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Gestão Portuária II
2011
Vitor Caldeirinha
Gestão Portuária II
Ìndice
1. Transportes 6
2. Marketing Portuário
3. Regulação e Governação
Lei de Portos
Leis de Portos II
4. Planeamento Portuário
6. Custos Portuários
7. Internacionalização
8. Zonas Ribeirinhas
Novas Barreiras na Zona Ribeirinha
Zona Ribeirinha de Setúbal
Nova Estação Intermodal de Setúbal
Zonas Ribeirinhas Versus Portos
Prefácio
Nota Introdutória
1. Transportes
Economic Analysis of European Seaport System
http://www.thelongwaveanalyst.ca/flash_cycle.html
http://www.cge.uevora.pt/aspo2005/abscom/ASPO2005_Matias.pdf
A recente queda dos preços de matérias-primas e o declínio nos
custos de transporte marítimos indicam quão profundas serão as
consequências da crise mundial para a economia real.
Desde o início do Verão de 2008, o preço do aço diminuiu 20-70 % e
os fretes de navegação e transporte de matérias-primas reduziram-se
ainda mais. A quebra deve-se também ao abrandamento da procura
mundial e à chegada de novos navios encomendados.
Os cortes na produção de aço chinês e a acumulação em stocks de
minério de ferro na China, levaram os preços do minério a cair para
metade. Os preços do cobre, níquel e zinco também caíram muito.
O mais espectacular reflexo da quebra de actividade tem sido a
evolução do Índice Dry Baltic (BDI), que se indexa aos preços de
transporte marítimo de cargas a granel.
É um indicador principal do comércio internacional e, por extensão,
da actividade económica. Em 2006 e 2007, o índice foi impulsionado
até pelo boom na China, que acumulou matérias-primas
transportadas por via marítima.
Mas depois, o índice mergulhou cerca de 90% após ter tido um alto
registro de 11,793 pontos, no final de Maio de 2008 e não há meio de
recuperar, o que é um mau sinal. Vamos acompanhar a sua evolução
nos próximos meses.
http://www.investmenttools.com/futures/bdi_baltic_dry_index.htm#bd
i
Peak Oil
Fonte: Wikipédia
Conjuntamente com esta tendência na produção, existem ainda as
tendências do lado da procura, como sejam por um lado o grande
crescimento mundial da população e, por outro, o aumento
exponencial expectável da capacidade de aquisição de viaturas e do
consumo de combustível nos países em vias de desenvolvimento,
cujos habitantes possuem ainda, em média, baixos rendimentos per
capita, mas cujas têm taxas de crescimento elevadas que deverão
naturalmente fazer tender o consumo e a procura de combustível por
habitante para os níveis médios dos países mais desenvolvidos,
aproximando-se de Portugal e da França/USA.
Por outro lado, assiste-se à tendência mundial de crescimento da
mobilidade individual, em detrimento da colectiva, e ao crescimento
da motorização, em detrimento por exemplo da bicicleta ou da opção
pedestre, como já é observável nas grandes cidades chinesas, que
deixaram de ter bicicletas para passar a ter motorizadas e carros, o
que irá inevitavelmente levar ao aumento da procura de combustível
de forma galopante.
O acordar dos gigantes, e das suas classes médias e baixas, com
destaque para a China, a Índia e o Brasil, terá um impacto
inimaginável na procura do ouro negro. As tendências da motorização
e do transporte individual estão associadas a mudanças na
optimização da produção, a mudanças de mentalidade e a mudanças
de organização das cidades, tendências que habitualmente arrastam
a inovação e a procura de fontes energéticas adaptadas às
necessidades.
http://www.communityengine.com/blog
Fiabilidade e à Transparência
Preço Portuário
Produto Portuário
Bloquear os Portos
0,00 0,32
Análise Estatística Factorial dos Portos Ibéricos (dados 2003/2005, 2
factores)
2,500
+ carga
Alicante
Almeria
2,000 Aviles
Baleares
Barcelona
1,500 Bilbau
Cadiz
Cartagena
Castellon
1,000 Ceuta
Coruna
Ferrol
Gijon
0,500 Huelva
carga de
Las Palmas
menor
Málaga
valor
0,000 Marin
(graneis)
Melila
-3,500 -3,000 -2,500 -2,000 -1,500 -1,000 -0,500 0,000 0,500 1,000 1,500 Pasajes
Santander
-0,500 Sevilha
Tarragona
Tenerife
Valência
-1,000 Vigo
Vilagarcia
Aveiro
-1,500 Sines
Douro e Leixões
Setúbal e Sesimbra
Lisboa
-2,000 Algeciras
- carga
Carga de Valor
+carga (contentores, roro, v. vendas) - carga
Marketing Portuário
Estas mudanças ao nível do marketing e da logística originaram fortes
alterações nos portos a nível mundial. Até então orientados para a
operação e a criação de infraestruturas multiusos para utentes
desconhecidos, cujas cargas ali chegam nos navios, passaram a ter
que conhecer não só as suas quantidades de carga, mas os tipos de
mercadorias, a sua localização, as suas unidades produtivas, as suas
redes logísticas, as suas necessidades específicas.
O tempo passou a ser um requisito fundamental, a comprimir desde a
encomenda, a sincronizar na cadeia intermodal, a fiabilizar até às
entregas e a tornar frequente (Sommar e Woxenius, 2007) nos
serviços do transporte marítimo. No mar, os contentores e as linhas
regulares de grandes navios porta-contentores semanais ou
bissemanais assumiram este papel. Mas só os portos que respondem
aos requisitos das CAS podem ser escolhidos por estas.
Os portos possuem um papel que vai muito além dos tradicionais
objectivos de curto prazo, operacionais, de simples prestação de
serviços básicos ao navio e à carga, como interface entre a terra e o
mar, sendo hoje locais ideais para a localização de funções que
acrescentem valor à carga no âmbito da logística/produção industrial,
mas igualmente nas vertentes do lazer e do turismo (Bichou e Gray,
2004).
Também no longo prazo a missão dos portos tem evoluído
significativamente, deixando de ser apenas um tradicional pólo de
desenvolvimento, gerador de emprego e facilitador do comércio
internacional das empresas (Bichou e Gray, 2004), para passar a ser
um elemento essencial da política económica e da política dos
transportes, nomeadamente intermodal, objectivando-se desenvolver
“hubs” logísticos catalisadores de ligações a muitas redes de
abastecimento com sucesso, com actividades a nível global,
contribuindo para a competitividade das empresas e das pessoas, ou
seja, serem factores competitivos das regiões em que se inserem.
Anteriormente, os portos possuíam hinterlands cativos bem definidos
e existiam porque as empresas e as pessoas da região tinham que ser
servidas. Hoje, por efeito das estratégias de marketing das empresas,
da logística SCM, da globalização e da melhoria das acessibilidades
terrestres (UNCTAD 1990), os portos também passaram a concorrer
de forma mais agressiva pela participação nas redes logísticas mais
importantes, que competem entre si, atingindo hinterlands distantes
e difusos (Meersman, Van de Voorde e Vanelslander, 2002). Por outro
lado, se actualmente os portos de uma mesma região estão cada vez
mais em competição entre si, também existem “clusters” de portos
com o mesmo tipo de oferta e localizados numa mesma região, que
concorrem com outros “clusters” de portos de outras regiões e,
existem “ranges” de portos de uma mesma região, neste caso, cada
porto com diferentes ofertas que podem ou não ser coordenadas
(Hoste, loyen e Vanfraechem, 2006).
Hoje são exigidas aos portos novas funções e competências, como é o
caso da fiabilidade, colaboração, transparência, competitividade e
especialização, procurando ser escolhidos pelas redes logísticas, em
detrimento de outros portos (Dekker, 2005).
Neste contexto, surgiram recentemente as novas funções de
marketing dos próprios portos e dos seus terminais portuários, que
possuem como horizonte o médio prazo e estão associadas à
satisfação das especificações e dos requisitos dos clientes
representantes das redes de abastecimento que dominam a
componente portuária e marítima, e que se traduzem em novos
objectivos de procura de tráfegos intermodais de contentores, maior
movimento em volume e maiores receitas, que permitam recuperar
os cada vez mais pesados investimentos que é necessário realizar em
grandes e especializadas infraestruturas e acessibilidades marítimas
e terrestres (Dekker, 2005).
Este novos objectivos vieram também provocar mudanças profundas
na operação portuária, no planeamento portuário e no sistema de
organização e posicionamento do porto face à restante economia
(Dekker, 2005).
O crescente domínio das funções do marketing nas indústrias
implicou mudanças nas redes logísticas e processos complexos e
agressivos de escolha dos parceiros nas redes, nomeadamente no
que se refere aos portos, obrigando ao desenvolvimento das
estratégias de marketing portuário, enquanto instrumentos de
adaptação dos portos às necessidades das redes, procurando-se
contrariar o efeito de inércia das infraestruturas portuárias
naturalmente pesadas no longo prazo.
Esta mudança levou à especialização dos terminais portuários e, por
vezes, à adaptação extrema às exigências das cadeias logísticas
modernas (Chlomoudis, Karalis e Pallis, 2002) e do transporte
marítimo, implicando fortes alterações nas operações portuárias do
dia-a-dia, com a imposição de ritmos crescentes, formação intensiva,
colaboração com os clientes, enfoque na qualidade e introdução da
iniciativa privada nos portos, através do mecanismo das concessões
de terminais portuários de serviço público e dedicados e do
fornecimento de novos serviços de valor acrescentado nos portos.
Níveis da Gestão P
Prazo
Port Market Planning
Longo
e extensos terraplenos.
O planeamento portuário é um processo lento devido à grande
dimensão dos investimentos, ao tempo necessário para a sua
concretização, à sua longa vida útil e inflexibilidade das
infraestruturas. Mas actualmente implica uma crescente adaptação
ao novo paradigma do mercado em mudança e às necessidades
logísticas das redes, das cargas e dos navios e à flexibilidade e
modernidade necessárias às funções do marketing das empresas, a
que se adicionam as novas necessidades de reconversão das frentes
ribeirinhas devolutas de antigas funções portuárias, com fundos,
Planeamento
terraplenos e acesso inadequados aos portos modernos, localizados
no interior de cidades, que passam a ter funções relacionadas com o
lazer, a náutica de recreio, a cultura, o turismo e a restauração.
O planeamento portuário tem ainda que ter em conta os modelos de
relacionamento cidade-porto (Lopez, 2004) e de crescimento normal
dos grandes portos a nível mundial, procurando imitar as estratégias
vencedoras.
O Planeamento portuário passou a ter que olhar também para o
cliente, que não é actualmente apenas a carga e o navio
propriamente, mas as redes logísticas destes, em terra e no mar, ou
os seus representantes a cada momento, com os quais os portos
devem estabelecer parcerias, que são sempre temporárias, para
determinados negócios, durante um certo tempo, num contexto de
Médio
turbulência dos mercados e de aceleração das mudanças nas redes
logísticas, incluindo a concorrência de outros modos de transporte e
portos, por vezes a maiores distâncias ou com viagens adicionais que,
á primeira vista, pareceriam não viáveis.
É neste âmbito que o planeamento director a 10 e 20 anos, se
transformou num planeamento estratégico a 3/5 anos, que procura
identificar oportunidades, pontos fortes e fracos, redefinindo o
produto portuário na sua base infra-estrutural e de localização e
características geográficas, procurando que os atributos físicos, a
logística e os preços sejam adequados a captar as redes logísticas
pretendidas e assim os clientes - cargas e navios -, identificados como
alvo, ou seja, trata-se de um novo conceito de Port Market
Planning, muito próximo do Planeamento Estratégico, não baseado
em grandes planos directores, mas em planos flexíveis de negócios
orientados para o mercado.
3. Regulação e Governação
Lei de Portos
Depois de ter sido previsto nas orientações dos Governo para o sector
marítimo-portuário e à semelhança do que já se verifica na vizinha
Espanha, brevemente deverá vir a ser preparada a nova lei de portos,
que mesmo que não altere nada, já terá seguramente vantagens.
Juntará certamente os diversos diplomas actualmente dispersos,
simplificando e clarificando, ou pelo menos actualizando-os. Mas com
algum esforço adicional poderá não ficar por aqui. Será uma
oportunidade única para melhorar o enquadramento jurídico dos
portos.
Independentemente dos temas em que se pretenda vir a “mexer”,
mais ou menos, e dos objectivos que vierem a ser definidos para a
nova lei, parece que seria importante afirmar logo de início os
grandes princípios que deverão dar coerência e enquadrar a nova
lei, balizando as escolhas aquando dos trabalhos do legislador.
É neste contexto que deixaria um contributo à discussão:
1. Livre Concorrência
2. Competitividade
Os portos e as empresas portuárias deveriam ser incentivadas a
reduzir custos e margens de lucro, com impactos nos preços finais
aos clientes.
Para isso poderiam ser premiados os mais competitivos e penalizados
aqueles que praticassem preços mais elevados, sejam entidades
públicas, sejam empresas privadas portuárias. Seria importante
apoiar o objectivo de redução de custos nas autoridades portuárias,
nomeadamente com pessoal, adaptando-o à realidade actual,
alterando para isso os diplomas respectivos. São necessário menos
recursos, mas mais qualificados.
Poderiam ser criados mecanismos nas concessões que limitassem as
taxas de rentabilidade dos concessionários oligopolistas às normais
de mercado, obrigando ainda à especialização das contabilidades e à
divulgação dos planos de actividade e dos relatórios e contas na
internet, de forma transparente.
Deveriam existir livre concorrência de preços entre portos, desde que
as autoridades portuárias e as empresas mantivessem os resultados
líquidos positivos, cobrindo os respectivos custos. Quando os
resultados fossem negativos, os preços não poderão descer.
5. Integração Logística
A Lei de portos não deve ficar pelos portos, mas ter uma visão geral
das cadeias logísticas, permitindo uma melhor integração, garantindo
a possibilidade de realizar operações logísticas de valor acrescentado
nos portos, sem custos da estiva, aproveitando-se assim os “tempos
mortos” das cargas.
Faltam áreas para expansão logística no interior dos portos, sendo
importante encontrar e definir as respectivas reservas e ligações.
As questões da intermodalidade deveriam ser consideradas na
perspectiva da fluidez das redes logísticas e da facilitação dos
movimentos.
6. Diversificação de Negócios
7. Garantia de Segurança
Matriz de Risco
Ocorrência
Categoria Improváv Rara Ocasiona Prováv Frequen
el l el te
Catástrofe M G G E E
Impacto
Critico M M G G E
Notável R M M G G
Marginal R R M M G
Negligenciá R R R R M
vel
(COSO, 2004)
E – Risco Extremo
G – Grande Risco
M – Risco Moderado
R – Risco Reduzido
a. Seguros
b. Planos de emergência e de Segurança
c. Sistemas de auditoria, monitorização e controlo
d. Planos de Protecção e vigilância
e. Partilha de investimento e risco de mercado
f. Instrumentos financeiros
g. Controlo de Prejuízos
h. Sistemas de acompanhamento
i. Antecipação das estratégias de terceiros
j. Redundâncias
k. Acordos de longo prazo
l. Planos, procedimentos, prevenção, precaução
a) Ignorar o risco;
b) Aceitar o risco;
c) Mitigar o risco;
d) Partilhar o risco;
e) Transferir o risco.
COSO, 2004
Gateway Atlântico
Espanha Portugal
Fonte: Bird
Fases de
evolução de Peso no
qualquer porto Ligação à Cidade Área Ribeirinha Emprego Fundos Terraplenos Terminais Localização Função Logística
No rio, na
Estabelecimento Função Portuária - - Multiusos cidade Armazéns do Porto
Graneleiros No exterior da
Expansão Função Portuária + - Industriais cidade Industrial
Gateway e Águas
Hub profundas.
Regionalização Reconversão total +++ +++ Logísticos Novo porto. Integração Logística
porto cidade
Portugal
Sistema Portuário do Sul
Estabelecimento
Expansão
Especialização
Regionalização
Referências:
300 ml
300 ml
Terminal de Contentores
150/200 ml
200 ml
300 ml
1 milhão de tons
750 m il tons 300 mil CEU
Terminal de Granéis Sólidos Term inal de C arga G eral Terminal de Veículos Novos
http://www.logcluster.org/ops/hti10a/pictures-from-the-port-au-prince-
seaport
Vitor Caldeirinha1
1
Director na APSS, Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra,
S.A., Setúbal e Docente no ISEG, Instituto Superior de Economia e
Gestão, Lisboa,
Portugal
vitorcaldeirinha@netvisao.pt
Nota prévia – O texto apenas retrata a opinião técnica e pessoal do
autor e não a posição oficial da APSS ou do ISEG.
Resumo
Caracterização dos diferentes tipos de portos Ibéricos,
posicionamento dos portos portugueses e condicionalismos na
eficiência relacionados com a especialização, localização e dimensão.
Abordagem sobre a necessidade do estudo sistemático da eficiência e
desempenho portuário, nomeadamente dos portos portugueses,
comparando-os com os portos ibéricos e revisão dos estudos mais
recentes sobre o tema da eficiência portuária e apresentação de
estudos exemplo sobre a eficiência portuária. Conclusão sobre a
necessidade de identificar e divulgar publicamente na internet os
indicadores de desempenho e eficiência, bem como índices da
satisfação dos clientes para cada tipo empresa prestadora de serviços
portuários, com o objectivo de melhorar a competitividade dos portos.
1 Introdução
A Eficiência e a competitividade dos portos é hoje um tema de eleição
dos investigadores e dos utilizadores dos portos. Não chega ter os
portos em concorrência directa, é necessário que a informação sobre
o seu serviço e o seu nível de desempenho seja transparente. É
necessário que os gestores tenham uma forma fácil, rápida e clara de
compararem os desempenhos dos seus portos e perceberem que
medidas devem tomar para melhor acompanharem os restantes no
nível de serviço e de oferta e na organização e administração de
medidas de melhoria da eficiência, da tecnologia e da escala. Com o
presente texto pretende-se mostrar alguns exemplos inovadores de
comparação de portos a nível ibérico, aproveitando para procurar
explicar algumas das diferenças e mostrar as vantagens de uma
comparação regular, bem como alguns dos métodos que actualmente
são utilizados.
2 Tipos de Portos Ibéricos
2.1 Modelo para os portos Ibéricos
Para podermos modificar e actuar sobre a realidade dos nossos
portos, permitindo que atinjam melhor os objectivos de aumento do
movimento de cargas e de navios, melhoria do desempenho e
qualidade e de potenciação de impactos positivos na economia, com
recurso aos instrumentos mais eficazes, é necessário primeiro
compreender essa mesma realidade, procurando definir um modelo
explicativo, classificar os diferentes tipos de portos e identificar as
características daqueles que consideramos como referência para uma
estratégia de desenvolvimento dos portos.
A partir de uma grande quantidade de informação quantificada de
natureza diversa sobre os portos da Península Ibérica, dos anos 2002
a 2006, e com recurso a uma análise estatística factorial, detectaram-
se os dois factores mais importantes que diferenciam e classificam os
portos: a “dimensão do porto nas cargas de baixo valor” e a
“dimensão do porto nas cargas de elevado valor”, características dos
portos com as quais quase todas as restantes possuem correlação
elevada.
Assim, utilizando como variáveis operativas a quantidade de granéis
(carga de menor valor) e a quantidade de carga geral (carga de maior
valor), classificaram-se os portos e identificaram-se os seguintes
quadrantes:
40
Da análise do quadro resultante de dados empíricos, construiu-se o
seguinte modelo de forma a permitir a classificação dos portos
ibéricos, procurando definir também as direcções habituais das
estratégias de desenvolvimento dos portos de cada quadrante, que
apontam tradicionalmente no sentido do aumento da carga geral
contentorizada e, complementarmente, da carga a granel sólida.
De facto, com o recurso a este modelo foi possível classificar e
caracterizar os seguintes tipos de portos:
Minimo
0
Contentores (10^6 tons)
0
C. Geral (10^6 tons)
0
Granéis (10^6 tons)
0%
C. Geral/Graneis (%)
Os quadros seguintes são muito elucidativos dos resultados desta
análise. No primeiro, podemos verificar o posicionamento
comparativo dos portos portugueses no panorama portuário médio da
Península Ibérica, estando próximos dos valores mínimos em quase
todas as vertentes, com excepção do preço, onde ficamos na média.
A excepção é o porto de Sines nos graneis e nos fundos de acesso.
Minimo
0
Contentores (10^6 tons)
0
C. Geral (10^6 tons)
0
Os portos locais caracterizam-se por ficarem nos mínimos, com
Granéis (10^6 tons)
excepção das vendas por tonelada, por não possuirem tonelagem
para diluir os custos fixos.
0% ou de nicho
Comparação dos portos ibéricos locais
C. Geral/Graneis (%)
Minimo
5
Volume de Vendas (10^6 euros) 0
Contentores (10^6 tons)
1
V. Vendas/Ton (euros) 0
C. Geral (10^6 tons)
6,5
Fundos (metros) 0
Granéis
Os (10^6 tons)
portos graneleiros ibéricos, são apenas especializados em graneis,
com excepção de Sines, possuindo grandes fundos nos acessos e
reduzidas vendas por tonelada (o granel suporta menos taxas por
tonelada), destacando-se também Sines. 0%
C. Geral/Graneis
Leixões (%) Porto regional ou
Aveiro Porto Local ou d
5
Lisboa
Volume de Vendas (10^6 euros) Porto regional ou
Setúbal Porto Local ou d
Comparação dos ibéricos graneleiros ou energéticos
Minimo
0
Contentores (10^6 tons)
0
C. Geral (10^6 tons)
0
AGranéis
separação (10^6
entre ostons)
portos regionais e os portos multi-regionais e
globais é muito clara nesta figura. No entanto, Las Palmas aproxima-
se dos multi-regionais na carga geral, enquanto Bilbao se aproxima
dos portos regionais nesta vertente. 0%
C. Geral/Graneis
Comparação dos(%)
portos ibércos regionais, de ilha e multir
5
Volume de Vendas (10^6 euros) Minimo
0
Contentores (10^6 tons) 1
V. Vendas/Ton (euros)
0
C. Geral (10^6 tons) 6,5
Fundos (metros)
0
3Granéis (10^6
Eficiência tons)
Portuária
Os estudos universitários que analisam a eficiência dos portos são
escassos segundo Gonzalez e Tujillo (2007). O estudo económico dos
Huelva
portos começou nos anos 60 e ficou-se pelos aspectos0% Porto
da estrutura de graneleiro
C. Geral/Graneis (%)
taxas, capacidades e investimentos, seguido dos estudos do impacto
dos portosFerrol
na actividade económica. Porto graneleiro
Os primeiros manuais de economia portuária surgiram em 1971,
Tarragona
tendo aparecido 5 e Porto
estudos sobre produtividade portuária factores graneleiro
Volume de Vendas (10^6 euros)
Sines Porto graneleiro
Gijon Porto graneleiro
1
Coruna (euros)
V. Vendas/Ton Porto graneleiro
determinantes, sobre investimentos e planeamento, procurando-se
determinar a optimização da dimensão das infra-estruturas, utilizando
a teoria das filas de espera e a programação dinâmica.
Outros aspectos que geraram interesse foram a privatização dos
portos, a promoção da competitividade e os critérios de selecção de
portos. A estimativa de custos, as economias de escala e os factores
determinantes dos custos também foram estudados por vários
autores.
Os primeiros estudos sobre eficiência portuária apenas surgiram nos
anos 90, de forma modesta. Recentemente, a eficiência e a
produtividade têm sido os grandes temas dos investigadores
portuários, uma vez que têm ocorrido grandes transformações com a
expansão e aprofundamento dos portos, com a melhoria da
tecnologia, a mudança organizacional e a privatização e a
especialização de inputs e terminais, com impactos na eficiência e na
produtividade.
Segundo Gonzalez e Tujillo (2007), os estudos sobre a eficiência
portuária podem ser classificados em três grandes grupos: O primeiro
inclui estudos com indicadores parciais ou unidimensionais de
produtividade do sistema portuário. O segundo grupo de estudos
inclui os que possuem uma visão apenas do lado da engenharia,
utilizando simulações e a teoria das filas de espera. O terceiro grupo,
mais recente, cobre a estimativa da fronteira tecnológica de
produção, utilizando aproximações multivariável nos inputs e nos
outputs e tem como objectivo fundamentar a decisão política e
económica portuária.
A literatura sobre o tema surgiu em 1982, considerando que a
produtividade deveria ser apenas medida num porto, devido à
dificuldade de comparação, face às diferenças entre portos.
Posteriormente indicadores foram utilizados na comparação de portos
e na promoção da competitividade. A medida da produtividade era
apontada como de interesse para que os operadores portuários e as
autoridades portuárias pudessem situar o seu porto comercialmente e
analisar o efeito das suas acções e das reformas implementadas.
A desvantagem da visão unidimensional nos portos, em que apenas
se compara uma variável de input, com uma variável de output, é que
não abarca a natureza especial multidimensional e multivariável dos
portos, que movimentam vários tipos de carga como output e
possuem diversos inputs relacionados com mão-de-obra, capital,
terrenos.
Este problema apenas foi resolvido com a utilização da análise TFP
(total factor produtivity), que consiste num índice que reflecte a
contribuição global de todos os factores de input relevantes e todos
os outputs. A primeira aplicação desta metodologia permitiu verificar
a expansão da TFP do porto de Ashdod (Israel) devido a factores
tecnológicos e a economias de escala.
Nos anos 90, a aplicação das novas metodologias de medida da
eficiência foram introduzidas nos portos, mas verificou-se uma
enorme discussão sobre qual o método que melhor define a realidade
complexa dos portos. Os estudos têm-se centrado na relação entre a
eficiência e: as reformas nos portos, a propriedade dos portos, a
dimensão, o transhipment, o investimento, os “hub ports”, o tempo, a
localização e nível de serviço, entre outros. Por outro lado, vários
estudos demonstram que o “benchmarking” é a melhor forma de
regulação dos mercados portuários.
Apesar de se confundirem muitas vezes os conceitos de eficiência e
produtividade, não são noções análogas. Muitas vezes a alteração
num devem-se em grande medida a mudanças no outro, o que pode
levar a confundir os dois.
A produtividade é a simples relação ou rácio entre um output e um
input (Output/Input). A “Total Factor Produtivity” será assim a relação
ou rácio entre a função de outputs e a função de inputs, de forma
multidimensional. Já a eficiência está relacionada com a comparação
entre valores de output e de input e valores do ponto óptimo relativo
localizado na fronteira de produção, que maximiza a relação
output/input numa amostra de portos. Não se analisa o que é, mas o
que deveria ser, comparativamente aos restantes portos duma
amostra.
O gráfico seguinte de Gonzalez e Tujillo (2007), esclarece a diferença
entre Produtividade e Eficiência.
- Produtividade - As linhas Pt e Pt+1 unem portos com o mesmo rácio
de produtividade (outputs: y/ inputs: x) a diferentes escalas de
produção y.
- Eficiência - As linhas f(x, t+1) e f(x, t) são as fronteiras tecnológicas
de produção ou valores máximos de produtividade possíveis com
certa tecnologia, determinadas empiricamente numa amostra
alargada de portos, em diferentes datas. Por exemplo, da
comparação dos valores de (y. x) do porto A, com o ponto mais
próximo da fronteira da linha f(x, t) resulta um indicador de eficiência
relativa, face às melhores práticas da amostra de portos.
Um dos métodos de análise da eficiência relativa é a DEA - Data
Envelopment Analysis -, ocasionalmente designada por Análise de
Fronteira, que foi usada pela primeira vez em 1978. Trata-se de uma
técnica de medida de performance que pode ser utilizada com
facilidade para avaliar a eficiência relativa de DMU – “decision-making
units” de organizações, como por exemplo bancos, hospitais e
departamentos. A vantagem da DEA consiste em permitir a análise
multivariavel dos inputs e dos outputs, quer sejam estes traduzidos
de forma monetária ou não.
A título de exemplo, refira-se que numa análise realizada pelo autor a
grandes terminais de contentores localizados em 22 portos europeus,
com dados da Drewry Shipping Consultants (2000), foi possível
verificar que existe uma forte correlação entre o desempenho dos
terminais, medido em volume de TEU, e as dotações dos recursos
pesados de infra-estruturas e equipamentos utilizados,
nomeadamente a área do terminal, comprimento do cais e número de
pórticos de cais.
Utilizando a metodologia não linear de DEA com vista a avaliar da
eficiência relativa de cada um dos terminais na utilização dos seus
recursos infra-estruturais e de equipamentos, recorreu-se às variáveis
de input de recursos: dimensão do terrapleno, dimensão do cais e
número de pórticos de cais, e à variável de output do movimento
anual de TEU, tendo resultado o seguinte:
Gioia Tauro
Algeciras
Marsaxlokk
Damietta
Genoa
La Spezia
Barcelona
Valencia
Izmir
Haydarpasa
Marseilles-Fos
Genoa
Barcelona
Venice
Thessaloniki
Trieste
Ravenna
Livorno
Constanza
Koper
Odessa
Varna
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%
C artagena
B aleares
A viles
A lgeciras
Valência
C o runa
P asajes
C astellon
Bilbau
Tarragona
Gijo n
A lmeria
Vilagarcia
T enerife
C adiz
Huelva
Las P almas
B arcelona
M arin
Vigo
Santander
A licante
Sevilha
C euta
M elila
M álaga
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
4 Conclusões
Em conclusão, verifica-se que os portos ibéricos podem ser
classificados e caracterizados de acordo com o modelo de cinco
quadrantes que relacionam e cruzam a sua dimensão em termos de
carga geral e em termos de carga a granel movimentada, o que é
importante para compreender muitas das diferenças de desempenho,
custos e características das infra-estruturas e dos serviços.
Para poder elaborar este modelo, foi fundamental efectuar uma
comparação multivariável dos portos ibéricos, análise que não é
ainda fácil encontrar, caso se pretenda avaliar portos espanhóis e
portugueses, e no entanto, este tipo de comparação parece ser muito
importante para aumentar a competição de forma salutar e promover
a competitividade de todos, com efeitos na economia.
O meio académico mundial está a encontrar novas formas de medir e
de comparar a eficiência dos portos, de forma geral e multivariável,
tornando acessível a todos este tipo de comparação, e tornando-se
um instrumento de escolha de portos pelos clientes ou de gestão de
portos e terminais, pelos seus administradores.
Concluiria ainda com a constatação sobre a necessidade de
organismos independentes a nível nacional, ibérico e internacional,
identificarem e divulgarem publicamente na internet, de forma
regular e objectiva, os indicadores de desempenho, de eficiência,
produtividade, preços, custos e resultados, bem como índices da
satisfação dos clientes para cada tipo de serviço e empresa
prestadora de serviço portuários, com o objectivo de melhorar a
competitividade dos portos.
5 Referências
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China: an Application of DEA Approach”, Institute of Transportation
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using DEA: A case study in Malaysia”, Institute of Transport and
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Yeo, G.T., e Song, D.W., (2006), “An application of the hierarchical
fuzzy process to container port competition: Policy and strategic
implications”, Transportation (2006) 33: 409–422;
Coopetição entre Portos = Maior Competitividade = Regiões
mais Ricas
Linearizando temos:
ln (Q) = b1 + b2 * ln(K) + b3 * ln(L) + b4 * ln(T)
Esta função pode ser utilizada pelos que operam e planeiam terminais
de contentores para poderem avaliar a quantidade de factores de
produção mínimos necessários para se servir determinado tráfego
esperado.
Modelo mostra-se explicativo do movimento real, como se poderá
verificar pelo gráfico seguinte:
2000000
1500000
TEU
1000000
500000
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Terminais
Eficiência Portuária – Os mais recentes Estudos
http://www.uff.br/decisao/
Algeciras
Marsaxlokk
Damietta
Genoa
La Spezia
Barcelona
Valencia
Izmir
Haydarpasa
Marseilles-Fos
Genoa
Barcelona
Venice
Thessaloniki
Trieste
Ravenna
Livorno
Constanza
Koper
Odessa
Varna
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%
C artagena
B aleares
A viles
A lgeciras
Valência
C oruna
P asajes
C astellon
B ilbau
Tarragona
Gijon
A lmeria
Vilagarcia
Tenerife
C adiz
Huelva
Las P almas
B arcelona
M arin
Vigo
Santander
A licante
Sevilha
Ceuta
M elila
M álaga
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
6. Custos Portuários
O Lean Management necessário nos Portos
http://www.espo.be/EU_Ports_$26$_Facts/Map_of_European_Ports.asp
x
Uma das primeiras medidas lógicas que muitos portos tomaram foi a
manutenção ou mesmo redução das taxas praticadas aos navios e às
cargas, não actualizando a inflação de 2008 para 2009, que depois
passou a negativa para 2010, garantindo que não iriam sobrecarregar
os seus clientes com mais custos do que os resultantes da crise
económica. Trata-se de uma medida mais simbólica, mas que ainda
tem algum peso para os exportadores.
Outra medida foi a redução das taxas de parqueamento de longo
prazo nos portos, permitindo que as cargas ficassem mais tempo no
terminal portuário, evitando custos desnecessários de manuseamento
para parques de segunda linha, antes de estar definido o destino final
da carga, permitindo poupanças logísticas importantes na
importação, ou mesmo na espera dos navios na exportação.
Esta medida permitiu também ocupar os parques dos terminais
portuários que ficaram vazios com a crise económica e criar
actividades de valor acrescentado no porto, enquanto a carga está
parqueada, aproveitando melhor as áreas portuárias que tenham
ficado disponíveis.
Um problema dos portos concessionados é o pagamento das rendas
pelos concessionários durante o período de crise e de redução
temporária do movimento portuário e das receitas dos
concessionários. Alguns portos têm prolongado o tempo admissível
para o pagamento das rendas sem juros de mora, enquanto outros
poderão mesmo ter negociado o adiamento do pagamento da renda
ou de parte desta durante alguns anos, até que seja ultrapassada a
crise económica e voltem as receitas.
A intensificação das medidas de redução geral de custos, redução de
pessoal e adiamento de investimentos são medidas transversais a
todos os sectores de actividade, que também são importantes nos
portos que pretendem ser mais competitivos durante as crises,
embora se deva manter uma adequada manutenção das infra-
estruturas dos portos, sob risco de poderem ocorrer acidentes graves
ou de se ver reduzida a produtividade do porto, com efeitos negativos
sobre a sua imagem após a crise.
Uma medida muito importante é o recurso intenso ao marketing “low
cost” que aposta essencialmente no marketing directo por email,
permitindo à comunidade e aos clientes acompanhar a vida do porto
pelo menos 2 vezes por semana, alargando esta ferramenta também
a potenciais clientes. Outra aposta é no contacto directo com clientes
potenciais, oferecendo vantagens em campanhas específicas para
tráfegos onde existe oferta disponível no porto.
Finalmente, é fundamental fazer uma análise ABC dos clientes e dar
especial atenção aos clientes mais importantes do porto. Que
necessidades têm durante a crise? Que apoio precisam para manter o
seu tráfego? Como combater as ofertas e promoções de outros
portos, tão abundantes em tempo de vacas magras? Devem ser
realizadas visitas a estes clientes e procurar ir ao encontro das suas
dificuldades temporárias específicas.
Flexibilidade no Trabalho Portuário
Ano 1 2 3
Com:
Rf = Yield da Obrigação do Tesouro (OT) para o período (ver Diário
Económico);
Rm-Rf é prémio de risco do mercado, calculado pelo estudo de Neves
e Pimentel, 2004, no valor de 6,38% para Portugal
Β (Beta) é o grau de risco do mercado específico em que está inserida
a empresa, aferido por análise de betas de empresas do sector que
estejam cotadas em bolsa. (ver para cada empresa por exemplo em
http://www.finbolsa.com/raciosb.asp)
Ano 1 2 3
Cenário adquirir
Vendas (5) 15,0 15,0 15,0 16
custos operacionais (6) 14,0 14,8 15,7 16
Amortizações (7) 2,0 2,0 2,0 2
Cash-Flow (8)=(5)-(6)+(7) 3,0 2,2 1,3 1
Tendo estes valores de referência para o valor da empresa, precisa
agora de lhes
Cash-flow retirar o valor das dívidas
adicional que a empresa1,0
(9)=(8)-(4) tenha 0,7
no 0,4 0
momento de aquisição, caso transitem si.
Finalmente, há que decidir o modelo de financiamento da aquisição
Diferença
que de anos
pretende para
fazer. hoje poderá alavancar
Assim, (10) mais ou menos1 o seu 2 3
investimento, desde que tenha uma taxa de juro inferior ao seu custo
Cash-flow
de adicional
capital, beneficiando ainda da poupança (11) fiscal que 1,0
advier 0,7
do 0,4 0
Custo do meu
aumento Capital financeiros.
dos custos (12) 10% 10% 10% 10
Factor de Actualização (13)=1/(1+(12))^(10) 0,909 0,826 0,751 0,6
Cash-Flow Actualizado (14)=(11) * (13) 0,91 0,58 0,29 0,
VAL a 10 anos (15) = soma (14) 6,18
VAL a 5 anos (16) 2,60
Possível ganho com a aquisição (17)=(15)-(16) 3,58
Mas isto daria outro artigo e teria que se recorrer ao modelo do custo
médio ponderado do capital (CMPC) para tornar a actualizar os cash-
flows:
Quadro 1
VALadicional daExpansãodoNegócioa10anos Meuros
Futuro do TransporteMarítimo Incidêncianoscontentores Incidênciano Roll-onRoll-off
Futuro do Mercado Cresce Mantém Desce Cresce Mantém Desce
Quadro 2
Meuros
Maxna Minna
Futuro do TransporteMarítimo Linha Linha Média
Futuro do Mercado
Cenários A B
Probabilidades dos Estados
Futuro do Mercado
Cresce 20%
Mantém 30%
Decresce 50%
Futuro do Transporte Marítimo
Incidência nos contentores 30%
Incidência no Roll-on Roll-off 70%
Como se poderá ver pelos VME assinalados em cada cenário A, B, C e
D,VME
a melhor ou melhores decisões num cenário, não são
forçosamente coincidentes
Compro a empresa A com as de outro, dependendo das 1,51
probabilidades que se atribui a cada hipótese de evolução futura dos
Compro
estados a empresa
– Mercado eBTransporte Marítimo. 1,21
Como escolher? Quais as probabilidades mais correctas?
Subcontrato Serviços
Pessoalmente, olhando para o caso em concreto, parece-me que nos
1,62
próximos
Compro os10 Equipamentos
anos, após alguma estagnação
das Empresas A e B durante os próximos 2 0,95
anos, deveremos assistir a uma recuperação dos mercados,
Compro as Empresas
cumprindo-se os ciclosA económicos
eB habituais há centenas de anos, -1,24
desde que há registo. Por outro lado, não vislumbro um futuro
Expando a Minha Empresa
dominado pelo transporte marítimo apenas por via roll-on roll-off,
1,64
mesmo com o eventual forte apoio da União Europeia, pelo que
apostaria no cenário D, o que me levaria a optar pela compra da
empresa A, como a melhor decisão para expansão futura do meu
negócio, que tem o maior VME (2,54 Meuros).
No entanto, cada cabeça poderá ser uma sentença nesta matéria de
futurologia e escolha dos cenários mais prováveis, pelo que se poderá
perguntar aos especialistas internacionais o que pensam, tendo em
conta o negócio específico da minha empresa. Mas este tipo de
consultores custa dinheiro. Qual o máximo que devo gastar em
estudo para saber melhor o que o futuro me reserva. Existe também
uma fórmula para isto na gestão de operações, que é o EVPI:
(EVPI = Valor expectável ponderado dos máximos VME em cada
estado futuro – Máximo VME)
Mas este já implica alguma sofisticação de cálculos.
7. Internacionalização
A Nova fase de Regionalização dos Portos
Portos Portugueses: Objectivo Espanha
Maersk
Investigação:
Vantagens:
• Ligação directa às autoestradas, à estrada de Palmela, à
estrada do Alentejo e à estrada de Azeitão/Lisboa, sem passar
pelo centro de Setúbal;
• Redução dos tempos de viajem dos utilizadores de autocarros e
comboios;
• Afastamento do centro urbano, como mandam as regras para
centros intermodais de ligação ao exterior da cidade;
• Não sobrecarrega, nem congestiona mais a cidade com
autocarros regionais e veículos ligeiros à procura de
estacionamento, para ligação aos transportes públicos (ferrovia
ou rodovia para Lisboa e outras cidades);
• Não implica custos astronómicos na deslocalização do terminal
portuário existente nas Fontainhas (para onde?), nem a perda
de uma área portuária de elevado valor nacional e fundos de rio
para grandes navios, fundamental para as indústrias do papel,
dos aços, do cimento, etc.
• Resolve melhor o grande movimento de massa rodoviário e
ferroviário, criando lugares de estacionamento fora da cidade,
para quem chega;