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PORTUGUÊS
ESTRUTURA DO SERMÃO
EXÓRDIO Introdução Conceito predicável: “Vós sois o sal da terra.”; “Santo António foi o sal da Cap. I
terra e foi o sal dos mares.”
PERORAÇÃO Conclusão “Com esta última advertência vos despido, ou me despido de vós, meus Cap. VI
peixes.”
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Em termos de classificação, é um sermão alegórico, porque surge construído
sobre um conjunto de alegorias. O pregador, desde o início, finge pregar não aos
homens, mas aos peixes, louvando-lhes as virtudes e criticando-lhes os vícios e
defeitos. Este foi um estratagema encontrado pelo orador para prender a atenção
dos ouvintes. Para além disso, apresenta-nos, no início do sermão, a alegoria da
vida colonial em conjunto, seguindo-se uma série de alegorias (espécies de
peixes) que representam os vários tipos de colonos mais suscetíveis de
caricatura. Portanto, o sermão apoia-se numa estrutura argumentativa que parte
do geral (vida colonial) para o particular (tipos de colonos).
A obra reflete a fina ironia do pregador e visa a crítica social da exploração vista
como uma espécie de “universal antropofagia”: o facto de os homens, tal como
os peixes, se comerem uns aos outros e em que os pequenos são o pão
quotidiano dos grandes;
Estrutura do sermão:
Cap. I – Exórdio:
- parte-se do conceito predicável “Vós sois o sal da terra.”;
- a palavra “sal” encerra um significado profundo, surgindo,
na
obra, metaforicamente;
- o pregador é aquele que, pela sua boca, prega a palavra de
Cristo; assim, a palavra “sal” simboliza a palavra Deus;
- o pregador vai, então, lançar o sal, que é a palavra que Deus
lhe confiou;
- o pregador simboliza o sal da terra e tem a tarefa de
impedir a corrupção;
- causas:
- ou o sal não salga (a palavra não foi passada);
- ou a terra não se deixa salgar (a mensagem não está a
ser seguida);
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- conclusão: a terra não se deixa salgar, ou seja, os
colonos não estão a seguir a mensagem de paz e amor
de Deus, uma vez que se aproveitam e maltratam os
seus trabalhadores e escravos;
- perante esta situação, o que fazer? Deitar o sal fora,
como inútil, ou fazer como Santo António e pregar
aos peixes?
o povo
O que se há de fazer ao sal que não salga? O que se há de fazer à terra que não se
deixa salgar?
Cap. II – Confirmação:
- louvores:
- os peixes foram as primeiras criaturas criadas
por Deus e foram os primeiros a serem
nomeados, quando Deus deu ao Homem o
domínio dos animais;
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- são os mais numerosos e os maiores.
- virtudes que resultam do verdadeiro louvor:
- obediência;
- não se domam nem se domesticam como todos
os
animais.
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Peixe de
Rémora Torpedo Quatro-olhos
Tobias
-o fel sara a -pequena no -energia. -dois olhos olham
cegueira; corpo; para cima;
Virtudes -o coração lança -grande na força -dois olhos olham
fora os demónios. e no poder. para baixo.
-sarou a cegueira -pegou-se ao -faz tremer o -defende-se dos
do pai de Tobias; leme de uma nau; braço do pescador; peixes;
Efeitos -lançou fora os -prende a nau e -não permite -defende-se das
demónios. amarra-a. pescar. aves.
Peixe de Tobias e Rémora e Santo Torpedo e Santo Quatro-olhos e
Santo António António António pregador
Cap. IV – Confirmação:
- desigualdade social: exploração dos maiores e dos
mais ricos (os colonos) em relação aos pequenos (“Os
peixes comem-se uns aos outros.”);
- crítica à vaidade, à ostentação do homem (“É loucura
desperdiçar a vida por dois retalhos de pano.”), à ganância
(aproveitamento da morte de familiares) e hipocrisia;
- ideia de castigo divino em relação à conduta dos
colonos;
- apela-se ao bem comum e à igualdade social.
a) Apelo à observação:
Vedes:
- todo aquele bulir;
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- todo aquele andar;
- aquele concorrer e cruzar;
- aquele subir e descer;
- aquele entrar e sair.
b) Exemplificação:
c) Amplificação:
- os peixes/homens comem os mais pequenos;
- os peixes/homens comem não só o povo, mas a sua
plebe;
- os peixes/homens não só os comem, mas engolem-nos
e devoram;
- os homens devoram e comem como pão.
a) Comparação/Exemplificação:
Peixes Homens
Deixam-se iludir por pouco e não pensam. Deixam-se iludir por vãs riquezas (“dois
retalhos de pano”) e não pensam.
Conclusão
Sucumbem às suas ilusões
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b) Amplificação: Os homens deixam-se encantar pelo aspeto exterior e
arruínam-se por causa disso (dívidas).
Cap. V – Confirmação:
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- foi o maior exemplo de candura, de sinceridade e verdade, onde
nunca houve mentira.
Alegoria do polvo:
- o polvo merece um destaque especial, não só por ser o
último peixe a ser analisado, mas, sobretudo, por causa dos seus defeitos graves:
“aparência tão modesta e hipocrisia tão santa.”;
- traduz tão somente a aparente simplicidade e inocência, que
encobre uma terrível realidade; é de notar que, nesta fase, o recurso estilístico mais
usado é a ironia
o polvo apresenta um ar tão santo, mas encobre uma realidade fria;
usa uma máscara de fingimento inofensivo.
Polvo vs camaleão
Judas e o polvo:
- ambos são traidores, mas Judas apenas denunciou Cristo,
a traição de Judas é abraçando-o, não o prendeu;
de grau inferior à do - o polvo abraça e prende.
polvo
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respeito e a obediência.
Orador Peixes
-tem inveja dos peixes; -têm mais vantagens do que o pregador:
-ofende a Deus com palavras; a sua natureza é melhor que a razão do
-tem memória; orador;
-ofende a Deus com o não ofendem a deus com a memória;
pensamento; o seu instinto é melhor que o livre arbítrio do
-ofende a Deus com a vontade; orador;
-não atinge o fim para que Deus não falam;
o criou; não ofendem a deus com o pensamento;
-ofende a Deus. não ofendem a deus com a vontade;
atingem sempre o fim para que Deus os
criou;
-não ofendem a Deus.