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Portugal tem uma longa tradição da pesca, o que se deve, entre outros fatores, à sua posição
geográfica e à sua extensa linha de costa.
A pesca e respetiva frota pesqueira podem subdividisse em duas categorias, de acordo com a
área onde operam e de acordo com a tecnologia utilizada.
Pesca local
Caracteriza-se, no geral:
• por ser praticada em águas interiores (rios, estuários dos rios e lagunas) ou perto da
costa (praias e orlas marítimas junto à terra):
• pelo pouco tempo de permanência das embarcações no mar, devido à sua pouca
autonomia, dado que não possuem meios de transformação e conservação do pescado;
• por capturar pescado fresco de maior valor comercial, como a pescada, o robalo, o
pargo, a xaputa e a lampreia.
Pesca costeira
Caracteriza-se, no geral:
• por ser praticada em áreas mais afastadas da costa, podendo as embarcações operar
para além da ZEE nacional;
Caracteriza-se, no geral:
• por ser praticada para lá das 12 milhas da linha de costa, em águas internacionais ou
nas ZEE estrangeiras;
• com grande autonomia, de 15 dias, o que lhes permite uma permanência no mar de
semanas ou meses.
Pesca artesanal
Caracteriza-se, no geral:
• por utilizar meios e técnicas tradicionais e pouco evoluídas, como a linha ou os anzóis;
• pela tripulação e capturas por embarcação serem reduzidas, apesar de o pescado ter,
muitas vezes, um elevado valor unitário;
Caracteriza-se, no geral:
• por utilizar técnicas avançadas e eficazes na captura dos cardumes, como o cerco, o
arrasto e a aspiração, que permitem a captura de elevadas quantidades de pescado;
• pela captura dos cardumes ser facilitada pelo apoio de meios tecnologicamente
avançados como as sondas, os meios aéreos e o GPS;
Nos últimos anos, assistiu-se a um aumento das capturas de pescado por parte da frota de
pesca nacional.
Este acréscimo resultou, quer da maior quantidade de pescado disponível, quer do aumento
da procura, onde se destaca o aumento da venda a compradores estrangeiros nas lotas .
Em 2019, as espécies com maior peso no total de capturas nacionais foram (fig. 16):
• entre Portugal e Espanha para o exercício da frota de pesca artesanal nas Canárias e
na Madeira.
• de parcerias de pesca celebrados entre a União Europeia e países terceiros, dos quais
se destacam os referentes às capturas nas principais zonas de pesca procuradas pelas frotas de
largo nacionais (como os acordos com Marrocos, Mauritânia e Guiné-Bissau).
Os pescadores nacionais são cada vez menos e estão cada vez mais envelhecidos.
O atraso de Portugal relativamente aos países comunitários pode ser atenuado com o
investimento na instrução e qualificação da população que se dedica a esta atividade, pois
permite
• o aumento da produtividade.
Assim, no âmbito da Política Comum das Pescas, nos finais dos anos 80 e início dos anos 90 do
século XX, assistiu-se ao investimento na formação de pescadores, independentemente da
idade ou anos de experiência. Contudo, apesar do aumento da procura por oferta formativa
em 2019, os resultados do investimento na formação profissional dos pescadores não têm sido
muito animadores, dado:
• o fraco interesse pela pesca por parte da população ativa mais jovem;
Aquicultura
O que é a aquicultura?
A aquicultura é uma das soluções para o repovoamento dos mares e para o setor das pescas,
sobretudo numa altura em que cresce a consciência de uma exploração sustentável dos
recursos, dado que estes não são inesgotáveis e que a sobre-exploração dos stocks pode pôr
em causa a manutenção e reprodução das espécies e a viabilidade económica das pescas.
Nas águas interiores, a totalidade da produção ocorreu no regime intensivo, enquanto nas
águas de transição e marinhas a maior parte da produção ocorreu em regime extensivo.
Quais as espécies produzidas?
As áreas costeiras e marítimas têm sofrido uma crescente procura por parte da população e
das atividades económicas, com destaque, mais re-centemente, para as atividades ligadas ao
turismo e ao lazer.
Como consequência, estas áreas sofrem pressões crescentes a nível ambiental, destacando-
se:
Neste contexto, emerge a necessidade crescente de ordenamento das áreas costeiras, para
que se consiga, de forma integrada, não só combater os condicionalismos que têm surgido,
como valorizar as suas potencialidades e potenciar a sua utilização sustentável.
A atividade piscatória tem-se revelado, como referido anteriormente, uma ameaça para as
espécies piscícolas. Muitas espécies têm sofrido uma diminuição das suas populações,
atingindo já o limiar de extinção, devido a capturas acidentais e à prática de uma pesca
descontrolada, sobretudo quando a atividade piscatória incide sobre pesqueiros próximos da
costa, num número reduzido de espécies e na captura ilegal de juvenis.
Portugal, no âmbito da Política Comum das Pescas, está sujeito a medidas de controlo e
redução da pesca, através de licenças de pesca, quotas e de medidas técnicas, como os
tamanhos mínimos de desembarque, as malhagens mínimas de rede e as medidas para
prevenir os danos para o ambiente marinho, de forma a que haja uma gestão dos stocks e o
desenvolvimento de uma atividade sustentável do ponto de vista ambiental, económico e
social.
Apesar das medidas de controlo dos stocks piscícolas impostas pela PCP, Portugal tem
beneficiado, no âmbito desta política, de um conjunto de medidas que visam o crescimento e
desenvolvimento da atividade piscatória, o que tem permitido atenuar o desajustamento da
frota portuguesa em comparação com a maioria das frotas comunitárias. De entre essas
medidas, destacam-se:
• da pesca e da aquicultura, uma vez que tem contribuído para a redução dos stocks
piscícolas;
• do turismo e dos desportos náuticos, pois contribui para destruição das áreas costeiras
enquanto áreas de lazer.
• às descargas, efetuadas pelas indústrias, nos rios, que acabam por desaguar nas áreas
costeiras. Assim, quer essas áreas, quer as margens dos rios, encontram-se muito poluídas, o
que se reflete na mortalidade das espécies piscícolas;
• à contaminação das águas fluviais e, consequentemente, das marítimas, devido ao
lançamento das águas provenientes da atividade agrícola, que têm na sua constituição
pesticidas e fertilizantes;
Em 1997, Portugal ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM)
de 1982, o que lhe permitiu ter:
• o direito soberano para a prospeção e exploração económica dos recursos naturais da sua
plataforma continental
De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, e ainda de acordo
com as Diretivas Comunitárias, Portugal tem a responsabilidade de:
• vigiar e controlar as atividades da frota nacional e da frota estrangeira que opera nas
águas nacionais, que estão sob soberania ou jurisdição nacional, nomeadamente as águas
interiores marítimas, mar territorial, a zona contígua, a ZEE e a plataforma continental;
-a malhagem das redes, devido ao estabelecimento de malhas mínimas das redes, com o
objetivo de proteger os peixes jovens;
-as quotas de pesca e TAC, devido à fixação anual das quantidades máximas de captura para
as espécies sobre exploradas;