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1 RESUMO
2 Introdução
3 Metodologia
O termo predestinação tem sido debate há média de 500 anos, mas teve seus
primeiros estudos registrados e abordados por Agostinho de Hipona nascido no ano de
353 d,C faleceu em 430 d.C Agostinho tinha o entendimento de que Deus é o bem
absoluto e isso era o que dava subsídio para suas ações e seus pensamentos. Para ele,
Deus não pode ser entendido pela razão somente. Essa ideia começou a fazer parte da
vida de Agostinho após o momento de sua conversão. Depois disso, ele começou a
criticar o neoplatonismo, uma tentativa de produzir uma síntese abrangente de filosofia e
dos ideias religiosos – nela, o espírito é bom e a carne é má, é um cristianismo sem Cristo.
(Osborne, 1998).
Agostinho vê que a livre escolha somente pode ser restaurada com a operação da
graça divina. Para exemplificar esse conceito ele compara a nossa vida com uma balança
com dois pratos: o bem e o mal. Inicialmente os pratos estavam equilibrados e podíamos
escolher entre o certo e o errado. Mas quando houve a queda, alguns pesos grandes
foram colocados sobre o prato mal, assim a balança ainda funciona, mas está bastante
tendenciosa ao mal. Logo nosso julgamento hoje é seriamente afetado pelo pecado;
ainda temos livre escolha, mas ela está comprometida (McGrath,1998). Em resumo
agostinho acreditava que o homem era completamente tendencioso ao mal e que Deus é
absolutamente soberano diante da criação.
Analisando esses cinco pontos podemos perceber que o ato de eleição, expiação
e salvação é do início ao fim orquestrada por Deus, o homem entra somente com o
pecado Deus faz todo o resto. Porém isso implica diversos questionamentos em relação
ao nosso poder de escolha, pois se Deus orquestrou tudo, como o homem pode ser capaz
de tomar decisões por conta própria e de que forma isso afeta seu livre arbítrio se é que
ele existe. Para entendermos melhor qual visão teológica possuí mais peso diante das
escrituras também se faz necessário saber os cinco pontos do arminianismo, que é a visão
oposta das doutrinas da graça cinco pontos elaborados e apresentados pelos seguidores
de Jacob Arminius, onde questionaram as doutrinas calvinistas que estavam sendo
ensinadas nas igrejas reformadas.
Graça resistível; Deus quer que o homem seja salvo, por isso envia seu Espirito
para convence-lo, porem os planos de salvação de Deus podem ser frustrados pela
vontade do home caso ele exerça a livre vontade e escolha e não aceitar Jesus como
Senhor e salvador (Is 65,2-3 / Jr 7,23-24 / Mt 23,37 / Lc 7,29-30 / At 7,51 e 13,45 / 2Tm 3,8)
9 A predestinação é bíblica
Pode-se afirmar que é de difícil compreensão porém é inegável sua existência nas
escrituras. Por vezes ela se refere a acontecimentos da história (At,28; 1Co 2.7). Em outras
situações revela as decisões de Deus tomadas antes da fundação do mundo, como o
destino dos que seriam salvos (Rm8.29-30; Ef 1.5,11) ou condenados (Rm 9.6-29; 1Pe 2.8;
Jd 4) Quando Deus destinou os eleitos a salvação, em contra partida os não eleitos já
estão condenados pelo mesmo decreto, isso torna Deus um Deus mal? De forma alguma,
Ele é soberano diante da criação. (Rm 9,20-24 Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus
replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para
honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a
conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a
perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de
misericórdia, que para glória já dantes preparou. Os quais somos nós, a quem também
chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?)
Diante dessas verdades bíblicas as tradições das igrejas diferem em aceitar ou
não essas afirmativas dependendo da linha teológica que se segue, alguns preferem
crer na eleição pela presciência onde Deus de antemão viu quem se arrependeria e
então o elegeu, de modo que Deus predestina em resposta a decisão do homem que ele
sabe que ocorrerá. Entre tanto os teólogos reformados afirmam que o termo
“proginosko” que significa presciência usado em (Rm 8.29) significa “de antemão
amou” ou “de antemão reconheceu” pois em (1Pe 1.20) esse mesmo termo foi
traduzido como ‘’ conhecido’’, de modo que a teologia reformada conclui que Deus
elegeu porque antes amou aqueles a quem predestinou. (1 Pe 4:19 amamos porque Ele
nos amou primeiro.) Entende-se que uma vez que o homem já está condenado desde o
Éden, sua natureza é caminhar para a destruição por conta própria, sendo assim incapaz
de se arrepender e crer no evangelho sem o despertar interior vindo do Espirito Santo,
despertar que ocorre somente se Deus o quiser (Ef 2.4-10). Jesus afirma “ninguém pode
vir a mim se o pai que está nos céus não o atrair”.(Jo 6.65, Jo 6.44;10.25-30). Se Deus
dependesse de olhar para o futuro para então predestinar a humanidade, todos
estariam condenados, devido ao fato que pela natureza pecaminosa ninguém busca a
Deus. Porem as escrituras mostram que as escolhas do homem são importantes pois
são preordenadas usadas para que Deus alcance seus propósitos. (Atos 4;27-28 De fato,
Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com as nações pagãs e os povos de Israel nesta
cidade, para conspirar contra o seu Santo Servo Jesus, a quem ungiste. Realizaram tudo o
que, em teu poder e sabedoria, já havia predeterminado que aconteceria.) A
predestinação bíblica não é para incentivar as pessoas a erroneamente fazer o que é mau
utilizando o fatalismo como justificativa dos seus erros, mas sim para dar a certeza da
salvação em Cristo o qual não perderá nenhuma alma que lhe foi dada. (Jo 10:28).
10 Liberdade Cristã
12 A dupla predestinação
Ao longo dos séculos, esta ideia vai ser desenvolvida. Encontramos em Agostinho
(séc. IV), na Idade Média, em M. Lutero, entre muitos outros. Em alguns deles com maior
ênfase, com maior insistência, outros deram menos atenção. Ao longo do caminho, surge
a questão: se há homens e mulheres predestinados para a salvação, eleitos desde os
tempos primordiais, há de haver outros predestinados para a perdição. De certa maneira,
é uma questão de raciocínio lógico… E eis que alguns teólogos encontram, para resolver
este “dilema” (que nem todos consideram um dilema), a ideia da “dupla predestinação”.
Nas palavras de Calvino, o assunto lê-se assim: “Chamamos predestinação ao eterno
decreto de Deus pelo qual determinou o que quer fazer de cada um. Pois Ele não nos cria
todos com a mesma condição, mas ordenou uns para a vida eterna e outros para a
condenação perpétua. Por isso, de acordo com o fim para que um homem é criado,
dizemos que é predestinado para a vida ou para a morte.” (Institutas III, 21.5) Por outras
palavras: Deus destina alguns, sem motivo evidente, à salvação e outros à perdição. O
que constitui uma afronta para o nosso sentido (moderno) de justiça. Para não falar do
fato de que esta conclusão parece contradizer, diretamente, a pregação e a vida de Jesus
que, de acordo com os evangelhos do Novo Testamento, nunca limitou o seu convite a
apenas alguns. Não admira, pois, a pouca popularidade desta doutrina nos nossos dias,
entre os cristãos em geral e mesmo entre os cristãos da tradição reformada/calvinista.
Para mais que ela não parece ajudar a resolver as grandes questões dos homens e das
mulheres de hoje: como encontrar uma vida que faz sentido? Como encontrar força, face
às grandes crises pessoais ou mundiais (crise ecológica, económica, fome, etc.)? Um
assunto complexo! O próprio Calvino admite tratar-se de “um labirinto difícil em que é
fácil perder-se”. Para não nos perdermos num labirinto sem saída, julgo essencial ter em
conta três considerações:
a) A doutrina da predestinação destina-se aos cristãos, ou seja, aos “eleitos” – não
se trata de uma teoria abstrata, objetiva, fria, destinada a debates filosóficos, numa
perspectiva de meros espectadores.
b) Não pretende assustar, mas sim, consolar. Consolar e encorajar aqueles que já
não têm palavras para orar. Consolar e encorajar os que sofrem. Calvino elabora a sua
reflexão teológica, em primeiro lugar, para cristãos perseguidos, presos, torturados e
mortos pela sua fé protestante, para refugiados, seja na cidade de Genebra, seja (através
de incontáveis cartas) pela Europa fora. Cristãos que sofriam e que se interrogavam: se,
na tortura, denunciar o meu irmão, se, no meio da dor, trair Cristo, será que perco a
salvação? E, também: onde está Deus se nós, que nele confiamos, sofremos tanto? São
estes cristãos que Calvino encoraja: desde os tempos primordiais, Deus decidiu: tu és
escolhido. A tua salvação, portanto, não se pode perder. Pois não depende, de modo
algum, daquilo que consigas fazer, da tua ação, do teu testemunho, da tua fé, mas apenas
de Deus. E Deus não te abandona, nem nunca te abandonará – ele escolheu-te e ele é-te
fiel. Por outras palavras: a soberania e a graça de Deus são infinitamente mais fortes do
que a tua capacidade de resistir (ou a falta dela), mais forte também do que o poder de
qualquer perseguidor.
É esta a mensagem que o pastor e teólogo Calvino quer transmitir aos seus
irmãos na fé – não uma especulação teórica e abstrata sobre quem, no dia do julgamento,
ficará “dentro” ou “fora”. Se Deus é por nós – quem nos poderá abalar? Esta convicção
constitui o núcleo da doutrina da predestinação, tudo gira em volta dela. c) O grande
objetivo desta doutrina, segundo Calvino, não é, portanto, percebermos melhor a
sabedoria de Deus, mas sim, que o adoremos, pois só e exclusivamente a Ele se deve toda
a honra e glória.
13 Considerações finais
Conclui-se que a teologia é um campo limitado, uma vez que busca explicar o
inexplicável, colocar parâmetros em termos infinitos para assim haver entendimento
mesmo que superficial sobre Deus e seu agir. O campo da soteriologia é complexo e
levanta diversos questionamentos e formas de interpretações acerca da salvação, a visão
arminiana em suma é humanista, busca defender que o homem é capaz de fazer escolhas
próprias em relação a sua vida e sua salvação, podendo desfazer os planos de Deus caso
deseje. A visão calvinista predominante somente nas igrejas reformadas, defende que
Deus é soberano sobre toda a criação e que ela se dobra ao seu querer, não de forma
forçada e desagradável, mas de forma voluntaria por atender a vontade do Criador que é
boa perfeita e agradável.
As ações e escolhas humanas são condicionadas e usadas por Deus para o
cumprimento de seus desígnios, nada foge de seu controle, o homem é livre para fazer o
que ele quiser, desde que esses planos sejam os planos de Deus, caso contrário seus
resultados serão frustrados, deve-se também ressaltar que o conhecimento das doutrinas
da graça ou a concordância delas não são fatores primários nas escrituras, como se
somente quem crê nelas será salvo, mas pelo contrário, a intenção real da doutrina é nos
dar a segurança da eficácia do sacrifício de Jesus Cristo que é autor e consumador da ação
miraculosa da salvação.
Referências
AGOSTINHO, Santo. A predestinação dos santos. Clube de Autores, 2018.
Bíblia de Estudo de Genebra 2 edição, SP: Sociedade Bíblica do Brasil: São Paulo: Cultura
Cristã, 2009, comentário: A perseverança e a preservação dos Santos p.1582,1583
Bíblia de Estudo de Genebra 2 edição, SP: Sociedade Bíblica do Brasil: São Paulo: Cultura
Cristã, 2009, comentário: Livre arbítrio: Tenho liberdade para crer? P.306
Bíblia de Estudo de Genebra 2 edição, SP: Sociedade Bíblica do Brasil: São Paulo: Cultura
Cristã, 2009, comentário: Predestinação e presciência: As pessoas são predestinadas ao
céu ou inferno? P.1488
DIXHOORN, Chad Van. Guia de Estudos da Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Cultura
Cristã, 2017.
GONÇALVES, Alonso. Predestinação como parte da história da salvação. Revista de Teologia &
Cultura, ano III, n. 22, p. 1-11, 2009.
PIPER, John. Cinco Pontos: em direção a uma experiência mais profunda da graça de Deus.
Editora Fiel, 2014.