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A PAC e a Agricultura

Portuguesa
Beira Litoral

Geografia A- Prof. Licínia Cavaca


Elaborado por: António Teixeira Nº2
Bárbara Lopes Nº3
Mariana Henriques Nº18
Sara Rodrigues Nº25

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Índice
Índice .................................................................................................................................................................. 2
Introdução .......................................................................................................................................................... 3
A Política agrícola comum ................................................................................................................................... 4
1.Origem da PAC ............................................................................................................................................. 4
2.As reformas da PAC ...................................................................................................................................... 4
2.1Primeira PAC- 1962 ................................................................................................................................. 4
2.2Reforma 1992 (reformas MacSherry) ...................................................................................................... 5
2.3Reforma de 1999 (aplicação do 2º pilar) ................................................................................................. 5
2.4Reforma de 2003 .................................................................................................................................... 6
2.5Reforma de 2014-2020 ........................................................................................................................... 6
2.6Reforma de 2021-2027 ........................................................................................................................... 6
A Agricultura Portuguesa e a PAC ........................................................................................................................ 7
1.Vantagens e desvantagens da PAC para o setor agrícola português .............................................................. 7
2.A PAC na atualidade ..................................................................................................................................... 9
2.1 Exploração de notícias acerca da PAC na atualidade............................................................................. 10
Caso de Estudo: região agrária da Beira Litoral .................................................................................................. 12
1.Caracterização Beira Litoral ........................................................................................................................ 12
2.Caso de sucesso da PAC na Beira Litoral ..................................................................................................... 12
Conclusão ......................................................................................................................................................... 14
Webgrafia / Bibliografia .................................................................................................................................... 15

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Introdução
Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Geografia A por alunos do 11º ano do curso de Línguas e
Humanidades.
Neste projeto temos como principais objetivos, desenvolver um método de pesquisa, seleção e tratamento de
dados, identificar os objetivos e origem da PAC e das suas reformas, analisar criticamente os prós e contras da
PAC no contexto da agricultura portuguesa e da região agrária selecionada (Beira Litoral), caracterizando a mesma
e ainda, aplicar os conhecimentos que tivemos oportunidade de adquirir ao longo das aulas.
Ao longo deste documento, podem ser observados mapas, gráficos construídos e recolhidos do PORDATA pelos
participantes envolvidos neste trabalho relacionados com diversos fatores relativos à agricultura e imagens
relativas aos temas, bem como algumas notícias, devidamente analisadas de modo a justificar e complementar
as informações apresentadas.

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A Política agrícola comum
1. Origem da PAC
A ideia da criação da PAC surgiu no tratado de Roma em 1957 pro-
movida pelos países fundadores (França, República federal da Ale-
manha, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo).

A PAC foi criada em 1962 com objetivo de dar apoio aos países
europeus afetados pela 2ª Guerra Mundial, que ficaram sem alimen-
tos e cultivos devido aos solos que ficaram destruídos dando-lhes
uma qualidade de vida baixa.

A PAC (Política Agrícola comum) é um sistema de subsídios e ajudas aos produtores (agricultores, criadores de
gado e silvicultores), foi uma das primeiras políticas criadas pela CEE (Comunidade Económica Europeia), atual-
mente UE (União Europeia).

Os objetivos iniciais da PAC eram ampliar a produtividade da agricultura, garantir um bom nível de vida justo à
população agrícola, estabilizar os mercados com os produtos agrícolas também garantindo a proteção dos abas-
tecimentos vindo de outros países e assegurar preços acessíveis aos consumidores, todos os gastos/despesas da
PAC eram suportados pelo orçamento comunitário.

2. As reformas da PAC
Ao longo dos anos, devido às medidas aplicadas por meio da PAC, tanto as atividades agrícolas quanto o espaço
rural foram evoluindo, sofrendo constrangimentos e conveniências.
Deste modo foi necessário ir adaptando as medidas, imposições e apoios à realidade dos diferentes espaços.

2.1 Primeira PAC- 1962


Como já referido, com a repercussão da Segunda Guerra Mundial
na Europa, os campos estavam destruídos e, consequentemente,
os recursos alimentares eram escassos, a agricultura passava por
um mau período produtivo e financeiro.
O setor agrícola era um dos mais importantes na economia
europeia do pós-guerra, na medida em que era necessário
restaurar o equilíbrio económico e do nível de vida da população.
Assim, para pôr em prática estes objetivos, os seis países constituintes da então CEE (Comunidade Económica
Europeia) foram obrigados a aplicar diversas medidas, com base em três objetivos principais, sendo estes:
✓ Unicidade de mercado ⎯ criação de um mercado único que permite a livre circulação de produtos dentro
dos Estados-Membros, favorecendo a especialização e a competitividade

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✓ Preferência comunitária ⎯ aplicação de medidas protecionistas face a produtos importados de países
terceiros a preços mais baixos
✓ Solidariedade financeira ⎯ Todos os Estados-Membros se responsabilizavam pelo financiamento da
PAC, sendo todas as despesas e gastos financiados pelo Orçamento Comunitário.
Esta primeira PAC teve como objetivo o incremento da produtividade agrícola, assegurar um nível de vida
equitativo à população agrícola, garantir a segurança dos abastecimentos e estabilizar os mercados.

2.2 Reforma 1992 (reformas MacSherry)


Estas primeiras medidas aplicadas pela PAC tiveram tanto sucesso que, poucos anos depois a Europa conseguiu
garantir a sua autossuficiência. Embora esta não tenha sido um fator positivo visto que acarretou consigo uma
criação de excedentes, em tão grande número que não era possível escoar nos mercados, levando a um elevado
custo de armazenamento.
Deste modo, não só por este, mas também por outras adversidades, foi necessário aplicar uma lógica de “pagar
para não produzir” ⎯ set-aside, em contrariedade à lógica inicial de “quem mais produz mais ganha”. Esta
reforma teve como principais objetivos: → a redução dos preços e diminuição dos custos;
→ o decréscimo dos excedentes;
→ a redução das assimetrias entre os Estados-Membros;
→ a manutenção da população agrícola;
→ respeito e valorização do meio-ambiente.
Com as medidas aplicadas puderam-se ver alguns efeitos positivos, mas alguns problemas prevaleceram como,
por exemplo, a ineficiência na aplicação dos apoios, a intensificação dos problemas ambientais e o aumento das
diferenças de rendimento entre os agricultores.

2.3 Reforma de 1999 (aplicação do 2º pilar)


Para além do reforço das alterações introduzidas em 1992, esta reforma deu um novo destaque ao
desenvolvimento rural, até agora deixado um pouco de parte.
Focou-se ainda em:
✓ adequar os métodos de produção às necessidades
ambientais;
✓ favorecer a fitossanidade e bem-estar animal;
✓ e valorizar o papel multifuncional da agricultura, para
além da função de produção, por exemplo como
agente fundamental no desenvolvimento social e
económico dos espaços rurais.

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Apostou ainda num sistema de rotulagem dos produtos: DOP, IGP e ETG,
que contribuem para a especialização agrícola e desenvolvimento do espaço
rural originário desses mesmos produtos.

2.4 Reforma de 2003


Esta reforma serviu como modalidade de preparação para o grande alargamento que a União Europeia
experienciou em 2004. Reforçou a política de desenvolvimento rural, 2º pilar da PAC e introduziu, a nível
agroambiental:
✓ A modulação, ou seja, adaptação às diferentes realidades rurais,
diminuindo os pagamentos diretos às explorações de maior dimensão
permitindo financiar e apoiar o desenvolvimento rural
✓ O pagamento único, os agricultores passam a receber um
pagamento único por exploração, independentemente da quantidade
de produção, permitindo que se adaptem às necessidades do mercado.
✓ Aliado a este pagamento único, surge uma condicionalidade, ou
seja, os produtores recebem este pagamento sobre a condição de respeitarem diversas medidas
ambientais, de segurança alimentar, fitossanidade e saúde e bem-estar animal

2.5 Reforma de 2014-2020


Esta reforma reforçou e adotou medidas no âmbito:
✓ Da segurança alimentar
✓ Do ambiente e alterações climáticas
✓ Do equilíbrio territorial
Tendo em vista aumentar a competitividade do setor agrícola, fomentar a inovação, combater as alterações
climáticas e apoiar o emprego e a fixação de população, evitando o despovoamento e apoiando o
desenvolvimento das áreas rurais.

2.6 Reforma de 2021-2027


Nesta mais recente reforma, a PAC vai-se focar em três objetivos gerais, garantir o abastecimento alimentar,
contribuir para objetivos ambientais e climáticos e promover o desenvolvimento socioeconómico dos territórios.
Deste modo, enfatiza finalidades como por exemplo:
✓ Garantir uma renda justa aos agricultores;
✓ Aumentar a competitividade por meio da inovação e
conhecimento
✓ Melhorar a qualidade dos alimentos e a saúde
✓ Promover a renovação geracional
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Vai ser uma PAC mais focada num dos grandes problemas contemporâneos que tem cada vez mais visibilidade
e consciencialização por parte da população. Tirando proveito do incremento tecnológico, vai adaptar o tipo de
culturas ao clima, modificar as sementes para serem mais resistentes, privilegiando também, a criação de gado
extensiva e produções que retirem componentes atmosféricos nocivos, como é o caso da soja.

A Agricultura Portuguesa e a PAC


1. Vantagens e desvantagens da PAC para o setor agrícola português
Desde a adesão à CEE, Portugal passou por um período de adaptação progressiva à PAC.
Através do Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa (PEDAP), foi possível canalizar os
investimentos da PAC para solucionar os problemas mais enraizados da agricultura Portuguesa favorecendo:
• o desenvolvimento da formação profissional e da investigação

• a melhoria das estruturas de produção

• o melhoramento fundiário (incentivos ao emparcelamento)

Ao longo dos anos a implementação das reformas da PAC trouxe para Portugal vantagens e desvantagens como:
• Aceso a importantes transferências financeiras com vantagens negociais, como por exemplo: facilidade
no escoamento de excedentes e no comércio com outros países membros;

• Aumento do rendimento per capita da população agrícola ativa devido à redução elevada da mão de
obra graças à possibilidade da mecanização com as ajudas financeiras da PAC;

• Melhoria notável da qualidade dos produtos agroalimentares, alguns ligados aos produtos DOP, IGP,
ETG. A melhoria notável dos produtos existe em função das medidas de contribuição para o bem-estar
dos animais e para fitossanidade impostas na reforma da PAC de 1999
onde também houve uma aposta nas multifuncionalidades da agricul-
tura.

• Aumento da dimensão das explorações através incentivos ao emparce-


lamento de terras que aumentaram a produtividade e o rendimento
para os agricultores.

Como nem tudo são flores, também se verificaram algumas desvantagens:


• O rendimento dos produtores tem diminuído devido à concorrência dos produtos estrangeiros

• Portugal foi penalizado pela produção de excedentes dos restantes Estados-Membros, mesmo não tendo
contribuído para os mesmos. Tendo sido sujeito, na reforma de 1992, à aplicação de quotas limitantes à
produção, como é o exemplo das quotas leiteiras.

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• Foi desfavorecido pelo sistema de financiamento e de repartição dos apoios, na medida em que os pe-
quenos agricultores, com uma agricultura predominantemente familiar não recebem tantos apoios, tam-
bém devido à dificuldade de inovação e adesão a uma agricultura mais ecológica, o que leva, muitas
vezes, ao abandonamento do setor

Na beira litoral tendo em conta as novas medidas da PAC para a aposta numa agricultura mais verde e biológica
vários agricultores acabam por não aderir a este tipo de produção devido a uma série de incertezas como: o
processo de certificação, o conhecimento técnico de novas tecnologias, especialmente a proteção de culturas, e
os problemas de comercialização e garantia de rentabilidade.

No gráfico a seguir apresentado (gráfico 1) é possível observar a mão de obra agrícola total e por grupo etário
onde se pode observar que, de modo geral, se tem verificado uma diminuição da mão de obra agrícola, pode-se
notar que o menor número de mão de obra agrícola, pertence ao grupo etário dos 24 anos para baixo e maior
parte da população pertence ao grupo etário dos 55 anos ou mais.

Isto pode ser prejudicial uma vez que a mão de obra mais envelhecida, está menos aberta a formações
profissionais a utiliza técnicas mais rudimentares. Para além disso, a diminuição da mão de obra pode ser positiva,
se associada a um aumento da mecanização, o que, no caso de Portugal, embora isso se tenha verificado, também
Gráfico 1 se verificou, e em maior escala, a
redução do peso da agricultura na
economia e no emprego, o que
significa que houve uma
diminuição da mão de obra total
agrícola, o que se traduz numa
diminuição da contribuição para o
PIB.

Gráfico 2
Por analise do gráfico 2 podemos concluir
que a dimensão média das explorações em
Portugal tem aumentado, isto deve se pois a
PAC tem vindo a aumentar gradualmente o
incentivo ao emparcelamento de
explorações, assim como o apoio mútuo de
produtores através de associações agrícolas.

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Isto é positivo pois através do emparcelamento e de associações agrícolas consegue-se o aumento das
explorações agrícolas e com isto uma maior produtividade e rendimento da terra , pois os agricultores conseguem
mecanizar a sua exploração com sistemas de rega ,por exemplo, aumentado assim o seu rendimento, torna se
mais rentável investir em parcelas de terra maior pois existe um maior aproveitamento do solo com a maior
produção e sendo a terra maior o rendimento do agricultor tendo o mesmo maior poder de venda contribuído
para o PIB da agricultura.

2. A PAC na atualidade
A PAC (Política agrícola comum), atualmente, encontra-se na re-
forma de 2021-2027. Esta reforma tem como objetivo tornar o se-
tor agrícola europeu mais sustentável e moderno. Centrando-se
em três objetivos gerais, relacionados com a sustentabilidade so-
cial, ambiental e económica na agricultura nas zonas rurais. Com
estes objetivos da reforma, a PAC visa garantir o abastecimento
familiar, contribuir com medidas para o ambiente e promover o
desenvolvimento económico rural. Tendo estes objetivos como base o 1º Pilar e 2º Pilar.
A PAC é financiada por dois fundos o FEAGA, este fundo presta apoio direto aos agricultores e financia medidas
de mercado, e o FEADER, o financiamento deste fundo vai para o desenvolvimento rural. Dentro do contexto da
atual reforma, os financiamentos serão distribuídos de forma justa pelas explorações pequenas e pelas explora-
ções média. Podemos observar também a contribuição do FSE (Fundo Social
Europeu) que promove o emprego, garante oportunidades de emprego in-
cluindo formação, requalificação e aconselhamento vocacional. Para além
disso, haverá incentivos para se adotar novas técnicas e inovações, como mé-
todos de produção mais sustentáveis.
O membro da Comissão responsável pela pasta da Agricultura, Janusz Wojciechowski, declarou:

«Hoje damos mais um passo em frente na execução da nova PAC para os próximos cinco anos. Este passo dá-
se num momento crucial, em que se tornou muito clara a importância de prestar um apoio sólido ao nosso
setor agrícola. Os agricultores enfrentam uma situação difícil, marcada pelo aumento acentuado dos custos
de produção devido à agressão russa contra a Ucrânia e pela recente seca estival. (…) A nova PAC ajudará a
garantir a estabilidade dos meios de subsistência agrícolas e a segurança alimentar a longo prazo, favore-
cendo um setor agrícola inteligente, competitivo, resiliente e diversificado. (…)».

O PEPAC, Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, que foi aprovado a 31 de agosto de 2022, tem como
objetivo gerir todo o território para haver uma produção agrícola e florestal sustentável e inovadora, permitindo
cumprir os objetivos da reforma atual.

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Portugal tem vindo a enfrentar desafios dos últimos quadros co-
munitários, tais como, aprimorar a competitividade das pequenas
explorações, incentivar uma cooperação mais eficiente e concen-
tração, incluindo o estímulo à formação de organizações produto-
ras, e apoiar o engajamento das novas gerações no setor.
Para isso, as medidas aconselhadas pela Comissão Europeia têm
sido a conservação do estado de conservação das terras agrícolas, incentivar a agricultura biológica, promover
culturas de sequeiro, que precisam de menos água. Para reforçar as medidas de adaptação às alterações climáti-
cas, incentivar o desenvolvimento da produção e uso de energias renováveis e incentivar os jovens que entraram
na agricultura ou em algo que desenvolva a economia rural.

2.1 Exploração de notícias acerca da PAC na atualidade

Segundo o artigo apresentado, expecta-se


relativamente à PAC 2023-2027, a garantia da
sobrevivência das explorações familiares, até agora
prejudicadas na distribuição dos fundos.
Segundo o professor Artur Cristóvão:

«A falta de equidade entre explorações


agrícolas, territórios e agricultores tem sido
muito penalizante para a pequena e média
agricultura familiar em Portugal nos últimos
(Notícia divulgada pela “FunCAP”)
anos.»

Tem-se verificado ainda uma elevada desproporção territorial na distribuição dos fundos, sendo que, em 2018,
apenas 15,7% dos fundos recebidos pelo país chegaram às regiões agrárias de Entre Douro e Minho e Beira Litoral,
enquanto que aproximadamente 50% foram para o Alentejo.
Referem ainda que na nova PAC, uma das prioridades é a promoção da distribuição mais equilibrada dos fundos
entre agricultores, culturas e políticas, aperfeiçoando os instrumentos já existentes e reforçando o
desenvolvimento rural. Pretende-se também assegurar estruturas de apoio aos agricultores na preparação das
candidaturas.
A Ministra da Agricultura salienta o papel da pequena e média agricultura familiar como elemento essencial
para a coesão territorial e para a ocupação de territórios vulneráveis.
O Plano Estratégico da PAC 2023-2027 prevê a incorporação de jovens no setor, a renovação e apoio aos
pequenos investimentos nas explorações agrícolas e a valorização das explorações familiares na atribuição de
ajudas.

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Deste modo, pode-se concluir face ao exposto
que a valorização da agricultura familiar, logo da
mão de obra familiar que tem uma função
imprescindível no setor agrícola visto que
representa grande parte da mão de obra do setor,
como se pode verificar no gráfico a seguir (onde a
barra verde representa a mão de obra total, a azul
a mão de obra familiar e a preta, a mão de obra não
familiar), onde vemos que a familiar tem um total
de 574.837 indivíduos e a não familiar, 73.415
ativos.

De seguida vamos analisar a notícia divulgada no


jornal online «Capital Verde», no qual se informa
que no dia 30 de maio de 2023 a delegação
portuguesa requisitou à Comissão Europeia a
mobilização dos instrumentos disponíveis na PAC
para enfrentar a situação de seca em Portugal,
perante o despacho assinado pela Ministra da
Agricultura e Alimentação, no qual é reconhecida
a situação de seca em 40% do território nacional,
com destaque para a zona sul.
Este pedido veio-se a saber ouvido e autorizado. Deste modo, a Comissão Europeia propôs a mobilização da
Reserva Agrícola, o que representará, para Portugal, aproximadamente 11,6 milhões de euros de financiamento
comunitário adicional de modo a ajudar os agricultores afetados por fenómenos climáticos diversos.

Face à análise destas duas notícias, podemos denotar que a Nova PAC está a tentar adaptar-se à realidade e
condicionalismos atuais, ajudando os produtores prejudicados pelas graves alterações climáticas decorrentes e
ainda, concentra-se e apoia a renovação geracional, mas não esquecendo os agricultores de uma maior faixa
etária, que muitas vezes não possuem instrução a cima do 1º ciclo do ensino básico, possuem maioritariamente
formação prática, sendo por isso menos abertos à inovação decorrente, a mão de obra dessas explorações é
recorrentemente familiar, por todos estes motivos, estão sujeitos a menos apoios da parte da PAC, o que a mesma
tenta contornar nesta nova reforma.

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Caso de Estudo: região agrária da Beira Litoral
1. Caracterização Beira Litoral
A Beira Litoral é uma nas nove regiões agrárias portuguesas. Compreende
parte do distrito de Leiria, Coimbra, Viseu e Aveiro e ainda um pouco do
distrito de Santarém (Ourém). É atravessada pelo rio Mondego e pelo rio
Vouga e a sua localização no litoral favorece a disponibilidade de recursos
hídricos.
Pode-se caracterizar por temperaturas amenas devido à sua proximidade
marítima e precipitação moderada e o seu relevo é mais plano no litoral e com
uma crescente presença de serras para o interior.

No que toca à morfologia agrária, predominam explorações de média dimensão


e latifúndios, de forma regular e aberta, devido aos solos de elevada fertilidade
que permitem a exploração intensiva de culturas de regadio e ao relevo mais
plano.
Predomina a monocultura especializada, com recurso ao afolhamento com
pousio. O sistema de cultura predominante é o intensivo de regadio, como é o
exemplo do arroz, cultura muito comum na região
O povoamento, sendo esta uma zona litoral, logo tendo uma maior densidade
populacional, é mais disperso, até porque o relevo é mais plano, permitindo que
as pessoas se dispersem.

Pode-se verificar, no litoral um predomínio de culturas temporárias como o arroz, milho e a batata e no interior
da região, culturas permanentes como o olival. No que concerne às produções pecuárias, predomina o gado
bovino leiteiro, em regime extensivo e o gado avícola e coelhos em regime intensivo.

2. Caso de sucesso da PAC na Beira Litoral


Atualmente, a procura de frutos
silvestres tem crescido
consideravelmente pelos seus
vários benefícios e as suas
propriedades antioxidantes. O território português compreende características edafoclimáticas que beneficia a
produção desses frutos, como é o caso do mirtilo. Houve também um significante aumento na sua procura devido
à maior preocupação, da população atualmente, em fazer uma alimentação saudável.
Tendo em contas as vantagens, que são proporcionadas tanto pelo clima quanto pelo solo, diversos
agricultores, e mesmo alguma população não pertencente ao setor agrícola, apostaram na produção do mirtilo.

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Apesar de algumas dificuldades que estes produtores de mirtilo têm
vindo a passar, esta cultura tem trazido cada vez mais lucro e sucesso.
Um desses casos de sucesso aconteceu em Ourém, com o casal Susana
e Jorge que antes não faziam parte do setor agrícola. O casal concorreu
ao programa jovens agricultores do PRODER (Programa de
Desenvolvimento Rural (fundos da UE) e investiram na compra de um
terreno com boas propriedades para o tipo de produção de mirtilos,
assim iniciando este percurso pela agricultura dos frutos silvestres.

“Temo-nos dedicado muito a cada planta, a cada baga que tem de ser tratada com muito cuidado. Fazemos
tudo com muito carinho. Nem sempre é fácil, pois os dias (na época alta) começam muito cedo e terminam
muito tarde, todos os dias… Contudo, tem valido a pena: os ecos são bastante positivos e queremos continuar
a dar o nosso melhor, da forma mais natural…”, conclui.
O casal considera que as suas produções estão a ter um rendimento positivo, embora haja sempre algumas
adversidades, estão a ter sucesso e retorno do seu grande investimento.

Brevemente, temos outro exemplo de um caso de


sucesso, desta vez na outra ponta da região agrária,
na freguesia de UI, no concelho de Azeméis, no qual
se amassa e cose pão, numa tradição que passa já de
geração em geração, Lurdes Resende é das poucas
padeiras que ainda produz deste pão que ficou co-
nhecido como o “Pão de UI” e presidente da APPUL,
associação que pretende preservar este saber daqui
em diante. Esta freguesia sempre esteve ligada ao fa-
brico do pão devido à existência de imensos riachos,
que permitiam a utilização de moinhos de água.
Promovendo o emprego, o crescimento, a igualdade de género e o desenvolvimento local das zonas rurais, de
acordo com os objetivos da PAC para o período compreendido entre 2023 e 2027, Lurdes não realiza este ofício
sozinha:

“Isto é uma empresa familiar. Trabalha aqui uma cunhada, um irmão, o meu marido, uma prima, uma afilhada”

A associação APPUL foi criada de modo a preservar e promover este produto regional que conta hoje com
pouco mais de uma dezena de padeiras. Em 2000, foi iniciado o projeto de desenvolvimento integrado do Parque
Temático Molinológico, onde foram recuperados moinhos de água e criadas infraestruturas turísticas e culturais.
Hoje, o pão de Ul é um símbolo desta Aldeia de Portugal e do concelho . A Câmara Municipal de Oliveira de Aze-
méis está a divulgar o projeto “Pão de Ul: Uma profissão com história” com documentários sobre os fazedores de
pão de UI.

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Conclusão
Como citado no princípio, o nosso objetivo era aprofundarmos os nossos conhecimentos sobre a origem da PAC
e como foi a sua evolução até à atualidade, bem como os impactos que teve no território português, mais
especificamente na Beira Litoral. Este foi concluído com sucesso, pudemos aprender mais sobre a agricultura no
nosso país e as características da mesma e sobre a população ativa agrícola e sobre os territórios abrangentes da
Beira Litoral.
Ao longo do trabalho analisámos a origem e sucedentes reformas da Política Agrícola Comum, explorámos a
atual PAC, através da análise de notícias e as dificuldades que a mesma representa para o território português.
Apresentamos os impactes positivos e negativos da mesma no território português, assim como as dificuldades
fundiárias e demográficas em Portugal.
Especificámo-nos no estudo da região agrária da Beira Litoral, a sua caracterização morfológica, os seus tipos
de culturas e o povoamento da região, e ainda, analisámos notícias que albergam os impactes positivos da PAC
na região, referindo casos de sucesso.
De forma a complementar e aumentar a credibilidade dos nossos estudos, recorremos a gráficos da base de
dados PORDATA.
Com base nas nossas buscas, averiguámos que a PAC teve início em 1962, entre os Estados-Membros da CEE,
sofrendo alterações até à atual PAC (2021-2027), sendo as reformas mais importantes as de 1992, onde
implementaram o set-aside; a de 1999 onde implementaram o 2ºpilar (desenvolvimento rural), 2003, com a
implementação do pagamento único, aliado ao condicionalismo e da modulação; e a atual reforma que visa
modernizar a agricultura, assegurando a estabilidade das alterações climáticas e o equilíbrio territorial.
Em Portugal, no início (1986, com a adesão à CEE), a PAC teve vantagens e desvantagens, contribuindo para a
modernização e mecanização da agricultura, embora, tenha sido um pouco prejudicado pelas medidas de
redução dos excedentes para o qual não contribuiu, sofreu ainda um decréscimo do grau de
autoaprovisionamento.
Por outro lado, os problemas da estrutura fundiária foram melhorando, verificando-se um amento da dimensão
média das explorações, no que toca aos problemas demográficos, ainda estão a ser trabalhados, devido às
medidas de rejuvenescimento da população ativa agrícola.
Como analisado a partir de notícias e declarações, a PAC tem favorecido a formação e instrução, a jovens
agricultores que são o futuro do setor e à população ativa agrícola mais envelhecida, que representa a maioria
da mesma. No entanto, estes últimos são os que recebem menos fundos.
Especificando-nos na análise de notícias da região agrária da Beira Litoral, pudemos concluir que a PAC teve
um impacto positivo na mesma, através do financiamento de produtos regionais, como por exemplo o Pão de UI.
E da introdução de novas culturas não existentes na região, como o caso do casal, Susana e Jorge, que investiram,
com o apoio da PAC na produção de mirtilos.
Com este trabalho, dinamizamos o nosso conhecimento da PAC, do setor agrícola e regiões rurais portuguesas,
bem como da Beira Litoral. Pudemos também aplicar os conhecimentos obtidos em aula e desenvolver métodos
de pesquisa e recolha de informação.

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Webgrafia / Bibliografia
https://mediotejo.net/ourem-no-mundo-dos-mirtilos-a-historia-de-um-recomeco-atraves-da-agricultura/
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/31880/1/Cindy_Santos.pdf
https://portugal.representation.ec.europa.eu/news/politica-agricola-comum-para-o-periodo-2023-2027-2022-
08-31_pt
https://www.gpp.pt/images/PEPAC/ConsultaAlargadaNov21/ConsultaAlargadaPEPAC_OrientacaoEstrategica_L
ogicaIntervencao.pdf
https://www.pordata.pt/db/portugal/ambiente+de+consulta/grafico
https://www.portugal.gov.pt/pt/gc23/comunicacao/comunicado?i=comissao-europeia-acolhe-proposta-
portuguesa-e-propoe-utilizacao-da-reserva-agricola
https://eco.sapo.pt/2023/05/23/portugal-vai-pedir-autorizacao-a-bruxelas-para-mobilizar-verbas-da-politica-
agricola-comum/
https://funcapproject.eu/podera-a-nova-pac-ser-um-aliado-para-a-preservacao-da-agricultura-familiar-em-
portugal/?lang=pt-pt
https://apraca.pt/blogs/regioes/beira-litoral
https://prezi.com/p/-ufnvopoezci/beira-litoral/
https://www.pordata.pt/subtema/portugal/emprego-424
https://www.pordata.pt/subtema/portugal/contas+economicas-423
https://www.pordata.pt/subtema/portugal/exploracoes+agricolas+e+superficie-421
https://www.consilium.europa.eu/pt/policies/cap-introduction/timeline-history/

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