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ISSN 1606-089X
Fishing 2001
A decorrer entre 22 e 24 de Março de 2001 no
Centro de exposições de Glasgow, na Escócia,
Neste número…
este evento é um dos maiores salões anuais
das indústrias ligadas à pesca na Europa. As
últimas novidades tecnológicas em matéria
Página 2 Calendário
de artes de pesca serão apresentadas por
centenas de fabricantes.
Contactos: Página 3 Editorial
Sue Hill, 21 John Street, London, WC1N 2BP, UK. Os próximos desafios para a renovação da PCP
Tel. (44)207 505 3608, fax: (44)207 831 2509.
E-mail: sue.hill@informa.com
Sítio Internet: http://www.fishing2001.co.uk Página 4 No terreno
International Boston
No país das terras baixas:
Seafood Show (IBSS) a união faz a força
Acolhendo mais de 750 expositores em cada
edição, este salão anual marca o encontro
de produtores de todo o mundo e proporciona Página 6 Pasta
a muitos profissionais uma rara ocasião para Pesca ilegal, não regulada e não comunicada:
admirar a vitrine mundial dos produtos do mar. a comunidade internacional toma a iniciativa
O evento realizar-se-á no Hynes Convention
Center de Boston entre 27 e 29 de Março de 2001.
Para mais informações, contacte
Diversified Business Communications, Página 10 Retrato
121 Free Street, Portland, ME 04112, United States. Para além do cais
Tel.: (1)207 842-5599, fax: (1)207 842 5505.
Ou consulte o sítio Internet:
http://www.bostonseafood.com
A Pesca na Europa é uma revista publicada pela Direcção-Geral das Pescas da Comissão
Aviso aos leitores Europeia. É distribuída gratuitamente através de um simples pedido de assinatura (ver cupão na p. 12).
A Pesca na Europa é editada cinco vezes por ano, em onze línguas da União Europeia.
Faça chegar os seus comentários Encontra-se igualmente disponível no sítio da Internet da DG das Pescas:
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Comissão Europeia — Direcção-Geral das Pescas Editor responsável: Comissão Europeia, Direcção-Geral das Pescas, o director-geral.
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Rue de la Loi 200 desta revista, a DG das Pescas não se responsabiliza pelo rigor, conteúdo ou opiniões expressas em
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Printed in Belgium Fotos da capa: © Marine Nationale Française, M.D. Galeote
I MPRESSO EM PAPEL BRANQUEADO SEM CLORO
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E D I TO R I A L
Os próximos desafios
para a renovação da PCP
Caros leitores,
Faz agora um ano que tive o prazer de participar no lançamento de A palavra será vossa e esperamos pelas vossas reacções, críticas,
A pesca na Europa, fazendo na altura votos para que esta publicação comentários e propostas, que poderão ser dirigidas em qualquer
se tornasse rapidamente um canal de comunicação privilegiado entre formato a mim próprio ou aos meus serviços. Tomaremos ainda
a Comissão e os meios profissionais dos sectores da pesca e da a iniciativa de organizar encontros para que possam discutir connosco
aquicultura. É com o mesmo prazer que convido hoje os nossos propostas de opções, nomeadamente através de uma grande
leitores a soprar a vela do primeiro aniversário e lhes agradeço conferência que decorrerá na primeira semana de Junho.
o crescente interesse manifestado. Com efeito, o número de assinantes
não pára de aumentar. Irei, com base nessas discussões, apresentar ao Parlamento Europeu
e ao Conselho dos ministros da Pesca algumas propostas de alteração
Por tê-lo já repetido inúmeras vezes desde que assumi o meu cargo, à PCP, que desejaria que fossem discutidas de forma aprofundada
já todos devem certamente saber que uma das minhas prioridades e com calma. Tenciono assim ter essas propostas prontas antes
era melhorar o diálogo entre a Comissão e o sector da pesca e alargá-lo do final de 2001.
a todos os que têm algum interesse nesse domínio. Essa prioridade
assumiu, para mim, um carácter de urgência a partir do momento Quanto à forma, é tudo. Em relação ao conteúdo, o Livro Verde
em que passei a ter como objectivo a preparação dos vectores principais articular-se-á em torno de cinco grandes desafios. Em primeiro lugar,
deste diálogo para o grande desafio da revisão da Política Comum o grave problema da escassez dos recursos, que poderá causar
das Pescas, prevista para 2002. o declínio inevitável da indústria das pescas se não conseguirmos
inverter a tendência actual. De que forma e até que ponto deveremos
Esse primeiro passo já foi dado: o novo Comité Consultivo da Pesca envolver e associar mais todo o conjunto dos intervenientes do sector
e da Aquicultura encontrou um terreno de maior confiança propício na gestão deste recurso ou, por outras palavras, que tipo de governação
ao diálogo, A Pesca na Europa atingiu a sua velocidade de cruzeiro deveremos privilegiar? Que meios deverão ser criados para ajudar as
e as nossas ferramentas electrónicas de comunicação cumprem empresas a voltarem a ser competitivas? Como conjugar rentabilidade
plenamente a sua função. Paralelamente, tentei conhecer-vos melhor económica e preservação do tecido económico e social das zonas litorais
e entender melhor as vossas necessidades e expectativas. Desloquei-me tradicionalmente dependentes deste sector? Qual o papel a desempenhar
até à Galiza, ao Algarve, a Bremerhaven e à Escócia. Estive com e qual o lugar a ocupar pela Comunidade na cena internacional,
vocês, em Bruxelas, para discutir as questões ligadas ao controlo das nomeadamente no combate ao flagelo da pesca ilegal? Que política
actividades de pesca ou da sobrecapacidade das frotas comunitárias. adoptar para o Mediterrâneo, Mare nostrum, ameaçado?
Uma vez preparado o terreno, resta agora lançarmo-nos nesse grande Comprometo-me desde já a zelar para que as propostas da Comissão
empreendimento que é a revisão da PCP. A situação extremamente sejam ambiciosas, mas realistas ao mesmo tempo, para podermos
difícil em que nos encontramos actualmente exige, da parte de todos, construir uma PCP renovada, biologicamente sustentável, economi-
uma grande reflexão no sentido de melhorar o nosso sistema de gestão camente rentável e socialmente aceitável. Poderão acusar-me de ser
das pescas. Esta será certamente a minha maior preocupação e o ponto utópico, mas estou convencido de que, para os homens e as mulheres
principal da minha agenda para este ano. Estamos, neste momento, de boa vontade que tive a oportunidade de encontrar nos últimos
a dar os últimos retoques no Livro Verde que será publicado no início 18 meses, esta aposta não é uma missão impossível.
do mês de Março. Este estará disponível, nas próximas semanas,
numa edição especial de A Pesca na Europa. O número 7 da revista
será publicado no início do mês de Abril e abordará de forma ampla Franz Fischler,
os temas apresentadas na edição especial. Comissário europeu, responsável pelas pescas.
4 A Pesca na Europa
NO TERRENO
Yerseke é uma pequena cidade portuária do Escalda oriental, local de partida e chegada pouco tempo é que se tomou consciência
situada na península zelandesa, no Sul dos dos navios, onde os marinheiros descarregam da grande importância dessas zonas húmidas
Países Baixos, que possui o charme e a pacatez a sua mercadoria e os transformadores nego- para o equilíbrio ecológico do planeta.
de uma vila de província. Estamos numa ceiam a sua matéria-prima. Conhecido em O mar de Wadden foi classificado como
manhã de Inverno e as pessoas dirigem-se ao toda a Europa pelos seus moluscos, este centro monumento natural nacional pelas autoridades
seu trabalho, trocando um sinal com a mão nevrálgico é sobretudo a capital neerlandesa dos Países Baixos, em 1981. No mesmo ano,
à medida que se cruzam. Aqui, toda a gente da mitilicultura. Espalhados por toda a foi assinado um Memorando que regula
se conhece há várias gerações. Toda a gente província da Zelândia, existem cerca de as actividades toleradas na região. Quer
tem um pai, um amigo, um irmão ou um filho 80 produtores de mexilhão, mas a venda sejam económicas ou de lazer, todas essas
pescador ou empregado numa das empresas concentra-se neste local, na única lota de actividades apenas podem ser praticadas
sediadas no porto. Em Yerseke, a pesca mexilhão do país. Antigamente, a pesca era se respeitarem estritamente o ambiente.
é mais do que uma actividade económica. praticada a pé em duas zonas: o Escalda
É uma tradição secular, enraizada na cultura. oriental e o mar de Wadden, mais a norte. Uma queda vertiginosa dos stocks
Na Zelândia, a terra do mar1, o homem Estas zonas de maré características, sujeitas No início da década de 90, a região foi abalada
aprendeu a viver com o mar e dos seus ao fluxo e refluxo das águas, proporcionam por uma crise. A pesca intensiva de moluscos
produtos, quando não tentou dominá-lo, um ambiente ideal para a mitilicultura (sobretudo do mexilhão – Mytilus edulis – e
como o testemunham os antigos polders2 selvagem. Hoje em dia, o mexilhão já não do berbigão vulgar – Cerastoderma edule),
e diques que ligam a região ao porto velho. é capturado de forma natural no mar, mas associada a uma sucessão de invernos demasiado
sim cultivado em parcelas delimitadas. amenos, provocaram uma redução drástica
O verdadeiro ponto nevrálgico de Yerseke As sementes3 continuam, no entanto, dos stocks. Para superar a falta de sementes,
encontra-se precisamente neste porto velho a ser capturadas no mar de Wadden. os mitilicultores exploram intensivamente
as suas culturas, levando, inevitavelmente,
Situado no mar do Norte, ao seu esgotamento. O stock de berbigão,
entre a costa continental que não tem tempo para se renovar, acaba
e as ilhas Frísias, o mar também por diminuir. Inúmeras aves, sobre-
de Wadden é um dos tudo elderes-edredão (Somateria mollissima)
locais naturais mais e ostraceiros (Haematopus ostralegus), acabam
bonitos da Europa. também por morrer aos milhares por falta
O seu litoral pantanoso de alimento. Thijs Kramer da Zeeuwse
alberga uma fauna e uma milieufederatie (Federação Nacional para a
flora originais e extrema- Protecção do Meio Marítimo) recorda: «Os
mente ricas. Abriga ainda mexilhões selvagens, por exemplo, deixaram de
inúmeras aves migratórias existir, ameaçando a sobrevivência das aves que
que aí encontram uma se alimentavam e dependiam dessas espécies. A
A mitilicultura na Zelândia pratica-se agora respeitando estritamente grande fonte de alimenta- situação era dramática e urgia tomar as medidas
as normas ambientais. ção. Só há relativamente de conservação necessárias».
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© Eureka Slide
A comunidade internacional
toma a iniciativa
Estamos em meados de Abril, ao largo de Angola, em pleno oceano Atlântico. Nesta zona propícia à pesca
do atum patudo1, alguns atuneiros carregados navegam na direcção de cargueiros. Os primeiros, que arvoram
pavilhão do Camboja, do Belize ou da Guiné, preparam-se para transferir o produto das suas pescarias ilegais
para os segundos, que ostentam pavilhão do Panamá, às escondidas dos controlos e contra as regras
internacionais. Esta cena é bastante comum em alto mar e evidencia a prática dos pavilhões de conveniência,
considerados por muitos como o elemento mais perverso da pesca ilegal, não regulada e não comunicada2.
Entretanto, aumenta a fúria no sector e cresce o protesto internacional perante este flagelo que, além
de comprometer os esforços de conservação e de gestão, ameaça ainda dizimar pescarias por completo.
O comité das pescas da FAO está a lançar um plano de acção internacional para lutar firmemente
contra essas actividades descontroladas.
Apresentamos o ponto da situação e uma panorâmica das principais medidas previstas.
Repostas às vossas
perguntas mais frequentes
O que é a pesca ilegal? dicações nacionais), a evolução do direito desembarque e na comercialização em geral.
Por definição, tudo o que infringe a lei é ilegal. do mar ou, ainda, a extensão das zonas econó- Compete a cada Estado fazer cumprir as
Para os membros da União Europeia, a pesca micas exclusivas (ZEE) para 200 milhas, que regras em vigor e, consequentemente, controlar
«fora-da-lei» abrange assim um vasto leque pôs um termo ao princípio do mar livre. as actividades desenvolvidas no seu território.
de comportamentos que podem manifestar-se É, naturalmente, impossível quantificar ou
a nível nacional, comunitário e internacional. qualificar as infracções. Sabe-se que elas exis- Quem são os «piratas»?
Toda e qualquer violação das legislações nacio- tem a todos os níveis e que assumem diferen- Quando se fala em pesca ilegal, é comum
nais ou das regulamentações comunitárias, tes formas ao longo do tempo. Algumas destas surgir-nos a imagem dos piratas sem escrúpulos
assim como todo e qualquer incumprimento infracções são detectadas e reprimidas, mas de outrora. Grande parte dos infractores são
das recomendações das instâncias internacionais, muitas delas não chegam a ser conhecidas. pescadores motivados pelos mais diversos
nomeadamente, das organizações regionais de interesses: a tentação do lucro fácil a curto
pesca (ORP), constitui uma infracção. Onde se praticam prazo que certas pescarias proporcionam, co-
essas actividades ilegais? mo a marlonga negra (Dissostichus eleginoides)
Conhece-se concretamente A grande maioria das actividades de pesca ou o atum rabilho (Thunnus thynnus), a falta
a amplitude deste fenómeno? ilegais a nível internacional é praticada dentro de meios financeiros para adquirir artes de
A pesca ilegal sempre existiu. Assistimos, no das ZEE ou junto às faixas costeiras. As fraudes pesca regulamentares ou, nalguns casos, a
entanto, ao longo das últimas décadas, a uma cometidas em alto mar correspondem apenas necessidade de rentabilizar um investimento
proliferação das actividades de pesca descon- a uma pequena percentagem. A maior parte importante ou, ainda, o peso da tradição,
troladas. Vários factores terão contribuído das infracções no mar é, deste modo, cometida que leva os pescadores a utilizar os mesmos
para este fenómeno: o progresso técnico (mo- nas águas abrangidas pela jurisdição do país métodos há várias gerações. Os pescadores
torização, possibilidade de congelar o pescado, costeiro em questão. As ilegalidades manifes- não são, todavia, os únicos autores das ilega-
evolução das artes de pesca), os processos de tam-se, aliás, em todas as fases regulamentadas lidades. Tal como já referimos, a fraude pode
descolonização (dando origem a novas reivin- do sector: a bordo das embarcações, no surgir, ao longo de toda cadeia (as possibili-
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dades após o desembarque são enormes), mas armadores que registam os seus navios num
também pode ser imputada às administrações país estrangeiro. As regulamentações cada vez
nacionais. Cada Estado é, efectivamente, mais rígidas e os custos sociais para os empre-
responsável pelo «policiamento» no seu terri- gadores são outros factores que contribuem,
tório (realização dos controlos, aplicação das sem dúvida, para desenvolver ainda mais este
sanções aos infractores). A nível comunitário, fenómeno. As vantagens desta prática para o
a responsabilidade por uma transgressão será, pescador, que passa a estar sob a jurisdição
assim, imputada ao Estado que não cumprir do Estado ao qual pertence o pavilhão, são
as suas obrigações. No plano internacional, mais do que evidentes: fugir às regras impostas
é mais difícil obrigar os Estados soberanos no seu país de origem, aceder livremente aos
a aplicar as regras. Não existe, com efeito, recursos haliêuticos, escapar aos controlos,
nenhuma autoridade supranacional. As melhorar a sua competitividade, etc.
convenções e os tratados apenas vinculam os O Estado ao qual pertence o pavilhão também
Estados signatários. É por essa razão que, retira alguma vantagem, ainda que esta seja
de há cerca de vinte anos para cá, o número mínima: receitas fiscais e criação de eventuais
de navios com pavilhão de conveniência têm postos de trabalho. Estes Estados são, muitas
vindo a aumentar cada vez mais. vezes, países em fase de desenvolvimento que
não possuem meios (nem o interesse) para
O que significa pavilhão criar sistemas de controlo eficazes, sobretudo
de conveniência?
Ao liberalizar os mercados e a circulação de 1 (Thunnus obesus). Controlo nos portos: um dos cavalos
capitais, a mundialização da economia contri- 2 Tradução da expressão inglesa: illegal, unregulated de batalha da CE na elaboração do plano
buiu igualmente para aumentar o número de and unreported fisheries (IUU). de acção da FAO.
8 A Pesca na Europa
PA S TA
Serge Lucas ainda conserva uma incrível ficaram sensibilizados com a imagem diferente não podem simplesmente deixar de pescar: estão
energia e, como qualquer normando que que projectei deles. Eram finalmente vistos num beco sem saída. Estes homens são os
se preze, aprecia os prazeres da gastronomia. como trabalhadores normais». Seguiram-se primeiros a defender as medidas de conservação
Talvez seja a paixão pela sua profissão que outros artigos em diversos jornais. Serge para que os seus filhos possam perpetuar
o move ou ainda o seu fascínio por aqueles Lucas conta no seu activo com 500 dias de a tradição. O problema reside na injustiça
que designa como «os trabalhadores do mar». mar e 130 embarques. das medidas impostas, que obrigam toda
«Comecei a interessar-me pela vida dos pesca- a gente a respeitar as mesmas regras.»
dores porque ninguém se interessava por eles, Da Idade Média
confia-nos. E quando a imprensa falava deles, à época moderna Mas, para Serge Lucas, «Bruxelas» não
não os tratava da forma como mereciam». Serge Lucas viveu dias felizes ao longo destes deve ser apenas alvo de elogios, mas também
últimos 20 anos em que acompanhou os de duras críticas. A proibição1 das redes de
O seu primeiro contacto com os homens pescadores europeus. Aprendeu muito sobre emalhar de deriva na pesca dos tunídeos
do mar deu-se por ocasião de uma greve, as pessoas e as técnicas e testemunhou a sua deixou-o indignado: «essas redes constituem
em Fevereiro de 1968. Serge Lucas era então fulgurante evolução: «em meados da década artes de pesca eficazes que permitiram relançar
jornalista do Paris-Normandie. Fixado no de 70, a pesca no mar evoluiu da Idade Média a pesca do atum voador (thunnus alalunga).
porto de Dieppe, o seu contacto com os para a época moderna, sem passar por uma A sua proibição não foi baseada num estudo
pescadores prosseguia de forma episódica, ao fase de transição. Os pescadores conseguiram científico aprofundado. O problema é que não
sabor da actualidade local. Em 1978, motivado assimilar progressos técnicos com uma ensinaram os pescadores a utilizá-las como
por uma curiosidade cada vez maior pela habilidade fora do comum. A tecnologia deve ser e de forma racional. Deveria ter sido
profissão de pescador, decide «ir mais além melhorou as condições de vida a bordo definido um quadro para a sua utilização.»
do cais». Queria partilhar a vida dos pescadores e diminuiu o peso das tarefas. No tempo dos
a bordo, vê-los trabalhar. «Tinha três pontos navios à vela, uma calmaria era suficiente para Um pouco antes de se reformar, Serge Lucas
a meu favor: tempo livre, boas relações e não imobilizar um navio e estragar todo o peixe. tinha planeado percorrer a Europa para
enjoava no mar! Seria extremamente incómodo Era preciso devolver o peixe capturado ao mar conhecer o mundo da pesca de cada um
para eles ter uma pessoa doente a bordo.» e rumar novamente para o largo, para não dos seus países. O projecto não foi, contudo,
voltar ao porto sem peixe. O progresso trouxe concretizado. Encontra-se neste momento
Serge Lucas publica a sua primeira reportagem ao homem um poder considerável, mas deu-lhe a escrever a sua terceira obra, dedicada
em 1979, na revista francesa Géo. Nessa também a capacidade para esgotar o mar». à pesca em alto mar. O jornalista/fotógrafo
reportagem, relata a sua expedição de 70 dias explica-nos o motivo da sua reforma:
ao largo da Gronelândia, a bordo do Para Serge Lucas, a chegada da Política «Se continuar nas mesmas andanças, vou
«Finlande», um navio de pesca de camarão. Comum da Pesca foi, sem dúvida, uma acabar por repetir-me. É preciso que outras
Uma viagem inesquecível de que se orgulha novidade positiva. A Europa azul, como ele pessoas agarrem o testemunho e transponham,
enquanto repórter fotográfico: «os pescadores lhe chama, desempenha um papel funda- também, a linha que separa o cais do mar».
mental na gestão dos recursos haliêuticos.
O jornalista do mar acrescenta: «os pescadores
têm consciência disso. Já se aperceberam que
1 Proibição que abrange o Atlântico e o Mediterrâneo
o tamanho do peixe diminuiu. Conhecem os
e que entrará em vigor em Janeiro de 2002.
perigos que a sua actividade comporta, mas
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V O LTA P E L O M U N D O
© Lionel Flageul
BREVES
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TAC e quotas para 2001:
K L - A F - 0 1 - 0 0 1 - P T- C
as grandes decisões
Os totais admissíveis de captura e as quotas nacionais de pesca foram
adoptadas pelo Conselho de ministros da Pesca nos dias 14 e 15 de
Dezembro último. Foram estabelecidas novas reduções. As mais severas
aplicam-se a duas espécies ameaçadas, o bacalhau e a pescada, em todas Espécie particularmente ameaçada
as zonas de pesca do Atlântico Norte. no Atlântico Norte.
O Conselho adoptou, por maioria qualificada, âmbito dos planos de 5 anos destinados ao tardar, até ao final de 2001, um limite de
o regulamento que fixa os totais admissíveis restabelecimento destas populações. Com este capturas (TAC) para as espécies demersais,
de captura e as quotas para o ano de 2001. mesmo objectivo, a Comissão apresentará assim como medidas em matéria de gestão.
O volume de capturas autorizadas foi, propostas ao Conselho antes do mês de Junho. A Comissão consultará os Estados-Membros
para grande parte das espécies, drasticamente sobre essa matéria durante o ano de 2001.
reduzido em comparação com o volume O Conselho e a Comissão acordaram, por 1 Com excepção do mar da Irlanda, onde a pesca
fixado para o ano de 2000. último, sobre a necessidade de fixar, o mais do bacalhau continua proibida.
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