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Guião de leitura Português de 5.

º ano

MESTRE GRILO
CANTAVA
EA 1

GIGANTA DORMIA

Aquilino
Ribeiro
1885-1963

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Mestre Grilo cantava e a Giganta dormia Adaptado de:
In, Arca de Noé III Classe, Aquilino Ribeiro Leitura leituras 3, Porto Editora
Guião de leitura Português de 5.º ano

A. Biografia de Aquilino Ribeiro

 Em 13 de setembro de 1885 nasce, em Carregal de Tabosa, concelho de Sernancelhe, Aquilino Ribeiro;


 É batizado em Alhais;
 Em 11 de março de 1895 vai residir com os pais para Soutosa, concelho de Moimenta da Beira;
 No dia 10 de julho entra para o Colégio da Lapa;
 Em 5 de outubro de 1900 transita para o Colégio da Roseira, em Lamego;
 Em 16 de junho de 1902 vai estudar filosofia para Viseu;
 Em 16 de outubro entra no Seminário da Beja e frequenta o curso teológico. Aí faz o primeiro ano e parte do
segundo. Depois é expulso por não respeitar as regras do Seminário;
 Em meados de 1904 regressa a Soutosa;
 Em 1906 vai residir para Lisboa e publica os seus primeiros artigos na “Vanguarda”. Começa a redigir o 2
romance “A filha do jardineiro”;
 Em 1907 dá-se uma explosão no quarto onde Aquilino habitava. Aqui ela guardava os caixotes de explosivos
pertencentes a alguns membros da Carbonária, grupo de Republicanos que queriam tomar o poder pela
força. É preso e levado para a esquadra do Caminho Novo;
 Em 12 de janeiro de 1908 evade-se da esquadra de Caminho Novo, vivendo escondido em Lisboa durante
algum tempo;
 Em maio desse ano segue clandestinamente para Paris no Sud-Expresso. Mora em Paris 6 anos, convivendo
com artistas e escritores;
 Em 1910 regressa a Portugal, após a proclamação da República;
 No mesmo ano regressa a Paris onde frequenta a Faculdade de Letras da Sorbonne;
 Em 1912 vai viver para Berlim na Alemanha;
 Em 1913 casa na Alemanha com Grete Tiedemann e regressa a Paris. Escreve e publica o seu primeiro livro
Jardim das Tormentas. Em 1914 nasce o primeiro filho, Aníbal Aquilino Fritz Ribeiro;
 Regressa a Portugal nesse ano, com a eclosão da 1.ª Guerra mundial. Fica a viver em Lisboa e dá aulas no
Liceu Camões. Colabora na Revista Seara Nova. Em 1919 publica Terras do Demo e vai trabalhar para a
Biblioteca Nacional como bibliotecário;
 Até 1927 vive em Oeiras e publica diversas obras, entre as quais Filhas da Babilónia, O romance da Raposa,
Andam Faunos nos bosques e O Malhadinhas, entre outros;
 Nesse ano foge para Paris por estar implicado na revolta contra a ditadura militar;
 Ainda em 1927, regressa a Soutosa clandestinamente e falece a primeira mulher;
 Em 1928 é preso e vai para o presídio do Fontelo, em Viseu;
 Em 1929 regressa a Paris onde casa novamente com Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino
Machado;
 Nesse ano segue para Ustaritz, no sul de França e depois para Baiona. Aí nasce o seu 2º filho, em 1930;
 Em 1931 vai viver para a Galiza, primeiro em Vigo e depois em Tui;
 Em 1932 entra clandestinamente em Portugal e vai viver para Abraveses, em Viseu;
 No fim do ano volta para Lisboa. Vive aí até 1951, publicando muitos livros;
 Em 1952 desloca-se ao Brasil, onde recebe diversos prémios;
 Em junho desse ano regressa a Portugal, a Lisboa e continua a publicar diversas obras. Torna-se membro da
Academia de Ciências de Lisboa e é proposto para o prémio Nobel da Literatura;
 Em 1961 desloca-se a Londres por motivo de doença;
 No mesmo ano regressa a Paris. Em 1962 nasce a 1ª neta a quem dedica o “Livro de Marianinha”;
 Depois volta a Lisboa onde vive até 1963, onde morre no dia 27 de maio.

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Mestre Grilo cantava e a Giganta dormia Adaptado de:
In, Arca de Noé III Classe, Aquilino Ribeiro Leitura leituras 3, Porto Editora
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1. “Em 16 de outubro entra no Seminário da Beja e frequenta o curso teológico. Aí faz o primeiro ano e
parte do segundo. Depois é expulso por não respeitar as regras do Seminário.”
Seleciona os dois adjetivos que melhor caracterizam a atitude de Aquilino Ribeiro, em relação ao
seminário.
a. inconformado b. interessado c. respeitador d. rebelde

2. Identifica o sinónimo de “evade-se”.


a. sai b. foge c. isola-se d. esconde-se
3
3. Escreve três adjetivos que caracterizem a vida de Aquilino Ribeiro.
4. Copia, do mapa, uma das localidades onde morou Aquilino Ribeiro.

5. Indica a quem dedica Aquilino “O livro da Marianinha”.

Mestre Grilo Cantava e a Giganta Dormia – Parte I https://www.facebook.com/watch/?


v=611278522873327&extid=ZdJ1gWKLM2jfPPxq

1 Era uma abóbora-menina, muita redondinha, que saíra de uma flor tão grande e tão linda que de longe parecia pela
forma um cálice de oiro, o cálice por onde os senhores bispos costumam dizer missa, e pelo brilho estrela caída do céu.
Atraídas pela cor viva e o perfume, que era brando, mas suave, zumbiam-lhe as abelhas em volta e um grilinho viera
com uma caixa de música às costas acolher-se à sua sombra e ali fizera a lura. Perto, dentro de seus buraquinhos,
5 viviam dois ralos, e uma cigarra passava a maior parte do tempo empoleirada numa das folhas da aboboreira a cantar.
Ora, com os dias, a flor murchara e no seu pedúnculo começou a crescer a abóbora redondinha. Era na entrada do
Verão e à força de comer do solo, e beber do regadio, um pouco também entorpecida pelo calor, levava a vida a dormir.
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Crescia e dormia, dormia e crescia. Passavam por cima dela as nuvens ligeiras como caravelas e não as via; cantavam as
rolas e o cuco, deixá-los cantar; batiam os manguais nas eiras, chiavam os carros da lavoura e a tudo permanecia
10 indiferente. Cresceu, cresceu, e já espigadota, certa noite mais quente, estranho ruído acordou-a. Que fanfarra era
aquela? Pôs-se à escuta.
As rãs do charco clamavam:

- Dai-nos sol! Dai-nos sol!


15 Curioso, não pediam rei, pediam sol.
- Dai-nos sol! Dai-nos sol!
Os ralos e a cigarra acompanhavam:
- Solzinho! Solzinho! Solzinho!
O grilo arpejava:
20 - E que rico, rico! Que rico, rico! Rico! 4

E os sapos lá do fundo do campo em coro trauteavam:


- Sol, sol, sol! Sol, sol, sol, canta rouxinol! Sol, sol, sol!!!
Que tinham aqueles doidos para fazerem tal banzé em vez de aproveitar o tempo para dormir?! O grilo, que lhe ficava
25 mais perto, foi quem mais a intrigou. Muito negrinho, todo entregue a inspiração, lá ia tocando os pratos , que é como
quem diz movendo as asas de ébano, com risquinhas de oiro, dum lado para o outro. Que dianho de bicharoco tão
patusco e ridículo que não deixava dormir à gente o soninho descansado! E não se contendo mais, gritou-lhe:
- Eh lá, seu casaca! Você não pode calar a caixa? Com tal brequefesta como hei de eu dormir?!
- Ora a palerma! - retorquiu O grilo, escandalizado. - Não querem lá ver, tem-se na conta de menina e é tão mona. Ah!
30 Sua calaceira, cante, cante connosco a chamar o Sol que se não demore muito detrás dos montes e nos traga alegria e
claridade.
- Estou mesmo para isso! Olhe, sabe que mais, escolha outro ofício e deixe dormir quem tem sono.
- Outro ofício! ... Essa não é má! Saiba, sua estúpida, que eu nasci para cantar. Tenho-o como um dever. Quando não
cantar, rezem-me por alma.
35 E chocando as asas tornou à cantiguinha:
- Sol rico! Rico, rico! Rico ...
E, em coro, sapos, ralos, rãs, cigarras, respondiam pela várzea fora:
- Sol, sol, sol! Sol...
E embalada pela serenata da noite a aboborinha voltou a adormecer.

Compreensão global do conto - Parte I

1. Antes de continuares, recorda algumas regras sobre o alfabeto, a ordenação alfabética e o uso do dicionário.
1.1.Escreve, no caderno, o alfabeto.
1.2.Copia todo o vocabulário do texto, que tens dificuldade em compreender.
1.3. Ordena as palavras que recolheste alfabeticamente.
1.4.Vais, agora, utilizar o dicionário para descobrir o significado dessas palavras. Recorda aqui as regras.

Existem outras abreviaturas.


n.m. nome masculino v. tr. dr. Verbo transitivo direto Sempre que não saibas o seu
adv. advérbio adj. adjetivo significado, procura no início do
dicionário a página onde elas
n.f. nome feminino aparecem legendadas.

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Regras

 Os nomes e os adjetivos (variáveis em género, número e


5
grau) aparecem sempre no género masculino, no número
singular e no grau normal.

 Os verbos são sempre apresentados no


infinitivo impessoal. Assim, por exemplo, é
inútil procurares a forma verbal floriu,
porque os verbos só aparecem no infinitivo
(neste caso florir).

Flor (do Latim flo, floris), n.f. 1.(botânica) Parte do vegetal de que sai a frutificação; 2. Desenho, bordado ou
adorno 3.(Figurado) viço, frescura, beleza; 4. Pessoa muito bela; à ~ de: à superfície; fina ~: o melhor que há,
dentro de um grupo; ~ de estufa: pessoa muito sensível ou frágil; não ser ~ que se cheire: ser pouco
recomendável, não ser e confiança.

Dicionário Priberam (adaptado)

1.4.1. Indica a classe de palavras a que pertence a palavra “flor”.


1.4.2. Escreve dois significados que esta palavra pode ter.
1.4.3. Diz com que área da ciência se relaciona esta palavra.
1.4.4. Indica qual a origem desta palavra.
1.4.5. Transcreve uma expressão em que se usa a palavra flor.

2. De volta ao texto, seleciona um sinónimo de cada palavra que apontaste no caderno, de acordo com o
significado do texto.
3. "Era uma abóbora-menina, muito redondinha, que saíra de uma flor (...)"
3.1.Completa a frase com expressões do texto.
Essa flor parecia pela forma (a) e pelo brilho (b).
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3.2.Transcreve três características da flor.

4. "Ora, com os dias, a flor murchara e no seu pedúnculo começou a crescer a abóbora redondinha."
4.1.A frase transcrita fala-nos do nascimento da abóbora. Diz quando se dá esse nascimento.

5. Entretanto, a abóbora limita-se a: (Seleciona a hipótese correta.)

 crescer e brincar.
 crescer e dormir.
 brincar e conversar.
6. “Cresceu, cresceu, e já espigadota, certa noite mais quente, (...)" 6

6.1.Explica o que aconteceu nessa noite.


6.2.Diz o que mais a intrigou e porquê.
6.3."Ah! Sua calaceira, cante, cante connosco."
6.3.1. Escreve um sinónimo da palavra destacada.
7. Indica que explicação é que o grilinho dá para o facto de estarem todos a cantar.
8. " Quando não cantar, rezem-me por alma."
8.1.Explica por palavras tuas o sentido da frase acima transcrita.
9. Dá um título a esta 1.ª parte do conto.

Mestre Grilo Cantava e a Giganta Dormia – Parte II

1 O senhor José Barnabé Pé de Jacaré, dono da fazenda, veio pela manhã dar a volta costumada, com a senhora
Feliciana Lauriana atrás, de cesta no braço para os feijões verdes. Diante da abóbora parou admirado e disse:
- Que maravilha! Isto era pevide abençoada, Feliciana Lauriana, esta abóbora não se come, fica para semente. Quando
estiver madura, telhado com ela.
5 - Qual semente! Para a panela. Não há nenhuma outra em termos e eu morro por caldo de abóbora com feijão-
manteiga, adubado a presunto.
- Aí vens tu! - proferiu José Barnabé Pé de Jacaré em tom ralhado. - Faze lá como quiseres, mas sempre te digo que
assim redonda e corpulenta, ainda de poucas semanas, é milagre.
E depois de aparar à aboboreira as flores que iam a desabrochar para que a abóbora recebesse toda a seiva,
10 seguiram seu caminho até ao fundo da granja em que passava um corrego por cima de seixos a murmurar.
O grilo, que se escondera na covinha, ouviu a conversa e saindo para o terreiro rompeu a cantarolar em tom de
troça:
E ó abóbora, e ó aboborinha.
estás aqui, estás na panelinha!
15 Mas a abóbora, que não fazia outra coisa senão dormir e crescer, crescer e dormir, não ouviu o zombador. Não ouvia
nada de nada. Tanto cresceu, tanto cresceu, que ameaçou com o seu corpanzil soterrar o grilo no buraco. Assustado,
chamou por ela uma tarde:
- Aboborinha? Pst, ó aboborinha!!!
- ! ...
20 - Abóbora-menina ... Ó lindinha! ...
- Que quer lá? ...

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- Com a breca, muito pegada estava no sono! Olhe lá, para que é que cresce tanto? Uma abóbora da sua casta quer-
-se redonda e maneirinha. Assim a pular perde a graça toda ...
- Seu atrevido, seu tocador de pratos, que lhe importa a minha vida! Se o seu regalo é cantar, cante, mas ao menos
25 não se meta com quem está quieto e sossegado. Já sabe que dormir, dormir a sono solto, e fazer-me grande, taluda,
é a minha obrigação. Vai ver como pareço bem no telhado do senhor José Barnabé Pé de Jacaré.
-No telhado? ... Deixa-me rir! - escarneceu mestre grilo.
Desdenhosa, a abóbora ferrou-se a dormir, a dormir um daqueles sonos que dir-se-ia só acabam no fim do mundo. O
grilo ainda rompeu a cantilena:
30 - Ai abóbora, ai aboborinha, estás aqui, estás na panelinha!
Mas viu que perdia o tempo e o latim e meditou na maneira de se ver livre da aventesma. A abóbora dormia e crescia.
Dormia como animal depois de farto e crescia; dormia como penedo no meio da serra e crescia; dormia como casa ao
desamparo e crescia. Nuvens, aves, mondadeiras que passavam a cantar, dias enovelados nos dias, de nada dava fé. O
pior é que a desalmada à força de se estender para aquela banda já lhe tapava quase a porta da toquinha; já para entrar 7
35 tinha que pôr-se de esguelha, espalmando bem contra as costas o aparelho da música. E o grilo, dizendo mal da sua sorte,
foi-se consultar os parentes.
- Compadres, aquela abóbora é o meu pesadelo. Se avança mais um nadinha para o meu lado ou fico sem casa ou
morro lá dentro emparedado. Não sei o que há de ser de mim. De vizinho danoso morreu Barroso.
Os insetos quedaram recolhidos um momento a cismar no problema. E a cigarra, que é esperta e espevitada, disse:
40 - Tem razão, mestre grilo. Mas aqui que ninguém nos ouve confesse lá: além do dano que a abóbora lhe faz, você tem
por ela uma especial antipatia ... hem, cá de dentro?
O grilo soltou duas risadinhas como que a acentuar a finura da comadre cigarra e respondeu:
- É verdade. Embirro solenemente com a pegamassa. Como podem calcular vim fazer aqui a casa induzido pela beleza da
flor. Tanto reluzia que disse comigo: ali, naquelas touceiras de erva tenra e serradela, com tão esplêndido pálio de seda
45 contra o sol, ficas que nem um mandarim da China. Sou poeta, é o meu fraco. Afinal, foi uma desilusão cruel; da flor
doirada e aberta como o cálice dos senhores bispos saiu esse monstro!
- Não admira - disse uma abelha que se metera na conversa. - Mestre grilo e a abóbora-menina são diferentes como
noite e dia. Enquanto ele é vivo, espiritual, pequenino, se desfaz em cantorias, ela queda matéria bruta: comer,
comer, dormir, e mais não lhe peçam.
50 - Assim vai o mundo - tornou a cigarra. - E a guerra nasce daqui, destes contrastes sem remédio. Mas vamos ao que
importa: mestre grilo queria ver-se livre de tal vizinhança?
- Pois queria.
Tornaram todos a malucar e um ralo deu este alvitre:
- E se se chamasse a tropa toda, ralos, grilos, cigarras, cabras-louras, e se caísse em peso sobre a matulona?
55 - Mas havíamos de ter patas de cavalo - permitiu-se dizer a cigarra debruçada da sua folhinha.
- Não temos, não - redarguiu o ralo, que era guerreiro -, mas temos mandíbulas ...
" - Ora, ora, nem a dente de coelho! - exclamou a cigarra. - Aquilo tem
casca mais grossa que sobreiro!
E depois de proferir tal sentença empoleirou-se mais no alto, contente com a própria sabedoria.
60 - Olhem lá! ... - disse o sapo que assistira interessado, mas silencioso à discussão. - Porque é que não vão ter com a
toupeira? Os amigos ralos têm boas unhas e podem dar com a abóbora em pantanas serrotando-lhe as raízes. Mas
não é obra para pressas. Enquanto a toupeira essa cava um poço, chega-lhe às raízes e zás, com duas turquesadas fica o
caso arrumado.
Celebraram todos a grande esperteza do sapo olharapo e como a toupeira era muito das suas relações ele próprio se
encarregou de lhe [alar. Dito efeito; a escava-terra prometeu fazer o trabalho e cumpriu a primor.

Compreensão global do conto - Parte II


1. A abóbora-menina tinha nascido numa fazenda.
1.1. Diz quem eram os donos da fazenda.
1.2. Explica o que costumavam eles fazer todas as manhãs.
2. As diferentes personagens do conto não estão de acordo sobre o destino a dar à abóbora.

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Mestre Grilo cantava e a Giganta dormia Adaptado de:
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2.1. Indica o que pensam os donos da fazenda.


2.2. O grilo também exprime a sua opinião através de uma cantilena. Transcreve a frase que ele canta.
2.3. Diz o que pensa a abóbora sobre o seu destino.
2.4. Indica o que precisa ela de fazer, para cumprir o seu destino.
3. A abóbora, entretanto, não parava de dormir e de crescer.
3.1. Completa as seguintes afirmações com expressões do texto:
a. A abóbora dormia como animal…
b. dormia como penedo…
c. dormia como casa…
3.2. Estas comparações pretendem realçar a sua: (Completa a frase, com a opção que te parecer mais correta)
a. imobilidade 8
b. alegria
c. esperteza
4. Com o crescimento da abóbora, a casa do grilo estava em perigo.
4.1. Indica a quem foi ele pedir conselho para resolver o seu problema.
4.2. Para mostrar aos "compadres" como a sua vizinhança com a abóbora era má, o grilo usa uma frase feita.
Transcreve-a.
5. A abelha conclui que a relação entre a abóbora e o grilo só podia ser conflituosa, visto eles serem tão diferentes.
5.1. Regista, no caderno, as características que a abelha encontra no grilo e na abóbora.
6. Filosoficamente, a cigarra explica-nos o nascimento das guerras. Transcreve essa frase.
7. Depois de muitos alvitres, chegaram a uma solução de consenso.
7.1. Indica qual foi essa solução.
7.2. Diz quem teve a ideia.
7.3. Transcreve uma frase do texto que prove que esse plano foi realizado.
8. Dá um título a esta 2.ª parte do conto.

Mestre Grilo Cantava e a Giganta Dormia – Parte III

1 Naquela manhã, como em todas as manhãs que Deus deitava ao mundo, o senhor José Barnabé Pé de Jacaré deu o
giro pela fazenda, mais a senhora Feliciana Lauriana, sua cara-metade. E reparando na abóbora disse:
- O que ela tem crescido! Parece o zimbório da Estrela! Mas, ó Felicianinha, ela está aganada! As folhas dão ares de
murchas ... Precisa, precisa de rega.
5 - Precisa mas é de panela. Está madura.
- Não está. O criado que lhe deite água. Para a panela é mal-empregada.
O Joaquim foi buscar água ao córrego enquanto o senhor José Barnabé Pé de Jacaré fazia uma cova juntinho da
aboboreira. Vendo-a cheia pronunciou:
- Vão ver amanhã como está arrebitada.
10 Mal os homens voltaram costas, o grilo e mais insetos saíram de suas celas e romperam em grande algazarra.

Ó abóbora, Ó aboborinha,
não escapas à panelinha!

15 E o coro dos sapos entoou:

E ó abóbora, aboborão,
não escapas ao paneIão!
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Mas, alheia a tudo, a abóbora dormia, dormia como as bolas de pedra nos portais das quintas e uma fidalga de
20 província à meia-noite. Dormindo assim, decerto não lhe era fácil ouvir as chacotas dos bichos. E, como todos tinham
queda para a alegria e a reinação, demoraram em suas demonstrações até que uma nuvem negra veio cobrir o Sol.
- Temos mudança de tempo - advertiu a cigarra, que era mais sabida que o Borda d'Água.
- Temos, temos - concordou o ralo. -A chuva não pode tardar. Sopra muito da barra ...
Tomaram os ventos, consultaram o céu, e, certos de que estava iminente a borrasca, cada um se foi escapulindo para
25 a sua toca.
- Pois até loguinho - acabaram por dizer os ralos, que eram os menos timoratos de todos -, e S. Bento abade se
amerceie de nós que não haja novidade.
Como seus primos ralos, os grilos enterraram-se pelos buraquinhos dentro; os sapos meteram-se debaixo das pedras;
a cigarra refugiou-se debaixo duma grande folha; e as rãs, que não têm medo de se afogar, ficaram no charco de cabeça
30 fora de água a ver para onde corriam as nuvens, uma ou outra coaxando de largo em largo:
- Estou borracha! borracha! 9
Das bandas do mar, pouco a pouco, vieram vogando nuvens negras que se encastelaram. Um relâmpago riscou o
espaço seguido de trovão seco, a modo de esganado, qualquer coisa como muitas mil latas a estreloiçar. Depois outros
relâmpagos e outros trovões do mesmo timbre se sucederam com pequeno intervalo. E rompeu a chover, de princípio,
35 gotas gordas e solitárias, logo, em corda, tão bastas, que assim seria o dilúvio. E mais uns relâmpagos, mais uns trovões
de retumbante vozeirão, e abriram-se as cataratas do céu.
De olhos aflitos, o senhor José Barnabé Pé de Jacaré espiava os estragos que a trovoada fazia na sua rica fazenda. A
água de enxurro varria a terra que fora sachada de fresco, deixando a luzir as batatinhas mal presas à planta e
tombados no chão, como soldados depois da batalha, os pés de milho. Quando se viu a abóbora-menina rolar pelo chão
40 abaixo, como se levasse o diabo no pêlo, deu um salto. E, pós-catrapós, desceu a escada, pinchou o batatal, gri-
tando, mas ninguém lhe valia:
- Agarra! agarra!
A abóbora-menina lá ia, ora rolando, ora boiando, ora saltando como péla, endemoninhada de todo. Ia cair à ribeira e
o pobre do senhor José Barnabé Pé de Jacaré, sentindo o perigo, dava pulos de gamo atrás dela. E quase a tinha pegada
45 quando se lhe embaraçaram os socos e tropeçou. Como uma boia, como um golfinho, a danada botava-se à torrente e
singrava.

Compreensão global do conto - Parte III

1. «Mas, ó Felicianinha, ela está aganada!


As folhas dão ares de murchas ...
Precisa, precisa de rega.»
1.1. Diz qual o sentido da palavra destacada.

1.2. Como sabes, o problema da abóbora não era falta de rega. Explica por que razão as flores tinham ares de
murchas.

2. De repente há um indício que alerta os insetos para a mudança de tempo. Indica o que os fez sentir assim.

3. Perante o prenúncio de tempestade, cada um tentou proteger-se como podia: (Completa com expressões do
texto)
a. os ralos e os grilos…
b. os sapos…
c. a cigarra…
d. as rãs…
4. E a tempestade começa.
4.1. Transcreve as duas frases que descrevem o início da tormenta.
4.2. Diz a que é comparado o ruído do trovão.

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Guião de leitura Português de 5.º ano

4.3. Diz como são as gotas de chuva. (Completa com expressões do texto)
4.3.1. A princípio eram (1) e (2). Depois caíram em (3), tão (4) que assim seria (5).

4.4. Indica a que compara o autor a violência da chuva.


5. « ( ... ) o senhor José Barnabé Pé de Jacaré espiava os estragos que a trovoada fazia na sua rica fazenda…»
5.1. Descreve o estado de espírito do senhor José Barnabé Pé de Jacaré. Justifica a tua resposta com uma
expressão do texto.
5.2. A força da tempestade é comparada aos horrores de um campo de guerra.
5.3. Transcreve essa frase.
5.4. Entretanto, há algo que faz o senhor José Barnabé Pé de Jacaré dar um pulo e correr feito louco. Explica o
que terá sido.
5.5. O senhor José Barnabé Pé de Jacaré estava quase a conseguir agarrar a abóbora, quando . .. Explica que o
10
impediu.
5.6. Transcreve a frase em que o narrador nos "mostra" que a abóbora vogava à tona das águas.
6. Dá um título a esta 2.ª parte do conto.

Mestre Grilo Cantava e a Giganta Dormia – Parte IV


1 A abóbora que. trôpega de sono. não dera fé de a toupeira ler segado as raízes da planta, nem da trovoada nem das
temíveis bolandas que sofrera, baloiçada pela água tornara a adormecer. E dormia como um cepo, como um bombo
depois da festa, quando acordou estremunhada a um embate terrível. Com seiscentos macacos, fora bater no rodízio dum
moinho e abrira grande brecha na sua barriga cor-de-rosa. Por cima dela, na casa das mós, ouviu-se um brado de angústia:
5 - Anjo bento, mulher, é a azenha a vir abaixo!
Decorrido um instante de silêncio, outra voz, da moleira a julgar pelo metal, proferiu:
-Foi coisa que se atrancou nas penas do rodízio. Chega lá ver ...
- Chega lá tu!
Após uma breve pausa, volveu a moleira:
10 - Homem, parece que estás com medo! Pois vou lá eu ...
De rompante desceu a escada que levava ao pego para um migalho depois se pôr a gritar:
- Ó Valentim valentão, anda cá depressa!
- Hã. Hã! Que há lá?
- Há que a cheia trouxe-nos uma abóbora maior que a barriga da nossa vaca.
15 - Toca a safá-la daqui. Já temos para o almoço dos malhadores.
Agarraram-na pela rama, mas a rama quebrou-se e os dois foram de traseiro ao chão. Riu a mulher que era amiga de
folgar e praguejou o homem que armava em sisudo. A abóbora nadava em pleno pego. Lembraram-se de ir buscar um
sacho de longo cabo e, puxa que puxa, sempre conseguiram içá-la para fora. Uma vez na cozinha, a moleira deitou um
braçado de lenha ao lume e pegou do facalhão. Fervia e cachoava a água nos potes, na sua toada dizendo zombeteira:
20 - Ó abóbora, ó aboborinha, sempre caíste na panelinha!
A senhora Feliciana Lauriana, mal passou a trovoada, foi-se até ao quintal. A terra parecia tão fresca e louçã que nem
que acabasse de sair do molde novinha em folha. Regalada, não avistou, porém, a rica abóbora, mimo do panelão se lhe
juntarem presunto e salpicão. E, depois duma careta de assombro, boca escancarada, gritou:
-José Barnabé!?
25 - Ué?!
Seria aquele papa-moscas ou o eco? E deitou a correr. Foi encontrá-lo à beira do rio, de olhos fitos na corrente, como
se estivesse à espera dum bacalhau.
- Mulher - exclamou -lá se foi a aboborinha!
- Ai foi?! Pois se foi, nem telhado, nem panelinha!
30 Em seu desafogo, mestre grilo fazia à boca da lura, para cigarras, ralos, rãs, sapos, a história - a sua história - da
catástrofe dum dia de Verão:
- Cri-cri-cri! Muito eu me ri!l! Cri-cri-cri! ...

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Mestre Grilo cantava e a Giganta dormia Adaptado de:
In, Arca de Noé III Classe, Aquilino Ribeiro Leitura leituras 3, Porto Editora
Guião de leitura Português de 5.º ano

Aquilino Ribeiro, Arca de Noé, III Classe, Bertrand

Compreensão global do conto - Parte IV

1. Explica o que fazia a abóbora desde a altura em que a toupeira lhe cortou as raízes até ao momento em que
foi arrastada pela torrente.
2. Diz o que foi que a acordou.
3. «Anjo bento, mulher, é a azenha a vir abaixo!»
3.1. Diz quem proferiu esta frase.
4. Indica quem descobriu a causa do estrondo. 11

5. «- Ó Valentim valentão, anda cá depressa!»


5.1. Achas que o moleiro era realmente um valentão? Justifica a tua resposta.
6. Transcreve as palavras que disse a moleira ao marido para ele perceber que a abóbora era muito grande.
6.1. «Agarraram-na pela rama, mas a rama quebrou-se e os dois foram de traseiro ao chão.»
6.1.1. Perante isto, homem e mulher reagiram de forma diferente, revelando feitios diferentes:
a. A mulher (1) porque era (2).
b. O homem (3) porque era (4).
7. Explica, por palavras tuas, como acabaram por resolver o problema.
8. Explica qual acabou por ser o destino da abóbora.
9. Nesta última parte do conto já não é o grilo que canta a cantilena à abóbora. Indica quem é.
10. Na fazenda, houve quem ficasse desiludido e quem ficasse satisfeito com o destino da abóbora. Explica.
11. Dá um título a esta 2.ª parte do conto.
12. Agora que conheces toda a história, explica o título “Mestre grilo cantava e a giganta dormia”.
13. Dá a tua opinião sobre este conto. Diz o que pensas da linguagem usada, das personagens e da história.
14. Para terminar, vamos fazer uma atividade chamada Bichos, Bichecos e Animalecos.
a.escreve no teu caderno, em lista, o nome de cinco animais à tua escolha (terrestres, aquáticos e voadores);
b. à frente de cada um, separa as palavras por sílabas;
c.escolhe uma sílaba de cada animal, junta-as, pela ordem que quiseres e inventa um animal novinho em folha;
d. faz o cartão biográfico do teu animal inventado:

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Mestre Grilo cantava e a Giganta dormia Adaptado de:
In, Arca de Noé III Classe, Aquilino Ribeiro Leitura leituras 3, Porto Editora
Guião de leitura Português de 5.º ano

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Da Leitura Orientada à Leitura para Informação e Estudo
(Propostas para trabalhos de projeto)

1. Elaborar um vocabulário ilustrado


a. Relê o conto e sublinha os vocábulos desconhecidos.
b. Descobre o que eles significam.
c. Expõe-nos num cartaz ou organiza um folheto com a explicação/ilustração dos vocábulos.

2. Apresentar a personagem principal


a. Transcreve frases ou expressões que revelem a opinião dos animais seus vizinhos.
b. Solicita à turma que identifique os autores das frases ou expressões transcritas.

3. Produzir um folheto informativo sobre o conto e o seu autor


a. Elabora um pequeno resumo do conto.
b. Usa os dados biográficos do autor e redige uma pequena biografia.
c. Ilustra o folheto de forma a despertar o interesse pela obra, em futuros leitores.

4. Faz um pequeno trabalho que ilustre um elemento do conto, à tua escolha


a. Constrói uma das personagens em 3D.
b. Ilustra, numa cartolina, uma parte da história, usando materiais diferentes (por ex. massinhas, tecidos…).
c. Faz uns pequenos fantoches de cartão, pintados, que representem as personagens.

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Mestre Grilo cantava e a Giganta dormia Adaptado de:
In, Arca de Noé III Classe, Aquilino Ribeiro Leitura leituras 3, Porto Editora

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