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3/26/23, 11:35 AM UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.

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MÓDULO 3: A Subjetividade Moderna - Parte II

Leitura Básica:
SANTI, P.L.R. A construção do eu na modernidade. Ribeirão Preto/SP: Ed. Holos,
1998. cap. 7, 8 e 9.
 
Leitura de Aprofundamento:
FIGUEIREDO, L.C.M. Identidade e esquecimento: aspectos da vida civilizada. A
invenção do psicológico. Quatro séculos de subjetivação (1500-1900). São Paulo:
EDUC: Escuta, 1996.
 
 
Parte 1. O Racionalismo e a máxima afirmação do eu
 
 
Apresentação do tema:
 
Entre as práticas de construção de si, destaca-se, a partir do século XVII, uma
forma especial, que não se vincula à busca do Bem ou do Mal na interioridade dos
seres humanos. Esta nova forma de exame ocupa-se em estabelecer as fronteiras
entre o conhecimento válido e as ilusões, procura distingüir a verdade e o erro.
Como figura-chave desse momento histórico, destaca-se o filósofo René Descartes
(1596 – 1650), considerado uma figura central da Modernidade, sendo seu
pensamento associado ao Iluminismo e ao surgimento da ciência.
 
Se o Renascimento colocara o homem como centro do mundo, fonte e fundamento
de todas as certezas, a obra de Descartes O Discurso do Método localiza este
centro em uma das capacidades humanas - a razão, a autoconsciência. A partir de
então, para saber-se a verdade das coisas, seria necessário saber, antes, a
verdade sobre o ser pensante.
Em busca de um fundamento que pusesse fim ao crescente ceticismo presente
nas idéias do século XVI, Descartes postula a razão como base segura para o
conhecimento. A partir dela, seria possível, pelo rigor do método, estabelecer o
mundo confiável das coisas que realmente são.
 
A esta solução racionalista para a questão da busca do conhecimento verdadeiro
é, ao longo dos séculos XVII e XVIII, contraposta à concepção empirista de John
Locke (1624-1704), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711 – 1776).
Na visão dos empiristas, seriam justamente as experiências sensoriais, tão
vilipendiadas na proposta cartesiana, as fontes do único conhecimento possível.
Para os empiristas, nada haveria nos homens além do que provém das sensações.
 
É possível perceber, compreendendo estas diferentes formas de busca da verdade,
como a subjetividade vai se tornando mais e mais complexa. O homem, que é
corpo, que é espírito, que é racional, que é sensível, vai sendo posto a nu. Estão
se desenhando os elementos do que reconhecemos hoje como mundo psicológico.
 
Atividades:
 

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1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, procurando compreender a


proposta de Descartes, bem como a dos empiristas.
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Sobre Descartes, podemos afirmar que (analise as afirmações e assinale V para
verdadeiro e F para falso):
I) (   ) Assim como Platão, Descartes exclui o corpo e seus impulsos no processo
do conhecimento da verdade sobre o mundo.
II) (  ) A partir de Descartes, a concepção de homem altera-se significativamente,
pois a razão passa a ser o centro do mundo, não mais o homem, ele próprio
desprovido de um centro. 
III) (      ) Em Descartes vemos o projeto de busca do dado indubitável, cuja
verdade absoluta seria fundamento para todo conhecimento válido.
IV) (     ) O procedimento de dúvida metódica utilizado por Descartes consiste no
exame das opiniões das pessoas leigas e especializadas, das leis e regras morais,
dos próprios órgãos dos sentidos e dos seus sentimentos.
 
Assinale a alternativa que a apresenta a seqüência correta:
a) V, F, V, V
b) V, F, F, V
c) V, V, F, F
d) V, V, F, V
e) V, F, V, F
 
R.: A alternativa correta é a ‘a’, apenas a afirmação II é falsa. Mantendo a
concepção renascentista da primazia do lugar do Homem na criação divina,
Descartes destaca uma capacidade humana como sendo a parte mais importante
do homem, o seu centro - a razão, a autoconsciência. 
 
Parte 2.  A des-razão e o surgimento da loucura
 
Apresentação do tema:
 
A apologia da razão tem sua contrapartida: o reconhecimento de um território de
não razão, de não-eu – a loucura. Se o aspecto mais louvável do homem é a sua
racionalidade, o delírio, as ilusões, o desvario marcam o não humano.
 
A obra marcante nesta conceituação de loucura é Michel Foucault (obra indicada
como Leitura de Aprofundamento, que foi publicada inicialmente em 1961), que
construiu um brilhante exame de como esta noção vai ao longo dos séculos, se
estabelecendo como contraponto da racionalidade.
 
Foucault, em História da Loucura, mostra-nos como é somente a partir do século
XVII que a constatação de que uma pessoa havia perdido a razão passa a se
constituir como fonte de ansiedade e medo aos circunstantes. O louco,
apresentando o conjunto de sintomas que costumamos hoje reconhecer como
doença, até então, era considerado em algumas culturas como possesso (ou seja,
tomado por entidades benignas ou malignas), como visionário ou simplesmente
como uma pessoa que é objeto de chacota e riso. Não havia o costume da
segregação destas pessoas, afastando-as, pela internação, do convívio social.
 
Num mundo cartesiano (em outras palavras, posterior à proclamação da razão,
por Descartes, como o centro do homem), a loucura não pode mais ser
considerada desta forma ‘leviana’, na medida em que sua existência e
possibilidade ameaça a integridade do eu, sua lucidez e estabilidade.
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Desta forma, a representação moderna da loucura é a outra face da afirmação do
eu como consciência e capacidade de conhecer a verdade.
 
Atividades:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, contrapondo  ao racionalismo
a idéia da existência de uma zona de exclusão – a desrazão, as paixões e a
loucura.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Leia as afirmações abaixo e responda quais os enunciados que contém a idéia correta de como a sociedade,
antes do séc XVII, encarava a loucura.
I) Havia um grande medo da loucura e de todos aqueles considerados loucos. “Enlouquecer” era o maior mal
que poderia acontecer a alguém, pois, uma vez louco, o sujeito seria retirado do convívio social, passando o
resto de sua vida confinado em um “hospício”, destinado aos loucos, leprosos, ladrões e às prostitutas.
II) Não havia o medo que temos hoje do louco. Em determinadas culturas ele era visto como um visionário,
como alguém que transcendia a experiência imediata, entrando em contato com outras dimensões da
verdade.
III) O louco era encarado como alguém que fosse possuído pelo demônio ou, simplesmente, como alguém
“bobo”.
 
Agora responda:
A) A afirmação I é correta.
B) A afirmação II é correta.
C) As afirmações I e II são corretas.
D) As afirmações II e III são corretas.
E) A afirmação III é correta.
 
R: Conforme o que se afirma na apresentação do tema, bem como o que se
discute nos textos indicados, apenas as afirmações II e III são corretas. Antes do
século XVII, não havia o conceito de loucura tal como existe hoje. Deve-se
assinalar a alternativa D.
 
3) Realize os exercícios, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução.
Estas dúvidas devem ser motivo de reexame dos textos, na tentativa de saná-
las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
 
Parte 3: Procedimentos de constituição do eu do século XVII – La
Fontaine e La Rochefoucauld
 

Prosseguindo a apresentação de obras significativas dos diferentes períodos históricos, destacamos, no século
XVII, a tarefa desempenhada pelos moralistas do século XVII, engajados na formação deste eu livre e
indeterminado proposto pelo Renascimento. Usando diferentes recursos – La Fontaine através de fábulas[1] e
La Rochefoucauld através de máximas[2] -, estes autores incumbiram-se da observação criteriosa do
comportamento humano e da elaboração de estratégias educativas. Em suas obras, estão codificadas normas
de conduta, dentro de um certo padrão de certo e errado, que serviam para coibir a livre ação dos indivíduos,
‘civilizando-os’.

 Atividades:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados.
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
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A partir do Renascimento, com a colocação de Deus na periferia do mundo, o
homem foi obrigado a construir ele próprio as referências morais para sua vida.
Abaixo estão algumas afirmações sobre a concepção moral de alguns autores.
Analise-as atentamente e depois assinale a alternativa que melhor corresponde à
sua análise:
 
I. Na medida em que a referência moral vai se afastando dos preceitos religiosos,
caberá à própria sociedade criar instrumentos favorecedores do auto-controle: é
neste contexto que devemos avaliar o valor das fábulas e máximas produzidas no
século XVII.
II. As fábulas de La Fontaine costumam conter uma ‘moral da história’, de
conteúdo edificante. Ele procura mostrar como comportamentos considerados
bons moralmente são recompensados, enquanto os maus são punidos. A
utilização de animais como personagens serve para disfarçar um pouco a crítica a
determinados grupos e pessoas.
III. As máximas de LaRochefoucauld denunciam que o principal motor da vida
humana é sua vaidade, seu amor a seu próprio eu. Ele denuncia com humor
irônico o quanto o eu é pretensioso e iludido sobre si mesmo.
IV. De acordo com Santi, pela precisa observação que fazem dos comportamentos
dos homens e dos motivos de suas ações, os moralistas do século XVII poderiam
ser considerados os primeiros psicólogos da história.
 
A) I, II, III são corretas.
B) II, III e IV são corretas.
C) I, III e IV são corretas.
D) I, II, IV são corretas.
E) Todas as alternativas são corretas.
 
R: A alternativa correta é a E: os textos lidos devem ter lhe dado indicações de
que todas as afirmações são corretas
 
3) Realize os exercícios, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução.
Estas dúvidas devem ser motivo de reexame dos textos, na tentativa de saná-
las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
 
[1] Fábulas são narrativas alegóricas nas quais os personagens (em geral animais
com características humanas) envolvem-se em situações emblemáticas das quais
é possível extrair um ensinamento – a moral da história.
[2] Máximas são textos curtos, que servem como provérbios, incitando a reflexão.
No caso de La Rochefoucauld, o principal tema das máximas é a denúncia da
vaidade humana

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