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TEXTO II QUESTÃO 08
O duelo entre paulistas e gaúchas, inicialmente,
aconteceria na Arena Barueri, em Barueri [...]. A Examinaremos agora brevemente algumas das ideias
escolha de um estádio secundário para a realização básicas que constituem a justiça como equidade para
da semifinal escancara a falta de atenção e mostrar que essas ideias pertencem a uma concepção
investimento que ainda está presente no futebol política da justiça. Como indiquei, a ideia global
feminino no Brasil. fundamental intuitiva, no interior da qual outras
ideias básicas intuitivas são sistematicamente
Disponível em: www.uol.com.br/esporte/ultimas- conectadas, é a ideia da sociedade como um sistema
noticias/enm/2022/09/10/ zagueira-corinthiana-andressa-rosa- equitativo de cooperação entre pessoas livres e
destaca-importancia-de-grandesestadios-para-o-futebol- iguais. A justiça como equidade parte dessa ideia
feminino.htm. Acesso em: 27 set. 2022.
como uma das ideias intuitivas básicas que
consideramos implícitas na cultura pública de uma
Após décadas proibido, o futebol feminino foi
sociedade democrática. No seu pensamento político,
regulamentado em 1983. No entanto, para a
e no contexto de uma discussão pública de questões
eficiência prática dessa lei, o respaldo legislativo
políticas, os cidadãos não veem a ordem social como
necessita de
uma ordem natural fixa, ou como uma hierarquia
A criação de mais campeonatos nacionais para maior
institucional justificada por valores religiosos ou
visibilidade.
aristocráticos.
B aval da classe médica para impedir danos à saúde
das jogadoras. RAWLS, J. Justiça como equidade: uma concepção política,
C construção de estádios voltados principalmente não metafísica. Lua Nova (25). Abr. 1992. Disponível em:
para a modalidade. www.doi.org. Acesso em: 22 set. 2022.
D políticas públicas para obtenção de resultados
A teoria da justiça como equidade do filósofo liberal BOFF, L. Responsabilidade coletiva. Disponível em:
John Rawls visa fundamentar a noção de justiça http://leonardoboff.wordpress.com.
Acesso em: 14 maio 2013.
baseando-se
A na igualdade como unidade cultural.
A ética da responsabilidade protagonizada pelo
B na cooperação controlada pelo Estado.
filósofo alemão Hans Jonas e reivindicada no texto é
C no respeito a hierarquias institucionais.
expressa pela máxima:
D nos princípios de liberdade e igualdade.
A “A tua ação possa valer como norma para todos os
E nas noções morais culturais e religiosas.
homens.”
B “A norma aceita por todos advenha da ação
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comunicativa e do discurso.”
C “A tua ação possa produzir a máxima felicidade
Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir
para a maioria das pessoas.”
dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não
D “O teu agir almeje alcançar determinados fins que
poderá pagar, mas vê também que não lhe
possam justificar os meios.”
emprestarão nada se não prometer firmemente pagar
E “O efeito de tuas ações não destrua a possibilidade
em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a
futura da vida das novas gerações.”
promessa; mas tem ainda consciência bastante para
perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao
dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo
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que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria:
Sempre que a relevância do discurso entra em jogo,
quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-
a questão torna-se política por definição, pois é o
lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que
discurso que faz do homem um ser político. E tudo
tal nunca sucederá.
que os homens fazem, sabem ou experimentam só
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São
tem sentido na medida em que pode ser discutido.
Paulo: Abril Cultural, 1980. Haverá, talvez, verdades que ficam além da
linguagem e que podem ser de grande relevância
para o homem no singular, isto é, para o homem que,
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa seja o que for, não é um ser político. Mas homens no
de pagamento” representada no texto plural, isto é, os homens que vivem e se movem e
A assegura que a ação seja aceita por todos a partir agem neste mundo, só podem experimentar o
da livre discussão participativa. significado das coisas por poderem falar e ser
B garante que os efeitos das ações não destruam a inteligíveis entre si e consigo mesmos.
possibilidade da vida futura na terra.
C opõe-se ao princípio de que toda ação do homem ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2004.
possa valer como norma universal.
D materializa-se no entendimento de que os fins da
No trecho, a filósofa Hannah Arendt mostra a
ação humana podem justificar os meios.
importância da linguagem no processo de
E permite que a ação individual produza a mais
A entendimento da cultura.
ampla felicidade para as pessoas envolvidas.
B aumento da criatividade.
C percepção da individualidade.
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D melhoria da técnica.
Fundamos, como afirmam alguns cientistas, o
E construção da sociabilidade
antropoceno: uma nova era geológica com altíssimo
poder de destruição, fruto dos últimos séculos que
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significaram um transtorno perverso do equilíbrio do
O leproso é visto dentro de uma prática de rejeição,
sistema-Terra. Como enfrentar esta nova situação
ao exílio-cerca; deixa-se que se perca lá dentro como
nunca ocorrida antes de forma globalizada e
numa massa que não têm muita importância
profunda? Temos pessoalmente trabalhado os
diferenciar; os pestilentos são considerados num
paradigmas da sustentabilidade e do cuidado como
policiamento tático meticuloso onde as
relação amigável e cooperativa para com a natureza.
diferenciações individuais são os efeitos limitantes
Queremos, agora, agregar a ética da
de um poder que se multiplica, se articula e se
responsabilidade.
subdivide. O grande fechamento por um lado; o bom
treinamento por outro. A lepra e a sua divisão; a
peste e seus recortes. Uma é marcada; a outra,
analisada e repartida. O exílio do leproso e a prisão
da peste não trazem consigo o mesmo sonho político.