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1. (Uft 2023) Francis Bacon (1561-1626): “Só há e só pode haver duas vias para a
investigação e para a descoberta da verdade. Uma, que consiste no saltar-se das sensações e
das coisas particulares aos axiomas mais gerais e, a seguir, descobrirem-se os axiomas
intermediários a partir desses princípios e de sua inamovível verdade. Esta é a que ora se
segue. A outra, que recolhe os axiomas dos dados dos sentidos e particulares, ascendendo
contínua e gradualmente até alcançar, em último lugar, os princípios de máxima generalidade.
Este é o verdadeiro caminho, porém ainda não instaurado.”
Quantas vezes ocorreu-me sonhar, durante a noite, que estava neste lugar, que estava vestido,
que estava junto ao fogo, embora estivesse inteiramente nu dentro de meu leito? […] Pensando
cuidadosamente nisso, lembro-me de ter sido muitas vezes enganado, quando dormia, por
semelhantes ilusões. E, detendo-me neste pensamento, vejo tão manifestamente que não há
quaisquer indícios concludentes, nem marcas assaz certas por onde se possa distinguir
nitidamente a vigília do sono, que me sinto inteiramente pasmado: e meu pasmo é tal que é
quase capaz de me persuadir de que estou dormindo.
Texto 2
(Shin Suzuki. “Vida no metaverso: como a realidade virtual poderá afetar a percepção do
mundo ao redor”. www.bbc.com, 28.11.2021. Adaptado.)
Nesses dois textos, observa-se a problematização de uma questão clássica em filosofia, a qual
corresponde à
a) relação entre sensação e razão.
b) evolução das descobertas científicas.
c) estruturação do raciocínio lógico.
d) fundamentação do conhecimento comum.
e) combinação entre progresso e tecnologia.
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“[...] jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente
como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em
meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não
tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”.
DESCARTES, René. Discurso do método, II, 7. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
Não há, pois, dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não
poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte
que, após ter pensado bastante nisso e ter examinado cuidadosamente todas as coisas,
cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é
necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.
DESCARTES, René. Meditações. Tra. de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova
Cultural, 1996. p. 267.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de Descartes, assinale a alternativa
correta.
a) O conhecimento é impossível, pois todas as tentativas de justificá-lo levam a um inevitável
regresso ao infinito.
b) A dúvida metódica demonstra a impossibilidade de se atingir conhecimento verdadeiro, pois
a dúvida torna-se generalizada.
c) Os seres humanos são incapazes de obter conhecimento, porque estão sempre sujeitos a
um gênio maligno que tudo faz para confundi-los.
d) A dúvida metódica prova a verdade absoluta do cogito que, por isso, será o fundamento
seguro para todo conhecimento.
e) O conhecimento absolutamente verdadeiro é aquele que tem origem nos sentidos, que são a
fonte mais firme e segura para se alcançar a verdade.
5. (Uece 2023) “Como é que, ao longo dos últimos 2 mil ou 3 mil anos, nós construímos a ideia
de humanidade? Será que ela não está na base de muitas das escolhas erradas que fizemos,
justificando o uso da violência? A ideia de que os brancos europeus podiam sair colonizando o
resto do mundo estava sustentada na premissa de que havia uma humanidade esclarecida que
precisava ir ao encontro da humanidade obscurecida, trazendo-a para essa luz incrível. Esse
chamado para o seio da civilização sempre foi justificado pela noção de que existe um jeito de
estar aqui na Terra, uma certa verdade, ou uma concepção de verdade, que guiou muitas das
escolhas feitas em diferentes períodos da história.”
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p.
7-8.
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6. (Integrado - Medicina 2022) Até o dia 15 de abril de 2022, a Guerra da Ucrânia (ou invasão
russa na Ucrânia) provocou o movimento migratório de mais de 5 milhões de ucranianos para
fora de seu país. O movimento ucraniano tem se direcionado para países vizinhos, tais como
Polônia, Europa Ocidental e América.
Texto 2
Quando a gente quis criar uma reserva da biosfera em uma região do Brasil, foi preciso
justificar para a Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura] por que era importante que o planeta não fosse devorado pela mineração. Para essa
instituição, é como se bastasse manter apenas alguns lugares como amostra grátis da Terra.
(Ailton Krenak. Ideias para adiar o fim do mundo, 2019.)
8. (Uece 2022) . Leia o excerto a seguir, em que René Descartes expressa uma nova
concepção de ciência:
“[...] tão logo adquiri algumas noções gerais relativas à física, e, começando a comprová-las em
diversas dificuldades particulares notei até onde podiam conduzir, e o quanto diferem dos
princípios que foram utilizados até o presente, julguei que não podia mantê-las ocultas sem
pecar grandemente contra a lei que nos obriga a procurar, no que depende de nós, o bem geral
de todos os homens. Pois elas me fizeram ver que é possível chegar a conhecimentos que
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sejam muito úteis à vida, e que, em vez dessa Filosofia especulativa que se ensina nas
escolas, se pode encontrar uma outra prática, pela qual, conhecendo a força e as ações do
fogo, da água, do ar, dos astros, dos céus e de todos os outros corpos que nos cercam, tão
distintamente como conhecemos os diversos misteres de nossos artífices, poderíamos
emprega-los da mesma maneira em todos os usos para os quais são próprios, e assim nos
tornar como que senhores e possuidores da natureza”.
DESCARTES, R. Discurso do método, Parte VI, § 2. Trad. bras. de Jacob Guinsburg e Bento
Prado Jr. São Paulo: Difel - Difusão Europeia do Livro, 1962. (Col. Clássicos Garnier).
Essa nova concepção de ciência, apresentada por Descartes, se aproxima do que Aristóteles
chamara de
a) técnica (tékhne).
b) experiência (empeiria).
c) sensação (aísthēsis).
d) ciência (epistéme).
10. (Ufu 2022) No dizer de Descartes, não temos certeza sequer se existimos, pois podemos
estar em um sonho ou ser vítimas de um ser maior do que nós e que nos engana, fazendo-nos
crer que existimos quando, na verdade, não somos mais do que a imaginação desse ser. No
entanto, mesmo quando nos enganamos, precisamos do pensamento, quer dizer, para nos
enganarmos, temos de pensar; e, para pensar, precisamos existir. Ora, se podemos nos
enganar, então pensamos e, se pensamos, então, existimos.
SAVIAN FILHO, Juvenal. Filosofia e filosofias. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. p. 67.
11. (Pucgo Medicina 2021) A astrologia é uma pseudociência que estuda os corpos celestes e
as prováveis relações que poderiam informar sobre a personalidade, as relações humanas, e
outros assuntos relacionados à vida do ser humano e aos acontecimentos na Terra.
Leia a seguir o fragmento do texto Astrologia 2020: datas importantes e tudo o que você
precisa saber, de Emilly Chan:
Para aqueles que procuram orientação nos horóscopos, o grande evento para a década de
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2020 será quando Plutão e Saturno se alinharem no signo de Capricórnio pela primeira vez em
500 anos. Isso é muito importante: a conjunção de Plutão e Saturno raramente acontece (ela
foi vista pela última vez em 1982). Esse fenômeno já desencadeou alguns dos momentos mais
significativos da história, como o início da Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial,
a revolução cultural dos anos 1960 e a recessão econômica dos anos 1980.
[...]
Os mapas astrológicos de 2020 também sugerem um aumento no empoderamento feminino,
aumento que está relacionado ao trânsito de Urano por meio de Touro. “Os astrólogos estão
vendo o ano como o ponto de virada do patriarcado para a era matriarcal”, comenta Juliana
McCarthy, autora de The Stars Within You: A Modern Guide to Astrology (As estrelas dentro
de você:
um guia moderno de astrologia). [...]
(Disponível
em:https://vogue.globo.com/lifestyle/noticia/2020/01/astrologia-2020-datas-importantes-e-tudo-o
-que-voce-precisa-saber.html. Acesso em: 22 jan. 2020.Adaptado.)
12. (Uece 2021) “Ciência e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa
ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe obedece. E o
que à contemplação apresenta-se como causa é regra na prática.”
Bacon, F. Novum organum, Livro I, Aforismo I. Trad. brs. José Aluysio Reis de Andrade. São
Paulo: Abril Cultural, 1984.
Logo em seguida, adverti, enquanto eu queria pensar que tudo era falso, cumpria
necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade, eu
penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as demais extravagantes suposições dos
céticos não seriam capazes de abalá-la, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulos, como o
primeiro princípio da Filosofia que procurava.
(DESCARTES, René. Discurso do método, IV Parte. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 54. Os
Pensadores.)
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14. (Unesp 2021) Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que não havia nenhum
céu, nenhuma terra, espíritos alguns, nem corpos alguns; me persuadi também, portanto, de
que eu não existia? Certamente não, eu existia, sem dúvida, se é que eu me persuadi ou,
apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui
ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Não há pois dúvida alguma
de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com que
eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante
nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por
constante que esta proposição, penso, logo sou, é necessariamente verdadeira, todas as vezes
que a enuncio […].
Segundo o texto, um dos pontos iniciais do método de Descartes que o levou ao cogito
(“penso, logo sou”) foi
a) a análise das partes.
b) a síntese das partes analisadas.
c) o prevalecimento da alma sobre o raciocínio.
d) o reconhecimento de um Deus enganador.
e) a arte da persuasão grega.
15. (Enem 2021) A filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a metafísica; o tronco, a
física, e os ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três
principais: a medicina, a mecânica e a moral, entendendo por moral a mais elevada e a mais
perfeita porque pressupõe um saber integral das outras ciências, e é o último grau da
sabedoria.
DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1997 (adaptado).
16. (Unichristus - Medicina 2021) A Filosofia à época de Descartes era dominada pelo Método
Escolástico, que se limitava a comparar e contrastar as visões de autoridades reconhecidas e
da Igreja. Descartes rejeitou tal método: ele estava determinado a não acreditar em nada que
não pudesse ser provado. Descartes acreditava que, para se chegar à verdade, era necessário
questionar tudo, até mesmo sua própria existência. Descartes acreditava que uma pessoa não
deveria buscar respostas baseadas na fé, e sim na suspeita.
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Nos últimos tempos, reservou-se (e, com isso, popularizou- se) o termo fake news para
designar os relatos pretensamente factuais que inventam ou alteram os fatos que narram e que
são disseminados, em larga escala, nas mídias sociais, por pessoas interessadas nos efeitos
que eles poderiam produzir.
(Wilson S. Gomes e Tatiana Dourado. “Fake news, um fenômeno de comunicação política entre
jornalismo, política e democracia”. Estudos em Jornalismo e Mídia, nº 2, vol. 16, 2019.)
Texto 2
As vacinas foram os principais alvos de fake news entre todas as publicações monitoradas pelo
Ministério da Saúde em 2018. Cerca de 90% dos focos de mentiras identificados pelo órgão
tinham como alvo a vacinação. Reconhecido internacionalmente, o programa de imunização
brasileiro viu doenças como sarampo e poliomielite voltarem a ameaçar o país em 2018 após
os índices de cobertura vacinal caírem em 2017.
(Fabiana Cambricoli. “Ministério da Saúde identifica 185 focos de fake news e reforça
campanhas”. https://saude.estadao.com.br, 20.09.2018. Adaptado.)
18. (Uece 2020) Atente para o seguinte trecho da obra de Francis Bacon:
“Nosso método, contudo, é tão fácil de ser apresentado quanto difícil de se aplicar. Consiste no
estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e rejeitar, na maior
parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre aqueles, abrindo e
promovendo, assim, a nova e certa via da mente, que, de resto, provém das próprias
percepções sensíveis”.
19. (Uece 2020) Leia atentamente o trecho a seguir, que é um fragmento do pensamento de
Francis Bacon a respeito do processo de conhecimento e da relação entre conhecimento
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“Efetivamente construímos no intelecto humano um modelo verdadeiro do mundo, tal qual foi
descoberto e não segundo o capricho da razão de fulano ou beltrano. Porém, isso não é
possível levar a efeito, sem uma prévia e diligentíssima dissecção e anatomia do mundo. Por
isso, decidimos correr com todas essas imagens ineptas e simiescas que a fantasia humana
infundiu nos vários sistemas filosóficos. Saibam os homens como já antes dissemos a imensa
distância que separa os ídolos da mente humana das ideias da mente divina. Aqueles, de fato,
nada mais são que abstrações arbitrárias; estas, ao contrário, são as verdadeiras marcas do
Criador sobre as criaturas, gravadas e determinadas sobre a matéria, através de linhas exatas
e delicadas. Por conseguinte, as coisas em si mesmas, neste gênero, são verdade e utilidade,
e as obras devem ser estimadas mais como garantia da verdade que pelas comodidades que
propiciam à vida humana”.
20. (Enem PPL 2020) Na primeira meditação, eu exponho as razões pelas quais nós podemos
duvidar de todas as coisas e, particularmente das coisas materiais, pelo menos enquanto não
tivermos outros fundamentos nas ciências além dos que tivemos até o presente. Na segunda
meditação, o espírito reconhece entretanto que é absolutamente impossível que ele mesmo, o
espírito, não exista.
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
21. (Ufpr 2020) Nas primeiras linhas das Meditações Metafísicas, Descartes declara que
“recebera muitas falsas opiniões por verdadeiras” e que “aquilo que fundou sobre princípios mal
assegurados devia ser muito duvidoso e incerto”.
(DESCARTES, R. Meditações Metafísicas, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E.
(org.) Antologia de textos filosóficos, Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 153.)
A fim de dar bom fundamento ao conhecimento científico, Descartes entende que é preciso:
a) confiar nas próprias opiniões.
b) certificar-se de que os outros pensam como nós.
c) seguir as opiniões dos mais sábios.
d) partir de princípios seguros e proceder com método.
e) aceitar que o conhecimento é duvidoso e incerto.
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22. (Unioeste 2020) “Ao chegar a Londres, um francês encontrará tudo muito mudado em
filosofia, e também no resto. Deixou o mundo cheio, encontrou-o vazio. Em Paris, vê-se o
universo composto de turbilhões de matéria sutil, em Londres, não se vê nada disso. Entre nós,
a pressão da Lua causa o fluxo do mar; entre os ingleses, o mar gravita em direção à Lua (…)”
VOLTAIRE, Cartas Inglesas. Carta XIV: Descartes e Sir Isaac Newton.
Na décima quarta das Cartas inglesas, Voltaire identifica o atraso francês diante da
superioridade inglesa não apenas no campo do conhecimento científico, mas com relação às
instituições que o produzem. Ao fim, Voltaire contrapõe o itinerário tortuoso de Descartes às
estáveis condições produtivas de Newton a fim de aquilatar duas grandes figuras da filosofia
natural na modernidade.
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito,
ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a
incomparável beleza dessa imensa luz.
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa razão para
acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a
crença em Deus é “apenas” uma questão de fé?
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
A comparação entre o primeiro texto, publicado em 1641, e o segundo, em 2005, indica que, no
cotidiano atual, as crenças religiosas
a) passaram a dar mais sentido às ações cotidianas.
b) deixaram de reconhecer o valor das tradições culturais.
c) mantêm um lugar central na organização da sociedade.
d) concorrem com outras formas de explicação da realidade.
24. (Uece 2020) Observe as seguintes citações, que refletem posições divergentes, colocadas
por empiristas e racionalistas, sobre o método que deveria ser usado para o estabelecimento
do correto processo de conhecimento da realidade:
“Primeiramente, considero haver em nós certas noções primitivas, as quais são como originais,
sob cujo padrão formamos todos os nossos outros conhecimentos”.
DESCARTES, R. Carta a Elisabeth. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Col. Os Pensadores.
“De onde a mente apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo
numa palavra, da experiência. Todo o conhecimento está nela fundado, e dela deriva
fundamentalmente o próprio conhecimento”.
LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Col. Os
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pensadores.
25. (Ufu 2020) René Descartes (1596-1650) pode ser considerado o pai da filosofia moderna,
pois, em vários aspectos, permitiu uma visão crítica da filosofia medieval, especialmente no
que se referia à possibilidade do conhecimento da natureza. Seu livro Discurso do método é
um marco para esse ponto de virada filosófica e coloca, em destaque, a importância da dúvida
metódica para a investigação científica.
26. (Uece 2020) Leia com atenção a seguinte passagem da obra de Immanuel Kant:
“O idealismo consiste na afirmação de que não existe outro ser senão o pensante; as demais
coisas seriam apenas representações nos seres pensantes, às quais não corresponderia
nenhum objeto. Eu afirmo, ao contrário: são-nos dadas coisas como objetos de nossos
sentidos, existentes fora de nós, só que nada sabemos do que eles possam ser em si mesmos,
conhecemos apenas as representações que produzem em nós ao afetarem nossos sentidos”.
Kant. Immanuel. Prolegómenos a toda a metafísica futura. Lisboa: Edições 70, 1987. p.68.
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27. (Uece 2020) Relacione, corretamente, os pensadores com seus respectivos pensamentos
acerca da forma como o conhecimento da realidade se verifica, numerando os parênteses
abaixo, de acordo com a seguinte indicação:
1. Immanuel Kant
2. Karl Marx
3. Renè Descartes
4. G.W.F Hegel
28. (Uece 2020) “Toda a obra de Francis bacon se destina a substituir uma cultura do tipo
retórico-literário por uma do tipo técnico-científico. Bacon está perfeitamente consciente de que
a realização deste programa de reforma comporta numa ruptura com a tradição. De que tal
ruptura diz respeito não só ao modo de pensar, mas também ao modo de viver dos homens. O
tipo de discurso filosófico elaborado no mundo clássico pressupõe, segundo Bacon, a
superioridade da contemplação sobre as obras, da resignação diante da natureza sobre a
conquista da natureza, da reflexão acerca da interioridade sobre a pesquisa voltada para os
fatos e as coisas.”
ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas:1400-700. São Paulo: Companhia das Letras, 1989,
p.75/adaptado.
A passagem acima expõe a relação entre o pensamento filosófico moderno, representado por
Francis Bacon, e o pensamento filosófico clássico. Sobre essa relação, é correto afirmar que
a) não houve nenhuma mudança substantiva entre a forma como os modernos pensavam o
mundo e a forma como os antigos interpretavam a realidade, a não ser no aspecto da
adoção de um processo metodológico diferenciado do pensamento.
b) a filosofia dos modernos buscava compreender a forma do pensamento e a partir de um
raciocínio dedutivo, ao contrário dos antigos que baseavam o pensamento na forma indutiva
e experimental de abordagem da realidade.
c) a mudança da maneira com que os filósofos da modernidade passaram a pensar a realidade
foi radical em relação aos antigos, representando uma ruptura com um tipo de saber retórico
e a adoção de um pensamento focado na pesquisa sobre os fatos e as coisas.
d) embora ancorada em raciocínio lógico e em um método mais preciso de análise, a filosofia
dos modernos mostrava-se inferior ao pensamento antigo, em decorrência tanto de sua
dependência excessiva da experiência, como do abandono do raciocínio.
A chegada do homem à Lua, com o sucesso da missão Apollo 11, completou 50 anos
em 2019. O aniversário da primeira aterrissagem tripulada ao satélite natural ocorreu em um
momento de crescente interesse em torno do assunto. Atualmente, existem diversos projetos
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para repetir a façanha dos anos 1960, como é o caso do programa Artemis, da NASA, que
pode sair do papel em 2024. Outros países também têm planos de levar astronautas à Lua,
além de corporações interessadas em viabilizar a exploração comercial e turística do satélite no
futuro.
Disponível em:
https://www.dn.pt/ciencia/interior/um-pequeno-passo-para-um-homem-um-salto-gigantesco-par
a-a humanidade-1312455.html. Acesso em: 16 set. 2019. (Parcial e adaptado.)
Nesse sentido, a(s) questão(ões) abordarão o eixo temático “Os 50 anos da chegada do
homem à Lua”.
29. (Ucs 2020) Uma das questões abordadas pelo filósofo Ludwig Wittgenstein, sobre os
limites da linguagem, é que cada ser humano experimenta as sensações do mundo de um
modo peculiar, pois, segundo ele, toda experiência é particular. Nesse contexto, como, e em
que medida, a descrição das experiências e sensações pessoais pode ser compreendida pelos
outros? Essa questão me veio à mente quando eu saí há pouco do trabalho e deparei-me com
uma Lua cheia absurdamente brilhante, vislumbrada ao fundo de uma árvore plantada no
pomar de uma das casas da vizinhança. Parei para observar a luz prateada entre os galhos e
entendi que, por mais que eu me esforce ao escolher as palavras, nunca serei capaz de
descrever, de modo plenamente inteligível, para outras pessoas, toda a profundidade de
sentimentos que me ocorrem ao ver a Lua cheia brilhando em uma noite calma atrás de uma
grande árvore que o inverno desfolhou. Diante de certas sensações, as palavras ficam
pequenas.
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Gabarito:
Resposta da questão 1:
[C]
A alternativa correta é a [C], pois, Francis Bacon está indicando o modelo de conhecimento e
investigação que será característico da modernidade. Essa defesa de novos métodos para a
investigação da verdade está diretamente relacionada com a sua recusa dos métodos da
escolástica. Dessa forma, a alternativa que está em conformidade com o texto, é a alternativa
[C].
Resposta da questão 2:
[A]
A alternativa correta é a [A], pois, tanto Descartes, como Jeremy, apontam para uma
problematização clássica na filosofia, que é a forte relação entre sensação e razão. Descartes
aponta os sonhos como elemento definidor da relação razão e sensação, enquanto o cientista
aponta para a emergência da realidade virtual como esse elemento. Dessa forma, a alternativa
que aponta corretamente o que é pedido no enunciado, é a alternativa [A].
Resposta da questão 3:
[A]
Resposta da questão 4:
[D]
Resposta da questão 5:
[A]
A alternativa correta é a [A], pois, na busca de encontrar uma suposta especificidade universal
de todos os homens, ou melhor, uma ideia de humanidade que fosse extensiva a todos, René
Descartes discutiu a questão da alma e de sua imortalidade. Dessa forma, a alternativa que
responde corretamente o que é solicitado no enunciado, é a alternativa [A].
Resposta da questão 6:
[C]
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Resposta da questão 7:
[D]
Resposta da questão 8:
[A]
A alternativa correta é a [A], pois, o que Descartes aponta como conhecimentos que podem ser
empregados no domínio da natureza, se aproxima da definição de técnica em Aristóteles, que
passa pela ideia de saber o porquê das coisas, as regras que permitem produzir determinados
resultados. A alternativa que associa corretamente a noção de ciência em Descartes com a
técnica em Aristóteles, é a [A].
Resposta da questão 9:
[C]
A alternativa correta é a [B], pois, os itens corretos são, respectivamente, os itens [I] e [III]. O
item [I] está correto, pois, em Descartes, o ato de colocar em dúvida todo o conhecimento é
conhecido como dúvida metódica. Essa dúvida, segundo Descartes, é um caminho confiável
para a obtenção de um conhecimento seguro e indubitável. Já o item [III], por sua vez, está
correto, pois, para Descartes, a evidência de pensarmos e de termos o pensamento é
fundamento para as verdades matemáticas e sobre a existência de Deus. Dessa forma, a
alternativa que responde a questão de forma correta é a [B].
A alternativa correta é a [B], pois, Francis Bacon vai ser um grande crítico de formas de
pensamento e preconceitos que dificultavam a apreensão da realidade, coisa que ele vai
nomear como ídolos da mente. Desse modo, ele identifica na astrologia, um desses
conhecimentos e pensamentos que criam ídolos, mas que não oferece nenhuma forma de
verificação e segurança nas suas assertivas. Para contrapor esses conhecimentos que
dificultam a apreensão da realidade, ele vai propor o raciocínio indutivo, que propõe que a
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realidade é conhecida através da observação dos fatos e pela experimentação daquilo que
poderia ser passível de observação.
Francis Bacon, pai do empirismo, um dos precursores do iluminismo. Baseia seu pensamento
na possibilidade do conhecimento a partir da experiência e da observação. Conhecido pela
frase “conhecimento é poder”, Bacon defende que conhecer as causas dos fenômenos naturais
nos permite dominá-la no sentido de nos adequar a ela. Conhecer a natureza nos da
possibilidade de exercer poder sobre seus fenômenos.
A alternativa correta é a [B], pois, o método de René Descartes tinha como objetivo encontrar
uma primeira verdade que se imponha com absoluta certeza e que não seja passível de erros
ou engano. A máxima que vai representar essa verdade primeira vai ficar conhecida como
“Penso, logo existo”. Desse modo, a alternativa que aponta corretamente o que é solicitado no
enunciado, é a alternativa [B].
Na alegoria apresentada na questão, René Descartes sugere pensar a filosofia como uma
árvore, enraizada na metafísica, sustentada pela física e que se ramifica na medicina, na
mecânica e na moral. Essa alegoria, exposta no prefácio da obra “Princípios da Filosofia”,
serve para sustentar a perspectiva racionalista do autor, segundo a qual, existe uma unidade
essencial para o conhecimento, a metafísica, que tem no sujeito a causa originária da verdade.
É importante esclarecer, entretanto, que a metafísica cartesiana é diferente da metafísica
conforme era compreendida anteriormente, que se voltava para compreender o ser, para
defini-lo ou para buscar seu fundamento. No seu lugar, a metafísica em Descartes e, portanto,
a unidade essencial do conhecimento para ele, é a autodeterminação do sujeito que pensa, em
outras palavras, a evidência do ser que existe, uma vez que está pensando.
A alternativa correta é a [A], pois, Descartes se notabiliza por rejeitar o método escolástico e
fundar um novo método, que, se baseava no questionamento de tudo, até mesmo da
autoridade, na rejeição de tudo aquilo que não fosse provado e pela busca fundamentada na
suspeita. O verdadeiro conhecimento, segundo o filósofo francês, se daria por meio da
aplicação da dedução pura: estabelecimento de axiomas simples e, a partir do raciocínio sobre
esses axiomas, chegar a conclusões particulares. A alternativa que responde corretamente
essa questão do conhecimento em Descartes é a [A].
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[A]
Bacon faz uma crítica à tradição aristotélica, formulando uma perspectiva do conhecimento
humano mais ligada à crítica aos ídolos e ao empirismo, a partir de um método indutivo mais
adequado para entender a natureza. A apreensão da realidade a partir da experiência e da
observação se dá, para ele, por meio sistematização dos dados coletados e da formulação de
hipóteses.
A filosofia inaugurada por Renè Descartes, no campo da epistemologia, tem como fundamento
metódico o princípio da dúvida sistemática como “caminho” para a obtenção de um
conhecimento verdadeiramente seguro. Para esse pensador, tal princípio implica o
questionamento sistemático de todos os pressupostos até então tidos como verdadeiros, pois
só o processo que coloca em dúvida todo o conhecimento construído até então poderia
produzir uma verdade “sólida”. Tais formulações se relacionam à uma tentativa de identificar as
bases racionais para a obtenção de um conhecido seguro.
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entendimento dos movimentos dos corpos e da variação desses movimentos por meio de uma
perspectiva mecanicista. Essa perspectiva parte do pressuposto de que os fenômenos se
explicam por uma causa mecânica instrumental, como se o universo funcionasse tal qual uma
máquina.
Newton, por sua vez, parte de uma mecânica que valoriza o conhecimento dos aspectos
dimensionais dos fenômenos, centralizando o caráter dinâmico dos movimentos.
A alternativa correta é a [D], pois a comparação entre os textos indica que, no atual estado das
coisas, no cotidiano atual as crenças religiosas não possuem mais a centralidade de outrora.
Hoje, elas convivem e concorrem com outras formas explicativas da realidade. Dessa forma, a
alternativa que responde corretamente o que é pedido no enunciado é a [D].
A quarta afirmativa, por sua vez, deve ser identificada como incorreta, uma vez que a
epistemologia empirista nega o modelo científico cartesiano ao colocar as experiências
sensíveis como principal instrumento para a obtenção do conhecimento e que o racionalismo
cartesiano parte do pressuposto de que o sistema cognitivo humano é inato.
A filosofia cartesiana adota uma abordagem racionalista, o que quer dizer que o conhecimento
valorizado e considerado seguro era aquele obtido através da razão, especificamente da razão
orientada pelo método. Essa perspectiva enfraqueceu o poder da Igreja, já que tendia a não
aceitar seus dogmas, o que também pode ser dito sobre a filosofia tomista, de Tomás de
Aquino, filósofo medieval vinculado à Igreja. Descartes, assim como outros racionalistas, não
aceitava como indubitáveis os conhecimentos adquiridos pelos sentidos, mas duvidava deles, a
ideia geral é que os sentidos podem nos enganar e, portanto, só a racionalidade metódica
poderia nos esclarecer.
Para pensadores empiristas, como Locke e Hume, o único conhecimento existente é aquele a
que se chega através da experiência. Já para os racionalistas, como Descartes, a capacidade
de raciocinar é mais importante do que a experiência na produção de conhecimento. Diante
dessa oposição, Kant não buscou ultrapassar essas perspectivas, como afirma a alternativa
[C], nem se ocupou em consolidar o racionalismo em oposição ao empirismo, como afirma a
alternativa [B]. Kant argumentou que tanto os empiristas quanto os racionalistas estavam
parcialmente corretos e procurou superar a suposta oposição afirmando que tanto a razão
quanto a experiência são necessárias para compreender o mundo. A alternativa [D] inverte a
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ordem de influência, na verdade, foi a filosofia hegeliana que sofreu influência do pensamento
de Kant.
Renè Descartes, em sua filosofia epistemológica, tem como base o princípio da “dúvida
metódica” como “caminho” para a obtenção de um conhecimento verdadeiramente seguro.
Para esse pensador, tal princípio implica o questionamento sistemático de todos os
pressupostos até então tidos como verdadeiros, pois só o processo que coloca em dúvida todo
o conhecimento construído até então poderia produzir uma verdade segura.
A filosofia epistemológica kantiana diferencia o conhecimento das “coisas em si” do das “coisas
para nós” ao introduzir o pressuposto de que a razão humana encontra limites para o conhecer,
de modo que o conhecimento humano se relaciona com os conceitos a priori acerca dos
objetos. Kant também considera que o processo de conhecimento está ligado à autonomia do
sujeito no uso da razão e se dá devido a estruturas cognoscentes que existem anteriormente à
qualquer experiência empírica.
Hegel faz uma crítica à concepção kantiana do sujeito transcendental, uma vez que esta parte
do pressuposto de uma consciência já considerada como posta, originária. A partir dessa
crítica, Hegel levanta o problema filosófico da formação da consciência. Ao analisar esse
processo, Hegel considera central a percepção de que se trata de um processo essencialmente
histórico. A partir de uma consciência crítica acerca da história, portanto, seria possível
entender o sentido e a direção da história, identificando as “leis da história”
Marx, por sua vez, entende a consciência como produto das condições materiais de existência,
considerando sua construção e reprodução, de modo que seria a vida que determina as formas
de consciência, e não o contrário. Nessa perspectiva, Marx também entende a ideologia como
uma forma de interpretação da realidade que a dissocia das condições materiais históricas da
sua formação, resultando, portanto, em uma interpretação distorcida e produtora de alienação.
A partir desses conhecimento, o aluno deve identificar a alternativa [C] como a única que
apresenta a sequência correta.
[A] Os mitos foram, de fato, uma primeira tentativa de explicar a realidade, transmitidos
majoritariamente de forma oral entre pessoas e gerações. Os mitos eram utilizados não só
para explicar fenômenos naturais como cheias, secas ou fases da lua, mas também para
ordenar a vida social, justificando sua origem e seus costumes.
[B] O conhecimento filosófico não é essencialmente introspectivo ou submetido às
subjetividades. Para muitos filósofos, inclusive, o exercício da filosofia deve se afastar dos
sentidos e das experiências particulares em direção à razão, às experimentações ou ao
conhecimento socialmente compartilhado.
[C] São Tomás de Aquino, vinculado a filosofia medieval, produziu, em sua obra, uma
combinação de filósofos clássicos, principalmente Aristóteles, com o conhecimento
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teológico cristão. Suas explicações não se vinculam à lua ou aos elementos particulares,
como a terra, o ar, o fogo e a água.
[D] O pensamento Aristotélico, de fato, se voltou para a natureza. Ele produziu uma separação
entre seres vivos e não vivos e ainda colecionou espécies da fauna e da flora classificadas
por suas características, montando um sistema hierárquico que forma até hoje a base para
a taxonomia. Nos seus estudos psicológicos, Aristóteles voltou-se para a alma dos seres,
de acordo com ele, todos os seres vivos possuiriam almas, definidas como um princípio de
vida, mas as almas seriam diferentes, as plantas, por exemplo não teriam sensações, o que
as diferia dos animais, que possuiriam sensações mas não razão, essa exclusiva da
humanidade.
[E] O empirista Francis Bacon argumentava em favor do conhecimento científico, metódico e
resultante de experimentação, para ele o cientista deve ultrapassar uma série de barreiras
psicológicas, entre as quais a inclinação humana para impor preconcepções sobre a natureza.
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