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Laura Sousa nº8, Lauren Camily nº9, Leonor Pacheco nº11 e Oriana Martins nº16
O que é um Sermão?
Género literário que compreende o discurso oratório de carácter religioso composto para ser
proferido ao povo e que pode tratar de questões morais, sociais ou políticas. Trata-se de um
texto argumentativo em que o pregador se dirige ao auditório com intenção persuásiva, pois
pretende convencer os ouvintes da validade das suas ideias e assim exortá-los a ação. O
sermão cristão partia de um conceito predicável, uma citação bíblica que anuncia o tema que
será desenvolvido ao longo do texto.
(nota: Texto argumentativo- tem como objetivo convencer alguém das nossas ideias. Devem
ser claras e ter riqueza lexical, podendo tratar qualquer tema ou assunto.)
Os objetivos da Eloquência
A eloquência é a arte de bem falar. Vieira e os oradores do seu tempo investiam
bastante nesta arte, exibindo a habilidade e o engenho com que usavam as
palavras e as ideias para construir os seus argumentos. Recorriam fortemente
à retórica, que é a arte do discurso e os recursos expressivos que estavam
ao seu serviço. Podemos identificar os três grandes objetivos do sermão religioso
através de três termos latinos: docere, delectare, movere.
Docere (ensinar): Ensinar a doutrina cristã e dar a conhecer o texto bíblico. O objetivo
era conseguir com que os cristãos seguissem os ensinamentos de Cristo e os
praticassem no quotidiano.
Delectare (agradar): O orador procurava agradar aos ouvintes ou mesmo deslumbrá-
los com as suas palavras e o seu raciocínio.
Movere (influenciar): Persuadir os ouvintes (fiéis) e influenciar o seu comportamento.
Alegoria
O Padre António Vieira recorre à alegoria, um recurso expressivo em que um conjunto
de imagens concretas (termos, ações, personagens) serve ao autor para transmitir uma
realidade abstrata.
Sermão de Santo António (Canto II)
Estrutura
Estrutura interna:
Estrutura externa:
• Capítulo I ao capítulo VI
Capítulo 2
Neste capítulo, Vieira começa por explicar aos peixes o conceito predicável, “Vos estis sal
terrae”, apresentando qual a função do sal: conservar o bom e preservá-lo para que não se
corrompa; louvar o bem para o conservar, repreender o mal para o preservar dele. Além de
explicar o conceito predicável, Vieira dirige-se aos peixes, explicita também quais são os
objetivos do sermão, sendo estes objetivos os de louvar as suas virtudes e repreender os seus
vícios. Para mostrar que o sermão é uma alegoria, o pregador refere-se frequentemente aos
homens. Utiliza articuladores do discurso (assim, pois…), interrogações retóricas, anáforas,
gradações crescentes, antíteses, etc. Demonstra as afirmações que faz tirando partido do
contraste entre o bem e o mal, referindo palavras de S. Basílio, de Cristo, de Moisés, de
Aristóteles e de Santo Ambrósio, todas referidas aos louvores dos peixes.
Entretanto, como o defeito relacionado aos peixes é que eles não se convertem e não são
religiosos, por isso, não falará “em Céu nem Inferno”, o que tornará menos triste o sermão,
comparativamente aos que costuma pregar aos homens, facto que constitui nova ironia, pois
os peixes são uma alegoria dos homens . Os peixes não foram castigados por Deus no dilúvio,
sendo exemplo para os homens que pouco ouvem e falam muito.
Argumento de Aristóteles
Os animais domésticos: “ Dos animais domésticos o cão é tão doméstico, o cavalo tão sujeito,
o boi tão serviçal[…]e até os leões e os tigres como arte, e benefícios se amansam dos animais
do ar afora aquelas aves, que se criam, e vivem connosco, o papagaio nos falam, o rouxinol nos
canta […]e até as aves grandes de rapina encolhendo as unhas reconhecem a mão de quem
recebe o sustento”, (Linha 30-34).
Os peixes: “Os peixes ao contrário lá se vivem nos seus mares, e rios, lá se mergulham nos seus
pegos, lá se escondem nas suas grutas e nenhum tão grande, que se fie no homem, nem tão
pequeno, que não fuja dele.”, (Linha 34-36).
Evidencia-se que os animais que convivem com os homens foram castigados pois estão
domesticados e sem liberdade. Embora os homens ofereçam alimento e proteção aos animais
domésticos estes, perdem a liberdade pois estão sobre o domínio do homem. Contudo, apesar
de estarem sobre o domínio do homem, também foram castigados por Deus no Dilúvio.
“Diz Santo Ambrósio: porque os outros animais como mais domésticos, ou mais vizinhos,
tinham mais comunicação com os homens; os peixes viviam longe e retirados deles.”, (Linha
56-57)
Foram os únicos animais que não precisaram de ser salvos durante o diluvio.
Estes não são facilmente domesticados algo que é positivo pois estão afastados do Homem
considerado corrupto e perigoso. “… e não há nenhum tão grande que se fie do homem, nem
tão pequeno que não fuja dele … da companhia dos homens lhe viera todo o mal” Sendo
importante reter que quanto mais perto de Deus mais longe dos Homens devemos estar.
As interrogações retóricas
A primeira interrogação retórica, promove reflexão sobre o conteúdo de pregação aos peixes
(notar a utilização do “enfim” com valor de raciocínio e conclusão de um assunto).
Apóstrofes
Vieira utiliza a apóstrofe “irmãos peixes” para criar uma relação de proximidade com o
auditório, facilitando a persuasão.
Sermão de Santo António (Canto II)
Gradação
“o cão é tão doméstico”, “o cavalo tão sujeito”, “o boi tão serviçal”, “o bugio tão amigo e
lisonjeiro”, “até os leões e tigres (…) se amansam”
Concluindo, este capítulo refere as virtudes dos peixes, que por contraste são os vícios dos
homens, e louva os peixes pois estes serem os únicos animais que não foram castigados por
Deus no dilúvio.