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Das invasões francesas à Revolução de 1820

Introdução
Nos inícios do século XIX, Portugal permanecia um típico país de Antigo Regime, imune aos “ventos” que sopravam
de França:

 Uma sociedade de ordens fortemente hierarquizada, em que prevaleciam os privilégios da nobreza e do clero.
 Uma economia agrícola, de fraco rendimento, em que os camponeses viviam na miséria e sujeitos a pesadas
obrigações.
 Um sistema político absolutista, assente na ação repressiva das suas instituições e aparelhos ideológicos: a
Inquisição, a Real Mesa Censória e a Intendência-Geral da Polícia.

Contudo, nos centros urbanos, sentia-se um desejo de mudança, tanto da parte da burguesia comercial que estava
desejosa de se impor socialmente, como da parte de muitos intelectuais. Mais tarde muitos deles acabaram por se
filiar em lojas maçónicas e juntar-se á luta pelo fim dos privilégios das desigualdades sociais, da intolerância religiosa,
do fanatismo e da tirania.

Política e Diplomacia
Durante a guerra da independência americana, Portugal manteve nesse conflito uma política de neutralidade em
relação a velha aliança com a Inglaterra.

O comércio marítimo português beneficiou desta neutralidade nos mares, o transporte de mercadorias em navios de
estados neutros estimulava o circuito mercantil com a América do Norte, nas relações internacionais conseguiu-se
um a assinatura de um acordo bilateral de comercio entre Portugal e os EUA.

A revolução francesa, colocou a diplomacia portuguesa em situação bastante difícil, ao contrário de favorecer a
desejada neutralidade, nesta conjuntura Portugal viu-se obrigado a tomar uma posição e colocou-se assim do lado
da tradicional aliança com a Inglaterra, e em rota de colisão com a França e a Espanha.

O Bloqueio Continental
O Bloqueio Continental decretado por Napoleão Bonaparte em Berlim, a 21 de novembro de 1806, visava impedir o
desenvolvimento de quaisquer relações económicas entre a Grã-Bretanha e os seus parceiros comerciais. Através
deste embargo comercial, a França esperava substituir a Inglaterra na predominância económica no continente
europeu, e empenharam-se em vedar à Inglaterra qualquer acesso económico ao continente. Assim o Bloqueio
Continental tinha funções simultaneamente destrutivas (em relação à capacidade instalada da marinha mercante
britânica e ao potencial da economia inglesa) e construtivas (tendo em vista a hegemonia francesa no continente
europeu).

Nesse mesmo ano a Inglaterra aproveitando a vantagem de ter vencido no ano anterior a batalha de Trafalgar,
tentou tomar a iniciativa da guerra, enviando a Lisboa uma esquadra para negociar o necessário apoio político
militar, mas esta tentativa não resultou no imediato, na obstante Portugal negou a adesão ao bloqueio continental
decretado por Napoleão, e a invasão francesa era agora inevitável.

A 22 de novembro de 1807 chegou a notícia de que o exército francês marchava em direção a Portugal, ia-se iniciar a
primeira de três invasões e a família real fugiu para o Brasil.

A Primeira Invasão
A 26 de Novembro tropas francesas e Espanholas entraram em Portugal, e no dia 30 o General Junot entrou em
Lisboa, após a sua chegada publicou uma proclamação em que se declarava protetor do reino contra os ingleses. Em

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seguida deu ordem para que fossem presos os súbditos britânicos que ainda residiam em Portugal e os seus bens
foram confiscados.

Uma das primeiras exigências de Napoleão foi um tributo de 100 milhões de francos, como era impossível de
satisfazer esta quantia, Junot mandou que as igrejas e confrarias de Lisboa entregassem todo o ouro e prata que
disponham. 

Foi a primeira de uma serie de afrontas, que fizeram aumentar o descontentamento dos Portugueses, mas também
dos Espanhóis, que entretanto foram subjugados pelos franceses, o exército espanhol que estava no nosso território
voltou para Espanha e deu-se inicio a uma insurreição contra os ocupantes que rapidamente se alastrou a toda a
Península Ibérica, nestas circunstancias os franceses tiveram que dispersar todo o seu exército para conter dezenas
de revoltas que apareciam um pouco por todo o lado, permitindo assim que os Ingleses desembarcassem no dia 1 de
Agosto 1808 na praia de Lavos, a sul da foz do rio Mondego, cerca de 13500 homens ao qual se juntaram mais 2300
soldados portugueses.

Nos dias seguintes travaram-se duas importantes batalhas, no dia 17 de agosto na Roliça, e no dia 21 de agosto no
Vimeiro.

O Exército luso-britânico saiu vencedor com poucas baixas, no entanto pelo contrário o exército Francês teve
pesadas baixas e estando incapacitado para travar uma nova batalha viu-se obrigado a retirar de Portugal,
terminando assim a primeira invasão.

A segunda invasão
Em março de 1809, dá-se uma nova invasão, comandada pelo Marechal Soult entra em Portugal por Chaves, e
avança até ao Porto passando por Braga, os franceses tentam avançar mais para sul, mas mais uma vez são travados
pelo exército luso-Britânico e após sofrerem pesadas baixas, são obrigados novamente a recuar para Espanha.

A terceira invasão
No verão de 1810, um poderoso exército com cerca de 80 000 homens, comandados pelo marechal Massena, entra
em Portugal pela Beira-Alta.

Esta nova ofensiva foi minuciosamente preparada e contava com a colaboração de Portugueses e Espanhóis, o
exército invasor avança até ao Buçaco onde conseguem uma importante vitória, acompanhada de uma retirada do
exército Luso-Britânico até às linhas de Torres.

O sistema de fortificação que foi aí construído, tendo em vista a defesa de lisboa, permitiu arrastar a guerra para a
Estremadura o palco da guerra.

Cercado por uma população hostil e por uma barreira militar bem organizada, Massena fica impossibilitado de
receber aprovisionamentos para o seu exército, em março de 1811 as tropas francesas iniciam a retirada e nunca
mais tentarão invadir Portugal.

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