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A Pesca na Europa

n.° 2
Abril
Pasta Organização Comum de Mercado:
2000 uma nova regulamentação para melhorar
a competitividade no sector

Transformação
Uma actividade
em contínua evolução

O bacalhau
do mar da Irlanda
Estabelecimento de um
plano de recuperação

Grécia
Um paraíso aquícola
e os seus desafios

Publicação da Comissão Europeia – Direcção - Geral das Pescas


2 A Pesca na Europa
CALENDÁRIO

Feiras e exposições
60a Fiera Internazionale della Pesca:
Este evento anual será realizado de 18 a
Neste número…
21 de Maio de 2000 em Ancona, Itália.
O programa inclui uma série de conferências,
encontros e mesas redondas. Decorrerá
ainda, em paralelo, uma exposição consagrada Página 2 Calendário
à aquicultura (com destaque para os últimos
progressos tecnológicos e a investigação
científica), bem como uma mostra de Página 3 Editorial
produtos marítimos transformados. A reforma da Organização Comum de Mercado
Para mais informações, contacte: E.R.F.,
tel. (39-071) 589 71, fax (39-071) 589 72 13, Página 4 No terreno
ou por e-mail: e.r.f.ancona@ntt.it A aquicultura na Grécia: sucessos e incertezas
Novos desafios para o sector
Maritima:
Este salão internacional decorrerá entre
21 e 24 de Junho de 2000, em Paris, França,
e contempla tudo o que diz respeito
ao mundo marítimo: a construção naval,
Página 6 Pasta
o material de pesca, as actividades portuárias, A reforma da Organização Comum de Mercado
o ensino. Haverá igualmente um espaço Aspectos principais da nova regulamentação comunitária
para conferências e debates. Aguarda-se
a participação de representantes de todos
os países da Europa.
Para mais informações, contacte: Página 10 Profissões
tel. (33-1) 41 90 47 98, fax (33-1) 41 90 47 00.
E-mail: maritima@reed-oip.fr ou sítio na
Entrevista com Lars Taabbel,
Internet: http://maritima.reed-oip.fr director da Taabbel processing Company,
sediada no porto de Hanstholm, na Dinamarca
Poderá participar numa conferência
electrónica a realizar-se de 4 de Abril a 8 de Página 11 Actualidade
Maio de 2000 no sítio da Internet: Situação preocupante para o bacalhau no mar da Irlanda
http ://www.cordis.lu/eesd/src/ev030400.htm,
subordinada ao tema «Como melhorar a
Estabelecimento de um plano de recuperação
cooperação futura entre os sectores da
investigação e da indústria marítima?». Página 12 Breves
Três temáticas serão debatidas, uma em cada • Segunda edição da iniciativa Pesca Partenariat
semana: «Como são aproveitados os resultados • European Seafood Exposition:
da investigação marítima?», «Qual o papel A DG Pescas espera por si
da indústria na investigação?» e «Quais são
os objectivos comuns destes dois sectores no
que diz respeito à sustentabilidade?». Todas
as informações relativas à inscrição nestas
conferências poderão ser obtidas no endereço
da Internet acima indicado.

Agenda institucional
O próximo Conselho de Ministros da Pesca
da União Europeia terá lugar a 16 de Junho
A Pesca na Europa é uma revista publicada pela Direcção-Geral das Pescas da Comissão Europeia.
de 2000, no Luxemburgo.
É distribuída gratuitamente através de um simples pedido de assinatura (ver cupão na página 12).
A Pesca na Europa é editada cinco vezes por ano, nas 11 línguas oficiais da União Europeia.
Aviso aos leitores Encontra-se igualmente disponível no sítio da Internet da DG das Pescas:
http://europa.eu.int/comm/fisheries/policies_en.htm
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I MPRESSO EM PAPEL BRANQUEADO SEM CLORO
3
E D I TO R I A L

A reforma da Organização
Comum de Mercado
Em 17 de Dezembro de 1999, o Conselho da União Europeia Esta reforma introduzirá cinco alterações importantes:
adoptou um regulamento visando uma ampla reforma da • Uma nova medida que obriga as OP a estabelecer «programas
Organização Comum do Mercado dos produtos da pesca. Esse operacionais» antes do início da campanha de pesca. As OP
regulamento baseou-se essencialmente no Documento de Consulta deverão indicar nestes programas como tencionam gerir as quotas
que a maioria dos Estados-membros haviam discutido no ano durante o período em questão e como tencionam lidar com as
anterior com o sector em causa e outras partes interessadas. dificuldades que normalmente surgem ao nível da comercialização.
Esta medida destina-se a levar as OP a empenharem-se mais
Foram estabelecidos quatro objectivos principais: activamente na política de conservação e deverá igualmente
• Pôr fim ao desperdício de pescado, incentivando os pescadores contribuir para que as capturas sejam vendidas a melhores preços.
a capturar apenas o pescado que pode ser vendido e • O reconhecimento das OP transnacionais e das organizações
desencorajando-os de capturar o que não pode ser vendido; intersectoriais, com vista a fomentar uma maior integração no
• Reforçar a posição das Organizações de Produtores (OP), por mercado comunitário. Essas organizações beneficiarão de uma
forma a que estas passem a ter um papel mais activo no mercado protecção jurídica contra a aplicação de certas disposições do
e mantenham ligações mais estreitas com o resto da cadeia de artigo 81 do Tratado da UE e serão reconhecidas como elegíveis
comercialização; para a assistência financeira a título do IFOP relativamente
• Proteger os consumidores, oferecendo-lhes garantias sobre os a projectos que venham a desenvolver no domínio do comércio.
produtos que consomem; • O ajustamento dos mecanismos de intervenção: a ajuda financeira
• Melhorar o equilíbrio entre oferta e procura quer do pescado para a eliminação do peixe não vendido será reduzida de forma
fresco, quer do pescado congelado para fins de transformação. significativa para evitar o desperdício de recursos, já por si escassos.
Em contrapartida, haverá um incentivo no sentido de aumentar a
Como alcançar estes objectivos? Foi estabelecido um período de prática de reposição do peixe não vendido, para que este volte a ser
transição de cinco anos que terá início em 2001. Durante este colocado no mercado quando as condições forem mais favoráveis.
período, verificar-se-á um aumento global da ajuda comunitária • Mais informação aos consumidores: serão estabelecidos novos
para o sector das pescas no âmbito da OCM. Esse aumento requisitos aplicáveis aos pontos de venda ao consumidor final, no
destinar-se-á a incentivar a mudança de atitudes, nomeadamente, sentido de fornecer informações sobre a espécie do peixe, o local
entre os pescadores, a fim de melhorar a eficiência do mercado de origem e o modo de produção.
comunitário. Durante este período de cinco anos, um conjunto • Medidas que facilitem o fornecimento de matéria-prima ao
de medidas de incentivo e de desencorajamento deverão sector da transformação: através da conversão dos contingentes
possibilitar a introdução de algumas mudanças. pautais dos produtos importados mais importantes em suspensões
Uma das medidas de incentivo consiste na criação de novas formas pautais. Isto significa eliminar as restrições quantitativas às
de ajuda às Organizações de Produtores, destinadas a ajudá-los importações nas taxas de suspensão dos direitos e, para certos
a melhor planear a sua actividade pesqueira e a comercializar produtos, reduzir a taxa de suspensão.
o pescado em cooperação com outros parceiros na cadeia de
comercialização. Paralelamente, será retirado o apoio financeiro Essas medidas deverão contribuir para aumentar o orçamento
para a eliminação do peixe não vendido, a fim de desencorajar comunitário previsto para o apoio ao mercado durante o período
o desperdício. transitório de cinco anos, que, no entanto, continuará a ser
relativamente modesto (entre 20 e 25 milhões de Euros por ano).
As despesas totais da OCM serão, após esse período, inferiores às
despesas actuais.
Esse pacote de novas medidas representa uma mudança
significativa de prioridades na gestão do mercado. Tanto mais
que os produtores são, agora, encorajados a assumir mais
responsabilidades, quer a nível da gestão dos recursos, quer a
nível da adaptação à evolução do mercado. Outro novo elemento
introduzido com a reforma foi a tomada em consideração dos
interesses dos transformadores e dos consumidores.

O Editor
4 A Pesca na Europa
NO TERRENO

A aquicultura na Grécia:
sucessos e incertezas
A produção do robalo e da dourada registou um aumento impressionante na Grécia, tendo passado de
100 toneladas por ano, em 1981, para mais de 30.000 toneladas actualmente. Este aumento contribuiu para
o crescimento de inúmeras empresas do sector. Contam-se, actualmente, cerca de 200 explorações. Algumas
delas tornaram-se mesmo, em poucos anos, verdadeiros grupos integrando produção e comercialização.
Porém, alguns sinais de preocupação começam a surgir. Esses sinais dão pelo nome de concorrência, queda
dos preços de mercado e necessidade de atender às exigências de um mercado cada vez mais diversificado.
Nesse contexto, é toda uma actividade profissional que precisa de criar mecanismos de adaptação a essa
nova conjuntura.

A situação geográfica da Grécia, localizada Europeia, em 1981, marcou o início do pescadores puderam ter acesso a acções de
na extremidade da Península Balcânica e no desenvolvimento da aquicultura, através, reconversão no sector da aquicultura». Tudo
coração do Mediterrâneo, e a sua orla marítima sobretudo nessa altura, da intervenção do isto, adaptando-se, obviamente, às novas
extremamente recortada (15 000 km de costa FEOGA (Fundo Europeu de Orientação técnicas de produção e às exigências
e 3 000 ilhas) constituem factores propícios e de Garantia Agrícola). A produção anual regulamentares.
ao desenvolvimento do sector marítimo do robalo (Dicentrarchus labrax) - designado Este crescimento na actividade aquícola,
e, em especial, do sector da aquicultura. de «peixe-lobo» na região do Mediterrâneo - que permitiu à Grécia tornar-se no primeiro
A entrada da Grécia na Comunidade e da dourada (Sparus auratus) correspondia produtor mediterrânico (à frente da Turquia
apenas a 100 toneladas. A partir de 1985, e da Itália), teve efeitos claramente positivos
essa produção registou um aumento no emprego: cerca de 2000 postos de
Da empresa familiar ao sucesso económico exponencial, atingindo um valor oficial de trabalho foram criados entre 1990 e 1997,
31 000 toneladas em 1998. Dados não o que, em termos de valores relativos,
O grupo Kastellorizo representa o exemplo típico
oficiais chegam mesmo a apontar um valor representa um espectacular crescimento de
das estruturas familiares que souberam aproveitar
anual superior a 40 000 toneladas. 160%, crescimento este directamente ligado
o desenvolvimento da aquicultura na Grécia.
à expansão da actividade de criação do
O grupo foi fundado em 1985 por uma família
de antigos pescadores, contando com o auxílio Uma produção robalo e da dourada. Actualmente, estima-se
da sua rede de restaurantes especializados em essencialmente artesanal que este sector emprega 2 500 pessoas.
produtos marítimos. Actualmente, essa sociedade Na Grécia, a produção aquícola é
produz 2 000 toneladas de robalos e de maioritariamente artesanal. As ajudas Sinais de preocupação?
douradas comercializados em 5 explorações da União Europeia concedidas às pescas À primeira vista, o balanço parece ser
distribuídas, nomeadamente, pela ilha de a partir de meados da década de positivo. Porém, o sector aquícola enfrenta,
Creta e pelas ilhas Cíclades. Produz igualmente 80 representaram, aliás, um factor de actualmente, alguns problemas que poderão
8 milhões de alevins nas suas instalações desenvolvimento importante neste sector manchar esse quadro idílico. Com efeito,
de procriação. O grupo comercializa uma grande artesanal. Alguns projectos beneficiaram, segundo Antonis Stavrou, Director-Geral da
variedade de produtos marítimos através das deste modo, de ajudas públicas (nacionais Kastellorizo (ver caixa), « a rápida expansão
suas próprias empresas grossistas. e comunitárias) que se elevaram a 70% da produção do robalo e da dourada é um
do custo total do investimento. Tal como fenómeno pertencente ao passado. A
salienta o Dr Panos Varvarigos, Director- concorrência e a queda dos preços de mercado
© IFREMER

Geral da Vetcare, uma empresa grega provocam, actualmente, situações de crise e


privada, especializada no controlo profundas mudanças». Recentemente, foram
veterinário em aquicultura, «as ajudas
estruturais da Comunidade permitiram que
o sector aquícola grego se desenvolvesse com Dourada em alta
harmonia. Sem essa ajuda, apenas os grupos A aquicultura grega apostou na dourada
industriais teriam a possibilidade de participar (em detrimento do robalo), que representa
nesse crescimento e a aquicultura ter-se-ia cerca de 60% da produção total de peixes
transformado num produto acessório da do mar. Esta opção justifica-se por esta espécie
A actividade piscícola comporta várias fases:
indústria agro-alimentar. Graças ao apoio ter um crescimento mais rápido e pela
aqui, podemos observar a recolha de alevins antes da comunitário, os pequenos produtores preferência dos consumidores.
sua transferência para centros de produção de juvenis. conseguiram iniciar uma actividade e muitos
5

Evolução da produção aquícola na Grécia


17 040 26 971 35 292 74 528 135 382 128 613 100 646 120 283 185 756 215 886

44 338
39 852
32 578 33 182 32 644
20 890
34 305
12 638
6 385 6 991 9 673
26 390
19 471
13 394 13 548
9 710
2 700 3 550 4 599
2 636 ELLAS
Œ§§A™
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

valor (em milhões de euros) tonelagem (em toneladas) produção de peixes marinhos
(em toneladas)

1 euro = 200,482 PTE Fontes: FAO, Eurostat, Ministério da Agricultura grego

© Eureka Slide
realizadas diversas reuniões entre produtores sem cauda. É preciso, no entanto, mudar de
de diversos países mediterrânicos, com o atitude, sobretudo se quisermos conquistar os
objectivo de tentar melhorar a organização mercados do Norte da Europa. Temos de criar
da produção e da comercialização dos estruturas semelhantes às plataformas comerciais1
produtos. ou desenvolver produtos com maior valor
acrescentado».
Dos produtos frescos aos produtos
transformados Novos rumos Espécie rainha da aquicultura na Grécia,
A nível cultural, o peixe fresco ainda Outros rumos estão a ser explorados para a dourada ocupa um lugar de destaque na bancada
ocupa um lugar importante na Grécia. Uma diversificar a actividade. Algumas empresas dos comerciantes.
vez que os produtos transformados são pioneiras bem sucedidas nessa actividade
mais caros (em termos de preço de venda), aquícola transferiram a tecnologia utilizada Diversificar as exportações
os produtos gregos são essencialmente na criação do robalo e da dourada para
comercializados frescos, representando outros países não comunitários do Cerca de 70% da produção é comercializada
nos outros Estados-membros da UE. O maior
a comercialização destes 99% das vendas. Mediterrâneo e do Médio Oriente
cliente continua a ser a Itália que, sozinha,
Sendo o período de conservação do peixe (Emirados Árabes Unidos, Koweit...).
representa 63% das exportações. Os grupos
fresco muito reduzido, o transporte
com dimensão internacional, como o Nereus
e a comercialização limitam-se aos países Muitas outras empresas procuram ou o Selonda, com cotação na bolsa há 3 anos,
fronteiriços. Esta situação começa, no entanto, igualmente explorar espécies que ainda não pretendem diversificar a sua clientela, a fim de
a alterar-se com o recente aparecimento de foram exploradas na aquicultura - por diminuir a sua carga fiscal no mercado italiano.
um sector da transformação (refeições exemplo, peixes da família dos esparídeos, Em 1998, o grupo Selonda incrementou as suas
preconfeccionadas). como o pargo (Pagrus pagrus). Outras relações comerciais com a Grã-Bretanha e,
Importa igualmente salientar que alguns procuram ainda criar instrumentos de sobretudo, com a Espanha, que se tornou o
sectores do ramo, nomeadamente ao nível comercialização adaptados às necessidades seu segundo maior cliente a seguir à Itália.
do controlo da qualidade e da comercialização, dos mercados.
não registaram o mesmo progresso que o O exemplo da Grécia é paradigmático:
sector da produção propriamente dito. Com a capacidade de adaptação e a aptidão para
efeito, as ajudas comunitárias beneficiaram redefinir a sua própria abordagem 1 A plataforma comercial é um instrumento logístico
essencialmente os produtores, em constituem dois factores indispensáveis para de comercialização que permite aos produtores dispor
detrimento do sector da comercialização, o uma economia em plena evolução. Por mais de uma delegação no estrangeiro (de preferência,
num país com uma situação geográfica estratégica)
que acaba por afectar a imagem do produto próspera que esta economia tenha sido no
que mantém um contacto directo com os compradores
junto do consumidor. passado, ela exige um esforço contínuo de e comerciantes grossistas, permitindo ao produtor
Tal como sublinha Antonis Stavrou «a nossa diversificação e de procura de novas formas responder rapidamente às exigências do mercado.
cultura é a do peixe fresco e inteiro. Os gregos de desenvolvimento. As plataformas podem assumir diversos estatutos
(cooperativas, associações de direito privado).
não se imaginam a comer peixe sem cabeça ou
6 A Pesca na Europa
PA S TA

A reforma da Organização
Comum de Mercado
A mundialização do comércio, a internacionalização dos mercados, o progresso tecnológico no domínio dos
meios de comunicação e dos transportes e a evolução dos hábitos de consumo e dos gostos dos consumidores
constituem mudanças significativas ocorridas ao longo das últimas décadas, que afectam (e afectarão) todos
os sectores económicos. O mercado europeu dos produtos marítimos também é afectado por essas mudanças.
Para poder manter a competitividade e prosperar, torna-se indispensável que esse mercado evolua e se adapte.
Foi à luz deste grande desafio que o Conselho de Ministros da Pesca adoptou, em finais de 1999, a nova
regulamentação1 para a Organização Comum de Mercado que entrará em vigor no início do ano de 2001.

Falar do comércio implica obrigatoriamente e moluscos frescos ou congelados, inteiros


O que é a OCM? falar dos produtores, dos comerciantes e dos ou transformados, bem como sopas de peixe
consumidores. É a este nível que ocorrem as ou de marisco.
Criada em 1970, a Organização Comum do
mudanças que influenciam todo o sector.
Mercado constitui uma componente da Política
Comum da Pesca (PCP) que visa regular As donas de casa europeias, por exemplo, Estas mudanças exigiram um reforço do
o mercado comunitário dos produtos marítimos sempre compraram os seus produtos na «sua papel dos produtores, através de uma união
e organizar no interior deste o regime peixaria habitual». No entanto, nos grandes de forças, de modo a valorizar os seus
de comercialização. centros urbanos de inúmeros Estados- produtos para fazer face à concentração das
Os instrumentos e mecanismos criados no membros, essa forma tradicional de empresas da indústria da transformação.
âmbito desta OCM destinam-se a regular distribuição tem vindo a ser cada vez mais Embora as indústrias tradicionais de
a oferta em função da procura e não a garantir substituída por outras variantes, como conservas tenham perdido alguma importância,
rendimentos aos produtores. os supermercados, os estabelecimentos inúmeras empresas de transformação que
De um modo resumido, a OCM compreende especializados em produtos marítimos oferecem novas gamas de produtos
as seguintes componentes: congelados (os freezer-centers) ou ainda proliferaram um pouco por toda a Europa.
• a aplicação de normas comuns os serviços de restauração das cantinas de Paralelamente, observamos que os
de comercialização dos produtos marítimos; empresas ou de escolas. consumidores procuram cada vez mais obter
• a definição (e ulterior desenvolvimento) mais informações sobre a origem e o percurso
do papel das Organizações de Produtores A par dessa maior diversificação dos locais dos produtos que compram, a fim de poder
(OP) na gestão do mercado; de venda, proliferam no mercado novos escolher mais acertadamente.
• a criação de um regime de apoio aos preços, tipos de produtos que já não se limitam aos
baseado em diversos mecanismos de intervenção produtos frescos, às conservas ou às grandes A indústria da transformação, geradora de
(preços de retirada, ajudas para o reposição embalagens de produtos ultracongelados. emprego, precisa cada vez mais de recorrer
ou o armazenamento privado) ou de um Hoje em dia, nas prateleiras dos mais às importações. Por um lado, as capturas
regime de compensação; diversos estabelecimentos de distribuição, efectuadas pelas frotas europeias não chegam
• a criação de regras para o comércio com podemos encontrar pratos preconfeccionados para satisfazer o mercado dos produtos
os países terceiros. para aquecer no microondas, saladas
em embalagem sob vácuo, peixes inteiros
Para mais informações, consulte ou filetes embalados, terrinas de peixe,
o nosso sítio na Internet:
produtos à base de surimi, crustáceos
http ://europa.eu.int/comm/dg14/info/info76_fr.htm

1 Regulamento (CE) N° 104/2000 do Conselho, de 17 de Dezembro de 1999, que estabelece a organização


comum de mercado no sector dos produtos da pesca e da aquicultura, JOCE L 17/22 de 21.01.2000.
7

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A associação em OP permite aos pescadores ocuparem uma posição estratégica na organização do mercado.

frescos e a indústria da transformação. Por as medidas previstas para adaptar as capturas


Consumo de produtos
outro lado, a abertura dos mercados às necessidades do mercado. No sentido
permitiu diversificar a oferta das espécies de as ajudar a cumprir essas novas tarefas, marítimos na UE1
disponíveis. será concedida uma ajuda financeira durante Kg por ano
um período de 5 anos.
Média UE
Maior empenhamento dos Ö 11,5
produtores na gestão dos recursos Este reforço do papel das organizações B-LUX 20,6
e novas sinergias profissionais não contempla apenas as OP. DK 26,2
As Organizações de Produtores são formadas Considerou-se necessário reforçar também D 15,6
por pescadores e piscicultores que se a cooperação entre os diversos sectores. EL 25,5
associam livremente com o objectivo de A criação de organizações interprofissionais E 37,3
garantir melhores condições para a congregando representantes de pescadores, SF 34,7
colocação dos seus produtos no mercado, comerciantes grossistas, assim como F 28,0
de se coordenarem e de unirem esforços profissionais dos sectores da transformação IR 20,1
para enfrentar as novas exigências dos e da distribuição é mesmo incentivada. I 23,0
compradores. NL 14,5

Evitar os desperdícios para P 58,5

Ocupam uma posição estratégica entre a preservar os recursos S 30,7

produção e o mercado. Essa posição Outro dos domínios da política definida UK 20,0
24,2
permite-lhes aplicar medidas para uma na nova regulamentação diz respeito a
gestão mais racional dos recursos, alterações introduzidas ao nível das ajudas
acrescentar valor aos produtos da pesca e concedidas aos produtores para a retirada
contribuir para a estabilização do mercado. dos produtos excedentes. O mecanismo que
Com o novo regulamento, as OP passam tinha por objectivo garantir um rendimento
a ter um maior empenhamento na boa mínimo aos pescadores consistia em
aplicação das medidas que visam esses permitir, mediante uma compensação
objectivos. Para o efeito, deverão conceber financeira, a retirada dos produtos da pesca
e aplicar, todos os anos, programas
operacionais nos quais estejam descritas

1 Esses números correspondem à disponibilidade

alimentar por pessoa (média referente ao período


de 1995-1997) Fonte: FAO
8 A Pesca na Europa

Balança comercial da UE em 1998, por categoria de peixes

564 314 72 505 -491 809 peixes frescos tonelagem (em toneladas)
1 319 556 195 869 - 1 123 687

665 202 838 513 173 311 valor (em milhões de euros)
peixes congelados
1 085 399 574 081 -511 318

756 570 55 549 -701 021


filetes de peixe
2 062 189 136 905 -1 925 284

197 994 17 235 -180 759


peixes secos, salgados
792 685 76 811 -715 874

311 470 56 372 -255 098


crustáceos
1 992 411 139 848 -1 852 563

403 861 31 622 -372 239


moluscos
981 422 106 475 -874 947

553 954 90 305 -463 649


1 510 359 271 857 -1 238 502
conservas de peixe

108 308 9 931 -98 107


640 212 49 103 -591 109
crustáceos e moluscos em conserva

1 euro = 200,482 PTE Fonte: Eurostat, Comext


© Eureka Slide

Em contrapartida, e simultaneamente,
foram aumentadas as quantidades elegíveis Um forte aumento das importações
para as ajudas destinadas a encorajar Enquanto que as trocas comerciais entre
as operações de reposição do pescado os Estados-membros da UE permanecem
(para facilitar o armazenamento em câmaras relativamente estáveis (representando, no
frigoríficas ou a transformação dos produtos entanto, um valor cinco vezes superior aos
que não consigam ser rapidamente vendidos valores do comércio com os países terceiros),
no mercado). as importações registam um forte aumento.
A redução das capturas comunitárias, associada
Melhorar o abastecimento ao aumento do consumo, contribuiu para
do mercado, assegurando aumentar as importações, que passaram
A indústria da transformação tem de manter-se
competitiva. A nova regulamentação visa melhorar paralelamente uma concorrência de cerca de 2 milhões de toneladas em 1988
o seu abastecimento. equilibrada para cerca de 3,5 milhões de toneladas em
Face às crescentes necessidades de matéria- 1998.
prima por parte da indústria da Os segmentos que registaram maior aumento
foram, por ordem decrescente, os filetes de peixe
do mercado quando os preços de oferta transformação e para permitir que esta
(frescos ou congelados), os preparados e as
atingissem um nível inferior aos preços se mantenha competitiva, foi criado um
conservas e, por último, os crustáceos e moluscos
de retirada. regime de contingentes pautais autónomos e
transformados. Os produtores deixaram de ser
de suspensão de direitos aduaneiros. A nova os únicos a enfrentar a concorrência dos países
Essas ajudas deram por vezes origem a uma regulamentação alarga ainda mais este leque terceiros, passando esta a afectar também
certa desresponsabilização dos produtores de medidas destinadas a permitir um as indústrias da transformação de produtos
e incitaram ao desperdício. Esta retirada abastecimento em condições favoráveis. marítimos existentes na UE.
deverá, doravante, ser apenas encarada como Em primeiro lugar, a suspensão dos direitos
uma rede de segurança excepcional. Por da pauta aduaneira para certos produtos
essa razão, as quantidades de pescado que destinados à indústria da transformação, que
permitem ter direito a compensações pode ser parcial (redução do direito
financeiras foram reduzidas de 14% para aduaneiro) ou total (0%), apenas se aplicava
8% da produção das OP e o nível de ajuda a quantidades limitadas, antes da nova
passará a ser degressivo, em função das regulamentação. Doravante, para as espécies
quantidades de pescado retiradas. cuja procura não possa ser satisfeita apenas
9
PA S TA

© Eureka slide
A «rastreabilidade» já é uma
realidade para alguns
Na indústria da transformação dos produtos
da pesca, já foram realizadas experiências com
resultados positivos, nomeadamente, nalguns
sectores organizados, como o dos armadores
de pesca industriais, que identificam os seus
produtos de forma bem clara, ou ainda nas
organizações artesanais que dispõem já de uma
certa estrutura e que visam não só garantir a
qualidade dos produtos junto dos consumidores,
mas também promover e valorizar os produtos
da sua região junto dos compradores estrangeiros.
O sistema de rastreabilidade foi, deste modo,
desenvolvido na lota de Zeebrugge, na Bélgica,
para responder às necessidades dos compradores
à distância. Para estes compradores, a qualidade
dita os preços. As informações de que dispõem
sobre os produtos desembarcados incluem, assim,
o número da embarcação, o local de pesca,
o número de dias no mar, a técnica de pesca
utilizada ou até mesmo o modo como
o peixe foi tratado a bordo.
A indicação de informações precisas sobre os produtos proporcionará aos
consumidores uma segurança e uma orientação na compra desses produtos.

pela produção comunitária (como o bacalhau, Essas novas medidas inscrevem-se ainda A partir de 1 de Janeiro de 2002, será
o camarão árctico ou o escamudo do Alaska, numa tendência geral que tem vindo a deste modo necessário mencionar o nome
por exemplo), deixará de haver limites desenvolver-se na sequência dos acordos específico de cada produto colocado
relativamente às quantidades autorizadas a concluídos no âmbito de várias negociações à venda, bem como o método de produção
serem importadas nessas condições. do GATT e, desde 1995, da Organização utilizado e o local de captura. Essa medida
Mundial do Comércio. deverá, a prazo, estimular a procura, uma
Contudo, para que essas suspensões pautais vez que a informação aumenta a confiança
não constituam uma ameaça para os Informar o consumidor para do consumidor.
empregos no ramo da captura, algumas estimular a procura
espécies (como o atum ou o arenque, por Numa época em que o sector agro-alimentar Essas e outras medidas deverão permitir
exemplo) não foram abrangidas pelo novo atravessa várias crises, o consumidor precisa ao sector da pesca europeia enfrentar os
regime. Para essas espécies, são definidos agora, mais do que nunca, de ser bem desafios comerciais, ambientais e também
aquilo que se designa por contingentes informado sobre os produtos que compra. sociais que venham a colocar-se nos
pautais. Na prática e em concreto, a Foi nesta óptica que a União Europeia próximos anos.
redução da pauta aduaneira apenas se aplica decidiu introduzir na nova regulamentação
a quantidades limitadas. Para as quantidades disposições destinadas a permitir conhecer
superiores, a importação continua a ser todo o percurso efectuado pelos produtos,
autorizada, sem beneficiar, contudo, do desde o local da sua captura até ao
regime de redução pautal. consumidor final, quer se trate de peixe
fresco e inteiro, quer se trate de produtos
Esta questão das pautas aduaneiras transformados. Essa medida introduz
testemunha o equilíbrio que a nova um novo conceito: o conceito da
regulamentação procurou preservar entre os «rastreabilidade». Essa evolução foi
interesses divergentes dos diferentes considerada na nova regulamentação, Novidades na DG Pescas
intervenientes: a indústria da transformação, ao passar a ser obrigatório incluir um certo A DG Pescas dispõe, desde 1 de Abril, de um
novo contacto para os assuntos relacionados com a
fortemente dependente das importações de número de informações (a espécie, a zona
aquicultura, a transformação e a comercialização,
matéria-prima a preços competitivos, e os de captura, o método de produção) em após a criação de uma nova unidade responsável pela
produtores, que receiam uma invasão de todos os produtos. coordenação desses três sectores.
pescado proveniente de países terceiros, a Para mais informações, contacte:
Constantin Vamvakas,
qual provocaria uma queda dos preços.
Chefe de Unidade Fish/D/4 – J-99
Rue de la Loi 200 – B-1049 Bruxelas
Tel. (32-2) 295 57 84
e-mail: Constantin.Vamvakas@cec.eu.int
10 A Pesca na Europa
PROFISSÕES

Entrevista com Lars Taabbel,


director da Taabbel processing Company, sediada no
porto de Hanstholm, em Jutland, na Dinamarca
Para Lars Taabbel, é necessário facilitar
Situado na costa noroeste da Dinamarca, o porto de Hanstholm é o o abastecimento.
maior centro de desembarque nacional de produtos da pesca, destinados
ao consumo humano - com especial destaque para as espécies demersais.
Situados nas proximidades, os bancos de pesca do Mar do Norte atraem
inúmeros arrastões não só dinamarqueses, como também estrangeiros.
Esta situação privilegiada também favoreceu a implantação de inúmeras
indústrias de transformação de produtos marítimos.

A sociedade Taabbel é uma delas. A Pesca na Europa: Qual é a origem da


Encontrando-se no activo há mais de cem matéria-prima que utiliza?
anos, as suas instalações ocupam uma área LT: O peixe fresco proveniente de portos
de 3 hectares e emprega 250 trabalhadores. dinamarqueses constitui a nossa principal
Lars Taabbel, com 54 anos de idade e matéria-prima (80%). O resto é importado
bisneto do fundador da empresa, fala-nos da Noruega, dos Estados Unidos e da África,
da evolução do sector da transformação sob a forma de filetes ultracongelados.
e da empresa que actualmente dirige. O camarão chega-nos do Extremo Oriente,
A Pesca na Europa: Qual é a sua opinião
do Canadá e da Islândia.
em relação ao conceito de rastreabilidade
A Pesca na Europa: Poderia descrever-nos
dos produtos, enquanto meio de informação
quais são as actividades de transformação de A Pesca na Europa: Quais são os vossos
ao consumidor?
produtos por si desenvolvidas? principais mercados?
LT: Penso que é impossível aplicar este
LT: A transformação do bacalhau, da arinca, LT: 90% do nosso volume de negócios é
tipo de regulamentação e controlar o seu
do badejo, do escamudo e da solha constituem realizado com os países da UE: a Escandinávia
cumprimento. Por vezes, os pescadores
uma parte significativa da produção da Taabbel. (30%), a Alemanha (30%), a Itália e a
não sabem o local exacto onde o peixe foi
A nossa fábrica possui uma capacidade de França, sendo o resto da produção exportado
capturado, porque as embarcações actuam
filetagem de 80 toneladas de peixe redondo um pouco por todo o mundo. O nosso
em várias zonas! Outra questão que se coloca
(bacalhau e arinca) e 45 toneladas de solha objectivo é aumentar ainda a nossa quota
é a de saber se esse tipo de informação é
por dia. O camarão do Mar do Norte e o de mercado na UE.
realmente muito importante. Existem outras
camarão proveniente do Sudeste Asiático são A nossa clientela é essencialmente
informações mais úteis para o consumidor,
a especialidade da casa: são descascados por constituída por cantinas de escolas e de
que consistem, por exemplo, em mencionar
máquinas automáticas com uma capacidade hospitais, assim como por restaurantes que
se o peixe foi ou não ultracongelado ou se
diária de 24 toneladas. Também atribuímos servem mais de cem refeições por dia.
foi sujeito a qualquer tipo de tratamento
uma grande importância às normas de
específico.
segurança, ao controlo de qualidade, ao A Pesca na Europa: Na sua opinião, de que
controlo do tamanho das porções e utilizamos forma poderia ser melhorado o abastecimento
A Pesca na Europa: Qual é o segredo
equipamentos de alta tecnologia, tais como da indústria da transformação na Europa?
da longevidade da vossa empresa?
sistemas de scanner por raio laser e meios LT: Pessoalmente, gostaria que não houvesse
LT: A transferência da nossa empresa
informáticos de ponta. restrições quantitativas às importações e que
de Skagen para Hanstholm, em 1967,
estas apenas fossem sujeitas à aplicação dos
melhorou o abastecimento de produtos
direitos aduaneiros. O actual sistema de
frescos. Foi ao longo dos últimos 30 anos
contingentes dificulta a vida aos transforma-
que nos desenvolvemos, não só a nível de
dores: torna-se muito complicado celebrar
tamanho, mas também a nível tecnológico.
contratos de longo prazo com os clientes.
A nossa contínua preocupação de adaptação
Com efeito, nunca sabemos quando é que
ao mercado e a nossa vontade firme de
o contingente atinge o seu limite! Por vezes,
acompanhar a evolução da conjuntura
o período entre a data em que os produtos
constituem também factores determinantes.
são comprados e a data em que são
Já não é possível, hoje em dia, fazer negócios
desalfandegados chega a atingir três meses.
como no passado. É preciso ser competitivo
O porto de Hanstholm atrai inúmeras
e olhar sempre para o futuro.
empresas transformadoras.
11
ACTUALIDADE

Situação preocupante
do bacalhau no mar da Irlanda
A situação alarmante dos stocks de bacalhau no mar da Irlanda impunha uma tomada
urgente de medidas. A pedido do Conselho de Ministros e em concertação com os
profissionais do sector, a Comissão elaborou um plano de recuperação da espécie nessa
área que incluía, entre outras medidas, a definição de uma zona protegida para um
período de dez semanas.

Foi definida uma zona protegida que se


estende desde a costa leste da Irlanda até
à costa oeste da Inglaterra, onde é interdita
a presença de qualquer engenho com
capacidade para capturar bacalhau (redes de
arrasto demersal, redes envolventes-
arrastantes e estacadas) durante o período
entre 14 de Fevereiro e 30 de Abril de 2000.
Essa medida destina-se a proteger os peixes IRELAND
adultos que se concentram em grandes
quantidades nesta zona durante o período
de reprodução. UNITED KINGDOM

Porém, existem nesta zona outras espécies,


como o lagostim, o camarão, a arinca e
o peixe-chato, cuja captura tem um grande
valor económico. A pesca destas espécies
deverá poder ser efectuada sem prejudicar
o bacalhau. A Comissão tomou essa necessi-
dade em devida consideração e, em concer-
tação com os principais intervenientes nessa Mapa da zona de protecção no Mar da Irlanda. As áreas mais escuras delimitam
os locais onde é autorizada a presença de embarcações de pesca do lagostim que
área (investigadores científicos, pescadores e utilizam redes de arrasto com portas.
administrações envolvidas), decidiu autorizar
os arrastões de retrancas (para a pesca do
camarão e do peixe-chato) a operar nessa
zona protegida. Para as embarcações de Infelizmente, ainda não foi encontrada uma redes de arrasto, a fim de permitir que os
pesca do lagostim, a decisão foi mais solução satisfatória para a pesca da arinca, juvenis não fiquem retidos nessas redes.
complicada. Acabou por ficar estabelecido dado que os riscos de o bacalhau ficar também
que apenas as embarcações que utilizam retido nas redes de pesca utilizadas são Paralelamente, os Estados-membros com
redes de arrasto com portas poderiam muito elevados. interesses na zona pesqueira em causa estão
exercer actividades de captura, mas só dentro a estudar os efeitos dessas primeiras medidas,
de duas áreas delimitadas dentro da zona O plano de recuperação também inclui que necessitarão, naturalmente, de ser
protegida (ver mapa). Essas embarcações medidas de protecção para os bacalhaus ajustadas, nomeadamente no que diz respeito
só poderão utilizar determinadas malhas juvenis. Ainda há pouco tempo, a Comissão à utilização de certos engenhos de pesca
específicas, com exclusão de qualquer outro reuniu-se com os investigadores científicos, dentro da zona protegida. As suas observações
tipo de rede. A composição dos produtos as administrações e os pescadores com permitirão encontrar soluções para as
desembarcados também foi alvo de interesses nessa zona. O Conselho está pescarias interditas no âmbito das medidas
regulamentação. actualmente a preparar uma proposta de de urgência. Uma vez que essa zona protegida
regulamento. A proposta, que deverá ser deixará, provavelmente, de o ser no próximo
adoptada no próximo Verão, prevê medidas ano, esses estudos deverão ainda contribuir
técnicas para uma escolha mais selectiva das para melhor definir as medidas a aplicar.
12 A Pesca na Europa
BREVES

3 10 14
European Seafood Exposition:

C U - A F - 9 9 - 0 0 2 - P T- C
A DG das Pescas espera por si
Tal como nos anos anteriores, a DG das Pescas 4 temas seguintes: regulamentação veterinária
estará presente na European Seafood Exposi- e sanitária, resultados dos estudos de investiga-
tion que decorrerá no Palais des Expositions ção, aspectos tarifários e aduaneiros e ajudas
de Bruxelas, na Bélgica, nos próximos dias estruturais ao sector. As conferências contarão
9, 10 e 11 de Maio. Estará, aliás, duplamente com a participação de alguns oradores da
representada, uma vez que irá ocupar, na Comissão, especializados em cada um dos
realidade, dois stands no pavilhão 5 (n° 5- temas, que discursarão e responderão às
Novo mapa dos TAC et das quotas de
149 e 5-163). perguntas do público. O programa dessas
pesca para o ano 2000. O mapa poderá A edição deste ano terá uma novidade digna conferências e as informações sobre as
ser obtido mediante pedido (ver endereço na de interesse: serão organizados, todos os dias, modalidades de participação estão incluídos
página 2). Poderá igualmente ser consultado ciclos de 4 mini-conferências que terão lugar no catálogo dos expositores.
na Internet, no seguinte endereço:
http://europa.eu.int/comm/fisheries/policies_en.htm
no stand 5-149. Esses ciclos decorrerão, A Comissão acolherá nos seus stands todas
mais precisamente, durante a tarde de terça- as organizações profissionais europeias interes-
feira, a manhã e a tarde de quarta-feira e a sadas, com vista à exposição das suas publica-
manhã de quinta-feira. Serão abordados os ções ou eventual estabelecimento de contactos.

Segunda edição da iniciativa PESCA Partenariat


Na sequência do sucesso da iniciativa PESCA Partenariat organizada no Porto em 1998 no âmbito do
programa PESCA, está prevista uma segunda edição deste evento que decorrerá em Cork, na Irlanda, nos dias
26 e 27 de Junho de 2000. Co-organizada pela Comissão Europeia - Direcção-Geral das Pescas - e pelo Board
lascaigh Mhara (Irish Sea Fisheries Board), este encontro permitirá às PME seleccionadas estabelecerem acordos
de cooperação nos domínios técnico, financeiro e comercial com PME de outros países da União Europeia.

As PME do sector das pescas e da aquicultura, cooperação. Além disso, cerca de 70% Todas as empresas poderão, assim,
incluindo as empresas dos sectores da das PME presentes tiveram oportunidade identificar aquelas com quem pretendam
transformação e da comercialização, terão, de estabelecer contactos que, mais tarde, entrar em contacto. Poucos dias antes
nesta segunda edição que recebeu o nome poderiam dar origem a acordos. do evento, cada empresa receberá um plano
de PESCA Partenariat 2000, uma nova O Partenariado de Cork acolherá mais de do encontro. Serão prestados serviços
oportunidade para desenvolver actividades 40 empresas irlandesas com projectos de interpretação que, mediante pedido,
comerciais bilaterais a nível internacional, ambiciosos de desenvolvimento no plano ajudarão as PME que eventualmente
que lhes permitirão reforçar a sua competi- internacional e 150 empresas de outros tenham dificuldades linguísticas.
tividade. A iniciativa está aberta a todas as países da Europa.
formas de cooperação (joint-ventures, 1 As empresas poderão obter o catálogo e informações
acordos comerciais, transferência de As PME interessadas poderão solicitar um mais pormenorizadas através do seguinte contacto:
tecnologia, assistência técnica, formação, catálogo redigido em três línguas (francês, M. Patrick Sinnot, Metra Sofres Ltd., Melrose House,
etc.). Tendo sido um instrumento de inglês e espanhol)1. Este catálogo contém 42 Dingwall Road, Croydon CR0 2NE, UK
prospecção extremamente eficaz, a edição uma apresentação dos projectos de coopera- Tel. (44-20) 86 88 55 35 - Fax (44-20) 86 88 40 05
E-mail: pesca-partenariat@tnsofres.com
anterior havia permitido a uma em cada três ção mais importantes, assim como uma ou consultar o sítio na Internet da DG das Pescas:
empresas participantes concluir acordos de ficha descritiva das PME do país anfitrião. http ://europa.eu.int/com/dg14/cork2000_en.htm


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