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O HOMEM MÉDIO:
O Talmud (Berachot 61b) classifica as pessoas em três
grupos:
Tsadic — o justo, que é governado por sua boa inclinação;
Rashá — o perverso, que é governado por sua má incli-
nação e;
Beinoni — o intermediário ou mediano, que é governado
por ambas.
Halevai
Por causa de sua luta constante com o “outro
lado”, o beinoni fica frequentemente frustrado e
deprimido. Ele não consegue compreender por que,
no ápice de uma certa oração inspiradora, vêm para
ele pensamentos profanos. O Alter Rebe se refere
a estas frustrações no capítulo 27 do Tanya, livro
baseado nas sessões de aconselhamento dele para
seus chassidim:
Manjares
No Gênesis 27:4, Yitschac deseja abençoar seu
filho Essav e lhe pede “faça para mim manjares
como eu gosto”. De acordo com o Tikunei Zôhar,
estas também são as palavras da Shechiná, Presença
Contrastes
Neste maamar, que é baseado num maamar do
Alter Rebe, o Rebe destaca duas diferenças básicas
entre os espiões de Moshé e os de Yehoshua.
Seja um tsadic!
O Rebe não ficou totalmente satisfeito com a
explicação acima, uma vez que ela relega o signi-
ficado dos espiões de Moshé para tsadikim. Que
relevância ela tem para o beinoni?
Vestimentas
Agora o maamar inicia uma discussão, explican-
do porque o beinoni controla seus pensamentos,
mas não suas emoções.
Na terminologia cabalística e chassídica, a for-
ma de comportamento humano, pensamento, fala
e ação, são chamados de “vestimentas” da alma,
pois é através destas três vestimentas que a alma
se expressa. Assim como vestes em seu sentido
literal são acessórios adicionais à pessoa, e não a
própria pessoa, e portanto podem ser retiradas e
trocadas com pouco ou nenhum esforço — assim
as vestimentas da alma não são a alma em si, mas
sua plataforma para expressão e manifestação e,
portanto, podem ser mais facilmente controladas.
A consciência da alma, no entanto, o que ela ama
eteme, só pode ser trocada através de esforço tenaz
e assistência Divina.
Prioridades
A ênfase no comportamento do beinoni não é
meramente resultado de sua desvantagem espiritu-
al. Não é uma rendição relutante à sua fragilidade
humana. Mais propriamente, o objetivo da vida do
homem está no aperfeiçoamento de suas “vesti-
mentas”, pois as vestimentas são mais importantes.
Conclusão
Portanto, o conselho do salmista é direto: “des-
vie-se do mal e faça o bem”. Este é o objetivo da
descida da alma das alturas celestiais para o mundo
da Kelipá e dos limites do corpo: elevar-se a um
nível do qual ela está inerentemente excluída. Isto
ocorre através do serviço das vestimentas, o cum-
primento de Torá e mitsvot na prática.
Tsadikim e Beinonim
3. A Torá é eterna e aplicável a todas as pessoas.
Disto decorre que o fato de a Torá contar-nos
(também) do envio dos espiões (de Moshé) para
observar a terra toda é uma lição eterna para cada
judeu, mesmo àquele que não está no nível de
Moshé.
Vestimentas
5. A razão para isto — que pensamento, fala e ação
estão sob controle do homem, diferentemente das
emoções do coração — é porque29 pensamento,
fala e ação são vestimentas da alma. Por isso,
assim como as roupas do corpo — apesar de o
homem necessitá-las (com o propósito de modéstia,
uma vez que “eles, Adão e Eva, estavam com
vergonha”,30 e também com o intento de proteger-
se do frio e do calor), mesmo assim — ele pode
tirá-las; e certamente ele não necessita essas roupas
específicas (que está utilizando agora), podendo
trocá-las por outras.
3 de Tamuz, 5761
Brooklyn, N.Y.
Kehot Publication Society
INTRODUÇÃO E SUMÁRIO
Muitas Águas
O Rebe cita um versículo – também relatado
por Rabi Shneor Zalman de Liadi (1745-1812)
em seu maamar com o mesmo título – do Cântico
dos Cânticos do Rei Salomão: “Muitas águas não
conseguirão extinguir o amor e rios não poderão
removê-lo”.3
A Raiz da Alma
Quando Moshé pede a D’us para mostrar-lhe
“Sua glória”5, Ele diz “Te porei na fenda da rocha”6.
Esta rocha se refere “A Rocha”, a origem mais
primordial de toda a Criação.
Ao Contrário
As “muitas águas” citadas no Cântico dos
Cânticos aparecem anteriormente na Torá, sob
forma das “muitas águas” que inundaram a
Terra nos tempos de Noach. Estas águas também
representam a inundação de pensamentos mundanos
que cercam “a arca”, o oásis da Torá e da oração do
dia a dia do ser humano.
Atualizando
Aqui o Rebe desperta uma questão baseada na
premissa de que a alma está enraizada na essência
de D’us, acima de qualquer manifestação d’Ele.
Vestimentas
De fato, investir a mente e o coração no trabalho
é fútil, uma vez que “é a bênção de D’us que
enriquece”13, enquanto a ocupação da pessoa é
somente uma vestimenta para conter esta bênção –
não que a profissão cria concretamente a riqueza,
D’us nos livre. Então, dedicar-se excessivamente
às “vestimentas” de sua ocupação é similar a
vestir roupas em excesso, que “não traz benefício,
mas, ao contrário, causa maiores danos”.14
Ordem e Caos
3. A inovação de que “muitas águas não
conseguem extinguir o amor” pode ser entendida
considerando-se que estas “muitas águas”
(preocupações financeiras) têm sua origem no
mundo de Tohu17 que antecedeu ao mundo de
Tikun18. De fato, a razão pela qual são chamadas
de “muitas águas” tem (também) a ver com sua
raiz e fonte [Tohu] que são “muitas”.19 Portanto, a
inovação20 da asserção de que “muitas águas não
conseguem extinguir o amor e rios não podem
removê-lo” é que: apesar de “muitas águas” e
“rios” originarem-se do mundo de Tohu21, que
antecedeu ao de Tikun (de onde se originou a alma
Divina), mesmo assim, eles não têm força para
extinguir o amor da alma Divina, D’us nos livre.22
A Supremacia da Alma
A razão para isso é (conforme afirmado
anteriormente no versículo), “suas brasas são
brasas de fogo, a chama de D’us”23 – a alma Divina
e seu amor a D’us originaram-se da Essência da
Luz Infinita que é até mais elevada do que o mundo
de Tohu. Pois a origem do amor da alma Divina é
a “chama de D’us” na forma em que está ligada e
contida na “brasa” (brasas de “fogo”24) e, num plano
superior25, da forma como esta “chama” existe na
rocha26 (que está acima de Havaye27). Esta também
é a fonte da alma, como explicado no Likutei
Torá28 sobre o versículo “e o espírito retornará ao
Senhor que o concedeu”29, que “o Senhor” (que
e “concedeu” a alma) refere-se a este nível de rocha,
acima mencionado.
Alma Flutuante
4. Um ponto adicional:
O Poder do Retorno
Em termos do serviço Divino, o benefício
adquirido pela alma através de sua descida a este
mundo e sua submersão sob as “muitas águas”
da materialidade, mencionadas acima, é que,
através disto, ela adquire o potencial de teshuvá,
retorno32. Antes de sua descida ao corpo, as almas
são consideradas como tsadikim (justos) perfeitos.
Uma vez que elas descem em corpos, no entanto,
tornam-se baalei teshuvá, sobre os quais se diz
“no nível em que os baalê teshuvá se encontram,
tsadikim perfeitos não se encontram33. Mais ainda,
“tsadikim perfeitos não podem permanecer lá”34
– nem está em sua possibilidade35 permanecer no
nível dos baalê teshuvá36.
Potencial e Realidade
Agora podemos compreender como é possível a
alma elevar-se acima de seu nível original através
de sua descida, pois o fato de a
alma estar enraizada originalmente na Essência
de D’us (e Ele Se consultou com elas, etc.) é
meramente a forma de D’us antever que ela vai
eventualmente descer a este mundo e realizar seu
propósito. E, apesar de que inicialmente D’us sabe
com certeza absoluta que a alma vai cumprir seu
propósito, mesmo assim, antes de descer de fato a
este mundo, isto fica em estado potencial.
Bênção Final
Quando a pessoa serve a D’us com perfeição
completa e um coração satisfeito (nas três áreas
– estudo da Torá, oração e boas ações – que
correspondem aos três filhos de Noach58), ela
recebe a bênção Divina para tudo o que necessita
(nas três áreas: filhos, saúde e sustento59). Essa
bênção é completa, proporcionando-lhe muita
alegria e um coração satisfeito; bênção tanto em
assuntos espirituais como materiais, e, finalmente,
bênçãos espirituais e materiais simultaneamente.
INTRODUÇÃO
ESBOÇO HISTÓRICO
(Berachot 13b)
Com a ajuda dos Céus,
Reunião de Chassidim, Anshei Chabad, na cidade de Chicago,
No Beit Hacnesset Lubavitch.
Motsaei Shabat Codesh Shemini, 28 de Nissan, 5690 (1930).
A Beráita
O ensinamento de “todo aquele que se prolonga
em echad...”, é continuação da seguinte Beráita 2:
O Propósito da Criação
Está escrito “Aquele que, em Sua bondade, reno-
va a cada dia, continuamente, a obra da Criação”.35
A obra da Criação é renovada devido a Seu
Atributo de Bondade e compaixão, uma vez que
“a natureza do benevolente é fazer o bem”.36 Pois
o Santo, abençoado Seja, desejou uma moradia
nos mundos inferiores”37, criar e trazer à existência
um universo físico que pareça ser uma entidade e
existência independente e, nesse mundo, criar um
homem com um corpo físico no qual Ele baixaria
uma alma Divina, imbuindo-a com força e vigor a
fim de se sobrepor à materialidade do corpo e do-
minar todos os desejos carnais do corpo, através do
poder do [estudo] da Torá e do “serviço do coração”
da oração.38
* * *
Prolongando = Percebendo
Prolongando em echad requer contemplação
sobre a providência Divina específica sobre todos
os aspectos da Criação, “pois Ele, abençoado seja,
provê alimento e sustento para todos”.52
O versículo afirma “Os olhos de todos olham
para Ti com esperança e Tu lhes dá seu alimento no
momento apropriado”53 – “no tempo apropriado”
do alimento,54 conforme determinado pela Divina
providência. De fato, a pessoa vê claramente que
todas suas manobras em seus negócios, de nada
adiantam.55
* * *
* * *
As Perguntas
Inicialmente, será que conseguimos conceber
estes mundos espirituais existindo em espaço físico
(algum lugar acima de nosso mundo), um acima
do outro? Se não, como são eles separados um do
outro? Em outras palavras, entendemos como um
objeto difere de outro em nosso mundo: objeto A
ocupa espaço A, enquanto objeto B ocupa espaço
B. De fato, o próprio fato de um objeto físico
ocupar um espaço definido, exclui a possibilidade
de outro objeto físico ocupar este mesmo espaço.
Desta maneira, dois objetos físicos diferem entre
si. Porém, de que forma duas entidades espirituais
diferem entre si?
Isto leva a uma segunda pergunta. A Chassidut
descreve a relação de D’us com o mundo de duas
maneiras: de forma imanente ou “interna” e de forma
transcendente ou “envolvente”. Como entender isto,
quando se fala de mundos espirituais? Em outras
palavras, como algo “permeia” ou “transcende”
uma entidade espiritual?
Rabi Yossef Yitschac só aborda a primeira
pergunta nesta carta e, depois, faz referência a um
discurso de Rabi Shneur Zalman de Liadi
no Likutei Torá1, onde o assunto é tratado mais
amplamente e onde a segunda questão é abordada.
A explicação nesta carta tem como intento ser uma
introdução para aquele discurso.
Os Tipos de Mundos
Rabi Yossef Yitschac inicia sua resposta primeiro
estabelecendo que o “mundo” espiritual, de fato,
existe, utilizando o Zôhar como texto de prova.
Mais ainda, o mundo espiritual é paralelo ao nosso
mundo físico em estrutura. Porém, diferem no fato
de um ser grosseiro e corpóreo e o outro, espiritual
e puro.
* * *
Paz e benção.
Mundos
Está escrito: “E alamot (moças) sem núme-
ro” 15. Nossos Sábios, de abençoada memória,
disseram: “Não leia alamot (moças), e sim olamot
(mundos)”16. Estes mundos [espirituais] são sem
número, infinitos. Pois o finito é mensurável em
números enquanto o infinito, está além dos númer-
os. Orem, apesar de os mundos serem ilimitados
e sem número, são classificados em duas classes:
mundos revelados e mundos ocultos, não revela-
dos. Também são divididos em quatro categorias
distintas, chamadas de: Atsilut (Emanação), Beriá
(Criação), Yetsirá (Formação) e Assiyá (Ação).
Atsilut
O primeiro dos quatro mundos é
chamado de Atsilut. Apesar de ser um
mundo estruturado em câmaras, Carruagem17, dez
sefirot18, luzes e receptáculos19, intelecto e emoções,
luz da chochmá20 no receptáculo de chochmá e luz
de chessed21 no receptáculo de chessed, é chamado
de Atsilut por duas razões22:
Beriá
O mundo de Beriá (Criação) é o segundo dos
quatro mundos. É chamado de Beriá por ser a
primeira entidade a existir após Atsilut e por ser
uma metsiut29. Apesar de ser um mundo espiritual
e “oculto” e, mais ainda, de nele brilhar a luz de
Atsilut, especialmente a luz de Biná de Atsilut —
enquanto no mundo de Atsilut em si ilumina a luz
de chochmá de Atsilut — razão pela qual o mundo
de Beriá é chamado de “mundo da compreensão”30,
mesmo assim, é chamado de mundo da criação, por
duas razões:
Yetsirá
O mundo de Yetsirá (Formação) é o terceiro dos
quatro mundos. Apesar de conter todos os elemen-
tos contidos nos mundos de Beriá e Atsilut, porém,
a metsiut no mundo de Yetsirá é mais perceptível
do que a do mundo de Beriá.
Pois a metsiut do mundo de Beriá consiste
no fato de ser a produção da criação ex-nihi-
lo, mas toda sua metsiut é sua capacidade de
adquirir forma. Mas ainda não e uma metsiut
completa. É somente a primeira “substância”.
Assiyá
O mundo de Assiyá (Ação) é o quarto dos quatro
mundos. E, apesar de também este conter todos os
elementos contidos nos mundos de Yetsirá, Beriá e
Atsilut, contudo, é o inferior de todos. É, portanto,
chamado de Assiyá, que denota a faculdade mais
baixa: ação [ou realidade].
Diferenças
O ponto de tudo o que dissemos e explicamos
sobre a natureza dos quatro mundos, Atsilut, Beriá,
Yetsirá e Assiyá é que a estrutura de tudo o que
existe nos mundos — câmaras, dez sefirot, Carru-
agem, tempo e espaço — é idêntica em todos os
mundos. A diferença está na essência de sua natureza.
A natureza essencial de Atsilut — que é a
revelação do oculto, como o acender de uma
vela a partir de outra34 — não é a mesma que
a de Beriá, que é a criação de algo a partir do
nada e é um elemento etéreo e sem consistência.
Fogo de Pedra
A metáfora para este conceito é a extração de fogo
de uma pedra. Isto ocorre precisamente friccionando
a pedra com força. Em contraste, para acender uma
chama a partir de outra, basta aproximar. Isto porque
a chama acesa está em existência reveladamente.
Acender de uma existência para outra, requer so-
mente uma aproximação. Mas a chama de uma rocha
possui somente uma “existência oculta” [isto é, um
potencial de fogo] e, portanto, requer precisamente
uma fricção para trazê-la da não existência para a
existência.
Este é o significado de “a sabedoria emerge do
nada”. Apesar de o surgimento da sabedoria e do ra-
ciocínio originar-se da fonte da sabedoria42, a forma
como é revelada pode ser comparada a encontrar um
objeto perdido43; o local onde o objeto perdido foi
encontrado com certeza não é seu lugar verdadeiro e
original, mas o objeto deve ter vindo de outro lugar;
não estava neste mesmo local. Seu lugar de origem,
porém, não é conhecido, uma vez que a metsiut do
objeto emerge da não existência44; sua origem é ayin
(nada) e não-existência.
Existência Não-Existente
Então, apesar de o ponto do conceito obter
[eventualmente] o status de metsiut de um assun-
to intelectual, esta metsiut não é completa. Só se
chama metsiut em relação à não-metsiut. Por isso,
o ponto surge, brilha
e então, desaparece. É como um raio, numa tem-
pestade, que brilha por um instante e desaparece.
Pois, apesar de ser uma metsiut, sua metsiut con-
siste no fato de não ser não-metsiut. Mas não é uma
metsiut completa.
Atsilut = Reshimá
Isto pode ser comparado à marca geral utilizada
em contemplação intelectual por quem se ocupa
com assuntos intelectuais. Antes de ele começar a
contemplar certo assunto ou ideia, faz um esboço
geral para
si que orienta e define sua contemplação do assunto.
Isto é similar às anotações feitas por um arquiteto
antes de começar a construir a estrutura.
Beriá = Gravar
No entanto, o mundo de Beriá, apesar de ser a
primeira fase de yesh [“existência”], que consiste
apenas de um elemento etéreo que pode receber
forma, todavia, é uma metsiut. O mundo de Beriá
não é somente a ausência de não-metsiut, nem um
mero esboço como o mundo de Atsilut. Beriá é
uma metsiut, apesar de ser um elemento etéreo,
que, todavia, tem a capacidade de receber forma.
Por isto, o mundo de Beriá é chamado de
“gravação”. Gravação é o contrário de marcação.
Diferentemente de uma gravação, uma marca é algo
não-substancial, passível de mudança.
Yetsirá = Talhar
O mundo de Yetsirá, no entanto, chama-se “talha-
do”, que é uma forma definida que não se modifica.
Não somente que possui a capacidade de mudança,
sendo a revelação da própria essência que está se
manifestando, mas a metsiut já vem numa forma
que é “talhada” de certo modo, ou seja, de forma
limitada.
Assiyá
O mundo de Assiyá é, como seu nome sugere,
uma absoluta metsiut. Enquanto no mundo de Yet-
sirá, o principal é a forma, em Assiyá, o principal
é a metsiut.
Definições
O mundo espiritual possui espaço e tempo, as-
sim como o mundo material. Porém, a definição
[de tempo e espaço] difere entre eles. A definição
de tempo e espaço espirituais não é absolutamente
semelhante à de tempo e espaço físicos.
Percepção Indireta
Agora, apesar de tempo e espaço espirituais esta-
rem acima de nosso conhecimento, contudo, temos
percepção clara de que a definição de espaço não
é limitada ao que é definido por seis dimensões.
Pode haver espaço que não se restringe aos con-
ceitos de espaço que apreendemos. O mesmo vale
para tempo; sua definição não é limitada por nossa
percepção.
As Três Faculdades
As faculdades transcendentes são as que não
estão restritas a membros específicos do corpo hu-
mano. Elas são o prazer e a vontade que residem e
agem em todos os membros e faculdades do corpo
por igual.
As faculdades internas são as que se limitam
a certas partes do corpo humano. São intelecto e
emoções. O intelecto reside no cérebro (que está na
cabeça), enquanto as emoções residem no coração.
São de naturezas diferentes: o intelecto é tranquilo
enquanto as emoções são fervorosas.
FILOSOFIA X CHASSIDUT
Após esta introdução, você deve estudar o es-
clarecimento do assunto nos dois primeiros capítu-
los da explicação sobre os versículos Sos Assis no
Likutei Torá, parashat Nitsavim.
[Assinatura]
PREFÁCIO DA EDIÇÃO INGLESA
***
***
Mensagem eterna
Então, esta é a mensagem das luzes de Chanucá
para nós, hoje em dia: o sol já se pôs faz tempo.
Estamos vivendo em tempos de profunda escuridão
espiritual. Todavia, as luzes de Chanucá nos con-
tam que esta escuridão possui um propósito. Não é
uma situação natural. É uma aberração que existe
para despertar nossa essência infinita, que possui o
poder de transformar a escuridão em luz. E a escu-
ridão será transformada através de nossos esforços
cumulativos, mesmo através de uma mitsvá, que,
segundo escreve Maimônides, tem o poder de in-
verter a escala, trazendo redenção para o mundo,
anunciando a era de Mashiach.
ÓLEO SAGRADO
Óleo corresponde ao nível de kodesh, “sagrado”,
(conforme escrito30 óleo de ungimento sagrado)31.
“Sagrado é uma palavra per si”32 (similar ao óleo
que flutua33 acima de todos os líquidos e não se
mescla com eles).34
TUA TORÁ
Mesmo nesta batalha (contra Torá e mitsvot),
sua principal luta era contra a espiritualidade (e
Divindade)55 de Torá e mitsvot.56
OS ESTATUTOS
De forma similar ocorreu em relação às mitsvot: a
luta dos gregos era contra a Divindade das mitsvot,
contra o fato de que mitsvot são a Vontade Divina.
CUMPRINDO MITSVOT
Este conceito (de que mesmo mitsvot que
possuem razão devem ser cumpridas por serem a
Vontade Divina) refere-se não somente à pessoa que
as cumpre — que seu cumprimento de mitsvot deve
ser como o serviço de um servo64, o que só é possível
quando cumpre as mitsvot (não por causa da razão
ou lógica, mas) devido ao mandamento do Senhor.65
Mas, refere-se, também, às próprias mitsvot. Todas
as mitsvot (mesmo estas para as quais há uma razão)
são Vontade Divina — vontade que transcende a
razão.66 Só que D’us instituiu que o desejo por tais
mitsvot se invista, também, na razão.67
REALMENTE SOZINHO
Mais ainda, [autossacrifício alcança uma vitória
completa porque] não pode haver nenhum oponente
ao nível de Yechidá. Pode haver oposição ao
serviço Divino racional e mesmo ao serviço Divino
suprarracional que está ligado à racionalidade.
Porém, quando a pessoa desperta e revela seu nível
de Yechidá, não pode haver oposição95.
DUAS HARPAS
Isto é similar à diferença entre a harpa do Beit
HaMicdash, que possuía sete cordas, e a harpa da Época
de Mashiach98, que terá oito cordas99. Mesmo que o
Beit HaMicdash é o lugar mais sagrado do mundo, e
especialmente [é elevada] a harpa do Beit HaMicdash
que incorpora o conceito de atrair o Nome Divino
Havaye — pois kinor (harpa) contém as letras chaf e
vav (o número equivalente ao Nome Havaye) e ner100
[nun e resh] (a alma do homem é uma vela Divina101)102
— porém, é somente a perfeição do sêder hishtalshelut.
Por isso, possuía sete cordas.
HORÁRIO DE ACENDIMENTO
Esta é também a razão pela qual as velas de
Chanucá são diferentes das velas do Beit HaMicdash
em relação a seu horário de acendimento, razão pela
qual a mitsvá do acendimento das velas de Chanucá
inicia quando o sol se põe. Pois é especificamente
através da revelação (do nível de Yechidá) que
transcende a hishtalshelut (da pessoa), que se pode
iluminar até a escuridão. Não somente que, na
presença desta luz, a escuridão não oculta, mas a
própria escuridão é transformada em luz.105
UM E SETE
O conceito de Sucot (e dos bois de Sucot) é a
revelação dos makifim113 — assim como a própria
Sucá que envolve a pessoa114. E no oitavo [dia] de
Sucot, os makifim são atraídos e são absorvidos
também internamente, o que é similar ao serviço de
autossacrifício (de Chanucá) que afeta (conforme
citado115) e permeia todas as faculdades da alma.
TRANSFORMAÇÃO
E assim como as velas de Chanucá afetam os
pés dos tarmudai de duas formas — no início os
destrói e os anula, e depois causa com que sejam
transformados em santidade117 — uma patente
similar ocorre com a oferenda dos 70 bois de Sucot,
que correspondem às 70 nações do mundo118: no
começo, as oferendas causam com que as nações se
enfraqueçam progressivamente119, e depois causam
com que, até elas, auxiliem Israel.
Conforme dizem nossos Sábios:
TRANSFORMAÇÃO FUTURA
Isto é similar ao que ocorrerá no Futuro 123:
[Primeiro] Eu, então, transformarei as nações... para
servi-Lo numa só união124, e então levantar-se-ão
estrangeiros e pastorearão os teus rebanhos.125 É
similar às oferendas dos 70 bois que correspondem
[e transformam] as 70 nações. Tanto que, através e
por causa das nações, é adicionada uma oferenda
para o povo judeu (no oitavo dia de Sucot) no Beit
HaMicdash.126
9.
CHANUCÁ E MASHIACH
[Se qualquer mitsvá pode trazer salvação para o
mundo,] certamente um acréscimo no cumprimento
da mitsvá da vela de Chanucá poderia [trazer
salvação]:
Shimon
O nome Shimon é derivado da palavra shamá,
ouvir. Em hebraico, a palavra shemiá é sinônima
de compreensão e entendimento.
Compreensão intelectual assemelha-se à audição,
no sentido de que ambas indicam distância do ob-
jeto ou acontecimento escutado ou compreendido.
Ouvir sobre o acontecimento significa que a pessoa
não estava presente e não o testemunhou, mas sim,
que os detalhes do acontecimento foram contados
por outra pessoa. De forma similar, no processo da
compreensão intelectual, as faculdades da pessoa
analisam certa informação e se esforçam para criar
uma aproximação mental àquilo que foi descrito,
sem experimentar diretamente o próprio objeto ou
acontecimento.
Yehudá
Em ocasião do nascimento de Yehudá, sua mãe,
Léa, disse “Desta vez agradecerei [odê] D’us [pois
Ele me permitiu ter mais filhos do que minha parte
natural em relação ao número total dos filhos de
meu marido]”, e, portanto, ela o chamou de Judá
[Yehudá]8. A Chassidut9 explica que ao agradecer
e reconhecer D’us, a pessoa concretiza submissão
total e autonulificação para D’us. Isto ocorre se
elevando acima do próprio ego e reconhecendo
que não há verdadeira existência além de D’us. É,
principalmente, exemplificado na oração – durante
a Amidá e Alênu – quando a pessoa fica de pé e se
curva com a submissão de um servo perante seu
amo.
Resultado
Yaacov concluiu sua bênção para Yehudá: “Sua
mão estará sobre a nuca de seus inimigos”. Ao
revelar o nível representado por Yehudá, a pessoa
consegue dominar tanto o inimigo físico como o
espiritual. E isto pode ocorrer mesmo enquanto o
povo judeu se encontra no exílio, através do estu-
do da Torá e do cumprimento das mitsvot. A luz
espiritual decorrente disto levará o povo judeu a
triunfar sobre seus inimigos, ter sucesso em dissipar
a escuridão do exílio, e trazer a redenção, através
do justo Mashiach.
Com a ajuda dos Céus.
— transcrição —
2.
3.
4.
6.
Contexto Histórico
Este discurso que inicia com o versículo “Vay-
oshet hamelech leEster” da Meguilat Ester (o Livro
de Ester), foi proferido por Rabi Shneur Zalman em
Purim de 5560 (1800), na cidade de Liozna, e foi
transcrito, pouco depois, por seu irmão Rabi Yehuda
Leib. Em 5597 (1837), o Tsemach Tsedec publicou
este maamar, junto com centenas de outros discur-
sos de Rabi Shneur Zalman, sob o título “Torá Or”6.
Esboço Geral
Assim como muitos discursos relacionados com
os dias festivos, A Jornada da Alma contém dois
elementos: possui um tema festivo, com o propósito
de explorar a dimensão mais profunda de Purim e,
no entanto, contém também lições e pensamentos
profundos, que são de benefício eterno para nosso
serviço espiritual.
Centro do Duelo
O discurso inicia comentando algumas diferenças
de texto entre dois episódios similares relatados na
Meguilá. As Escrituras nos contam duas vezes que
o Rei Achashverosh estendeu seu cetro de ouro para
a Rainha Ester. A primeira referência se encontra no
quinto capítulo onde, assim que Ester ficou sabendo
da conspiração de Haman de destruir o povo judeu,
D’us nos livre, decidiu aventurar se no palácio,
sem ter sido convidada, e encontrar-se com o rei.
Conta-se que naquele momento, “Quando o rei viu
a Rainha Ester em pé, no pátio, encontrou favor
ao seus olhos. O rei estendeu para Ester o cetro de
ouro que estava em sua mão, e Ester se aproximou
e tocou na ponta do cetro”8.
Simbolismo Sutil
Ester é um símbolo do ocultamento Divino
durante a galut. Isto é verdade tanto em escala
geral, como a nível pessoal: a Divindade não está
insolentemente manifesta na Criação, nem nossas
almas encontram um escape consistente para seus
anseios espirituais. Esta situação está em contraste
marcante à Era Messiânica, quando a Divindade
será revelada e brilhará por toda a existência.
Momento Messiânico
Como isto será possível?
Transformação de Purim
O maamar, então, explica a razão pela qual, entre
todas as outras festividades, somente Purim não será
abolido quando chegar Mashiach11. A luz Divina que
brilha nos dias festivos é somente uma irradiação
suave comparada à grande manifestação de D’us na
Era Messiânica, e será totalmente encoberta por seu
grande esplendor. No entanto, Purim, é do mesmo
calibre daqueles tempos impressionantes, pois ele
também é caracterizado pela “transformação da
escuridão em luz”, representado pela mudança total
do coração do Rei Achashverosh.
Halachá e Humildade
O mesmo é verdade relação à halachá (lei ju-
daica). Halachá é a Vontade e Sabedoria de D’us,
investida em assuntos físicos e mundanos. Quando
a pessoa decifra a halachá, está, essencialmente,
pegando uma situação que parece não ter ligação
espiritual e transformando-a num veículo para ex-
pressar a Vontade e Sabedoria Divina – um outro
exemplo
de “transformar a escuridão em luz”. Por conse-
guinte, o Talmud afirma: “A lei judaica não será
abolida nos Tempos Vindouros”12.
A Atitude de Ester
O discurso conclui explicando a diferença entre
as duas vezes que Ester apareceu perante o rei, à
luz do acima mencionado. Inicialmente Ester per-
maneceu no pátio real, ansiando por ver o rei, que
simboliza a aproximação espiritual primitiva da
alma, quando ainda está ligada com negatividade.
Então, a alma pode tocar somente a “ponta” do
cetro, recebendo a inspiração Divina que é con-
cedida no Shabat e nos dias festivos. No entanto,
eventualmente, Ester chega à residência do rei
propriamente dita. Lá, ela “chorou e implorou para
ele revogar a mar [intenção] de Haman” – repre-
sentando o choro da alma para livrar-se da arro-
gância, que impede a revelação Divina. Quando ela
realiza isto – transformando a “escuridão’ do ego
na “luz” da sensibilidade espiritual – então, “Ester
se levantou e permaneceu em pé perante o rei”,
a alma pode verdadeiramente receber seu desejo
único: “Não quero nada além de Ti mesmo!”
* * *
A Revolução Messiãnica
[Tudo isso descreve a conjuntura vigente durante o
exílio.] No entanto, nos dias messiânicos, o ser humano
vai se tornar mais refinado17 e, consequentemente, “A
glória do Senhor será revelada e juntos, toda a carne
verá [que a “boca do Senhor falou]”.18 “E naquele dia
será dito: Veja, este é nosso D’us no qual depositamos
nossa esperança [de que Ele vai nos salvar].”19
Naqueles tempos, o esplendor Divino vai se
revelar de tal forma, que será apreendido firme e
fixamente, mesmo na mente e intelecto humano,
“e toda carne verá” isso com visão física tangível.
Então, “nosso D’us” estará para nós sob o aspecto
de zé, revelado e manifesto, pois zé (manifestação)
é aquilo “pelo qual esperamos”20 – em oposição a
hu [que indica ocultação].
3.
Paixão de Pessach
Durante a festa de Pessach, em particular, o
esplender do amor Supremo, que emana do amor –
bondade (chessed) Divino, brilha no íntimo de cada
alma. Consequentemente, cada alma–centelha ju-
dia, é elevada a um nível de sensibilidade espiritual
onde é despertada num tremendo amor e paixão por
D’us, e a um compromisso de erradicar totalmente
qualquer obstáculo que possa comprometer este
amor, isto é, paixões materiais que, por definição,
opõem-se e contradizem o amor por D’us.26 O pro-
cesso de quebrar os desejos materiais é chamado
de “le’achfaya lesitra achará” – forçar os desejos
negativos a se submeterem à conduta espiritual.27
Destruindo a Oposição
A ideia de que as paixões mundanas impedem
o amor a D’us e, portanto, devem ser destruídas, é
demonstrada no versículo “Aquele que golpeou os
egípcios através de seus primogênitos, pois Sua be-
nevolência (chasdo) dura para sempre (leolam)”.28
Ou seja, a fim de o esplendor do amor supremo
(chessed) iluminar o mundo (olam), Ele destruiu
os primogênitos do Egito, aqueles elementos que
contradizem o amor a D’us.29
Partida Desolada
“Quem é esta (zot) que vem subindo do deserto
(midbar)” — “Zot” se refere à nação judia,32 que
“sobe do deserto” da materialidade no Shabat e
dias festivos. “Deserto” se refere àqueles elementos
materiais que são contrários à Divindade, elementos
semelhantes a um lugar estéril e desabitado [es-
piritualmente]. “Deserto” ou “midbar” é também
etimologicamente ligado à palavra “dibur”, fala,
que, neste contexto, refere-se à tagarelice inútil. No
Shabat e nos dias festivos, a alma se eleva acima
desses assuntos.33
Fumaça e Fogo
“Como uma coluna de fumaça” — Quando esta
transformação espiritual ocorre é “como uma coluna de
fumaça”. A fumaça é produzida quando o fogo consome
um elemento que diverge de sua natureza. Por exemplo,
quando queima-se madeira ou um pavio, é a umidade
destes, consumida pela chama, que causa a fumaça.34
Quanto mais umidade contida num certo objeto, mais
fumaça resultará de sua queima.
De forma similar, no Shabat e dias festivos, quan-
do o esplendor Divino está manifesto, “queima” e
“consome”, por assim dizer, aqueles elementos que
se opõem à Divindade, “le’achfaia le’sitra achara”,
desta forma, produzindo “fumaça” espiritual.
Perspectiva Feliz
“E olíbano” — Depois de a pessoa ter passado
por essa transformação espiritual e reconhecer a
amargura do passado, poderá, então, regozijar-se
no júbilo da êxtase espiritual42: “Israel se rejubilará
em seu Criador”.43
Simbolismo do Cetro
Explicando:
Essência e Emanação
Essa ideia pode ser expressa no versículo “[D’us
(Havaya53) é grande e muito louvado,] e Sua grandeza
está além de qualquer investigação”.54 Isso
significa que, só é possível “investigar” e meditar
sobre a grandeza de Havaya, que é transmitida para a
Criação.55 No entanto, a “Essência” de D’us, não pode
ser investigada e considerada “grande”, pois “tudo
perante Ele é como nada”,56 e para Ele é como se os
mundos não existissem, absolutamente.57
Imutabilidade de D’us
Assim, as Escrituras afirmam: “Eu, D’us, não
mudei”.58 E conforme dizem nossos Sábios, “Tu
és o mesmo antes da criação dos mundos, Tu és o
mesmo após a criação destes”59 – de forma igual,
sem mudança, pois D’us nem “prende” nem “tran-
scende” aos mundos, Sua “Essência” está além do
âmbito de mundos.60
Será Que a “Grandeza” É Grande?
Também está escrito “Grande é o Senhor e muito
louvado, na cidade de Elokim...”61 Nossos Sábios
explicam:62 “Quando Ele é proclamado como sendo
“grande”? Quando Ele se encontra ‘na cidade de
Elokeinu’” [ou seja, quando se fala sobre a ema-
nação da energia Divina que flui na Criação].63 No
entanto, quando refere-se a D’us, Ele mesmo, não
se pode usar o termo “grande”, pois toda a Criação,
desde os mundos mais elevados até os mais baixos,
são como nada perante D’us.
O “Sentar” Supremo
Então, Sua “grandeza” é, na verdade, Sua
humildade64, pois Ele [descende e] se investe no
aspecto de “grandeza” para que Seu Reinado seja
o Reinado sobre todos os mundos65, conforme o
versículo afirma “o Senhor senta como Rei le’olam
(do mundo)”.66
6.
Manifestação de Mashiach
Todavia, quando Mashiach chegar, o [verda-
deiro] esplendor de D’us se manifestará de forma
brilhante e impressionante, ou seja, a Essência de
D’us fluirá do nível onde “Eu, D’us, não
mudei” – “passado, presente e futuro existindo
simultaneamente”70 – toda pessoa perceberá, com
o intelecto físico, que D’us estará “revelado”,
conforme mencionado anteriormente.71
A Coroa
Esta é a explicação do versículo “Uma mulher de
excelência é a coroa de seu marido”.76 A irradiação
Divina que se manifesta agora para o povo judeu é
denominada “seu marido”.77
Porém, quando chegar Mashiach, o povo judeu
estará num patamar espiritual infinitamente mais
elevado [do que “seu marido”, irradiação Divina,
pois então, verão a Essência do Próprio D’us].78
Estabilidade
Por isso, está escrito “A jovem de Israel caiu,
não mais se levantará”.79 Significa que o mundo
estará aqui embaixo tão completamente permeado
por Divindade, que não será necessário que Israel
se “erga” e “se levante” [a fim de experimentar
espiritualidade.]80
7.
Transformação
A razão pela qual será possível haver manifes-
tação tão potente em nosso mundo inferior na Era
Messiânica é porque, então, diferentemente das
redenções prévias, onde o mal foi apenas subjugado
e quebrado, “le’achfaia le’sitra achara”, a própria
escuridão será transformada em luz.81
8.
Lançando Luz Sobre a Halachá
Esta também é a razão pela qual nossos Sábios
disseram que a halachá, lei judaica, nunca será
abolida, [pois também incorpora a “transformação
da escuridão em luz”.]
’Lei ‘Física
O mesmo é verdade num sentido espiritual: D’us
“virou Sua cabeça para trás”, por assim dizer, e colo-
cou Sua vontade e sabedoria “atrás”, naquelas coisas
que são consideradas chitsoniyut (externas) – isto
é, em assuntos físicos e materiais.90 Por exemplo,
o Seder Kodashim91 trata do [sacrifício] de animais
e o Seder Nezikin lida com assuntos monetários.
Temos que, a vontade e sabedoria Divina mais
profunda está investida em leis “físicas” da Torá.
Mais ainda, Seus atributos emocionais ou midot são
atraídos automaticamente para a halachá, conforme
está escrito “Retirou Sua mão direita para trás...”92
Decifrando o Divino
Então, “Eles [o bem e o mal] são separados at-
ravés de chochmá, sabedoria”.93 O termo “separar”
aplica-se à mistura de dois itens parecidos que po-
dem ser, ordinariamente, indistinguíveis. [Em nosso
contexto isso significa que a ‘sabedoria” da Torá
distingue entre aquilo que é halachá e o que não é,
algo não sempre fácil de ser discernido.]
A Linha Delicada
Assim, por exemplo, um agente que “troca uma
vaca por um burro” num contrato de negócios,94 ou
um açougueiro que está cortando um animal em
partes, destripando seu interior para seu sustento,
não estão envolvidos com a vontade e sabedoria
Divina. Mas, alguém que está envolvido nesses
mesmos atos, com o propósito de discernir as ram-
ificações haláchicas intrínsecas nesses – examinar
as partes do animal para determinar se é casher ou
não, determinar quem é inocente e quem é o culpado
numa discussão sobre um bezerro recém nascido e
nas leis de pureza ritual, determinar o que é puro
e o que é impuro – está, dessa forma, tocando a
vontade e sabedoria Divina.
Similarmente, os Sábios da Mishná e do Talmud
e os primeiros e últimos Poskim,95 esclareceram
e revelaram a vontade e sabedoria Divina, e, por-
tanto, “separaram” o mal do bem. Através de seu
estudo de Torá, distinguiram o que não é permit-
ido do permitido e, [em assuntos da lei civil,] o
culpado do inocente.
Um Teste de Caráter
De forma similar, em relação à mitsvot práti-
cas que estão interligadas com o bom caráter da
pessoa:96 Há um princípio geral de que alguém
que está ocupado com uma mitsvá, está isento da
obrigação de cumprir outras mitsvot.97
Por isso, alguém que encontrou um artigo perdido e
está agora cumprindo a mitsvá de cuidar dele, “es-
tendendo-o e chacoalhando-o”,98 não tem obrigação
de dar caridade naquele momento,99 pois, ao tomar
conta da propriedade de outrem, seja ele rico ou
pobre, está cumprindo uma mitsvá. [pois mesmo
um artigo perdido de um rico, isenta o responsável
de dar caridade a um pobre que está em sua frente.]
Porém, se a pessoa está cuidando de seus pertences
particulares, não está cumprindo uma mitsvá, e mes-
mo que não seja rica como o proprietário da perda,
será obrigada a cumprir outras mitsvot [inclusive
a de dar caridade].
A Linha de Fundo
Então, quando alguém faz uma mitsvá com um
objeto material, está, de fato, transformando a
escuridão em luz, causando com que a irradiação
Divina, a manifestação de Sua vontade, brilhe
especificamente na escuridão da materialidade.100
9.
A Abordagem de Ester...
Quando o Rei Achashveroch, inicialmente, viu
a rainha, ela estava “em pé no pátio”.107 Metafori-
camente falando, isso se refere à postura espiritual
inicial da alma na forma como “se levanta do
deserto” da negatividade, pois mesmo quando a
alma se encontra no “pátio interno”108 do Rei, este
é ainda considerado “um deserto” comparado à
própria residência do Rei,109 pois a presença do Rei
é muito mais constante em sua residência do que
no pátio: [Eis que a alma permanece no “pátio”,
nessa terra espiritualmente desértica, ansiando por
sua ascensão, para ficar junto ao Rei.]110
Então, ocorre uma manifestação do esplendor
Divino por sobre a alma, que a capacita a ascender e
se aproximar do Rei com paixão intensa, conforme
está escrito “E Ester se aproximou”.111
E Chegou
Porém, depois, quando ela estava, de fato, no
palácio de residência do rei, “Ester falou novamente
perante o rei e se lhe lançou aos pés, chorou e lhe
implorou para que revogasse o mau decreto de Ha-
man, o Agaguita e sua conspiração que empreendeu
contra os judeus”.113 Em relação a alma, o choro tem
como objetivo despertar a grande piedade de D’us
sobre a centelha de Divindade que está aprisionada
e investida na arrogância do ego da pessoa114 – “o
mau decreto de Haman ... que empreendeu contra
os judeus”, pois é de Haman que vem estes pensa-
mentos [narcisistas]”.115
Então, a escuridão se transforma em luz.116
* * *
O discurso elabora sobre três tipos de personali-
dades com formas diferentes de aproximação ao
serviço Divino. 1) O filho de D’us — cujo com-
promisso com D’us não requer serviço algum de
sua parte, nem meditação ou introspecção, mas lhe
é natural. 2) O servo fiel a D’us — que, apesar
de permanecer uma entidade distinta, com cer-
ta auto-consciência e identidade, é motivado por
sua apreciação e amor por D’us e, portanto, ob-
tém grande prazer e alegria de cumprir a vonta-
de de D’us. 3) O servo simples de D’us — que é
guiado por sua aceitação do jugo dos Céus, não é
motivado por um amor irresistível por D’us e não
tem prazer no trabalho que faz. No entanto, faz seu
trabalho com persistência, por não possuir outra
identidade além da de ser um servo de D’us.
* * *
Preparando Manjares
(O significado disto na analogia 35: A prepara-
ção dos manjares é uma metáfora para o traba-
lho espiritual de refinamento, tanto o refinamen-
to das facetas da alma animal, como a correção
e refinamento de todas as coisas materiais com
as quais o servo de D’us se ocupa e das quais
recebe vitalidade. O refinamento do supra-cita-
do ocorre ao ocupar-se com elas somente com o
intento dos Céus, não se vulgarizando, D’us não
o permita, por algum capricho. Não as desejará
com a ânsia e vontade do coração, mas sua in-
tenção será somente com o intento dos Céus, etc.
O primeiro tipo de servo 36 fará tudo isto por te-
mor e medo de D’us, conforme será explicado. No
entanto, o segundo tipo de servo 37, cumprirá tudo
por amor e apego a D’us, ou seja, para dar pra-
zer e deleite nas Alturas, conforme expli-
cado no Tanya, cap. 27 e final do cap. 33. 38
E mb e l e z a n d o a s V e s t i m e n t a s
Pode ser dito que embelezar as roupas do patrão
é uma metáfora para o cumprimento de mits-
vot. Pois é através das mitsvot que belas ves-
timentas são criadas, a saber, a “vestimenta”
Divina de malchut [reinado], 39 para que haja re-
velação Divina também nos mundos de By’á. 40
Mais ainda, o cumprimento de mitsvot leva
a revelação a se estender para o local apro-
priado, ou seja, para as almas de Israel. 41
Vestimentas Negras
Estas vestimentas estão em oposição às “vestimentas
negras”, conforme explicado no Likutei Torá, Shir
Hashirim, na primeira explanação de Yonati, cap.
3. 42 (Pode ser dito que isto se refere aos “pecadores
de Israel, que estão repletos de mitsvot” 43 que estão
vestidos com suas roupas sujas, 44 conforme explica-
do no Torá Or, discurso intitulado Osri Laguefen. 45
E é destas mitsvot que forças externas ao reino da
santidade obtém seu sustento, conforme explicado
num discurso anterior (Hashamayim Messaprim).
A Essência
O mazal é a inferior das duas dimensões da alma
subconsciente. Transcende, no entanto, permanece
“próxima”. Apesar de seu lugar ser “fora” da pessoa
consciente, mas ainda se relaciona com ela e a
informa, mesmo que somente subconscientemente.5
NOTAS EDITORIAIS
O texto hebraico original contém 63 notas de
rodapé — algumas, citações de fontes; outras,
explanações bastante amplas e detalhadas de ideias
discutidas no texto e suas ramificações. Estas foram
totalmente traduzidas e, em vários casos, mais
esclarecidas. As notas hebraicas originais aparecem
no fim do texto.