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2.

ª fase das revoluções

O radicalismo republicano e jacobino: a obra da Convenção:

A Assembleia Legislativa iniciou os seus trabalhos em outubro de 1791, num ambiente de


grande perturbação política e social. As razões são as disputas político-ideológicas entre as
várias fações revolucionárias e entre estas as forças contrarrevolucionárias (apoiantes do Rei e
do Antigo Regime) que tornaram iminente uma guerra civil.

O aumentando do descontentamento social provocado pela crise económica trouxera mais


distúrbios e motins. Elementos extremistas e revolucionários do povo - os sans cullottes
(artesão e pequenos comerciantes), entendem que a revolução deve servir os interesses do
povo e não os da alta burguesia como até aí.

Há uma real ameaça de invasão estrangeira, por parte da Áustria e da Prússia que, receando
que o movimento alastrasse aos seus países, se preparam para invadir a França.

O fracasso da Monarquia Constitucional:

- Os emigrados conspiravam a partir do exterior contra a revolução, apelando aos reis e aos
exércitos das potências estrangeiras, opositoras da revolução, como a Prússia e a Áustria;

- Eclodiram revoltas realistas e aristocráticas contrarrevolucionárias.

- Fuga falhada do rei e da família real, detidos junto à fronteira com a Áustria; o rei foi acusado
de conspirar contra a revolução e foi preso;

A Revolução:

Detido na sua tentativa de fuga, Luís XVI e a família são conduzidos a Paris e instalados no
Palácio das Tulherias.

Em 1792 uma comuna insurrecional assalta o Palácio, o rei é preso e destituído de funções
pela Assembleia Legislativa, a Constituição suspensa, o poder é assumido pela comuna de
Paris, que convoca eleições para uma nova Assembleia - a futura Convenção - a eleger por
sufrágio universal.

A República

Em setembro de 1792 a Convenção, novo órgão legislativo revolucionário proclama a


República.

Contudo, duas fações se desenham traduzindo projetos políticos antagónicos:

- os mais moderados, os girondinos;

- os mais radicais, os montanheses, entusiastas de uma república democrática (com a


participação de todos os cidadãos), e popular, (para servir os interesses do povo).

A prisão do rei (1792) e mais tarde a execução do rei (1793) provocou uma

enorme indignação dentro e fora da França.


No exterior o país debatia-se com uma coligação de países, entre os quais

Áustria, Prússia, Inglaterra, Espanha, que assim reagiam à política de anexações territoriais da
Convenção e à execução de Luís XVI.

Com a revolução em perigo e as fronteiras a ceder, a Convenção radicaliza-se constituindo-se


um novo governo de maioria "montanhesa", onde sobressaíam líderes como Danton, Marat e
Robespierre.

O Triunfo da Revolução Burguesa

A Convenção montanhesa instala o regime do "Terror" no qual os suspeitos de serem


antirrevolucionários eram condenados em julgamentos sumários e executados na guilhotina.
Calcula-se em 40 000 as vítimas desse terror. Esta fase termina em 1794 a fase mais radical e
violenta da Revolução Francesa e iniciava-se o triunfo da Revolução Burguesa.

Fig. X Execução na guilhotina

O Triunfo da Revolução Burguesa

Entre 1794 e 1795, a Convenção manteve-se como assembleia legislativa. Passou a ser
dominada por elementos mais moderados. Os novos deputados defendiam os interesses da
burguesia, por isso se diz que à república popular sucedeu uma república burguesa.

Prestes a terminar funções, a Convenção aprovou uma nova Constituição – a Constituição do


ano III, mais conservadora de que de 1791 e 1793 de matriz liberal, destinada a restabelecer a
ordem e a paz.
O Diretório

Uma nova etapa da revolução se iniciava: o Diretório

Os anos do Diretório (1795/99) corresponderam a um periodo de agitação e instabilidade


social. Houve um agravamento da crise económica: os contrastes sociais eram chocantes.
Enquanto os assalariados, sofriam com a liberalização da economia após a revogação da lei do
máximo (que defendia a fixação de preços e salários), os novos-ricos exibiam-se sem pudor.

A oposição e a conspiração dos monárquicos (realistas) e jacobinos (radicais) não davam


tréguas ao Diretório, que se via obrigado a uma atitude repressiva e à força militar para abafar
as conspirações ou anular resultados eleitorais desfavoráveis.

Prosseguimento da guerra

Entretanto, com o contributo do jovem general Napoleão Bonaparte, a França alcançou uma
série de vitórias militares: no Piemonte, na Lombardia, no ducado de Mântua e na Áustria que
culminaram com a assinatura do tratado Campo-Fórmio. Com os tributos cobrados aos povos
vencidos, a França pode reequilibrar o orçamento

O Diretório deu assim continuidade à política de anexações territoriais e propaganda


revolucionária.

O tratado de Campo Fórmio foi assinado a 17 de outubro de 1797. Assinado entre Francisco II,
Imperador romano-germânico e a República Francesa, vitoriosa ao final da campanha contra a
Primeira Coligação, a 17 de outubro de 1797.

Fim do Diretório

Esta política teve como consequência a constituição de uma segunda coligação estrangeira
contra a França por parte da Inglaterra, Áustria, Estados alemães, Prússia e Rússia), não evitou
contudo a nível interno a eclosão de vários golpes militares o último dos quais daria fim ao
desacreditado Diretório: foi o 18 do Brumário (9 de novembro de 1799), dirigido por Napoleão
Bonaparte.

Do Consulado ao Império

Após o 18 do Brumário, o poder executivo foi entregue a uma comissão formada por três
cônsules, o Consulado, no qual pontificava Napoleão. Era um governo republicano, com poder
partilhado embora a Constituição de 1799 previsse a possibilidade de ele vir a concentrar-se. E,
com efeito, durante a sua vigência (1799/1804), vai assistir-se ao reforço progressivo do poder
pessoal de Napoleão.
Fig. X Retrato de Napoleão Bonaparte (1769-1821)

Do Consulado ao Império

Napoleão foi nomeado 1° Cônsul por dez anos, tornando-se o chefe do poder executivo. A
Constituição de 1802 proclama-o Cônsul vitalício. O Senado proclama-o Imperador hereditário
e em 1804 coroa-se Imperador, em Notre-Dame, na presença do Papa Pio VII. Era o fim da
República e o início do Império.

Do Consulado ao Império – Napoleão Reconciliação Nacional:

• Fim das perseguições aos republicanos radicais, desde que dispostos a servir poder;

• Fim do diferendo com a Santa Sé e a assinatura da concordata (1801), que garantia a


confissão católica.

Napoleão sempre procurou dar ao seu governo uma aparência democrática. Na realidade
tratou-se de uma ditadura do tipo monárquico. Poderemos considerar este período um
regresso ao Antigo Regime? À partida não. Porque a sua base de apoio foi a burguesia e não a
aristocracia. Depois, durante quinze anos em que esteve no poder, Napoleão procurou
consolidar as conquistas da revolução.

Mas não consolidou só as conquistas da revolução, realizou uma obra modernizadora notável.

- Centralização Administrativa:

Os funcionários da administração local, passaram a ser nomeados pelo governo (ex: os


maires).

- Recuperação Financeira:

> Lançamento e novas contribuições diretas;

> Criação do banco da França;

> Criação de uma nova moeda - o franco.

- Reforma do Ensino:

• Criação dos liceus para acolher os filhos da burguesia, de quem se esperava mais tarde
devoção ao serviço do Estado;

Publicação do Código Civil, 1804:


› consagrava a igualdade perante a lei, mas, sobretudo, unificava a França do ponto de vista
legal, acabando com a diversidade de leis do Antigo Regime.

Sobre a Revolução Francesa...

A Revolução Francesa foi olhada por contemporâneos como um acontecimento excecional. As


suas ideias ecoaram por toda a Europa. Foi alvo da mais entusiástica adesão por parte dos
liberais, que a consideraram um modelo a seguir, enquanto que foi objeto da mais violenta
rejeição, por parte dos conservadores, que receavam o efeito de contágio.

Quando em 1792 o país iniciou a guerra, fê-lo para defender a revolução, mas também para
expulsar os tiranos do poder.

O que inicialmente era uma guerra de libertação, depressa se converteu numa guerra de
conquista, revelando uma pulsão expansionista. Anexou a Bélgica, Nice, Sabóia, a margem
esquerda do Reno, entre outras.

No auge do poder napoleónico, a França estendera o seu domínio a um vasto território, desde
a Espanha à Polónia, a cujos povos se apresentava como portadora de uma mensagem de
liberdade, igualdade e fraternidade, mas também de esperança numa futura
autodeterminação.

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