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Política Agrícola Comum – PAC

A PAC foi criada em 1962, em 6 países (Alemanha, Itália, França, Luxemburgo, Bélgica e
Holanda) para proporcionar aos cidadãos da UE alimentos a preços acessíveis e garantir um
nível de vida equitativo aos agricultores.

Esta parceria entre os agricultores e a Europa foi progredindo com o tempo, salientando-se em
três fases:

 1ª fase – A PAC levou a Europa da escassez alimentar à abundância;


 2ª fase – A PAC foi alterada e adaptada para fazer face a novos desafios ligados à
sustentabilidade e ao ambiente;
 3ª fase – A PAC alargou o papel dos agricultores na promoção do desenvolvimento
rural, para além da produção alimentar.

O 1º pilar da PAC, tinha três principios fundamentais:

Mercado unificado (livre circulação de produtos agrícolas no território dos estados-membros);

Preferência comunitária (proteção do mercado


interno comunitário face aos produtos importados de
países terceiros a preços baixos e face às grandes
flutuações de preços no mercado mundial); 1º pilar da PAC

Solidariedade financeiras (todas as despesas e gastos


Preferência
resultantes da aplicação da PAC são suportadas pelo comunitária

orçamento comunitário).
Mercado Solidariedade
Criado com a função de financiar as medidas unificado financeira

proclamadas pela PAC, surge o Fundo Europeu de


Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA), que, a partir de 1964, passa a ter duas secções:

 A de Garantia (FEOGA-G), que suporta as despesas decorrentes do funcionamento da


componente de preços e mercados;
 A de Orientação (FEOGA-O), destinada ao financiamento da componente estrutural da
PAC.

Como resultado da PAC, começa-se a restaurar a capacidade de autossuficiência alimentar da


Europa. Contudo, o “muito” tornou-se “demasiado”, resultando daí uma crise de
superprodução. Apoiados por preços mínimos garantidos, os agricultores atingiram nos anos
70 do sec. XX um ponto em que estavam a produzir mais alimentos do que era necessário, o
que originou excedentes dispendiosos e constrangedores em termos políticos.

Efeitos da implantação da 1ª fase da PAC:

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Positivos

 Aumento da produção agrícola;


 Autossuficiência alimentar da Europa;
 Melhoria da produtividade e do rendimento dos agricultores.

Negativos

 Criação de excedentes agrícolas, devido ao desajustamento entre a procura e a oferta;


 Elevado peso da PAC no orçamento comunitário;
 Tensões entre os principais exportadores mundiais, por causa das medidas
protecionistas e das políticas de incentivo à exportação;
 Degradação ambiental, em consequência do uso de fertilizantes químicos nos solos.

Assim, a partir do início dos anos 80, foram introduzidas medidas destinadas a adaptar mais a
produção à procura de mercado:

- Sistema de quotas; Set-aside – retirada de 15% de terras da área


de produção de cereais (setor de produção
- Aplicação de set-aside. excedentário na UE), em explorações que
ultrapassem, em média, a produção de 92
toneladas por ano.

Com o set-aside os agricultores eram compensados com um subsídio de valor idêntico ao que
obteriam caso as terras estivessem cultivadas, por outras palavras o agricultor era pago para
não produzir, ao contrário do que se praticava anteriormente.

Devido aos resultados pouco satisfatórios, em 1992, implementou-se uma profunda reforma
da PAC.

Objetivos da reforma da PAC (1992)

Equilibrar a Reduzir o Diminuir os Incentivar Apoiar as


oferta e a preço dos encargos práticas agrícolas explorações
procura de produtos comunitários ambientalmente de carácter
produtos junto do com o setor menos agressivas familiar
agrícolas consumidor agrícola

Houve um reforço de medidas que já estavam a ser implementadas, como o set-aside, a par de
outras, como:

 A concessão de reformas antecipadas a agricultores com mais de 55 anos;


 A atribuição de incentivos financeiros a agricultores empenhados em aplicar práticas
agrícolas pouco poluentes (por exemplo a agricultura biológica);
 O apoio à reconversão de terras agrícolas em áreas florestais.

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No âmbito da reforma da PAC, a UE decide passar de apoio ao mercado pra apoio ao produtor.
Perante a persistência de excedentes e do forte peso das despesas com a agricultura no
orçamento comunitário, foram atribuídos subsídios aos agricultores em função da dimensão
das explorações e do número de cabeças de gado.

A nova PAC:

 Centra-se na qualidade dos alimentos;


 Introduz novas medidas para apoiar:
 o investimento nas explorações agrícolas; passos que visam a proteção dos
 a formação; produtos alimentares regionais e
 um melhor processamento dos produtos; tradicionais.
 o marketing.
 Foi implementada a primeira legislação europeia em matéria de agricultura biológica.

No âmbito da Agenda 2000, houve uma nova reforma da PAC devido:

 Ao alargamento da UE aos países da Europa central e Agenda 2020 – Programa de ação


oriental; adotado pela Comissão Europeia,
 a preparação para a moeda única; em julho de 1997, no sentido de
 a crescente competitividade dos produtos dos países apresentar um documento
terceiros; conjunto sobre o alargamento, a
 a nova ronda de negociações da Organização Mundial do reforma de políticas comuns e o
Comércio. futuro quadro financeiro da UE a
partir de 2020.
Tinha como objetivos:

 Reforçar a competitividade dos produtos agrícolas no mercado doméstico e mundial;


 Promover um nível de vida equitativo e digno para a população agrícola;
 Criar trabalho de substituição e outras fontes de rendimento para os agricultores;
 Definir uma nova política de desenvolvimento rural (2º pilar da PAC);
 Incorporar na PAC considerações de natureza ambiental e estrutural mais amplas;
 Melhorar a qualidade e segurança dos alimentos;
 Simplificar a legislação agrícola e a descentralização da sua aplicação, a fim de tornar
as normas e regulamentos mais claros, mais transparentes e de
mais fácil acesso.

Os agricultores foram incentivados a ter em conta do mercado, pil
passando a ser encarados como protagonistas do espaço rural, ar
contribuindo de forma significativa para as economias locais. O da
PA
desenvolvimento rural passa a ser um conceito integrante da PAC, C
abrangendo o desenvolvimento económico, social e cultural do desenvolvimento
território rural da UE. O que está em causa é a sobrevivência do meio rural

rural enquanto contexto de vida, profissional e de lazer.

Em 2003, são aprofundadas as metas da Agenda 2000.

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Princípios e/ou mecanismos de reforma de 2003:

 Pagamento único por exploração para os agricultores, independentemente da


produção;
 Regime de condicionalidade, que visa conservar a paisagem rural, através de normas
ambientais, de segurança alimentar, ou saúde e de bem-estar dos animais;
 Novo sistema de aconselhamento agrícola;
 Reforço das medidas comunitárias de apoio e desenvolvimento rural;
 Regime de modulação para o financiamento do desenvolvimento rural, que se
traduzirá no decréscimo dos pagamentos diretos as explorações de maior dimensão;
 Estabilização dos mercados e aperfeiçoamento das organizações comuns de mercado.

Em 2007, o FEOGA é substituído por dois fundos:

 Pelo FEAGA (Fundo Europeu de Garantia);


 Pelo FEADER (Fundo Europeu Agrícola para o Desenvolvimento Rural).

Em 2008, a PAC é alvo de uma renovação, que decorre do “Exame de saúde da PAC”,
concentrada em três grandes questões (simplificação do pagamento único, medidas de
mercado, novos desafios ambientais), o que contribuiu para melhorar a competitividade do
setor agrícola.

Na atualidade, a PAC enfrenta uma série de desafios, que convidam a UE a fazer uma escolha
estratégica para o futuro a longo prazo da sua agricultura e das suas áreas rurais. Assim em
2011, são apresentados os três principais objetivos para a futura PAC, implementar no período
2014-2020:

Objetivo 1:

Produção alimentar viável

 Contribuir para os rendimentos agrícolas e limitar a sua variabilidade;


 Melhorar a competitividade do setor agrícola e aumentar a sua quota de valor na cadeia
alimentar;
 Compensar as dificuldades de produção em áreas com condicionantes naturais específicas.

Objetivo 2:

Gestão sustentável dos recursos naturais e alterações climáticas

 Garantir práticas de produção sustentáveis e o fornecimento melhorado de bens públicos


ambientais;
 Promover o crescimento ecológico através da inovação;
 Prosseguir as ações de mitigação das alterações climáticas e de adaptação as mesmas,
permitindo assim que a agricultura responda às alterações climáticas.

Objetivo 3:

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Desenvolvimento territorial equilibrado

 Apoiar o emprego rural e preservar o tecido social das áreas rurais;


 Melhorar a economia rural e promover a diversificação;
 Permitir a diversidade estrutural dos sistemas de produção agrícola, melhorar as condições
de vida para as pequenas explorações e desenvolver os mercados locais.

A integração da agricultura portuguesa

À época da adesão, Portugal tinha mais de 600 mil explorações agrícolas, com uma dimensão
média de 6 hectares (85% das quais com menos de 5 hectares) e baixos níveis de
produtividade, refletidos no contraste entre os 20% que representava do emprego total e os
9% com que contribuía para o PIB.

Na sequência do pedido de adesão de Portugal à UE, após a identificação das especificidades


da agricultura portuguesa e da elevada dependência das importações de géneros
alimentícios essenciais, foi definida uma série de disposições
transitórias, no âmbito do programa de pré-adesão de Portugal, PEDAP – Programa de incentivos
estabelecido em 1981. Durante o período de transição de 10 anos financeiros, com o objetivo de
(1986-1995), foi atribuído ao setor agrícola em importante fundo ajudar à modernização do setor
financeiro, no âmbito do Programa Específico de agrícola português, nos primeiros
Desenvolvimento da Agricultura em Portugal (PEDAP), com vista a anos após a adesão, a fim de o
modernizar o setor e a adaptá-lo à progressiva abertura ao tornar mais competitivo
mercado europeu. Em resultado deste esforço de apoio, o
investimento na agricultura mais do que triplicou nos primeiros cinco anos da adesão.

Contudo ocorreram 3 situações que alteraram radicalmente o quadro de adesão que foi
negociado e dificultaram a integração esperada:

 A política comunitária de redução dos preços agrícolas a partir da década de 80, como
forma de combater os excedentes e as derrapagens orçamentais, obrigou Portugal a fazer
um esforço muito maior para harmonizar os seus preços com os dos seus novos parceiros;
 A reforma da PAC de 1992, a fim de desencorajar a produção, veio dar um sinal contrário
ao que os agricultores esperavam: baixar os preços, reduzir e desintensificar a produção,
quando a agricultura portuguesa precisava de aumentar a produtividade para vencer o seu
atraso e expandir a produção, com o objetivo de diminuir as importações;
 O início do Mercado Único, em janeiro de 1993, ao impor a livre circulação de produtos,
confrontou prematuramente o setor agrícola nacional com a concorrência externa.

Resultados da integração da agricultura portuguesa:

 Um aumento de 11% no valor da produção em 20 anos.

 Um recuo da produção vegetal (essencialemnte devido à redução da produção de cereais).

 Um aumento da produção animal, acompanhada do aumento considerável de áreas de


pastagens.

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 Com a modesta evolução da produção e o considerável aumento do consumo, o grau de
autoaprovisionamento diminuiu significativamente, passando de 80% à época da adesão para
cerca de 70% no inicio do séc. XXI.

Uma redução do peso da agricultura no emprego (passou do 20% para os 12%) e na


economia (a contribuição para o PIB passou de 9% para os 3,5%).

 Uma redução do número de explorações, o qual derivou de um decréscimo acentuado das


explorações de menor diemensão (sobretudo as inferiores a 5 hectares).

 Um acréscimo das explorações de dimensão superior a 50 hectares.

 Um aumento da dimensão média das explorações, de 6,3% para cerca de 10 hectares.

Apesar de a agricultura ter beneficiado do processo de integração na UE, muitas questões


permanecem por resolver, como sejam, o aumento da produtividade, a organização
económica dos produtores e das cooperativas, para poderem fazer face à globalização e à
capacidade negocial das grandes cadeias de distribuição, ou ainda importantes problemas
criados, particularmente, pelas atividades pecuárias.

Potenciar o setor agrícola

A potencialização do setor agrícola é fundamental, mas exige a implementação de medidas


que conduzam a transformações profundas, capazes de aumentar a sua competitividade. Esta
potencialização passa pela produção de aliementos e produtos florestais em quantidade e
qualidade, para os quais Portugal tem forte aptidão. Assim, o país, não podendo ser
autossuficiente em todos os produtos, deve concentrar a sua produção em produtos
estratégicos cujo valor acrescentado permita reduzir o défice da balança comercial deste setor.

Medidas:

 Modernização dos meios de produção e de transformação dos produtos – através da


introdução de máquinas, divulgação de técnicas modernas de cultivo e de transformação
dos produtos, assentes na investigação científica e na construção e melhoramento de
infraestruturas.
 Especificação produtiva – através da introdução de novas culturas ou desenvolvendo
culturas tradicionais, de acordo com as condições naturais das diferentes regiões e a
procura do mercado.
 Promoção de sistemas de produção amigos do ambiente – a fim de garantir a
conservação dos recursos naturais e, simultaneamente, a produção de produtos de
qualidade. Neste âmbito destaca-se o sistema de produção biológico, apoiado pela PAC.
(ver fig.78)

Agricultura biológica – alternativa “naturalista” que se baseia no


uso da rotação de culturas, de estrume e composto como adubo e
do recurso a métodos biológicos, culturais e físicos de controlo a
pragas, rejeitando a utilização de produtos químicos com efeitos
nocivos para o ambiente.

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 Promoção do associativismo (organização dos agricultores em cooperativa ou
associações) – através desta medida, os agricultores podem partilhar recursos, rentabilizar
melhor o tempo disponível, reduzir custos de produção, difundir novos conhecimentos e
obter melhores condições de acesso ao crédito e a financiamento. O associativismo é
ainda importante para promover a divulgação dos produtos e a sua comercialização.
 Valorização dos recursos humanos – através do rejuvenescimento da população agrícola e
do aumento do seu nível de instrução e qualificação profissional.

A fixação de população jovem é fundamental para o desenvolvimento rural sustentável, no


entanto, isso dependerá da criação de condições de vida atrativas.

O apoio à instalação dos jovens agricultores é um dos vetores possíveis para contrariar a
tendência de envelhecimento que se verifica em Portugal e na maioria dos países europeus.
Permitirá a modernização da agricultura e o rejuvenescimento do tecido empresarial.

Por outro lado, é fundamental elevar o nível de instrução e de qualificação dos agricultores, a
fim de os sensibilizar para a inovação e o uso de novas tecnologias e os tornar também mais
preparados para se candidatarem a ajudas, créditos e subsídios.

Os jovens agricultores poderão ter um papel decisivo no futuro da agricultura portuguesa, na


medida em que, detendo habilitações mais elevadas, dedicam-se geralmente em permanência
e exclusividade às suas explorações e investem em equipamentos e na renovação das práticas
agrícolas.

 Incentivo ao emparcelamento – a fim de aumentar a dimensão das parcelas,


contrariando a fragmentação da propriedade, tendo em vista a mecanização das
tarefas e o incremento da produtividade.

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