Indique os efeitos que a configuração da linha de costa pode ter na atividade
piscatória em Portugal. -Na maior parte da grande extensão da costa portuguesa existem poucos recortes que sirvam de proteção face aos ventos e às correntes marítimas, pelo que as condições naturais são pouco favoráveis à instalação de portos, o que dificulta o trabalho dos pescadores, tornando-o mais perigoso. No entanto, muitos cabos talhados em áreas de costa alta proporcionam proteção natural à instalação de portos de pesca e comerciais, abrigando-os dos ventos de oeste e noroeste e das correntes marítimas superficiais de sentido norte-sul. É o caso do porto de Peniche, a sul do cabo Carvoeiro, do porto de Sesimbra, abrigado pelo cabo Espichel, e do porto de Sines, protegido pelo cabo do mesmo nome. Também em alguns acidentes do litoral assumem particular importância pelas condições privilegiadas que proporcionam no contacto entre a população e o mar, como é o caso das rias de Aveiro e de Faro e dos estuários do Tejo e da Sado, que proporcionam condições muito favoráveis não só à instalação de portos de pesca, mas também à atividade piscatória e à aquicultura. 4.2. Explique o significado de upwelling e relacione-o com a abundância de pescado nas águas portuguesas.-Upwelling refere-se a um fenómeno que permite a ascensão de águas profundas à superfície oceânica devido ao afastamento das águas superficiais, por efeito do vento. Quando tal acontece, a temperatura à superfície marítima diminui e há uma maior agitação das águas, o que favorece a oxigenação, criando-se melhores condições para a formação de fitoplâncton. Além disso, ascendem à superfície grandes quantidades de nutrientes acumulados no fundo aquático. Assim, nas áreas de ocorrência de upwelling, há uma maior abundância de pescado. Em Portugal, no verão, ventos fortes de norte atingem a costa, afastando para o largo as águas superficiais, desencadeando o fenómeno de upwelling. Por isso, no verão, há maior quantidade e qualidade de pescado, como por exemplo a sardinha, que é maior e mais gostosa nessa época. 6. Refira três condições essenciais da plataforma continental para a elevada riqueza biológica dessas águas. -Deve referir três das seguintes condições: grande agitação das águas, que se traduz numa maior oxigenação das mesmas; maior penetração da luz solar, favorável à realização da fotossíntese e, portanto, ao desenvolvimento do fitoplâncton; menor salinidade das águas devido à afluência de cursos de água doce; maior riqueza das águas em nutrientes, devido à maior formação de plâncton e aos resíduos transportados pelos rios que aí desaguam. 7. Descreva a importância de que se reveste o controlo da ZEE portuguesa. -O controlo da ZEE é fundamental para evitar a pesca ilegal e a destruição de stocks piscícolas (principalmente de espécies em vias de extinção, que interessa proteger); para vigiar atividades ligadas à ocorrência de acidentes ambientais (deslocação de petroleiros); combater o tráfico de produtos proibidos. 8. Explique os problemas que existem no controlo da ZEE nacional. -Os principais problemas que se referem ao controlo da ZEE nacional prendem-se, fundamentalmente, com a sua dimensão, que exige meios humanos e técnicos em quantidade e qualidade, que não possuímos. 9. Explique a redução da produção pesqueira em águas da ZEE nacional, que se vem registando nos últimos anos. -A redução da produção pesqueira na ZEE nacional explica-se não só pela diminuição dos stocks de muitas espécies, na sequência da crescente poluição das águas e da sobre-exploração pesqueira, mas também pela imposição de medidas por parte da UE. As referidas medidas visam proteger as populações piscícolas, impondo, por exemplo, períodos de defeso de pesca em algumas épocas do ano, para algumas espécies, restrições ao nível de áreas e de técnicas de pesca, imposição de tamanhos e pesos mínimos para o peixe capturado, imposição de determinadas malhagens das redes, em função da espécie capturada, etc 4.3. Indique o tipo de embarcações que constituem a frota portuguesa, tendo em conta o tempo de permanência no mar e as áreas em que operam. -As embarcações de pesca podem ser agrupadas segundo o tempo de permanência no mar e as áreas em que operam. Assim temos: a frota de pesca local, que atua em águas interiores (rios, estuários ou lagunas) ou perto da costa (praias e orlas marinhas), utiliza diversas artes de pesca, quase sempre ainda artesanais, sai por curtos períodos de tempo e, por vezes, operam apenas sazonalmente, captura espécies com alto valor comercial, como robalo, linguado, polco ou choco, ocupa um grande número de pescadores, tem embarcações de pequena dimensão (inferior a 9 metros) e é, na sua maioria, constituída por embarcações de madeira; a frota de pesca costeira, que atua para lá das 6 milhas de distância da costa, a várias horas ou até dias de navegação do porto, pode operar em áreas mais afastadas, mesmo além da ZEE nacional, detém meios de deteção de cardumes e de conservação do pescado, tem maior potencia e maior autonomia de navegação que as embarcações de frota local e as embarcações de maior dimensão podem permanecer no mar duas ou três semanas em pesqueiros do Atlântico Centro-Este; a frota de pesca longínqua ou de largo, que atua para lá das 12 milhas da linha de costa, nas águas internacionais ou em ZEE estrangeiras, detém condições de autonomia que permitem a permanência no mar durante longos períodos, que podem ser meses, utiliza modernas técnicas de deteção e captura de cardumes, como sondas, meios aéreos e informações via satélite, está equipada com meios de conservação de pescado, tem, geralmente, o apoio de um navio-fábrica e é constituída por embarcações de grande dimensão. 5. Descreva o processo de recuo das arribas por ação da erosão marinha, contextualizando o sinal de perigo evidenciado na imagem. -As características da linha de costa resultam, em grande medida, da ação do mar, que contribui para a sua contínua modificação através da erosão marinha – processo de desgaste pela força do movimento constante das ondas (energia cinética), que desgasta e fragmente as formações rochosas do litoral. O poder erosivo das ondas é reforçado pela areia e fragmentos arrancados à base das arribas ou lançados no mar pelos rios e transportados pelas correntes marítimas, que são projetados pelas ondas, provocando uma intensa erosão mecânica – abrasão marinha – que leva ao progressivo recuo das arribas. O recuo das arribas processa-se do seguinte modo: a abrasão marinha desgasta a base da arriba, retirando o apoio à sua parte superior, que acaba por desmoronar-se. Os fragmentos rochosos vão-se acumulando na base da arriba, formando o que se designa por plataforma de abrasão, ou seja, a faixa entre o mar e a arriba, ligeiramente inclinada para o mar que fica emersa na maré baixa, submergindo na maré alta. A continuidade deste processo faz recuar a arriba, alargando a plataforma de abrasão. No mar também se forma a plataforma de acumulação, onde, como o nome indica, se acumulam materiais do desgaste da arriba. As arribas talhadas em formações rochosas de maior dureza resistem melhor à abrasão marinha, ao contrário das arribas de rochas mais brandas, que recuam mais facilmente. 10. Mencione duas razões que explicam o facto de Portugal ser o país que, na União Europeia, apresenta a maior extensão de ZEE. -Entre as razões que explicam o facto de Portugal ser o país que, na União Europeia, apresenta maior extensão de ZEE podem-se apontar: descontinuidade territorial de Portugal; facto da distância do arquipélago da Madeira à ZEE dos países africanos mais próximos ser superior a 200 milhas; afastamento entre si de muitas das noves ilhas que constituem o arquipélago dos Açores; facto de a afastamento entre os arquipélagos dos Açores e da Madeira ser superior a 400 milhas. 11. Apresente duas das vantagens para a União Europeia da celebração de acordos bilaterais de pesca. -Algumas das vantagens para a União Europeia da celebração de acordos bilaterais de pesca são: manutenção de postos de trabalho no setor das pescas; aumento do volume das capturas; diversificação das espécies capturadas; manutenção e/ou recuperação dos stocks de peixes, de moluscos e de crustáceos no espaço marítimo da União Europeia. 12. Justifique a importância que a ZE pode ter para a economia portuguesa, tendo em consideração: - a gestão dos recursos piscatórios; - as potencialidades do litoral. -A resposta deve apresentar os seguintes aspetos justificativos da importância da ZEE para a economia portuguesa, tendo em consideração: - a gestão de recursos piscatórios, que podem ser explorados no espaço marítimo adjacente ao território nacional, até às 200 milhas náuticas. Estes recursos piscatórios são a principal fonte de sobrevivência de comunidades costeiras, cuja atividade económica depende de uma exploração adequada e sustentável dos mesmos. A gestão dos stocks (de peixes, de moluscos e de crustáceos) na ZEE portuguesa, negociada entre Portugal e a União Europeia, permite limitar a exploração destes recursos pela frota nacional e mesmo pelas frotas de outros países, não só no tempo como nas quantidades capturadas, ao definir, por exemplo, períodos de defeso, a fim de garantir a reprodução das espécies e o equilíbrio entre os diferentes níveis tróficos. A possibilidade de praticar a aquicultura, sobretudo extensiva, ajuda a satisfazer a procura interna, uma vez que Portugal tem, ao nível da União Europeia, o maior consumo de pescado per capita, e reduz a importação de pescado; - as potencialidades do oceano, como por exemplo o aproveitamento das ondas, sobretudo durante os meses de inverno, para a produção de energia, ou a exploração do fundo oceânico da nossa ZEE, não só dos que já se conhecem, mas também dos que podem a vir a ser descobertos em prospeções futuras. Os estudos de prospeção no solo e no subsolo marinhos afetos a Portugal podem ainda vir a revelar as potencialidades ao nível da exploração de energias fósseis, nomeadamente petróleo e gás natural. Pode ainda ser potenciada a exploração das algas com vista à sua utilização na alimentação, na indústria farmacêutica e na cosmética, cuja importância tem vindo a aumentar nos últimos anos. 13. Explique a importância da aquacultura.- A aquacultura constitui uma alternativa e/ou um complemento à pesca, na medida em que permite dar resposta à crescente escassez dos recursos piscícolas, abastecer regularmente o mercado, preservar os stocks piscícolas e criar emprego. 14. Explique os efeitos da Política Comum das Pescas na frota de pescas nacional.- A Política Comum das Pescas tem-se feito sentir no setor, em geral, e na frota nacional, em particular. Assim, o cumprimento das normas estabelecidas pela Política Comum das Pescas, que se traduzem na necessidade de redimensionamento da frota, tendo em vista a sua adequação, em termos de capacidade, aos recursos disponíveis (que se encontram muito desequilibrados), e na necessidade de apostar na renovação e modernização da frota, tem refletido: o decréscimo do número de embarcações licenciadas (apesar de também ser um reflexo da diminuição do número de pescadores, devido à maior parte destes terem passado à reforma ou terem abandonado a atividade por outro motivo); reconversão das embarcações através da aquisição de novas unidades, em substituição das mais envelhecidas e desajustadas (que constituem ainda a maior parte da nossa frota); a modernização de outras, que têm vindo a ser equipadas com tecnologias mais recentes de navegação, deteção e captura. 15. Os Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) têm como objetivos a... (D) classificação das praias, a regulamentação do uso balnear e a qualificação das praias por motivos ambientais e turísticos. 16.Apresente três objetivos dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC). -Os principais objetivos dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) são: ordenar os diferentes usos e atividades específicas da orla costeira; classificar as praias e regulamentar o uso balnear; valorizar e qualificar as praias consideradas estratégicas por motivos ambientais e turísticos; enquadrar o desenvolvimento das atividades específicas da orla costeira; assegurar a defesa e conservação da natureza.