 —
PA RATES ALA EA

Ante q gigante brasília,

Ante 2 sublime grandeza

Da tropical natureza,

Das erguidas cordilheiras,

du! quanto me sinto timida!


Quanto me abala à desejo

De descrever num harpejo


Essas cristas subrancetras!
Vejo aquém os vales pávidos
Que se desdobram relvosos;
Profundos, vértiginosos,
Cavam-se abismos medonhos!
Quanto precipício indéúmito,
Quanto mistério assombroso,
Messe seio pedregose,

Nessa origem de mil sonhos!

Oindulam ao longe murmiras


As pés de esquios palmaros,
Asdlorestas seculares
Cângidas pela espessura;

A lana forma dédalos

Na grimpa das caneleiras,


Do-cedro às vastas cimeiras
Formam dóceis deverdusa.*

As diferentes espécies de descrição poética enchem o seu livro


em vários empregos.

A topografia, em que Ruífon foi um dos mais completos


prosadores tem em Narcisa Amália a melhor intérprete, na poesia.

A hipotipose” impera nesta estrofe:

MEBILOSAS

— Salve! montanha granítica!


Salve! brasílio Himalaia!
Salve! imgente Itatiaia,

Que escalas a imensidade!..,


Distingo-te a fronte valida,
Vejo-te às plantas, rendido,
O meteoro incendido,

A soberba tempestade!
Nestes e em todos os seus versos, as figuras de palerras andam a
granel, em contingo atropelo com as do pensamento.

Aacamulação, figura que desenvolve e torna mais clara mais sensivela


ideia principal; as hipérboles, que kevam, às vezes, o espiritoa extravagâncias,
de que se ressentem Milton, Elopstoch, Ossian — o rei da apóstrode, e muitos
dos nossos poetas, ocupam, em tempo apropriado, à sem hiigas.

Exemplos de antitesese eplfonemas vai a subi) inteligência do


Leitor colhendo à medida que termina um hino, ou ielílio

Ela decora 04 seus pensamentos, como um carola enfelta um


altar do santo de sua devoção,

As figuras do ornamento, às aposiopeses/? as gradações, às


alusões e as figuras de movimento e paixão se apostam e se dispútam,
em rivais competências, para exigir da critica a confissão de que elas
oferecem batalha.

Nesta poesia há uma admirável exuberância de topos, e a


sptação — cartesina figura em os nossos livros de maior nome - tem
alia sua majestade,

Os pleonismos e as silepscs andam em todo o livro tao


obedientes, como o porta-ordens de um Estado-malor.

Este volume de poesias é um Templo; quem o penetrar há de


ver — dentro — um alter constradedo de ltgrirmias!!

A poesia “Vinte é cinco de março” éum anátema, é uma ameaça.


Não conheço muitas que estejam naquela altura.
FARCISA ANÁLIA

“Resende” É a múnografia daquele sempre lutuoso edificio que


te levanta no exilio — a saudade.

Releve-me a distinta literata não ir cotejando aigui uma por


uma assuas popsias.

Eu as comparo aos hinos da alvorada; um, tem a afinação dos


outros, & mesmo encanto, a mesma sedução; nos inebriam e nos
elevam a querer compreender o sublime, tudo quanto 40 céy se ergue,

Começou a poesia lírica com q homem.

É tão velha como a humanidade; entretanto é sempre nova!

Primeiro cantou Deus; depois o herda, os reis, os santos.

Os hinos, as odes sacras, os cânticos, os salmos, o Maguificat


da Santa Virgem, esse grito de crente no meio do terror, o Cantermus
Domine, o Benedicrus do Profeta, o cântico dos Anjos, o Te-Deum,
essa inspiração de Santo Ambrósio, são os brasões da poesia lírica,
nenbuma outra gora dessas prerrogativas.

“Ds dois troféus”, que é um poema, tomou a forma de uma ode


Reroca, gênero mais dificil na composição lírica.

Se há um governo capaz de compreender às alusões é jeúnitas


da poetisa; se há, então as passadas injustiças serão vingadas, aquele
patrimônio de brios conculcados será resgatado.

Come exemplo de ode heroica eu só conheço capaz de se


aproximar a essa de Narcisa Amália, não na elevação de pensamentos,
mas na nigorosa obediência ao gênero, aquela ode de Lebrun, cantando
a rulna de Lisboa, destruida pelo terremoto de 1745,

Quando neste pais à República Política galatdoar os


beneméritos da República Literária, Narcisa Amália exercerá a sua
ditadura,

Tem ela cantado o amor da virtude, da glória e da pátria,

Não é descrente por moda, como foram os imitadores de


Musset; não É cética como os de Goethe, é republicana como Schiller,
como Felix da Cunha, e Landulo; é intransigivel como a fatalidade.

Gonçalves Crespo e Campos Carvalho, acadêmicos brasileiros


em Coimbra, ao receberem este livro hão de se possuir de entusiasmo.

EB Aã as

Coimbra! à mágica cidade


Dos infortúnios de Inés,

Podia ser o trono do talento de Marcisa Amália, porque ela


compreende por que angústias passou aquela martir e pode fazer 05
comentários da desgraça do principe-e da rainha depoisde morta.

Dese à autora das Nebulosas escrever um Poema Didático, ese


vierem açoitá-la os ventos da inveja e 08 múl descdéns da ignorância atrevida,
deve escrever um Porra Épico, É a tendência da sua indole literária,

Estreou-se emancipada da poesia-piegas, do verso-mipodácio,


da literatura-artesã, que aí virem estucando e destilando biliveas
gufidades e obecenas audácias.

Hã de vir a época em que o sentimento de patriotismo


retrimdicara 05 nomes desses talentos extraordinários.

Seu estilo vigoroso, Awente, acadêmico; a riqueza das rimas, tão


eufônicas, tão reclamadas e necessárias ao verso lírico, suas convicções
falando à alma e à imaginação, justificam a sua já precoce celebridade,
confirmam a soa surpreendente e rápida aparição, precedida do
respeitoso coro da critica sincera é grave.

Hã uma dominante em seu espírito que põe em aflitivo


comchego a dor sem consolo no lar da teisteza. Quando a sua grande
alma quer-se divorciar do sen grande coração — ambos se petrificam,

Não sabe fingir, ném falsificar.

Em seus versos se conhece que ela é indiferente aos nossos


capitais, ds nossas fortunas e riquezas, e lhe causa tédio tudo quanto
a rodeia.

A fe = que aplanou ds abismos a crença que aplanóu as


montanhas, vivem em seu espirito. Pé nas conquistas do talento;
crença em seus esforços para encaminhar a sua Limidez até a hora de a
transformar num poder,

Tem o sem livro imagens novas, figuras pomposas que pedem


nova retórica e que se invente nova Poética,

Do estudo rápido que hz, notei que não quis aprender à dourar
FRA ABL ETA

à teivialidade com grandes palavras e banalidades grandes, o que bem


valido à muita gente uma falsa reputação de sábia.

Em sua prosa poética, em alguns artigos que li no “Eco


Americano, na Revista Artes e Letras, de Lisboa, se mostra que a sua
inteligência não está a serviço da frivolidade.

Se ela governasse, mem os papas, nem às reis teriam horas


certas para o descanso,

Hã em tolas as suas composições poéticas tm ponto deficidez


inaginativa que anda ao par da vivacidade de emoções, é a expréssão
do sentimento é sempre Forte e concisa.

Ama individualidade literária acusa um carátes leal e capas de


todos os sacrifícios pelas grandes causas.

Sabe ajustar o estilo ao assunto; é elegante nas descrições suais


breves; tem graça e doçura a sua linguagem quando descreve a-vaidade
das outras mulheres. “O baile” é um modelo de sátira, de sarcasmo, de
ironia discreta.

Os literatos brasileiros dirão o que eu não tel parrar, nem


conhecer para expor,

vI

Tebfilo Eraga, Luciano Cordeiro, Cesar Machado, Adolfo


Coelho, Bulhão Pato, Gorntes Leal, E. Coelho, Silva Túlio, A. de
Castilho, Silva Pinto « Teixeira de Vasconcelos, meus amigos, hão-de
delerir o seguinte requerimento;

“Peço um lugar de honra no auditório das vossas glórias


litesárias para a autora das Nebulosas”

Por uma vicissitude já vivemos como o povo hebrey;encerrado,


nos limites da obediência, confiscado, regendo-nos com as leis do
vizinho senhor. Remirmo-nos do cativeiro. Queremos, hoje, celebrar as
festas da inteligência em todos os altares ónde a glória asquiteta-os. A
isso se propáceste livro = não envercda pela abóbada oca dos clássicos.

Pessanha Póvoa”

PRIMEIRA PARTE
KRERUEIOSAS

NEBULOSAS

En denine te tome de Dlélcalrenes à udes daches


dndcoricdadifrês ques Form oit fat et Bá, clean ficuntes [eu
partes du col,

Delgunap*

No seio majestoso do infinito,

— Alvos cisnes do mar da imensidade, —


Elutuam tênges sombras fugitivas

Que a multidão supõe densas caligens,

E a ciência reduz a grupos validos;

Vejo-as surgir à noite, entre os planetas,


Como visões gentis à flux dos sonhos;

E as esferas que curvam-ss trementes


Sobre clas desfolhando flores douro,
Roubam-me instantes do sofrer recóndito!

Costumet-me a sondar-lhe os mistérios


Desde que um dia a flâmula da ideia

Livre, ao sopro dogêno, abrio-mé o templo


Em que fulgura à inspiração em ondas;

A seguir-lhes no espaço as lóngas-climides


Orladas de incendidos meteoros;

E quando da procela à tredo arcanjo

Desdobr namplidaoas negras ásas,


Meu ser pelo telemo desvairado
Da loucura debruça-se no pélago!
BARCIBA AMÁLIA

Sim! São elas a mais gentil feitura

Que das mãos do Senhor há resvalado!


“im! De seus egjos-na dourada urna,

A piedoca lágrima dos anjos,

Ligeira se converte em astro esplêndido!


No mômento em que o mártir do calvário
A cabeça pendeu no infame lenho,

A vordo Criador, em santo arrejo,

No macio fromel de seus lulgores

Ao céu arrebatou-lhe o calmo espírito!

Mesmo o sol que nas orlas do oriente

Livre campeia é sobre nús decata

Achava de mil raios luminosos,

Nos lírios siderais de seu regaço

Repeusa a fronte e despe a rubra túnica!

No constante volver dos vagos eixos,

Os crbes em parábolas so encurram


Bebendo alento no ceu mánco brilho!

E a tapiz movediço de universo

Mais belo ondeia com seus prantos filgidos!

E quantos infelizes não olvidam

O horóscopo fatal de horrenda sorte,

Se no correr das auras vespertinas

Saes seres vão pousar-lhes sobre a coma,


Que as madeixas enastram do crepúsculo!
Quanta rosa de amor não abre o cálix

Ao bafejo inefável das quimeras

No coração temente da donzela,

Que, da luz a0-clarão dovrando as cismas,


Lhes segue os mastros na cerúlea abóbada...

HENIILOSAS

Um adia no meu pesto o desalento


Cravou sangrenta garra; trevas densas
Nublaram-me o horizonte, onde brilhava

A matutina estrela do futuro,

Da descrença-senti os frios dsculos;

as no horror do abandono alçando os olhos


Com timida oração ao céu predoso,

Euvi que elas, do chão do firmamento,


Erotavam em luciferos corimbos
Enlaçando-me o busto em ratos métbidos!

Oh! Amei-as então! Sobre a corrente

De seus brandos, nativages lampejos,


Mudar librei-me nas axuis esferas;
Inclinei-me, de Aamas-circundada

Sobre o abismo do mundo torvo e hágubre!


Ergui-me alnda mais: da poesia
Desvendei as lagunas encantadas,

E pretibei delícias indiziveis

Di sentimento nas caúdais sagradas

fo clarão divinal do sal da glória!

Cuando desci mais tarde, deslumbrada


De tanta luz e inspiração, ao vale

Que pelo espaço abandonei sorrindo,

E senti calcinar-me as débeis plantas

Do deserto as areias ardenticsimias;

Mo Fugir das sendaes* que estende a noite


Sobre o leito da terra adormecida,

Eitei chorando a aurora que sargia!

E = ave de amor = a solidão dos ermos

Povoei de gorjelos melancúlicos!,.


FALCICA AMUACIA

Assim nasceram os meus tristes versos,


Que do mundo filaz fogem às pompas!
Não dormem eles sob 03 ágreos tetos
Thas térreas potestades, que falecem

De morbides nos flácidos triclínios!


Cortando as brumas glaciais do inverno
Adejam nas estâncias consteladas
Onde elas patram; e à tuz da liberdade
Devassando os mistérios do innito,
Vão no sólio de Deus rolar exinimes!..

SEGUNDA PARTE
Eua da Misertoórilia Chope, Rus Eduando Cotrira), na cidade de Resende, onde
Narcisa Amália morou fo século XIX.

HEFU LAS

Voto

À MINHA MÃE

Ide an emémas de arnor picas pobres cantos


Mo dia fertival eme que ela chuua,
co ela suspunar tos doces prantos!
Alvases de Asevedo

A viração que brinca docemente


Mo leque das palmeiras,
Traga à tu'ilma inspirações sagradas,

Chelicias feiticeiras.

A flor gasil que expande-se contente


Na gleba matizada,

inveja-te a tranquila e leda vida,


Desfilhos sempre amada.

Só teus olhos rosejo délio pranto


De mistica ternura;

Como silfos de luz cerquem-te gozos,


Enlace-te à ventura!

Os filhos todos submissos junquem


De roxas tua estrada;

E currem-se os espinhos sob os passos


Dia Mãe idolatrada!

Tais são as orações que aos céus envia


Actua pobre filha;

É Deus acolhe o incenso, embora emane


De branca maravilha!

ER pi
BARÚISA ANÁLIA

SAUDADES

Meat frirasrebricos grrrados

Ea deem domtensicdade

Eine custo grcurar — q irufiza

Ure conto elerno = aguda!


Caros Ferreira

Tenho saudades dos formosos lares


Onde passei minha feliz infância,
Thas vales de dulcissima fragrância;
Dia fresca sombra dos gentis palmapes,

Minha plaga querida! Inda me lembro


Quando através das névoas do ocidente
O sol nos acenava adeus languente

Nas balsimibcas-tardes de Setembro;

Lançava-me correndo na avenida


Que a laranjeira enchia de perfumes!
Como escutava trémula vs queixumes
Das auras na lagoa adormecida!

Eu era de meu pai, pobre pocta,

O astro que o porvir lhe duminava;


De minha mãe, que louca me adorava,
Era na vida a rosa prediletal..

Mas...

«tudo se acabou, A trilha olente


Não mais percorrerei desses caminhos...
Não mais verei os miseros anjinhos
Que aqueciam na minha a mãwalgente!

DR

REEULOAAS

Correi, à minhas lágrimas sentidas,


Da passado nó rórido sudário,
Bem longo estã o cimo do Calvário
Ejãas plantas sinto-tão feridas!

Ai! que seria do mortal aflito

Que tomba exangue à provação cruenta,


de no marco da estrada pocirenta

Mão divisasse os gozos-do infinito?!

Abrem-me nalma as dores da saudade


Lim sulco de profundas agonias..,
IMorreram-me p'ta sempre as alegrias,
Só me resta um consolo... a eternidade!
BARÉRA AMÁLLA NEREILDÃAS

LINDA

Her dheescat rarradho cur piaepseleto of fire,

Animade nat a mobie, graca qninit

Hiieha ds erezator gf exoçhe voricaçãas Hecuagh!


Idaria Hinsseta”

vem, Eimida criança,


Rosada, lúura é mansa
Chual- chama matutina
Die tíbia resplendor
Vem, quero a tez rubente
Da face transparente,

E aboca peregrina,

Eeijarte com fervor!

Teus mádidos cabelos,


Undosos, finos, belos,
Em áurea e doce teia
Enlaçam-me o olhar;

Da primavera os lumes
Em lúcidos cardumes,
No anel que selto ondeia
Wão ternos cintilar!

Teu colo alvinizente


Sencurva levemente,
Qual pende na ribeira
O lótus do cetim;

Se a lua além s'inflama


Devaga e breve Hama,
Resvalas mais ligeira
Narelva do jardim!

Escuta: À beira dágua

A fior vinga entre a frágua,


E a tela delicada

Se tingr à luz do sol;

O mágico perfume

Que o cálice resume,

A pétala naçarada,
Inveja-lhe o arreboi.

Mas vem de treda enchente


A fhrvida tórcente
Em turbilhão raivoso

Ao longe a rouquejar,

Ea rubra for da margem -


Pemdida na voragem

No pego tenebroso

Fanada vai rolar!

Al gela a rosa pura

De tua formosura

Que o lábio mercenário


Do mundo, não marchou
Sê como a sensitiva

Que se retrai esquiva


Sea vento louco e vário
As folhas lhe-osceloa.
BARCISA AMÁLIA

Porém, essa beleza


Que deu-te à natureza,
Desmaiará um dia

Aos gelos hibernais;


Ea uma vez perdida
Nos vendavais da vida,
A Flox da fantasia

Não surgirá jamais!

CO) zela mais ainda

A Flor celeste é linda


Da tum alma de virgem,
— Teu primitivo amor!
Da divinal bondade

A meiga potestado,

Se acolhe da vertigem
Nas mãos da Criador!

Atende! A mão mimosa


Dirige pressurosa

Ao pobre, agonizante,

A sombra do hospital!
Ao mesto encarcerado
Do olhar do sol privado,
Abranda um sé instante,
O agror da lei fatalt.,

Prossegue, etévea lira,

Nas cordas de safira

As harmonias córmlas

Dios risos infantis!

E ao desgraçado em prantos
Dá mil cólares santos,

Não de mundanas pérolas,


De lagrimas géntia!...

- 4 —

BERTFI An dE

ÁAELITA

AJ

Der dest solo afido sulToed dá venhi


mom hisinglesero dl porre area!
Ee ré, alelo gal! sr atirámge al ti cur
Egiorm Begti — ave dimmae!

HGuaam”

Desde a hora fatal em que partiste,


Tusbou-se para mim o azul do céu!
Velei-me na mantilha da tristeza,
Como Safo na espuma do escarcéo!

Até então 0 arcanjo da procela

Não enlutara o lago das quimeras,


Onde minh'alma, garça langorósa,
Brincava à luz de etéreas primaveras:

Mas um dia atraindo ao vasto peito

Minha pálida fronte de crlança,


Murmuraste tremendo: — "Parto em breve;
Mas não te aflijas, voltarei, descansa!”

Ai! Que epopeia túrgida de lágrimas


Na comoção daquela despedida!
Em soluçava envolta em véu de promos:

“Quando voltares, já serei sem vida!”

Desde então, comprimindo atrás angústias,


Vou te esperar à beira do caminho;

voltam cantando ao so] 38 andorinhas,


Só tu não volves ao deserto ninho!...
HABRCISA ANÁLIA

Quando à tribu inquieta das falenas


Lily filtros nas clícias da campina,
Busco da redenção o augusto simbolo,
É faleço de amor como Corina!

Pois bem! Se enfim voltares desse exílio,


Ave errante, fugido à quadra hiberna,
Vem à sombra do val: sob os ciprestes
Comigo fruaris ventura etéma!

NEDULÓEAS

ASPIRAÇÃO

À UMA MENINA

Exlga e ré no começo da existe,


Heetianheton pantad!
Conçalues Tas

Os lampejos azuis de teus olhos

Fazem nalma brotar a esperança;

Dão venturas, O meiga criança,

— Flor celeste no mundo entre abrolhos! —

Cha pendes a fronte na cisma,


Fatigada dos jogos, contente,
E mil sonhos, formosa inogente,
Fantasias às cores do prisma;

Ora voas ligeira entre clicias


Sacuelindo fulgores, anjinho;

E a favênio te envia um carinho,

E as estrelas te ofertam blandicias!...

Mas se pende dos fúlgidos cílios


Alva pérola que a face te rora,
De teus lábios, na fala sonora,
Chove, colam sublimes idilios!

De tua boca na rubra granada

Caem santos mil beijos felizes!


Tuas asas de lindos inatizes,

Ah! não rasgues do vicio na estrada!


BABES AMÁLIA

CoONFIDÊNCIA

A JOANNA DE AZEVEDO

Che meras mraiese aperte menaas ligas,


A entenda eo Ee nte Ipe, et pacto

Em tudo parte únce dino vs passos


Fagundes Varela
Pensas tu, Feiticeira, que te esqueço;
Que olvido nossa inflncia tão acida;
Que a tuas meigas frases nego apreço...

Esquecerame de ti minha querida!?..


Posso acaso esquecer a luz divina
Que rebrilha nas trevas desta vida?

Era esquecera lúcida neblina,


Oue nãs gélidas orlas de seu manto,
Extingue a febre que meu ser calcina.

Esquecer o orvalho puro e santo,

Que 4 campánaia curva à calma ardente,


Dá mais viço e fulgor, dá mais encanto.

Esquecer o cristal liso ou tremente


Que me retrata a fronte pensativa!
Esquecer-me de ti, anjo temente...

Ouço-te a vos na langue patativa


Que em brinos desfalece ao vir do inverno:
= Contemplo-te na mimosa sensitiva.

WEBULDEAS

Sem Hi não tem o so! um saio terno;


Contigo o mundo tredo — é paraiso,
Ea taça do viver tem mel eterno!

Ch! errvla-me ao menos um sorriso!


Dã-me um sonho dos teus dogrado e belo,
Que bem negro porvir além diviso!

Que a existência sem ti, é um pesadelo...


PRMELCISA AMA LIA

DESENGANO

Andes espirro dio

Himenrá esperma
arabe?

Quando resvala a tarde na alfombra do poente

E o manto do crepúscalo se estende molemente;


Na hora dos mistérios, dos goxos divinals,
Despedaçam-me o peito martírios infernais;
Esinto que, seguindo uma ilusão perdida,

Me arqueja, treme e expira a lâmpada da vida!

Fetiu-me os olhos timidos o brilho da esperança,


A luz do amor crestou-me o riso de criança;

E quando procurei = sedenta — uma ventura,


Aberta via fauce voraz da sepultura!
Dilaceróu-me o seio, matou-me a crença bela,

O tufão mirrador de hórrida procela!

Então pálida e triste, alcei a fronte altiva


Ortde se estampa a dor tenaz que me cativa;
Sorvi na taça amarga 6 fel do sulrimento,

E avos quetxosa ccgui num último lamento:


Era o cantar do cisne, o brado da agonia,

E a multidão passou soberba, muda, fria!

Desprezo as pompas loucas, desprezo os esplendores,

rilhar quero um caminho arado só de dores;

E além, nas solidões, à sombra dos palmares,

do derivar da lina por entre os nenúfares,


Quero ver palpitar, como em meu crânio a ideia,
O inseto friorento na linguida ninfeia!

BEEVLDSAS

Ao despertar festivo da alegre natureza,

CQuero colher as clícias que brincam na devesa;


Sentir 04 ratos igueos da luz do sol de Maio
Reanimar-ne a vida que foge num desmaio,
Pousar um longo beijo nas rubras maravilhas
E contemplar do céu as-vaporosas ilhas,

E quando o atdor latente que cresta a minha fronte


Coder à neve algente que toaca o negro monte;
Quando à etérea asa da brisa Fugitiva
Trouxer-me os castos trenos da terna patativa,
Elevarel meus carmes ao Ser que criou todo,

E dormirei sorrindo num leito igaoto e mudo,


BRA PLCLSA ALÁ LIA dress

DESALENTO
Prticago el emracõe Late em emu pecho!
Martinez de la Rosa
Adeus, lendas de amor, dourados sonhos Ode a roxa camilade fuserária
De meu cérebro enfermo Entaça-me ao cipreste;
Adeus, da faritasia, à lindas fores, Old a lua, chorus peregrina,
Rebentadas no ermo. Derrama a luz celeste!
Um dia, da quimera no regaço, avós, lendas de amor, sombras queridas
Adormeci sorrindo; Dies devaneios meus;
Eus astros, lino pi debruçados, Avós que me embalaste à adolescência,
Verteram brilho infindo... Meu pranto e eterno adeus!
Como à flux da onda egeia um divo canto
De Homero o bardo cego,
Resvalei da paixão nas vagas filgidas,
De esplendores num pegol..
Mas depois... densa nuvem desenhos se
Na safira do céu,
Ea ledice infantil fugiu tremendo
Ao futuro escarcéu!

Por que deixas, à Deus, que o gelo queime


Minhalma, planta fria?!..,

Cedo descansarei (que importa? | es membros


Na penumbra sombria,
AGONIA

de tereners et pçe roça tioerafes cui devetememl ferrrive,


Paul e stpnitror vencer des plecar
Lilhen!

Como vergam as lindas açueenas


As pétalas alvejantes
Quando voam do sul as Brumas frias;
Quando rola & lrovão nas serranias
Com q ratos coruscantes;

Como a rola das selvas, trespassada


De mortllera seta
Despedida por bárbaro selvagem,
Que a débil fronte inclina e cai à matgem
Da lagoa dileta;

Come a estrela gentil de am céu risonho,


Luzindo 204 pês de Deus;

Que pouco a pouco triste empalidece,

E cada vez mais pálida falece


Envolta em negros véus,

Come a gota de mel que entorna 4 aurora


Na trémula folhagem,

E brilha, o fulge ao prisma de mil cores;

Que depois desaparece aos esplendares


Da dourada voragem;

Assino foram-se as rosas de meu peito


Sem os tocios de outono.

Vejo apenas à palma do martírio

Coimmaidando-me a dr à luz do cino


Dormir o eterno song.

— a —

MERUTAÃAS

CONSOLAÇÃO

PaRÓDIA À PÓRSIA PRECEDENTE, PELO-SE. | EZEQUIEL FERIKA

Se também vingam lindas aquoertas,


Mlimosas, alrejantes,

Nas dobras dos valados — ermas, frias,

Dardepe embora o sol nas serranias


Seus raios coruscantes:

Se também arolinha trespassada


Erervada, negra-seta,

Mola às vezes arm bálsamo selvagem,

E vai gemer ainda à fresca margem


Dia lagoa dileta;

Por que descrês de teu porvir risonho,


Poetisa de Deusêl,..

Seo fanal do viver empalidece,

So às vezes sem alento ele falece


Envúlto em negros véus;

Bem cedo raia do prazer a aurora


Ea trémula folhagem
Das Aoces do viver, rebrilha em cores;
E ostenta mil dourados resplendores
Sem medo da voragem!

Avante! Quando as rúgas do teu peito


Fenecerem no outono,

Surte-d um sélio = a palma do martírio!

E o sol da glória — o prefulgente cirio


Que velará teu sono)...

= 5 —-
Degas de Eee yo rmenad e Mr Penha Pesto. Udo ligo o ali ho ALF pita

prtincem agindo boda Br redo de Ferro De Pedra 2, Whei


|

WARCISa AM ALLA
AMARGURA

Senti o goipe no coração é Condo é copaita


ferida mo druapo destilo Migramena em fios!
Pode Alencar

Mw desmaiar do sol, além, nas cordilheiras,

Ao badalar dos sinos dobrando — Ave-Maria, -

A! desprende um gemido, acorde dolormgo,


Minkvalma na agonia!

Que importa o led riso de um tempo já -volvido!


Que importa o beijo frio da cerração do sul?,.
O sofrimento extingue ánelos de ventura,

— Flor virgem n'um paul! -

Já tive, como todos, meus enlevados sónhos,

Senti tingh-me a face a púrpura do enleio;

E curação pulzou-me um dia entre delícias:


Fazendo arfar o seta.

Ea or venda-mea furto, fulgia mais contente!

E us lâmpadas do céu brilhavam mais gentis!

E os cânticos das aves mais ternos se elevavam


Nas virações sutis!

Ea luz me enviava um rato de tristeza;

A huz, beijo de fogo = andente, lulgurante!

Á nuvem vaporosa ao perpasiar no espaço,


Olhava-me um instante!

Ail cedo esvaccen-se a Frivola miragem,

E Fugitiva, rápida, desfez-se esta ilusão;

Apenas hoje sangra c estua-me sem vida,


O gélido coração,

— 4 —

MEBULOSAS

Não mais se expandem lírios, nem huzem mais estrelas;


Emudeceram lentos os mágicos cantores:
Não mais se envolve a luz entre amorosos laços,

Em limpidos fulgores.
Por que não sou a pola que deixa além o ninho,
E estende as leves asas, 2 voa namplidão?
Er que não chego ao menos à fronte à imensidade

Por que não sou iris que arqueta-se no éter?

Por que não sou a nuvem dos páramos atdáreos?

Por que não sou à onda arul que além desmaia


A pevelar mistérios?

O mando que me vê passar sem um sorriso,


Nãa vê do meu tormento o horrendo vendaval!
Ele que acolhe e afaga 0 venturoso, entrega

O triste à lei Fatal!

Sú resta hoje à minhalma os campos do infinito;

Aquece-se a tristinha so-sol da eternidade

E su à lembrança traz as lendas que se foram,


Sam laivos de predade!

Meu Deus! por que embalar-me o quedo pensamento

Se o amor é passageiro, se as glórias são de pó?!

Poetisa — toma a lira às lufas da descrença,


Eatimevolvo só,

Bondoso abre-me os braços, reúne-me a teus anjos,


A eternal ventura palpitante;
Contemplarei o = mada = do seio das estrelas,

Das dotes triunfante!


BARCA AMÁLIA

FRAGMENTOS

Minhalma é como e rola gemedora

Que delira, palpita, arqueja e chora

Na folhagem sombria da manguelra;


Come um cisne gentil de argênicas plumas,
Que falece de amor sobre as espumas,

A soluçar a queixa derradeira!

Meu coração é o lótus do oriente,

Que desmala 08 Jangures des cxcidente


implorando do orvalho as lácicas pérolas;
Ena penumbra pálida se inclina,

E murmura rolando na campina,

“O brisa, me transporta às plagas cérulas!"

Ai! quero nos jardins da adolescência


Esquecer-me das urzes da existência,
Nectariar 0 fel de acerbas dores;
Depois... cemontarei no paraiso,

Nos lábios tendo os lírios do sorriso,


Sobre as asas de místicos amores!

KEDULOSAS

CISMA

Eafire pleno de espe fraprâmeaa,

Sinfura deus bege ressungirs me mia

dear india air rosaala infiámicaa"


Fagundes Varela

O aura merencória do crepúsculo,

Mais terna que O carpir de Siloé;

És tu que embalas minha fanda angústia;


És tu que acendes no meu peito a fé,

És tu que trazes-me avirginia endeisa


Que os anjos gemem na celeste estância;
O sussurro dos plátanos do Libana,

O frescor dos rosais de minha infância!

Estranha languides gela-me o selo;


Abre-se além a campa glacial;
Minha fronte que au chão livida pende,
Levanta com teu beijo divinal!

Pu tenho rialma uma sandade innda,

Mais profunda que a abismo dos espaços...

= Choro meu berço que deixei criança;

= Chora o sol que aclargu meus débeis passos.

Recordá-me as dolentes monedias

Que na lagos canta o pescador;

E astristonhas cantigas dos escravos


Quando o céu sé desata em luz de amor!
— Ei “me

BARSISA AMÁLIA

E os campos de esmeralda que senlaçam


A wpala radiante do infinito...

E a pluma éxtensa dis bambas da mata,


Onde ecoava da araponga o geito...

Ai, não me fujas viração sentida!


Fale-me ainda da estação felia!
Diesfolha sobre a tumba de mens sonhos
A goinalda dos rises infantis!

Eute ligelry hálito da pátria

Como desperta sensação tho pura!


Como esta essência dos folguedos idos,
Infunde malma tão sutiltermura!

O aura do crepúsculo, mais suave

Que o perfume das rosas de Istambul;

— Leva a meu ninho, meu gemer de Alcione!


— Tiãs de meu ninho a primavera azul!

NERULOSAS

RESIGNAÇÃO

Oh! he rosa trinteza dem dis arpão;


ul fis que esttacemer dotado coitreaas son bares
fra virsras do dia

Hernando Crurmarães

No silêncio das noites perfumosas


Quando a vaga chorando beija a praia,
Aos trêmulos rutilos das estrelas,
Inclino a triste Fronte que dessaia,

E vejo perpassar as sombras castas


Dos deliriis da leda mocidade;

Comprimo o coração despedaçado,


Pela garva eruenta da saudade.

Como é doce a lembrança desse tempo


Em que o chão da existência era de flores,
Quando entoava, ao múrmuor das esferas,
A copla tentadora dos amores!

Eu voava fellz nos Invios serras

Em pós das borboletas matizadas..,


Era tão pura a abóbada do elisio
Pendida sobre as veigas cociadas!..
Hoje escalda-me 03 lábios riso insano,

É febre o brilho ardente de meus olhos:


Minha vez só vetumba vm ai plangente,
So juncarm minha senda agros abrolhos,
MARCIA AMÁLIA

Mas que importa esta dor que me acabrunha,


Que separa-me dos cânticos rubdesos,
Se nas asas gentis da pocsia

Do céu azul, da for da névoa errante,


De fantásticos seres, de perfumes,
Criou-me regiões chetas de encanto,

Que a lua doura de suaves lumes!

Na silêncio das moites perfumosas,


Ouando a vaga chorando beijaa praia,
Ela ensina-me a orar timida e crente,
Aquece-me a esperança que desmaia.

Oil berudita esta dor que me acabranha,


Uhue separa-me dos cânticos ruidosos,
De longe vejo as turbas que deliram,

E perdem-se em desvios tortuosos...

MEROL Sd

INVOCAÇÃO

Ao Da. Pessanta Póvoa

imyraha CIR! mão tr chamere! irgrata,

Sm lh demo riovats ossos cobre ao Hasnnis,

eres dis erotica preta, abreame o pero!


Almeida Garrett

Opando à noite distende seu manto,


Quando a Deus faz-subir rede canto
Da lagoa 0 aulas pescador;

Quando rolam ne éter mil mundos, —


Quando eleva plangentes, profundos,
Seus postas, feliz trovador;

Quando a aragem perdida, faceira,


Beija a flor do amaranto, e ligeira

Os olgres lhe rouba tremente;


Quando a linfa senrosca E murmura,
Na macia, relvosa espessura,

Qual argêntca, travessa serpente

Quando fulge a rainha dos mares


Desdobrande, entomando nos ares
Suavissima e plácida luz,

E descansa chorando na lousa


Onde a virgem dormente repousa,
Aculhendo-se à sombra da cruz;
MAOLIA AMÁLIA

Quando ao som das gentis cachoeiras


Mil ondinas à fux, faticeiras,
Cortam rolos de espuma de prata;

E desperta do abismo os mistérios,

E reboa nes campos aéreos

O gemido tenaz da cascata;

Sinto malma pungieeme o espinho!


Sinto o vicao embargar o caminho
Que procuram meus trençs de amor!
Desse sol que dá luz e ventura;
Desses pampas de etera verdura,
Ai! não vejo a heleza, o esplendor!

Seeu pudesse, qual cisne mimoso


Que nas águas campeia orgalhoso,
Demandar minha pátria adorada...
Ou condor, em um voo gigante,
Contemplar sob o céu — palpitante -
Esses lagos de areia dourada.

Mas, à pátria são frágeis as asas!

E se aos bandos mil vezes abrasas


Não me ofertas um mirto sequer!
Quando intento librar-me no espaço,
ds rajadas em tétrico abraço

Me armemessam a free — mulher!...

Seja embora! Se em leves arpejos

Vem a brisa cercar-te de beijos

E dormir sobre tuas campinas,

Dá-me um trilo dos plúmeos cantores!


Dá-me um só dos ardentes fulgores
De teu cálido céu sem nebilinas!

MEBILISA E

No ERMO

Cluartado penetra qua Momesti triste


Qual pela ogêva gdêica o ambito
Que procura é fendas,
Entro Perros az a] Li la atd
Dunne de trono das deratnuas
Eu deeto emeraça ee!
Castro Alves

Saber! Plorestas virgens, majestosas,


Aos céns alçando às comas verdejantes
Em perenais lowvores!
Salve! Berço de brisas suspirusas,
Donde pendem coroas flutuantes
Aos Iietdos vapores!

Eu que esgotei do sofrimento a taça,

Que pendo para campa úmida e fria,


Na alvorecer da vida;

Que na longa vigília da desgraça

Não vejo luz... nem tenho na agonia


Consolação querida;

Eu que sinto na fronte erma de sonhos


A centelha voraz, a febre ardente
Que cviver me cnsome;,
Que-já não creio num porvir cisonho..
Que só busco olyidar aum ai plangente
O martírio sem nome...

- a um
MALÇESA ASLLLEA

Oh eu quero, meu Deus, sorver sudenta


Os virgineos efhúvios desta selva,
Gerar beleza e sombra!
Molhar meus pés na vaga sonolenta...
E desmaiar depois na mole relva
Na balsâmica alfombra!...

Agui, entre-estes troncos seculares,


Sob a cúpula ingente que flutua

Num mar de luz serena,


Não penetra a paixão com seus esgares;
Mais lâingutdo fulgor esparge a lua

Nas asas da falena.

Na mística penumbra entrelaçadas


Vicejam longas palmas espinhosas
De rastejantes cardis;

E ne âmago das árvores lascadas,


Em hos brotam bagas preciosas
De cristalinos nardos.

Ao brando embate da amorosa aragem

Desprendem-se das longas trepadeiras


Mil pétalas purporinas;

E dos terrais a tépida bafagem

Eesrama o grato odor das canemeiras


No cálix das boninas.

Nas folhas de sereno gotejantes,

Balouça-se o inseto de esmeralda


A luz dourada e pura;

A serpente de tintas cambiantes

Desprende-se da flórida grinalda,


E roja na espessura!

NEBULCGAS

Além, recorta o vale aveludado,


Entre moutas gentis de violetas

O arroio preguiçoso;
E das flores aladas namorado,
Retrata as dondejantes borboletas

No leito pedregoso.

Em Aoridos festões cria à lana,


Sobre à linfa que sola marmurando,
Mil pontes graciosas,

Ou coliga-se a hercúlca cangerana,


E eleva-se, blamdicias derramando,
As nuvens luminosas.

O pavo dos cerúlcos passarinhos


Que há pouco em dimces hinos de alegria,
Cantava seus amores,
Volteia em busca dos-macios ninhos
Saciado de gozo, a fantasia
Repleta de esplendores,

Pouco a pouco derramam-se nos ares

Mais doces murmúrios. Já se esvaem


No remanse da noite

Os arpejos dos trémulos pilares;

Já mão bafeja os lótus, que descaem,


Das auras 0 açoite.

Agora que repousa a turba estulta,


Quie a lua brinca nos vergéis fulgentes,
E os silfos se embevecem,

O primeiro cantor brasileo exulta;


E os gorjeios sonoros, estridente,

Num gerido falecem!


RARCISA ANÁLIA

De nova voz se alteia palpitante


Ao capricho indolente, langoreso,
Da garganta canora,
Varia o poeta a escala delirante...
Diz-se-ia o murmurar langue saudoso,

Da onda que sesfloral...

Eu amo estes risonhos alcaçares,


Quer a pino dardeje o rei dos astros
Seus raios queimadores
Quer a névoa que ondein entre os palmares
Velo os noturnos, luminosos rastros,
Com gélidos palores,

Aqui aus termos cânticos das aves,


Ao refulgir das lágrimas da aurora

Nos campesinos véus,


Mlinhalma presa de emoções suaves
Desdenha a mágoa insana que a devora,

E remonta-se aos céus!

Salve! Aorestas virgens, majestosas,


os céus alçando as comas verdejantes
Em perenais louvores!
Salve! berço de brisas suspirosas,
Dande perdem coroas fintuantes
Aos lúcidos vapores!

MERULÓS AS

O ITATIAIA:

Er megas poimeeas colo Molina, emo forem


ate agulhas, en om rd Bric iluiritados

por ue frocuea [uz sort; emmerarêedos que tomo


cerde fuso e fsco muitutino pairava sobre as
reader ocupnadias pair ilincis 5 Bino e Rio de
Janeiro O pola nada por terra e escada
o amoo dns nais, ro te amis proieadto
nas edrgeds é pirdemidies de cristais mes cabeços
eles trromades!

Franklin hdassena

Ante o gigante brasileu,


Ante a sublime grandeza
Da tropical natureza,

Das erguidas cordilheiras,


Ail quanto me sinto tmia!
Quanto me abala o desejo
De descrever cum arpejo
Essas cristas sobranceiras!
Vejo aquém os vales pávidos
Que se desdohram celrosos;
Frofundos, vertiginosos,
Cavam-se abismos medonhos!
Quanto precipício indémito,
Quanto mistério assombroso
Nesse seio pedregoso,

Neta origem de mil sonhos!

* Pirrio ponto cubminante. CP fratiaia, Tamo da serra da Mantiquesra, é realmente o

inante do Brasil. Segundo o Ch. Frankôn Massera, mede 2.46 metras

de alunada da cais até a base das Agolhas Negras, maravilhoso feixe de pilastras de
prato que corsa um de seus arrojados plncaros

— 8 —
RARCIRA AMÁLIA

Ondudam ao longe miúrmuras


Aos pês de esguios palmares,
As Horestas seculares
Cingidas pela espessura;

A liana forma dédalos

Na grimpa das cancieiras,

Do cedro as vastas clrmeiras


Formam dosséis de verdura,

Por sobre os seixos dos álveos


Coleiam brancas serpentes,

E as águas soltam frementes


Decidos, brandos queizames;
Ao perpassar pelas fráguas
Em prateados cachões,
Sacodem nús turbilhões

Seu diadema de lumes.

Brota à torrente cerúlca

Do Aiuruoca em cascata,
Rola a tréda catarata

Sobre coxins de cameraldas;

A linda desmaia tâmida

No coração da voragem,

E tema = lambendo a margem


Vai perder-se além das fraldas!

Em três lagos vejo o tálamo


Onde as agulhas se elevam,
Neles constantes se cevam
Três esparsas vertentes;
Do Paraná galho ebúrmeo
Do Mirantão se desprendo
E, sem que banhe Resende,
Leva ao Prata 08 coniluentes!

MEBILAvIA

Rompendo o celeste páramo


Nem mais um tronco viceja,
A ericinia rasteja

Sobre as fendas do granitos


“Tapeta o solo a nopália,
Verte ellivios a açueena,

É a legendária verbena
Cora o negro quartaito!

Mais alto, ostenta-se a anémona


No caule ratimsunculoso;
Pendem do scio mimoso
Flocos de virgem purera:
Rouhou-lhe a tinta das pétalas
O adrrus que adora a amora;

A vaga quando desilora


Imita-lhe a morbideza!

O Térglu, o Asse co Pésciora


Irvejam esta altitude,

E da coma áspera e rode

Os cabeços recortados,
Pendem rochedos erráticos
Na vastidão da eminência,
Belezas quea Providência
Ciuarda a seus predestinados,

Em derredor, às planícies
Nivelam-se as serranias;
Envoltos nas brumas frias
Transparecem os outeiros;

E o olhar ardente e ávido


Contempla 04 montes perdidos,
Com troftus reanidos,

Como tombados guerreiros!

am RT =
SANCESA AMLÁLIA

Salve! montanha granítica!


Salve! brasílio Himalaia!
Salve! ingente Itatiaia,

Que escalas a imensidade!...


Distinga-te a fronte valida,
Vejo-te às plantas, rendide,
O meteoro incendido,

A soberba tempestade...

De tea dorso assemam invivs


Feixes de pedra em pilastras,
Úrgão gigante que enastras

De mil grinaldas alpestres!

Quem lhes calca a base, intrépido,


Vendo o sublime portento,
Lilserta seu pensamento

Das amarguras terrestres!

Rasgando o horiente plúmbeo


Th sol te envia seus ralos;

As nuvens formam-te saios


Chuais ligeiras nebulosas!
Iiram-te as fores eléreas,
Cobrem-te espumas de neve,
Dão-te o pranto fresco e leve
Da noite as fadas formosas!

E guardo envolvem -te as áscuas


Queimando o chão reciado,
Furde-se o tirão gelado,

Caem profusos frigmentos!


Miuida-se o quadro de súbitos

— Chovem cristais dos pilares;


E nuse perde nos ares

O perfil dos monumentos!

-— 77. —

NEBULOSA S

Vai meu canto ao mino sófrego


Que ante 05 prodígios se inclina,
Narrar à beleza alpina

Das regiões em que trilhas;


Leva-lhe nas asas eélicdas

Mv culto à serra gigante,


Pátrio ponto culminante,

Berço de mil maravilhas!

— “8
MABCISA AMÁLIA

VINTE E CINCO DE MARÇO

Lntesse a mbodioa Infinide aqua rereda

O reflgente monme do Bens;

Es Ur rangue somdende dave pode

Era encha od d vempomhmia

Venta a siregui, por Deus edad revolta!


Celso Magalhães

Na neite sepulcral dos tempos idos


Plácida avulta a merencória esfinge;
Esplêndido fanal que esclarecera

Accrente multidão!
Monumento do verbo grandioso
Deste povo titã, débil ainda...
Centelha sideral que fecundara

A selva da nação!

Lacerado o sendálio tenebroso


Que nosvelava os livres horizontes,
Entoa o continente americano
Um hino colossal;
Mais vivida no peito a fé rutila,
Mais nobres serguem das hesúis os bustos
Cingidos pela Hama deslumbrante

Da glória perenal,*

“ Agdias prameiras estsofis deita poesta aladerm ao projeto de Constituição


elaborado
membros da Constituinte em [821 tur qual tados as grandes pesncipios da
prdade eram solenemente reconheci

sai =

Nas tu projetas O negror no espaço

Que sobre nós desata-se em sudário!

Mas teu hálito extingue a luz benéfica


Que acendera o Senhor!

Maidição! Maldição! A liberdade

Vê de lodo oseu manto salpicado..

Do vulcão popular a tgnea lava


Desmaia sem calor...

Eaiaste como o simbolo nefisto


Do traidor Antiteo, mentindo ao orbe,
E os louros virgens da nação sorveste
Como hidra voraz!
Roubaste as povo a palma do triunfo,
Recompuseste a algoma ão pó lançada,
E moldasteno bronze a estátua fria
Da mentira loguaz!

Das espaldas robustas da montanha


à pedra derrocada, abate selvas;

A avalanche vacila [á nos Alpes...


Convulsam terra e mar!

Resvalaste, padrão de cobardia,

Pelos áureos degraus do sólio augusto,

E a anta aspiração, e os sonhos grandes,

Esmagaste ao tombar...

Após a bus. o caos confico, intérmino!


Após o hino festival de um povo...
O húgubre silêncio do sepulcro
Sem uma queixa, ou voz!
Lançaste a patria em báratros profundos,
Ferida pela mão da tirania,
E apenas um lampejo de civismo.
Dkixaste ão crime atros!
Maira AMALA

Onde estavam, é pátria, os teus Andradas


Que sustinham-te 05 ombros gigantescos?
Onde o tríplice brado altipotente

Do peito popular?
= Gremem sem luz em cárceres medonhos,
— Seguem do exílio a parorosa senda
Rerando com seu pranto piedoso

De teu solo o altar!

Rasgai, rasgai à folha lutulenta,

— Emblema de mesquinho cativeiro;

Não vedes? Choram hoje em tuas cimpas


Os mancs dos heróis!

Salval a borra dus que em lar estranho

Por tiverteram lágrimas de sangue,

E cespatando a fé despedaçada,
Vingai nossos avós!

HERULIAAS

MANHÃ DE MAIO

à BRANDINA MaiA

A rmaiirugeda,
Essatada no há despesa Eruma

Apareça, respiro se alegria!


Téo Traga

Querida, a estrela alva as mar s“melina;


Solta a calhandra o canto da matina
Na coma tngente da giesta em flor!
A natusega é uma ode imensa:
Eleva-se de cada mouta densa
O dbino ão Criador!

Deixemes a cidade: além, a veiga


Nos guarda a olência apaixonada e meiga
Doscorimbos que agita a viração.
Vas? Desponta uma rosa em cada galho,
E das rosas tremula o doce orvalho

Mo rubro coração!

Pelas espáduas Asperas do monte,

— Gigante das legendas do horizonte,


Rola a espuma de luz e alaga o val;
Ao mole infiuxo de teu riso mago
Desperta oenro e fria em doido afago
Das hintãs o cristal:

o
MARCISA AMÁLEA

É o nemúfar a estremecer de frio


Levanta a fronte cérula do rio
Expondo ao raio a face de cetim;
As borbolstas dançam como willis;
Esquece a louca abelha as amaryllis

No seto do jasmim!

Da selva secular nas verdes naves

Ferdem-se ao longe vs cânticos suaves

Dos voláteis salmistas do sertão!

Cuves? A queixa túrbida das matas,

E o múrmur merencório das cascatas


Reboam samplidão!..

Rasgando a profundeza Mutuante

Das nuvens a pilastra cintilante

Sustenta de infinito a concha azul)

Ea concha do infinito é 0 quente ninho,

Donde a estrela, dourado passarinho,


Voara para o sul! —

Na terra — plena paz! plena harmonia!


Rolam cantos de amor, de poesia;
No val, na serra, na extensão do mar!..
No firmamento = fogos peregrinos,
Ea névoa a gotejar prantos divinos

De Devs ao terno olhar!

É a hora em que a prece da serrana


Vai fervente da plácida cabana
As plantas expirar do Redentor!
Em que a loura criança acorda rindo!
E cinta o dorso de eccaro inindo

O pobre pescador!

NERULOS AS

Ea fantasia arroja-se no espaço


Da caligem quebrando o frio laço
Fara ondular no pélago de anil!
E Deus desprende para tá, formosa,
A essência virginal da tuberosa,

Que sembala no hasti!!

Em nosso seio brinca a primavera,


Em nossa fronte a lúcida quimera

Verte a Hama voraz da inspiração;

Pois bem! que o vento leve à divindade

Do paro altar de nossa mocidade


Cincenso da oração...
NARCISA AMÁLIA

A RESENDE

Esto achei, meet barulho olé mettae tros


Cyril resul rieperaado.. tale!
“Teixeira de alia

Enfim te vejo, estrela da alvorada,


Perdida nas celagens do horizonte!
Enfim te vejo, vaporosa fada,

Dolente presa de um sonhar insonte!


Enfim, de meu percgrinar cansada,
Pouso em teu colo a suatenta fronte,

E, contemplando as pétreas cordilheiras,


Ouço o rugir de tuas cachoeiras!

dela) salses que profundos dissabores


Passei longe de ti, éden de encantos!
Quanto acerbo sofrer, quantos agrores
Umedeci co'as bagas de mes prantos!
Sem im raio sequer de teus fulgores...

Sem ter a quem votar meus pobres cantos.


AO Simun cruel da atroz saudade
Matou-me a rubra lar da mocidade!

Vivi bem triste O coração enfermo


Ruscava cnbriagar-se de harmonias,
Port via do cém no axo] sem termo
Lim presságio de novas agonias!...

O bulíicie de mundo era-me um ermo


Onde as lavas do amor chegaram frias.
Sú uma melancólica miragem
Diourava-me a solidao — à tua imagem!

NEBULOSAS

Caminhei, cominhei sem ter descanso


Ao som das epopeias das forestas;
Caminhe, carminheieno remanso

Ta tarde, ouvi do mar as vozes mestás;


Nas ribas descansei de um lago manso
E'ra gozar do talento as nobres festas,
E adormeci na esmeraldina alfombra
Da palmeira real à grata sombra!

Caminhei inda mais: com nobre empenho


Penetrei no sagrado santuário”

Onde o gênio = em delírio — arrasta 0 lenho


Do trabalho, em demanda devum Calvário!
Vi surgir sobre a tela, à luz do engenho,

E pevear o termplo solitário,


Da Carisica a Amguida figura,

Die Nhaguaça 0 feito debravera!...

Inclinada nas longas ponedias


Acompanhei o voo das gaivotas;
Meu nome arremessei às ventanias
Sem que sentisse sensações Lgnotas!
Da mesa do piano as melodias,

De vma flauta canoca as doces notas,


O gelo que sorvi ruim mago enleia,
“Tudo gelado achou meu débil seio! .

““com nobre empenho é Pengtrei no sagrado santuário” Refiro-me núites versos à


aficina de nesse exímio pintar, & Dr. Fedro Américo «o Fgueiredo e Mell Ali passei
agradavelraenãe álguntias horas, admirando os mass belos trabalhos do filósoio-
artigta

— Hj —
WARCISA ANÁLIA

Mas apús negridão de noite lenta,

ia corva do horizonte 0 sol resplendie:


Após o horror de tétrica tormenta,
Gauil santelmo lã no céu se acende;
Após o latejar da dor cruenta

Vejo-te enfim, à plácida Resende,


Debraçada no cimo da colina,
Sorrindo meiga à exausta peregrina!

Abre-me vs braços, Álha do ocidente,


Quero beber teus mádidos luares!

Queru escutar usoluçar plangente

Do vento pelas franças dos palmares!

Não vês que no meu lábio há sede ardente?


Que calciheu-me a tez o 50] dos marés?...
Ah! mestra ao passo meu tardio, incerto,

A sombra d'arequeira do deserto!

Que saudades que eu tinha das campinas,


Destes prados e veigas odorantes!

The teu tisso de cândidas neblinas


Eecamado de auroras cambiantes!

Thestas brandas aragens matutinas

Que doidejam com as ondas murmurantes,


De tudo, tude quante em ti resumes,
Formosa noiva dos estivos lumes! —

Na corola da dor de minha-vida

Se aninha agora inspiração mais para;


De meu rio natal a voz sentida
Desperta em mim um mando de ternura!
Em minha triste fronte enpalacida

iiais uma estrofe límpida fulgura,

E no berço de tuas matas densas

Libo sedente o orvalho de mil crenças!

= Bi —

RE RI LA5As

É filha de Tupã, que um véu de brumas


Estendes sobre o misero precito;

O ave linda, que as mintosas plumas


Aqueces nos andores do infinito;

Garça gentil, que sueges das espumas


Como da mente do pocta o mito,
Enquanto a lua ondula pelo espaço
Abre a mu sono eterno o teu regaço!
Estação du Resende Fita no ida lema À lero ao dopoitinhodo fo digita pair vos A 4 E
Estrrda de dir dy Peito É, LEI a A e LU E ip Ea
HARCISA AMALIA

MIRAGEM

Délivrez, frécaicaand de rage,

Vitre propos de Fexelzvape,

Vintre mermoiro ds mépris!


Victor Hugo”

Senhor, o calmo crcano

No verão nas quentes noites,


Se revolta sobranceiro

Da tempestade aos açoites!


Encrespao dorso potente
Dilacerando [remente

As asas do vendaval;

Faz cintilar a andentia,

E arroja à nuvem sombria


Diademas ce cristal!

Envolta em fogos de neve

Se levanta à cordilheira;
Senha um raio andente, ignea,
Que lhe deuze a cabeleira!
Fitr-audar ovasto espaço,
Despedaça o tíbio laço

Dos nevociros do sul;

Solta a coma de granito,

Vai devassar o infinito


Rasgando o cendal axul!

MERULOS AS

Na espelho em que o sol se mira


A tarambola em delínos,

Corta co'as plumas de prata

Da espuma os nitidos lírios;

De sobre o escarcéu, ignota,


Num voo imenso a gaivota
Sonda 05 paramos do ar;

E dos passos encantados


Surgem peixinhos dourados
Ope saltam a frol do mar!

Oh! tudo, tudo se expande


As auras da liberdade!
Atreva calcando as plantas,
Demandando a imensidade!
Do incenso a loura neblina...
OQ som da voz argentina

Que canta idilios deamores...


Do Nuttal o pá ardente.

Ta mata a cúpíla virente..,


Do rio os tênues vapores!

Esobo céu sempre belo

Da mais sedutora plaga,

Beija - o rei - damatureza

O ferro que o pulso esmaga?!


Qu'importa que os sáxcos montes
— Atalaias de horizontes -
Clamem do ar namplidão:
“Levanta-te, à povo bravo,
Quebra as algemas de escravo
Que aviltam-te o coração"?!
HARCISA LBÁLIA REHSIDOSAS

Rompem-se esforços insanos,


Esmaga o agécio lento; LEMBRAS-TE?

Mas a verdade sublime


bo áclara o firmamento
Diescera a mortalha ria

Que do mais formaso dia La neto peteelolod entrem qto ciente anirtementa,
Enturvava o alvorecer, La metes oisgnit + QQus dis eras eg cfuirimanmte!
E não transbarda ruidoso Le nassaekerare desanto Que [ocean and beca!

Ovagalhão huminoso Victor Hugo

A ADELAIDE Larz

Que o cetro deve sorverl

Meu Deus, quando há de esta raça,


Que genuflexa rebrama,

Erguer-se de pé, ungida,

Das crenças livres na chama?


Quando há de o tufão bendito
Trazer, das turbas ao grito,

O verbo de Mirabeau?

E a luz da moderna idade

Ao crânio da mocidade

ks sonhos de Vergniaud? |.

Oh! dá que em breve cu contemple


dos puros raios da glória

O feito altivo gravado

Nos fastos da pátria história!

Dá que deste sono amargo,

Deste pélago em letargo

Um nos envolve no pá,

Surja à vaga triunfante

Que anime no túmulo crante

As cinzas de Badard!

— 06 =

Era à tardinha: à luz no monte debruçada


Nos enviava o = adeus = com tépido langor;
Erincasa em nossas tranças à brisa cmbalsamada,
Tudo ante nús sorria, desde a graminca à flor,

E tu me pergontaste com essa fala aérea,


Tomando minha mão nas tuas mães mimosas:
“ Por que cismando fitas a vastidão sdérea?
Por que contemplas muda as tênues nebulosas?”

Escotasa terra sagra ao sol mil harmonias!

A fonte ondula trêmala a superficie axul;

Vagam no espaço — errantes — celestes melodias,


E ráseas nuvens cingem a amplidão do sul.

No ar belicam as sombras com seus falgeres pálidos,


As driades desdobram as asas transparentes;
Esquece a magnólia do dia os ratos cálidos,

E os alvos nenútares se ccultam nas correntes,

ão longe, o busto negro de imensa serrania


Campéia mafestoso ao linguido clarão...
Esvai-se lá nas selvas o som dive-Maria .,
Ea trepadeira rubra alastra o mole chão,
NARCÍSA ANÁLIA

Argênteas cataratas rolando pelas friguas


Sacodem catadupas de lindos diamantes;
Na face dos arroios, na candidez das águas,
Perfurnam mariposas 04 corpos cambiantes,

Além soluça a rola um câmtico saudoso.


Entorma-se a poesia do firmamento à Qux;
CGemem eúlias harpas, e o manto luminoso

Do céu, desvenda as loiras palhetas que produz!

Não me perguntes mais com essa fala aúrea


Porque muda contemplo as tênues nebulosas,
Porque cismacido fito a vastidão sidérea,

O silfide embalada em névoas vaporosas!

Vejo no lago azul, na flor, nos verdes montes,

O Ser que eria à brisa, e dora o arrebol;

Que impele a nuvem túmida por sobre os horizontes,


Que faendo-nos de pó, vestiu de luz o sol!

RESULDSAS

À LUA

Tiso cleo qqráe ima res conobos cunho,


This amnsete que meg prantos choma!
Teixeira de Mello

Contemplas-me, virgem pálida?


Mandasme um nso? Não creio!
Não vejo a espuma fulgente

Da luz, mam beijo fervente


Tingir-te a neve do seio!

Por que de brandas carícias


Circundas a poetisa?

Não tens acaso nas flores


Mais feiticeiros amores?

Não tens o arpejo da brisa?

Quando no leito sidéreo


Repousas a face linda,
Pareces alva criança

Que descuidosa descansa


Mo berço alvejante alma.

E se passas enter páramos


Nos braços de mil anjinhos;
de vais banhar-té nos lagos
Do lírio aos langues afagos,
Saúdam-te os pascartahos!

Ah! quebra a nudez intérmina


Meiga irmã dos pirilampos!
Não vires de poesia?

Por que percorres sombria


Dio céu os lúcidos campos?
NANGRHA AM ÁLIA

Estando-te às braços trémulos,


Vem desvendar-me o mistério;
Contar-me as latentes dores,

À causa dos teus palores,


Rainha do reino aéreo,

Depois... av clarão esplêndido,


Seguindo-te os lentos passos,
Contar-le-ei meus pesares

Em frente à extensão dos mares,


Presa em teus délios laços.

Mas não entes, em silêncio,


Sondar a chaga devida!

É tarde, virgem, é tarde,

No meu seiú apenas ande


Uma centelha de vida!

MENCCOEAS

SETE DE SETEMBRO

Erqueu-se a neo de Deus cobre 0 ipiréraga,


Quando o ester alum dio despotemd
Fetixda Cunha

Erin Pirçjoade aclenco

Ate ppeceplo que dino dirqpunserat saberes;

Som mpmene perira janta,

La jour emmantee ce juat Se plata PÉ pasaaHrE


Racinç”

Salve! dia Feliz, data sublime

Cue despértas o sacro amor da pátria


Em nossos corações!

Salve! aurora redentora que eternizas

A era em que o Brasil entrara ovante


No fúrum das nações!

Aquém do oceano, entre choréas místicas,

Cú'a imensa coma abandonada sos ventos


Descansava adormir,

O filho altivo das cabráltas ciamas;

— Calmo como a Sibila que tateia


Mistérios de porvir!

E us ósculos ardentes do pampeiro

Do gigante adormido os lassos membros,


Enchiam de vigor,

E os délios raios da saudosa lua

A soberba cabeça lhe adornavam


D'estemas de fulgor,
ERA tao FE
MARCIA AMÁLEA

Um dia... ai! despertou, vendo cortado


Pela infame cadeia dos cativos

O nobre polso seu;


Estremecera em dnsias: lava ardente
Rugira incendiada pelas fibras

Da move Prometeu!

E os arundos agitaram-se nós eixos;


E o mar convulso arremessou aos ares
Cristais em turbilhões;
E a humanidade inteira ouviu tremendo
O brado heroico- que rasgara o peito
Do gênio das súidies!

Após insano esforço, ergue-se ingente

Calcando aos pés a algema espedaçada


Da luta no estertor,

E q Amazonas foi dizer aos mares,

E os Andes se elevaram murmurando:


“Eis-nos livres, Senhor!”

Tu foste meiga estrela que fulguras,


Apontando o caminho ao pegureiro
Exposto ao vendaval;

Rosa orvalhada de divinas lágrimas,


Que o colo purpurino ceclinaste
No sélio de Cabral;

Liberdade gentil, visão dos anjos,

Clicia mimosa balonçada à sombra


Pela beato de Deus,

Tu foste, como sempre, a luz d'aliança

Que a santa chama malma aviventaste,


Reubando-a aos escarcéus!...

NEBULOSA

Mas não se cinge a escravidão à algema:


A terra que sagrár vieste livro
Do futuro no altar,
Easgado o seio por voraz abutre,
Wê-se ora entregue à escravidão dos erros,
Sem forças, vacilar!

Ab! Não te esqueças deste augusto dia!

Ampará o débilpovo que sé curva


Anteum falso poder!

Desdobra tuas asas refulgentes

Sobre q leito fundreo em que repousa


O mártir Xavier]

E quando os filhos teus tendo por bússola


Accrença livre que mantiga idade
Euniiu tantos grilhões,
Remontarem aos polos do futuro
Enchendo o vicuo de um presente inerte
De indústria e aspirações;

Serás tu, liberdade sacrossanta

Que cingida de magos resplendores


Nos ongirás de luz!

Serás tú, que voltada p'ra o infinito

Nos guiarãs na senda fulgurante


Que à vitória conduz!

Salve! dia feliz, data sublime,


Que desperta o sacro amor da pátria
Em nossos cotações!
Salve! aurora cedentora que eternizas
A era que 0 Brasil entrara ovante
No fórum das nações...
NARGISA AMÁLLA

A NOITE

Elsa a noite solitdrig é emula


Quando oo reta cdu Ctanddo cs olhos,
Alê do escuro que lhe tin gu dé free

Aliunço desuro brado

ililhões de ses a divagar mo espaço:


Ciunçalves Das

O Noite, meiga irmã da poesia,

Ninta em lânguidas cismas balouçada,


Abreme oseio-teu, pleno de encantos!
Oh! quero em Ei fugir à dor famélica

Que me devora o coração sem vida

E osseios de minh'alma dilacera!

Quero a fronte pendida alçar, envolta

Ma fimbria imensa de teu manto tétrico!..

Debruça-se a mopália enfraquecida

Seo cália lhe bafeja o Nocte adusto;


Diesmaia a vaga asul na praia curva
Come um arco indiano, quando céleres
Do favônio indolente os leves beijos
Estfrolam da laguna a nivea opala;
Também meu coração se estorve e sangra
De sofrimento-entré as ersentas fráguas!

E tu, que as alvas pétalas requeimadas


Alentas com uma lágrima celeste;

Ta, que da espuma da ainorosa ondina


Formas na concha a preciosa pérola;
Concede ao peito meu que a mágoa enluta
Inda um momento de serenos goros..

Um riso que meus lábios ilumine,

Um só lampeço de fugas delicia!

MERAS

O fonte de ilusões, sobre teu colo

Reponsa exarigue o desgraçado escravo;


Ao silêncio que espalhas sobre a terra
Impleora « triste Bardo à estrofe cútila,

Que se expande em torrentes de harmonia!


Eo pobre, em áureos sonhos, transportado,
Contempla à messe que promete o estio
Aos Alhos desditosios da muséria!

Quanto teamo, é Noite! À mole queixa

Da brisa que adormeces na floresta


Confundo meús tristissimos gemidos;

À melodia das esferas púlidas

Que as eras de teu véu sombrio bordam,


Concerto as trenos que o sofrer me inspira;
Ea gota amarga que me sulca as faces
Adam teu sorriso se converte em bálsamo!

Quando na extrema do horizonte infindo


Do sol se apaga o derradeiro ralo;
Quando lenta e tardia desenrolas

De teu manto veal a tela plúmbea;


Quando vais rociar a laje tosca

Da fria sepultura com teus prantos,

O muarmúrio dos mundos emudece


Ante tua grandes melancólica!

E ve a filha gentil de teus amores


Cingida de palor no éter brilha;

&e a poeira dos astros cintilantes

Do Senhor do universo esmalta o sólio;


Minhalma desatandoos térreos- laços,
De vaga fantasia arrebatada,

Vai pelos raios ce fórmasa estrela


Aminhar-se do elísio na for cérula!..
NEDVLUSAS
WALCISA ANÁLIA

O Noite, meiga irmã da poesia, VEM!


Ninfa em lânguidas cismas halouçada,
Abre-mé o seto teu, pleno de encantos!
Desse regaço o divinal mistério Venez: Pande est sé colhe cê de ciel esta pr!
Fat-ma esquecer a angústia cruciante Mete Fuga
De passadas visões! E de meu seio,
Teu momo sopro nas geladas cinzas, Lirio mimoso dos jardins corúleos,
Anima a esp'rança de um futuro esplêndido!... Plácido arcanjo de brilhantes vestes,

Vem, Sono, e com teu cetro Fúlgido

Fecha-me os olhos,

Não vês que as sombras se desdobram tétricas?

Que Edlo geme sem já ter um salvo?

Não vês que os gênios do oceano indômito


Lánguidos choram?

Vem, que a fragrância dos junquilhos cândidos,


Se casa ao múcmur da fugaz corrente;
Hã na folhagem das sombrias árvores

Túrbida queixa.

Se ao leito fóges em que rola o cético

Turbando a noite coa blasfêmia impia,

Tu vens da virgem deferir a súplica


Timida e pura!

E quando baixas, belo ser notivago,

Vertendo orvalhos, mútigando dores,

As magnólias que se altejam pálidas


Curvam-se na haste.

O pobre escravo num langor bengfico

Recobra forças para a luta insana;

Lasso prescrito, todo o horror de exílio


Misero| — esquece,
MAMGISA AMÁLIA

A branca pomba, da doçura símbolo,

Oculta a fronte sob as níveas asas!

E q rei das feras nas cavernas lbicas,


Flácido tomba!

O cafre exausto sobre a areia tórrida

Busca a palmeira no Saara erguida;

E goza ao sopro de teu meigo hálito,


Mágico encanto!

Oh! mais não tardes, vem ungir-me as pálpebras!

Meu ser embala num dourado sonho!

Rasga o véu denso que limita.o vácuo,


Mestra-me a páteia!...

— “WO —

MENDLOSAS

PESADELO

A MEU PALO 58, JáCOME DE CAMPOS

A boe ce dir neces,

Dhempatier aque fe alroit Merinerare ft cnfir;

Ator vers doszopeut, de ddierrer les urabres,

De secouer ces niacrto Pr gnectre póemtesara,

Eleemetire ais frontolicerôpis une rraaegue deus


Jean Lanocque"

Quando nas horas mortas da noite que se esvai


Me empalidece a face e a fronte me descai,

Ei dessa vastidão sem fm do mar do mundo


Colho as varas pérolas que dormem lá no fundo;
E vejo a luz mostrar-se a custo, fugitiva,

Pos entre densas trevas a cintilar cativa,

Da velha idade su sol, Na Grécia Borescente


Caindo q persa qudaz, não vé a lava ardente
Que lavra desses peitos nos férvidos vulcões!
Da páfria à queixa rasga 0s gregos corações:
Levanta-se Miletades e nas guerreiras lides
Abraça o gênio misculo de integro Aristides!
Além folgava Roma em seus festina ruidosos

— Berço da dempia Túlia e régios criminosos, —

E a sanha do Soberbo — rugia sob 04 véus

De fúlgidos zimbórios e lindos coruchêus:


Mas a honra de Lucrécia, por um principe ultrajada,
No sangue dos senhores por Bruto foi vingada.

=="DUL =
MARCISA ABMALIA

Nessas montanhas invlas, nos alcantis vicentes,


Na limpidez dos ligos de ondulações trementes;
No seio desse ninho formado de mil flores,
Onde cantam ádílios os timidos pastores,
Euvejo fulminadas as Aguias poderõras

Quie de Tell decaltaram as iras belicosas.

No cons da confusão arquejam parlamentos;


Trêmulo de ardor, reúne esparsos regimentos

E à frente das falanges intrépidas, luzidas,


Vingança! = beada Cromwell às raças oprimidas,
Com rapidez terrivel o gládio soberano

Atiraao pó a fronte do plácido tirano!

E vejo um lidador com santo entusiasmo

Tentar roubar a Itália a seu servil marasmo;


Reatear a chama - à chama amortecida

Na mesa do banquete, na morbides da vida!..


Mas, ai! de um fero Papa, ao mando assassinado,
Rienzi o invencivel caiu sacrificado!

E 4 quando a Polônia nos garras de seus erros


Sestorce, enchendo em vão de lágrimas os cerros,
Encélado sublime, em frente às invasões,
Destaca-se Kosciusko"* erguendo as multidões!
Escrita estava a sorte: devasta a Embssia a plaga,

E o estorço-sobre-humano a Rúbésia fria camaga.

A flha de Albion ativa repousava

Agquém do vasto mar, ante a mãe pátria — escrava;


Quebra o patriotismo o leito em que dormia,
Ergue-se o povo herói ea luta acaricia:

Salvando voam balas, o eco acorda os montes,


Livre surge a nação enchendo os horizontes)...

ETR LA

Tom soufiie ala chaos faicai! pórtirdes Jois;

Time ireacage insultenit orem idépoeailies des quê,


E, elebant cor tiram de deure fssdros guermiêres,
Erntretiomae de ciel e brucit che ter omploits,

SalvebOh! salve Oitenta-e-Nove


Que os obstágulos remove!
Em que o herolamo envolve
O horror da maldição!

Eolam frontes laurcadas,


Teria bestas copgadas
Pelo povo condenadas
Ao grito — revolução!

Caem velhos privilégios


D'envolta co'os sacrilégios;
São troféus — os cetros régios,
Mitra, burel e brasão!

E os três csquivos estados


Eundem-se em laços sagrados,
Que prendem os libertados
Aos pés da revolução!

No pedestal da igualdade
Firma o povo a liberdade,
Um canto 4 fratemidade
Entoa a voz da nação,
Cu em delírio violento
Fita altiva o firmamento
E adora por um momento
A deusa — Revolução! .

Casimis Delarigpe"
NARCISA AMÁLIA

Os ódios secam o pranto,


Aira fem mago encanto,
Eamorte sacode o manto
Lançande crânios nochão!
Aqui — são longos gemidos
Desses que tombam feridos;
Chureem-se além — os ragidos
Da fera — revolução,

Treme a humana potestade


Ante tua mortandade!
Proclama que a sociedade
Agoniza em convulsão!
Erguem-se estranhas fileiras
Vão devasar as fronteiras,
Rradando às hostes guerreiras:
- Abaixo à Revoloção!

O nobre povo oprimido


Supõe-se fraco e vencido,
Nledem-lhe o sangue espargido
Nas vascas da confusão.

Não sabem que é mais veemente


Dos livres e grito angento
Quando reboa fremente

A luz da revolução!

Levanta-se hirta a falange

E a louca marcha constrange;


Rindo-se aguça 0 alfanje
Tendo por guia a razão!

Ao sibilar da metralha
Elobus gemendo estraçalha,
E o vasto campo amortalha
Quem fere a revolução!

-— Ia —

FEbTLOSAd

Colme a bandelra sagrada


A multidão lacerada,

E da França ensanguentada
Assoma Napoleão;

Surge da borda do abismo


O gênio do cristianismo,

E dos mártires o civismo


Confirma a Revolação.

mw
Que paltns de alor mão murcha a grande

hiteleiedoa

O popo esquece une die ncinaitos vordes.


Pedro Luis

Contempla minha pátria, sobranceira,


Dessas hostes os louros refulgentes;

E procurando a glória em teus altares


Entretece uma coroa a Tiradentes,

Viste marchar aé exilio acorrentados


Quais feras que tewseio repeitava,

Os mais que desprenderte o polso tentam,


E dormiste sorrindo — sempre escrava!

E quando retombou no espaço um brado


Tentando sacudir-te a negra coma,
Curvaste-te no Hagicio fratricida

E deste ao cadafalso o — Padre Roma!

E não contente, após:a eximia aurora


De tua amesquinhada independencia,
Mais vitimas votaste em holocausto
Sufocando outra nobre inconhidência.

— 105 =
RARÇIEA AMÁLIA

Não bastavam, porém, tantos horrotes


Que enegrecem as brumas do passado;
Eoipreciso que às mãos de um assassino
Caisse o grande herói — Nunes Machado!

Eoi preciso que em nome da justiça


De prisão em prisão vagando esquivo,
Acabasse afinal sem glória e nome,
Em martírio latente - Pedro lvot,.

Mas se um dia o porvir abrir-te o livro


Que o presente te oculta temerúso;
Se com a vista medicos a estacada

Em que o falso poder se ostenta umbroso;

Então, é minha pátria, nom lampejo

Os erros surgirão da majestade;

E arrojarás ao pá cetros e tronos


Bradando ao mundo inteira = liberdade!

=" 106 —

TERCEIRA PARTE
A Sua DEDICADA AMIGA
A Exma. Ena. D Manta AMbLIA D'ivanry BARCELLOS
Quc.

A AUTORA

NEHGILCS AS

CASTRO ÁLVES

Ouro de deshno se entreabre


Creimandio ser nais primos jpunadas
O seu nuno fulgente, glomier,
Caes turbias aulemiramo ascrenbo radar!
Joana" Tiburtina

Eeoes quis emrid;


Deste tire persiana elas — e Etorpaidado!
Coma tiarvalho

Por que convulsa e geme o pátrio solo

Dos montes despertando 05 ECOS húgubres?


Por que emudeçe o êrvido oceano

E à terra; erma da luz, chorando atira

Mil turbilhões ce lágrimas armarios?

Por que de sombras tétricas se vela

O firmamento azul? Que mágoa imensa


Enluta os corações & arranca o pranto?!

Ê que o sono final cercarã os olhos


Deum filho das soidões amencanas!

O sol que aviventáva a chama áusgusta


Mo peito dos titãs do — Dons de Julho —
Eumiinara o berço vaporoso

Do pálido cantor da liberdade!

dee dubcinosas brisas lá do norte,

Ao ensaiar dos passos vacilantes,


Frasiam lhe 04 queixumes, despertando
Um mundo de harmonias em sualma!

E a dileta criança estremecia


Sentindo em sia seiva do furar.
MAREISA AMALIA

Mais tarde a fronte nobre, cismadora,


Volria ao céu para escatar-lhe os votos
E muda, à terra, revolvia pávida
Come o profeta que a missão sublime
Das mãos de Deus recebe; desmaiava
Como desmaia a for da magrólia

hos atdoçes do estio. E radiosa

A pátria contemplon-o embevecida!

Já não era a criança temerosa


Do confuso murmúrio das florestas;

Era à poeta cuja lica douro

Erguia do sepulcro o eulto ingente

Do apóstolo = Pedio Ive cujos trenos


Dertamavam lampejos fulgurantes

De um róseo amanhecer: ora nisonhos


Como as límpidas pérolas que entorna
Arórida alvorada, ora profundos
Como os cavos rugidos do Oceano!.,

Estranha confusão de riso e pranto,


De luz é sombra, mocidade e morte!

Depois, cisne de amor, deixou us Jares


Demandando as campinas rociadas,

Onde ecoara o brado albpotente

De Independência ou Morte. Ali desdenha


As três irmãs que lhe apontavam gélidas

O porvir do poeta; vê o gênio

A marchar, a marchar no danesário


Sem-termo do existiz, morto de inveja!

E o misero de glória em glória corre


Buscando a sombra de uns frondosos &kunos*

— IM —

MERULOSAS

Em queria viver, beber perfumes

Na flor silvestre que embalsama o éter;


Ver su'alma adejar pelo infinito

Qual branca vela na amplidão dos mares;


Sentia a voraz febre do talento,
Entrevia um esplêndido futuro
Entre as bênçãos do povo; tinha nalma
De amor ardente um universo inteiro!

Mas uma voz lhe respondeu sombria:


— Terás 0 s0n0 sobre a lajem toscal —

E nessas regiões sempre formosas

Onde acenava-lhe o fanal da ciência,

O louco sonhador dos Três Amores


Colheu o fatal germe destrutivel

Que mincu-lhe a existência; quebrantado


Voleeu ds plagas que deixara outrora

Por pressentir, como única esperança,

Um túmulo entre 05 seus, no pátrio minha.

E as almefadas palmas do trianto

Converteram-se em lousa mortuária!

Mas. não morreste, não, condor brasileo


Cue nunca múrrerão teús puros versos!

Não, não morreste, que não morrem Goethes,


Não merém Dantes, Lamartines, Tassos,
Garretts, Camões, Gonçalves Tas, Miltons,
Azevedos e Abreus. Tews belos cantos
Costarão as caligens das idades

Como de Homero os divinais poemas!

E lá da-eternidade onde repousar


Acolhe o cânto meu que o pranto orvalha!...

— PL —
EA RCESA AMÁLIA

A A, CarLOS GOMES“

(No ALBuM DO MAESTRO)

Nahargr estalado ao dedilhar promo


pa Gelo fara erquer-fe ao egito!

Não acho IPS CRS pari erguer dé ME


Teixeira de Melo

Nha de

Nas qrudtas de aplausos que rolam-te às plantas

Mil amos à Iux,


Derramam-te malma delicias beim santas!
Circundam-te a fronte que altiva levantas
Corimbos de luz!

A glória envolveu-te na Calxa folgente,


De pura esplendor;
No seio aqueceu-te, mostron-te contente
A senda bordada de louro virente,
De prantos sem cor.

O gênio beilhou-te ma testa inspirada


Com vivos clardes;

À pátria escutóu-te sorrindo enlevada;

A fama cantando na tuba deurada,


Levou-te às nações!

E em meio dechuvas de louros, de rosas,


Surgiu — Guaraiii =

E vcéu recamado de aurorasformosas,

As auras, as flores, as nuvens mimosas


Sorriram-se aqui,

— 112 —

NEDULOSAS

Avante! E se longe da pátria encontrares


Mimoso louvor;

Descantem teus lábios à luz dos luares,

Gandades das filas dos pátrios palmares,


Dos anjos de amor!

= 1ig:=
NARCIGA AMÁLIA

Visão

A HELNNA FisCHIN

Esperança. Esimelodo do futtaray,


e caio dncermanio puara dl sattvr,

pan o riqués, para o céu


Jicorme de Campos

Uma noite em que a febre da vigilia


Escaldava-me o crânio e à fantasia,

Das regiões da luz e da harmonia

Eu vi baixar uma gentil visão;

Tinha na fronte ebúmea, em vez de pâmpanos,


Grinalda de-virgimeas tuberosas,

E trazia nas alvas mãos mimosas

O sagrado penhor da redenção,

E perguntei: — Quem és, arcanjo fúlgido,


Que vens luminar-me a noite escura?
Quem és, to que derramas a frescura

No pudibundo cálice da Rort...

Serás acaso a ondina tevtônica

Envalta das espumas no sudário?

Seria um rato vindo do-Calvário

Para trazer-me vida e crença, é amor...

“Vida... Não tentes, querabim empírico,


Reantmar a fama extinta hope!

Sinto que o círio da razão me foge

Da tzeva eterna no assombreso mar!

Crença... Embalde a pedi com longas lágrimas!


Embalde aclama meu solver profundo,

Como clamáva Goethe moribundo

- Lusa! às sombras sibentes da Webmar!.

— já —

MEBULCSAS

Armor. Limpido aljofar que das pálpebras


De Cristo rola decundande o solo!

Amor... Suave bálsamo, consolo

Ce implora a humanidade ao péda cruz!


Oh! sim, aponta-me miragem cândida

Que mostra ao crente o paraiso aberto;

- Estrela d'Esrael, que do deserto

Aos braços da Vitória nos conduz!

Mas quem és, tuque vens erguer do pélige


A aurora funeral de meu futuro?

Fala! Quem és, que um ósculo tão puro


Depões em minha fronte de mulher?!

“— Sou a Esperança, disse; em minha túnica


Brilha serena à lágrima doafito;

Tenho um sólio no seio do infinito,

E banha-me o clarão do rosteler!

Abresme o coração pleno de angústias,


Conforto encontrarás em meu regaço;
Crtarei para timundos no espaço
Dieule segredo amor aura sutil!

Onde em lagos azuis de areias áureas


S'embalem vedivivas tuas crenças,

E à meiga sombra das lianas densas


Vibres chamando às notas do arrabil”

Fr Curvo-me, à anjó,a tem assento plácido:


Já nem me punge tanto sofrimento!

Sinto em meu peito o divinal alento

Que verte nalma teu cerúleo-olhar!


Aumeus olhosse rasga atro sendálio,

Fito o incerto porvir mais calma e forte:


Já tenho forças p'ra lutar com a sorte

E voto a minha lira em teu altar!”

a a
MAREISA AMÁLIA

A FESTA DE 8. JOÃO

Reconpação DA PazenDA ESPERANÇA


A Exma. SnA. D ManiANNA CÂNDIDA DEM, FRANÇA

Ô noite plena de celeste encanto,

Fonte sagrada de abusões suaves,

Deixa que eu prenda a teu sendal meu canto;


Deixa que eu libe teus arpejos graves,

O noite plena de celeste encanto!

Quando do empireo té debruças linda


Que doce paz no coração entornas!

Com a Nor mimosa da saudade infinda


O peito enfermo do proscrito adornas,
Quando do empireo te debragas linda!

Die teu bafejo ao perfumoso afago

O cactus abre a virginal corola

E a ondina paira sobre o azul do lago!


Da brisa o treno ao infinito rola

Di teu bafejo ao perfumoso afago!

E tudo, tudo quanto vive ama

Bebendo as lendas que teu manto espalha;


De Vênus brinca a vaporosa lama

Com e facho humilde de casal de palha,

E tudo, tudo quanto vive ama!

e |

MERITI AS As

Em derredor de uma fogueira ardente,


Chual telbo inquieta de falenas loucas,
Dioudejam moças sobre a gleba algente;
E o riso entreabre coralineas bocas

Em derredor de uma fogueira ardente!

No chão cesvalam como orvalho d'ouro


Eátuas centelhas recortando o espaço;
Da laranjeira o doce fruto louro

Da luz cedendo 40 languescido abraço,


Mo chão resvala como orvalho douro!

Corre o tambor a extravagante escala


Seguindo o canto que murmura O escravo;
Megra crioula a castanhola estala,

E à voz robusta que levanta um — bravol —


Corre o tambor extravagante escala,

Oi noite plena de celeste encanto,

Fonte sagrada de abusões suaves,

Deixa que cu prenda a teu sendal meu canto;


Deixa que eu libe teus arpejos graves,

É noite plena de celeste encanto!

= em
MARCHA AMÁLIA

Rasgou-se a faixa noturma


Que a natureza envolvia,

Ea aurora rubra derrama


Torrentes de poesia;

Das cascatas, da flavesta


Ergue-se um hino de festa
Nas harpas da viração;

E o sol — Vesúvio sublime —


Nos crânios vastos imprime
A lava da inspiração!

Erguendo ao Senhor hosanas


Curva-ge nara o levita,
Ea benção concede à turba

Que genuflexa palpita,


Da fé, à chama divina,

Cada cabeça s'inclina


Eanhada de etérea luz;
De cada lábio rubente

A prece voa fervente,


Ungindo o pedal da cruz!

a criancinha dileta

Rindo recebe batismo

E isenta de culpas, entra


No templo do cristianismo!
A celeste unção é glidio
Que vence o crime, palídio
À heresia infernal;

Abate as seitas erguidas


Eleva as almas remdidas

A pátria celestial!

BEBLLISAS

Sim! quando em berço Pintante


= Ninho de crenças mimosas =
Onde o amor brota em ondas
Onde rebentar mil rosas,
Resvala a gota sagrada

Que verte ná fronte amada


A luz das constelações,

O povo abraça a esperança

Ea Deuseleva a criança

Nas asas das saudações!

Por tsso da cólia estância


Num caio de caridade

A terra baixou tadioso

O anjo da liberdade;

Que a fortes pulsos escuros


Unindo seus lábios puros
Partiu um grilhão atroz;

E de infelizes escravos

Fix talvez dez homens bravos,


Talvez dez outros heróis!

Oh! bendita a mão feminea

Que o empires entreabce- ão precito,

Que au cego aponta um caminho,


E à pátria leva o proserito!...

Oh! benditaa mãe formosa

Que olhando e filho, ditosa,


Manda o cadáver viver!

votação do liberto

Subindo ne vento incerto

Faz o céu graças chover!

=— 181: —
NABSISA AMÁLIA

ii

É noite, é moite ele magia e enteio!


Buscando asilo em palpitante seio
Voa o pólen da flor!

Doar sereno vibrações cólias


Perfumam-se nas alvas magnólias,
Que languescem de amor!

Da sala festival pelas janelas

Céleres rolam catadupas belas


Die filmidos clardes

Vênus surpresa, daazulada esfera,

Um raio de langor verte severa


Por entre as cerrações,

Os perftimes sutis cansam vertigens;

Transborda de fulgor o olhar das virgens,


Da madonna ideal;

Como a planta a boiar sobre a corrents,

Adeja do mancebo o sonho ardente


Num colo de vestal!

Ecada riso anima uma esperança!

Aos sons da tentadora contradança


Olvida-se é sofrer...

O hálito da bela o ar aroma,

Eorubor que na face nívea assema


Trai íntimo prazer,

Des lábios de-uma loura formosura

Enchendo o espaço de hacmonia pura


Desata-se a canção;

P'ra oueir-lhe a fala maviosa, a lua

Que no páramo intérmino flutua


Penetra no salão!...

— 13 —

ELBULOSAS

Canta, canta formosa peregrina

Que a tua merencória cavalina


Açalma anseiis mens!

O mundo é vário, pértido oceano,

Quando o deixares, cisne soberano,


Crorjearás nos céus!

O turbilhão da valsa o moço arrasta,


Eater rubente da dunzela engasta
A baga de suor...
Seu meio à turba que doudeja
Sou come a Esfinge que o Athhára beija
Sem vida... sem calor...

Crmoite divinal, plena de olores,


Ce estendes sobre a terra um véu de fores
Abertas ao luar,
Verteste em meu sombrio pensamento
Corvalho sideral do esquecimento!
Oh! deixa-me te amar!

— nã —
NaABCtta AMA

RECORDAÇÃO

À ADELAIDE Liz”

— que débdeacia
ga vi ego chgenlor das

De massa tonto mofnria!


Teúlilo Braga

Lembras-te ainda, Adelaide,


De nossa infúncia querida?
Daquele tempo ditoso,
Daquele sol tão formoso
Que dava encantos a vida?

Eu era como a Horinha


Desabrochando medrosa;
Tu, alva cecém dovale,
Emtreabrias em tou caule

Da aurora à luz donro e cosa,

Nosso céu não tinha nuvena:


Nem uma aurora fugia,
Nem uma ondina rolava,
Nem uma aragem passava
Que não desse uma alegria!

“adelaide Lu à compantesra dos Es edi infantie à nboçã inbeligente e estudicas


em cuja frocite fulgura à tríplice sorca helera, docespírito e da bondade, devia ey
a
minha primeira primlação postica, Alterar agora a linguagem intima = singela desses
versos seria uma profiniação.

HEBILINSAS

Ta me contávas teus sonhos


De pureza imaculada,
Ellúvios de poesia,
Trenos de maga harmonia..,
Erassibila inspirada!

Ea nossos seres repletos


Thiase amor que não fenece,
Como sorria a exreténicia!
Quanto voto de inocência
Levava ão céu nossa préce!

Hoje que apenas cintila


Ao longe 4 estrela da vida,
Venho triste recordas-be
Esse passado, abraçar-te,
Minhidelaide querida!
MARCISA AMÁLIA

(O SACERDOTE

AU REV SE, VIGÁRIO FELIPE JOSÉ COnREA Dn Moo

Cet ureango ver que da ferro gu mus somas,


Dt Poor preesgur Dióor consolame diturres

heenttipes.

Ente sagrado que sereno caleas


Os bravos cardos do terreno horto,

Erguendo os fracos que chorando prostram-se,

Entre a miséria a derramar conforto;

Dizei, que arcanjo te sústenta, culto,

Do mando falso sobre as crus paixões?

Quem deu-te a crença que a sorrir espalhas


As multidães?

Quem deu-te sos olhos que a celeste fama


Qui alenta a vida, e purifica a alma,
E o lábio ungiu-te do meliuo verbo
ue tanta ardência, tanta sede acalma?..
Simbolo do Cristo, tu entormas hálcamos
Do peito aflito sobre q chão revel...
Quanta nobreza não disfarça avaro

Negro burel!?

Teu doce impécio se revela exímio

Onde do déspota o poder falece,

Ao céu teu ser em sacrificio sobe

Nas brancas asas da singela prove.

Banha-se o crente, a teu suave assento,

Nas ondas louras da caudal da fé;

Caem pór berra mil ermônias seitas


Ontem de pu!

— 1H —

NENULOGAS

O braço inerme protetor estendes

Da virgem pura à candidez sublime,

Enquanto ao seio piedoso apertas


O réu, remido da negror de crime!

Apús tes passos vão seguindo as bênçãos

Da pobre enfermo que estendeu-te a mão;

Ho impio mesmo que blasfema, atiras


Doce perdão!

E guando exausto, para o vil patíbulo,

Caminha um homem que a justiça esmaga,

Sustendo a fronte que o terçor desvaira

além The mostras a sidérea plaga:

Contelto escuta o condenado a lenda

Dias longas dorts que sofreu Jesus,

E quando pende-lho a cabeça, expira


Beifando a Cruz!

Prossegue sempre nessa trilha augusta;


Para únde adeja a funeral desgraça!

Mas não te afastes «us festivos grupos,


— Quebra-se em breve do praser a taça!
Se o frio cético ao rolar no abismo
Estar sombrto os tristes olhos teus,
Verá rasgar-se da sepuleso as sombras,
Julgar-te-á Deus!

“Tais são, mártir de uma ideia, as luzes


Que opões à treva humulas do mundo;
Ai munca invejes o bulicio inglório
Das doudas tarkas o labor profundo!
Embora o gênio da desdita envolva
Nos£o destino em funerário vêm,
Por entre 08 prantos Le veremos sempre
Próximo do céul..

og mm
BAECIEA ABLÁSIA

AMOR DE VIOLETA

jeeas SU dor serenas percemperdos que


e emténio dm soldo despertam po alia
verdgjante do caplêmeida prumnera

Lists Ciuirmarãos Hinior

Esquiva aos lábios Júbricas


Da louca borknleta,

Na some da campina olente, formiosissiraa


Vivia a vicleta,

Mas uma virgem cândida


Um dia ante ela passa,
E vai colher mais longe uma faceira hortêngia

Que à loura trança enlaça

“Ail geme a flor ignota:


Se pela cor brilhante

Que tinge a linda rosa, a tinta melameúlica


Trocasse um só instante;

Ceme sentira, ébria


De amor, de niigoa anleio,

Do coração vlrgineo as pulsações precipltes,


Ueda ao casto sebo!”

Doudeja a criança pálida


Na relva perfumosa,

E a meiga violeta ao pé mitmaso + célere


Esmaga caprichosa,

Curvando a fronte exânime


Soluça a flor singela:

“Ah! Como sou feliz! Perfumo a planta ebúrmea


Da minha virgem bela!”

= Ls —

Ê als dir
RPE Noti Eo,

DAFRICANDE O PDETA
MpEanA perdohO GONTSA LRAGIA

PRERTA

[E]
Me gt O NL A MALA
Primeira página da madinha compísta por João Gomes de Araújo, a paris do
poema “O africano q o posta”, de Narcisa Mumália.
MALE ESA AMÁLEA

O AFRICANO E O POETA»

Ao Da. GELO DE MAGALHÃES

Les esidases, Eu-ce quile ont dies dig?


Educa qual cont es Polo ee quant pointer!

No canto tristonho

Do pobre cativo

Que elevo furtivo,

Da lua ao clarão;

Que escalda-me o resto,

De imenso desgosto

Silente expressão;
Quem pensa? — O posta
Que 04 carmes sentidos
Concerta aos gemidos:
Die seu coração,

— Deixei bem criança

Meu pátrio valado,

Meu ninho embalado

Da Líbia no ardor;

Mas esta saudade

Que em túmido anseio

Laçera-me seio

Sulcado de dor,
Que sente? - O) poeta
Que o elisio descerra;
Que vive na terra
De místico amor!

= 0 =

HEBULDSAS

— Rotibarim-me feros

A férvidos braços;

Em rigido laços

Sulquei vasto mar;


Mas este queizume

Do triste mendigo,

Sem pai, sem abrigo,

Quem quer escutar?...


= Quem quer? O poeta
Que os-térreos mistérios
Aos paços sidéreos
Deseja elevar.

— dlais tarde ente as breshas

Reguei mil searas

Cos bagas amaras

Do pranto revel;

Das matas cairam

Cem troncos, mil galhos;

Mas esses trabalhos

Do Braço novel,
Quem vê? =D poeta
Que expira em arpejos
Aos lúgubres beijos
Da fome cruel!

= “IRF
RA RCISA AACÁLIA

= Depons, O castigá

Cruento, maldita,

Caiu no próscrito

Que o sintun crestou;

Coberto de chagas,

Sm lar, Som amigos,

Sórtendo inimigos...

Quem há como eu souil...


— Quem hãi.. O poeta
Cu a chama divina
Úue o orbe ilumina
Na fronte encerrou)...

— Meu Deus! ao precito

Gem crenças na vida,

Sem pátria querida,

Só resta bombar!

Pins quem uma prece

Na campa du escravo

Que outrora foi bravo

Triste há de reart!..
— Quem hã-del... O poeta
Que a lousa obscura,
Com lágrima pura
Vai sempre vrvalhar!?

— "Ja —

MENCILIAAS

SADNESS

tal] veis mas vç valo, for poe rescrued


Moi eme simao do ag (e pars
Jens Tra cmg!

Meu anjo inspirador não tem nas faces

As tintas coralineas da manhã;

Nem tem nos lábios as canções vivaces


Da cabloca pagã!
Não lhe pesa na fronte deslumbrante
Coroa de esplendor e maravilhas,
Nem muba ao nevoeiro Ilutuante

As nítidas mantilhas:

Meu anjo inspirador é frio-e triste

Coma o sol que enrubesce o céu polar!

Trai-lhe 0 semblante pálido = do antiste


Caçerho meditar!

“Traz na cabeça estema de saudades,

Tem no lânguido olhar a morbideza;

Neste aclâmide eril das tempestades,


E chama-se = Tristeza...

- 1 —
RARE ABLÁLIA
O BAILE

Esta fregida alegria,


Esta ventura que meme,
(ue serd delzr ao comeperdo dia ?..

Crançalves Dias

A noite desce lenta e cheia de magia;


A multidão febril do templo da ategria,
Invade as vastas salas,
Cimirmore, 4 eristal, a sede e 05 esplendores,
Do manacã despertam os mágicos olores,
À languidez das falas.

Mo rotilar das luzes as dálias desfalecem...

Roçando o pó as veste das virgens s'enegrecem,


Enturva-se a brancura...

O ar vacila tépido.. à música divina

Semelha o suspirar de uma harpa peregrina...


Ealbora da loucura!

Pala janela aberta por onde o baile entorna


No éter transparente a vaga tibia emorma,
Do hálito ruidoso,
Da vida as amanguras espreitam convulsivas
O leve esvoaçar das frases fugitivas...
O estremecer do gozo!

E tudo se inebria: 0 lampejar de um riso

Acende malma à luz gentil do paraiso,


Arranca a jura ardente!

E mariposa incanta, em súbita vertigem,

Arroja-se a mulher crestando o seio virgem


Na pára incandescente!

FEBULÓSAS

Aqui, na nitidez de um colo, a coma escura

Sesprata em mil anéis, enlaça a fronte pura


Aurêola de rosas;

Da valsa ao giro insano, volita pelo espaço

Do cinto estreito, aéreo, o delizado laço,


fis pascs vaporosas,

Ali, na meiga sombra indiferente a tudo,

Imerão em doce clama um colo de veludo


Ondala deslombrante:
Que fogo oculto, ignoto, em suastibras vaza

Vivido ardor que faz tremer-lhe a nivea asa

Além, meus olhos tímidos contemplam com tristeza


As penas da mulher, dessa = ave de beleza -
Calcadas sem piedade !..
Esparsas pelo soltas laveradas rendas...
As fores já sem viço. abandonadas lendas
Da letica mocidade!

A festa chega avó termo;a harmonia expira;

A luz na convulsão final langue se estima


Pele salão deserto;

Hã pouco — odondejar da multidão festante,

Agora = o empalidecer da chama vacilante,


Ao rosicler incerto!

Depois — a razão fria contando instantes ledos

De castos devaneios, de juramentos tredos


Ouvidos sem teceda...

Num corpo languescido o espirito agitado.

E a febre da vigília ao dolorose estado


Ligando vago anseio.

-— =
FARULSA AMÁLIA

O BAILE

Esta figa aegr,

Esto ventura que mente,

Que red delas qu romper da dia?


CGiongalves Dia

A noite desce lenta e cheia de magia;


A multidão febril do templo da alegria,
lnvade as vastas salas.
O mármore, q cristal, a sede e qe esplendores,
Do manacá despertam os mágicos olores,
k languidiez das falas.

So rutilar das luzes às dálias desfalécem...

Roçando o pó as veste das virgens s enegrecem,


Enturva-se a brancura...

O arvacila tépido... a música divina

Semelha o suspirar de uma harpa peregrina...


Ea hora da loucura!

“ Pela janela aberta por onde o baile entoma


No óter transparente nºraga tíbia e morma
Da hálito ruidoso,
Da vida as amarguras espreitam convualsivas
O leve esvoaçar das frases fugitivas...
O estremecer do gozol...

E tudo se inebria: o lampejar de um riso

Acende malma à luz gentil do paraiso,


Arranca a fura ardente!

E maripessa incauta, em súbita vertigem,

Arroja-se a mulher crestando o seio virgem


Na pira incandescente!

a E

KEBULOSAS

Aqui, na nitidez de um colo, a coma escura

Sespraia em mil anéis, enlaça a fronte pura


Auréola de rosas;

Da valsa ao giro insano, volita pelo espaço

Do cinto estreito, aéreo, o delicado laço,


ÀS gusta VApOTORAS:
Ali, na meiga sombra indiferente a tudo,

Imenso em doce cisma um colo de veludo


Ondula deslumbrante:

Que fogo oculto, ignoto, em suas fibras vaza

Vivido ardor que faz tremer-lhe a nívea asa


De garça agonizante?!

Além, meus olhos tímidos contemplam com tristeza

As penas da mulher, dessa — ave de beleza —


Calcadas sem piedade...

Esparsas pelo solo as laceradas rendas.»

às Hores já sem viço. abandonadas lendas


Da louca mocidade!

A festa chega ao termo; a harmonia expira;


A uz na convulsão final langue se estira

Pelo salão deserto;


Hã pouco — 0 doudejar da multidão festante,

Agora = 0 empalidecer da chama vacilante,

fo rosicler incerto!

Depois = a razão fria contando instantes ledos

De castós devaneios, de juramentos tredos


Ouvidos sem receio.

Num corpo languescido o espírito agitado.

E a febre da vigília ao diloroso estado


Ligando vago anseio...

do —
MARCIA AMLÁLIA MEILCISAS

A vida é isto: hoje cruel grilhão de ferro;


Talvez douro amanhã, mas sempre a dor, o erro, FANTASIA
Aniquilando o gênio!
Passado = dSureo friso num mar de indiferença, ER dio
Presente — eterna farsa universal, suspensa
Dio mundo quis prresseêndos! A aaa dt Es of reias
— q bedeaty dual peace.
É bela a cecém do vale
Quando desponta mimosa,
Sobre o caule, melindrosa,
Ao cutllar do arrebol;
Quando a gota etérea e pura
Que chora o céu sobre a terra,
O lindo scio descerra
Aos lrouzos ralos do sal,
É bela a meiga criança

Sentindo à lwz da existência,


Co alema = tada inocência,
É a face — toda rubor!

Cs rúsecs Táhics ungidos


Por mim acentos — suaves
Como o gorjeio das aves,
Como o suspiro de amor!...

Des'brocha o lírio, mais alvo


Que o tênue dloco de neve;
A viração fresca é leve
Lhe oscula as pétalas — Feliz;
Ternos carnes lhe murmuara
A namorada corrente,

| Que se deriva indolente


Porsobre o fláreo tapiz.

a
HARCIRA ABLÁLIA NEBULOSA

Assim a virgem formosa


Torna-se-tmais sedutora,
Cuando a púcsia entlora

JuLiA E AUGUSTA

Sua beldade ideal! '


Oucaeedo tada restando le des feng iraas,

Quando no brilho fulgente De permficame é de arm, grstaraetoe o prio,


Tas olhos vividos, belos, Oueareto aa ale leg ma céu mvadrirm meu olhos,
Su'alma ardente de amelos Airarmbo tod ae Eevito mar coberit
Mostra candor divinal! Cionçalves Dias

ese São duas rosas se expandindo rúbidas

tis

nao Ati No brando caule com suave encanto;


A um seu sorriso-a criança São duas nuvens deslizando húmidas
Ligeira tenta sorrir; Do campo aéreo no azulado manto.

Avslálios = casto delírio


implora a andaz borboleta;
O mesmo altivo poeta
Pede-lhe um mio de amor).

E tudo, tudo que a cerca


Die medrosos juramentos,
VÊ, nús vagos pensamentos,
A candidez que seduz!

E tudo, tudo o que soire

Ve que à imagem de Mana,


dvirgem — flor de poesta —
Deus fez cepleta de luz!

Que o Senhor a ti, ó virgem,

= Simbolo de amor e cadura —


Poupe à taça da amargura

Que a meu lábio não poupou!


Que se desdobre nitente

A fita de tua vida,

De tantossonhos tecida
Quantos o céu me negou!

= jdê —

São duas ondas marulhosas, flácidas,


Que o tibio sopro do favônio frlsas
Sãs-duas conchas deslumbrantes, nítidas,
Do mar na prala refulgente e lisa,
Saoduas auras, perfumoasas, tépidas,
Heijando as pétalas de uma flor perdida;
São duas rolas resvalando timidas

No dorso curvo do escarcdu da vida.

Duas auroras ressurgindo limpidas

Bor entre as trevas que a tormenta encerra;


Graças libradas sobre à espaço, fúlgidas,

A cuja sombra se conchega à terra!

Uma — os rútilos-das pupilas vividas


Vela nos prantos de gazil ternura;

Na cor minvosa da Moema indigena


Concentra o ardor da tropical natura!

— 1 —
ManCIãa AMÁLIA

Qutra, revela nos olhares linguidos


Toda a purera da celeste estância;

À tez formada de açucenas úmidas


Rouba o cutgno a festival Frageância!

Ambas — cingidas de virginea aurtela


Firmes caminham na escabrosa trilha!
Feliz daquele que sorvesse em dsculus

O afeto imenso que-em seus olhos brilha.

SEDULOSAS

NOTURNO
RE guarte pemo adido frescor he prt bando
essi agi Comme om aenf dlaar de culo del
cat Pt apud rel dire feearetor!
Cetha
Languesce a calma ardente;

Bos ares, levemente,


Desdobraá-se treivento
Da noite à coma escura;
Do aéico o adejo
Envolve em longo beijo
O simbolo de pejo,

- À rosa da espessura.

A limita marulhosa
Dolente, langorosa,
Estende-se chorosa
Musa leito de luas;
Além, um canto soa,
Por súbve a espuma voa
Ligeira, uma canoa

Cortando o agul do mar,

Doespaço ema princesa:


Na gélida beleza

Que doce morbideza,

Que angústia calma e funda!


É cada flor nevada

Que dobra-se crestada

Na haste recurvada,

Eua branca luz inueda!

— -Hi =
| MARCISA AMÁLEA MEBULDSAS

Planetas fulgurantes A ROSA

Se velam, pr instantes,

Nas rendas Rutuantes x

Das nuvens de algodão; Que diego não de ceilou mo ardor dasisha


? Rnsede-qrocr, rosa purpúrea e bote!

Sacode a noite o manto, pg

Na terra chove pranto...

Que raporoso encanto


| Embala a criação!

Clelisio tem fulgores,


Acterra orvalho, fores,

E misticós amores

Que velam descuidades;


Mas, ah! quanto lamento
Não sobe tardo, lento,
Na voz do sofrimento,

No - ai — dos desgraçados? !..,

Ao misero inditoso
Envia, à Deus piedoso,

| Lim raio esperançoso


Que absrande à intensa dor!
xa vaga que delira,
No curo que suspira,
Na costa é santa pita
Lhintunde teu amort!...

Um dia em que perdida nas trevas da existência


Sem risos festivais, sem crenças de Futuro,
Tentava do passado entrar no templo escuro,
Fitando a torva aurora de minha adolescência,

Vialri meu passo incerto à solidão do campo,


Lã onde não penetra o estrepitar do mundo;
Lá onde doura a luz o háratro profundo,

E a pálida lanterna acende o pirilampo.

E vi airosa esquer-se, por sobre a mole alforabra,


De uma roseira agreste a mais brilhante filha!
De púrpura e perfumes — a ignota maravilha,

Sentindo-se formosa, fugia à meiga sombra!

Ai, louca! Procurando o sol que abrasa tado


Gazil se desatava 4 beira do caminho;
E o sol, ébrio de amor, no férvido carinho
Crestava-lhe o matiz do colo de veludo!

A ilor dizia exaseta à vlração perdida:

“ah! minha doce amiga abranda o ardor do raio!


Não vês? Jovem & bela eu sinto que desmaio

E em breve rolarei no sola já cem vida!

“A casto peito uni a abelha em ml delírios


Sedenta de esplendos, valdosa de meu brilho;
E agora embalde invejo oviço do junquilho,

E agora embalde imploro a candidez dos lírios!


HALCISA ADLÁE TA

“So me resta mosrer! Ditosa a borboleta


Que agita as dureas asas e paira sobre a fonte;
Na onda perfumosa embebe a linda fronte

E gura almo frescor na balsa predileta!”

E aviração passou. É a for abandonada

Ao sol tentou velar à face amartecida;

Mas docálix gentil a pétala ressegquida

Sobre à espiral ee olúres rolou no pó da estrada!

Assim da juventude se rasga o flônco vêa

E do talento à estária no pedestal vacila;

Assim da mente esvai-se a ideia que cintila

E apenas resta ao crente — extremo asilo - o céu!

MENULOSAS

AvE-MARIA

SOBRE UMA PÁGINA DE LAMARTINE

Mag dnere imitrioga ea! rango dello sera


Cientorha proghicea
Misuaramy

Orei do dia vacilante, incerto,


Abandona seu carro de vitória,

E veclinando em múlida alcatifa


Adormece no tilamo da glória!

A cortina de nuvens cambiantes


Guarda o cóseo vestigio de seus passos;
À imensidão em luz a terra em sombra,
Frendem milhares de purpúveos laços!

Como esplêndida lâmpada de ouro


Dio crepisculo suspensa à fronte nua,
Ondula Já ma fimbria do horizonte

De palor ideal cingida— a hua!

A catadupa flácida dos ratos,

Repor sonolenta sobre a relva,

E o negro véu que cai sobre a campina


Mais densa torna a negridão da selva!

A natureza envúlve-se mesta hora


Em faixas siderais de poesia,

Vendo sumir-se o resplendor divino,


Venalo cair da moite a lousa fria!

E murmurando a colossal estrofe

De um poema de céltica linguagem,


do Criador que o sol farmou da treva
Oferece a magnífica homenagem!

- ii: —
MARCISA ARLÁLIA

Eis oimenso holocausto do universo

Da terra a vastidão Lendo por — ara!

Por dossel — a sara do infinito!

Pos elrie — 08 mundos que e Senhor aclara!...


Os flocos purpurinos que vagueiam

Na planície do ar, do poente à aurora,

São colunas do incenso que embalsamam


Os pés de Deus que a natureza adora!

Porém é mudo o gigantesco templo!


No céu é mudo o manto peregrino!
Donde rebenta o celestial concerto?
Donde se eleva o sacrossanto hino?
No harmônico remanso só escuto
Pulsar meu coração, ora ofegante,
Alvor augusta é nossa inteligência
Que no éter Qutua irradiante!...

Mos tubores da tarde que agoniza,

Sobre-as asas balsâmicas do vento,

Musso ser, sobranceiro à férrea uma,

— Sutil essência — sobe do femamento!

E prestando uma fala a cada ente,

Trépido elúvioa cada flor rasteira,

= Ave de amor — para a serena súplica

Como com seús trinos desperta a terra inteira!

Os páramos silentes do deserto


Parecem escotar à voi do Eterno!

As multidões contritas buscam áridas


Lim só fulgor de seu olhar paterno!

E Aquele que ouve 04 salmos das esferas,


Que contempla perene a luz do dia,
Neste instante solene, ao som dos sinos,
Far subir uma prece — Ave-Maria! —

ii

MEDULDSAS

Os DOIS TROFÉUS

vicror Hugo
Tem visto, à povo, esta época
Teus trabalhos sobre-humanos,
Viu-te altivo ante os tranos
Calcar à Europa assombrada;
Estando tronos hercúleos,
Despedaçando áureos cetros,
Das coroas — vls espectros —
Mostraste o potente nada!

Em cada passo titânico


Semeavas mil idetas;
Marchavas: am-se as pejas
Que o torvmorbe prendiam;
Tuas falanges incólumes
Eram vagas do progresso:
Transbordadas de arremesso
Ee cirmé a cimo senguiam!

Vias a deusa da glória

Cingie-te a fronte de louros;


Derramavam-se tesouros

De luz, por onde passavas!

E a Revolução famivoma
Arremessava à Alemanha

Danton; a quem, sobre a Espanha,


Com Voltaire trunfavas!

-— 1
HA ECISA ANÁLIA,

Como ante os filhos da Heliade,

Corven-se o mundo 205 Pranceses;

Soberho em frente aus revezes,


Cerime caju-te às plantas!

As trevas da Idade Média,

A pira do Santo Oficio,


Crinferno, & ermoçe o vício,
Com um lampejo quebrantas!

De teus esplesidoves liimpicdos


Estava a terra juncada;
Fugia à noite assustada

Ao reboar de teus passos!


Enquanto a senda estelifera
Teilhavas, ébrio de crenças,

Da histúria as folhas imensas'


Prendiam-te entre seus laços!

Cem vezes palrando impávido


Nos campes que o sol descerra,
Curvaste a face da terra

Aum teu aceno arogante;

De Tejo, vis Elha a vitória

Ac Nilo, ao Ad'jecornia,

E o povo titã jumgia

O mesmo chefe gigante.

E os dois monumentos típicos


Dhaí surgiram um dia:

A coluna — ingente e fria,


Darco = poema ousado!
Ambos, é povo, são simbolos
De teu poder innito:

Um talhado de granito,

Outro de bronge amassado!

- 1d =

“NEBÚLCHAS

São dois Fantasmas terríficos


Dios passados esplendores;
Erçutra idade vingadoses
Se os vê, à Europa estremmece!
Por eles velando túmido
Nosso amor, sempre sombria,
Nas almas acende o brio
Quando o vigor lhe falece!

Se nos ultrajam estólidos


Ei-los aí, testemunhos,

Do valor de nússos punhos,


Nos acenando à vingança;
No metal, vá altivo mármore,
Tentamos dos veteranos

Ver ossábros, livres planos,


A nobre perseverança.

Na hora da queda hórmida


Mais vivo orgulho cintila;
Aumenta a palma que oscila
O vefulgir dos trotéxos;

As almas nó fogo vivido


Acendem a sacra chama,

E a povo em luta rebrama

“Noestrogir dos escarcéus!

Outr'ora a falange célere


Passava em pleno lampejo;
Como um caro, longo arpejo
Relava 0 trovão mos montes!

Desses peitos magnánimos


Que resta? O trabalho ingente
Que à mocidade indolente

Mostra os negros horizontes!


HARCIRA AMÁLIA

As raças do hoje, mais pálidas


Que os finados de outras eras,
Dessas virtudes austeras

Nem mesmo a imagem possuem...

E secles tremem nos túmulos,

É teu alvião que soa,

Tua bomba que retpa

Contra os portentos que aluem!..

Hurriveis dias são próximos,

Que sinais aterradores!

Clamaim — basta! - os pensadores


Como Lear à procela!

Não pode morrer um século

Sem que um ontro além desponte;


Da porvir — num germe insonte =
Quem ousa manchar a tela?

Oh, vertigem! Paris fúlgida


Nem sabe quem mais a estraga!
Se um poder que tudo estraga,
de outro que tudo fulmina!..
Assim lá no Saara tórrido
Lutam contrárias tormentas,
Vibrando às ondas poentas

Do raio à chama divina!

Erram, à povo, esses báratros!


O firmamento que freme,
Orljo solo que treme,
Comjuntamente censuro!
Esses poderes coláricos

Cuja sanha cresce iguara,

Um tem lei que o ampara,


Outro o direlto eo futuro!,..

-— "150 =

NEDULOSAS

Tem Versalhes = a paróquia,


Paris ostenta — à comuna;
Mas, além dessa coluna

Desata a França seu manto!


Quando devem verter lágrimas

É justo que se devorem,

Sem quea desdita deplorem,


Sem que vertam negro prantotl..,

Etatricidas! Gemem férvidos


Canhões, morteiros, metralha;
Alim o vândalo espalha

Do inferno às fúrias revéis!


Aqui, campeia Carybde,

Lã, Sila avulta arrojado!

De teu fulgor ofuscado,

Ô povo, viu-se os lauréie!...

Ail nestes témpos infaustos


Em que inglórios vivemos,
Thais fortes dominios vemos
Estranhamente rivais!

Tm tóma & arco marmóreo,


Outro a pilastra imponente;
Eomalho, 2 o obus fremente
Tornam.se forças fatais!

Mas, rede: é a França exinime


Que esses colossos sustentam!
Nosso valor representam
Embora ai Bonaparte!

Sim, Franceses, se frenéticos


Dierribamos essa herança,

Que restará da provança?

Cinde as honras do estandarte? L.

na a
RABEIEA ABÁEIA,

Se o senhor condena indômito,


Maisforte o poro aparece;
Nobre a Esparta resplandeçe
Através do despotismo!
Abatei de um golpe a árvore,
Mas respeitai a floresta:
Quando chora a pátria mesta
Mais belo fulge o herolsmo!

E tantas almas intrépidas

Nas espirais balouçadas,


Enchem naus almirantadas,
Fossos, paurs, e campinas;
Franquelam moralhas sólidas,
Longas pontes, torres altas,
Sandando o porvir que assaltas

Com mil armas peregrinas.

Em vez de César grandioquo


Colocal, justiça, Roma

Ver-se-à que vulto assoma


Nesse cimo súbranceiro!
Condensai nesta pirâmide

A turba infrene, compacta;


Que o direito a estátua abata
Do asstmbro do mundo inteiro!

E que este gigante estrêngo

Q — Povo — aclarando a estrada,


Tenha na mão uma espada,

De auroras cingido bustó;


Respeito ao soldado o arbitro!
Aseuspéso ódio expira!

Do vingador da mentira

Nada iguala o talhe augusto!

= pa

MES ULÓSAS

Surge — Oitenta e Nove — atlótico


Ganhando vinte batalhas!
Marselhesa, és tu que espalhas
Medo e assombro à velha idadel...
Se o granito aqui ostenta-se,

O bronze avalta em cugidos,

E dos troféus reunidos


Salta um guto: — lberdade!..

Quê! com nossas mãos aligeras


Da pátria o seio rasgamos,

E q duplo altar laceramos


Pelos Teutões invejado!?

Pois qué! nos padrões eprégios


A multidão delirante

Ceva a clava flamejante,

Agita o facho abrasado!?

E aos nossos golpes válidos

Que a franca glória vacila

Seus louros virgens mutila

Nossa massa ensanguentada!

E sempre a esfinge da Prússia!


Que horror! A quem foi vendida,
Ai! pobre pátria perdida,
Tuzimvencivel espada!..

Sim! foi por ela que inânime


De Ham o nome cara;
Ante a Reischofhen expira
De Wagram o grito ovanto!
Riscado Marengo inclito
Waterioo apenas resta...

E sob a folha funesta


Rasga-se a lenda brilhante!
Mabel AMALIA

Lima barileira teutônica


Enluta nosso horizonte;
Sedan enegrece a fronte

Que a Austerlitz deu renome!


Vergonha! À rajada frêmita
De Mac-Mahon que vibra
Forbach a lena equilibra,

E o fogo as glórias consome!

Onde os Bicétres, à Gália?


Os Charentons denodados?
Dermem os grandes soldados
Em teu leito de Procustos,
De Coburgo, de Brunópelis,
Onde estão cs vencedores
Com seus sabres vingadores,
Correndo areais adustos?!...

Rasgar da história uma página


Não é um crime inaudito?

Não será negro delito

Manchar vultos que tombaram?


Sufocar a voz dos mártires

Que nunca clamaram — basta —


Esempre de fronte casta
Papas e reis cativaram!

SU! Apús tantas misérias

Mais este golpe cruento!

Este delírio sedento

Que na paz mesmo abre chagas!


Etantos combates trágicos!
Com Estrasburgo queimada,
Com Paris atraiçoada,

Que valem hoje estas plagasil.

MERULOGAS

Se da Prússia o orgulho frivolo


Vendo o seu negro estandarte
Vencedor por toda a parte,
Ci Paris às suas plantas,
Nos clamasse: Quero rápada
A vossa glória obumbrada:
Abaixo a pilastra ousada

Com que aos orbes espantas!


Abaixo este arco insigne

= Emblema do império falso! —


Quero aqui - qm cadalalso,
Al — obuses em linha;
Contra um = fogo mortífero,
Canhão, bombarda, cscopeta;
Contra outro = & picareta!
Cumpri: a ordem é minha”

Que vulto esguera-se esquálido


Bradando às turhas “soframos"?!
Oh! nunca, à imúrte corramos!
Lutemos, que o insulto é novo!
Quimporta mais cruas mágoas?
Qurimporta um revés die mais?
Curvar-nos? Jamais! Jarmais!

— E vós o fizeste, à povol,.

Sp
PosFÁciIo

A LÍRICA DE NABCISA AMÁLIA: DIÁLOGOS, INTEMPÉRIES E


ESQUECIMENTO

Aimar nã século cleisemades aicfec-ne, portanto,


ermuemeipaaiho, bt ema ma posse ce si mena,
comqeeitio o alireito elipimo de mia alma, em
uma palavra tresngguen-e Cl que lhe ftta

eira prata se fali? — À que est emancipado,


pouco, nc d que esta pr insenicipar-se, halo
E esto cs eae rralher Fester
Eve nos cs amslrução, trenmo mais
afentecetar, fee cabana coiso úlic
as homem Ora, de meedida que o homem sobe,
a niilter desce, tmattirailrmento, e-ssta difere
pri centre melo uma profunda separação
itedecttas! É qriorcal que arredtio Cóniiágoo tncins ars
elesders dia ler

Marcisa Arnália”

Barcisa Amália dé Campos nasceu no município Huminense


de Sã0 João da Barra, no dia 3 de abril de 1852, e faleceu na cidade
do Ro de Janciro em 24 de julho” de 1924, s6s setenta e dois anos.
Republicana é abolicionista, a primeira jornalista profissional do
Brasil publicou em 1872, aos vinte anos, 4 poemas em uma antologia
intitulada Nebulesas, soa única obra lírica.

Mebulosas contou com prefácio entustismado de Pessanha


Fávoa, que atribuiu pioneirismo a Narcisa:

“Narcisa Amália será a impulsora e o ornamento de uma


época literária mais auspiciosa que a presente, Há de redigir os
aforismos poéticos, como Aristóteles escreveu os da matureza.
[...] Narcisa Amália não é um tipo, é uma heroína; [...] Este
livro há de produzir tristezas e alegrias. É a primeira brasileira
dos nossos dias à mais ilustrada que nós conhecemos: é à
MAROC AMÁLIA

primeira poetisa desta nação, Delfina da Cunha, Floresta


Brasileira, Ermelinda da Cunha Matos, Maria de Carvalho,

Beatriz Brandão, Maria Silvaria, Violante, são bonitos talentos.


Narcisa Amalia é um talento feio, horrivel, cruel, porque mata
aqueles. Foram às suas antecessoras auroras efêmeras; ela é um
astro com drbita determinada”

Póvoa lamenta o estado atual da poesia e vê em Narcisa Amália


a esperança para à literatura contemporânea brasileira, Como de
costume à época, o prefácio escrito por um escritor homem avalizava
a Htemiura de autora feminina, “autorizando” seu Ingresso no
mundo masculino das nossas letras: Pode-se verificar este endosso na
recomendação que Póvoa xs da autora ao seu clreulo de selações:

“Eu peço que julguem o livro de N, Amália, livro que lumiria


a grande noite da poesia brasileira. Quando houver um
Conselho de Estado ou um Senado Literário, Narcisa Amália
terá as honras de Princesa das Letras, [..] Teófilo Braga,
Luziano Cordeiro, Cesar Machado, Adolfo Coelho, Bulhão
Pato, Gomes Leal, E Coelho, Silva Túlio, À, de Castilho, Silva
Pinto e Teixeira Vasconcelos, meus amigos, hão de deferir o
seguinte requerimento: “Peço um lugar de honra no auditório
das-vossas glórias Hterárias para a autora das Nebulosos"eS

E assim oi. No jornal carioca A Reforma, de 13 de fevereiro


de 1875, estã anunciada a festa em homenagem à laurcada autora de
Nebulosas, praticamente como previu Póvoa — a “Princesa das Letras”,
que receberia a lira de ouro:

“Vamos ter uma festa brilhante e digna da pessoa a quem ela


é consagrada como homenagem, A comissão incumbida de
entregar a lira de ouro à poeta das Nebuloses pretende dar baile,
Festa esplêndida «magnifica da qual será rainha a Corina, à Galo
brasileira, Preparam-se discursos, versos, trofégs e tudo quanto
sirva de testemunho e de legitima oblata à distinta resendense,
cultora das letras, tão justamente laurezda, Muitas pessoas

— 153 —

NIEBULDRA

dessa cidade serão convidadas, é o sarau modestamente


denominado festim literário será uma bonita manifestação de
apreço e de admiração pelos peregrinos dotes da gentilissima
Narcisa Amália”

Ubiratan Machado registra com maior riqueza de detalhes à


homenagem recebida por Narcisa Amália:

“Entusiasmados, os conterrâneos ofereceram à poetisa uma


festa sem similar na história do romantismo brasileiro, À
preparação foi minuciosa, criaram-se comissões incumbidas
de organizar a subscrição popular, destinada à recolher
uma importância suficiente para homenagear Narcisa
com uma lembrança inesquesivel. Mo dia 2 de março de
La73, no salão de honra da Câmara Municipal de Resende,
fecricamente duminado e cheio de flores, reuniam-se mais
de trezentos convidados; entre damas e cavalheiros. Às nove
horas uma salva de 21 tiros anuncia à chegada de Narcisa
Alia Conduzida ao salão nobre, recebe aplausos quase
tão barulhentos quanto os tiros de canhão. Duas meninas lhe
gfevecem uma lira de ouro, uma coroa de louros e uma pena
de ouro

Segundo a socióloga Maria de Lourdes Eleutério, Narcisa foi


"umpolo de força e vontade e de inspiração e realização para inúmeras
vocações, e isto mesmo em condições desfavoriveisT Entre essas
condições, estão o fato de que não descendia de uma família abastada
— oque ampliaria o capital sociale a aceitação no meio literário, como
foi o caso da escritora carioça Albertina Bertha, por exemplo —, vivia
do Ensino Primário, como professora, e ainda casou e se separou
duas vezes, o que, à época, rendia às mulheres preconceitos de todo
Hpo Curiosamente, sofria preconceitos também por ser bonita e
cortejada por muitos homens do meto intelectual, entreeles, os poetas
Fagundes Varela, Esequiel Freire e Otaviano Hudson. Considerava-se
que beleza & inteligência não poderiam ser atributos de uma mesma
mulher, como sugere o fragmento a seguir:

— 154 —
MARDEA AMÁLIA

“Bonita, inteligente, jornalista e poetisa estimada e admirada


nos meios literários, Narcisa Amália despertou grandes paixões;
era compreensível que provocasse a ira de admiradores mais
afoitos, por ela rejeitados, A sociedade da época ainda não
estava acostumada a ver sobressair um talento feminino do
porte de Narcisa Amália o se assustava

Em relação à sua produção literária, o maior preconceito


enfrentado foi o de ter a autoria de-seus poeraas posta em xeque:

“Uma das acusações mais abjetas, incitada preesvelmente pelo


marido desprezado, parte de Múcio Teixeira, em 'Memúrias
dignas de memória: Segundo o Barão de Ergonte, como
também era conhecido o difamador, Narcisa Amália não seria
a autora des versos de Nebulnsas, tendo estes sido feitos por um
poeta desconhecido!*

Para João Oscar, a “atitude do ex-marido despeitado foi


terrivelmente vergonhosa. [...) era uma infâmia, uma cscabrosa
mentira. Ninguém em Resende levou a sério tão sótdida difamação”

Filha de Joaquim Jácome de Oliveira Campos Pilho, mais


conhecido como professor Jácome de Campos, e Narcisa Ignácia
Pereira de Mendonça, também professora, Narcisa foi a primogênita
de oito filhos: Rita Virgínia de Campos, Francisco Jácome de Campos,
Henrique Jácome de Campos, Marta Amélia de Campos, Frederico
Jácome de Campos, Juão Batista Jácome de Campos e Joaquim
Jácome de Camposº Segundo Eleutério, Narcisa não tinha “irmãos
ou parentes que pudessem iniciá-la no mundo das tetras através de
salões” é esta seria “uma razão plausível para sua fugaz permanência
du ambiente das letras“! Porém, há elementos que permitem uma
interpretação cliversa. Narcisa cresceu em um meio culturalmente
“ico, mesmo tendo vivido sem muitos recursos materiais, Seu pai,
educador, poeta e jornalista, foi um homem de vasta cultura, colaborou
nos diversos jornais da imprensa fuminense e paulista, além de ser
cotundador e redator de O Paraybano (1859-1870), primeiro jornal
editado em São João da Barra. Além disso, colaborou com o Astro

— JD —

Estraio do professor Jácome de Campos, prai de Narcisa


MAILTISA ABLÁLIA

Resendense e o Pirilempo. Em janeiro de 1874, ele e outros jornalistas


fundaram o jornal Resendense. De acordo com Fonseca,

“[..] à familia conquistou o respeito de toda à sociedade


e, em Lodas ds atividades sociais, a presença do casal em
imprescindível, Foram tantas as atividades da prof, Jácome que
à Imperador D. Pedro IE, em visita a Resende cem 16/10/1874,
homenageon-lhe com a comenda da Cirdem de Cristo,
distinção imperial conferida aos mestres dedicados

Narcisa foi alfabetizada pelos pais professores aos quatro anos


de idade. Conforme registro de Luiz Franciseu de Veiga,

“aos seisanos, já sabendo lercorretamente, entrou parao colégio


de D, Maria da Costa Brito e Azevedo, 4 bm de continuar o
encetado estado da gramática portuguesa e também para estar
preseaum cegime disciplinar, menos amoroso e indulgente do
que a casa paterna, visto ser excessivamente travessa, Aos oito
anos, começõa seu estudo de música (arte que tem sempre
cultivado) retirando-se do colégio aos dez anos, ebtendo
distinção em tudos os seus exames E

Ademais, estudou latim e francês, alnda em São João da Barra,


com o padre Josquim Francisco da Cruz Paula, e recebeu aulas de
retórica de seu pai, Em Resende, no ano de 1865, com apoio do
presidente da Câmara Municipal, Dr. João de Azevedo Carneiro Maia,
seus pais criaram dois colégios, o Colégio Jávome para meninos c o
Colégio Nossa Senhora da Conceição para meninas, que recebiam
alunos do municipio e de cidades vizinhas.” Desde os treze anos,
Narcisa auxiliava a-mãe nos afazeres do ensino superior, ministrando
às jovens do internato conhecimentos de cultural geral. Ao contrário
de Eleutério, percebo que havia, sim, um ambiente favorável ao
aprendizado, à cultura, do interesse por linguas, à escrita, à iniciação
no mundo das letras.

A indluência do pai de Narcisa Amália era grande. O profaciador


da primeira edição de Nebedosas o intelectual Pessanha Póvoa,

. 6) =

MENULOIGAS

renomado escritor e pornalista, por exemplo, era ex-aluno e admirador


de Jácome Campós, Também o contato do pai com jornalistas amigos
abra as portas para Iarcisa divulgar seus potmas nos jornais locais,
Entre os jornais em que poblicoa, estão Astro Resendense, Monitor
Comprista, Echo Americano, O Espírito Gamense, Gazeta de Corpos,
Correio Fluminense, Tymburibá, 4 República, Correto do Povo, O
Fluminense etc,

Narcisa iniciou a carreira traduzindo contos e essas de


autores franceses, como História de minha vida, de George Sand
tpseudônimo masculino da autora Amandine Aorore Tecihe Dupin,
1804-1876), Romance de vma malher que amou, de Arséne Howssape
(conhecido pelo pseudónimo Alíred Monsse, LATS-LA96), e Ou
elinças antigos do paleobotânico Gaston de Saporta (1623-1895). A
reuntão desses trabalhos resultou no seu primeiro livro publicado, o
qual expandiu seu sucesso como tradutora,

Nebuilosas foi seu primeiro liveo de poesia. Nele, constam


poemas ecléticos: líricos, de teor intimista; landatórios comemorativos;
dirigidos à natureza; e pogmas de combo social, em prol da abolição
da escravatura. À produção pobtica de Narcisa Amália não fica aquém
da de Gonçalves Dias, no que diz respeito à exaltação da natureza e au
patriotismo, nem da obra de Castro Alves, uma vez que seus poemas de
cunho social e politico são igualmente intermigs é enticos

Narcisa fumália não passou despercebida em sua época Se


por um lado a presença encantadora de Narcisa inspirou poetas
como Raimundo Correia, Damasceno Vieira” e Fagundes Varela”
sum obra linica inspira compositores come Antônio Martiniano da
Silva Benfica e João Gomes de Araújo, com as músicas homónimas
a03 seus pogmas “Recordações do Latina” e “O africano e 0 poeta,
cespectivamente. A seguir, a nota publicada em 30 de janeiro de 1875,
no ormalà Reforma, discorre sobre a música composta por Antônio
Martiniano da Silva Benfica. Trata-se de oma quadeilha, inspirada
pela leitura do poema:

“Música = Recebemos uma quadrilha intitulada Recordações do

dtatigia composta pelo Sr Antônio Martiniano da Silva Benfica.


É uma bela é mimasa composição, que lhe foi inspirada depois

——N0A.-—
MARÉIGA AMLÁLIA

da leitura da poesia da nossa festejada poetisa Narcisa Amalia,


solbimeésmo titulo; nessa composição mostrou o &r. Benfica mais

H SEMANA TIM ETA DA.


uma nova fase de seu vasto e cultivado talento, Agradecendo a di
EXU Rd donde Epa ao ppa cobes que
oferta que nos fer de um exemplar, esperamos que continuará a is a Midia da aiii gi
ve acata pega [eitorm fa de meo
oferecer aos seus numerosos apreciadores novas composições” ra E”
A iam dio rea mio eging pedeçio al ra Tenha mavelados dns formcara lave
]
TE ao lu o Pe of road
Além de o Imperador Dom Pedro ll ser seu admirador e fazer mei. Alan de om obmapa
de gui dal peito de Tha fresca acenbra dos gridia palmiares,
ã fo he is escreveu sobre desieada 0 ln Boda
questão de conhecê-la em Resende, Machado de Assis escreve “ en gm lapa der ia palm
Ada pag querida E Ini io litico
a sua obra poética na Sentana Mustrada* Ao mesmo tempo em que Pod sitadad [es
taeseminhalos de É je det meros do cecidaaio,
k cmi fipra. acsmata adeca letgnenis
elogia Os poemas de Narcisa Amália, Machado de Assis confessa does oom ponditiooa
je mula qureb fi Faira Da pia, apoio! Bau búlmemicaa tandee de estembro,
ã sena car ja voma ico coast andenaah, om [im
sem regejo inicial devido 4 autoria feminina do livro, revelando o ete, em dis uno
ha Fabi - Es sur dani de qur- Teingará io comanda ta amanda
; pi quier é mta porquinhea. taremppeira eachia de
preconceito de gênero comum à época, Como nos lembra Eleutério, -, nilatias metro
anieme de Pamtra tempo. Bio cui- ida, acção Primos
E dai a : dem paá des parsoncas desraioléma | ájrátai ja, eb le Thai agnar na lagos
uboricecide”
para as mulheres da República o sonho de publicas um livro era date cui à ças, |
um projeto distante, a expressão feminina nesse periodo permanece indiano Votre ida
À ra
i
Circuúsérita ao espaço privado” Neste contexto, É compreensível a sa pes | ie in ri
surpresa de Machado de Assis em relação à publicação de Metulosas t
ERA i é z = H
e-sebretudo, em relação à qualidade da escrita de Narcisa — por “seus BEBULOAAS |
onda di a
predicados”, seu talento é sua visãocrítica. Pe (lr: la ad oe apego aa x sad] Eta
ai to tt Ea dl e
Outro caso curioso de se analisar é à transcrição feita desta exi. tuaiangãa,
Sarita Jp Me a epi nd ul dp é
Er ] j r em recria ales tia livra mel) per irma
crônica de Machado de Assis por Jean-Michel Massa (1920-2012), menhoen EF conde quo
mas anhios mpi ria Tolo ia sind AS ii

hangar, ci rrrattas ba gra rente posrilandar valor boo roamor DAM MESES GUAMA à
desta dslnó: Fa
lena, a Mio não não reger da que Comin,” roca DO Sina do Acid
trugsdi Dogilinica Málentas, como pa “o miniga d vira dmiga;

apra mo pipi do nt ra
pmiçeo, mem un iára Misto LORI qu 4 murilo]

com a seguinte alteração na última frase: “L..] recomendando às


leitoras as NebalosnU Tal aquivoDo foi encontrado na reunião de textos
de Machado de Assis feita pelo francês Massa,” estudioso de literatura pitada aa |
Fetsaa La, Feitã tm
cabo-verdiana, famoso por seu Dispersos de Machado de Assis/* com psp Lol ata Enio
e ão ia 1 lhe lego aprige
tradução de Lúcia Granja O perigo desse erro de transcrição está pri cr Mpb Ra im
gre Eaquicarcato de 8, tino Hi
em sua reprodução indevida, já que muttos pesquisadores deixam de ao a ndo dp pec
get | ET = noz
consultar o original por confiar no trabalho de seus pares. id ri a fa mara

A alteração de “aos leitores" para “hs Jeitoras”, Feita por Massa, Pe ut Parts it
Ta E Ser di aa dem o uol um mão femo,

muda muito a nossa interpretação sobre à que Machado de Assis Dim nai é io fe is aa
PR
consideraria literatura própria para mulheres. Mesmo que o equivoco
esteja sendo identificado neste estudo, creio que a reflexão sobre esse
dado significativo (ato falho?!) ainda é válida, considerando que, à
época, não era raro esse tipo-de comentário: Podemos pensar em una
marca do cânone literário mascultso que define as noções de gênero,
de gosto e de temas para à produção literária. Qual seria a literatura
própria às leitoras! E por que ela & difevente da literatura digna de

sem lero bio uubiaas TRRGSS


de uma entra. a ni sind Ao

Jets; io sia de ie; ca] qr e a

Crânica de Machado de Assis sobre Nobulisas publicada na Senda Maceira, vm


* de dezembro de ESTÁ, [Segue na página seguinte)
BEMANA ILLOETRADA,

sa

ae
e erobea uralicamdo cm asém morado, quando Ella dio ql
á aerial | = Ioviriaa

tas
mario E rola mar dg era) f rir hadEs na Perola de seriais de ns nm
' ella tempo o dis ma que intilulen/ fetos condução cxria, primieiiento, invuriavel
de des
Aandariy qua iraaóraro por oa da am dis trandas Esura & Múnter Littucoagã, É tis
elites cilinção ; des campaitaveio trtsloa da Josaflosa,
do afiado acumuta, cxstitaindo um 05 oalpaada
pa mapeados não tao Taba
A deaiaano do per DeaiarF ns ei a
Neto com nom lobios am comple elmama Ela nho dai completo à lrimmpõa
Da paga | o] eos e om mnuclahas aluda
dote a a ca
pit a js a aabra prsssiatãs io E rr
dae do pd emp Je pn ga Ps de ai
op rep ol que, do amanhrosico eirscasdo, Êquera n q é
aa loção am name, partos 4 suar anmonsdada
E mr pm pel ten dj
Wai amo doca Ela à bis roma. niném dis dml mama iualalra,
C e Sel qua emrabesm a são Pio Apa fr gre cpa aÃ) a
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E Armágo alho

NEHULDSAS

Leitoras homens? É característico deste cânone excluir as mulheres


enquanto sujeito do discurso e subverter a representação da imagem
ferminina.

Em 1589, em “Uma Carta”, estrita a Alfredo Sodré, Narcisa


Amália lamenta à dificoldade de uma mulher ser artista e talentosa
naquela época:

“Lo 1 como há de a mulher revelar-se artista se os preconceitos


sociais exigem que o seu coração cedo perca a probidade,”
habituando-se ao balbucio de insignificantes frases
convencionais? Vitimada pela opressão, palé de circulo murado
em que inutilmente se debate, à mulher inteligente acompanha
com mágoa a extinção gradativa de sua fecundidade cerebral,
seguindo com olhos rasos de pranto à inspiração que ala-se
para sempre, movendo em largo voo seceno as asas Mamejantes,
menos feliz que a pomba da tradição bíblica, sem terencontrado
um ramo de loureiro onde por instante repousasse.

Consciente da opressão sofrida e de sua inteligência, Narcisa


sente todas as intempéries da trajetória intelectual feminina no Brasil.

É plausivel haver heranças e conexões entre as posições E


opiniões dos críticos das escritoras mulheres do século XIX e os
mecanismos seletivos que operaram no cinone constituido pelos
criticos do século XX, Como explicar que uma poeta do porte de
Narcisa Amália, uma escritora de ddejas Nhertárias e poemas de
temática social, de motável é maduro teor crítico, não conste no
cânone literário brasileiro!

Uma justificativa plausível para tal alijamento poderia ser


encontrada no valor estético é na teradhca abordada por escritoras,
Afinal, não é descabido pensar que asmulheresda época internalizavam
à inferioridade forjada por uma sociedade patriarcal é assumiám
alguns valores considerados tipicamente femininos, como afetividade,
Fragilidade, delicadeza, generosidade, subinicão, superficialidade e
subjetividade. Tais “valores femininos” se cefletiriam mo valor estético
de sua literatara, tornando-a inferior à literatgra escrita por homens,
e na femático, voltada à vida doméstica, 20 particular, tomada por

— 6? —
HARCISA AMÁLIA

sentimentalizmos, em contraposição ao caráter social, público e


universal, considerados mais nobres, presentes na temática dos
Escritores,

Niúma Teltes analisa o embate desigual de forças na trajetória


intelectoal da mulher, As chances a Emor dos komens acabam
dificultando para que a mulher — sujeita à autoridade e à autoria
masculina — perceba e transgrida as prescrições culturais:

“Excluldas de uma cfctiva participação na sociedade, da


possibilidade de ocuparem cargos públicos, de assegurarem
dignamente sua própria sobrevivência c até mesmo impedidas
do acesso à educação superior, às mulheres no século AIM
ficavam tramcadas, fechadas dentro de casas ou sobrados,
mocambos e senzalas, construidos por pais, maridos, senhores,
Além disso, estavam enredadas e constritas pelos enredos da
arte e hcção masculina. Tanto ná vida quanto na arte, a mulher
no século passado aprendia a ser tola, a se adequar a um retrato
do qual não era a autora. Às representações hterárias não são
neutras, são encarnações “textuais da cultara que as gera.
Excluidas do processo de criação Cultural, as múulheres estavam
sujeitas à autoridade “autoria mascalina"”

Face à hipótese de que a escrita de mulheres, por suas condições


materiais c imateriais, é diferenciada da escrita de homens, cabe-nos,
agora, entender por que ela é considerada inferior. Sendo assim, &
problema dessa hipótese não estã em aflorar e fortalecer diferenças em
vez de similaridades, como bem observa Virginia Woolf, em Lim teto
todo sem, Se o poder criatreo da mulher diese muito do poder criativo
do homem, isso não deve ser visto como algo interior, revelando, pois,
que o problema está nos instrumentos de medição para é que d superior.
Wiaolf observa que

“as mulheres permaneceram dentro de casa por milhões de


anos, então a essa altura até as paredes estão impregnadas
com sua força criativa, que de fato deve ter sobrecarregado
tanto a capacidade dos tijolos e da argamassa que precisa se

- 166 —

NERULAKIAE

atrelar a penas, pincéis, negócios e política. [...] Seria mil


vezes una pena se as mulheres cscrevessem como os homens,
eu vivessem como eles, ou se parecessem com eles, pois se
dois sexos É bastante inadequado, considerando a vastidão
sa variedade do mundo, como Pariamos com apenas um? A
educação não deveria aflorar e fortalecer as diferenças em ver

das similaridades?”

Woolf afirma que as dificuldades materiais de escrita para as


mulheres eram “fifinitamente mais descomunais”, entretanto, chama
a atenção para as dificuldades imateriais, ainda piores:

“A indiferença do mundo, que Keats, Flaubert e outros homens


geniais acharam tão dificil de suportar, não era, no caso dela
[a mulher), indiferença, mas hostilidade. O mundo não dizia à
elas coma dizia a eles: Escreva se quiser, não faz diferença para
mir. O mundo dizia, gargalhando: Escrever que há de bom
na sua escrita?” [...] Certamente já é hoça de medir o efito da

desencorajamento sobre a mente do artista, da mesma forma


como jávi uma fábrica de laticinios medir o efeito do leite

comum e do Leite tipo A no corpo de um rato. Eles colocaram


dois ratos em gaiolas uma 00 lado da outra, e um dos dois era
fartivo, timido e pequeno, e o outro era brilhante, corajoso
e grande. Ora, e qual é o alimento com que alimentamos as
mulheres enquanto artistas?”

A utá eo investimento para trazer à luz a produção feminina


apagada por nossa história literária não avançará se o esforço for por
mostrar que as mulheres escreviam como as homens e que, por Isso,
não deveriam ter sido excluídas, Mesmo que analisemos a poesia
social é libertária de Narcisa Amália, assim como sua busca pela
identidade nacional a partir da exaltação da naturesa e da cor local,
abrindo diálogos com poetas canênicos = Castro Alves e Gonçalves
Dias, por exemplo —, não intencionamos atribuir valor à sua cbra
recerrerulo aus instrumentos usuais de medição para provar que
é superior Todavia, a análise dos pocmas de Amália e a abertura

— jo —
MARCISA ANCÁLIA

de diálogo com poetas canônicas são válidas, pois nos ajudam a


comprovar que a exclusão é feita por fatores extraliterários, como
É o preconceito de gênero, e não intraliterdrios, associados ao valor
estético é à temática,

Vujamos alguns trechos do poema “A Resende”, de Narcisa


dimália, em que a poeta exalta a cidade onde mais viveu e que amou
profundamente. Aeeim como Gonçalves Dias exalta 2 sãa terra, onde
as palmeiras e os sabiás são inigualiveis, Narcisa Amália canta, em seu
poema de louvor, Resende, sua “êden de encantos”:

Enfim te vejo, estrela da alvorada,


Pardida nas celagens do horizonte!
Entim te vejo, vapotosa fada,

Diulente presa deum sonhar insonte!”


Enfim, de meu peregelnar cansada,
Poxso em teu colo a suarenta fronte,

E, contemplando as pétreas cordilheiras,


“Ouço o rugis de tuas cachoeiras!

Mal sabes que profundos dissabores

Paçtei longe de ti, êden de encantos!


Quanto acerbe"* sofrer, quantos agrores
Umedeci co'as bagas de meus prantos!
Sem um raio sequer de teus fulgores...

Sem ter a quem votar meus pobres cantos...


ALVO Simuan? cruel da atroz saudade
Matou-me a cubra dor da mocidade...

Vivi bem teste O coração enfermo


Euscara embringar-se de harmónias,
Porém via do céu no azul sem termo
Um presságio de novas agomias!..

O bulicio do mundo era-me um esmo


Onde as lavas do amor chegavam frias...
Si uma melancólica miragem

Dourara-me a solidão = a tua imagem!

-= jú —

KREDULDSAS

Para Sylvia Pertingeiro Paixão, os poemas de Narcisa “são


expressivos do Romantismo na exaltação da natureza, nas lembranças
da infância e no amor à pátria. Narcisa Amália é por certo, um dos
raros nomes femininos que falam de identidade nacional através da
exaltação da terra brasileira! Em “A Resende”, o eu-lírico sente-se
feliz por rever sua cidade amada, À repetição do advérbio de tempo
enfim celonça 0 desejo de regresso depois de tanto tempo longe:
“Enfim, de meu peregrinar cansada, / Pouso em teu colo a suarenta
fronte, 4 E, contemplando as pétreas cordilheiras, / Ouço 0 cugir de
tuas cachoeiras! À intimidade amorosa com à cidade é soa natureza
estã expressa pela personificação otilizada em “pouso em teu colo
a suarenta fronte O eu-lírico do poema consegue; hmalmente,
descansar em sua terra; o lugar predileto sob a metáfora do colo que
o abriga é ampara.

Aos 11 anos de idade, a posta precisou deixar São João da


Barra, em função de uma doença polmonar do pai, Transferidos para
Resende, à saudade da infância é da casa onde nasceu tornaram-se
objetos de sua presta No poema "Saudades, está presente o tema
da evocação de sua infância, tão comum aos postas românticos
brasileiros:

Tenho daudades dos formosos lares


Onde passei minha feliz infância;

Dos vales de dulcissima fragrância;


Da fresca sombra dos gentis palmares,

Minha plaga querida! Inda me lembro


Quando através das névoas do ocidente
O sol nos acénava adeus languente

Nas balsâmmicas tardes de setembro;

Lançava-me correndo na avenida


Que a laranicira enchia de perfumes!
Como escutára trêmula os queixumes
Das auras na lagõa adormecida!

E ru e
DARCIES AMÁLIA

Emera de meu pai pobre poeta,

O astro que o porvir uminava;

De minha mãe, que lança me adorava,


Eca na vida a rosa predileta!

Mas...

«tudo se acabou, À trilha olente


Não mais percorrerei desses caminhos...
Não mais verei os míseros anjinhos
Que aqueciam ná minha a mão algênte!

A temática da Infância, sobretudo da saudade da infância, é


recorcente nos poetas românticos, Dessa forma, é possível é Erutifero
estabelecer diálogo entre Narcisa Amália e Casimiro de Abreu,
autor do poema "Meus oito anos”, Vejamos as primeiras estrofes
desse consagrado poema de Casimiro, em que o eu-lírico lamenta à
passagem do tempo, a infância querida que não voltara jamais:

Oh! Que saudades que eu tenho


Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!


Que amor, que sonhos, que Mores,
Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,


Debaixo dos laranjais!

Como são belos q dias

Do despontar da existência!

- Respira a alma inocência


Como perfumes a for;

Omar é = lago sereno,

O céu — um manto azulado,

O munde = um sonho dourado,


A vida — um hino damor!

HEBULTÃAS

Além da temática da infância, outras caracteristicas românticas

podem ser analisadas nos poemas de Narcisa, Paixão observa que q


Romantismo

“É o mamento era que o poeta investe na identidade nacional,


tematizando a natureta c à pátria, enaltecendo o pitoresco, o
grandioso, como forma deatráira atenção no sentido de firmar
o conhecimento-da terta; é preciso tomar posse dessa terra,
possui-la, o que se dá por meio da palavra, que assume a função
de guia A poesia de Narcisa Amália reflete essé momento em
que a invocação à pátria se repete incessantemente, COMO Se
mostrasse o desejo de ser levada de volta ao seio materno,
numa poética uterina que imprime o vetorno ao lugar de
origem, a fim de lbeuscar a sua própria identidade, O pico do
Itatiaia — durante muito tempo considerado o ponto mais
alto do Brasil =, a cidade de Resende, a Festa de São João, às
recordações de infância, nada mais são do que complementos
de uma outra temática que se alia à da pátria com a mesma
finalidade: a busca de autoconhecimento que se expressa
também na temática da infância"

O pico do Itatiaia, como bem chserva Paixão, esa tido como


ponto cbmimante do Brasil, Este poema pertence à segunda parte do
livro Mebudosas, cuja temática estã voltada para a exaltação da terra
“a relação de eu-lírico com a matureza. Os lugares onde Narcisa
viveu tormam-se parte de sua poesia, em composições descritivas é
lavudatórios;

A grande maiória dos pormas de Narcisa inicia com uma


epigrafe. Em geral, são fragmentos de poctas contemporâneos seus.
Também é comum encontrarmos dedicatórias No poema” O africano
eo pocta, a dedicatória é para o jurista maranhense Dr Celso de
Magalhães. Dedicar um poema cujo tema é a escravidão faz mais
sentido quando-sabemos de-sua história. Celso de Magalhães (1849.
[8791 escritor, tradutor, bacharel em Direito, foi nomeado Promotor
Eablico de São Luis é denonciou, levando a julgamento pelo Tribunal
MABELLA AMAÁLLA

do Juri, D. Anna Rosa Vianna Ribeiro, esposa do influente político


« médico Etr, Carlos Ribeiro (futuro Barão de Grajaú), pelo crime
de homicídio de um escravo, executado à seu mando. Provavelmente
por sua luta amticscravista, Narcisa, abolicionista, dedica a ele esse
púsma.

“O africano e o poeta” cevela a consciência critica de Narcisa


sobre à importante função do poeta na sociedade, o que se repete
como um refrão ao fim de cada estrofe, em forma de questionamento
e resposta. O poema mostra queo poeta É aquele — talvez o único —
que quer escutar 05 queixumes do escravo triste, sem pai, sem abrigo
e sem lar (Do triste mendigo, / Sem pal, sem abrigo, “ Quem quer
escutar. / — Quem quert — O pocta"), Também cabe ao pocta
punsas, sentir a dor engergar rezar eto À construção formal do poema
é elaborada e polifônica, É notiyel a forma como os versos dão voz
ao esgravo, que lamenta à sua condição, expõe a sua dor e a violência
sofrida. Acompanhamos o diálogo do início ao fim entre o lamento do
cativo afeicano que deixou sua pátria, a Líbia (- Deixei bem criança
| Meu pátrio valado, / Meu ninho embalado / Da Líbia no ardor;),
eo sentimento do eu-lírico testemunha da escravidão (Na lágrima
ardente / Que cscalda-me o rosto, É De imenso desgosto / Silente
expressão). Trata-se, pois, de sos poesia social, comprometida
com a critica, em diálogo aberto. com Castro Alves, denunciando as
injustiças da sociedade escravocrala e monarquista,

O poema “Perfil de escrava” também faz parte dessa linhagem


de poemas reveladores de ideias libertárias e de profunda tristeza é
indignação com a condição dos escravos no Brasil:

Quando os olhos entreabro à luz que avança


Batenide a sombra ea pérkda indolência,
Vejo além da discreta transparência

De níveo cortinado uma Crianção

Pupila de goela — viva e mania,

Com sereno temor colhendo a ardência...


Fronte imersa em palor, Rar de inocência,

— Rir que trai ora a angústia, Ora à Csperançã..

-— A =

= “a a E Teo

a SR

MENTLENGa

Eis o esboço fugas da estátua viva,


Que = de braços em crus — na sombra avulta
Silenelea, atenta, pensativa!

- Estátua? Não, que essa cadeira estulta


Ha de quebrar-te, misera cativa,
Este afeto de mãe, que a dona oculta!
“Perfil de escrava não consta em Nebulosas, tendo sido
publicado no jornal CO Fluminense, de Niterói, em 1879, Ele traz a
sutileza da criação de imagens como a do despertar do eu-lirico, que vê,
através da cortina transparente ["Vejo além da discreta transparência
! Do niveo cortinado”], uma criança [Pupila de gasela — viva é
mansa,“ Com sereno temor colhendo ardência. Fronte imersa em
palor.. Rir de inocência”|, provavelmente filha de escravos [Cmusera
cativa”). É esse olhar observador através da janela que desencadeia
toda a reflexão do eu-lírico, matéria do poema.

Como pudemos ver, Narcisa Amália foi uma figura ilostre do


século XIX. Teve sua obra reconhecida por diversos membros da elite
intelectual da época; publicou Nebulosas em uma importante editora
a época, a Garnier; não teve de custear à edição, rompendo mais uma
barreira; foi laureado com a “lira de ouro”; foi considerada a primeira
e maior poeta da literatura brasileica; atuou em diversos jurmais;
inspirou muitos poetas ete, É, no minime, instigante o fato de hoje
não-termos notícia dessa pocta nem de sua obra.

Se, por eim lado, os registros comprovam que as mulheres


participaram ativamente do meio literarios por outro, é possivel
constatar que tal inserção não foi efetiva pará lhes assegurar registros
permanentes no cânone e na tradição literária brasileira. Por mais que
tivessem conquistado espaço para expressar e divulgar sua produção
Hierária e ultrapassado o dominio privado para transitar no domínio
público, as mulheres estavam sujeitas à autoridade e do monopólio do
seconhecimento circunscritos ao gênero masculino.

O ato = tido como generoso — de ceder espaço para à expressão


feminina, isto é; autorizar a sua entrada em um universo restrito, cujo
dominio é masculino, além de amensar a percepção da vivléncia

== PR =—
BARCISA AMALLA

do silemciamento, é perigoso por criar uma ilesto de pertencimento.


Sendo aselim, vemos que as mulheres participaram da vida cultural e
intelectual na transição do século XIX 20 XX, porém, sob controla
dos detentores do poder, Estavam sempre à mercê da liberehdade
masculina, para que fossem autorizadas 2 ingressar e a ter voz nó meto
literário. Os homens é que ocuparam os espaços de poder, Cs homens
eram os editores, que decidiam sobre as obras a serem publicadas; os
formadores de opinião « os críticos literários, que avaliavam o valor
das obras, os diretores dos grandes jornalsy 05 membros da Academia
Brasileira de Lotras etc. - eram eles que decidiam os instrumentos dr
medição para O que era superior na literatura.M

Então, como transformar & cenário atual dos estados criticos


de literatura escrita por mmalheres, que não emprega à devido cemero
ao lidar com a biograha e a obra dessas escritoras? Como superar à
escasses de informações e análises de suas obras de modo a permitir,
por exemplo, que uma Narcisa Amália posa compor à tradição
literária romântica 20 lado de poetas como Gonçalves Dias, Casimiro
de Abreu e Castro Alves, em diálogo aberto e produtiço?

Narcisa Amália é citada por Bosi em História concisa da


literatura brasifeira uma única vez, na seção “Condores” junto
aos portas. Pedro Calasãs, Franklin Dória, Matias de Carvalho e
autros, considerados pelo historiador da literatura como “menores é
minimos”, acusados de automatizar “certos processos de efeito como
a antitese, a apúsirole e a hipérbole” e de abusar “do -abexandrino
francês que a leitura de Hogo pusera em moda”. De acordo com Bosi,
esses postas = que não sé alinhariam a Castro Alves — “servem de
documento para a história dos sentimentos liberais e abolicionistas
que,a partis de LSP0, dominaram à nossa vida pública Na Formação
da literatura brasileiro, Antonio Candido menciona o nome de
Narcisa Amália três vezes. A primeira menção, muito rápida, dá-se na
seção “Poesia participante”, na qual o crítico trata de uma geração de
postas cujo tema da possa tres contribuições válidas, Neste contexto
em que Candido analisa O surgimento de uma poesia que aborda
temas “pouco sentidos pela geração anterior” come a democracia q
a liberdade, a obra de Narcisa d mencionada para mostrar que “até”
ela Fazia parte dessa nova orientação poútica. À segunda menção so

= Db —

KREDULOSAS

nome de Narcisa ocorre quando Candido a coloca ao lado de outros


postas que não se comparariam à “grandeza de Castro Alves” E, por
fim, o crítico desmerece a obra da poeta fluminense = "Narcisa Amália
de Campos deve ser mencionada come exemplo típico da pessoa de
aptidões medianas” =, afirmando que juízos como o de seu prefaciaidos
Pessanha Púvoa, que exaltam a obra, são frutos de um “antomatismo
dos processos literários) Christina Ramalho questiona as restrições
feitas por Candido em relação a Narcisa Amália. Para ela o comentário
de Candido “acaba por deixar uma impressão que não corresponde 20
conjunto-da obra amaliana"” Dessa forma, a rejeição à literatura de
autoria feminina também revela esse automatismo dos processos dé
construção da história literária.

Em seu roteiro da poesia braslleta, Rocetismo | 2007),


Antonia Carlos Secchin produz avanços com seu esforço para incluir
póetas menos conhecidos, como Francisco Otaviano, Laurindo
Rabelo, Luis Gama, Trajano Galvão, Bittencourt Sampaio, Juvenal
Galeno, Bruno Seabra, Pedro Luis e Caros Ferreira. Desses poctas,
foram selecionados apenas dois poemas Os poetas consagrados
Gonçalves Dias, Fagundes Varela, Alvares de Asevedo, Casimiro de
Abreu e Castro Alves têm, no minimo, um número de poemas no
roteiro três vezes mator do que o dos outros (seis ou uito poemas),
Tais númecos garantem à permanência de um cânone cristalizado,
atribuindo, dessa forma, maior valor para os postas privilegiados.
Narcisa, única poeta da antologia, tem dois poemas publicados. Os
poemas "Sadness” e “Perhl de escrava” foram os selecionados para
compor o roteiro, antecipados de uma curta biografia, em que o autor
se nefere a Narcisa como um “raro caso de poesia de autoria ferminina
a desfutas de relativo sucesso no Brasil do século MIX

Embora inclua Narcisa Amália em sua antologia, Secchin não


a ingere efetivamente na tradição literária romântica. Mo Prefácio do
livro, o autor analisa o estilo dos poetas selecionados, classifica suas
bras em primeira, segunda e terceira geração poética romântica,
comenta como esses poetas aparecem em antologias como História
da literatura Brasileira ( LRAB), de Sílvio Remero, e Permaso brasileiro
(1885), de Mello Moraes Filho, considerando o papel de cada um
deles ma formação do romantismo brasileiro. À poesia de Narcisa

= 1570—
NARCICA AMALIA

Amália não recebe comentários críticos, o estilo não é avaliado, à


temática de sua lírica não é abordada, e a poeta não é inserida em
nenhuma das gerações O Jeitor sem conhecimentos sobre a autora
continuará no termtério sombrio. À única: menção feita à pocta é
o dado significativo de que ela é incluida na antologia de Péricles
Eugênio da Silva Ramos, Poesia romântica” o primeiro a tratar da
participação feminina na literatura.

icsmo em “Esta antologia, parte dedicada a explicitar os


mecanismos de seleção por parte do organizador, não há informações
sobre Narcisa, menção à sua obra, nem mesmo a justificativa sobre
o porquê de inseri-la na antologia, Tais fatores nos levam a constatar
uma recorência nos estudos críticos de literatura no Brasil: nossos
estudiosos de literatura não têm conhecimento sobre a literatura
escrita por mulheres. Existe uma carência, um hiato nos estudos
literários, que não se fecha, por conta da reprodução acrítica de
modelos anteriores. Tal carência acaba por refletir no ensino de
literatura brasileira, seja na escola ou na faculdade de letras, onde
granda parte das esceltoras não é estudada,

A reedição de Nebulosas traz à luz esta obra essa escritora


posta à sombra do discurso historiográfico por tanto tempo,
Acreditamos que o acesso à obra lírica de Narcisa é fundamental,
O leitor interessado mexia obra encontra, hoje, apenas exemplares
deteriorados em pouquissimas bibliotecas do país. Os livros criticos
sobre Narcisa e as suas biografias tornaram-se obras raras, jamais
reeditadas e de dificil acesso. É possível, alnda, ter acesso & esparsos
poemas, encontrados em artigos académicos, em sites de internet é
na antologia de Secchin. Esperamos, enfim, contribuir com a luta e o
movimento de resgate e de estudo das escritoras rasileiras, mismo
conscientes de que ainda há muito a ser feito.

Anna Faedrich

CRONOLOGIA”

LE5Z2 - Nasce Narcisa Amália, em 3 de abril, em São João da Barra (RJ).

LESA — Aga onze anos; mada-se para Resende com a familia, por conta de
problemas de saúde do pai, no dia 14 dejulho,

LB65 = Os pais de Narcisa = Joaquim Jácome de Oliveira Campos e


Narcisa Igtácia dé Oliveira Campos — fundam dois edúcandários
em lesende, o Colégio Jácome co Colégio Moss Senhora da
Conceição

LESS = Aos quatorze anos incompletos, Narcisa Amália casa-se com Jude
Batista da Silveam, em 7 de janeiro

LE70 — Aos dezoito anos, Narcia publica; no jornal O Parahybyno, seu


primeiro poema, “A hua” em 24 de janeiro,

Elm do casamento com João Batista da Sibveira,

Em agosto Narcisa começa a publicar no Ástré Resendense, em


folhetim, capitulos de Os climas antigos, da francês Gaston de
Saporta (1823-1885),
1872 — Publica o livro de poemas Nebuloss, pela Editora Garnier, em
novembro, Recebe elogioão comentário do critico literário Carlos
Ferrolra, no-Correia do Brasil, em desembra.

Machado de Assis escreve sobre Nebulosas em sua colunana Semana


Mustrada.

1873 - O poeta Teixeira de Melo dedica um poema “à ilustrada portisa


brasileira das Nebulosas, no Monitor Campista, no dia 13 de
fevereiro,

Exespniel Freire presta homenagem 4 ámiilgãa Elarcisa Arália,


dedicando-lhe o artigo "Homenagem", no dia 2 de fevereiro, eo
poema “Génio de Beleza”, no dia 22 de março,

Marcisa recebe como troféu uma lira de ouro, dis sanjoaméndes,


uma pena de ouro e uma córca de louros, dos resendenses

18724 — Narcisa escreve o prefácio do livro de poesias Flores do campo, do


amigo Ezequiel Freire.

Em Lé de outubro o Imperador DD, Pedeo em sua visita a Resende,


agracia o pai de Narcisa, excelente educador, com a comenda da
BARCISA MBLÁTIA

Ordem de Cristo, em homenagem 20 magistério,

Foi convidada pela poeta Teixeira de Melo a participar no primeiro


número da revista Log onde publicou o conto bascado numa lerda
asiática, “Melina”.

LaFo — Falece a irmã cáguia, Maria Amélia em fevereiro, eo ex-marido Judo


Hativta, em 22 de mais, vitima de am acidente em São Paulo

1878 — Ealece à pai icone de Campos.

1A75— Publica o poema “Perhl de escrava”, no jornal O Fluminense, em 9 de


mai:

1580 - Em DM de thabo, Marcisá casa com Francisco Cleto da Encha,


conhecido como Rocha Padeiro, proprietário dA Padaria das
Permílias. Passa a residir na casa do marido, nos fundos da padaria, na |
mun da Misoricárdia, em Resende.

1887 = Proibida pelo marido de participar das reuniões e de conviver com a


intelectualidade da cidade, Narcisa rompe o casamento com Rocha
Fasleiros

LEB9 - Ingresea no magistério; nó Bão de Janeiro, code morou em São


Eristirvrio,

1924 — Falece, avs 72 anos de idade, no Bão de Janeico, em 24 de julho, muito


doente, cega paralítica. É enterrada no Cemitério São João Raia,
em Rio Comprido Em 4 de julho, Jornale Correio da Manhá
publicam curto amúncio da missa de sétimo dia na Lgreja de Sko

Francisco de Paula.

— 180 —

Marcia Amália, aos cinquenta anos de idade, por M. ]. Garnier.


NorTAS

“ Embora já tenha utilizado, abandoneio termo “poetisa” para me referir às


mulheres que escrevem poemas. Mesmo que reconheça a daidez da lingua
ea possibilidade de sessignificar está palavra, é importante, nó contexto
de relançamento desta obra, relembrar que o termo “poetisa” fod utilizado
para mencsprezar a literatura de autoria feminina. Machado de Assis, por
exemplo, inicia sua coluna (mencionada nesta Apresentação) afirmando que
“não sem receto abr[e] um livro assinado por uma senhora” Outros críticos
da época fazem questão de diferenciar a poesia escrita por homenas-poctas da
poesia escrita por senhomis-poetisas,

* Machado de Assis, 1872.

* Expressão de Narcisa Memália, em “Uta Carta” a Alfredo Sodré, publicada


em O Garatuja, Resende, 19 abe 188%. In: Paixão, 2000, ps 551.

* Proa, 8TA pp XRVL,

3 Secehin, 2007, p 14,

* Ramos, LHGE, pc 362.

Martina, 1977, p. dá

* Thidem, p.417.

* Machado, 2001, p 261.

“ Oacar, 1994,

“ Foram encontrados dipersos erros tipográficos e de pontuação, alte da


ordem original dos poemas, iai cido nie que ain
o entendimento geral das estrofes O historiador também se permitiu alterar
palavras dos poemas, tal como a troca de plage por tema, Por esses medivos,
atranserição aqui disponivel se baseoa no texto eriginal de 1872, disponível
Da Fundação Biblieca Nacional e ma Biblioteca Académica Lúcio de
Mendonça (ABL), ambas no Ri de [aneiro

E Vertesimo, 1916; Carvalho, 191%.

“ Coelho, 2002, pe 501,

“ Anna Faedriché doutora gm Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade


Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e é professora colaboradora da
Especialização em Literatura Brasileira da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (LER]) Rol pesquisadora residente na Fundação Biblioteca
Nacional, realizando pesquisa sobre escritoras brasileiras da virada do século
MIX para o XX e ma participação na imprensa periódica do Rio de Janeiro,

“ CAdminástrareis a justiça” Trecho da Frase “Testis ac parsetibus jura dicturl


estis!” [Administraneis a justiça pára tetos e paredes? |, em História de Roma,
livra 3, cap. 5% do historador somano Tito Lírio. (trad, Nélio Schneider)
[Bota do Editor, a partiz daqui NE]

——— Fr.

ma
NEBULAS

é Trata-se do mosálista francês François La Rochefoncanld (1613-1680).

7 Um dos paeodônimos de José de Alencar, [NE]

18 “Prasamitam 4 posteridade” Trecho da frase “Proinde res militarem colant,


seiantque et ista posteris tradant, nullas opes humanas armis Romanis
reststógo posse” [Diocavante cultivam a arte da guerra, estejam cientes delaca
tranâmitam à posteridade, para gue tunar força humana mesástir às
artas pomanas), em História de Rorna, livro 1, cap. 14, de Tito Livio. (trad.
Nélio Schneider) [NE]

Trecho do poema “O ltatisia” de Narcisa Amália.

1º Retórica, estilistica. Descrição viva e pitoresca de uma cena.

* Póvoa cita-outra estrofe de “ID Itatiaia”.

4 Trata-se da figura de lisigu osinpers, interrapção intencional no mei


de uma ço da '

*& José Joaquim Pessenha Póvoa (1E37-1904] foi conterrâneo de Narciia,


amigo e ex-aluno do pai da autora, Jácome de Campos, Foi abolicionista,
bacharel pela FDSP, colega de Fagandes Varela na redação da Revistá
Dramática, inspetor-geral da Instrução Pública, é escreveu diversas peças
Luatrala.

“ “Chamamos de Nebulosas as manchas esbranquiçadas que vemos aqui e id


em todas as partes do céu”, em Coure dlémcentaire dastronanate (La6d), de
Charhes Delannay (LBLE-1872). [NE!

na dei te grafada com s = sendges —, hojo cemdal mpnifica um


erica ho, uma cie de véu. Ns pa versos de Marcia
Amália, senda! parece vir de 5 e significar caminho, trilha, ou ainda
rumo, dineçõe.

d4 "qua beleza lança chamas de lago, | Animadas dem espirito nobre, gracioso,
| Que é o criador de cada virtaoso pensamento”, em The Shadow of Dante:
Reing am essa towards sludyinag leimself, leis mecrid, semel his pilgrunage CL8TL],
de Maria Francesca Rossetti (1827-1876) [NE]

? Esse poema fai dedicado ao primeiro marido de Narcisa Amália, João Balista
da Siluetra (É Otcar, 1994, p, LTL).

E “Para ele somente o nas asas do vento / O sor lisonjeiro das vozes
tagarelas:! Lhehs rtedi, deh riedi!, você ame aposta em ses coração / E dias
benditos pelo amor vivoremeos!? Cena Nº de T Gugreny DO Guarani] (LB70),
de Carlos Gomes (1836-1896). [NE]

4 antes de esplhrar o dia, / Vi minha esperança morrer Cena IV de Quicit


able mas obra demos (1578), de Don Formando de Harate (Antonio
Enriques Gámes, o. 1600-1663), [NE] aa

W “Imguieto & bate no meu peito” em “La boda de Portici” [1838 ),de
Eua Pias la Rosa (1587 n5z), [NE]

1 “Esto morrendo e sobre meu tumnulo-que 225 poacos alcança, / Res


verterá ceu pranto! Nicolas Jeseph Laurent Gilbert (1750-780). [M
n Asmotaserm asterisco são da própria poeta Narcisa Amália. [NE]

-— JE) —
NARCISA AVALIA

“ “Lábertem, fremindo de cólera, ( Vosso pais da escravidão, / Vossa memória


da desafeição?” Victor Hago (1802-1885). [NE]

“A meatuceza parecia ter uma alma toda amorosa, / A mortanha dizia: como a
flor é graciosa! O mosquito dizia; como o oceano é bonito!” do poema “A
Louis Bº (184). [NE]

* Em vão a injusta violência / Ac povo e bowva impor silêncio / Seuname


anéis perecerá, O dia anuncia-ao dia ata glória e soa força” em Athatie
CL697), de Jean Racine (1624 1605], [NE]

“Venha avaga é tão calma eo céu, tão paro! em “Motse sure MU” (LADO). [NE]

OA cube usam dificil tarefa / De impedir que o direito mosra de ves, / Acts
cabe, verte que aniquila, examar as sombras, / Agitar dos mortos a espactco
gemente, / Colocar na fronte do crime um sinal de sangue!” [NE]

“ Andrzej Tadeus Honawentura Kosciusho (1746-1817), também


conhecido como Tadeu Rosciusko em português, boi rm hesdá nacional da
Pabônia, general e lides cónisa o Império Russo em L794.

* “Teu sopro fazia brosarena do caosasdeis / Tua imagem insuliava os despojos


dos reis; E, em pé sobre o bronze deite forças guerreiras, Ofenela ao céu
a som de teus feitos”, em "A Napoleón” (Les Messtnicanes, Livre TIP (185),
de Castmir Delavigne (1793-1842). [NE]

“ Os dois versos dessa estrofe e as duas estrofes subsequentes foram inspisadas


emitrechos dos pócmas “Mocidade e morte” [ La64 1 E Ahasverts é o gênio”
CLASS), do Castro Alves, à E EE Amália tez homenagem póstuma
(Castro Alves faleceu emjulho de 1871).

*“ Homenagem ao compositos António Carbos Comes na qcastão do sua


agem para à dtália, onde sógeria sua ópera O Guarani, no teatro Scala, de
Milão em 18 de março LET,
“E um anjo que velo À terra em que estémos, | É o homem quase Deus que
consola outros homens Alesanire Guiraud É LTES-1847), [NE]

“ Esse poema foi musiçado por João Gomes de Araójo (1846-1943), professor,
regente e compositor brasibedro. 4 partititra da modinha estã disponivel na
Hemeroteca Digital da Biblsoteca Nacional do fio de Janeiro,

“Cs escravos Será que tém demses? / Será que tárm lhos, eles que não tém
e O em Lo chute dum ange (LRGI), de Alphemes de Lamartine
(1790-1669). ENE]

“Ainda visitas portanto eninhas noites, para ti reservadas, / E galgas minha


alma elevada até pensamentos como os seus”, em “The aa Winber”
(1726), de James Thomson (e-1700-17484, [NE]

E uma emanação do acco-iris: - Apenas beleça e paz, de Loo Byron


(1788-1824), [NE]

“0! Que alegria 6 frescor desta linda noite! Como se percebe nesta calma
tudos a que torna feliza alema!" em “Ea Beihe Pit) de Johana Woligangven
Goethe [174018324 [NE]

“ “Pasn ar escurecer, eo bronte do entardecer / Nos convida oração” Cena


Tv de Guarani, de Carlos Gomes [NE!

= Jia —

MEBULDSAS

“A tradução desse poema de Victor Hugo (“Les deus troplées”, 1871) fob
feita NA com extrema liberdade poética — na mudança de palavras,
da métrica e do cimo do poema original. Tais-interferências de tradução
cp ap pon aqui publicada revela am exercicio criativo
que poderames chamar de cosutoral dela com Victor Hugo. [NE]

“ Fragmento de “A malher no século MIX, testo publicado no Dericeroterma,


edição comemorativa do 26º aniversário do Liceu de Artes e Oficios, 1882
(Ramalho, 19%, po 130031).

“Embora tenha se propágado o dia 24 de junho de 15924 como data de


falecimento de Mascisa, o dis correto é 34 de julho, como atestado por
anúncios de falecimento poblicados no dia segainte À morto, em jornais
como Correio-da Manhã, Jormal do Brasil; O Pale, A meite o outros,

Póvoa, LATE porvervo, [Grifo meu]

“4 [bidem, pe XVI-AVIDE EVA,

* Machado, 2001, p 261.

“4 Eleutlrio, SAIS, pu 115,

"O primeiro casamento, aos quatorze arms incompletos, Foi com o poeta
João Batista da Silveira, de dezoito anos, flho de uma das familias mais ricas
de Resende. Seis meses apás o casamento, Jaão perdeu os pais é herdou
muito dinheiro. Com isso, caiu na boemia e esbanjou os bens, Acabóu
como vendedor ambulante viajando de cidade em cidade, e também
explorava um mambemio Seganda João Qucar, “foi um casamento infeliz,
de duração meteórica: fndou-se pouco além de completar quatro anós”
(LOG p 18-20), Navcisa voltou para a cása dos pais, humilhado, e João fol
embora, O segundo casamento bol em LERO, aos vinte é pito anos, com q
portugués Francisco Cleto da Rocha, o Rocha Padeiro, dono da Padaria
das Pamíltas, no centro de Resende, Os primeicas anos de wnido foram
felizes. Narcisa Amália mizava sacana bterários e sessões erpiritas em
sua cam. Sempre mato admirada pelos homens, D, Pedro Il fez questão
de visitá-la, quando esteve cm Resende Acontece que a telerância de
cude padeiro foi terminando, e o ciúme doentio acabou destruindo o
matrimônio.

= Paixão, 2000, p. 548

* Thidem

* Oscar, 18M, po FITA

“Nos registros, há uma confusão em relação aus isonves dos irmos de Narcisa.
João Oscar, em Narcisa Amália; pila e pociia, não menciona o nome de
am dos irmãos = joão Batista. Yara Vidal Ponseca afirma ser Roth ima de
Narcisa e, mais adianto, se contrade: dizendo que é a sobrinha, Para Tara
Fonseca, os irmães seriam: Ráta, Fraúchsco, Rath, Henrique, Maria Amélia,
Frederico e Joaquim. Para Henriqueta Galeno, os jemãos seriam Rita,
Francisco, Henrique, feaquim e Jodo Battista. Fara Christina Ramalho, fonte
mais confiável, os irmãos de Narcisa são sete: Rita, Francisco, Henrique,
Maria Amélia, Frederico, João Batista e lbquai.

& Flentéria, 2005, p 117.

— 184 —
PARCISA ANÁLIA

* Forseca, 2008, pa LL,

“ Apad Fonseca, 2008, p7,

& Fonseca, DOOR,

“à Editora B. Grarnter se prontificoa a publicar o livra, patrocinando cs gastos


de empresso

* O Poema da noite”, de Haimando Correia, fot dedicado a Narcisa Amália


Eis a primeira e a última estrode: “Teus cantos o esplendor e a formosura
! Da noite exalçam. Lânguido arepão / Percorreas folhas. Que fragrância
pura / Mespira em tomo o haranjal sombrio! [..] Canta. Eu meleio o posta,
que tu cantás, / Na pi aval, que o firmamento / Desdobsa, todo em
Letras de onro escrito.” (Nieis, 1949, pe 157).

“ Damasceno Vigira publica “À distinta poetisa fuminense D Narcisa Amália”,


na Revista mensal da Sociedade Parthenon Literária, em 187%: "Não venho
coroar-te das grinaldas / Ca minha fantasia: audácia foca / lontar algumas
rosas des é Aos lancéis de uma fromié sonhadora. [..] Tu, que às
limas e Fulgidas estrelas / De tralma chamaste NEBULOSAS,
elas são nocéu danosa pátria, / Ontras tantas estrelas luminosas [...)" (Reis,
IB, p 169).

**[.] Onde hauriste das gregas divindades | O gênio sem rualito /


Provaste acaso as de Castalia, / Inspirada é gentil - Narcisa Amália.
! Dosetiaa imortal, excerto do poema de Fagundes Varela, intitulado
“Tributo de admiração, o gênio e à beleza” é dedicado a Narcisa Amália
(leis, LUM9, a 166).

* Iachado de Assis, 1872

* Eleutério, MDS, po 18,

* Massa, 3013, p, 114, [Grifo meu]

* Massa, 1065.

* Ma transcrição do texto feita por Paixão (2000, po SSL), está escrito


“proibidade”, Considero um equivoco pelo próprio sentido do enunciado.
O coração da artista perdea probidade, a integridade, q brio, pela pressão
que sofre com os preconceitos sociais de gênero. à mulher não se sente
estimalada a escrecer e saperar aquilo que é esperado dela.

* Publicada em O Gurvtuja, Resende, 19 abr 1689 (In: Reis, 194% po 103),

* Telles, 2003, po HA.

* Woolf, 2014, p 126

2 Ibidem, p 77-78, [rito meu]

* Bento de culpa.

* Cruel, áspero, azedo,

2 Do francês Sbmouie, vento quente que sopra do centra da África em direção


ao norte,

E Paixão, Mú, po 5as:


* Ibidem, p. 838.

— 185: —

==.

HEHUICLCH AE

“ Pogma publicado em 9 de maio de 187% O Fluminense, Niterói, edição L55,e


disponivel na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional do Bio-de Janeiro.

“vale lembrar o caso de Júlia Lopes de Almeida, integrante do grapo de


intelectuais que planejava a constrição da ABL em d R$. Seu nome constava
na lista dás “40 imortais”, porém, foi deliberadamente excluida da ABL, pois
ses fundadores optaram por ama acadenia exclusivamente rasetilira, tal

val a Académie Française. Em seu lugar, entrou o poeta português Bilinto

Ee Almeida, marido de Júlia Lopes de Almeida. Em entrevista a fado do Bliss,


Filinto demonstra sua inconformidade com a decisão, afirmando: “Não era
eu quero deveria estar na Acad, ora cla” (Rb, Dos, po 33),

&“ Ros, MNA, p 1125,

8 Candido, 2012, p. 5659-520,

Fº Ramalho, 199%, po 61-62,

HM Gecchám, MF, po 2AS.

Raros, MAES,

* Eomtes: Reis, DM; Oscar, 1904; Ramalho, 1999; Coelho, 2002; e


Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro,
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Mattoso. São Paulo: Tordesilhas, 2014.

= 188 —
E SÓTE Gado Endineial

aceita. Alaor Dos Ramos & dno Mario Leboa de Mells


certa comenta Gorem Hetesres

meeda Contanines Alesomdra Dios Remes & Anro Foscriah


HEAÇãO De TENTO, ANO Foedinoh

gude: Julhores Sontos

MES otro Mundo Dios formos:

minto Voges

Ragstrúmos o noso apaideomerio especial & Cloudionor Roso E Eriihno


Simgsçn. do Arquivo Histórico de Resende. = também a dubo Casa Filiaba Socnas

daha

Berreslica. Merci, VASPE TODA,

Hstouieos ! Marsao drnáio! preffcas cla Passénhos Pórco: apresentação


& postócis da Anes Podia — 2 qe, - Da cha honiiro: Gradiva Editoras,
Furgão lola Iigasóral, DONT.

(Hurmnalio; +

Veda?

ERR FPR-RS-ARADEOd A

[BRA PPR-BS-283407 TIP (ram

1 Posso Drosdera, ? Chico e imerpredação |. Févon, Persona dl. Fnecimch,


Arre, Mudo. Pr Seria

EDO 0640.

Elas di A 61) DR

Esta publeoçõeo da! mealzado com o opoo do Fundação abiátics Nociaralf


Ministério da Culhusa, de oco com o amo cha chamado púbico para o
esdobeteo irmento die porcarias & ccedições

HERÓBLHOA SEDERETA [5 Possi

eresenisação, cui copia, Mona Tranca

pas ie cria, efe eaEshes cha iniciação, Intigrinos

ELAS EM EL ICOTEA A E Scree ini Dao ETEZL PETS


reruoecas. Ha lar Sua Pandação HIBLICITECA Mil iCRA AL
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