Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2. (Uece 2023) No Discurso do método (1637), o filósofo racionalista René Descartes (1596-
1650) estabelece para si o seguinte critério.
“[...] jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente
como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em
meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não
tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”.
DESCARTES, René. Discurso do método, II, 7. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
Quantas vezes ocorreu-me sonhar, durante a noite, que estava neste lugar, que estava vestido,
que estava junto ao fogo, embora estivesse inteiramente nu dentro de meu leito? […]
Pensando cuidadosamente nisso, lembro-me de ter sido muitas vezes enganado, quando
dormia, por semelhantes ilusões. E, detendo-me neste pensamento, vejo tão manifestamente
que não há quaisquer indícios concludentes, nem marcas assaz certas por onde se possa
distinguir nitidamente a vigília do sono, que me sinto inteiramente pasmado: e meu pasmo é tal
que é quase capaz de me persuadir de que estou dormindo.
Texto 2
(Shin Suzuki. “Vida no metaverso: como a realidade virtual poderá afetar a percepção do
mundo ao redor”. www.bbc.com, 28.11.2021. Adaptado.)
Nesses dois textos, observa-se a problematização de uma questão clássica em filosofia, a qual
corresponde à
a) relação entre sensação e razão.
b) evolução das descobertas científicas.
Página 1 de 4
c) estruturação do raciocínio lógico.
d) fundamentação do conhecimento comum.
e) combinação entre progresso e tecnologia.
Não há, pois, dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não
poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte
que, após ter pensado bastante nisso e ter examinado cuidadosamente todas as coisas,
cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é
necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.
DESCARTES, René. Meditações. Tra. de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova
Cultural, 1996. p. 267.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de Descartes, assinale a alternativa
correta.
a) O conhecimento é impossível, pois todas as tentativas de justificá-lo levam a um inevitável
regresso ao infinito.
b) A dúvida metódica demonstra a impossibilidade de se atingir conhecimento verdadeiro, pois
a dúvida torna-se generalizada.
c) Os seres humanos são incapazes de obter conhecimento, porque estão sempre sujeitos a
um gênio maligno que tudo faz para confundi-los.
d) A dúvida metódica prova a verdade absoluta do cogito que, por isso, será o fundamento
seguro para todo conhecimento.
e) O conhecimento absolutamente verdadeiro é aquele que tem origem nos sentidos, que são a
fonte mais firme e segura para se alcançar a verdade.
5. (Ufu 2022) No dizer de Descartes, não temos certeza sequer se existimos, pois podemos
estar em um sonho ou ser vítimas de um ser maior do que nós e que nos engana, fazendo-nos
crer que existimos quando, na verdade, não somos mais do que a imaginação desse ser. No
entanto, mesmo quando nos enganamos, precisamos do pensamento, quer dizer, para nos
enganarmos, temos de pensar; e, para pensar, precisamos existir. Ora, se podemos nos
enganar, então pensamos e, se pensamos, então, existimos.
SAVIAN FILHO, Juvenal. Filosofia e filosofias. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. p. 67.
Página 2 de 4
c) vê na dúvida o meio de se chegar à verdade, daí emerge sua máxima “penso, logo existo”.
d) oferece elementos para a retomada da mitologia como forma de explicar a realidade.
e) faz emergir o irracionalismo que se tornou a base do pensamento pós-moderno.
Nos últimos tempos, reservou-se (e, com isso, popularizou- se) o termo fake news para
designar os relatos pretensamente factuais que inventam ou alteram os fatos que narram e que
são disseminados, em larga escala, nas mídias sociais, por pessoas interessadas nos efeitos
que eles poderiam produzir.
(Wilson S. Gomes e Tatiana Dourado. “Fake news, um fenômeno de comunicação política
entre jornalismo, política e democracia”. Estudos em Jornalismo e Mídia, nº 2, vol. 16, 2019.)
Texto 2
As vacinas foram os principais alvos de fake news entre todas as publicações monitoradas pelo
Ministério da Saúde em 2018. Cerca de 90% dos focos de mentiras identificados pelo órgão
tinham como alvo a vacinação. Reconhecido internacionalmente, o programa de imunização
brasileiro viu doenças como sarampo e poliomielite voltarem a ameaçar o país em 2018 após
os índices de cobertura vacinal caírem em 2017.
(Fabiana Cambricoli. “Ministério da Saúde identifica 185 focos de fake news e reforça
campanhas”. https://saude.estadao.com.br, 20.09.2018. Adaptado.)
8. (Enem 2021) A filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a metafísica; o tronco, a física,
e os ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três principais:
a medicina, a mecânica e a moral, entendendo por moral a mais elevada e a mais perfeita
porque pressupõe um saber integral das outras ciências, e é o último grau da sabedoria.
DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1997 (adaptado).
9. (Unesp 2021) Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que não havia nenhum
céu, nenhuma terra, espíritos alguns, nem corpos alguns; me persuadi também, portanto, de
que eu não existia? Certamente não, eu existia, sem dúvida, se é que eu me persuadi ou,
apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui
ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Não há pois dúvida alguma
de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com que
eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante
nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por
constante que esta proposição, penso, logo sou, é necessariamente verdadeira, todas as vezes
que a enuncio […].
Página 3 de 4
(René Descartes. Meditações, 1973.)
Segundo o texto, um dos pontos iniciais do método de Descartes que o levou ao cogito
(“penso, logo sou”) foi
a) a análise das partes.
b) a síntese das partes analisadas.
c) o prevalecimento da alma sobre o raciocínio.
d) o reconhecimento de um Deus enganador.
e) a arte da persuasão grega.
10. (Ufu 2020) René Descartes (1596-1650) pode ser considerado o pai da filosofia moderna,
pois, em vários aspectos, permitiu uma visão crítica da filosofia medieval, especialmente no
que se referia à possibilidade do conhecimento da natureza. Seu livro Discurso do método é
um marco para esse ponto de virada filosófica e coloca, em destaque, a importância da dúvida
metódica para a investigação científica.
Gabarito:
Página 4 de 4