Você está na página 1de 11

Pesca em Portugal

É de conhecimento geral que a pesca é uma atividade antiga e de


grande importância, quer num contexto social, quer num contexto
económico. E para a caracterizar isso mesmo irei abordar os seguintes
aspetos: os impactos que esta tem na economia, a população de
pescadores matriculados, os diferentes tipos e técnicas de pesca e
caracterizar as embarcações e as espécies. Para além destes tópicos ainda
vou incluir alguns detalhes sobre a aquicultura e abordar um projeto (PCP)
que implementa medidas para o setor da pesca na União Europeia.
A pesca é muito detalhada e, por isso, para a descrever precisamos do
apoio de alguns recursos: do documentário “Regresso ao mar” – Ep. 2, do
site “Estatísticas da pesca” e de dois manuais escolares. Todos estão
repletos de informação que nos ajudaram a desenvolver este texto.

 Economia (importações, exportações, empresas…)


Sabemos que a pesca em Portugal, começou por ser uma atividade que
se baseava apenas na subsistência do ser humano. Logo, para consumo
próprio. Mas, com o passar do tempo a pesca começou a entrar para a
economia e atualmente podemos dizer que é um dos setores que mais
agrega à mesma, pois dinamiza outras atividades como a restauração e o
turismo (por exemplo). Entrando neste tópico é de ressaltar que através
da informação fornecida podemos retirar que tem existindo um aumento
de preços na maioria do pescado, com destaque a peixes marinhos e a
moluscos. Sendo que Portugal é o país da UE que consume mais pescado
(57 kg por ano) e que grande parte dos produtos consumidos são
importados (maiores fornecedores – Espanha e Suécia), podemos afirmar
que Portugal acaba por ter uma grande despesa causada por esta
situação, chegando a 2 070 milhões de euros, mas em contrapartida
Portugal tem evoluído bastante na exportação de espécies conseguindo
totalizar um ganho de 1 121 milhões de euros, o que por enquanto não
compensa a despesa que tem com as importações, mas estima-se que é
possível que tal vá acontecer. A grande maioria dos produtos marinhos
que são importados e exportados são produtos congelados, mas
principalmente conservados (a produção de conservas tem vindo a
aumentar, chegando a atingir 239 mil toneladas).
Como podemos conferir nos gráficos a seguir:

1
Ai
n da
no

tema da economia, existe um programa operacional o PO Mar2020 que


aprovou 6 381 projetos relativos à pesca. O problema é em relação aos
custos que estes projetos têm pois são muito elevados, ao todo estes
teriam um investimento de 732 milhões de euros dos quais 651 milhões
são de despesa elegível. Um dos problemas na evolução da pesca é esse
mesmo, os projetos têm um custo muito elevado graças às despesas que
são impostas seja na assistência técnica, médica, empregados, execução...

 Pescadores matriculados (evolução, faixa etária, formação…)


Para além da pesca dinamizar a economia com as suas importações e
exportações também o consegue fazer através da empregabilidade.
Atualmente podemos inferir que a pesca não é dos setores com mais
trabalhadores, como antigamente, pois tem havido uma diminuição
significativa dos mesmos nas últimas décadas. No ano 2001 havia 23 580
pescadores matriculados e em 2021 apenas estão 14 917. Podemos ainda
acrescentar que os pescadores que estão matriculados, em 2021, na sua
maioria são do sexo masculino e que pelo menos 55,9% estão numa classe
etária entre 35 e 54 anos.

2
Como visto, a população empregada no setor da pesca, apresenta uma
estrutura etária envelhecida, o que explica o declínio dos pescadores
matriculados e o baixo nível de instrução. O que não significa que não
exista formação especial nesta área, inclusive a UE presta apoio à criação
destes centros de formação em Portugal. Um exemplo é a empresa FOR-
MAR. No ano passado em 2021, essa mesma empresa criou 537 ações de
formações que envolveram um total de 7 249 inscritos. O que mostra que
houve mais 120 ações de formação e mais 38,6% inscritos relativamente a
2020. O que pode significar que daqui em diante possamos assistir a um
novo aumento de empregados neste setor. É importante ressaltar que
estes tipos de formações são importantes para que os pescadores tenham
uma preparação especializada em diversos aspetos: navegação,
preservação dos recursos, gestão económica…

Para além desta empresa de formação, ainda existem outras que


apoiam este setor em diferentes campos, como o IPMA que apoia com
recursos e equipamentos que remetem sobretudo à segurança e como a
Sopro Mar e a Nautiber que são empresas especializadas na construção,
manutenção e arranjo de embarcações.

 Tipos de pesca (artes, técnicas, evolução…)


Em Portugal podemos conferir que existem vários tipos de pesca. Como
dito no começo do texto, a pesca era apenas para uma questão de
subsistência, logo voltando atrás na história da pesca podemos dizer que

3
esta apenas era local, num entanto foi evoluindo e tornou se numa pesca
costeira. A partir do séc. XIX este tipo de pesca ainda evoluiu mais em
artes e embarcações. Relativamente à área onde é praticada, a pesca pode
se classificar em três setores: a pesca local – pratica se maioritariamente
nos rios, mas também pode ser praticada nos estuários e lagunas, neste
tipo de pesca só se pode ir até 6 ou 10 milhas da costa consoante a
embarcação que estiver a ser utilizada, que por norma é sempre pequena
(até 9 metros de comprimento); a pesca costeira – é feita com
embarcações que têm a capacidade de aguentar duas ou três semanas em
alto mar, é praticada para lá das 6 milhas da costa e pode ser exercida em
águas de ZEE internacionais; a pesca de largo – também é conhecida como
pesca longínqua, é realizada para lá das 12 milhas da costa e tal como a
pesca costeira também pode ser exercida em águas de ZEE internacionais,
neste tipo de pesca as embarcações têm condições para a tripulação
poder trabalhar durante vários meses, estas também incluem
equipamentos para armazenar e conservar o pescado. E relativamente às
técnicas utilizadas a pesca pode classificar-se ainda de outra maneira. As
técnicas mais conhecidas são: a pesca artesanal que é a mais utilizada em
Portugal e é feita na maioria das vezes de uma maneira manual utilizando
meios tradicionais como as linhas, redes e embarcações de pequeno
porte, que por norma não estão equipadas com meios de conservação do
pescado e a pesca industrial que é uma das mais utilizadas no mundo, as
técnicas que são usadas são mais avançadas, modernas e sofisticadas tal
como as embarcações utilizadas. Para além destas duas ainda existem
outras técnicas: como a pesca por arrasto onde é utilizada uma estrutura
rebocada que termina com um saco onde as espécies ficam capturas; a
pesca polivalente é o nome que se dá à pesca que exerce várias artes
(aparelhos de anzol, armadilhas, alcatruzes, ganchorra, redes camaroeiras
e do pilado, xávegas e sacadas-toneiras); na pesca por cerco é utilizada
uma rede de grandes dimensões que é lançada ao mar para envolver um
cardume com o objetivo deste ser capturado. O
gráfico seguinte mostra as técnicas mais utilizadas pelos pescadores
matriculados portugueses, em 2021:

 Embarcações (tecnologias, evolução, capacidades, frota, portos…)


A partir do séc. XIX, quando a pesca em Portugal evoluiu e deixou de ser
local para ser costeira, as embarcações e as técnicas também evoluíram.
Estas começaram a ter mais capacidade produtiva e tecnológica,
4
tornando-se assim mais eficiente. Atualmente, a frota pesqueira nacional
conta com vários tipos de embarcações, a embarcação da primeira
imagem é utilizada para pesca local, a da segunda imagem para pesca
costeira e a terceira para pesca longínqua:

N
o s

últimos anos, tem se assistido a uma diminuição significativa de


embarcações da frota portuguesa, o que traduz também uma diminuição
na captura de pescado. No gráfico a seguir mostra como está a frota do
nosso país em 2021, com uma breve comparação a 2020:

Como podemos ver existe uma diminuição de embarcações de 2020 para


2021 que não é muito significativa (0.8%), porém temos uma diminuição
quase três mil embarcações entre os anos 2001 a 2021 (2001 – 10532 /
2021 - 7655). Esta diminuição de embarcações, deve-se a muitos fatores,
como por exemplo: a criação das ZEE (o que fez a pesca ser mais limitada),
os condicionalismos que tanto a Política Comum das Pescas como a UE
impõem (que faz com que a pesca não seja exercida onde costumava ser),
por gestão dos recursos da frota que se têm de adequar às pescas atuais,
5
entre outros, e por isso a nossa frota é constituída com embarcações
pequenas, com falta de equipamentos e antigas o que traduz numa falta
de resposta às necessidades do mercado.
Contudo, nos últimos anos, tem se feito um esforço para a
reestruturação da frota portuguesa, através da construção de
embarcações mais modernas, com mais equipamentos tecnológicos
(rádios, localizadores, GPS), com mais segurança e mais adequadas ao
mercado nacional. Para além da construção de embarcações também se
tem evoluído muito em ralação aos portos de mar espalhados pela nossa
costa, a maioria deles são pequenos e mal equipados, mas ao longo do
tempo com os apoios da UE têm se tornado mais modernos e com
equipamentos que dão apoio aos pescadores, como instalações de frio,
sistemas informáticos, equipamentos de descarga…

 Espécies (evolução, quotas, áreas de pesca…)


Relativamente às espécies, podemos depreender que metade delas se
encontram ameaçadas e em risco de extinção pela junção da pesca
excessiva com as alterações climáticas. No documentário assistido
(Regresso ao mar – Ep 2) foi afirmado que, segundo um estudo, o Séc. XXI
é o último século que os seres humanos poderão comer alimentos
selvagens de origem animal, para garantir que isto não aconteça é preciso
que exista um equilíbrio nos ecossistemas marinhos e que haja um oceano
sustentável e para isso é preciso limitar o consumo de certas espécies.
Para isso acontecer criou-se uma medida a TAC, que faz a gestão das
capturas e o consequente limite das mesmas, este limite de captura
chama-se quota e depende da espécie em causa, da região, da
embarcação utilizada… O trabalho dos pescadores acaba
por ser limitado pelas quotas definidas que são normalmente negociadas
em Bruxelas. No ano 2015 a UE com o acordo de ministros disponibilizou a
Portugal 17 mil toneladas extra de quota juntamente às quotas de ordem
que Portugal tem que são 600 mil toneladas de pescado (peixes, bivalves e
moluscos). No ano 2021 as quotas portuguesas totalizaram cerca de 164
mil toneladas. Na imagem a baixo podemos conferir quais é que foram as
estruturas quotas das espécies, na pesca em Portugal, em 2021:

6
Para obedecer às Políticas Comuns da Pesca, à TAC e às quotas definidas e
ao mesmo tempo conseguir dar resposta ao consumo de pescado
português, é preciso que a frota portuguesa tenha de atuar nas ZEE’s de
outros países, os chamados pesqueiros externos. Para que isto aconteça é
necessário que Portugal faça acordos de pesca com outros países onde
definem licenças e quotas, porém a adesão de Portugal na UE impôs
certas regras acerca desses acordos de pesca, que são por vezes,
desvantajosos para o nosso país. As principais áreas internacionais de
pesca portuguesa são: o Atlântico Noroeste (NAFO) - esta é das áreas mais
frequentada pela frota portuguesa e é onde maioritariamente se pesca o
bacalhau, a sarda, a cavala e o peixe- vermelho, recentemente por
consequência da sobre-exploração foram impostas restrições às capturas;
o Atlântico Nordeste - tem águas muito ricas e intensas o que justifica a
captura de espécies com destaque ao bacalhau; o Atlântico centro-leste –
é o local que tem tido mais capturas, pois as suas quotas não estão a ser
limitadas, as águas são muito ricas na diversidade do pescado, mas entre
todas as espécies as mais valorizadas por Portugal são a tintureira e o
espadarte; por último o Atlântico sul – engloba as águas do Atlântico sul-
ocidental e sul-oriental e as espécies que se destacam mais são a
tintureira e a pescada.

As
espécies de
7
peixe em Portugal mais consumidas são: sardinha, carapau, polvo,
pescada e peixe-espada, porém o peixe tradicional português é o bacalhau
que é considerado prato nacional. Ao
todo existem 150 peixes ósseos em Portugal, mas as espécies mais
pescadas no território português são a sardinha e a cavala.

 Aquicultura (o que é, o que influencia a pesa…)


A aquicultura, é o nome que se dá à ciência que se dedica as técnicas de
cultivo de qualquer tipo de organismo aquático, esta consiste na criação
do pescado em cativeiro seja em água doce ou salgada. É uma alternativa
muito importante às formas tradicionais de obter pescado e já é praticada
há muito tempo e atualmente é responsável por pelo menos 50% dos
produtos de morte consumidos. Existem três tipos de regime na prática da
aquicultura: o regime de produção extensivo, o regime de produção
intenso e o regime de produção semi-intenso, as suas diferenças de
tratamento são a base para as suas classificações. Consta-se que em
Portugal, nas águas doces é mais utilizado o regime intensivo e nas águas
salgadas o regime extensivo. A aquicultura é importante para o nosso país,
pois consegue salvar espécies com ameaça de extinção e diminui a
pressão sobre as espécies sobre-exploradas, abastece regularmente o
mercado para a população conseguir consumir pescado com mais
regularidade e gera postos de trabalho o que favorece o contexto
económico e social.
O gráfico abaixo representa as espécies com maior desenvoltura na
aquicultura portuguesa:

8
 Limites da pesca (Política Comum de Pescas)
A PCP (Política Comum de Pescas), foi criada em 1983 e Portugal está
integrado neste projeto desde que entrou para a União Europeia. A PCP
tem o objetivo de assegurar os stocks de algumas espécies que se
encontram sobre-exploradas e consequentemente em ameaça de
extinção, impondo medidas para uma exploração ecológica e sustentável
dos recursos aquáticos.
O novo regulamento imposto em janeiro de 2013, passou a
implementar medidas, como:
- Limitar a capacidade de pesca, respeitando os totais autorizados de
capturas (TAC) e as quotas que são implementadas pelos estados-
membros. Para além disso promovem a adesão de uma pesca mais
sustentável usando técnicas e artes mais seletivas;
- Incentivar a renovação e modernização da frota, viabilizando custos
mais reduzidos, para que haja uma melhoria de condições no setor
piscícola, seja nas embarcações ou nos portos;
- Apoiar o setor da aquicultura, como dito anteriormente a aquicultura
garante quantidade e diversidade de espécies e por essa razão é uma
atividade que sustentável na exploração de recursos aquáticos;
- Implementar normas no que respeita à indústria e aos mercados,
aplicando medidas de higiene nos estabelecimentos de descargas de
produtos e na conservação e comercialização do pescado;
- Negociar acordos de pesca em pesqueiros externos, organizando
práticas de pesca equilibradas e sustentáveis;
- Promover a fiscalização, criando medidas que permitam as autoridades
de punir certos infratores;
- Financiar a investigação científica, apoiando assim uma pesca menos
agressiva com a recolha de dados científicos.

Conclusão

9
Neste trabalho o assunto abordado foi referente à pesca em Portugal.
Concluímos que a pesca é importante porque impulsiona a economia
dinamizando outras atividades e gerando empregabilidade. Contudo, a
mão de obra empregue neste setor tem vindo a diminuir
significativamente e a população de pescadores matriculados encontra-se
numa faixa etária envelhecida. Uma das características da população do
setor de pesca é a baixa instrução, porém com o apoio da UE tem havido
um aumento de formações especializadas na qualificação profissional
destes trabalhadores. Aprendemos também que a pesca é classificada de
diferentes maneiras tendo em conta, onde é praticada e que técnicas são
usadas. E que a frota portuguesa tem sofrido um declínio de embarcações,
porém tanto estas como os portos de mar têm sido modernizados para
que sejam mais eficientes e consigam dar apoio aos pescadores.
Relativamente às espécies conseguimos retirar que mais de metade se
encontram em risco de extinção e por isso mesmo tem existido limites
mais severos o que condiciona o trabalho dos pescadores. A frota
portuguesa captura a maior parte do pescado em águas nacionais, mas
também atua em pesqueiros externos, pois permite a captura de espécies
muito consumidas no nosso país, mas que não existem nas águas
nacionais, como o bacalhau. Percebemos, também, que a aquicultura é
uma alternativa muito viável à pesca e que constitui vantagens que
impulsionam o contexto social e económico. Para terminar, abordámos o
projeto PCP que tem vindo a implementar medidas ecológicas e
sustentáveis na exploração dos recursos aquáticos.
Para concluir, queremos acrescentar que este trabalho foi importante
para nós, pois enriqueceu o nosso conhecimento à cerca deste tema e
conseguimos aperfeiçoar a nossa capacidade de pesquisa e
desenvolvimento de texto.

Webgrafia e Bibliografia

10
QUEIRÓS, Adelaide, Preparação para o Exame Final Nacional – Geografia
A 11º ano, Porto Editora, 2021
(a imagem da página 8 foi retirada deste manual)

LOBATO / PINHO / OLIVEIRA, Cláudia / Ricardo / Simone, Geo.pt 10º ano,


Areal Editores, 1º edição, 2021

Estatísticas da pesca, última consulta a 8 de outubro de 2022.


https://www.ine.pt/xportal/xmain?
xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOEStipo=ea&PUBLICACOESco
leccao=107656&selTab=tab0&xlang=pt
(Todos os gráficos retirados foram deste site)

Youtube – Regresso ao mar, Ep 2. Última consulta a 8 de outubro de 2022.


https://youtu.be/FKuTM7d_w4k

Trabalho realizado por Maria Mafalda Costa e Carolina Santos, 11º F.

11

Você também pode gostar