Você está na página 1de 12

3.1.2.

Implicações da PAC na
agricultura nacional

O que é a PAC?
Politica Agrícola Comum, PAC, é a primeira grande politica comunitária europeia que foi idealizada no
Tratado de Roma (1957) e finalizada na Conferência de Stresa (1958).

Objetivos iniciais da PAC


A PAC surge após a segunda guerra mundial, num período em que a Europa foi marcada por graves
penúrias alimentares e uma forte dependência externa que era fruto de uma baixa produtividade agrícola
e degradação de infraestruturas agrícolas.
Os objetivos inicias prendiam-se com:

incrementar a produtividade da agricultura;

assegurar um nível de vida equitativo à população agrícola;

estabilizar os mercados dos produtos agrícolas;

garantir a segurança dos abastecimentos;

assegurar preços razoáveis nos fornecimentos aos consumidores.

PAC Inicial (1958-1992)


Princípios da PAC:
Atribuição de subsídios (”quem mais produz, mais ganha”);

Garantias de preços;

Concessão de ajudas ao investimento e modernização agrícolas;

Unicidade de Mercado;

Preferência Comunitária;

Solidariedade Financeira (custos suportados pelo Orçamento da CEE).

Instrumentos da PAC:

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 1


FEOGA - Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola:

Orientação - Contribuía para reformas estruturais (infraestruturas, desenvolvimento,…);

Garantia - Financiava despesas na regulação de preços e apoiava diretamente as explorações.

Pilares da PAC:
1º Pilar - Pagamentos diretos/Regulação do Mercado

2º Pilar - Desenvolvimento Rural

Problemas (1980-92)
Criação de excedentes;

Desajustamento do mercado (oferta/procura);

Desemprego nas áreas rurais;

Peso elevado da PAC no Orçamento Comunitário;

Graves problemas ambientais.

1ª Reforma da PAC (1992-1999)


Princípios da reforma:
redução de preços;

diminuição de custos;

decréscimo de excedentes;

redução das assimetrias entre Estados Membros;

manutenção da pop. agrícola;

respeito e valorização do meio ambiente;

Medidas da reforma:
diminuição dos apoios à produção;

atribuições de subsídios diretos aos agricultores para compensar perdas;

incentivos ao pousio;

set-aside (”pagar para não produzir”).

Problemas estruturais em 1999:

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 2


ineficiência da aplicação dos apoios;

intensificação dos problemas ambientais;

o aumento das diferenças de rendimento entre agricultores.

2ª Reforma da PAC (1999-2003)


Princípios da reforma:
Ajustar a PAC à Agenda 2000;

Melhorar a competitividade;

Definir o segundo pilar para a PAC: Desenvolvimento Rural Sustentável;

garantir a segurança e autenticidade dos géneros alimentícios;

contribuir para o bem-estar animal;

gerir de forma mais eficiente os recursos naturais e paisagísticos;

valorizar o papel multifuncional da agricultura (para além da produção).

3ª Reforma da PAC (2003-2014)


Princípios da Reforma:
adaptação ao surgimento da OMC;

impôr o respeito pelas normas ambientais;

pagamentos desligados da produção;

reforço do investimento no 2º Pilar.

Medidas da Reforma:
Modulação - redução de pagamentos às explorações agrícolas e reforço dos apoios ao
desenvolvimento rural;

Pagamento Único - maior número de pagamentos feitos por explorações agricolas,


independentemente da produção (dissociados), permitindo assim ajustar a produção ao mercado
local;

Condicionalidade - condições aos pagamentos únicos segundo respeito às normas ambientais, de


segurança alimentar, bem estar animal,…

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 3


Reforço do 2º Pilar:

garantia de rendimentos estáveis e equitativos aos agricultores;

maior preocupação com desafios ambientais;

desenvolvimento dos espaços rurais;

valorização da pop. agrícola ativa;

fixação e formação de jovens agricultores;

promoção da igualdade de oportunidades.

4ª Reforma da PAC (2014-2020)


Princípios da Reforma:
distribuir de forma mais equitativa os apoios da PAC;

simplificar os instrumentos e mecanismos de pagamento e controlo da PAC;

diversificação da economia dos espaços rurais;

melhorar a competitividade do setor;

promover uma agricultura mais ecológica e competitiva.

5ª Reforma da PAC (2021/23-2027)


Princípios da Reforma:
ajustar o setor para o período orçamental de 2023-27;

exigir progressos significativos na sustentabilidade.

Reforma dos Pilares da PAC:


1º Pilar

Pagamentos diretos aos agricultores - desde 2003 que a maioria das ajudas são dissociadas;

Organização comum de Mercado Único - em 2021, a “Unicidade de Mercado” já não era um


objetivo, mas sim uma realidade (”Mercado Único”).

2º Pilar

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 4


Desenvolvimento Rural Sustentável - apoiar o desenvolvimento rural para enfrentar os
desafios ambientais, económicos e sociais do séc. XXI.

Reforma dos Instrumentos da PAC:


Fundo Europeu Agrícola de Garantia (FEAGA), que presta o apoio direto aos agricultores e
financia as medidas de mercado;

Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), que financia o 2º Pilar.

Reforma dos Objetivos da PAC:


Garantir o abastecimento alimentar:

Rendimento justo para os agricultores;

Aumentar a competitividade através da inovação;

Equilibrar as forças de mercado (oferta/procura).

Contribuir para objetivos ambientais e climáticos:

Adaptação às alterações climáticas;

Gestão eficiente dos recursos naturais;

Preservação da paisagem e da biodiversidade.

Promover o desenvolvimento socioeconómico do território:

Incentivar a renovação geracional;

Promover áreas rurais dinâmicas;

Proteger a segurança alimentar e bem-estar animal.

Integração da Agricultura Portuguesa na PAC


O setor agrário português é condicionado pela PAC desde 1986 (adesão Ibérica à CEE), desta relação
resultaram constrangimentos e potencialidades. Antes da entrada na CEE, a agricultura portuguesa
caracterizava-se por um baixo rendimento, investimento reduzido, técnicas artesanais, insuficiência de
infraestruturas, fraca organização e pouca experiência de mercado.

1ª Fase: desde a pré-adesão até 1990:


exceções no cumprimento das regras do mercado da PAC;

recebeu fundos do PEDAP (Programa Especifico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa)


para corrigir as deficiências no capital e infraestruturas agrícolas e melhorar as condições de

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 5


produção.

2ª Fase: desde 1990 a 1999:


Mercado Único (1993) - abertura de fronteiras à circulação de produtos, expondo os produtos
portugueses a uma concorrência para o qual não havia preparação;

Set-aside - limitações à produção, reduzindo as possibilidades de crescimento.

Potencialidades da PAC no setor agrário nacional:


Acesso a importantes transferências financeiras com vantagens negociais;

redução de mais de 60% da mão-de-obra devido à inovação;

Aumento do rendimento per capita agrícola;

Melhoria notável da qualidade dos produtos agroalimentares;

Reestruturação das explorações agrícolas, decrescendo o número de explorações de menor


dimensão;

Aumento da dimensão média das explorações;

Apoios concedidos para construção de infraestruturas de regadio (principalmente na RA ALE).

Constrangimentos da PAG no setor agrário nacional:


Decréscimo do grau de auto aprovisionamento;

Decréscimo da produção vegetal, fruto do set-aside;

Redução do peso da agricultura na economia nacional (mão-de obra e VAB).

Aspetos condicionantes do setor agrário português:


o uso de solos não respeita a sua aptidão natural

a ligação da agricultura às indústrias transformadoras ainda está muito subdesenvolvida;

práticas incorretas de muitos agricultores que degradam os solos:

utilização excessiva de fitofármacos;

monocultura;

excessiva mobilização de máquinas nos solos.

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 6


Quais são os problemas estruturais da agricultura
portuguesa?
Características das Explorações Agrícolas:
Estrutura fundiária:

Predomínio de explorações de muito pequena dimensão;

Elevada fragmentação a norte do rio Tejo.

Gestão das explorações:

Grande maioria das explorações é gerida por produtores singulares;

Reduzido número de sociedade agrícolas;

Predomínio da exploração por conta própria.

Características da População Ativa:


Número de efetivos em decréscimo;

Tipo de Mão de Obra:

Predomínio da mão-de-obra familiar;

Pouco recurso a mão-de-obra contratada.

Estrutura etária regista um elevado envelhecimento;

Instrução e qualificação profissional deficitária (predomínio de agricultores com o 1ºCEB ou


formação exclusivamente prática);

Pluriatividade e plurirrendimento (dedicação a tempo parcial e rendimentos não suficientes).

Reflexos da PAC:
Reestruturação das explorações (diminuição significativa do nº de explorações);

Impactes no emprego e na economia (decréscimo do grau de auto aprovisionamento).

Características do Setor Agroindustrial:


Tecido empresarial (reduzido desenvolvimento da indústria transformadora);

Dependência externa (fraco peso negocial das empresas no contexto internacional e elevados custos
operacionais)

Condicionalismos Técnicos:
Reduzida mecanização;

Maquinaria obsoleta e pouca eficiência energética;

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 7


Deficiências ao nível da segurança dos operadores das máquinas agrícolas.

Quais as formas de potencializar a agricultura


portuguesa?
Produção
Otimizar os processos produtivos, através:

do investimento em infraestruturas;

do investimento em tecnologia produtiva;

do investimento em formação;

do investimento em processos agrícolas de precisão;

da seleção adequada dos solos;

do redimensionamento das explorações agrícolas a partir do emparcelamento.

Aposta na valorização e diferenciação dos produtos;

Conciliar a produção com as necessidades do mercado;

Valorizar a mão-de-obra;

Apostar em novos produtos que se coadunem com novos conceitos de alimentação;

Valorização a sustentabilidade da produção.

Transformação
Aumentar a incorporação de matérias-primas nacionais;

Desenvolver novas tecnologias de processamento e conservação dos alimentos;

Promover sinergias entre diferentes intervenientes no setor agrário.

Comercialização
Estimular a criação de cooperativas agrícolas, associações ou sociedades;

Investir em estruturas de recolha, tratamento, armazenamento e expedição;

Comercializar novos produtos alimentares, orientados para novos nichos de mercado;

Apostar em países emergentes e na CPLP;

Apostar na comunicação e na promoção de produtos portugueses;

Apostar na criação de mais parcerias com instituições ligadas à inovação.

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 8


Agricultura Biológica
Promove a descarbonização e a economia circular, promovendo também a regeneração do ciclo de
nutrientes, a gestão eficiente da água e a reabilitação dos solos;

Incrementa uma cultura de produção, consumo e colaboração locais, contribuindo para a


minimização dos impactos ambientais da agricultura.

Rotulagem Europeia de Produtos Agroalimentares


Através de 3 categorias de produtos agrícolas, a UE garante a qualidade a a autenticidade dos produtos
apresentando benefícios para o produtor e para o consumidor, tais como:

DOP - Denominação de Origem Protegida - Pêra Rocha do Oeste/Maracujá dos Açores

IGP - Indicação Geográfica Protegida - Alheira de Mirandela/Ovos Moles de Aveiro

ETG - Especialidade Tradicional Garantida - Bacalhau de Cura Tradicional Portuguesa/Sopa da


Pedra de Almeirim

Quais as oportunidades de desenvolvimento para


áreas rurais?
O Desenvolvimento dos Espaços Rurais Sustentável é um objetivo cada vez maior da PAC e é
financiado pelos fundos comunitários (FEADER). Isto representa uma aposta na diversificação da
economia rural para além da agricultura. Assim favorecendo:

o aumento da competitividade da agricultura;

a gestão sustentável dos recursos naturais;

o desenvolvimento territorial equilibrado e a fixação da população;

a valorização e conservação do património cultural e paisagístico;

a criação de riqueza, através de novas oportunidades de negócio e criação e manutenção de


emprego.

Para o futuro, a PAC propõe:

fomentar a competitividade do setor agrícola;

garantir a gestão sustentável dos recursos naturais e ações no domínio do clima;

alcançar um desenvolvimento territorial equilibrado das economias e comunidades rurais.

Em Portugal, o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) inclui um conjunto de ações que visam a
promoção da competitividade no setor agroflorestal:

ao turismo em espaço rural;

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 9


à indústria;

aos serviços;

à produção de energia;

à silvicultura.

Turismo em Espaço Rural (TER)


O TER tem efeitos multiplicadores e favorece:

a sustentação do rendimento dos agricultores;

a diversificação de atividades relacionadas com a exploração agrícola;

a pluriatividade;

o desenvolvimento de novos serviços;

maior desconcentração do turismo nas áreas urbanas;

recuperação de património e apoio ao artesanato rural.

Este tipo de turismo tem várias modalidades, classificadas em:

Casas de Campo

Turismo de Aldeia

Agro Turismo

Hotéis Rurais

Parques de Campismo Rural

Atividades de Animação e Diversão Rural

Indústria
As indústrias transformadoras dos produtos agrícolas permitem:

Aumentar a diversidade do produto;

Aumentar o valor acrescentado;

Valorizar os recursos endógenos;

Utilizar mão-de-obra intensiva e local;

Reduzir períodos de sazonalidade e flutuação;

Diversificar a economia rural;

Diminuir a poluição.

As indústrias relacionadas com o meio rural são: industrias agropecuárias, indústrias de exploração
florestal e indústrias de transformação agroalimentar.

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 10


Serviços
Os Serviços são essenciais para o funcionamento de qualquer população, principalmente para o seu
desenvolvimento através de:

serviços básicos - educação, saúde e administração;

serviços pessoais - restauração e comércio;

serviços às empresas - transporte, bancos, companhias de seguros e centros de formação.

Produção de Energias Renováveis


A produção de energias renováveis é fulcral para o Desenvolvimento Rural Sustentável, pois permite:

criar postos de trabalho;

potenciar novas fontes de rendimento;

que as comunidades rurais se tornem menos dependentes das flutuações de preços de energia
importada.

Para tal, são apontadas 3 principais opções:

Biomassa - permite reaproveitar os residuais florestais e efluentes pecuários;

Eólica/Solar - diversifica a base económica das áreas rurais através do arrendamento de terrenos
para instalação de infraestruturas;

Mini Hídricas (Barragens de Produção) - abastecem pequenas localidades de energia e também de


água para rega.

Silvicultura
A Silvicultura é um setor fundamental para as áreas rurais devido à sua multifuncionalidade:

promove o emprego e gera riqueza;

proporciona espaços de lazer;

preserva os solos e a biodiversidade, conservando as águas e regulariza o ciclo da água.

Apesar disso, o setor enfrenta constrangimentos tal como:

Reduzida dimensão e elevada fragmentação da propriedade florestal, ocupada em larga escala por
povoamentos florestais degradados;

Decréscimo do valor acrescentado silvícola;

Degradação dos preços na produção face aos consumos intermédios;

Elevada exposição a agentes bióticos e abióticos;

Abandono de práticas de pastoreio e recolha da mata que limpavam o substrato arbustivo.

Para mitigar estes problemas existem soluções tal como:

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 11


Promoção do emparcelamento florestal;

Adequação dos modelos de silvicultura aos diferentes povoamentos;

Criação de instrumentos de ordenamento e gestão florestal;

Dinamização de novos mercados de destino;

Aumento da capacidade inovadora;

Incremento de povoamentos de árvores de folha caduca;

Reforço dos mecanismos de gestão do risco;

Apostar na prevenção de incêndios com:

limpeza e desbaste;

manutenção das vias de acesso, linhas corta fogo e faixas de segurança;

otimização dos pontos de água.

Aumentar a eficácia no combate aos incêndios;

Retomar o pastoreio tradicional, que mantêm a floresta limpa

3.1.2. Implicações da PAC na agricultura nacional 12

Você também pode gostar