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Os Espaços Organizados pela População

1995 – Organização Mundial do Comércio:


Objetivos: Tornar o Comércio
o Transparente;
o Previsível;
o Competitivo;
o Não discriminatório;
o Favorável aos países menos desenvolvidos.

Inclusão da Agricultura Europeia no domínio das regras do Comércio Internacional:


A UE teve que reformar a PAC para cumprir as regras da OMC.

Objetivo Principal da Reforma de 2003 – Contribuir para a defesa da PAC nas


negociações internacionais da OMC.

GRANDES ALTERAÇÕES DA REFORMA DE 2003

1º Pilar – Agricultores 2º Pilar – Desenvolvimento Rural


1. Modulação
 Redução do pagamento direto às
explorações de maior dimensão;
 Rendimentos estáveis e equitativos
 Diminuição das despesas da PAC
para os agricultores;
(a PAC passou a financiar novas
medidas de desenvolvimento rural)
 Preocupação com desafios
2. Pagamento Único ambientais;

 Mudança da forma como os agricultores  Desenvolvimento de atividades


são subsidiados complementares para diminuir o
Ajudas ligadas ao rendimento êxodo rural;
substituídas por um pagamento único
por exploração.
 Apoio à fixação de jovens
 Os agricultores têm liberdade para agricultores, reformas antecipadas e
adaptar a produção às necessidades do formação para valorizar a população
mercado e do consumidor. ativa agrícola
3. Condicionalidade
 Promover a igualdade de
 Pagamento único por exploração oportunidades.
condicionado ao respeito de normas
(a nível do ambiente, segurança
alimentar e bem-estar animal)

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OBJETIVOS / MEDIDAS DA REFORMA


Segurança Alimentar Ambiente Equilíbrio Territorial

Garantir práticas de produção


Contribuir para rendimentos Apoiar emprego rural para
sustentável
agrícolas e diminuir a sua preservar a população nas
Agricultura menos intensiva
oscilação áreas rurais
e mais amiga do ambiente

Melhorar a competitividade
do setor agrícola: Promover o crescimento Melhorar economia rural e a
Aumentar a sua quota de verde através da inovação sua diversificação
valor na cadeia alimentar

Permitir a diversidade
estrutural dos sistemas de
Compensar dificuldades de produção agrícola
Mitigar as alterações
produção em áreas com Melhorar as condições de
climáticas
condicionantes naturais. vida das pequenas
explorações
Desenvolver mercados locais

 Centrada em metas sociais, ambientais e económicas.


 Apenas começou a ser aplicada em 2023.

OBJETIVOS GERAIS
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Promover o
Garantir o Abastecimento Contribuir para Objetivos Desenvolvimento
Alimentar Ambientais e Climáticos Socioeconómico dos
Territórios
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Rendimento justo para os Adaptação às alterações Incentivar a renovação


agricultores climáticas geracional

Aumentar a Gestão dos recursos Promover áreas rurais


competitividade naturais dinâmicas
Proteger a segurança
Equilibrar forças na cadeia Preservação da paisagem e
alimentar e bem-estar
de valor biodiversidade
animal
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1º Pilar 2º Pilar

Pagamento Direto aos Agricultores Desenvolvimento Rural

A partir da reforma de 2003 a produção é Política de Desenvolvimento Rural da UE


dissociada em grande parte das ajudas apoia as áreas rurais e enfrenta desafios
diretas. económicos, ambientais, e sociais.

Organização Comum de Mercado Única

2007 – 21 OCM fundem-se numa única


OCM que abrange todos os produtos
agrícolas

Fundo Europeu Agrícola de Garantia Fundo Europeu Agrícola de Desenv. Rural


FEAGA FEADER

1986 – Adesão à CEE – Setor agrário nacional é condicionado pela PAC.

PEDAP – Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa:


Apoio ao período de transição para adaptação progressiva à PAC
OBJETIVOS DO PEDAP:
 Desenvolver a formação profissional e investigação;
 Melhorar as estruturas de produção (aquisição de máquinas, estufas, etc.);
 Melhoramento Fundiário – Emparcelamento.

CONSEQUÊNCIAS DA IMPLEMNTAÇÃO DA PAC


Positivas Negativas
Acesso a transferências financeiras com vantagens negociáveis
Mais máquinas, menos mão-de-obra e mais rendimento: Decréscimo da produção vegetal (abandono agrícola)
Redução de mais de 60% da mão-de-obra das explorações; Aumento da produção animal e área de pastagens
Aumento do rendimento per capita da população agrícola.
Melhoria da qualidade dos produtos agroalimentares Decréscimo do grau de autoaprovisionamento:
Redução do peso da agricultura no emprego e na economia. Diminuição da produção

Redução de mais de 50% do número de explorações;


Aumento de dimensão – emparcelamento. Diminuição da contribuição do VAB agrícola para o PIB
(valor acrescentado bruto – valor da produção deduzida das
Apoios concedidos para o aumento de áreas de regadio despesas)
(maior produtividade)

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NOTA – PIB – Produto Interno Bruto:


Valor total de bens e serviços produzidos num país durante o ano

Tipos de Agricultura – diferentes formas de ocupação do solo para fins de produção


agrícola que refletem a inter-relação de fatores naturais e humanos que condicionam o
desenvolvimento e a distribuição geográfica das culturas.

Agricultura Biológica – modo de produção baseado na atividade biológica do solo, não


permitindo a utilização de produtos químicos e respeitando o bem-estar animal;
Apenas utiliza pesticidas, herbicidas e fertilizantes naturais.

 A agricultura biológica é incentivada pela PAC;


 A área agrícola total em modo de produção biológica tem aumentado desde 1994
Correspondem a 8,1% do total da SAU;
 Os produtos agrícolas biológicos são:
 Mais caros;
 Mais feios;
 Menos resistentes;
 De maior qualidade (mais saudáveis).

Vantagens da Agricultura Biológica:


 Promove a descarbonização e a promoção da economia circular (alargamento do
ciclo de vida dos produtos) pois:

 Promove a regeneração do ciclo de nutrientes;


 Contribui para a gestão eficiente da água;
 Permite a reabilitação dos solos (uso de fertilizantes minerais).

 Promove uma cultura de produção, consumo e colaboração locais, contribuindo


para a diminuição dos impactes ambientais.

ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A AGRICULTURA BIOLÓGICA (ENAB) – até 2027:


 Aumentar a área de agricultura biológica para 12% da SAL;
 Triplicar as áreas de produção agrícola biológica destinadas a consumo direto ou
transformação;
 Aumentar o consumo de produtos biológicos para 50%;
 Triplicar a disponibilidade de produtos biológicos nacionais no mercado.

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Características das Características da Características do Condicionalismos


Reflexos da PAC
Explorações Agrícolas População Agrícola Setor Agroindustrial Técnicos
Estrutura Fundiária: Tecido Empresarial: Tecnologia Utilizada:
– Pequena dimensão Reestruturação das – Reduzido – Pouca mecanização
(a Norte do Tejo) Diminuição do número Explorações: desenvolvimento da – Maquinaria obsoleta
– Elevada de efetivos – Diminuição do indústria – Baixa segurança dos
Fragmentação número de Explorações – Elevada dispersão operadores das
(a Norte do Tejo) empresarial máquinas

Dependência Externa:
Impactes no Emprego e
Consequências: – Fraco peso negocial
na Economia:
– Menos rendimento e no estrangeiro Consequências:
Tipo de mão-de-obra: – Decréscimo da
produtividade agrícola – Dependência das – Fraca competitividade
– Predomina a mão-de- produção agrícola
– Entraves à importações – Baixa produtividade
obra familiar – Redução do peso da
mecanização da – Grande peso dos – Problemas ambientais
mão-de-obra e da
agricultura custos operacionais
agricultura para o PIB
(energia e transportes)

Gestão:
Consequências:
– Gestão por Consequências:
– Fraca Competitividade
produtores singulares Estrutura Etária: – Obstáculos ao
– Abandono agrícola
– Poucas sociedades – População ativa desenvolvimento da
– Envelhecimento da
agrícolas agrícola envelhecida indústria agroalimentar
população ativa agrícola
– Predomínio da (mais de 65 anos) – Aumento da
– Aumento da
Exploração por conta dependência externa
dependência externa
própria

Instrução e qualificação
profissional:
Consequências: – Produtores com
– Fraco associativismo habilitações ao nível do
– Individualismo agrário 1º CEB
– Formação agrícola
exclusivamente prática

Pluriatividade e
Plurirrendimento:
– Produtores dedicam-
se em tempo parcial à
atividade
– Rendimentos
sobretudo de origem
exterior à exploração

Consequências:
– Baixa produtividade
– Fraca competitividade
– Baixa recetividade à * NOTA – Indústria Agroalimentar – conjunto de
mudança e à inovação atividades relacionadas com a transformação de
– Reduzido espírito de matérias-primas em bens alimentares e bebidas.
iniciativa
– Fraco
empreendedorismo
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Potencialização da agricultura nacional:


o Domínio da Produção;
o Domínio da Transformação;
o Domínio da Comercialização.

1. DOMÍNIO DA PRODUÇÃO:
 Modernizar os processos produtivos:
 Investimento em infraestruturas
(gestão mais eficiente da água, melhoria da rede de caminhos, etc.);
 Investimento em tecnologia produtiva
(aquisição de maquinaria, robôs, drones, sensores, etc.)
 Seleção adequada dos solos;
 Redimensionamento das explorações agrícolas:
Emparcelamento – redimensionamento das explorações agrícolas através
da junção de parcelas que antes estavam geograficamente afastadas.
o Aumento da produtividade e rendimento agrícolas;
Vantagens do o Diminuição do tempo e esforço empregues na agricultura;
Emparcelamento o Menor desgaste no uso de maquinaria;
o Diminuição dos custos de produção (menos combustível).

 Apostar na valorização e diferenciação dos produtos portugueses:


(negativo para a autossuficiência, mas positivo para a riqueza do país);
 Conciliar a produção com as necessidades de mercado
(Desenvolvimento focado em nichos de mercado específicos);
 Valorizar a mão-de-obra agrícola:
 Incentivos ao rejuvenescimento da população agrícola;
 Maior aposta na formação e qualificação profissional dos produtores.
 Apostar em produtos com novos conceitos de alimentação;
 Valorizar a sustentabilidade da produção.

2. DOMÍNIO DA TRANSFORMAÇÃO:
 Aumentar a incorporação de matérias-primas nacionais na indústria;
 Desenvolver novas tecnologias de processamento e conservação dos alimentos;
 Promover sinergias (junção de empresas) entre os diferentes intervenientes do
setor, facilitando a entrada no mercado internacional.

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3. DOMÍNIO DA COMERCIALIZAÇÃO:
 Apostar na criação de cooperativas agrícolas para estimular a organização dos
produtores;
 Investir em estruturas de recolha, tratamento, armazenamento e expedição;
 Comercializar novos produtos alimentares orientados para nichos de mercado com
necessidades nutricionais específicas.
 Apostar nos países emergentes (manter posições no mercado europeu e CPLP)
 Apostar na comunicação e promoção dos produtos portugueses;
 Criar mais parecerias com instituições ligadas à inovação.

Espaço Rural deve ser considerado numa perspetiva multifuncional para permitir a
diversificação da sua economia.

Fatores Atrativos das Áreas Rurais:


 Aumento da competitividade da agricultura e silvicultura;
 Gestão sustentável dos recursos naturais;
 Desenvolvimento territorial equilibrado e fixação da população;
 Valorização e conservação do património cultural e paisagístico;
 Criação de riqueza através de novas oportunidades de negócio e criação e
manutenção de emprego.

OBJETIVOS DO FEADER (Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural):


 Fomentar a competitividade do setor agrícola;
 Garantir a gestão sustentável dos recursos naturais e ações climáticas;
 Alcançar um desenvolvimento territorial equilibrado das economias e
comunidades rurais (criação e manutenção de emprego).
Como é que é feita a aplicação do FEADER?
Programa de Desenvolvimento Rural – PDR
5% do financiamento do PDR deve ter como objetivo a implementação de ações do
método LEADER (desenvolvimento local) de base comunitária.

Programa de Desenvolvimento Rural 2014 – 2020: Promove atividades ligadas:


 Turismo e espaço rural;
 Indústria;
 Serviços;
 Produção de energia;
 Silvicultura.
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É uma atividade económica capaz de gerar desenvolvimento económico nas áreas rurais.
Turismo – motor de desenvolvimento do espaço rural devido aos Efeitos Multiplicadores.

Efeitos Multiplicadores – consequências diretas ou indiretas de uma ação ou decisão


(exemplo: instalação de uma unidade de turismo rural)

Consequências (positivas) dos efeitos multiplicadores:


o Sustentação do rendimento dos agricultores;
o Diversificação de atividades relacionadas com a exploração agrícola;
o Pluriatividade;
o Desenvolvimento de novos serviços;
o Conservação e melhoria da natureza e do ambiente paisagístico;
o Maior desconcentração do turismo por todo o território;
o Recuperação do património histórico e apoio à arte e artesanato local.

MODALIDADES DO TER:
Casas de Campo – prestam serviços de alojamento aos turistas em imóveis que integram
materiais de construção e características da arquitetura típica local.
Turismo de Aldeia – cinco ou mais casas de campo situam-se na mesma aldeia e são
exploradas de uma forma integrada por uma única entidade.
Agroturismo – imóveis situam-se em explorações agrícolas que prestam serviços de
alojamento aos turistas e permitem aos mesmos a participação nos trabalhos agrícolas aí
desenvolvidos.
Hotéis Rurais – hotéis situados em espaços rurais que respeitam as características de
construção e arquitetónicas do local onde estão implementados.
Parques de Campismo Rurais
Atividades de Animação ou Diversão

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A indústria assume um papel importante principalmente quando está associada a recursos


endógenos, produtos tradicionais e atividades como a agricultura, pecuária e exploração
florestal.

Principais tipos de indústria das áreas rurais:


 Produção Agropecuária – conserva de frutas e de vegetais, transformação de
tomate, carne e laticínios;
 Exploração Florestal – carpintaria e corticeiras;
 Extração e Transformação – rochas e minerais.

A atividade industrial contribui para o desenvolvimento das áreas rurais quando:


 Utiliza mão-de-obra intensiva (emprega a população ativa local e equilibra os
vários setores de atividade);
 Aproveita os recursos endógenos (contribui para o desenvolvimento sustentável)
 Diminui a poluição (preserva o ambiente)

Vantagens:
 Promoção de emprego e criação de postos de trabalho;
 Manutenção de postos de trabalho existentes;
 Redução de períodos de flutuação sazonal do emprego;
 Desenvolvimento de setores não agrícolas e transformação de produtos
agrícolas e alimentares.

Vantagens da localização das indústrias em áreas rurais:


 Mão-de-obra barata;
 Medidas de incentivo promovidas pelo poder local;
 Proximidade dos mercados regionais;
 Boas acessibilidades.

Tipos de serviços nas áreas rurais:


o Serviços Básicos – ligados à educação, saúde e administração;
o Serviços Pessoais – restauração e comércio;
o Serviços às Empresas – transporte, bancos, seguros e centros de formação.

Vantagens da Diversificação dos serviços:


– Fixar a população local;
– Contribuir para a melhoria do nível de vida dos habitantes.

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Produção de energia a partir de fontes de energia renováveis:


Importante para o desenvolvimento sustentável das áreas rurais.
Vantagens:
 Criação de postos de trabalho;
 Potencia nova fonte de rendimento para os agricultores e silvicultores;
 Permite que as áreas rurais se tornem menos dependentes das flutuações dos
preços dos combustíveis convencionais.

Silvicultura – Setor fundamental para as áreas rurais devido à sua multifuncionalidade.

Vantagens:
 Promove o emprego e gera riqueza (pela produção de matérias-primas e frutos);
 Proporciona espaços de lazer;
 Preserva os solos e a biodiversidade;
 Conserva as águas e regulariza o ciclo hidrológico;
 Contribui para o armazenamento do carbono.

DESVANTAGENS DA SILVICULTURA SOLUÇÕES


Emparcelamento Florestal
Reduzida dimensão
Características da Adequação da Silvicultura aos
Elevada Fragmentação;
propriedade povoamentos
florestal Povoamentos florestais
degradados. Criação de instrumentos de
ordenação e gestão florestal

Decréscimo do valor Dinamização de novos mercados


acrescentado silvícola para os produtos florestais
Baixa
rentabilidade Degradação dos preços
Aumentar a capacidade de inovação
na produção face aos
do setor
consumos intermédios

Povoamentos caducos menos


Elevada exploração a inflamáveis ou que resistam melhor
agentes bióticos à passagem do fogo
Elevado Risco (fungos e insetos)
E abióticos Reforço dos mecanismos de gestão
(clima e incêndios) de risco para mitigar fenómenos
climáticos desfavoráveis

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É difícil estabelecer uma definição para cidade pois os critérios derivam de país para país.
Características associadas ao conceito de cidade:

 Área com densidade populacional elevada;


 Espaço Urbano caracterizado pela continuidade da construção e grande
concentração de edifícios;

 Concentração de atividades económicas;


 Concentração de poder político;
 Espaço caracterizado pelo modo de vida urbano.

Espaço Urbano – área de forte concentração populacional e grande densidade de


construções que funciona como um polo de atração e onde a terciarização é evidente.

Centro Urbano – aglomerado populacional de certa importância com predomínio de


atividades ligadas ao setor secundário e terciário.
Em Portugal – sedes de distrito e aglomerados populacionais mais de 10 000 habitantes.

NOTA – Centro Urbano é utilizado como sinónimo de Cidade, apesar de existirem cidades
que não são centros urbanos e centros urbanos que não são cidades.
Centro Urbano = conceito estatístico
Cidade = conceito legislativo (um centro urbano pode ou não pedir elevação a cidade)

CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DE CIDADE


Demográfico Funcional Jurídico-Administrativo Morfológico

Funções centrais
existentes:
Considera a população  Peso da população Fisionomia do lugar:
Decisões legislativas
absoluta e a densidade ativa no setor terciário;  Tipo de edifícios;
(Estado define cidade)
populacional  Movimento  Praças e monumentos.
pendulares;
 Área urbana funcional.
LIMITAÇÕES DOS CRITÉRIOS
Impossibilidade de se
estabelecer um número Muitas cidades
mínimo universal de A população residente portuguesas foram
habitantes; pode trabalhar no setor elevadas a essa categoria
secundário ou terciário, no passado por decisão
Cidades-Dormitório: mas não exerce a atividade régia, não cumprindo,
Não possuem funções na sua área de residência. atualmente, os restantes
urbanas para além da critérios.
residencial

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Responsabilidade do Título de Cidade – Assembleias da República e Regionais dos Açores


e da Madeira

LEI Nº 11 / 1982: 2 de junho: conjugação de critérios demográficos e critérios funcionais.

Condições para uma vila ser elevada a cidade:


ARTIGO 13
 Mais de 8000 eleitores
 Pelo menos metade dos seguintes equipamentos:
 Hospital com serviço de permanência;
 Farmácias;
 Corporação de bombeiros;
 Casa de espetáculos e centro cultural;
 Museu e biblioteca;
 Instalações de hotelaria;
 Estabelecimentos de ensino básico e secundário;
 Estabelecimento de ensino pré-primário e infantário;
 Transportes públicos;
 Parques ou jardins públicos.
ARTIGO 14 – Importantes razões de natureza histórica, cultural e arquitetónica.

2022 – 159 Cidades em Portugal.


 A maior parte das cidades foi criada após 1982 devido à flexibilidade conferida
pelo Artigo 14. Mais de metade das Vilas foram elevadas depois da publicação da
lei e estão longe de ter o número de eleitores necessários (Artigo 13). Exemplo:
Tarouca (3500 habitantes)

PRINCIPAIS FUNÇÕES URBANAS


Atividades que se desenvolvem no interior das cidades para satisfazer as
necessidades da população. NOTA * - ocupam mais espaço no perímetro urbano
Político-Administrativa Administração central
Religiosa Existência de santuários, igrejas e seminários
Cultural Existência de universidades, bibliotecas e monumentos
Turística Atividades de recreio, lazer e descanso
Industrial * Presença de unidades industriais
Defensiva Existência de castelos e muralhas
Residencial * Permite a fixação da população
Terciária * Comércio e serviços
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FUNÇÕES URBANAS

Funções Raras Funções Vulgares

Atividades que fornecem um bem ou Atividades que fornecem um bem ou


serviço pouco frequente. serviço utilizado com frequência.

Localizam-se nos Centros Urbanos de nível Localizam-se em qualquer lugar central.


superior.
Exemplos – Padaria, mercearia, etc.
Exemplos – Médicos especialistas,
comércio especializado, etc.

Renda Locativa – preço do solo urbano que reflete o equilíbrio entre a oferta e a procura
num dado território.
É mais elevada no centro da cidade:
 Local de maior valorização do solo;
 Maior Acessibilidade – facilidade com que um lugar pode ser alcançado;
 Maior Acessibilidade Potencial – proporcionada por meios de transporte/serviços
 Elevada procura e pouca oferta;

Consequências da elevada renda locativa no centro:


 Especulação Fundiária – subida do preço do solo como consequência de uma
grande procura e reduzida oferta.
 Afastamento das atividades com menor poder de compra;
 Atração de atividades mais rentáveis.

À medida que nos afastamos do centro, a renda locativa diminui – Causas:


o Diminuição da acessibilidade;
o Aumento dos terrenos disponíveis;
o Diminuição da procura.

ATIVIDADES TERCIÁRIAS – Grande número de utilizadores, maior capacidade financeira e


procura de máxima acessibilidade – LOCALIZAÇÃO NO CENTRO;

ATIVIDADE INDUSTRIAL – necessita de espaço – QUASE NÃO EXISTE NO CENTRO

ATIVIDADE RESIDENCIAL – Situação intermédia – ALGUMAS CLASSES SOCIAIS NO CENTRO

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MODELO DE CIDADE:

Bairros de Lata

Zona Classe Média

Zona Pobre
Zona Rica
CBD – Central Business District
Baixa ou Centro

Zona Industrial

Áreas Funcionais – Espaço mais ou menos homogéneo e individualizado, relacionado com


a localização das diferentes funções urbanas no espaço urbano.

Diferenciação Funcional – especialização da ocupação do solo urbano. Cada área


apresenta uma função.

Três Áreas Funcionais – áreas terciárias, áreas residenciais, áreas industriais.

CBD – CENTRAL BUSINESS DISTRICT – área localizada no centro da cidade:


 Área onde a renda locativa é mais elevada;
 Grande competição pelo espaço;
 Boa acessibilidade por transportes coletivos;
 Construção em altura (devido ao pouco espaço e à grande competição pela área);
 Forte terciarização do espaço:
 Comércio vulgar ou associado a produtos de luxo;
 Atividade Turística;
 Espaços de cultura e lazer;
 Sedes de bancos, empresas, companhias de seguros e bolsas;
 Órgãos de administração pública.

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 Fraca representatividade da função residencial


(migração da população para a periferia):
 Pisos superiores dos edifícios mais antigos: população envelhecida ou
recém-emigrada;
 Áreas renovadas e habitações de luxo: população de elevado estatuto
económico ou temporariamente ocupada por turistas e visitantes.

 Grande concentração de população flutuante.

Zonamento – diferenciação de um território em zonas e cada uma delas tem uma função.
O CBD é caracterizado pelo zonamento horizontal e zonamento vertical.

ZONAMENTO
Vertical Horizontal
Centro Financeiro – sedes dos bancos,
Rés-do-chão – Atividade Comercial companhias de seguros, bolsas de valores,
sedes de empresas.

Centro Comercial e de Serviços – predomina


Andares Superiores – funções menos nobres
o comércio retalhista (venda de produtos
(menor necessidade de contacto com povo)
diretamente ao consumidor), hotéis,
Armazéns, oficinas, habitação.
alojamento turístico e restaurantes.

Função Industrial – é diminuta e encontra-se


em unidades de pequena dimensão Centro de Diversões e Lazer – teatros, bares,
(fabricam produtos raros e de alto valor) discotecas, etc.
Joalharia, ótica, alta-costura.

DECLÍNIO DEMOGRÁFICO DAS ÁREAS CENTRAIS:


CBD tem diminuído a sua população residente – Aumento da concentração populacional
nas áreas periféricas.

Fatores da diminuição da função residencial do centro:


 Sobrelotação do espaço;
 Desenvolvimento dos transportes favorece o aumento da mobilidade;
 Aumento do trânsito e dificuldades de estacionamento;
 Aumento da poluição sonora e atmosférica;
 Degradação das habitações antigas;
 Recuperação de habitações e transformação para Alojamento Local (diminuição
de disponibilidade de habitações permanentes e agravamento da especulação
fundiária)

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SURGIMENTO DE NOVAS CENTRALIDADES TERCIÁRIAS:


Migração das atividades terciárias para outros sítios da cidade devido:
 Elevado congestionamento funcional;
 Elevada especulação fundiária;
 Escassez de espaço para a expansão de atividades;
 Ruas estreitas e saturação das vias de acesso (perda da acessibilidade relativa);
 Expansão suburbana;
 Dificuldades de estacionamento.

Exemplo de novas centralidades – Parque das Nações, Lisboa.

AS NOVAS FORMAS COMERCIAIS: Hipermercados e Centros Comerciais:


 Áreas periféricas – menor renda locativa e maior disponibilidade de espaço;
 Locais de boa acessibilidade – junto de importantes eixos rodoviários que permite
ter um elevado número de consumidores.

Ocupa mais espaço do tecido urbano;


Diferenciação Social – distribuição das áreas residenciais na cidade de acordo com o
desigual valor do solo e estatuto socioeconómico dos habitantes.

Habitações unifamiliares – vivendas e condomínios fechados


Habitações de qualidade e luxo
Elevada renda locativa
Classe Alta
Localização:
 Boa acessibilidade;
 Fraco trânsito;
 Afastadas de unidades industrias.
Parte significativa do espaço suburbano
Renda locativa mais reduzida
Classe Média Menor qualidade da construção
Famílias mais jovens
Habitações plurifamiliares (blocos de apartamentos)
Função residencial reduzida
CBD Alojamentos antigos e degradados
(idosos e imigrantes)
Classe Baixa Bairros de habitação social
Blocos de apartamento idênticos, pequenos e de
Afastado do CBD
fraca qualidade de construção
Renda locativa baixa

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Atividade Industrial – Marcada por movimentos de desconcentração:


Abandono das áreas centrais.

Fator de Localização Industrial – elemento de ordem política, física, económica e


demográfica que influencia a localização das indústrias.

Fatores que levaram à desconcentração da indústria:


o Elevados custos do solo urbano;
o Forte congestionamento do trânsito;
o Interdição de circulação de veículos pesados nas áreas centrais;
o Grande necessidade de espaço;
o Maior facilidade de deslocação de matérias-primas, produtos finais e mão-de-
obra;
o Alterações no processo produtivo (com a segmentação da produção, a parte da
direção e gestão podem estar no centro);
o Criação de Parques Industriais: espaço ordenado para acolher indústrias,
planeado e com as infraestruturas necessárias à sua instalação.

Nobilitação Urbana ou Gentrificação – chegada de grupos de estatuto socioeconómico


elevado a áreas centrais desvalorizadas da cidade levando à valorização social, económica
e ambiental dessas áreas.

Aumento da População Flutuante – Gentrificação Turística – aumento do número de


hotéis e alojamentos locais de aluguer de curta duração que começam a substituir aos
poucos a função de habitação para uso permanente, arrendamento a longo prazo e
comércio local.
– Aumento do fluxo de estudantes universitários – Aumento da população flutuante

Gentrificação Funcional – multiplicação de unidades de alojamento, comércio,


restauração e lojas híbridas:
 Agravamento do desalojamento da população;
 Impossibilidade da população com menores recursos aceder à habitação.

Autarquias como a do Porto e Lisboa – áreas de contenção do Alojamento Local para


garantir o arrendamento normal e acessível, para os bairros não perderem função
residencial.

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