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1 Crítica ao conceito
de consciência
Habilidades da BNCC:
M13CHS103 EM13CHS403 EM13CHS501
Estudaremos neste capítulo:
Charles Darwin:
o evolucionismo e sua
consequência moral
As contribuições de Marx,
Nietzsche e Freud à questão
da consciência
O peregrino,
de René Magritte, 1966.
Óleo sobre sobre tela
de 91 cm 3 65,5 cm.
Parece haver dois tipos muito distintos de coisas que acontecem no mundo: as coisas que pertencem à realida-
de física, que muitas pessoas podem observar de fora, e as coisas que pertencem à realidade mental, que cada um
de nós experimenta interna e individualmente. E isso é verdade não somente para os seres humanos: cachorros,
gatos, cavalos e pássaros parecem ser conscientes, e é provável que também os peixes, as formigas e os besouros.
Quem sabe onde isso acaba?
Nossa concepção geral do mundo será insuficiente até que possamos explicar de que modo os elementos físicos,
quando combinados da maneira certa, formam não apenas um organismo biológico funcional, mas também um
ser consciente. Se a própria consciência pudesse ser identificada com algum tipo de estado físico, estaria aberto o
caminho para uma teoria unificada da mente e do corpo e assim, talvez, para uma teoria unificada do universo. Mas
as razões contrárias a uma teoria puramente física da consciência são bastante fortes para nos fazer duvidar de que
seria possível uma teoria física da realidade total. A ciência física avançou deixando a mente de fora daquilo que
tenta explicar, mas pode ser que haja mais sobre o mundo do que a ciência física é capaz de entender.
NAGEL, Thomas. Uma breve introdução à Filosofia. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. p. 36-37.
Filosofia
Um outro olhar: a razão e a consciência no espelho
O fim do século XIX é uma época de crise e de rupturas, uma consequência do ceticismo diante do fra-
casso dos movimentos revolucionários burgueses, do distanciamento dos ideais iluministas e do avanço do
Naturalismo na ciência e na literatura. O mundo moderno é, assim, marcado pela fragmentação das estrutu-
ras religiosas, políticas e culturais da tradição. Essa “crise” não consiste apenas em uma crise de sentido em
relação ao passado, mas também de sua forma moderna; isto é, consiste em uma crise contra a razão, contra
o Iluminismo, contra um modelo de racionalidade que se frustrou na tentativa de compreender o mundo.
O coração tem suas razões, que a razão não conhece: sabe-se isso em mil coisas.
PASCAL, Blaise. Pensamentos. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
Filosofia
Realismo, experimentar uma obra de arte não é mais uma questão de sensação, mas uma experiência
intelectual com o objetivo de fundamentalmente compreend ê-la. Essa constatação reforça a consciên-
cia de que a Arte pode e deve ser concebida filosoficamente.
A Arte ganha, então, um novo papel: o artista deixa de ser um pintor de histórias, de retratos e de
paisagens e passa a ser testemunha da cultura da qual faz parte, na procura por recompor a condição
humana fragmentada por causa da submissão da Filosofia às exigências científicas do século XVII.
Qual é o significado do Realismo do ponto de vista filosófico?
Na Filosofia, o Realismo pode ser traduzido como uma reação ao Idealismo. Em termos gerais, o
Realismo procura explicar em que consiste a natureza ou essência do conhecimento. Sua concepção de
pensamento se opõe à do Idealismo, ao afirmar o mundo como um fenômeno objetivo, considerando real
aquilo que pode ser percebido e vivenciado. O idealismo, ao contrário, sustenta que não existem coisas
reais, independentes da consciência, e compreende as filosofias metafísicas que afirmam que a realida-
de é imaterial, construída mentalmente.
O contexto cultural favorecido pelo progresso das Ciências Naturais propiciou o surgimento de
doutrinas filosóficas e científicas como o positivismo. O surgimento dessa filosofia deve ser analisado
como consequência do grande desenvolvimento da economia capitalista voltada para a produção de bens
materiais e também da necessidade de uma filosofia positiva, naturalista, materialista, como suporte às
novas ideologias econômico-sociais. O positivismo foi uma tendência no conhecimento, de valorização da
ciência e de seus métodos, visando à obtenção de resultados objetivos e precisamente corretos.
A principal diferença entre o idealismo e o positivismo é que, enquanto o idealismo busca interpretar
e unificar a experiência a partir da razão, o positivismo, ao contrário, limita-se à experiência imediata,
admitindo, como única fonte de conhecimento e critério de verdade, a experiência, os fatos positivos,
os dados sensíveis, descartando qualquer justificativa transcendente ou metafísica. O positivismo visa à
cientificização do saber, valorizando uma objetivação da realidade, reduzindo a Filosofia à metodologia e
à sistematização das ciências. Arquivos históricos, documentos, pensamento neutro e a própria estrutura
objetiva da realidade formam os alicerces dessa forma de pensar e de interpretar a realidade.
Outras doutrinas filosóficas e científicas favorecidas pelo contexto do Realismo foram o evolucionis-
mo, de Charles Darwin, e o marxismo, de Karl Marx, de que trataremos a seguir.
A história da Filosofia deixou muitas lacunas nos estudos sobre a consciência. Ainda hoje, muitas
pessoas preservam um pensamento dualista, isto é, pensam a consciência a partir da distinção mente/
corpo e acreditam que a vida mental tem lugar na alma, concebendo a consciência como uma parte não
física do mundo.
A concepção de que o cérebro é a sede da consciência, mas que seus estados conscientes não são meros estados
físicos, é chamada de teoria do aspecto dual. É assim chamada porque, quando você morde uma barra de choco-
late, produz-se no seu cérebro um estado ou processo com dois aspectos: um aspecto físico, envolvendo várias
alterações químicas e elétricas, e um aspecto mental – a experiência do sabor de chocolate. Quando esse processo
ocorre, um cientista, ao examinar seu cérebro, poderá observar o aspecto físico, mas é você, internamente, que
passará pelo aspecto mental: você é que vai experimentar a sensação de saborear o chocolate.
Sendo assim, seu cérebro teria um interior que não poderia ser alcançado por um observador externo, mesmo
que ele o abrisse ao meio. Esse processo que ocorre no seu cérebro produziria em você um certo tipo de sensação ou
gosto. Poderíamos expressar essa ideia ao dizer que você é apenas corpo, não corpo e alma; mas seu corpo, ou pelo
menos seu cérebro, não é somente um sistema físico. É um objeto com aspectos físicos e mentais: pode ser dissecado,
mas tem um tipo de interior que a dissecação não pode revelar. Se existe algo dentro que parece saborear o chocolate,
é porque existe algo dentro que parece colocar seu cérebro na condição que se produz quando você come chocolate.
NAGEL, Thomas. Uma breve introdução à Filosofia. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. p. 29-30.
Isso significa que um objeto ou fenômeno que existe independentemente da experiência do sujei-
to, como uma árvore ou uma montanha, tem um modo objetivo de existência. Mas aquilo que existe
devido, exclusivamente, às experiências de algum sujeito, como dor, gosto ou pensamento, possui um
modo subjetivo de existência. Para Nagel, essa subjetividade está relacionada ao fenômeno da cons-
ciência, sendo inacessível a qualquer abordagem reducionista ou fisicalista.
Para descobrir se a experiência que tivemos do sabor do chocolate foi, de fato, apenas um processo cerebral, tería-
mos de analisar alguma coisa mental – não uma substância física observável externamente, mas uma sensação de sabor
interna – em termos das partes físicas. E, por mais complexas e numerosas que sejam as ocorrências físicas no cérebro,
elas não poderiam ser as partes que compõem a sensação do gosto. Um todo físico pode ser analisado em partes físicas
menores, mas um processo mental, não. Não é possível somar partes físicas para obter um todo mental.
NAGEL, Thomas. Uma breve introdução à Filosofia. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. p. 33.
Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros; mas sempre, e sob quaisquer circunstâncias, existimos a sós.
Os mártires penetram na arena de mãos dadas; mas são crucificados sozinhos. Abraçados, os amantes buscam
desesperadamente fundir seus êxtases, isolados em uma única autotranscendência, debalde.
Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a sofrer e gozar em solidão.
Sensações, sentimentos, concepções, fantasias – tudo isso são coisas privadas e, a não ser através de símbolos, e
indiretamente, não podem ser transmitidas. Podemos acumular informações sobre experiências, mas nunca as
próprias experiências. Da família à nação, cada grupo humano é uma sociedade de universos insulares.
HUXLEY, Aldous. As portas da percepção. Tradução Osvaldo de Araújo Souza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. p. 2-3.
Filosofia
1. Leia a tirinha para responder à questão.
Parada complementar
1. (Unicentro-PR) Sobre a corrente filosófica idealista, é correto afirmar:
a) O mundo é o conjunto de coisas prontas. d) A matéria é eterna, infinita.
b) A vida espiritual determina a vida material. e) A existência material é autônoma.
c) O homem é um produto da matéria.
2. (UEM-PR) O corpo tem muita importância para a Filosofia, pois representa uma experiência universal e pré-reflexiva de acesso ao
mundo. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.
01.“Dualismo psicofísico” é uma teoria metafísica que explica o ser humano como composto de duas partes diferentes: corpo (material)
e alma (espiritual).
02. Durante a Idade Média, o corpo foi cultivado de maneira narcisista, reforçando a liberdade e o amor-próprio do indivíduo.
04. No Renascimento e na Idade Moderna, o corpo passa a ser objeto da ciência, associado à ideia mecanicista que o considera uma máquina.
08. Para a fenomenologia, o conceito de corpo não pode estar associado ao conceito de espírito, pois é uma escola filosófica ligada ao
materialismo histórico.
16. Para René Descartes, a alma é mais fácil de ser conhecida do que o corpo, já que, na ordem das certezas, a res cogitans é anterior
a res extensa.
Filosofia
cende o momento em que foram criadas, pois, na ausência da à natureza e definidora da sua liberdade, é questionada, sendo
racionalidade para questioná-las, elas sempre são úteis ao poder considerada uma ilusão. Essa constatação se baseia na impossi-
para justificar suas práticas de exploração e dominação, indepen- bilidade de uma moral objetiva, incompatível com seus funda-
dentemente do tempo e do espaço. Assim, é possível afirmar que mentos estritamente racionais para as normas universalmente
essas ideias justificaram, inclusive, a exploração indígena e a es- válidas. O evolucionismo caminha, assim, para uma concepção
cravização de pessoas negras no Brasil entre os séculos XVI e XIX. subjetivista (dever, culpa, amor) e pluralista (diversidade de valo-
res e crenças) da moral.
De olho
Fique por dentro
As “mentiras” da consciência
As desigualdades e as práticas discriminatórias que desenca-
dearam as formas mais arbitrárias de violência nos séculos XIX e
XX apontam que o ideal de ser humano esclarecido e civilizado
preconizado pelo Iluminismo estava longe de ser alcançado.
Se a razão é necessária para a constituição de uma sociedade
de pessoas livres e conscientes, ela não pode ser reduzida ao
Esta propaganda de sabão se destaca por seu teor ideológico. O uso do cumprimento de normas e regras sociais, mas precisa ser exer-
sabão sobre a pele negra faria do negro um branco. cida por indivíduos capazes de questioná-la de forma racional,
tendo como objetivo a liberdade e a felicidade, ideais que não
podem prescindir da razão, só podendo ser alcançados livres
Duas teorias discriminatórias ficaram conhecidas como eugenismo
da opressão. Se os indivíduos forem deixados à mercê de suas
e higienismo. O eugenismo defendia a seleção dos seres humanos a
pulsões, a ausência de discernimento entre consciente e incons-
partir de suas características hereditárias, como forma de aperfeiçoar a
ciente gera o enfraquecimento do ego e leva, gradualmente, à
qualidade das gerações futuras, sendo usada como prática para atingir
ausência da consciência moral que, substituída por dispositivos
a “raça pura”. Essa teoria é reforçada pelo higienismo, que defende o
sociais, pode torná-los vítimas de ideologias irracionais, como
saneamento básico e medidas de higiene como forma de melhorar a
ocorreu no fascismo.
qualidade de vida nas cidades e a saúde da população. No Brasil, por
É a esse enfraquecimento do ego que Freud se refere ao citar
exemplo, com a vinda Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, e as
as feridas narcísicas na cultura ocidental:
péssimas condições de higiene devido à inexistência de uma rede de
esgotos, médicos intelectuais buscavam melhorias para a higiene da Segundo Freud, há três grandes feridas narcísicas na cultura oci-
cidade e da população, tentando barrar os surtos epidêmicos constan- dental: a ferida imposta por Copérnico; a outra, feita por Darwin,
tes. Entretanto, essas pesquisas assumiram um caráter social e moral quando descobriu que o homem descendia do macaco; e a ferida oca-
por meio de medidas repressivas e autoritárias direcionadas à popu- sionada por Freud, quando ele mesmo, por sua vez, descobriu que
lação mais pobre, concebidas como a origem dessas doenças. Assim, a a consciência nasce da inconsciência. Interrogo-me se não poderia
solução para os problemas passava pela “limpeza” de suas habitações afirmar que Freud, Nietzsche e Marx, ao envolverem-nos numa in-
e sua expulsão do centro da cidade, por serem consideradas pessoas terpretação que gira sempre para si própria, não tenham constituído
“perigosas” e “suspeitas”, com auxílio de repressão e fiscalização das para nós e para os que nos rodeiam espelhos que nos reflitam ima-
forças policiais. Nessas propostas de higienização urbana se encontra a gens cujas feridas inextinguíveis formam o nosso narcisismo de hoje.
origem de uma grande carga de preconceitos sociais e morais, tratados FOUCAULT, Michel. Nietzsche, Freud e Marx. São Paulo: Princípio, 1997. p. 17-18.
como problemas sanitários.
A primeira ferida, cosmológica, ocorreu quand o Nicolau
Copérnico (1473-1543), ao negar a superioridade da Terra no
Do ponto de vista filosófico, considera-se que o otimismo centro do universo, retira, ao mesmo tempo, o ser humano do
evolucionista contido na ideia do humano como um ser que se centro do seu mundo e de suas referências. A segunda feri-
liberta dos instintos e evolui para uma racionalidade e civilização da, biológica, ocorreu quando Charles Darwin, ao proclamar o
não se sustenta, uma vez que a cultura não é capaz de romper ser humano como resultado da evolução natural, negou-lhe o
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Filosofia
condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres
condicionados, mas não determinados. Reconhecer que a História é tempo de possibilidade e não de determinismo,
que o futuro, permita-se-me reiterar, é problemático e não inexorável.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 19. (Coleção Leitura)
Sarah Holmlund/Shutterstock
Investigue
MRS Editorial
Conheça o Teste de Turing, uma experiência que busca verificar se uma máquina
pode ou não ser considerada inteligente, capaz de pensar, a partir do “jogo da
imitação” proposto pelo cientista e matemático Alan Turing.
O homem do meio (C) vai iniciar uma conversa com um computador à esquer-
da (A), executando um programa de inteligência artificial, e com outra pessoa,
à direita (B). Cada jogador vai tentar convencer o interrogador que é um ser
A B
humano. Se a máquina convencer o interrogador que é um ser humano, ela será
considerada inteligente. Ressalta-se que, apesar da proposta desse jogo, Turing
sabia dos limites das máquinas em sua época, mas acreditava que, no futuro, elas
?
seriam capazes de enganar o interrogador. Leia sobre o Teste de Turing no artigo
disponível em: https://medium.com/turing-talks/turing-talks-1-o-que-%C3%A9-
o-teste-de-turing-ee656ced7b6 (Acesso em: 18 fev. 2021) e procure responder,
depois de debater em grupo, à indagação de Turing: afinal, as máquinas podem
ser inteligentes? C
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Muitos outros esforços foram mobilizados nos diversos campos do conhecimento em direção à
compreensão do fenômeno da consciência e dos limites da razão, em busca de uma racionalidade mais
humana, social e historicamente construída. Destacam-se nesse processo as contribuições filosóficas de
Karl Marx, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud em suas reflexões acerca da consciência e da cultura, que
você estudará a seguir.
A partir do final do século XIX, a razão e a consciência sofrem severas críticas correspondentes ao
processo de formação da chamada “consciência falsa”, considerada ideologia em Marx, crítica da moral
em Nietzsche e ilusão em Freud, instaurando a dúvida sobre os poderes da consciência em apreender o
sentido do mundo e de si mesma, de maneira clara e distinta, como sustentava o cogito cartesiano.
É importante frisar que suas teorias não se traduzem como mero ceticismo. O que esses pensadores
pretendem é buscar outra via de acesso à consciência, uma interpretação mediada por signos e símbolos,
a partir dos quais eles acreditam que a consciência se manifesta. Você vai conhecer suas teorias, com
mais detalhes, a seguir.
Parada obrigatória
2. (IFMT)
TEXTO I:
Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta
vida livre e bela (...) de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos
nós. Lutemos por um mundo novo, um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança
à velhice.
(Fragmento de “O último discurso de Charles Chaplin”, no filme “O Grande Ditador”, 1940, citado no ensaio Contributo
para a Boa Governança Democrática em África e Moçambique, 2015, p. 16)
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Filosofia
diferença temporal, há convergências entre os textos. Dessa forma, podemos inferir, como ponto comum entre o texto do discurso
e as duas tirinhas, EXCETO que:
a) Os enunciadores dos discursos, Charles Chaplin e Armandinho, creem que a vida se constrói numa relação de solidariedade.
b) As falas de Armandinho buscam levar a uma reflexão sobre a necessidade de se viver em harmonia, assim como o de Chaplin.
c) Tanto Chaplin quanto Armandinho têm uma visão humanista do mundo.
d) Os três textos apontam para uma visão otimista sobre a vida.
e) Escrito em tempos diferentes, os três textos são distintos. Enquanto o primeiro aborda sobre guerra, o segundo descreve questões
da natureza, o terceiro destaca as diferenças entre seres humanos e animais.
Parada complementar
3. (Fuvest-SP) Em 2009, comemoram-se os 150 anos da publicação da obra A origem das espécies, de Charles Darwin. Pode-se afirmar
que a história da biologia evolutiva iniciou-se com Darwin, porque ele
a) foi o primeiro cientista a propor um sistema de classificação para os seres vivos, que serviu de base para sua teoria evolutiva da so-
brevivência dos mais aptos.
b) provou, experimentalmente, que o ser humano descende dos macacos, num processo de seleção que privilegia os mais bem adaptados.
c) propôs um mecanismo para explicar a evolução das espécies, em que a variabilidade entre os indivíduos, relacionada à adaptação ao
ambiente, influi nas chances de eles deixarem descendentes.
d) demonstrou que mudanças no DNA, ou seja, mutações, são fonte da variabilidade genética para a evolução das espécies por meio
da seleção natural.
e) foi o primeiro cientista a propor que as espécies não se extinguem, mas se transformam ao longo do tempo.
4. (Vunesp)
É difícil acreditar na guerra terrível, mas silenciosa, que os seres orgânicos travam em meio aos bosques serenos e campos risonhos.
(C. Darwin, anotação no Diário de 1839.)
Na segunda metade do século XIX, a doutrina sobre a seleção natural das espécies, elaborada pelo naturalista inglês Charles Darwin,
foi transferida para as relações humanas, numa situação histórica marcada
a) pela concórdia universal entre povos de diferentes continentes. d) pelas concepções de unificação europeia e de paz armada.
b) pela noção de domínio, supremacia e hierarquia racial. e) pela fundação de instituições destinadas a promover a paz.
c) pelos tratados favoráveis aos povos colonizados.
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As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes, isto é, a classe que é a força material
dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição
os meios da produção material dispõe também dos meios da produção espiritual, de modo que a ela estão sub-
metidos aproximadamente ao mesmo tempo os pensamentos daqueles aos quais faltam os meios da produção
espiritual. As ideias dominantes não são nada mais do que a expressão ideal das relações materiais dominantes,
são as relações materiais dominantes apreendidas como ideias; portanto, são a expressão das relações que fazem
de uma classe a classe dominante, são as ideias de sua dominação.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alem‹. São Paulo: Boitempo, 2007. p. 47.
Nesse contexto, a ideologia é uma falsa representação, um conhecimento invertido da realidade que
tem por consequência a justificação de relações de dominação e poder. Por exemplo, há situações co-
tidianas em que a pobreza é colocada como se fosse uma escolha individual. A origem das relações de
produção e da luta de classes é ocultada por meio de explicações prontas (ideologia) que dão respostas,
do ponto de vista dos interesses das camadas dominantes, às questões que o ser humano se coloca,
não permitindo aos trabalhadores conhecer e compreender as causas da exploração, da dominação, da
miséria e da injustiça em que são envolvidos no processo de produção.
Então, como pensar o ser humano racional e consciente se a sua consciência é determinada pelas condições materiais
de existência e essa condição, enquanto condição de sobrevivência, antecede a própria construção da consciência?
Como fazer
(Uema) Analise a tirinha.
Reprodu•‹o/Uema, 2020
http://roquebastosprofessor.blogspot.com/2018/05/pratica-de-leitura-de-tirinhas-e.html
O diálogo entre as personagens revela percepções diferentes sobre determinadas situações cotidia-
nas. Esse diálogo expressa a noção de ideologia na perspectiva de
a) concepções variadas da realidade social, moldadas por ideias e valores que orientam o modo como
os indivíduos interpretam e representam tal realidade.
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Filosofia
das pelos veículos de comunicação.
c) construções do mundo ideal que norteiam o desenvolvimento da consciência e da razão humana.
d) compreensões humanas que buscam garantir a manutenção da saúde física e da psíquica.
e) reuniões de práticas individualistas que descrevem a vida social cotidiana e a instrumentalizam.
Resolução:
Leia com atenção a tirinha e o diálogo entre os personagens. Um deles apresenta uma visão distorcida
do conceito de pobreza muito presente ainda hoje. Embora não cite teorias e filósofos específicos, é possível
identificar, pela representação da pobreza no texto apresentado, que a questão trata do conceito de ideologia
relacionado à perspectiva marxista. O enunciado pede que seja feita essa relação, o que pode ser constatado na
alternativa a, que apresenta o conceito de forma correta. A alternativa b está incorreta, pois não existem variadas
associações reflexivas no texto, e a questão dos meios de comunicação não foi abordada. A alternativa c também
é incorreta, porque o texto não apresenta idealizações do mundo, mas uma situação objetiva que ocorre no
mundo. A alternativa d é incorreta, uma vez que a questão da saúde não foi abordada no texto. E, finalmente, a
alternativa e também é incorreta, já que o conceito é apresentado em seus aspectos gerais sem recorrer a práti-
cas individualistas específicas.
O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma
soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após
longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que
o são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram
em consideração como metal, não mais como moedas.
NIETZSCHE, Friedrich. Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral. In: MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba:
SEED-PR, 2009. p. 530-541.
Em que momento da história ocorreu essa cisão entre a parte racional e instintiva do ser humano, fragmentando a
natureza humana? O que provocou a submissão do ser humano ao racionalismo como referência moral e a negação de
outros critérios de escolha? O que Nietzsche propõe em relação a isso?
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Investigue
Amplie seus estudos sobre Nietzsche assistindo ao episódio “Nietzsche e o sofrimento”, da série para televisão
Filosofia: um guia para a felicidade, produzida por Alain de Botton em 2000. Além de trabalhar aspectos curiosos de
sua biografia, o programa aborda os principais conceitos do pensamento do filósofo, sob a temática do sofrimento, e
contextualizados ao cotidiano das pessoas e das sociedades, de uma forma crítica e humana.
É possível localizá-lo na internet. Depois de assisti-lo, escreva um texto sobre os principais conceitos e contextos
apresentados e responda: de que forma os ensinamentos de Nietzsche podem ser úteis para a sua vida cotidiana?
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Filosofia
ponde à parte consciente. Compreende os pensamentos e todas as sensações
processadas pelos sentidos e emoções, que são conhecidos e estão sob con-
trole. No segundo nível, há o pré-consciente, que corresponde à parte do ice- Consciência
berg localizada entre a parte emergida e a parte submersa, podendo ser vista
ou não, dependendo do movimento das águas. Compreende pensamentos e
sensações ocultos e latentes, sobre os quais se tem certo controle e que, se
houver esforço e for possível superar alguns mecanismos de defesa que os re-
primem, podem ser trazidos à luz e reconhecidos. No terceiro nível, encontra-
-se o inconsciente, submerso, oculto, invisível, desconhecido e inacessível, Pré-consciente EGO
mas ativo. Nessa parte se alojam os instintos mais primitivos, os impulsos,
memórias e desejos reprimidos, mas em atividade, exercendo influência e
manifestando-se nos comportamentos humanos sob as mais diversas formas.
“O homem não é senhor em sua própria casa”. Essa frase, atribuída a Freud,
sugere que o indivíduo não tem consciência dos seus atos, determinados pelo SUPEREGO
inconsciente, que são inacessíveis e se manifestam sem o seu controle. Inconsciente
ID
Do ponto de vista do inconsciente, mentir, matar, roubar, seduzir, destruir, te-
mer, ambicionar são simplesmente amorais, pois o inconsciente desconhece valores
morais. Inúmeras vezes, comportamentos que a moralidade julga imorais são rea-
lizados como autodefesa do sujeito, que os emprega para defender sua integridade
psíquica ameaçada (real ou fantasmagoricamente). Se são atos moralmente conde-
náveis, podem, porém, ser psicologicamente necessários. Nesse caso, como julgá-los
e condená-los moralmente?
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1997. p. 355-356.
A metáfora do iceberg.
A crença racionalista de que o ser humano é capaz de controlar seus desejos e tomar decisões pela
consciência foi profundamente abalada perante a constatação de que as manifestações conscientes,
chamadas racionais, constituem apenas uma parte minúscula da constituição psíquica do indivíduo, não
sendo possível definir o ser humano pela racionalidade, nem sua mente pela consciência. Ao contrário, ele
é determinado por desejos e impulsos ocultos, privados, dos quais não tem conhecimento e que, embora
reprimidos, permanecem em seu inconsciente, influenciando e manifestando-se em seu comportamento.
O mal-estar na cultura
Em sua obra O mal-estar na civilização, escrita em 1930, Sigmund Freud demonstra que o processo
cultural ou civilizatório ocorre com a interdição da lei e da consequente repressão dos instintos humanos
e da renúncia à liberdade, o que resulta no sentimento de insatisfação que os indivíduos experimentam
ao viver em sociedade.
Esse mal-estar é produzido pelo conflito irreconciliável entre as exigências do desejo e as restri-
ções da civilização. O sofrimento psíquico ocorre devido ao impasse entre as exigências de renúncias
impostas pela sociedade e o impulso para sua satisfação, sendo o sintoma neurótico efeito das difi-
culdades dessa negociação.
Segundo Freud, o sofrimento ameaça os indivíduos em três direções: do próprio corpo, condenado à
decadência e à dissolução, e que nem mesmo pode dispensar o sofrimento e a ansiedade como sinais de
advertência; do mundo externo, que pode se voltar contra o ser com força de destruição esmagadora e
impiedosa; e, finalmente, dos relacionamentos com as outras pessoas.
Para civilizar-se, o ser humano adiou e modelou a exigência de satisfação do prazer (sexo e agressivi-
dade), na tentativa de estabelecer um controle pulsional. Em troca de sua renúncia, a cultura lhe ofere-
ceria satisfações substitutivas, encarnadas nos inúmeros bens sociais e materiais.
Para Freud, grande parte das lutas da humanidade tem como finalidade encontrar uma “acomoda-
ção conveniente”, isto é, uma acomodação que traga felicidade, entre as necessidades do indivíduo e as
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Ao mesmo tempo, nota-se uma preocupação em definir se a infelicidade humana seria consequente
de falhas da própria cultura, que não consegue oferecer compensações suficientes às renúncias do indi-
víduo, ou se esse estado de insatisfação é algo inerente ao próprio ser humano.
Podemos esperar efetuar, gradativamente, em nossa civilização, alterações tais que satisfaçam melhor nossas
necessidades e escapem às nossas críticas. Mas talvez possamos também nos familiarizar com a ideia de existirem
dificuldades, ligadas à natureza da civilização, que não se submeterão a qualquer tentativa de reforma.
FREUD, Sigmund: O Futuro de uma Ilusão, O mal-estar na civilização e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1997. p. 73.
Para Freud, embora a civilização se encontre a serviço da pulsão da vida (eros), ao mesmo tempo, ela
é atravessada pela pulsão da morte (tânatos). Dessa forma, o que ocorre na civilização pode ser traduzido
como uma repetição do conflito psíquico entre pulsão de vida (movimentos e mecanismos de preservação
da vida) e pulsão de morte (caminhos de autodestruição, redução por completo das atividades de um ser
vivo), sendo ambas exigências imperativas de satisfação, que a cultura tentaria equilibrar.
A pulsão de vida e a pulsão de morte trabalham em oposição uma com a outra. Enquanto uma se
inclina à preservação, a outra segue em direção oposta, rumo à destruição de uma existência. A cada
momento, uma dá sinal de assumir o controle, desde ações mais simples ou determinantes. É o que Freud
Neurose: conceito freudiano
denomina neurose.
que se refere a perturbações Assim, a cultura se expressaria por meio da produção de regras, normas e valores na tentativa de
preservadas no inconsciente que harmonizar as relações dos indivíduos consigo mesmo e com os outros. No entanto, devido ao caráter
geram sentimentos negativos, artificial da cultura, essas regras definidoras das ações humanas seriam, ao mesmo tempo, sentidas
como angústia, ansiedade e como repressão à satisfação das pulsões. Assim, é possível concluir que mesmo as crenças na mudança
mal-estar, e interferem na forma
como as pessoas relacionam-se comportamental do ser humano são uma ilusão. O máximo que se poderia alcançar seria uma redução
consigo mesmas e como reagem do nível de hostilidade dos humanos à vida em sociedade.
à vida. É nesse contexto que, para o bem ou para o mal, a política e os governos tentam atuar.
Parada obrigatória
3. (Uece) A filósofa brasileira Rosa Dias diz o seguinte sobre a filosofia da arte de Nietzsche:
“[O] ponto mais importante da estética nietzschiana do seu primeiro livro [O nascimento da tragédia] é o desenvolvimento dos aspectos
apolíneo e dionisíaco na arte grega, considerados como impulsos antagônicos, como duas faculdades fundamentais do homem: a imaginação
figurativa, que produz as artes da imagem (a escultura, a pintura e parte da poesia), e a potência emocional, que encontra sua voz na linguagem
musical. Cada um desses impulsos manifesta-se na vida humana por meio de dois estados fisiológicos, o sonho e a embriaguez, que se opõem
como o apolíneo e o dionisíaco. O sonho e a embriaguez são condições necessárias para que a arte se produza; por isso, o artista, sem entrar
em um desses estados, não pode criar”.
DIAS, Rosa Maria. Arte e vida no pensamento de Nietzsche. In: Cadernos Nietzsche, São Paulo, v. 36, nº 1, p. 228, 2015.
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Filosofia
tagônicos, o artista, em seu processo de criação, deve líneo nas formas plásticas da visão, nos sonhos e na poe-
escolher apenas uma das duas vias: ou estado de sonho sia escrita; o dionisíaco, na embriaguez em que repousa
ou de embriaguez. a música.
b) o impulso apolíneo expressa nossas propensões intelec- d) os impulsos apolíneo e dionisíaco não são potências sensí-
tuais em direção ao suprassensível e o impulso dionisíaco, veis e criadoras da natureza e produzem estados fisiológi-
nossa participação no mundo sensível, emocional. cos diversos, porque não são adequados ao humano.
Parada complementar
5. (UPE) Sobre a consciência crítica, considere o texto a seguir: Caracterize, a partir da leitura do texto acima, a concepção filo-
sófica da ética contemporânea, assinalando a resposta correta.
O homem é corda estendida entre o animal e o Super-homem:
uma corda sobre um abismo; perigosa travessia, perigoso caminhar; a) Parece mesmo que a civilização ocidental, ao tentar man-
perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar. O que é de grande ter equidistância entre os dois princípios de transcendên-
cia que inspiraram suas primeiras conquistas culturais – o
valor no homem é ele ser uma ponte e não um fim; o que se pode amar
princípio de transcendência moral e o princípio de trans-
no homem é ele ser uma passagem e um acabamento. Eu só amo
cendência estética –, viu-se compelida a sustentar a pró-
aqueles que sabem viver como que se extinguindo, porque são esses
pria ideia de crise como ideal civilizatório unificador. Por
os que atravessam de um para outro lado.
trás dessa ideia, está o homem concreto da ação moral, os
NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. São Paulo, 1999, p. 27.
valores da vida e a valorização do corpo e das paixões.
b) A consciência, crescente nas décadas que se sucederam à
O filósofo Nietzsche elucida, sobre a consciência crítica e a Segunda Guerra Mundial, de que o “princípio da realidade”
filosofia, que ou o “movimento dialético da história”, libertaram o ho-
mem da necessidade de realização moral, é a base de sus-
a) o valor da natureza íntima do homem está na pura razão e
tentação da ética contemporânea. A busca da felicidade
não na vontade de viver. não passa pela moral, mas sim pela realização econômico-
b) a dimensão existencial tem importância e conduz à exalta- -social de caráter individualizante.
ção da vida e à superação do homem. c) A moralidade, sob a ótica contemporânea, figura no campo
c) a virtude do homem está na superação do existir para al- das compensações: ela retira o comportamento humano da
cançar a salvação. determinação da realidade e o coloca sob orientação do prin-
d) o homem deve renunciar à vida e buscar o sentido do su- cípio de prazer. A ética constitui, nesses termos, um conjunto
per-homem na transcendência. de preceitos que orientam os homens na busca pela satisfa-
e) a consciência crítica é a supressão da vontade de viver, já ção responsável e consciente de seus apetites e desejos.
que o homem é o Super-homem. d) O principal paradigma da moralidade, hoje, possui critérios
de valoração regidos pelo seguinte princípio determinante:
6. (Unicentro-PR) ou tudo ou nada. Ou o agente moral é obediente, e está mo-
ralmente justificado, ou é desobediente e está em falta. Nes-
A modernidade pós-kantiana procura ‘dialetizar’ a certe- ses termos, qualquer falta põe em evidência a condição de
za moral. Procurou-se contextualizar a realização moral no que tal agente não é bom, pois não é absolutamente bom.
momento dialético do progresso da humanidade. Procurou-se e) Combater as superstições e o arbítrio de poder, defender
encontrar uma medida para avaliar os diferentes graus de rea- o pluralismo e a tolerância das ideias, eis o paradigma da
lização moral ao alcance do homem. Reconheceu-se que a civi- moralidade contemporânea. Com efeito, a tradição reli-
lização melhorou a qualidade moral do homem, cujos instintos giosa não lhe basta, os ideais morais devem ser filiados à
animalescos foram sendo progressivamente domesticados. / moralidade de uma classe social, buscando o máximo de
Os principais representantes desse modelo relativista são os universalidade e socialização. A validade das normas deve
alemães Karl Marx e Sigmund Freud. estar filiada ao ideal universal de bem, sendo que a virtude
(CUNHA, J. A. Filosofia – Iniciação à investigação resulta do trabalho reflexivo, isto é, do controle racional
filosófica. São Paulo: Atual, 1992). dos desejos e paixões.
Karl Marx
– A infraestrutura
determina a
superestrutura.
Ideologia
Sigmund Freud
O inconsciente
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Filosofia
1. (Unesp-SP) d) O questionamento da noção antropocêntrica de homem,
centrada na individualidade e na subjetividade.
De um lado, dizem os materialistas, a mente é um processo
e) A distinção entre as noções biológica e histórica de homem.
material ou físico, um produto do funcionamento cerebral. De
outro lado, de acordo com as visões não materialistas, a mente
3. (Unicentro-PR) Leia o texto a seguir.
é algo diferente do cérebro, podendo existir além dele. Ambas
as posições estão enraizadas em uma longa tradição filosófica, A velha Atenas caminhava para o fim. Em toda parte os ins-
que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto De- tintos estavam em anarquia; em toda parte se estava a poucos
mócrito defendia a ideia de que tudo é composto de átomos e passos do excesso. Ninguém mais era senhor de si, os instintos se
todo pensamento é causado por seus movimentos físicos, Platão voltavam uns contra os outros. Quando há a necessidade de fazer
insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma sobrevive da razão um tirano, como fez Sócrates, não deve ser pequeno o
à morte do corpo. perigo de que outra coisa se faça de tirano. A racionalidade foi en-
(Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz a mente?: um tão percebida como salvadora, nem Sócrates nem seus “doentes”
levantamento da opinião de psiquiatras”. www.archivespsy.com, 2015.) estavam livres para serem ou não racionais – isso era obrigatório,
seu último recurso. O moralismo dos filósofos gregos a partir de
A partir das informações e das relações presentes no texto,
Platão é determinado patologicamente.
conclui-se que
(Adaptado de: NIETZSCHE, F. Crepúsculo dos Ídolos.
a) a hipótese da independência da mente em relação ao cé- São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p.21.)
A afirmação de Michel Foucault é citada no final do texto Os parâmetros da ação indicados no texto estão em confor-
por Marcondes para ilustrar um processo de argumentação midade com uma
a respeito da definição tradicional de homem. Assinale a al- a) fundamentação científica de viés positivista.
ternativa que explicita o sentido do enunciado de Foucault. b) convenção social de orientação normativa.
a) A ascensão do antropocentrismo na modernidade. c) transgressão comportamental religiosa.
b) A possibilidade da extinção da humanidade. d) racionalidade de caráter pragmático.
c) A necessidade de preservação da subjetividade humana. e) inclinação de natureza passional.
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