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Ficha Informativa
CONCEITO PREDICÁVEL – “Vos estis sal terrae” – Vós sois o sal da terra
CONSERVA PURIFICA
R R
Aqueles que já Converter os
estão convertidos corruptos, hereges
1.1. Razões possíveis para que o sal não esteja a cumprir adequadamente a sua função:
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1.2. INVOCAÇÃO – o orador invoca auxílio divino para pedir a bênção para levar a bom
termo a sua missão de orador e fazer uma boa exposição das ideias - Invocação à
Virgem Maria – “Maria, quer dizer, Domina Maria: “Senhora do Mar”; e posto que o
assunto seja tão desusado, espero que não me falte com a costumada graça. Ave
Maria”
1.2.1.Recursos Expressivos:
o INTERROGAÇÕES RETÓRICAS:
• Efeito rítmico;
• Retardamento da solução para aguçar a curiosidade;
• Induzem à reflexão;
• Captar a atenção do auditório - “CAPTATIO BENEVOLENTIA”
o ARGUMENTO DE AUTORIDADE – solução de Cristo para os pregadores que não pregam a
verdadeira doutrina;
o ALEGORIA – figura de estilo que consiste na apresentação de metáforas ou comparações
que servem para concretizar um pensamento ou uma realidade abstrata (sal – doutrina,
terra – ouvintes/auditório);
o ANÁFORA, METÁFORA, REPETIÇÃO…
"(...) para que procedamos com alguma clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois
pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos
vícios.
2.1. CAPÍTULO II – LOUVOR DAS VIRTUDES EM GERAL (1.º momento da Exposição – onde
se inicia a alegoria)
o O sermão → ALEGORIA: os peixes são metáfora dos homens, as suas virtudes são, por
contraste, metáfora dos defeitos dos homens e os seus vícios são, diretamente, metáfora
dos vícios dos homens.
o Os peixes ouvem e não falam. Os homens falam muito e ouvem pouco, têm pouco respeito
pela palavra de Deus.
o Divide o sermão em duas partes: o sal conserva, o pregador louva as virtudes dos peixes; o
sal preserva da corrupção, o pregador repreende os vícios dos peixes.
o Devem manter-se longe dos Homens, pois, caso contrário, sofrerão consequências. Mostra-
se que aqueles que convivem com os homens foram castigados, estão domados e
domesticados, sem liberdade (ex.: cavalo, bugio, leão…).
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como as de Santo António. "… unidos como os dois vidros de um relógio de areia,": o peixe
Quatro-Olhos possuía grande visão e precisão.
o METÁFORAS: "… águias, que são os linces do ar; os linces, que são as águias da terra":
sentido de rapidez e de visão excecional.
o IRONIA: "Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não prego a vós, prego aos peixes!"
1ª Repreensão: Os peixes comem-se uns aos outros – Os homens “comem-se” uns aos outros
– “VOS COMEIS UNS AOS OUTROS”
morrem queimados
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o Apóstrofes:
“Estes e outros louvores, estas e outras excelências de vossa geração e grandeza vos pudera
dizer, ó peixes..."
"Ah moradores do Maranhão..."
"Esta é a língua, peixes, do vosso grande pregador (...)"
"Peixes, contente-se cada um com o seu elemento."
"Oh alma de António, que só vós tivestes asas e voastes sem perigo (...)"
"Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade (...)"
o Antíteses:
“Tanto pescar e tão pouco tremer!"
"No mar, pescam as canas, na terra pescam as varas (...)"
"(...) deu-lhes dois olhos, que direitamente olhassem para cima (...) e outros dois que
direitamente olhassem para baixo (...)"
"A natureza deu-te a água, tu não quiseste senão o ar (...)"
"(...) traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras."
"(...) António (...) o mais puro exemplar da candura, da sinceridade e da verdade, onde nunca
houve dolo, fingimento ou engano."
"Oh que boa doutrina era esta para a terra, se eu não pregara para o mar!"
o Comparações:
“Certo que se a este peixe o vestiram de burel e o ataram com uma corda, parecia um retrato
marítimo de Santo António."
"O que é a baleia entre os peixes, era o gigante Golias entre os homens."
"(...) com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos,
parece uma estrela;
com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura (...)"
"As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia (...)"
"(...) e o salteador, que está de emboscada (...) lança-lhe os braços de repente, e fá-lo
prisioneiro. Fizera mais Judas?"
"Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos
traidor
o Paralelismo Anafórico:
“Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;
ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes...
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;
ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes...
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;
ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes..."
"Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar..."
"(...) com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos,
parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura (...)"
"Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo
(...)"
o Enumeração:
“No mar, pescam as canas, na terra pescam as varas (e tanta sorte de varas); pescam as
ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões e até os cetros pescam (...)"
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"(...) que também nelas há falsidades, enganos, fingimentos, embustes, ciladas e muito
maiores e mais perniciosas traições."
"Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com palavras; eu lembro-me, mas não ofendeis a Deus
com a memória; eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero,
mas vós não ofendeis a Deus com a vontade."
o Metáforas
"Esta é a língua, peixes, do vosso grande pregador, que também foi rémora vossa, enquanto o
ouvistes; e porque agora está muda (...) se veem e choram na terra tantos naufrágios."
"(...) pois às águias, que são os linces do ar (...) e aos linces que são as águias da terra (...)"
"(...) onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há
tantos séculos?!"
" (...) vestir ou pintar as mesmas cores (...)"
"(...) e o polvo dos próprios braços faz as cordas”
o Paradoxos:
“a terra e o mar tudo era mar."
"E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa (...) o dito polvo é o
maior traidor do mar."
"hipocrisia tão santa"
o Trocadilhos
“Os homens tiveram entranhas para deitar Jonas ao mar, e o peixe recolheu nas entranhas a
Jonas, para o levar vivo à terra."
"E porque nem aqui o deixavam os que o tinham deixado, primeiro deixou Lisboa, depois
Coimbra, e finalmente Portugal."
"(...) o peixe abriu a boca contra quem se lavava, e Santo António abria a sua contra os que se
não queriam lavar."
o Interrogações retóricas
“qual será, ou qual pode ser, a causa desta corrupção?"
"Não é tudo isto verdade?"
"(...) que se há de fazer a este sal, e que se há de fazer a esta terra?"
"Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? (...) Que faria logo? Retirar-se-ia?
Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo?"
"(...) onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há
tantos séculos?!"
o Ironia
“Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não prego a vós, prego aos peixes."
"E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa (...) o dito polvo é o
maior traidor do mar."
o …