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Síntese
Capítulo I
Exórdio
Ideia sumária da matéria que vai ser tratada; baseia-se num conceito predicável (“Vos
estis sal terrae”) extraído da Sagrada Escritura.
Padre António Vieira apresenta o conceito predicável “Vós sois o sal da terra” e
explica as razões pelas quais a terra está tão corrupta.
Alegoria do Sal
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entre a função regeneradora e purificadora da mensagem Evangélica dos
pregadores e a função de conservação do sal.
Interrogação retórica
(“Não é tudo isto verdade?”)
Manter a atenção do auditório
Convocar a sua reflexão sobre o tema
Argumento de autoridade
(“Cristo o disse logo”)
Padre António Vieira cita Cristo para conferir credibilidade à sua
argumentação
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Exemplaridade
Invocação
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Capítulo II
Referência às obrigações do sal; indicação das virtudes dos peixes; crítica aos
homens.
Proposição: (“Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes?) l.1, até (“E
onde há bons e maus, há que louvar e que repreender") l.15
Apresentação do assunto do sermão
Início da Alegoria: (“Suposto isto, para que procedamos com clareza, …”) l.15
A partir deste capítulo, todo o sermão é uma alegoria, porque os peixes são
metáfora dos Homens. As suas virtudes são, por contraste, metáforas dos
defeitos dos Homens e os seus vícios são diretamente metáfora dos defeitos
dos Homens. O pregador fala aos peixes, mas o alvo é o Homem.
Peixes Homens
Louvor Afronta
Recurso expressivo
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o Seu “retiro” e afastamento dos homens (Peixes! Quanto mais longe
dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos
livre!) - meditação que permite a proximidade com Deus; paz e
pureza de espírito, porque se afastam dos vícios mundanos.
o Não se deixam domesticar (“só eles, entre todos os animais, se não
domam nem domesticam.”)
Este motivo está relacionado com o objetivo global do Sermão, que se refere
à defesa dos escravos do Maranhão e à condenação da sua exploração.
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Capítulo III
2. Rémora: simboliza a força e o poder que a palavra do pregador tem para ser
guia das almas – pequeno no corpo, mas grande na força, pelo poder orientador
e controlador. Prende e amarra as naus, impedindo-as de avançar.
Os homens não souberam dar valor ao poder e à força da palavra (língua) de
Santo António que domou a fúria das paixões (Soberba, Vingança, Cobiça e
Sensualidade), impedindo as pessoas de caírem nas mais variadas desgraças
(naufrágios).
Conclusão:
1º os homens pescam muito e tremem pouco;
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2º “Se eu pregar aos homens e tivera a língua de Santo António, eu os fizera
tremer”;
3º os peixes são o sustento dos pobres e dos ricos;
4º ajudam à abstinência nas quaresmas;
5º sustentam as Cartuxas e os Buçacos (Ordem religiosas que recusavam a
carne),
6º com eles Cristo festejou a Páscoa;
7º ajudam a ir ao céu;
8º multiplicam-se rapidamente (os que são consumidos pelos pobres).
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Capítulo IV
Nos dez primeiros parágrafos, que constituem o ponto alto deste sermão, aponta-
se o terrível defeito que os peixes/homens têm de se comer (explorarem) uns aos
outros devido à sua cobiça desmedida, o que prova a sua crueldade, a sua
maldade, a sua injustiça. Também se deixam enganar facilmente, movidos pela
vaidade.
Paralelismo invertido:
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Polissemia:
“(…) ainda o pobre defunto o não comeu a terra (sentido literal – pretérito perfeito
do indicativo – ação pontual e perfetiva (concluída) e já o tem comido toda a terra”
(pessoas, sociedade – pretérito perfeito do conjunto – aspeto interativo (repetição
da ação)).
Os homens não se comem apenas quando estão mortos, mas também quando
estão vivos (“são piores os homens que os corvos”) - os corvos são necrófagos da
mesma forma que os homens são implacáveis.
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Capítulo V
Exemplos de homens: Simão Mago (arte mágica pela qual havia de subir ao céu); S.
Máximo (começou a voar muito alto, caindo quebrou os pés → “quem tem pés para
andar e quer asas para voar, justo é que perca as asas e mais os pés”.
Em contraponto aos defeitos dos peixes criticados, Padre António Vieira sublinha
as virtudes de Santo António.
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Aforismo: espécie de provérbio que termina num ensinamento (“O muito roncar antes de
ocasião, é sinal de dormir nela.”); (“Quem quer mais do que o que lhe convém, perde o
que quer e o que tem.”)
Conselho: (“Medi-vos e logo vereis o quão pouco fundamento tendes de blasonar (gabar),
nem de roncar.”)
Discurso exortativo (apelativo) e conselho: (“Chegai-vos embora aos grandes, mas não de
tal maneira pegados, que vos mateis por eles, nem morrais com eles.”)
Quiasmo: (“não contente com ser peixe, quiseste ser ave e já não és ave nem peixe.”)
Paralelismo anafórico: (“Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco;
se está no lodo faz-se pardo e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente
costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra.”)
Episódio do polvo
Divisão em partes:
Introdução: (l.1 a 4) “Mas já que estamos … Santo Ambrósio.” Articulação espacial com o
momento anterior do texto: passamos das “em alguma cova” para “covas do mar”.
Introdução de um novo peixe, sobre quem recaem algumas “queixas”.
Descrição: (l.4 a 12) “O polvo com aquele seu capelo … Igreja latina e grega” Descrição da
verdadeira natureza do polvo em confronto com a sua aparência.
questão : ”E daqui que sucede?” e ampliação do resultado, com enumeração das suas
consequências.
Exemplo bíblico: (l.22 a 27) “Fizera mais Judas? … para que não distinga as cores.”
Através da comparação com uma figura do novo Testamento, Judas, intensifica-se o
retrato do polvo como exemplo de hipocrisia e traição.
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Conclusão: (l.27 e 28) “Vê peixe aleivoso … já é menos traidor.” Conclui-se que o polvo é
pior que o Judas.
Caracterização do polvo:
Apresenta um ar santo, mas encobre uma cruel realidade; tem a máscara (em grego,
hipócrita significava a representação do ator), o fingimento de inofensivo. Esta expressão
contém um paradoxo, porque a hipocrisia (fingimento) nunca é santa.
O mimetismo é usado para enganar: o polvo faz-se da cor do local ou dos objetos onde se
instala para atacar os inocentes à traição.
A traição é o elemento comum entre Judas e o polvo: Judas apenas abraçou Cristo,
outros o prenderam; o polvo abraça e prende; Judas abraçou Cristo à luz das lanternas; o
polvo escurece-se, roubando a luz para que os outros peixes não vejam as suas cores. A
traição de Judas é de grau inferior à do polvo.
“Mas ponde os olhos em António, vosso pregador e vereis nele o mais puro exemplar da
candura, da sinceridade e da verdade, onde nunca houve dolo (fraude), fingimento ou
engano. E sabei também que para haver tudo isto em cada um de nós, bastava
antigamente ser português, não era necessário ser santo.” (ll.42-45) As pessoas
antigamente eram mais humildes e íntegras, agora são o oposto.
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Capítulo VI
Peroração
“Com esta advertência vos despido…” – assim começa o último capítulo do Sermão
de Santo António, que constitui a peroração, ou seja, a conclusão final.
Tópicos:
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