Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pregar ao peixes, Fazer ouvidos de mercador, Fazer orelhas moucas, Entrar a cem e sair a
duzentos. -» sinónimo de indiferença por parte do interlucotor; não dar atenção ao que se
diz.
Entre Santo António e o Padre António Vieira existem pontos comuns: o nome e a atitude
de não desistirem da doutrina em que acreditam. Ambos partiram do princípio que se os
homens não os querem ouvir, os peixes ouvi-los-ão.
Alegoria – Todo o sermão é uma alegoria, visto que transmite outros sentidos que não o
sentido literal. Diz-se b para significar a.
Capítulo I
• Quer nos louvores quer nas repreensões que faz aos peixes, o Padre António Vieira
faz sempre analogias com Santo António, para evidenciar as virtudes do Santo e
denunciar os vícios dos homens.
Não esquecer também que neste sermão as virtudes dos peixes são defeitos dos
homens e os defeitos dos peixes são, também, defeitos dos homens. Logo, os homens só
têm defeitos.
Capítulo II
Virtudes Gerais dos Peixes: -Obediência; Oposição entre as virtudes dos peixes e a
-Atenção
O Padre António Vieira elogia a obediência, tranquilidade e a atenção com que os peixes
ouviram Santo António, ao contrário dos homens, que o perseguiram, em vez de o
ouvirem e seguirem. A história de “António” realça a natureza distinta dos homens e dos
peixes. Pode entender-se também que o orador se serve do nome próprio e do relato
que produs como uma narrativa autobiográfica já que também ele é vítima da
incompreensão dos homens-
Aristóteles - Argumento de autoridade que serve para reforçar o argumento do Padre A.V.
A distância face aos homens garante aos peixes a liberdade que os outros animais não têm.
Os exemplos dados comprovam que os animais que vivem perto dos homens são
subjogados por ele.
Capítulo III
Peixe de Tobias
Perante estes louvores, o pregador conclui que é possível aplicá-los também a Santo
António:
-Este possui um coração igualmente puro e bom que pretende afastar s vícios
dos homens, tal como o coração do peixe tinha o poder de afastar os demónios;
-O fel do peixe de Tobias pode ainda ser comprado às palavras de Santo
António que tentavam influenciar a audiência, ou seja, de certo modo curar a cegueira
de valores presente nos homens criticando as suas atitudes;
-A atitude de Tobias perante a investida do peixe pode ainda ser comparada à
atitude do auditório ao ouvir as palavras de Santo António, pois em vez de escutarem
atentamente as críticas sábias de Santo António, percebendo que o Santo só queria
melhorar as suas atitudes, o auditório permanecia inconvertível e assustado com as
verdades que o Santo lhes apresentava.
Rémora
Peixe Torpedo
Simboliza o poder, a importância que as palavras têm para os homens. O efeito
“elétrico” que devia ser aplicado na Terra para que todos oiçam e ajam de forma como
escutaram, servirá para converter e mudar os homens.
Os pecadores representam aqueles que se aproveitam do poder para satisfazerem a
sua ganância.
O Padre António Vieira compara o instrumento de pesca(cana) utilizada para pescar
peixes com o tipo de pesca na Terra, ou seja, os pescadores na Terra “pescam” (roubam)
igualmente e muito, mas “tremem” muito pouco.
Relativamente aos tipos de canas que se usam na Terra para pescar, elas vão relacionar -
se com o poder que está associado a cada grupo social. Por ordem crescente, o Padre
António Vieira vai denunciando os diferentes grupos sociais que abusam do seu poder para
sustentarem a sua ganância. A anáfora “pescam” tem como objetivo reforçar a ideia de que
na Terra se pesca muito (peca muito) e se treme pouco(não há arrependimento).
Quatro-olhos
O peixe quatro-olhos simboliza o olhar que devemos ter na vida se praticarmos a fé e a
razão, o céu espera-nos, ter vaidade enquanto cá andamos leva-nos para o inferno.
Este peixe representa a visão e a iluminação. No Brasil, muitas pessoas viviam em
“cegueira” total, em pecado por só conseguirem avistar o que estava à sua volta(a vaidade).
No final do capítulo III, o Padre António Vieira regressa ao elogio que já tinha feito aos
peixes no capítulo II, mostrando que entre todos os animais, os peixes são os preferidos de
Deus: referência aos dias de abstinência em que se pode comer peixe, ao milagre da
multiplicação dos pães e dos peixes, aos peixes como alimento dos pobres.