Você está na página 1de 313

Copyright © 2024 Cleo Luz

EVA STONE
E o Rei do Petróleo

•••

Revisado de acordo com a Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens e acontecimentos descritos são produto da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Todos os direitos reservados.


É proibida a distribuição ou cópia de qualquer parte desta obra sem a permissão por escrito da autora sob pena de ações criminais
e civis.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
SINOPSE
LIVROS EM ORDEM CRONOLÓGICA
GENEALOGIA DA FAMÍLIA STONE
PARTE I
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
PARTE II
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
EPÍLOGO
BÔNUS
LIVROS RELACIONADOS AOS STONE
OUTRAS OBRAS DA AUTORA
CONTATO DA AUTORA
Atualizado em 10. 11

Eva Stone e Landon McFarland se conheceram na universidade.


Ela era herdeira de uma das famílias mais poderosas do mundo, ele, apenas um bolsista sonhador.
Eles viveram um amor intenso e tiveram uma separação dolorosa.
Ela nunca o esqueceu…
Ele não suporta escutar o nome dela…
Um reencontro foi inevitável, e o acerto de contas também.
Ele se tornou o poderoso Rei do Petróleo.
Ela continua sendo a mulher mais inalcançável de Nova York.
REFERENTES À FAMÍLIA STONE
STONE: O CEO DOS MEUS SONHOS
UM LORDE EM MINHA VIDA (PREQUEL DE ROMEO STONE)
ROMEO STONE: O HERDEIRO
LOUISE STONE: A DEUSA DO AMOR
WARD (SPIN-OFF DE LOUISE STONE)
GAROTA VIP (PREQUEL DE HARRY STONE)
HARRY STONE: O PRESIDENTE
DOMINIC STONE: MINHA PARA SEMPRE
ALEXANDER STONE: O IMPERADOR DE NOVA YORK
EVA STONE E O REI DO PETRÓLEO

SÉRIE MILIONÁRIOS DE CHICAGO


O REI DOS DIAMANTES
A GRANDE VIRADA
FARUK: O SHEIK DOS MEUS SONHOS
JAY GALLAGHER: O MAGNATA

FAMÍLIA DE LEONE
(SPIN-OFF DE ÁLVARO ASSUNÇÃO)

O DESPERTAR DO VIÚVO (MASSIMO)


RENDIDO POR ELA (VICENZO)
DAMA DE FERRO (VITTORIA)

LIVROS ÚNICOS

O DIABO VESTE ARMANI


DEZ DIAS PARA ELE SE APAIXONAR
LOUCO POR ELA
ÁLVARO ASSUNÇÃO: O FAZENDEIRO
A OUTRA
DIMITRI: AMOR E FÚRIA
Eva Stone

Conforme eu caminhava pelos corredores de Oxford, dezenas de olhares curiosos


acompanhavam meus passos. Aquele não era o meu primeiro dia ali, mas nem por isso fui
poupada de receber o tipo de atenção que eu tanto detestava, tudo isso porque na última sexta
minha mãe deu uma palestra nas dependências da universidade, fazendo com que aquela
atenção indesejada se voltasse para mim.
Louise Osborne-Stone se tornou uma lenda entre os alunos de psicologia. Ela foi uma
aluna brilhante e era bem difícil viver sob sua sombra.
Desde pequena eu desejei ter a confiança dela, mas não reclamaria se, ao menos, tivesse
herdado o carisma do meu pai ou a frieza do meu irmão, que sempre parecia impassível a tudo.
Como nada disso era possível, escolhi ignorar os olhares maldosos e qualquer tipo de bajulação
forçada, era isso ou fugir feito uma covarde e isso eu não era. Poderia ser introvertida e um
pouco antissocial, mas ainda possuía a força dos Stone correndo em minhas veias.
No último ano do ensino médio eu coloquei na cabeça que iria deixar Nova York e
frequentar a mesma universidade na qual mamãe tinha estudado. Assim como ela, achei que ao
ficar longe da minha família eu fosse me livrar do acanhamento desencadeado pela
superproteção de Alex, Dominic e Harry. Ser a única menina no meio de tantos rapazes foi
difícil, só que, ao contrário do que acontece com outras garotas, que se revoltavam e se metiam
em uma confusão atrás da outra, eu acabei me retraindo.
Tudo o que queria era viver como uma garota normal de dezenove anos, no entanto,
meses depois, ali estava eu, sentindo-me sufocada por aqueles que adoravam me comparar com
a famosa Deusa do Amor.
Para piorar, a implicância de alguns alunos ia além das comparações e, algumas vezes,
eu era julgada simplesmente por carregar o sobrenome da família Stone.
— Eva, eu te procurei pela universidade inteira — Madison disse quando a encontrei no
refeitório.
Eu dificilmente frequentava aquele lugar sem estar acompanhada dela ou de Natalie
Pope, minha outra amiga, mas naquela tarde eu mataria por uma generosa dose de café.
— Estava com o reitor. Ele queria agradecer a presença da minha mãe na palestra —
expliquei e peguei minha bebida.
Saímos andando por entre as fileiras de mesas ocupadas pelos estudantes e nos
acomodamos em uma das que estavam vazias.
— Legal, mas queria falar com você sobre as aulas particulares de cálculo que eu
preciso. Consegui convencer um bolsista nerd a ir lá em casa para me ajudar e queria saber se
vou ter problemas com a sua equipe de segurança.
Desde o dia em que decidi me mudar para a Inglaterra, comecei uma verdadeira
negociação com meu pai para que pudesse viver como uma pessoa comum, ao menos na
universidade, mas não tinha conseguido muito progresso. Devido as ameaças de sequestro que
nossa família sofria quase que diariamente, havia uma equipe de segurança à paisana na cidade.
Para minha satisfação, era como se eles não existissem, já que raramente me metia em algo que
os forçasse a se aproximar. Eu sabia que eles sempre estavam por perto, porém, como parte do
acordo que fiz com os meus pais, todos faziam o máximo para que eu vivesse apenas como
mais uma aluna naquela cidade.
— Passe o nome completo dele para o Sanders e não teremos problemas — avisei.
— Certo, vou perguntar, tudo o que sei é que ele se chama Paul e é de Chicago, pensa
em um nerd gostoso — brincou.
— Quem sabe role alguma coisa entre vocês — sugeri.
— Sem chance, sabe o que os meus pais fariam se eu aparecesse com um bolsista lá em
casa?
Dei de ombros e não quis entrar naquele assunto, minha vida amorosa era uma piada, já
que meus primeiros relacionamentos não foram nem um pouco legais, então eu não saberia
muito o que falar para a minha amiga.
— De qualquer forma, espero que os seus brutamontes não encontrem nenhum podre no
passado do rapaz.
Eu e Madison Hurley, ou Maddy, como todos a chamávamos, estudamos juntas durante a
adolescência e fizemos algumas viagens com as nossas famílias, por isso nossos pais acharam
interessante que continuássemos juntas na universidade, ainda assim, antes de dividir a casa
com ela, eu expliquei que as coisas seriam diferentes de morar com uma garota comum, pois
qualquer pessoa que se aproximasse de mim seria investigada. Ela topou na hora, afirmando
que havia benefícios em todo aquele cuidado.
Tomamos nossos cafés enquanto ela me atualizava sobre o que as pessoas estavam
falando e o assunto principal ainda era a minha mãe e o quanto ela era inteligente, refinada e
linda, mesmo sendo americana.
Bom, eu não poderia discordar disso.
— Agora me fala do gostoso do seu irmão, quando você vai me ajudar com ele? —
Maddy inquiriu enquanto saíamos de Oxford.
Fazia um dia tipicamente frio e nublado naquela tarde e, mesmo assim, eu amava o clima
daquela cidade.
Seguimos em direção a nossa casa, que ficava a poucos quarteirões da universidade.
Em um primeiro momento nós pensamos em alugar um apartamento, mas havia tantas
casas com jardins magníficos que acabamos optando por uma propriedade charmosa que
atendia à nossa lista de exigências, sendo a primeira delas que fosse um lugar confortável onde
eu pudesse receber os amigos que ainda não tinha conseguido fazer, com exceção de Madison e
Natalie, claro.
— Com ele em Harvard e eu aqui, vai ser bem difícil conciliar nossas agendas, mas você
pode ir a algum evento das Indústrias Stone — sugeri e ela sorriu largamente.
Maddy e Alex já tinham se encontrado várias vezes, mas ele nunca a enxergou como
uma possível conquista, ao contrário dela, que tagarelava sobre o meu irmão de tempos em
tempos.
Peguei-me observando os cabelos naturalmente loiros da minha amiga e seu corpo
curvilíneo. Naquela tarde ela usava um vestido azul escuro, botas e um casaco grosso por cima,
estava linda como sempre, mas não fazia o tipo do meu irmão, já que era muito raro ele se
interessar por mulheres que não fossem ruivas.
— Eu amo aquele ar malvadão do Alexander, ele deve ser uma loucura na cama —
continuou ela, abanando-se com as mãos de forma teatral.
— Por favor, não me faça imaginar esse tipo de coisa — brinquei e acabamos rindo.
— Se bem que o Dominic também é uma tentação — ela foi além.
Realmente, os homens da minha família eram muito bonitos, a beleza só perdia para a
libertinagem, já que com tantas mulheres enlouquecidas por eles, ter um relacionamento sério
não era uma opção.
— Juro que não sei qual dos dois é pior — comentei.
— Eva, não me desanime, eu quero entrar para a sua família. Já imaginou!, nós vamos
ser primas ou cunhadas — ela brincou.
— É sério, Maddy, eu até gostaria de incentivar sua investida, mas os homens da família
Stone são famosos por deixarem um rastro de sofrimento e lágrimas pelo caminho e eu
definitivamente não quero isso para você — falei, sincera
— Se esse caminho de sofrimento e lágrimas me levar ao altar com algum deles, te
afirmo que estou pronta para enfrentar o martírio — disse, dramática, e dessa vez gargalhamos.
Meu celular tocou interrompendo nosso momento.
— Oi, Natalie — falei ao atender e Maddy revirou os olhos.
— Eva! Queria saber se posso passar na sua casa pra gente repassar a matéria da
prova da semana que vem.
— Claro que pode. Vou fazer um chá para nós — falei no instante em que passávamos
pelos portões.
Passamos pelos seguranças, atravessamos o jardim e só desliguei quando entramos em
casa.
— A Nath é tão legal, não entendo por que você não gosta dela — comentei.
— Pois eu acho ela uma falsa invejosa — disse e tirou as botas, guardando-as no
armário de apoio que ficava ao lado da porta de entrada.
Fiz o mesmo enquanto ponderava:
— Nada a ver, Maddy, ela só quer agradar. Meu sonho é ver vocês duas amigas.
Ela bufou.
— Eu tolero a presença dela por você, mas ser amiga daquela sonsa é demais pra mim.
A implicância de Maddy com Natalie aconteceu logo que a conheceu, poucas semanas
depois que nos instalamos na cidade. Minha amiga enxergava coisas na personalidade de Nath
que eram fantasiosas para mim, por isso eu tentava fazer um meio de campo e torcia para que
elas virassem amigas de verdade, já que era nítido que só se toleravam por minha causa.
Deixei minha bolsa no aparador e, como de costume, sorri ao passar os olhos pela nossa
casa.
Quando fui aceita em Oxford, fiquei animada para viver uma experiência universitária
real e comentei com meus pais sobre o desejo de ficar em um dos alojamentos com outros
alunos, mas a troca de olhares entre eles deixou claro que isso jamais iria acontecer.
Então meu pai explicou, de seu jeito carinhoso, que morar em um alojamento, ou mesmo
em uma fraternidade, limitaria muito a atuação dos meus seguranças, eles não poderiam me
vigiar de perto, por isso essa ideia estava fora de cogitação.
Sem ter argumentos, eu apenas aceitei e não podia dizer que estava infeliz. Após tanto
tempo vivendo sob vigilância, eu já tinha aceitado que não poderia ser negligente com a minha
segurança.
— Eu adoro a cara de boba que você faz toda vez que entra aqui — Maddy disse,
jogando-se no sofá.
Eu passei semanas procurando por aquela casa e ela era perfeita: linda, iluminada,
aconchegante e me fazia sentir uma paz inexplicável.
— Se eu ficar em Londres depois que acabar a universidade, pretendo comprar um
imóvel parecido com esse — comentei.
— Pois eu quero viajar o mundo todo e depois montar um negócio, sem chance de ficar
por aqui — decretou.
— Eu amo esse país, me faz sentir como uma pessoa qualquer e não apenas o membro
de uma família cheia de regras e protocolos.
— Não fala besteira, todo mundo queria ser membro da sua família, inclusive eu —
brincou, me fazendo rir.
Caminhei até a cozinha, coloquei uma água para esquentar e peguei minha caixa de chá.
— Vai querer? — questionei e ela fez que não com a cabeça.
— Prefiro uma coca geladinha.
Mas é claro que prefere.
Preparei o meu chá, despejei na xícara e depois me acomodei em um canto do sofá.
Eu sempre tinha muita coisa para estudar, mas gostava de conversar com Maddy quando
chegávamos em casa.
Enquanto ela intercalava sua tagarelice com goles de Coca-Cola, eu bebericava meu chá
e apreciava a beleza da nossa casa pela milésima vez desde que tínhamos nos mudado.
Eu amava a minha nova vida e mal podia esperar para aproveitar cada segundo dos
meus próximos anos ali em Oxford.
Eva Stone

— Acho que são as minhas roupas — comentei com Maddy enquanto caminhávamos
pelo campus e recebia aqueles mesmos olhares.
— Tem outras garotas que se vestem assim, principalmente as que fazem direito, então
eu acho que tem mais a ver com o seu sobrenome mesmo. As pessoas têm curiosidade de saber
mais sobre sua vida, afinal, você faz parte de uma família poderosa e mundialmente conhecida.
De qualquer forma, esse interesse deve acabar logo, só estão assim porque a palestra é muito
recente.
— Tomara — desejei e continuamos caminhando.
Havia outros filhos de ricos e famosos na universidade, mas eu sentia que tinha uma
parcela especial da atenção das pessoas. Desconfiava que, depois de verem a expansividade de
minha mãe, esse meu jeito fechado estivesse chamando a atenção.
Por causa da minha criação e principalmente das investigações que eram feitas a respeito
de todas as pessoas que entravam em minha vida, eu fui perdendo a vontade de fazer novas
amizades, tinha receio de que o perfil da pessoa não passasse pelo crivo do nosso sistema de
segurança e eu tivesse que dispensá-la. Seria ridículo, por isso preferia me privar.
Ao chegar no auditório onde aconteceria a primeira aula, nós nos acomodamos no lugar
de sempre. Apesar de fazermos cursos diferentes, tínhamos algumas aulas básicas juntas.
— Eu acho esse professor um charme — ela cochichou.
— Eu jamais ficaria com qualquer professor, pensa o escândalo que seria — comentei.
— Você é muito certinha, Eva — zombou e eu dei de ombros.
— Sou, sim, e pretendo continuar sendo — devolvi e voltamos nossa atenção para o
professor que ensinava uma de minhas matérias preferidas.
A manhã passou voando e aproveitamos o intervalo entre as aulas para ir ao refeitório.
Compramos algo quente para beber e nos acomodamos à única mesa disponível.
Estávamos na metade da nossa bebida quando o celular de Maddy tocou. Após uma leve careta,
ela disse que era sua mãe e pediu licença, pois a conversa seria longa.
Sozinha, passei o olhar pelo local e identifiquei vários grupinhos de alunos distraídos
com suas próprias conversas.
Em Oxford havia poucas fraternidades e elas eram bem definidas pelo estilo dos alunos.
Como em outras universidades, havia a das “Patricinhas”, formada em sua maioria por garotas
ricas e bem-nascidas, que davam festas primorosas com direito a convite e lugar marcado na
mesa. O mesmo acontecia com a fraternidade dos “Mauricinhos”, cheia de rapazes que se
achavam a melhor criação do universo.
Em contrapartida a esse mundo glamouroso, existia a fraternidade dos “baderneiros”, ou
seja, os idiotas que gostavam de provocar garotas como eu até que perdêssemos a paciência. As
festas dessa fraternidade aconteciam em qualquer dia da semana, regadas a álcool, sexo, drogas
e, claro, muita diversão.
Por insistência de Natalie, eu acabei me tornando uma “irmã honorária” da fraternidade
das patricinhas, uma vez que não poderia morar junto com elas na sororidade. A consequência
disso foi receber dezenas de convites para festas que foram educadamente recusados até então.
Deixei minha avaliação de lado e girei a cabeça para ver se Maddy estava voltando, mas
me deparei com um rapaz que me deixou impressionada.
Ele usava uma camiseta preta com uma jaqueta de couro da mesma cor por cima, as
pernas longas estavam cobertas por um jeans casual, mas foi seu rosto que me deixou
impressionada.
Ele tinha a pele clara, olhos esverdeados e o cabelo um pouco mais comprido do que
seria aceito pelas senhoras da família Stone, no entanto, quando sorriu para a garota que
caminhava ao seu lado, eu quase sorri junto em agradecimento por ter visto algo tão bonito e
genuíno.
Ao longo dos anos, eu tinha conhecido muitos rapazes que frequentavam os mesmos
eventos que eu; eles eram bonitos, mas nada se comparava àquele tipo de beleza. Além do rosto
bonito, ele era alto e possuía ombros largos, algo que eu admirava em um homem e que
deixava o conjunto da obra espetacular.
Quem era aquele desconhecido e porque ele tinha me deixado tão impressionada?
A garota que o acompanhava era bem bonita, mas tinha o semblante muito fechado. Eles
passaram em frente à minha mesa e fiquei surpresa por não receber nenhum olhar. Era como se
eu não estivesse ali.
Não tinha certeza se aquilo me deixou aliviada ou preocupada. Nos últimos dias eu fui
tão visada, que quando passava despercebida as coisas ficavam confusas em minha cabeça.
Eles se juntaram a outros dois rapazes que se vestiam com roupas escuras, e enquanto a
moça tagarelava, os caras zombavam de alguém que estava na mesa ao lado, mais
precisamente, um grupo de geeks. Isso me fez pensar que eles deveriam fazer parte da
fraternidade dos baderneiros. Pelo visto, eles gostavam de caçoar dos outros.
Vi que a garota continuou falando meio que sozinha, uma vez que os rapazes mexiam no
celular e riam por terem conseguido espantar os garotos da mesa ao lado. Em certo momento,
ela empurrou o bonitão com o ombro, em uma tentativa de fazer com que ele prestasse atenção
nela. Nessa hora, eu recebi uma mensagem do meu irmão e acabei me distraindo. Quando
voltei a olhar para a mesa deles, o grupo já não estava mais lá.
Cheguei a olhar para os lados a fim de ver se ainda estavam por ali, mas não vi ninguém,
então resolvi procurar outra vez por Maddy, que já tinha saído há tempo demais.
Como se tivesse sentido minha preocupação, ela me enviou uma mensagem avisando
que iria direto para casa, pois a conversa com sua mãe não fora nada boa.
Diferente de mim, que tinha uma relação espetacular com a minha mãe, Madison não
conseguia aceitar o comportamento de sua genitora, o que causava muitos atritos com os pais,
que eram rígidos demais com tudo. Eu tinha a sensação de que minha amiga nunca conseguiria
alcançar as expectativas deles, pois sempre dava o seu melhor e isso nunca era o suficiente.
Terminei minha bebida, peguei as minhas coisas, e resolvi ir para casa. Na parte da tarde
eu teria duas aulas, mas queria ver como a minha amiga estava.
Antes de sair, lembrei-me de que precisava pegar um livro na biblioteca e segui para lá.
Passei pela recepção e comecei a caminhar entre as intermináveis fileiras de livros, sentindo o
cheiro das páginas preenchendo os meus sentidos. Por influência de minha mãe, que escreveu
livros maravilhosos, eu cresci lendo histórias incríveis e conhecendo autores renomados.
— Precisa de ajuda? — uma voz baixa e entediada questionou.
Virei-me e dei de cara com uma moça de belos traços. Ela tinha uma pele bem alva e
sobrancelhas levemente marcadas, seu cabelo castanho, preso em um rabo de cavalo, possuía
mexas cor-de-rosa nas pontas e na franja.
— Você trabalha aqui? — perguntei enquanto analisava seu porte mais de perto.
Seu corpo era alto e delicado, assim como os óculos de metal prateado, mas não havia
qualquer resquício de simpatia em seu rosto.
— Não estaria oferecendo ajuda se não trabalhasse — respondeu em um tom quase
ríspido.
Mas qual é o problema dessa garota?
— Hum, ok — soltei, confusa.
Estava acostumada com olhares hostis, mas quando as pessoas eram grosseiras comigo
eu não sabia como reagir. Certamente a minha mãe teria uma boa resposta, já eu me sentia
presa dentro dos meus próprios pensamentos, sempre tentando encontrar uma forma de evitar
conflitos.
— Acho que posso me virar sozinha, mesmo assim, obrigada — falei e dei as costas para
ela sem nem ver sua reação.
Caminhei pela biblioteca ainda remoendo e questionando os motivos para aquela garota
ter me tratado daquele jeito, mesmo que já tivesse aprendido a não gastar energia com esse tipo
de coisa. Talvez ela só estivesse tendo um dia ruim.
Para não ter que conversar novamente com ela, voltei à recepção e perguntei sobre o
livro que eu estava procurando, porque não o achei na prateleira indicada pelo sistema.
— Tem um exemplar que vai retornar esta tarde, se quiser, posso reservar para você — a
recepcionista disse gentilmente.
Estava quase aceitando quando senti a presença de alguém atrás de mim.
— É contra as regras da biblioteca dar prioridade a alguém, mesmo as celebridades — a
palavra foi dita com escárnio —, todos os alunos devem ser tratados da mesma forma —
decretou a garota que tinha me oferecido ajuda quando cheguei.
Ela definitivamente estava tendo um péssimo dia.
— Mas… — a recepcionista começou, porém, eu a cortei.
— Ela tem razão, todos devem ter o mesmo tratamento, por isso não precisa reservar, eu
passo aqui outro dia — falei e a mulher simpática assentiu.
Não estava entendendo a perseguição daquela garota, mas decidi encerrar aquele assunto
e fui embora da biblioteca.
Era melhor eu ir ver como Maddy estava, do que ficar ali batendo boca com aquela
desconhecida.
Ao chegar em casa, encontrei minha amiga na sala. Ela estava sentada em uma poltrona
próxima a janela, de olhos fechados, deixando o tímido sol tocar sua pele.
— Pelo jeito, a conversa não foi boa — comentei, sentando-me no sofá.
— Ela faz questão de me colocar pra baixo o tempo todo — disse e me encarou. —
Custava ser um pouquinho como a sua mãe?
Maddy não entendia que cada família tinha seus próprios desafios. Eu, por exemplo,
amava a minha mãe, mas era difícil ser sua filha. Quando criança eu me sentia completamente
feliz, contudo, à medida que fui crescendo e tomando consciência de quem era a Deusa do
Amor, eu, por mim mesma, comecei a me sentir psicologicamente pressionada a ser um pouco
parecida com ela.
Isso, associado ao protecionismo exacerbado da ala masculina da família me fez mudar
muito quando atingi a adolescência e só piorou quando percebi o fracasso que eu era em
relação aos homens.
Enquanto Louise Stone tinha uma energia vibrante que iluminava todos os lugares que
frequentava, eu, apesar de bonita, não conseguia me destacar entre a multidão; isso foi me
tornando cada vez mais amuada e fechada para qualquer pessoa fora da minha família. Era por
causa disso que estar sob o escrutínio de metade dos alunos de Oxford estava me deixando tão
mal.
Respirei fundo e voltei minha atenção a Madison. Meu papel ali era tentar fazer minha
amiga se sentir melhor, e não pensar nos problemas que minha mente criava.
Depois que ela desabafou e eu falei coisas que a incentivassem, Maddy me deu um meio
sorriso e questionou:
— Como foi no refeitório?
— Melhor do que eu esperava, já na biblioteca as coisas foram esquisitas — falei e vi
uma ruguinha surgir entre seus olhos.
— Esquisitas?
Concordei e comecei a narrar sobre o que tinha acontecido, mas no meio do relato
percebi que a cabeça da minha amiga estava longe e que provavelmente eu estava falando para
as paredes.
Gentilmente eu encerrei o assunto e fui para o meu quarto. Minha vontade era ficar
enfiada em casa pelo resto do dia, mas tinha aulas para assistir, por isso descansaria um pouco,
comeria alguma coisa e voltaria para a universidade.
A vida acadêmica não estava sendo tão fácil quanto eu imaginava, mas eu sonhei tanto
com essa fase da minha vida, que o melhor era ignorar as coisas desagradáveis e aproveitar o
que aqueles anos poderiam me oferecer.
Eva Stone

— Acho que o Gordon está vindo pra cá — Natalie avisou.


Eu estava no refeitório bebendo café com minhas amigas e me virei para confirmar o que
ela falou.
Gordon Wilson Jr. era um veterano no curso de direito e filho de um influente advogado
de Londres. Nós tínhamos nos falado umas duas vezes, em uma palestra e na biblioteca, e em
ambas às vezes ele foi muito bacana, mas não nos encontramos mais. Depois, Maddy comentou
que a mãe dele havia falecido e por causa disso ele faltou algumas semanas. Isso era tudo o que
eu sabia a seu respeito.
Como das outras vezes, seus cabelos loiros estavam meticulosamente alinhados com
uma camada de gel que brilhava de longe. Ele não era um cara feio, mas não fazia o meu tipo.
— Como vai, Eva? — perguntou ao se aproximar da mesa, ignorando Maddy e Nath.
— Bem e você?
— Tentando superar a falta da minha mãe — respondeu, contido.
— Sinto muito pela sua perda — declarei.
— Obrigado. Está sendo difícil, mas sei que mamãe não ia querer que eu me entregasse,
por isso vim falar com você.
— Não entendi — balbuciei, o cenho franzido em confusão.
— Podemos conversar a sós? — ele questionou.
Eu não tinha ideia do que ele poderia querer comigo, mas diante da situação, acabei
aceitando. Levantei-me e me afastei alguns metros de onde as garotas estavam.
— Pode falar — incentivei.
— Semana que vem vai ter uma festa na fraternidade de uns amigos e eu queria saber se
você quer ir comigo.
Se Louise Stone estivesse presente naquela conversa, ela diria que ele estava usando a
morte da mãe para me comover e convencer a sair com ele. Que tipo de garota diria não para
um cara que estava sofrendo após uma perda tão grande?
Avaliei tudo, chegando à conclusão de que não queria sair com ele e não faria isso
simplesmente para agradá-lo. Tinha aprendido muito cedo o poder libertador de dizer não.
— Eu agradeço o convite, mas estou focada na universidade e não pretendo sair nas
próximas semanas — falei sincera.
Escutei alguns risos de deboche, mas como estava focada na conversa, não sabia de onde
tinham vindo e nem a razão.
— Ah, tudo bem, eu entendo e deveria fazer o mesmo, mas preciso sair de casa ou vou
enlouquecer — justificou.
— Eu concordo e espero que fique bem — desejei, tocando seu braço em um gesto de
conforto. — Bom, agora eu tenho que ir, a gente se vê — falei e ele assentiu.
Antes que eu pudesse dar um passo, escutei mais risadas de deboche. Ao me virar, vi o
grupo do qual o bonitão fazia parte.
— Pelo menos foi um fora de Eva Stone — alguém disse e todos gargalharam.
Vi o rosto de Gordon ganhar uma camada de cor, mas ele não disse nada, apenas virou as
costas e se afastou, enquanto os garotos continuavam fazendo piadas.
Ignorei toda aquela demonstração de imaturidade e voltei para a mesa das meninas.
Estava me sentindo péssima, pois não gostava daquele tipo de situação. Se eu já era o assunto
principal dos corredores, depois do fora que dei no Gordon a fofoca iria rolar solta.
Ele já tinha que lidar com a perda da mãe e agora teria que aguentar as zombarias. Se
tivesse ideia, teria aceitado o convite. Contudo, não iria me culpar por simplesmente ter feito o
que eu o meu coração mandou.

+++
DIAS DEPOIS…

— Estou tão animada pra essa festa! — Maddy disse quando me encontrou na saída do
auditório.
Nós tínhamos sido convidadas para a festa de uma das fraternidades naquela noite e,
como sempre, meu primeiro impulso foi recusar o convite, mas minha amiga estivera tão mal
nos últimos dias por causa da discussão com sua mãe, que eu acabei aceitando.
— Vou estudar na biblioteca por algumas horas, mas chego em casa a tempo de nos
arrumarmos juntas — garanti.
Animada, ela deu pulinhos e me abraçou antes de se despedir.
Caminhei entre os corredores de Oxford apreciando a arquitetura antiga, ao mesmo
tempo, pensava em tudo que teria que estudar naquela tarde.
Já na biblioteca, dirigi-me a área de estudos, escolhi os exemplares que precisaria e me
acomodei a uma das mesas. Por ser sexta-feira, havia poucos alunos no local, o que me ajudou
a me concentrar com mais facilidade.
Já estava estudando há quase três horas quando avistei o rapaz que eu tinha visto no
refeitório, conversando com a garota mal-humorada da biblioteca. Na verdade, parecia que eles
estavam tendo uma pequena discussão que aumentava de tom a cada segundo.
— Eu já disse que você não vai nessa droga de festa — escutei-o falar.
Naquela tarde ele estava usando jeans e suéter, ambos pretos, e a mesma jaqueta de
couro.
— E quem vai me impedir? — ela desafiou, cruzando os braços em frente ao peito.
— Não teste minha paciência, Beatrice — ele devolveu.
Então esse era o nome dela.
— Landon, você me sufoca, eu preciso respirar — ela admitiu com voz cansada.
Landon.
Testei o nome em minha boca e as palavras deslizaram suavemente. Ele tinha um nome
lindo que combinava perfeitamente com sua figura máscula.
Voltei a prestar atenção de forma discreta. Pelo tom da conversa, deduzi que eles
deveriam ter algum tipo de relacionamento.
— Isso se chama cuidado, preocupação, aquele lugar não é seguro pra você.
Eu realmente não gostava de bisbilhotar a vida das pessoas, mas suas palavras me
deixaram ainda mais curiosa.
Como seria ter a atenção e o cuidado de um gato como aqueles?
Que pensamento foi esse?
Balancei a cabeça para limpar a mente e quando descansei as mãos sobre o tampo da
mesa, acabei derrubando minha caneta sem querer, o que chamou a atenção do casal que
discutia a poucos metros de mim.
Os olhos de Landon cruzaram com os meus e pela primeira vez consegui alguns
milésimos de segundos de sua atenção. Não tive tempo, porém, de decifrar seu olhar, pois logo
ele voltou a encarar Beatrice, mostrando que a nossa troca de olhares era insignificante diante
do assunto que estavam discutindo.
— Depois a gente fala sobre isso, preciso trabalhar — Beatrice disse por fim.
— Ok, mais tarde eu passo pra te pegar — ele respondeu, recebendo dela um dar de
ombros desinteressado e um grunhido como despedida.
Voltei a olhar para o meu computador e, quando levantei a cabeça, ele já não estava mais
lá.
Pelo visto, o cara mais bonito que já vi, namorava a garota mais amargurada da
universidade. Sorte a dela que tinha aqueles ombros largos para descansar toda a sua fúria.
Balancei a cabeça, divertindo-me com meus pensamentos, e retornei aos meus estudos.
À noite eu ainda teria uma festa para ir, então precisava me dedicar ao máximo nas
próximas horas para sair de casa sem peso na consciência, uma vez que havia me tornado uma
apreciadora do dever cumprido.

+++

— Acho que essa roupa está séria demais para uma festa de fraternidade — Maddy disse
ao entrar em meu quarto e ver como eu estava vestida.
Ela estava usando um jeans preto colado, blusa de gola alta e botas estilosas.
— É só um vestido preto — falei e me encarei no espelho.
Eu sempre me vestia com peças de alfaiataria e não conseguia me ver usando roupas
descoladas como acontecia com a maioria das pessoas da universidade.
— Talvez se você trocar os escarpins por botas e esse trench coat por um casaco
informal fique melhor — ela sugeriu.
O que eu gostava em Maddy era que ela sempre falava o que pensava, sem se importar
se perderia pontos comigo por causa de sua sinceridade.
— Tudo bem — concordei e fui para o meu closet.
Depois de dar uma olhada nas araras, separei algumas peças e comecei a experimentar.
— Uau, ficou perfeito! Você tem um corpo incrível, Eva, deveria usar mais roupas assim
— ela disse quando retornei ao quarto usando um macacão preto que parecia uma segunda
pele.
Os scarpins foram trocados por botas de cano alto e minha aparência no espelho tinha
ficado extremamente sexy.
— Vou pegar o casaco, não dá para sair embalada a vácuo sem nada por cima — falei e
ela assentiu.
Separei um casaco preto e liso, com exceção das mangas e da gola, que tinham uma
aplicação que imitava plumas, e fui terminar minha maquiagem.
Resolvi deixá-la levemente mais marcada do que o habitual, passando três camadas de
rímel para destacar meus olhos verdes.
Por fim, prendi meus longos cabelos castanhos em um rabo de cavalo alto e estava
pronta.
Vesti o casaco por cima do macacão, peguei minha bolsa e seguimos para fora, onde
Sanders já nos esperava junto com outros seguranças que faziam parte da equipe.
Enquanto Maddy entrava em um dos carros, eu me aproximei para falar com ele.
— É a minha primeira festa desde que cheguei aqui, então, por favor, peça para os seus
homens ficarem mais invisíveis do que eles já são.
— Certamente, senhorita Stone — ele disse e eu revirei os olhos.
— Sem essa de senhorita Stone, não estamos em Nova York — brinquei.
Sanders deveria ter por volta de quarenta e cinco anos e cuidava da minha segurança
desde que eu tinha uns dez, de modo que a nossa relação era muito próxima. Não me lembrava
de quantas conversas profundas e cheias de bons conselhos nós tivemos.
— Tudo bem, divirta-se esta noite e não se esqueça de que eu estarei a um click de
distância — ele disse e olhou para o meu relógio de pulso.
A joia tinha um botão de emergência para ser acionado caso eu estivesse em alguma
situação de perigo.
— A noite será tranquila, acho que não vou precisar da cavalaria — brinquei.
Sanders assentiu e abriu a porta do carro para mim.
Deslizei pelo banco de couro, coloquei o cinto enquanto Maddy tagarelava sobre suas
expectativas para a festa.
— Tomara que o carinha no qual estou de olho há uns dias esteja lá — confidenciou.
— Eu conheço? — questionei.
— Não, ele é do último ano.
Olhei para ela desconfiada por não ter me falado a respeito.
Vendo minha expressão, Maddy explicou:
— Eu não falei nada porque andar com ele seria péssimo para a minha reputação, além
do mais, é do tipo que meus pais não podem sonhar que esteja no meu radar — confessou.
— Tão ruim assim?
— Ele anda com os boêmios da universidade, coisa que nenhum deles aceitaria —
declarou com uma careta.
Às vezes eu sentia que Maddy tinha dupla personalidade, uma que ela oferecia para a
família e pessoas próximas e outra que ela só mostrava para mim.
— Seu segredo está seguro comigo — devolvi e sorrimos, cumplices.
— Certamente ele não vai passar no radar do Sanders, mas eu não pretendo levá-lo para
casa, vai ser só um caso passageiro — explicou.
Por causa da pressão que sofria pelos pais, os relacionamentos de Maddy sempre foram
superficiais e passageiros, pois desde nova foi avisada que teria que se casar com alguém
aprovado por sua família.
— Queria ser prática a ponto de dividir os homens entre casos passageiros e candidatos a
maridos esperando serem aprovados pela minha família — brinquei.
— Por isso eu falo que você tem muita sorte de ter os pais que tem.
Concordei e continuei escutando sua tagarelice durante todo o trajeto até o endereço
onde seria a tal festa.
Eva Stone

O motorista, que também era segurança, estacionou o carro em frente a uma casa
gigantesca.
Assim que descemos, reconheci os cabelos longos e loiros de Natalie. Ela estava toda de
preto e usava um sobretudo lindíssimo. Ao seu lado estavam três outras garotas que eu
conhecia de vista.
Depois que nos cumprimentamos, fui apresentada a outras duas garotas. Nath era muito
popular na universidade e fazia de tudo para me enturmar com as pessoas.
Após trocarmos amenidades, seguimos para dentro e quando passamos pelas portas
principais foi como se um minuto de silêncio tivesse sido decretado. A música alta continuava
tocando, mas a expressão das pessoas era de espanto.
E eu que pensei que isso havia acabado, refleti, contrariada, sem saber se aquilo se devia
ao fato de eu estar em uma festa ou ao fato de estar na festa daquela fraternidade.
Desde que decidi estudar em Oxford, coloquei na cabeça que queria aproveitar aqueles
anos de um jeito consciente, sem me perder em eventos ou fazer qualquer coisa que desse dor
de cabeça aos meus pais ou envergonhasse minha família. Por causa disso, eu passei todos
aqueles meses apenas focada nos estudos, de modo que compreendia a razão de olharem para
mim assim.
Ignorei e segui as meninas até chegarmos à área externa. Reconheci algumas das pessoas
que bebiam e conversavam ali e, como na sala, muitos deles se mostraram surpresos ao me ver.
Entre eles estava Gordon, que parecia não acreditar que eu estivesse na mesma festa que tinha
me recusado a ir com ele.
— Quer beber alguma coisa? — Maddy perguntou, chamando minha atenção para si, e
eu neguei com a cabeça.
A possibilidade de rolar drogas como Boa noite, Cinderela em uma festa como aquela
era bem grande, então, como eu não conhecia ninguém ali, era melhor recusar.
Poderia parecer uma atitude paranoica, mas preferia ser tachada de louca a me descuidar,
além do mais, eu teria que seguir um protocolo, ou seja, caso quisesse beber alguma coisa
naquela noite, precisava pedir que Sanders providenciasse.
Ficamos do lado de fora, curtindo a música e embalados pelo leve frio da noite, enquanto
as pessoas ao nosso redor bebiam e dançavam.
— Achei que estivesse focada nos estudos, Eva — Gordon disse ao se aproximar do
nosso grupo.
Seu comentário me deixou profundamente irritada, primeiro porque ele não tinha nada a
ver com o que eu fazia, segundo porque aquela atenção indesejada tinha acabado e ele estava
me colocando em voga novamente.
— Não acho que devo satisfação da minha agenda para você — rebati em tom ríspido.
— Pensei que fosse diferente, Eva, mas pelo visto é só mais uma vadia como as suas
amigas — acusou, deixando-me sem reação.
— Dê o fora daqui antes que eu chame os seguranças dela — Maddy ameaçou.
Gordon me lançou um olhar cheio de desprezo antes de se afastar.
— O que foi isso? — questionei, confusa.
— Acho que ele ainda deve estar abalado pela perda da mãe — Maddy sugeriu.
— Não — discordou Nath. — Ele está meio esquisito desde a conversa que vocês
tiveram. Depois que você deu um fora nele, várias pessoas têm zombado pelos corredores e
isso deve estar pirando a cabeça dele.
Olhei para ela, pensando o que falar a respeito, mas fui salva de uma resposta quando
uma das meninas mudou de assunto.
Achei melhor esquecer aquilo e prestei atenção a conversa.
Em certo momento, enquanto uma das garotas tagarelava sobre como ficou eufórica por
ter encontrado Alexander e Dominic em Mônaco, eu passei o olhar pela área externa e avistei
Beatrice em uma roda de rapazes.
Desci o olhar e vi que estava usando uma camiseta comprida com estampa da Taylor
Swift, meia-calça de lã preta e coturnos. A jaqueta de couro escuro que usava por cima realçou
ainda mais as mexas cor-de-rosa entremeadas aos cabelos castanho-claros.
Um dos rapazes lhe ofereceu um copo de bebida o qual ela aceitou e bebeu alguns goles.
Avaliei todos os integrantes da roda em busca do namorado dela, mas não o encontrei.
O que estava fazendo com aqueles caras?, pensei comigo mesma, curiosa, uma vez que,
pelo visto, ela tinha passado por cima do pedido de Landon e ido para a festa sozinha.
Continuei dividindo minha atenção entre as garotas da nossa roda e tudo o que acontecia
naquela festa, isso significava que acompanhei os passos de Beatrice para dentro da casa.
Voltei a olhar para os rapazes com quem ela estava e vi quando um deles tirou alguma
coisa do bolso, enquanto outro preenchia o copo com mais gelo e bebida.
Eu não precisava ser nenhuma expert para saber o que eles estavam planejando.
Discretamente, peguei o celular, abri a câmera frontal e comecei a filmar o momento em
que misturaram um pó branco à bebida.
Assim que Beatrice retornou, fiquei esperando que eles oferecessem o copo a ela, mas
isso não aconteceu.
Aquilo me deixou um pouco mais aliviada, mas nem por isso a tensão diminuiu; tinha a
sensação de que a qualquer momento ela poderia beber aquele maldito líquido.
— Eu vou lá dentro pegar um drink e já volto — Maddy avisou e eu assenti.
Aos poucos, nossa roda de garotas se dissipou e eu me vi sozinha. Pensei em entrar, mas
decidi continuar bisbilhotando o grupo de Beatrice, naquela altura da noite ela já estava
sorrindo e falando alto por causa do efeito do álcool.
Enquanto o copo com a bebida batizada rodava entre os caras, eu pensava em uma forma
de avisar aquela maluca que ela poderia estar correndo perigo.
Quando Maddy reapareceu, eu acabei me distraindo por alguns minutos e quando voltei
a olhar para onde eles estavam, levei um susto ao não encontrar mais ninguém.
— Merda! — falei e segui para dentro da casa.
— Eva, o que houve? — Maddy gritou de longe.
— Nada, eu já volto — respondi e continuei.
Meus olhos foram varrendo todos os cantos da sala, mas havia gente demais, o que
dificultava caminhar e até mesmo pensar em para onde eles teriam ido.
E se não estiver acontecendo nada, e se eles forem só amigos?
Minha mente divagava enquanto eu abria e fechava as portas que apareciam na minha
frente em busca da garota.
Voltei para a sala principal no exato instante em que Landon entrou na casa
acompanhado de dois caras. Para variar, ele estava lindo, mas não era hora de apreciar sua
beleza, contudo, não contive um leve suspiro antes de afastar aqueles pensamentos.
Quando fiz menção de ir na direção dele para falar sobre sua namorada, avistei Gordon.
Ele estava próximo a porta de entrada e me observava seriamente. Sem tempo para drama,
apenas ignorei sua presença, havia coisas mais importantes naquele momento.
Eu poderia estar prestes a fazer uma grande merda, mas precisava avisar que Beatrice
talvez estivesse em perigo.
Respirei fundo e caminhei até onde Landon havia parado. Ele levantou uma sobrancelha
quando notou que eu estava indo em sua direção.
— Hum, oi — cumprimentei.
— Olá, alteza, no que posso te ajudar? — ele zombou e seus amigos riram.
Pelo tanto que comentaram a meu respeito nos corredores da universidade, era normal
que ele já tivesse ouvido falar de mim e tirado suas próprias conclusões, uma vez que seu olhar
desdenhoso dizia que devia me achar uma riquinha fútil.
Mas não era aquilo que estava em jogo.
— Na verdade, quem pode estar precisando de ajuda é a sua namorada.
— Namorada? — perguntou, divertido.
Deus, o cara deveria ter uma em cada prédio, pensei, enojada.
— A Beatrice — esclareci.
— O que? A Bea tá em casa — ele disse, cheio de razão.
Então era assim que ele manejava sua vida amorosa, obrigava suas garotas a ficarem
em casa para ir sozinho às festas… Que babaca.
— Se estamos falando da garota da biblioteca, ela esteve aqui sim, dividindo um monte
de bebida com quatro rapazes. Eu fiquei de olho porque estava preocupada, mas os perdi de
vista.
— Porra! — ele disse e sacou o celular. — Procurem ela pela casa — pediu para os
amigos que logo se infiltraram entre as pessoas. — Você sabe me dizer quem são esses caras?
— Landon perguntou com o telefone colado na orelha.
Peguei meu celular do bolso do casaco, desbloqueei a tela, coloquei o vídeo que tinha
gravado e o entreguei a ele.
— Eu vou acabar com esses desgraçados! — disse e saiu correndo escada acima.
Fui atrás dele, esforçando-me para me manter ao seu lado enquanto ele abria as portas
dos quartos. Alguns estavam vazios, outros, com casais ou grupos de jovens.
Estávamos chegando ao fim do corredor quando avistei a jaqueta de Beatrice caída em
frente a uma porta. Meu coração acelerou na hora.
— Ali! Ela estava usando aquela jaqueta — apontei para a peça.
Landon correu para lá e tentou abrir a porta, mas ela estava trancada. Ele tentou
arrombá-la, jogando todo o seu peso contra a madeira, ao mesmo tempo em que berrava o
nome da garota, mas seus esforços estavam se mostrando inúteis e seus gritos eram engolidos
pela cacofonia que vinha da parte de baixo da casa.
Percebendo seu desespero, apenas uma ideia me veio à cabeça. Eu não queria envolver
meus seguranças naquilo, pois meus pais seriam acionados e eu poderia perder mais um pedaço
da liberdade que tanto amava, mas era a vida de uma pessoa que estava em risco.
Esquecendo as possíveis consequências do meu ato, apertei o botão do relógio. Em
questão de segundos a música cessou e passos duros e apressados subiram a escada.
— O que aconteceu? — Landon questionou enquanto pegava impulso para avançar
contra a porta que estava quase cedendo.
— A cavalaria está chegando — respondi no momento em que ele se chocou contra a
madeira mais uma vez.
O impacto do ombro de Landon contra a porta foi tão grande, que ela caiu e revelou a
cena mais bizarra que eu já tinha presenciado na vida.
Beatrice estava sobre a cama, parecendo desacordada, usando apenas meia calça e sutiã,
rodeada por quatro caras seminus e visivelmente drogados.
Deus!, eles estão prontos para cometer um estupro coletivo.
Feito um leão, Landon avançou sobre eles desferindo socos e chutes.
— Senhorita Stone, precisamos tirá-la daqui — Sanders disse.
— Aqueles quatro drogaram a garota e a trouxeram aqui para cima, esse cara é o
namorado dela — expliquei a ele e aos outros três seguranças, deixando claro que eu não estava
em perigo.
Nesse meio tempo, as pessoas que estavam nos quartos começaram a sair para ver o que
estava acontecendo e tudo virou uma grande confusão enquanto todos assistíamos Landon bater
nos caras. Eram quatro contra um, mas além de os rapazes estarem notadamente confusos, ele
parecia possuído. O ódio em seu rosto, os punhos manchados de sangue e os gemidos de dor
que ecoavam pelo quarto faziam tudo aquilo parecer a cena de um filme.
— Não podemos deixá-los aqui — falei, intuindo que em alguns minutos aquele lugar
estaria cheio de policiais.
— Ele precisa parar ou vai matar os rapazes — Sanders refletiu e entrou no quarto. — Já
chega, garotão, ou vai ficar encrencado por causa desses babacas.
Só que Landon parecia estar em transe, movido apenas pela raiva.
— Pare, por favor, você não é como eles — implorei sem nem ao menos saber o que
estava fazendo; mas para meu espanto seu braço congelou no ar.
Seu peito subia e descia, e quando olhou para mim, eu senti que poderia mesmo matar
por causa dela.
Incrivelmente, em vez de me repelir, ele ganhou a minha admiração. Eu detestava
violência, mas qualquer homem que defendesse sua amada daquele jeito merecia todos os
créditos.
Levantando-se, Landon pegou a camiseta de Beatrice e a vestiu antes de pegá-la no colo.
— Tem outra saída? Não quero expor a garota — questionei e Sanders falou rapidamente
com a equipe que estava do lado de fora.
— Vamos por aqui — ele chamou quando Landon deixou o quarto e seguimos para um
outro corredor que terminava em uma escada estreita que, por sua vez, nos levou à área de
serviço.
Chegamos aos fundos da casa, onde os carros dos meus seguranças já estavam
posicionados e com as portas abertas a nossa espera.
— Precisamos levá-la a um hospital — falei e Landon assentiu.
Entramos no SUV, acomodando-nos no banco de trás.
A todo o momento ele tentava acordá-la, chamando seu nome suavemente e passando os
dedos em seu rosto ou cabelo.
Havia um misto de culpa, amor e fúria em seu olhar.
O caminho até o hospital foi feito em poucos minutos e Sanders levou Beatrice para
dentro enquanto Landon preenchia a ficha na recepção.
— O senhor é o responsável pela paciente? — a recepcionista questionou.
— Sim, sou — confirmou, entregando-lhe um documento de identificação, mas sua
atenção estava na porta pela qual a garota entrou.
— Qual o grau de parentesco? — ela questionou.
Preparei meu psicológico para escutar a confirmação da minha desconfiança e desviei o
olhar, pois não queria demonstrar nenhuma reação.
— Ela é minha irmã.
O que? Eles eram irmãos?
Uma corrente de alívio percorreu meu corpo, mitigando a fisgada que senti no estômago
em antecipação a sua resposta. Ao mesmo tempo, vi-me tentando entender de onde havia tirado
a ideia de que eles eram namorados.
Após preencher toda a papelada, Landon foi informado de que Beatrice já estava sendo
atendida e que, em breve, o médico lhe daria notícias.
Ele foi ao banheiro, e quando voltou, já não tinha resquícios de sangue em seus punhos
ou braços.
— Obrigado — disse, sentando-se ao meu lado.
— Não precisa agradecer, eu faria isso por qualquer pessoa — declarei.
— Eu sei, mas você fez isso pela minha pessoa preferida no mundo — rebateu.
— Achei que ela fosse sua namorada — comentei e ele riu secamente.
— Eu amo a Bea, mas nem se eu me odiasse muito namoraria uma garota como ela —
brincou, oferecendo-me o mesmo sorriso que ele deu para sua amiga no dia em que o vi pela
primeira vez.
No entanto, de perto, pude ver que, apesar de belo, ele não alcançava os olhos. Mas isso
era compreensível, levando-se em conta sua preocupação com a irmã.
— Bom, acho que não há mais necessidade de você ficar neste hospital, eu assumo daqui
— ele disse por fim.
— Tudo bem, mas se precisar do meu testemunho para ferrar com aqueles idiotas, pode
contar comigo — avisei.
Eles não poderiam sair impunes depois do crime que estavam prestes a cometer.
— A princípio eu só queria que me enviasse aquele vídeo, depois de me certificar de que
a Bea está bem, eu mesmo vou cuidar deles.
Concordei e enfiei a mão dentro do bolso do meu casaco, mas não encontrei o aparelho.
— Aqui está — ele disse, tirando o meu celular do bolso —, na hora da confusão eu
acabei ficando com ele. Anote o meu número — demandou e me passou seu contato.
— E que nome eu coloco aqui? — perguntei como se não soubesse.
— Pode salvar como Landon McFarland.
Landon McFarland, refleti, pensando que agora eu teria um nome para investigar.
— Salvei, vou te mandar o vídeo anexado a uma mensagem.
Ele assentiu e nos levantamos.
— Boa noite, Landon.
— Boa noite e, mais uma vez, obrigado — disse.
— Imagina… Bom, a gente se vê por aí — respondi.
— Sim, a gente se vê — ele devolveu.
Segui para fora do hospital e avistei Sanders ao telefone. Imaginei que ele deveria estar
falando com os meus pais, já que tudo precisava ser reportado a eles.
— Estou muito encrencada? — questionei quando entrei no carro.
— Estaria, se eu não tivesse amenizado os danos — ele brincou, encarando-me pelo
retrovisor.
Sorrimos e eu me preparei mentalmente para o que escutaria no dia seguinte. Mesmo que
eu não tivesse culpa de nada, meus pais não perderiam a oportunidade de me dar um belo
sermão.
Durante o caminho de volta para casa, repassei todos os detalhes daquela noite, inclusive
o momento em que descobri que Landon e Beatrice eram somente irmãos.
Isso gerou vários sentimentos inéditos dentro de mim; instantaneamente, meu interesse
por Landon McFarland tinha ganhado uma camada extra de interesse e mais uma rodada de
perguntas.
Se Bea não era a garota dele, quem seria?
Eva Stone

Apesar de toda a tensão da noite anterior, eu acordei mais cedo do que pretendia no
sábado.
Após fazer minha higiene, vesti meu robe e me dirigi às escadas. Na metade dos
degraus, um delicioso cheiro de café inundou meus sentidos.
Imediatamente estranhei o fato, uma vez que Maddy não costumava acordar tão cedo, e a
senhora Mensfil, que cuidava da limpeza e organização da casa, só trabalhava de segunda a
sexta.
Terminei de descer as escadas, passei pela sala e quando entrei na cozinha deparei-me
com meu pai acomodado à mesa, lendo o jornal, enquanto minha mãe despejava café na xícara
dele.
— O que vocês estão fazendo aqui? — questionei, espantada com aquela visita
repentina.
Calculei mentalmente as horas de voo de Nova York até a Inglaterra e concluí que eles
tinham embarcado logo depois da ligação de Sanders.
— Também estamos felizes em te ver, filha — mamãe disse em seu tom mais irônico.
Ela estava usando um conjunto de tweed preto da Chanel, o pescoço e as orelhas
estavam adornados por joias magníficas e seu cabelo estava preso em um coque frouxo e
charmoso. Mamãe se mostrava impecável a qualquer hora do dia. Dava a impressão de que
dormia em um cabide, pois não me lembrava de já tê-la visto despenteada ou desarrumada.
Aproximei-me dela e nos abraçamos. O perfume familiar me deu uma fisgada no peito,
uma saudade de casa, das nossas conversas intermináveis e de toda a segurança que ela me
fazia sentir.
— Como vai, papai? — perguntei enquanto ele me abraçava.
— Ótimo e curioso para escutar sua versão do que aconteceu ontem.
— Tenho direito a um advogado? — brinquei.
— O Sanders vai ficar de fora dessa vez — ele devolveu e sorrimos.
Meus pais sabiam da relação de cumplicidade que eu tinha com o meu chefe de
segurança e de como ele sempre amenizava os acontecimentos para livrar a minha barra. Não
que eu costumasse fazer coisas minimamente questionáveis para precisar de defesa.
— É simples. Eu vi uns caras batizando a bebida de uma menina, fiquei desconfiada com
a situação e segui os meus instintos.
— Eu sei, filha, e sua atitude foi louvável, mas não deveria ter se envolvido
pessoalmente nessa situação — papai declarou, colocando o jornal de lado.
— E por que não?
— Os quatro garotos que foram espancados estão no hospital, dois deles são de famílias
influentes de Londres. Se a garota abrir um processo contra eles, você pode ser chamada como
testemunha.
— Eu sei que vocês não gostam que nosso nome esteja envolvido em polêmicas, mas
nesse caso eu deporia com o maior prazer, independente da influência que as famílias desses
caras tiverem. Eles precisam pagar pelo que fizeram — falei, convicta.
— Ela é você todinha — papai disse, encarando minha mãe.
— Essa energia combativa é toda sua — mamãe rebateu.
— Eu ainda estou aqui — falei e os dois se voltaram para mim.
— Tudo bem, querida, nós entendemos que foi uma situação isolada, mas tente ficar
longe dessas pessoas e de futuras confusões.
Assenti e comentei:
— Bom, se os caras estiverem no hospital, acredito que a garota e o irmão possam ter
problemas e isso me preocupa, não sei qual a situação financeira deles.
— Vamos cuidar de tudo, não se preocupe com isso — meu pai disse.
Fiquei curiosa para saber o que pretendia fazer, mas se demonstrasse muito interesse,
eles ficariam desconfiados.
Não adiantou, pois mamãe questionou:
— Esse rapaz faz parte da sua turma de amigos?
Respirei fundo e tentei manter meu semblante impassível, qualquer reação, movimento
ou olhar errado poderia entregar meu leve interesse por aquele encrenqueiro.
— Não, eu só me relaciono com a Maddy e a Natalie aqui na universidade, não tenho
muito contato com outros alunos — admiti.
— O Sanders disse que ele bateu nos quatro caras — papai comentou.
— Sim, ele ficou transtornado quando viu a irmã naquela situação — respondi,
lembrando-me de como Beatrice estava.
Mamãe afagou meu ombro e mudou de assunto.
Continuamos conversando enquanto tomávamos o café da manhã. Quando terminaram,
ambos subiram para o quarto de visitas a fim de descansar.
Aquela visita aconteceu somente para se certificarem de que estava tudo bem comigo,
mas acreditava que no dia seguinte eles iriam embora, pois papai não gostava do clima da
Inglaterra.
— Agora que seus pais subiram, me conta tudo o que aconteceu — Maddy pediu ao
entrar na cozinha.
Comecei a narrar o que tinha ocorrido na noite anterior e vi o olhar de minha amiga se
alternando a cada detalhe do absurdo que quase aconteceu naquela casa.
— Nunca mais vou aceitar bebidas de estranhos — ela disse antes de dar uma mordida
na maçã que tinha pegado para comer.
— Já não era sem tempo — falei e voltei a encher a minha xícara de café.
— Está o maior burburinho nas redes sociais, mas ninguém sabe explicar ao certo o que
aconteceu e seu nome não apareceu em lugar nenhum, é como se você não tivesse pisado
naquela casa. Sua família é bizarra — comentou com admiração.
Apagar rastros era uma das especialidades de Sanders.
— Tem que ter algum benefício em fazer parte do clã Stone — brinquei.
— Você quer dizer mais um benefício, né? — zombou e voltou a comer.
Eu ri, mas estava preocupada com Beatrice e Landon.
Será que eu deveria ligar?, conjecturei comigo mesma, em dúvida sobre como agir.
— Vou subir para tomar banho, mais tarde podemos sair para almoçar junto com os
meus pais — sugeri.
— Vou amar participar de um almoço de domingo com os meus futuros sogros — ela
brincou, me fazendo revirar os olhos.
Maddy atirava para todos os lados e quem caísse em sua rede teria uma bela dor de
cabeça, afinal, era nítido que ela não assumiria nada com ninguém.
Subi as escadas sem pressa, encarando a tela do celular, refletindo se ligava para Landon
para perguntar sobre sua irmã ou se esquecia aquela história.
Após saber que ele não era namorado de Beatrice, uma faísca ascendeu dentro de mim.
Que gosto teria aquela boca?
Qual seria a sensação de estar dentro daqueles braços fortes?
Eu me conhecia bem demais para saber que estava muito atraída por ele, a ponto de ligar
simplesmente para estabelecer algum tipo de relação, nem que fosse de amizade.
Recordei-me das vezes em que estive em sua presença, da beleza incomparável que
chamou a minha atenção assim que o vi, do ar blasé, da agressividade ao arrebentar a porta e
principalmente do alívio que senti quando ele disse à recepcionista que era irmão de Beatrice.
Eu estava me vestindo após um banho relaxante quando meu celular começou a tocar.
Fitei a tela e vi o nome do meu irmão.
— Se envolvendo em confusões já nos primeiros meses?! Definitivamente essa
universidade está fazendo bem pra você — Alexander disse em um tom incomumente irônico.
— Foi uma situação isolada, não vai acontecer de novo — declarei.
— Espero que não, mas se tiver problemas, estarei a uma ligação de distância — ele
garantiu, me arrancando um sorriso.
Alexander era fechado e frio com a maioria das pessoas, mas comigo havia um cuidado
especial o qual eu apreciava muito.
— Vou me lembrar disso, agora me fale de você, como estão as coisas em Harvard? —
questionei.
— Nada tão emocionante quanto em Oxford, mas vou sobreviver, agora vamos voltar a
você.
Alexander sempre foi uma espécie de confidente, cresci conversando sobre tudo com ele
e sabia que meus segredos sempre estariam seguros, por isso acabei abrindo o jogo.
— Acho que estou a fim de um cara aqui da universidade — soltei e um silêncio quase
desconfortável se instalou entre nós.
— Eva, não é muito legal saber que a garotinha que usava laço no cabelo até alguns
dias atrás está interessada em um cara, especialmente um que não faz parte do meu círculo e
que eu não posso controlar.
— Esse é um dos motivos pra ter escolhido uma universidade bem longe dos Estados
Unidos, mas voltando ao nosso assunto…
— Não acho que eu sou a pessoa mais indicada para falar sobre coisas do coração —
ele me interrompeu, querendo fugir do assunto.
— Alex — choraminguei.
— Tudo bem, se resolveu abrir o bico é porque está precisando de ajuda.
— Você leu meus pensamentos — brinquei. — Enfim, eu estava pensando em ligar pra
ver como a irmã dele está, sei lá…
— Regra número um, nunca vá atrás de um cara — declarou.
— Mas é para falar sobre a irmã dele — me justifiquei.
— Não interessa, na cabeça de um homem o motivo da ligação sempre vai ser ele.
— Ele não deve ser tão presunçoso quanto você — brinquei.
— Vai por mim, irmãzinha, todos os caras são, além do mais, se esse cara estiver
interessado, ele vai dar algum sinal.
— Eu sou péssima com isso, não sei ler sinais — admiti.
— É só me ligar que eu te dou as coordenadas — zombou.
— Acho que prefiro me virar sozinha.
— Acredito que não vai muito longe, mas você pode tentar.
Que garoto irritante!, pensei.
— Está bem, já anotei a primeira dica, não vou ligar para ele.
— Ótimo, agora eu tenho que ir, mas qualquer coisa me ligue e reze para a dona Louise
não descobrir sobre o seu namorado novo — disse para me irritar, mas eu apenas sorri e
finalizamos a ligação.
Por mais que eu amasse a mamãe, preferia manter algumas coisas em segredo, pelo
menos até saber quais eram os meus reais sentimentos em relação a determinadas situações.
Mas, como sempre, Alexander tinha razão, se Landon quisesse falar comigo, ele daria
um jeito de entrar em contato.
Eva Stone

Meus pais foram embora no domingo à noite. Foi ótimo passar aquele tempo com eles,
mas eu estava ansiosa para a segunda-feira chegar para que pudesse descobrir o que estavam
falando sobre o que havia acontecido na sexta.
Nas primeiras aulas ninguém comentou nada a respeito dos irmãos e muito menos sobre
os meus seguranças terem acabado com a festa.
Achei aquilo estranho, mas decidi esquecer e tentar me concentrar na matéria,
especialmente na programação que eu tinha feito para o restante do dia, porém, precisava
confessar que foi frustrante não ver Landon. Meus olhos procuravam por ele ou alguém de sua
turma em todas as vezes que me vi nos corredores de Oxford, mas não vi ninguém.
No dia seguinte foi a mesma coisa, parecia que nada havia acontecido e também não o
encontrei.
— Estou indo pra casa, você vem? — Maddy perguntou quando saímos do auditório.
— Não, preciso passar na biblioteca para pegar um livro antes.
— Até depois, então — ela disse e cada uma foi para um lado.
Assim que entrei na majestosa biblioteca, pus-me a admirar as paredes altas revestidas
de livros encadernados em couro antigo; havia séculos de conhecimento acumulado nas
prateleiras beijadas pela luz suave que penetrava os vitrais, deixando o cenário ainda mais
incrível.
Enquanto ia em direção a uma sessão específica, peguei-me pensando que meu interesse
repentino por Landon devia ter mais a ver com o mistério que o rodeava e com o fato de ele
não me olhar como os outros rapazes.
Alguns me enxergavam como uma escada que os levaria direto para o cofre da família
Stone, ao passo que outros sonhavam com a influência que um affair comigo poderia ter.
Os meus primeiros relacionamentos foram com herdeiros de famílias old money como a
minha, rapazes que eram praticamente obrigados pelos pais a me cortejar.
Foram namoros rápidos, mornos e sem importância que me fizeram enxergar cedo
demais que fazer parte do Clã Stone poderia abrir muitas portas que seriam inacessíveis para
algumas pessoas, ao mesmo tempo, o peso do sobrenome me deixava cada vez mais longe de
viver um amor de verdade.
Minha dificuldade em confiar nas pessoas me tornou insegura, eu tinha receio de
acreditar que alguém gostasse de mim pela pessoa que eu era e não pelo que minha família
poderia oferecer.
Pensando bem, talvez o interesse por Landon fosse uma tentativa da minha mente de
viver alguma coisa nova, mesmo que com cheiro de clichê.
Pare com isso, Evangeline, essas coisas só estão acontecendo dentro da sua cabeça!, a
voz da minha mãe surgiu nos meus pensamentos para afastar aquelas fantasias e voltar a pensar
no que estava indo fazer.
Sorri ao imaginar que a biblioteca mais antiga de Oxford deveria guardar os segredos
universais do amor e do conhecimento, então eu não poderia deixar de sonhar que um dia as
coisas dariam certo para mim, que na hora certa os meus devaneios se transformariam em
realidade.
— Acho que você está procurando por isso aqui.
Virei-me e encontrei Beatrice segurando um livro. Era o mesmo exemplar que foi motivo
da discussão no dia em que nos conhecemos.
— Oh! Como você está? — perguntei.
— Bem, graças a você.
— Fico feliz — falei com sinceridade e depois de um momento de silêncio ela declarou:
— Eu sei que não fui muito legal com você aquele dia e queria me desculpar.
— Não se preocupe com isso, eu já esqueci — afirmei.
— De qualquer forma, me desculpe — disse e me entregou o livro.
Trocamos um sorriso e me despedi com um gesto de mão.
— Hum, eu… — ela murmurou e me voltei outra vez.
— Pode falar — incentivei, curiosa.
Ela fez uma careta fofa e, parecendo desconcertada, disse:
— Será que posso te pagar um café qualquer dia desses?
— Eu adoraria — respondi e o sorriso que ela abriu espelhava o meu.
— Estou de folga amanhã à tarde — sugeriu.
— Ótimo, me passa seu telefone que eu ligo pra combinarmos o lugar.
Beatrice informou seu número e depois nos despedimos.
Fui para casa com a esperança de que aquele café com a irmã de Landon me ajudasse a
descobrir um pouco acerca do cara que andava dominando os meus pensamentos.

+++
NO DIA SEGUINTE…

A cafeteria escolhida por Beatrice ficava próxima a universidade e eu já estava


acomodada quando a vi passando pela porta. Ela usava jeans com um suéter rosa claro e sorriu
quando acenei para ela.
— Desculpe o atraso, para variar, tive mais uma briga com o Landon — ela justificou.
— Tudo bem, eu acabei de chegar — respondi, apontando a cadeira vaga a minha frente.
A garçonete se aproximou e depois que fizemos nossos pedidos, ela continuou
reclamando do irmão.
— Mas por que vocês discutem tanto? — questionei em certo momento do relato.
— Ele se acha responsável por mim e as coisas se complicaram depois de sexta —
confessou.
— E o que os seus pais acham desse jeito controlador dele?
— Somos apenas nós dois há algum tempo.
Isso explicava muita coisa.
— Agora entendo por que ele é tão preocupado com a sua segurança.
— Ele é, mas às vezes isso me sufoca — declarou.
Nosso pedido chegou e Beatrice continuou contando como era a convivência com o
irmão e como ele estragava todas as possíveis fugas dela. A única vez que ela conseguiu fugir
foi na última sexta.
— No dia em que vocês estavam discutindo na biblioteca, eu achei que ele fosse seu
namorado — comentei para ver se ela revelava alguma coisa sobre ele.
— Ah, não, o Landon não namora ninguém, ele é bem metódico com essa coisa de
relacionamento.
— Como assim? — questionei, curiosa.
— O foco dele é terminar a universidade e abrir sua empresa, relacionamentos sérios só
atrapalhariam seus planos.
— Interessante; mas ele deve ter alguém — continuei.
— Meu irmão é bem disputado pelas garotas da universidade, e como não é bobo, ele
aproveita, mas não dura mais que uma semana — confidenciou.
Aquilo me deixou decepcionada e animada ao mesmo tempo, pois alguma parte do meu
ser queria ser a garota que não seria dispensada por ele.
Senti uma espécie de desafio faiscando dentro de mim.
Pare com isso, Eva!, a voz da razão alertou.
De onde vinha todo aquele interesse, por que aquele cara causava aquelas reações em
meu corpo?
— Bem, eu não queria tocar nesse assunto, mas como estão as coisas com os garotos de
sexta-feira?
O semblante de Beatrice ficou sério.
— Eles ainda estão no hospital, mas meu irmão decidiu que vai processá-los, embora
não ache que vá conseguir uma condenação.
Eu pensei em oferecer os advogados da nossa família, mas depois recuei, não queria que
Landon pensasse que eu estava ostentando meu dinheiro ou influência. Era a primeira vez que
eu estava interessada em um cara normal e queria aproveitar cada fase daquele processo.
— Eu entendo, mas seu irmão está certo, ele precisa tentar — comentei.
Beatrice assentiu e então começou a falar mais sobre a sua vida.
No dia em que nos conhecemos, ela me deu uma péssima impressão a respeito de si
mesma, no entanto, a garota tagarela que estava a minha frente era bem diferente da pessoa
mal-humorada que brigou comigo na biblioteca.
No fundo, todos nós tínhamos várias camadas e algumas máscaras para enfrentar certas
pessoas e situações.
— Agora me fala um pouco de você — ela pediu e colocou um pedaço da torta que havia
pedido na boca.
— Bom, eu ainda não fiz muitos amigos por aqui, mas estou gostando da universidade.
Viver longe da minha família está sendo uma experiência e tanto.
— Vocês são muito unidos?
— Demais, um está sempre se metendo na vida do outro — admiti com um sorriso
saudoso.
— E você tem um namorado em Nova York? — ela questionou.
— Não, meu foco é terminar a universidade com o coração ileso — gracejei.
— Vai ser difícil com tantos caras a fim de você — respondeu e tomou um gole do seu
café.
— Quero saber onde esses caras estão escondidos, pois até agora ninguém se aproximou
— brinquei.
Minha mãe me repreenderia se estivesse naquela mesa, ela era totalmente a favor de que
as mulheres se comportassem como uma maçã no topo da árvore, ou para ser mais simplória, a
última Coca-Cola do deserto.
Eu sabia do efeito que isso deveria causar na cabeça dos homens, mas eu não era assim e
não queria passar a imagem de mulher inalcançável para um cara por quem eu estivesse a fim.
— Acho que eles têm medo por causa do seu sobrenome. Mas se quer minha opinião,
você não precisa de nenhum frouxo no seu pé — ela concluiu.
Sorri daquilo.
— Devo confessar que isso às vezes atrapalha, queria que as pessoas me conhecessem
para além do que sai nos tabloides de fofoca. Aqui em Oxford, apesar de ser conhecida, está
sendo mais tranquilo do que em Nova York, lá era bem sufocante — comentei e ela assentiu.
Conversamos por mais alguns minutos, mas ela recebeu uma ligação de Landon e teve
que ir embora, reclamando por ter sido colocada de castigo devido aos últimos acontecimentos.
Nós nos despedimos em frente a cafeteria e quando ela foi embora eu fiquei com a leve
sensação de que tinha conquistado mais uma amiga. Beatrice era uma garota legal e o fato de
ser irmã de Landon colocava peso e expectativa nessa amizade.
Segui para o lado oposto ao dela pensando no jantar ao qual eu precisaria comparecer
naquela noite, em um exclusivo clube de Oxford, para representar minha família. Eu andava
meio enferrujada para esses eventos da alta sociedade, mas não tinha como falar não ao meu
pai. Para minha sorte, Maddy tinha aceitado ir comigo, o que deixaria o evento mais palatável.
Entrei no carro e assim que Sanders deu a partida, comecei a imaginar quantos apertos
de mãos e sorrisos falsos eu teria que dar naquela noite.
Ao chegar em casa, fui direto para o meu quarto e tomei banho. Depois de me maquiar e
arrumar o cabelo, perambulei pelo closet para escolher um vestido. Enquanto avaliava minhas
opções, imaginei como teria sido se eu tivesse recusado o pedido dos meus pais, como eles
reagiriam se agisse como Alexander costumava agir. Sorri só de imaginar a reação deles.
Minha fase mais rebelde aconteceu na infância e início da adolescência, quando tive
minhas primeiras decepções amorosas, depois disso eu me retraí e comecei a escutar mais a
minha a mãe, a fim de me proteger emocionalmente. Após um tempo, percebi que eu não era
tão durona quanto pensava ser, ou talvez não tivesse maturidade para lidar com algumas
emoções.
Escolhi um vestido preto, tirei do cabide, vesti e fui me olhar no espelho. O modelo Vera
Wang de decote canoa era acinturado e extremamente elegante, mas com um toque sensual na
medida certa.
Satisfeita, coloquei um par de scarpins, um sobretudo de pelo e finalizei a produção com
uma bolsa de mão que eu tinha ganhado de minha avó.
Saí do quarto em fui em busca da Maddy.
Quando entrei em sua suíte, uma música suave preenchia o ambiente enquanto ela fazia
fotos em frente ao espelho.
— Pronta? — questionei e ela se virou.
— Prontíssima.
— Está linda — elogiei.
— Com sorte, vamos conseguir cavalgar em um bilionário hoje.
Foi impossível não gargalhar de suas palavras.
— Ficarei feliz se conseguir voltar pra casa antes da meia-noite — brinquei.
— Para com isso, Eva, que amanhã de manhã não temos aula.
Revirei os olhos, pensando que aquilo nunca foi desculpa para ela.
— Meu Deus! E se a gente conhecer alguém da realeza! Já imaginou nós duas tomando
chá com a Kate? — Maddy disse, toda animada, para logo depois fechar a cara. — Mas que
merda eu estou falando, você já tomou chá com ela, às vezes eu esqueço quem você é.
— Se serve de consolo, nós não trocamos telefone — zombei.
— Mas sua mãe deve ter o número pessoal dela — devolveu e pegou a bolsa que estava
em cima da cama.
— Não sei e sinceramente não interessa, isso não muda nada nas nossas vidas. Agora
vamos — demandei saímos do quarto.
Descemos as escadas rindo das palhaçadas da minha amiga e agradecendo internamente
por estar tendo a oportunidade de criar essas doces lembranças.
Eu realmente estava vivendo uma época feliz.
Eva Stone

O Clube Lenoux ficava em uma área nobre de Oxford e era cercado por muros extensos e
altos que protegiam gramados bem cuidados e salões de festa dignos da realeza. Por ali
passavam as pessoas mais interessantes da cidade, ou seja, milionários, artistas, políticos e
intelectuais de renome.
Já passava das 20h quando nosso comboio passou pelos portões principais do local.
Sanders estacionou em frente a escadaria principal e um funcionário abriu a porta para que eu
pudesse descer. Fazia uma noite fria e institivamente fechei mais o casaco para me abrigar do
vento congelante.
Subi o lance de escadas ao lado da minha amiga e assim que passamos pelas portas
francesas o ambiente climatizado atenuou o frio. Entregamos nossos casacos na chapelaria que
ficava na entrada e adentramos o salão, sendo recebidas por conversas educadas e risos
discretos.
Em um primeiro momento, nós observamos o lugar e comentamos sobre a decoração,
afinal, assim como tudo que tinha em Oxford, a construção era antiga, glamourosa e exclusiva,
assim como seus sócios.
Os fundadores daquele clube sabiam diferenciar os novos ricos de quem realmente tinha
sobrenome e relevância social, por isso, dinheiro não garantia um título naquele lugar.
Eu achava tudo aquilo uma grande baboseira, mas era assim que o mundo funcionava.
Naquela noite, entretanto, o evento não era exclusivo para sócios, então haveria algumas
pessoas que não faziam parte do grupo, o que poderia ser interessante.
Eu e Maddy começamos a caminhar pelo salão e logo uma música de que gostava muito
começou a ressoar, fazendo minha atenção se voltar para a talentosa orquestra. Absorta, levei
um pequeno susto quando o reitor nos parou e agradeceu a nossa presença, e disse o quanto era
importante que os alunos convidados participassem daquele tipo de evento.
Após aquela breve conversa, seguimos para um espaço aconchegante iluminado por
luzes amenas e agradáveis, onde havia sofás, banquetas e mesas.
Um garçom nos serviu taças de champagne e bebi alguns goles, ao passo que Maddy
analisava os homens do salão. Enquanto ela tagarelava sobre a aparência e a conta bancária
daqueles a quem conhecia, meus olhos foram atraídos para as portas duplas da entrada, por
onde Landon McFarland passava.
Ele estava espetacular dentro de um smoking completo que abraçava seus ombros largos
com perfeição.
Obviamente que Landon ficava bem de jeans e jaqueta de couro, mas nada superava a
imagem daquele homem vestido de forma tão elegante. Não me passou despercebido que ele
não parecia nem um pouco deslocado, e estava tão atraente e másculo, que senti algo revirando
meu estômago.
— Está escorrendo uma baba aqui. — Maddy brincou, tocando o canto da minha boca.
— Deus, Eva, você está mesmo a fim do Landon.
— Não me culpe, ele é o cara mais gato da universidade — inferi com os olhos fixos
nele. — Por que não me disse que o conhecia? — questionei.
— Porque você nunca perguntou e porque não imaginei que estivesse tão interessada —
rebateu.
— Eu não estou interessada — menti.
— Nós duas sabemos que está — acusou e bebeu um gole do champagne.
Voltei a olhar para Landon, que naquele momento conversava com dois senhores, e
quando ele abriu um sorriso, meu coração começou a bater um pouco mais forte.
Ok, eu estava muito interessada!
— O que sabe sobre ele? — questionei.
— Só sei que trabalha na firma do pai do Devon e o pessoal da minha aula de finanças
diz que ele é brilhante. Sorte a sua que a conta bancária dele não condiz com o que meu pai
interesseiro espera de um genro, então, ele é todo seu.
Não, ele não é todo meu, na verdade, ele não quer ser de ninguém e talvez por isso eu
estivesse tão atraída.
Nada mais perfeito do que um cara bonito e inacessível para deixar uma mulher
interessada!
Ficamos por mais algum tempo bebendo e conversando até que Natalie se juntou a nós
juntamente com seu séquito. Ela sempre andava com as mesmas garotas, mas naquela noite
havia dois rapazes as acompanhando.
Soube, durante a conversa, que eram sobrinhos do primeiro-ministro, o que fez todo
aquele interesse delas ter algum sentido.
— Eu acho que eles estão mais interessados em nós duas do que naquela conversa mole
da Natalie e suas amigas — Maddy disse enquanto trocava olhares com um dos rapazes.
Ambos eram loiros, tinham olhos claros e vestiam smoking, o diferencial ficava por
conta da personalidade, um era mais falante e sorridente, já o outro, parecia mais fechado.
— Ainda prefiro o Landon, mesmo sem nenhum tostão no bolso — falei baixinho e
minha amiga sorriu.
— Então prepare suas garras, porque seu gato e o amigo dele estão vindo para cá.
Engoli em seco e tentei controlar minha ansiedade.
Devon chegou primeiro e cumprimentou os dois rapazes da roda, em seguida, apresentou
Landon para eles.
— Landon McFarland — ele falou durante o aperto de mãos.
— Acho que não conhecemos nenhuma família McFarland aqui na Inglaterra — um
deles disse.
— Eu sou da Irlanda, vim a Oxford para estudar — Landon explicou com uma voz
calma.
Eu estava em pé na rodinha das amigas de Natalie, mas toda a minha atenção estava na
conversa que acontecia ao lado. Qualquer pessoa se sentiria intimidada no meio de tantos
sobrenomes poderosos, mas Landon parecia seguro e confiante enquanto respondia ao
interrogatório dos irmãos Brouw.
Em certo momento da conversa, as garotas foram ao banheiro, logo depois, os dois
rapazes levaram Devon a algum lugar e o olhar de Landon finalmente cruzou com o meu.
— Como vai, Eva? — perguntou.
Seu perfume inconfundível invadiu os meus sentidos e potencializou ainda mais a
atração que eu sentia por ele.
— Entediada com todo esse interrogatório — brinquei e ele me ofereceu um leve sorriso
de quem compreendia que eu havia entendido e reprovava o que tinha acabado de acontecer.
— Eles sabem que eu não faço parte desse mundo. Nada mais excitante para herdeiros
excêntricos do que ver um simples mortal falando sobre uma vida comum.
— Talvez você tenha sorte de não pertencer — comentei, desgostosa.
— Disse a herdeira — zombou com um sorriso, mas senti uma pitada de desdém em seu
tom.
— Exatamente por isso. Eu cresci indo a esses eventos e chega um momento em que eles
perdem a graça. A boca das pessoas se mexe e você sorri em concordância com qualquer
besteira que sai delas, simplesmente para abreviar o assunto.
— Isso parece tedioso — comentou e sorveu um gole do seu uísque.
— E realmente é — confirmei e virei o último gole de champagne.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que ele deixou seu copo na bandeja de um
garçom que passava e me estendeu a mão.
— Quer dançar?
Claro que quero!, pensei, eufórica, mas apenas assenti e deixei minha taça em uma mesa
alta que estava ao nosso lado.
Assim que nossos dedos se tocaram, eu senti uma energia diferente percorrer meu corpo.
Eu sabia o quanto a química da paixão podia ser perigosa, que não éramos do mesmo nível
social e, mesmo assim, nada daquilo importava.
Quase suspirei quando senti sua mão na minha cintura em combinação com a maneira
habilidosa com que me conduzia.
— Com quem você aprendeu a dançar assim? — perguntei após ele me rodopiar pela
pista.
— Minha mãe me ensinou.
Uma onda de ternura atravessou meu corpo, contudo, uma sobra de tristeza cobriu seus
olhos assim que citou a mãe, então preferi deixar minha curiosidade de lado e apenas comentei:
— Ela te ensinou muito bem. Mas imagino que deve ter aprimorado sua técnica no
decorrer dos anos.
Ele deu um meio sorriso.
— Eu não faço parte do seu mundo, Eva, mas meu trabalho me obriga a frequentá-lo
com alguma frequência, então aprendi algumas coisas e aprimorei outras — falou de modo
insinuante.
— Interessante, gostaria de saber como um cara consegue fazer parte da fraternidade dos
baderneiros e transitar em eventos da alta sociedade oferecidos por senhores conservadores e
cheios de regras.
— Digamos que eu tenho alguns talentos que eles não podem ignorar — respondeu,
charmoso. — Além disso, eu não faço parte de nenhuma fraternidade, simplesmente conheço
alguns membros e vou às festas deles.
Gostei de saber daquilo, mas havia outras coisas que eu queria descobrir.
— Agora você me deixou curiosa, fale mais sobre esses talentos.
— Resumindo a história, eu tenho facilidade em analisar números e fazer bons negócios,
um dia, durante uma conversa, eu dei alguns conselhos ao pai do Devon, ele ganhou alguns
milhões, e depois disso comecei a trabalhar em sua firma.
Encarei seu rosto bonito com uma sobrancelha arqueada em desafio.
— Se você é tão bom assim, por que não ganhou esses milhões e virou seu próprio
chefe? — falei em tom zombeteiro.
— Tudo o que eu tenho é um bom instinto, investimentos que geram grandes retornos
geralmente precisam de um grande capital.
— O famoso “dinheiro faz dinheiro” — comentei e ele assentiu.
— Do mesmo criador do ditado “ricos se casam com outros ricos” — ele gracejou.
— Deus me livre, eu quero me casar por amor — falei, convicta.
— Com essa aparência, eu duvido que qualquer homem se casaria com você por outro
motivo — Landon galanteou.
— As aparências enganam, posso ser só uma bruxa bem-produzida e maquiada —
brinquei.
— Eu dificilmente me engano com as pessoas, Eva. Você pode ser tudo, menos uma
bruxa — ele disse e aproximou a boca do meu ouvido. — Mas se for, estou pronto para ser
enfeitiçado — completou e senti o cupido dando flechadas certeiras no meu coração.
— Uau, você sabe deixar uma garota sem palavras.
— E sem roupas também, mas você não é esse tipo de garota.
Parei de dançar e analisei seu rosto que continuava com uma expressão divertida.
— Como assim eu não sou esse tipo de garota? — questionei.
Ele me guiou para fora da pista.
— Eva, olha pra você — ele disse, colocando as mãos nos bolsos.
— Não vejo nada de errado comigo — retorqui em minha defesa.
— Definitivamente nada de errado — confirmou, passando o olhar pelo meu corpo.
— Responde, Landon, por que eu não sou o tipo de garota que fica sem roupas?
Ele suspirou e eu soube que o que sairia de sua boca não seria muito legal.
— Você é linda, Eva, mas todos sabem como funciona a família Stone, qualquer cara que
se interessar por você vai ter que ser aprovado primeiro pelo seu sistema de segurança,
imagina…
— … como seria difícil tirar as minhas roupas? — completei e ele ficou em silêncio. —
Eles não dormem comigo, eu posso ir e vir para onde quiser e com quem quiser, desde que a
pessoa não tenha antecedentes criminais. Eles só podem se aproximar se eu estiver em perigo,
caso contrário é como se não existissem — tentei amenizar, mesmo sabendo que, no fundo, ele
tinha um pouco de razão.
— Desculpe, eu não quis te ofender com as minhas suposições.
Eu tinha tudo para bancar a ofendida e ir embora daquele evento, só que a maioria das
pessoas pensava como ele, a diferença foi que ele teve coragem de dizer.
— Acho que pode se redimir me pagando uma bebida — falei para amenizar o clima.
— Já que você pode ir e vir e eu não tenho antecedentes criminais, que tal eu fazer isso
em um lugar menos tedioso? — ele sugeriu, charmoso, e estendeu a mão para mim.
Pela primeira vez em anos, a Eva rebelde que estava trancada na garrafa quis sair e beber
com aquele forasteiro.
O certo era dizer não e ir para casa, ou fazer os joguinhos mentais que minha mãe
ensinava em seus livros, no entanto, na nossa situação, me fazer de difícil não teria efeito
nenhum. Landon já me achava inalcançável, então, se eu me mostrasse um pouco mais
acessível poderia ter o efeito desejado.
— Eu aceito — falei e pedi um minuto para poder mandar uma mensagem para Maddy,
que tinha desaparecido das minhas vistas.
Feito isso, entrelacei meus dedos nos dele e saímos do salão sob olhares curiosos com os
quais eu não me importei.
Depois de semanas fantasiando, eu finalmente estava com ele e isso era tudo o que
importava.
Eva Stone

— Dizem que um ilustre ex-presidente americano fumou maconha nos fundos desse bar
— comentei enquanto nos acomodávamos em uma das mesas.
Landon tinha me levado a um famoso pub da cidade e me lembrei de que meu irmão já
tinha comentado sobre o lugar e incentivou que eu fosse conhecer. Porém, desde que cheguei
em Oxford não tive tempo para nada além de lidar com a minha vida social desastrosa.
O lugar era bem rústico, com teto baixo, paredes cobertas de objetos e pessoas animadas
bebendo de suas canecas de cerveja e tirando selfies. Como não estava muito cheio,
conseguimos uma mesa com facilidade.
— Esta cidade tem muitas histórias, mas eu confesso que gosto deste lugar — ele
comentou.
— Eu também gostei. E aí, o que vamos beber? — perguntei, encarando o homem
espetacular a minha frente.
Estávamos vestidos com as mesmas roupas do evento, muito diferente do pessoal
descolado das outras mesas.
— Acho que não tem champagne por aqui — ele zombou.
— Pode ser uma cerveja — sugeri.
— Cerveja? – questionou.
A forma como falou foi como se aquilo fosse um grande absurdo.
— É o que todo mundo está bebendo — comentei.
— Mas você gosta ou vai pedir só porque todos estão bebendo? — perguntou com uma
sobrancelha levantada.
Apoiei os cotovelos na mesa e descansei o rosto entre as mãos em um gesto calmo, o
olhar fixo no dele.
— Eu nunca faço nada que eu não tenha vontade ou só porque as outras pessoas estão
fazendo. Se me vir fazendo qualquer coisa boa ou ruim, pode ter certeza de que eu quis —
declarei e ele assentiu.
— Cerveja, então! — disse e sorrimos.
Quando nossas bebidas chegaram eu dei o primeiro gole e o sabor levemente amargo
agradou o meu paladar.
Nossa conversa fluiu com tanta facilidade, que parecia que nos conhecíamos há muito
mais tempo.
Ouvi-o falar brevemente sobre seu trabalho com o pai de Devon e sobre seu desejo de
trabalhar com investimentos depois que terminasse a universidade. Faltavam alguns meses para
se formar, e assim que isso acontecesse, ele iria atrás dos seus sonhos.
Landon possuía muita desenvoltura na hora de falar, mas o que me deixou mais
encantada foi como parecia prestar atenção a cada palavra que saía da minha boca.
Além disso, em nenhum momento perguntou ou insinuou algo que me deixasse
desconfortável, acho que nosso único embate foi quando ele falou sobre os meus seguranças,
mas depois disso nossa interação foi muito agradável.
Em certo momento da noite, nós abandonamos a mesa e ficamos de pé, em um canto
mais escurinho do pub, curtindo a música e conversando sobre coisas aleatórias.
A todo momento eu tentava comparar o baderneiro da universidade com aquele homem
de smoking bebendo cerveja, até que cheguei à conclusão de que Landon McFarland era um
verdadeiro camaleão, o tipo de pessoa que conseguia circular por todos os lugares, atraindo a
atenção e fomentando perguntas que ficariam sem respostas.
— O que foi? — questionou quando notou que fiquei tempo demais olhando para o seu
rosto.
E tinha como não olhar?
— Acho que já bebi demais — falei e deixei meu copo sobre a mesa alta a minha frente.
— Você é mesmo uma caixinha de surpresas, Eva.
— Por que diz isso?
— Imaginei vários desfechos para a minha noite, mas em nenhum deles eu estaria
bebendo cerveja com você.
— Isso é ruim? — provoquei.
Seus olhos passearam pelo meu rosto e pararam na minha boca, fazendo meu estômago
revirar só de imaginar o que poderia acontecer.
— Corro perigo de vida se fizer o que estou com vontade? — ele inquiriu em tom de
zombaria e tocou meu queixo com a ponta dos dedos.
— Acho que a pergunta adequada é: o risco vale a pena? — aticei.
Com um sorriso enigmático, Landon me puxou pela cintura e nossas bocas se tocaram
pela primeira vez.
Uma sensação poderosa tomou conta do meu corpo e meu ventre se contorceu com a
forma habilidosa como ele beijava e mordiscava meus lábios. Eu nunca tinha sentido algo tão
intenso, era como se todas as minhas terminações nervosas tivessem ganhado vida
simplesmente por sentir o gosto dele.
Uma das mãos que estava na minha cintura subiu pelas minhas costas e chegou à minha
nuca. Senti seus dedos se embrenhando em meu cabelo, ao passo que sua boca devorava a
minha.
Perdida naquele beijo, tentei ignorar quando a outra mão fez o caminho contrário e
apertou a minha bunda, mas não consegui, fiquei imediatamente tensa e me afastei.
— Landon, eu…
Minhas palavras se perderam quando vi que ele estava tão desconcertado com aquele
beijo quanto eu. Sem saber o que fazer, simplesmente descansei a cabeça em seu peito e fiquei
alguns segundos sentindo seu perfume enquanto tentava silenciar a minha mente.
— Não vou me desculpar por isso — ele disse e deu um beijo no topo da minha cabeça.
— E não precisa — falei ao me afastar.
Seus olhos estavam brilhando e eu conseguia enxergar desejo neles. Talvez fosse um
reflexo dos meus, pois nunca senti meu corpo tão inquieto apenas por beijar um cara.
— Tenho receio de que alguém me fotografe numa situação como esta — falei e soltei
um suspiro. — Minha vida é complicada.
— Tudo bem, eu entendo — disse por fim e se afastou.
Tive a impressão de que ele havia acabado de perceber que suas preocupações estavam
corretas, que as coisas entre nós não dariam certo por causa de quem eu era.
— Podemos ir? — sugeri.
— Claro, eu te levo em casa.
Concordei e fomos embora.
Quando paramos em frente à minha casa eu esperei que ele simplesmente se despedisse e
encerrasse a noite, no entanto, quando soltei o cinto de segurança, ele me puxou para mais um
beijo possessivo que me deixou sem fôlego diante de toda aquela virilidade.
— Boa noite, Eva — disse assim que me afastei para poder respirar.
— Boa noite, Landon.
Saí do carro e caminhei para dentro de casa me sentindo tonta com tudo o que tinha
acontecido, mas sem poder ignorar que aquela tinha sido uma das melhores noites da minha
vida.
Eva Stone

— Eu não acredito que você foi parar naquele pub com ele — Maddy disse enquanto
tomávamos o café da manhã no dia seguinte.
— Fui e a noite foi incrível, o beijo dele me enlouqueceu, mas quando ele apertou a
minha bunda, eu travei e a coisa desandou — admiti.
Maddy torceu a boca em descontentamento.
— Bom, se fosse qualquer outra garota eu diria que ela estaria fazendo doce, mas no seu
caso é totalmente compreensível. Um desconhecido apertando a bunda de Eva Stone em um
pub de Oxford seria um prato cheio para os tabloides de fofoca.
— Pois é, mas acho que ele não gostou muito — falei e bebi um gole de café —, um cara
como ele deve estar acostumado com garotas descoladas, que não se importam se ele vai passar
a mão nelas em público ou dentro do carro dele.
— E que carro ele tem? — ela questionou curiosa.
— Um Land Rover antigo, mas eu não me importo com isso.
— Eu sei, só foi curiosidade mesmo.
Ficamos em silêncio enquanto eu tentava entender toda confusão que tomava conta dos
meus pensamentos.
— Vocês vão sair de novo? — ela questionou.
— Não sei, mas prefiro não criar expectativas. Segundo a irmã dele, Landon não fica
com ninguém por mais de uma semana, então só daqui a alguns dias vou poder te responder
como vai ser.
Ela assentiu, e quando terminamos o nosso café, voltamos para os nossos quartos.
Na parte da tarde eu teria três aulas e depois precisaria passar na biblioteca para devolver
dois livros. Com alguma sorte, eu encontraria Beatrice e, quem sabe, tivesse novidades sobre o
irmão dela, muito embora sentisse que o mais provável era que ele se afastaria de mim.

+++

Por diversas vezes eu escutei a voz da minha mãe assombrando meus pensamentos,
principalmente quando pensava em Landon. Ela sempre me explicou sobre a química que
acontecia em nosso corpo quando nos sentíamos atraídos e que ficar pensando fixamente em
alguém era o primeiro indício de que estava prestes e se apaixonar.
Pessoas muito emocionadas com essa coisa de amor eram facilmente manipuladas, por
isso eu tinha que tomar cuidado; mesmo sabendo que era difícil resistir, precisava parar de ficar
relembrando os momentos que passamos juntos.
O conflito que estava perturbando a minha mente continuou durante toda a manhã e se
intensificou no trajeto até a universidade, ao ponto de já não saber se seria tão bom assim
esbarrar com ele pelos corredores.
— Eva, só um minuto — Sanders pediu quando desci do carro em frente ao campus.
— Diga.
— Eu investiguei seu novo amigo — comentou e eu senti um frio na barriga.
— Devo me preocupar?
— A princípio está tudo certo, não tem nada no passado dele que possa interferir na sua
segurança — revelou.
Não conseguia explicar o alívio que senti ao escutar aquelas palavras. Ali fora, o dia
estava nublado, o céu, carregado de nuvens espessas indicando que uma chuva estava por vir,
dentro de mim, no entanto, havia sol, arco-íris e fogos de artifício.
— Obrigada, Sanders.
Ele acenou discretamente e seguimos para dentro.
Ao longo das aulas, eu mantive o foco no conteúdo que o professor estava explicando e
consegui manter os pensamentos intrusos bem longe da minha cabeça, mas era só colocar o pé
fora da sala para sentir um frio no estômago a cada vez que eu via algum rapaz parecido com
ele. Isso aconteceu três vezes.
Ao chegar na biblioteca, entreguei os exemplares para a recepcionista, depois caminhei
pelo local em busca de Beatrice, mas não a encontrei. Eu não sabia qual era a escala de trabalho
dela, então dei meia volta e fui embora.
Estava quase chegando no carro quando avistei o Land Rover de Landon parando bem
próximo de mim. Meu coração ficou imediatamente agitado.
— Oi, Eva — cumprimentou Beatrice ao saltar da SUV.
— Ah, oi…
— Bom te ver, mas estou atrasada, a gente se fala depois — disse e passou por mim.
— Tá bom — respondi e, quando me virei, Landon já estava do lado de fora, usando
jeans, suéter grafite e carregando a beleza do mundo inteiro naquele rosto esculpido por Deus.
Achei que ele fosse ficar com receio de falar comigo, que toda aquela amabilidade
poderia ter sido motivada pelo álcool, mas em algumas passadas ele se aproximou, me
deixando sem reação quando me puxou pela cintura e deu um selinho na minha boca.
— O que foi isso? — questionei, confusa.
— Um beijo, não aquele que eu gostaria de te dar, mas não deixa de ser — ele brincou.
— Achei que depois de ontem…
— Eva, eu posso ser tudo, menos um babaca incompreensivo — interrompeu e senti meu
ventre se contorcer.
Ele tinha que ser tão terrivelmente charmoso?
— Eu sei que é complicado e iria entender se você não quisesse mais me ver.
— Besteira — disse e tirou a chave do bolso. — Está com fome?
Assenti e mordi o lábio inferior.
— Quer sair para comer alguma coisa?
— Quero — respondi e na mesma hora mandei uma mensagem para Sanders.
Caminhamos até o carro de Landon que, gentilmente, abriu a porta para mim.
O contexto daquele encontro era diferente, tive a esperança de descobrir mais coisas
sobre ele. Não aquelas que estavam nos relatórios da segurança, mas a parte genuína que ele
estivesse disposto a me oferecer.
Enquanto passávamos pelas antigas construções de Oxford, seu telefone tocou.
— Fale para ele comprar quando chegar em 125 e vender quando voltar a subir —
respondeu após escutar por alguns segundos.
Por conviver com homens de negócios, eu sabia que ele deveria estar negociando alguma
coisa na bolsa de valores.
— Desculpe por isso — ele disse ao desligar.
— Não tem problema — garanti. — Mas me fala como você consegue conciliar o último
ano de universidade com o trabalho — pedi.
— Eu não preciso estar na empresa o tempo todo, mas preciso estar disponível no
telefone, o mesmo com relação às aulas, só tenho duas matérias agora — explicou.
— Como se fosse um home office universitário? — brinquei.
— Quase isso — respondeu e estacionou o carro em frente a um café charmoso. — Esse
lugar tem scones incríveis — disse quando saímos do carro.
Landon abriu a porta da loja para mim e ficou me encarando quando esquadrinhei o
lugar.
— O que foi?
— Podemos nos sentar lá no fundo? — inquiri e ele assentiu sem fazer perguntas, o que
me deixou aliviada, não queria ter que explicar todo o meu protocolo de segurança e parecer
uma chata metódica.
Nós nos acomodamos e fizemos nossos pedidos. Quando o atendente se foi, ele me
explicou que naquele dia a Beatrice estava cobrindo uma amiga e por isso estava chegando
àquela hora na biblioteca.
— Bom, eu não queria tocar nesse assunto, mas como estão as coisas referentes aos
caras da festa — questionei.
— Os advogados dos pais estão tentando um acordo, por causa da surra que dei neles,
mas nenhuma ameaça ou dinheiro vai pagar a satisfação de ver aqueles babacas na prisão —
disse e notei seu maxilar travar.
— Eles vão pagar — afirmei.
— Vão sim — disse com convicção. — Agora me fale um pouco de você — pediu.
— O que exatamente você quer saber?
— Algo que eu não vou encontrar em nenhum jornal. Aquelas coisas peculiares que
ninguém mais sabe.
— Entendi. Bom, eu estudo História da arte e realmente quero trabalhar com isso um
dia. Embora não pareça, eu gosto de acordar cedo e meu chocolate preferido é a trufa com
recheio de cereja da Mask Candy[1].
— Por Deus, Eva, esse chocolate é horrível, seu paladar de herdeira veio com defeito —
ele falou e gargalhamos.
— Meu irmão fala a mesma coisa.
— Tenho que concordar com ele.
Nossos cafés chegaram, dei o primeiro gole e senti o sabor da bebida relaxando o meu
corpo. Eu amava café.
— Sua vez — exigi e o encarei por cima da xícara.
— Não sou tão interessante assim, mas vamos lá. Sou natural da Irlanda, estou me
formando em engenharia e estudando sobre o mercado de investimentos por fora com alguns
especialistas…
— Alguma coisa que ninguém saiba — interrompi.
Um silêncio cheio de expectativas se formou entre nós e eu quase me arrependi de ter
insistido naquilo.
— Meu pai faleceu há três anos e minha vida virou uma loucura quando me vi
responsável por uma garota de quinze anos que, desde então, vive me dando dor de cabeça.
— Sinto muito pelo seu pai — falei com sinceridade.
— Não precisa sentir, ele deve estar contaminando a terra onde foi enterrado — disse
com desprezo.
— Sinto muito por isso também — completei e ele assentiu.
— Estamos melhor sem ele — concluiu.
Pelo visto, ele não tinha uma boa relação com o pai e eu não seria atrevida a ponto de
questionar os motivos que o levaram a dizer aquilo. Por isso, mudei de assunto e voltamos a
falar de Beatrice.
Ele explicou que ela estudava letras em outra universidade, pois não tinha conseguido
ser aprovada em Oxford, e que estava no auge da rebeldia, mas que o episódio da festa a fez
entender que o mundo não era um parque de diversões.
Nosso café foi agradável e ficamos quase duas horas na cafeteria. Ao parar no caixa para
pagar nossos pedidos, Landon inclinou o corpo e pegou uma caixa do meu chocolate preferido.
— Inclua isso aqui também — falou para a atendente e depois me entregou a caixa.
— Você sabe como deixar uma garota feliz — brinquei.
— Para ver esse sorriso no seu rosto, eu seria capaz de comprar a fábrica que faz essa
coisa horrorosa aí — disse, apontando para a caixa de chocolate que eu abraçava.
Queria poder explicar o impacto que essas palavras tiveram dentro de mim.
“Os sedutores mais habilidosos são pacientes, encantam com o olhar e palavras de efeito.
Uma ferramenta muito potente para escravizar suas conquistas”, a voz da minha mãe surgiu
como um fantasma, carregando um balde de água fria e tentando apagar o fogo que queria me
consumir por dentro.
— Acho que é nesse momento que eu te acuso de falar esse tipo de coisa para todas as
garotas — zombei quando ele abriu a porta do carro para mim.
— Você não é qualquer garota, não se compare — falou antes de fechar a porta.
Soltei uma lufada de ar e o encarei quando ele se acomodou atrás do volante.
Como explicar que eu estava acostumada a ser elogiada por todo tipo de pessoa, mas não
sabia lidar com galanteios do cara por quem eu estava interessada?
— Seria muita ingenuidade da minha parte desejar que você também não fosse qualquer
cara? — questionei com olhar fixo no dele.
— Por que está falando isso, Eva?
Eu estava prestes a jogar no ralo tudo o que minha mãe tinha me ensinado, mas não fazia
sentido entrar naquele jogo de sedução para depois me decepcionar.
— Porque eu nunca deixo ninguém entrar — falei simplesmente.
— Eu também não! — rebateu.
— Eu sei.
Ele me olhou com uma sobrancelha arqueada, demonstrando curiosidade.
— Vou ser indiscreta agora, mas sua irmã disse que você não fica com ninguém por mais
de uma semana — falei e prendi o lábio inferior entre os dentes.
“Cobranças infundadas nos primeiros encontros demonstram insegurança e afastam a
maioria dos homens, principalmente aqueles que só querem te levar para a cama. Existem
vítimas mais fáceis que fazem menos perguntas”
Os ensinamentos de Louise Stone iam e viam, mas se sua teoria estivesse correta e
Landon só quisesse me levar para a cama, aquele seria o momento de ele cair fora.
— Se a Bea estiver certa, você só tem mais alguns dias comigo — ele brincou.
— Pelo menos eu ganhei o meu chocolate preferido — zombei para tirar o ar de
seriedade daquele assunto.
— Minha irmã é a maior hater que eu tenho, não leve todas as coisas que ela fala em
consideração — explicou e eu tive que rir.
No fundo, eu sabia que Beatrice poderia estar certa, porque esse seria o papo que o
Alexander jogaria para alguma garota.
— Vou me lembrar disso, mas agora eu preciso ir — declarei para encerrar o assunto.
Mal eu tinha soltado o cinto quando senti as mãos de Landon puxando minha cintura e
sua boca procurando pela minha. O gosto do seu beijo silenciou os meus questionamentos e me
fez esquecer do que acontecia do lado de fora do carro.
Não sabia se Landon estava falando a verdade, no entanto, em alguns dias eu saberia se
as coisas que Bea me dissera eram verdade e eu seria apenas mais uma conquista do irmão
dela.
Eva Stone

NA SEMANA SEGUINTE…

A cada aula do curso de História da arte, eu me sentia mais imersa naquele mundo de
beleza e criatividade. Todo conteúdo estudado me fazia ter certeza de que tinha feito a escolha
correta. Era incrível ouvir e discutir a respeito de coisas que tinham saído da imaginação de
outras pessoas, pessoas estas quem em sua maioria nem estavam mais entre nós.
Cada estilo, técnica e período artístico era uma viagem no tempo, nos conectando
profundamente com toda a manifestação artística que existiu ao longo dos séculos.
Meu interesse começou cedo e ganhou força durante nossas viagens em família. Meus
pais gostavam de nos levar para destinos históricos e, com isso, essa paixão foi ganhando vida.
Minha vontade era ter uma galeria depois que me formasse, mas minha maior ambição
era trabalhar na área de restauração de antiguidades. Achava fascinante a arte de recuperar
peças danificadas pelo tempo e devolvê-las à sua glória original. Sempre acreditei que a
restauração era uma forma de honrar o passado e preservar objetos importantes para as
próximas gerações.
No entanto, eu sabia que não seria um caminho fácil. A área de história da arte e
restauração exigia estudo constante e aprimoramento de habilidades técnicas, mas eu estava
animada e preparada para enfrentar todos esses desafios.
— Você não vai acreditar nas histórias que ouvi sobre ele — Maddy disse com um
sorriso malicioso, chegando de repente ao meu lado.
Eu já tinha contado que havia ficado com Landon no dia anterior
— O que foi que você descobriu? — questionei, fazendo o possível para não me mostrar
muito ansiosa.
— Dizem que ele é uma loucura na cama, que já pegou quase todas as veteranas, mas
nunca assumiu nenhuma — disse, provando que a teoria de Beatrice fazia sentido.
— Será que ele é tudo isso mesmo? — questionei.
Maddy ponderou por um momento antes de responder.
— Penso que parte do fascínio da maioria das garotas é por ele ser um dos caras mais
gatos da universidade, juntando isso ao fato de só querer curtir, faz com que ele se torne um
desafio, sei lá. As pessoas estão sempre querendo aquilo que não podem ter.
Concordei com um aceno de cabeça, pois era exatamente pelos motivos citados por ela
que eu estava tão interessada nele.
— Mas se o Landon é bom de cama ou não, nós só vamos saber se você continuar saindo
com ele — declarou e eu engoli em seco.
— Do que está falando? — questionei.
— Alguém precisa ter coragem de tirar a prova, talvez ele seja ainda mais extraordinário
do que os rumores dizem.
Revirei os olhos e, sem tecer mais nenhum comentário, seguimos para casa; se eu desse
corda, minha amiga falaria de Landon pelo resto da tarde.
Assim que chegamos, cada uma foi para seu quarto. Coloquei a banheira para encher e
liguei para a minha mãe, pois era meio que um ritual diário ligar para ela ou para o meu pai
apenas para dar um olá.
Acendi algumas velas perfumadas e enquanto o aroma suave preenchia o ambiente,
afundei-me na água quente e senti meu corpo ficando cada vez mais relaxado.
Apreciei o reflexo das velas dançando nas paredes e comecei a refletir sobre todas as
coisas que estavam acontecendo em minha vida. Queria tanto poder falar para minha mãe sobre
meu interesse por Landon e ouvir seus conselhos, mas então eu lembrava que ela utilizaria toda
a sua psicologia comigo e isso me refreava. Não que eu não acreditasse em suas teorias, pois já
tinha visto os resultados, eu só não acreditava que elas pudessem funcionar com um cara tipo o
Landon. Ele estava focado em terminar a universidade, levando as garotas apenas como
diversão e não sabia se ela concordaria com isso. Por mais liberal que mamãe fosse, quando se
tratava dos filhos as coisas eram diferentes.
Enquanto a água acariciava a minha pele, tentei deixar todas as preocupações de lado e
fiquei ali por quase uma hora.
Quando, por fim, saí do banheiro enrolada em um roupão, estava na dúvida entre pedir
alguma coisa para comer, ou chamar Maddy para ir jantar em algum lugar, mas meus
pensamentos foram interrompidos com o som do meu celular tocando.
Senti um friozinho gostoso na barriga quando li o nome de Landon na tela.
— Alô.
— Segundo a teoria da minha hater preferida, você só tem mais dois dias da minha
companhia, então queria te convidar para jantar — disse em tom de brincadeira e acabei
sorrindo.
— Eu acho meio cruel dar comida para uma garota e dispensar ela depois — brinquei.
— Concordo, mas pelo menos essa garota vai sofrer por mim de estômago cheio —
declarou com uma voz divertida.
— Você é tão presunçoso — zombei.
— Que horas passo para te buscar?
— Daqui a uns quarenta minutos — respondi sem titubear.
— Perfeito. Até daqui a pouco — ele disse e desligou.
Soltei uma respiração pesada, sorri e me joguei na cama.
Eu não sabia explicar o quanto gostava desse jeito direto, sem jogos ou mensagens com
meias palavras. Landon estava me surpreendendo em vários sentidos e cada vez mais eu torcia
para que Beatrice estivesse errada.
Eva Stone

Eu mal tinha desligado o telefone e já estava arrependida por ter falado que estaria
pronta em quarenta minutos, uma vez que não tinha ideia do que usar.
Teria que pedir ajuda a Maddy.
— Vai de preto que não tem erro — ela sugeriu minutos depois, enquanto passava os
dedos pelas araras de roupas do meu closet.
— Eu usei preto em todas as vezes que nos encontramos, queria usar uma cor diferente
hoje.
— Que tal esse vestido vinho? — disse e levantou o cabide para que eu pudesse analisar.
— Muito sério — falei e caminhei pelo closet.
Maddy me seguiu feito uma sombra e depois me encarou com uma sobrancelha
arqueada.
— Você vai transar com ele hoje?
Ela falava de sexo com tanta naturalidade que eu nem me espantava mais.
— Mas é claro que não, só vamos jantar — expliquei.
— Então vá de calça e dificulte ainda mais as coisas — sugeriu.
Sinceramente, eu não achava que aquilo fosse intimidar as mãos habilidosas do senhor
McFarland, mas gostei da ideia.
Coloquei uma calça skinny preta, uma regata de seda branca e um casaco de caxemira
caramelo, nos pés, uma bota preta de cano curto.
— Agora sim, linda e casual — Maddy elogiou, colocando uma mecha do meu cabelo
para trás da orelha.
Sorri para ela, terminei de me arrumar e desci.
Aproveitei que Landon não tinha chegado e fui até a sala de segurança para falar com
Sanders.
— Podemos conversar? — perguntei e ele fez um gesto com a mão indicando que os
dois agentes que monitoravam as telas de segurança saíssem da sala.
— Pode falar — disse, apontando uma cadeira ao seu lado, mas neguei com a cabeça e
continuei em pé.
— Queria saber se meus pais já sabem sobre o meu envolvimento com o Landon, pois
até agora não recebi nenhuma ligação.
— Eva, você sabe que eu sou a favor de que você viva como uma jovem normal, tento
não fazer interferências na sua rotina, mas eu assinei um contrato e preciso cumprir algumas
ordens — explicou.
Essa parte era complicada, mas eu tinha que entender que, por mais apreço que eu e
Sanders tivéssemos um pelo outro, ele era funcionário do meu pai e precisava reportar tudo que
acontecia em minha vida.
— Tudo bem, eu entendo.
— Ótimo, porque seu pai já está por dentro de tudo e se sua mãe não apareceu aqui
ainda, é porque o senhor Osborne está filtrando as informações que chegam até ela — gracejou
e nós dois sorrimos.
Desde criança, por mais valiosos que fossem os conselhos de minha mãe, sempre
preferia abrir o jogo com o meu pai. Ele levava a vida de um jeito mais tranquilo, seus castigos
e broncas eram sempre mais leves e eu me acostumei a correr para os seus braços a qualquer
sinal de problema.
— Obrigada por isso.
— Não precisa agradecer. Agora é melhor você ir, seu bonitão acabou de chegar — disse
e apontou para a imagem do carro de Landon na tela.
— Bonito e corajoso — brinquei e ele concordou.
O estilo de vida da minha família era diferente e isso poderia dificultar minha vida
amorosa, mas Landon parecia não se incomodar com isso.
Saí da sala de segurança e segui até a sala onde peguei minha bolsa e vesti o casaco
quentinho.
Caminhei para fora de casa, encolhendo-me para tentar me proteger do vento, e sorri ao
vê-lo parado do lado de fora do carro, parecendo imune a baixa temperatura que parecia
penetrar os ossos.
Parei a sua frente, sem saber como agir, mas fui surpreendida com um beijo daqueles.
Tinha a sensação de que ele sempre estava um passo adiante. Eu não precisava gastar energia
pensando no assunto para iniciar uma conversa ou preencher lacunas de silêncios
desconfortáveis.
Landon, definitivamente, tinha muitas qualidades, suas atitudes me lembravam um
pouco do jeito como meu pai tratava a minha mãe, que nunca precisou se preocupar com nada
além de ser a mulher amada por ele.
“Acho meio cedo para fazer essas comparações”, a voz dela alertou e acabei descolando
minha boca da dele.
Landon abriu a porta do carro para mim e me senti aliviada pelo ar quente estar ligado.
— Aonde vamos? — perguntei enquanto afivelava o cinto de segurança.
— Você já vai descobrir — falou, ligando o carro e se afastando da minha casa.
Ele dirigiu por alguns minutos e nesse período eu falei um pouco sobre o meu curso e
minhas ambições para os próximos anos.
Ainda não sabia se continuaria em Londres, se voltaria para Nova York, ou se viajaria o
mundo para conhecer lugares históricos. Havia um leque de opções e eu iria analisar todas elas
com muita serenidade
— Chegamos — ele disse depois de estacionar em frente a um prédio de quatro andares.
— Posso saber quem mora aqui? — questionei.
— Eu — respondeu simplesmente e abriu a porta do carro.
Sem esperar por ele, fiz o mesmo e saltei para fora.
Landon abriu a porta de vidro pra mim, e depois que Sanders e outros seguranças
entraram, apontou para as escadas no canto direito.
— Moro no segundo andar, mas não tem elevador — avisou.
— Sem problemas — falei e subi ao seu lado.
A cada passo, minha curiosidade por estar prestes a desvendar mais um pedacinho da
vida de Landon aumentava.
Ao chegar em seu andar, ele parou e perguntou:
— Vocês vão precisar checar o apartamento?
— Não — respondeu Sanders —, apenas deixe a porta destrancada.
Ele assentiu e assim que abriu a porta eu me deparei com um apartamento espaçoso, o
que era comum nas construções mais antigas da cidade. A decoração, simples e bonita,
mostrava muita coisa sobre sua personalidade, principalmente a respeito da organização. Não
havia nada fora do lugar.
A sala tinha um sofá de linho verde escuro com almofadas milimetricamente alinhadas.
As mesas de apoio eram de madeira escura, mas o que me deixou mais encantada foi uma
estante que cobria quase que uma parede inteira e estava cheia de livros.
A cozinha, mesmo compacta, também estava impecável, com os utensílios
estrategicamente organizados, o que dava paz de espírito só de olhar.
— Seu apartamento é lindo, tem muita personalidade — elogiei, tirando o meu casaco.
— Obrigado, ele era dos meus avós e por causa da universidade acabamos nos mudando
para cá — explicou enquanto colocava o casaco em um cabideiro ao lado da porta. — Eu fiz
algumas reformas, deixei um pouco mais moderno, acho que ficou bom.
Meneei a cabeça positivamente e me sentei em uma banqueta alta que ficava em frente
ao balcão de mármore que separava a sala da cozinha.
— Vinho? — ele perguntou depois de pegar duas taças em um dos armários.
— Sim — respondi e olhei para a mesa de jantar.
Havia dois lugares postos, porém, sem flores ou velas, apenas os pratos e os talheres em
cima de jogos americanos de tecido e guardanapos de linho posicionados em cima da louça.
— Beatrice não está? — questionei após experimentar o vinho.
— Foi dormir na casa de uma amiga — respondeu enquanto ligava o fogão.
Só então notei que havia potes em cima da pia com o que pareciam temperos picados.
— Quer dizer que o castigo acabou?
— Por mim, ela ficaria de castigo até os trinta, mas depois de algumas conversas eu
decidi amenizar o lado dela. Beatrice passou por muita coisa nos últimos anos — explicou.
— Ela é uma boa garota, sem contar que não é fácil ter dezoito anos — comentei.
— Você só tem um ano a mais que ela e parece tão mais madura.
Eu não queria falar que minha personalidade tinha sido moldada dentro de protocolos de
comportamentos obrigatórios e que, talvez, se eu tivesse sido criada fora dessa bolha de
segurança, minhas atitudes poderiam ser diferentes.
— Eu não me acho tão madura assim, só não posso fazer determinadas coisas e isso
meio que coloca alguns limites na minha vida — admiti.
Landon assentiu e começou a falar sobre a comida que estava preparando. Aos poucos, o
aroma dos temperos foram preenchendo a cozinha e fiquei impressionada com sua habilidade
em manusear as panelas.
No dia em que o vi pela primeira vez, com aquela atitude marrenta, usando uma roupa
jovial e descolada, eu jamais poderia imaginar que Landon já trabalhasse em uma firma de
investimentos e cuidasse da irmã mais nova.
Foi ótimo descobrir que, além de bonito, ele era estudioso, trabalhador, organizado e
ainda sabia cozinhar. As qualidades só aumentavam e por esse motivo eu me peguei pensando
que as garotas que já tinham se sentado no mesmo lugar que eu e tirado as mesmas conclusões
diante do que ele demonstrava, deviam ser loucas por ele.
— O que foi, Eva? — questionou ao me ver pensativa.
Não fale nada, não estrague tudo com as suas suposições.
— Nada — respondi e ele estreitou os olhos, mas concordou.
Não tinha como falar que eu estava desconfiada de que toda a universidade já tinha
passado por aquele apartamento e o fato de Beatrice não estar em casa reforçava ainda mais as
minhas suspeitas.
Enquanto conversávamos sobre nossos cursos, Landon finalizou o jantar e eu ajudei a
colocar a comida nas travessas e levá-las para a mesa.
— Nossa, isso está incrível — elogiei depois de dar a primeira garfada.
— É uma receita da minha avó — confidenciou.
— Isso deveria estar no menu de algum restaurante estrelado — comentei.
— E esteve, ela foi chef de cozinha em Londres, mas acho que nunca revelou seus
segredos, pois as receitas dela sempre ficaram melhores do que as minhas.
— Se eu cozinhasse bem desse jeito, também não iria revelar nenhum segredo —
brinquei.
A comida estava deliciosa, o vinho combinava perfeitamente e a conversa fluía de um
jeito inexplicável, resumindo, a noite estava perfeita.
Quando finalizamos, eu o ajudei a retirar a mesa e colocar os pratos na lava louça; feito
isso, pegamos nossas taças e fomos para a sala.
Estávamos sentados lado a lado, o braço dele descansando no encosto do sofá que ficava
atrás da minha cabeça e seu cheiro delicioso e másculo provocava os meus sentidos.
Em certo momento da conversa, ele pegou minha taça e deixou em cima da mesa de
centro, depois deslizou o polegar pelo meu rosto e me beijou.
Quando seus lábios encontraram os meus, foi avassalador como na primeira vez. Esta
percepção foi se intensificando quando uma mão subiu por dentro da minha blusa e
permaneceu sobre a minha cintura em uma carícia deliciosa, fazendo arrepios de prazer se
espalharem pelo meu corpo, como se toda a minha existência estivesse concentrada naquele
beijo e nas sensações que isso provocava entre as minhas pernas.
Sentia como se estivesse flutuando em uma nuvem de lascívia e felicidade. Tudo ao
redor tinha desaparecido, havia apenas nossas bocas se devorando, eu me entregando
completamente e sentindo minhas defesas enfraquecendo diante de tudo o que seu toque
despertava dentro de mim.
Era como se todas as palavras não ditas fossem transmitidas através daquele beijo, num
idioma único e especial que só nós dois compreendíamos.
Para piorar, sua mão sorrateira subiu um pouco mais até que, subitamente, a senti
massageando um de meus seios por cima do sutiã.
Gemi entre seus lábios quando ele colocou um pouco mais de pressão e o tecido
comprimiu o bico endurecido. A cada toque uma chama ardente percorria meu corpo, me
envolvendo em uma dança íntima e cheia de paixão.
Suas mãos deslizaram suavemente pelas laterais do meu corpo, despertando sensações
arrebatadoras por onde passavam, e foi como se a sala estivesse carregada de uma eletricidade
diferente, uma luxúria potente capaz de me fazer perder a cabeça a qualquer momento.
Só então me dei conta do quanto o apartamento estava quente, do meu coração acelerado
e da minha respiração entrecortada, era como se eu tivesse acabado de fazer o circuito do
Central Park Loop a toda velocidade.
— Landon… — falei quase sem forças quando ele traçou minha mandíbula com os
lábios.
— Você quer que eu pare? — inquiriu com a voz rouca e desceu beijos pelo meu
pescoço.
— Não quero, mas não confio em mim com sua boca fazendo essas coisas — admiti e
ele sorriu contra a curvatura do meu ombro. — Você deve estar me achando uma chata cheia de
frescura.
Ele ergueu a cabeça e me encarou com seus olhos esverdeados.
— Eu sei que você quer, Eva, e você sabe o quanto eu quero, mas só vai acontecer
quando você permitir.
Sorri e voltei a beijá-lo, pois era exatamente o tipo de coisa que eu queria escutar.
— Obrigada, isso é importante para mim — declarei.
— Eu sei — ele garantiu e voltou a me beijar.
Dessa vez foi mais calmo, mas nem por isso despertou menos sensações. Era só encostar
a boca na dele que meu corpo ficava quente, os seios pesados e a boceta completamente
melada.
Estávamos apenas no nosso terceiro encontro e meu desejo por Landon tinha se tornado
insuportável. Perguntei-me quanto tempo demoraria para que eu cedesse e me entregasse
completamente a ele.
Landon McFarland

— Porra, Gordon, a garota é virgem! — falei assim que vi o infeliz, que me esperava
onde havíamos combinado.
— Eu já desconfiava disso, por isso pedi que a seduzisse.
Maldita a hora em que aceitei fazer parte daquela loucura.
— Olha, eu sei que você teve problemas com ela, mas… — argumentei.
— Aquela vadia fez eu virar chacota na universidade inteira e tem que pagar por isso na
mesma moeda! — vociferou, descontrolado.
— Só que ela não é como as outras garotas, não vai ceder fácil, e eu não tenho mais
tempo ou estômago para isso — declarei, pois não estava mais disposto a continuar com aquilo.
— Landon, nós já tivemos essa conversa antes, você pode contratar o melhor advogado
do mundo, mas os idiotas que quase abusaram da sua irmã só vão para a prisão se meu pai usar
sua influência com o juiz do caso — falou em tom calmo. — Além do mais, não é como se
você fosse algum santo. Apenas faça o que tem que fazer e quando tudo isso acabar, aqueles
caras estarão condenados e os seus bolsos, cheios.
— Eu gosto de ganhar dinheiro fazendo negócios, não enganando garotas inocentes —
pontuei, andando feito uma barata tonta na frente dele.
— Eva Stone não é inocente! — esbravejou, demonstrando todo o ódio que sentia. —
Olha, quanto antes você fazer o que me prometeu, antes vamos chegar à conclusão desse jogo,
que é humilhá-la publicamente para toda Oxford ver.
Balancei a cabeça e voltei a andar. Aquilo não era certo, por outro lado, eu já estava
inserido demais para achar que sairia ileso daquela história. O melhor era fazer o que foi
combinado e aguentar as consequências, afinal, não era como se eu fosse perder a amizade dela
ou algo assim. Se não fosse pelo que aconteceu com Beatrice, nossos mundos sequer teriam se
cruzado e era a isso que eu precisava me apegar.
— Ok, mas é a primeira e última vez que eu faço esse tipo de coisa; se tiver algum
problema com a Família Stone, não vou ficar calado e você terá que se resolver com eles
sozinho — decretei e me dirigi ao estacionamento.
Assim que entrei no carro, recebi uma ligação de Eva e precisei respirar fundo antes de
atender para que ela não percebesse meu estado de espírito.
— Alô — falei no tom mais calmo que consegui.
— Liguei para te fazer um convite — ela disse com uma voz animada.
— Um convite?
— Sim, eu não cozinho tão bem quanto você, mas gostaria de saber se quer vir jantar
aqui em casa hoje.
A última coisa que eu queria era sair para me encontrar com Eva, mas Gordon estava
certo, eu precisava concluir aquela tarefa e a cada encontro a distância entre ela e a minha cama
ficaria menor, então eu precisava ter foco.
— Quero sim e faço questão de levar o vinho — respondi.
— Perfeito, te espero às 20h.
— Combinado — falei e finalizamos.
Dirigi diretamente para casa e durante o percurso analisei friamente a confusão em que
eu havia me metido. Quando aceitei a sugestão de Devon para ir falar com o babaca do Gordon,
jamais imaginaria que o meu pedido de justiça pela minha irmã seria atrelado a um plano de
vingança contra Eva. Não que eu me importasse com os sentimentos dela, mas odiava ter que
me sujeitar àquele tipo de coisa para ver aqueles quatro monstros na cadeia.
Quando entrei no apartamento, encontrei Beatrice olhando fixamente para mim.
— O que foi? — questionei.
— Achei que estivesse saindo com a Eva — ela disse em tom acusador.
— E estou — falei e deixei as chaves no aparador.
— Então por que tem uma garota seminua na sua cama?
Fechei os olhos e soltei um palavrão baixinho.
— Toma isso aqui e vai dar uma volta enquanto eu resolvo o problema que está no meu
quarto — falei e lhe ofereci uma nota de cinquenta libras.
Beatrice fechou a cara e simplesmente passou por mim.
Se tinha uma coisa que minha irmã gostava mais do que infernizar a minha vida, era
ganhar dinheiro, então, para ela ter recusado, era porque Eva tinha ganhado algum espaço
dentro de seu coração.
Esse era mais um dos motivos para que eu me afastasse. Não queria que Beatrice ficasse
deslumbrada com o mundo da senhorita Stone, sendo assim, era meu dever dar um xeque-mate
naquele jogo.

+++
Eva Stone

— As coisas entre vocês parecem estar ficando sérias — Maddy disse enquanto eu
preparava a mesa.
Eu tinha feito peixe com legumes no forno, pois era a única coisa fácil e gostosa que eu
dava conta de fazer. Quando tive a ideia do jantar, pensei em contratar um chef para fazer a
comida, mas depois pensei melhor e decidi cozinhar.
— Ele é incrível, a única coisa que me preocupa é que ele está no último ano, e eu, no
primeiro.
— É impressão minha ou você já está fazendo planos a longo prazo? — ela questionou.
— Eu gosto de pensar que as pessoas não são descartáveis e que vão permanecer na
minha vida, principalmente um cara como ele — declarei.
— Eva, eu sei que ele é o primeiro cara de quem você gosta de verdade, mas acho que
deveria dar uma segurada na emoção — alertou.
— Você está sabendo de alguma coisa que eu não sei? — questionei.
— Claro que não, se soubesse iria te contar na mesma hora, no entanto, ele não tem essa
fama de desapegado à toa — concluiu, me deixando pensativa.
— Talvez você tenha razão e eu realmente precise colocar o pé no freio, mas toda vez
que coloco os olhos nele, meu lado racional entra em curto-circuito — admiti.
— Amiga, você só tem dezenove anos, ainda vai conhecer muitos caras que vão dar pane
no seu sistema — falou e sorrimos cumplices. — Bom, vou dormir na casa de um gato, não
espere por mim — avisou, pegando as chaves do seu carro e me abraçando antes de sair.
Eu não quis falar nada para não estender o assunto, mas depois que Maddy foi embora
eu me peguei pensando e quase acreditei que toda aquela paixão que eu estava sentindo era
algo tão incomum, que eu duvidava que fosse acontecer na mesma intensidade.
Contudo, só o tempo iria dizer se Landon era mesmo um cara legal, ou se eu estava
entrando em uma grande cilada.
Landon McFarland

A casa de Eva Stone era exatamente como eu imaginei, grande e luxuosa, o que provava
que ela era uma garota que tinha tudo na vida, que, diferente dos simples mortais, nunca
precisou batalhar por nada.
Era esse tipo de coisa que me fazia ter aversão a me relacionar com garotas como ela,
Eva jamais entenderia a profundidade dos problemas das pessoas comuns, até seu modo de
pensar era diferente, o que inviabilizava um relacionamento a longo prazo com quem não fosse
da mesma estirpe.
— Você está linda — elogiei quando ela abriu a porta.
— Obrigada, você também — respondeu e pegou o vinho da minha mão.
Após me convidar para entrar, Eva me guiou até a cozinha. O cheiro da comida estava
ótimo, mas pude ver que ela parecia feliz e bem nervosa.
Aquilo me deu um estalo: ela estava apaixonada. Pena que eu não sentia o mesmo e não
poderia corresponder. Depois que a levasse para a cama, ela seria apenas mais uma na minha
lista de conquistas.
Delicadamente, Eva serviu duas taças do vinho que levei e voltamos para a sala de estar,
com ela detalhando suas aventuras na cozinha.
Precisaria admitir que ela era bem menos entediante do que eu imaginei, era muito
inteligente também e, obviamente, linda, entretanto, seu mundo era oposto ao meu, o que
apenas provava que eu estava certo: mesmo que um dia eu me apaixonasse por ela, um
relacionamento de verdade seria impossível.
Por isso eu tinha que cumprir a minha parte do acordo e cair fora.
— E como estão as coisas com a Beatrice, eu nunca mais a encontrei.
— Ela está estudando bastante para as provas, deve ser por isso — justifiquei.
Na verdade, Beatrice estava desconfiada que meu lance com a Eva não iria durar, por
isso resolveu se afastar, o que foi ótimo para mim.
Ela continuou falando e falando, e nesse tempo todo eu observava seu rosto bonito, meio
que entendendo a fascinação dos caras e das garotas da universidade. Sempre que a via pelos
corredores de Oxford, eu flagrava olhares de cobiça, desejo e inveja. Os caras queriam levá-la
para a cama, enquanto as garotas sonhavam em ser ela.
Eva era amada e odiada na mesma proporção.
Bebemos uma garrafa inteira de vinho e depois jantamos em um clima gostoso, e por
mais que eu quisesse negar, ela era uma companhia muito melhor do que eu julgava.
Após a refeição nós voltamos para a sala e as coisas saíram um pouco de controle, Eva
derretia em meus braços, mas toda vez que a coisa ficava quente demais ela me afastava para se
recompor.
Se eu forçasse um pouquinho mais, tinha certeza de que ela cederia, mas eu não faria
isso. Mesmo que a intenção fosse levá-la para a cama, a iniciativa precisava partir dela. Essa
foi a forma que encontrei de me sentir menos canalha por estar compactuando com o projeto de
Gordon.
Quando saí da casa da Eva, segui direto para o pub onde tinha combinado de me
encontrar com ele, que queria me passar algumas informações sobre o caso de Beatrice.
— E aí, como foi o jantar na casa da vadia Stone? — Gordon zombou.
Eu não gostava dos adjetivos que ele usava para se referir a ela, mas não entraria em
uma briga para a defender, ela não era a minha garota.
— Foi tranquilo — respondi e pedi uma cerveja ao garçom.
— Falta muito pra conseguir foder ela? — continuou.
Eu nunca me importei de falar sobre sexo com qualquer pessoa, todas as nossas
conquistas eram sempre assunto na minha roda de amigos, então por que aquelas perguntas
estavam me deixando tão desconfortável?
Talvez porque Gordon não era meu amigo, foi a desculpa que dei.
— Você vai saber quando acontecer! — respondi simplesmente.
— Contando os dias para espalhar para a universidade inteira que aquela vadia perdeu o
selo real e foi abandonada — ele disse e soltou uma gargalhada.
Continuei olhando para o rótulo da cerveja, enquanto ele se pavoneava, só voltei a fitá-lo
quando finalmente começou a falar que seu pai já estava em contato com o juiz e que, em
breve, teríamos novidades.
Gordon continuou falando, mas eu não lhe dei mais ouvidos, terminei a minha cerveja,
despedi-me dele e segui para casa.
Quando entrei no apartamento, encontrei Beatrice estudando na sala; ela já estava com
seu pijama cor de rosa com caveiras brancas.
Uma estampa nunca combinou tanto com a personalidade de alguém.
— Estava com a Eva? — inquiriu, ainda com o olhar fixo no caderno.
— Uhum — confirmei e caminhei até a sala.
Sentei-me na ponta do sofá e a encarei.
— O que foi agora? — questionei.
— Se não gosta dela, por que continua iludindo a garota?
Por você, Beatrice. Tudo isso é pra fazer justiça pra você!
— Ela e só mais uma garota com quem estou me envolvendo e que vai virar história, não
entendo toda essa preocupação — rebati.
— Foi ela quem evitou que o pior acontecesse… Achei que você pudesse poupá-la por
causa desse detalhe — declarou, irritada, e fechou o caderno.
— Serei eternamente grato pelo que a Eva fez, mas nem por isso eu vou passar vontade,
ou pior, me casar e viver o resto da vida com ela — falei em tom de brincadeira para amenizar
as coisas.
Bea não respondeu, apenas me encarou com seus olhos julgadores por alguns segundos,
pegou seus cadernos e livros, e foi para o quarto.
Assim que a porta bateu, eu lancei um olhar para o sofá, para o lugar onde estive com ela
no dia do nosso jantar e recordei dos momentos quentes que passamos juntos.
No fundo, o que mais me incomodava era que para fazer justiça em nome da minha irmã,
eu teria que magoar uma das pessoas por quem Beatrice tinha começado a sentir afeição.
Ela dificilmente gostava de alguém, mas quando gostava era para sempre, e se
descobrisse o que eu estava fazendo, não iria me perdoar

+++
Eva Stone

A manhã de sexta-feira passou voando e quando o horário do almoço chegou, fui me


encontrar com as minhas amigas.
Cheguei ao restaurante que era frequentado pela grande maioria dos universitários e
avistei Nath e Gwen conversando, enquanto Maddy mexia no celular. Ela deveria estar me
odiando por ter passado dez minutos na companhia de Natalie sem me ter por perto.
— Oi, meninas, desculpem o atraso — falei ao me acomodar à mesa.
— Tudo bem, a gente acabou de chegar — Nath respondeu.
Fizemos nossos pedidos e Gwen começou a falar de um garoto com quem estava
ficando.
— E você, Nath, está saindo com alguém? — questionei.
— A palavra certa seria transando com alguém. O cara com quem eu fico não assume
ninguém, acho que nunca o vi beijando uma garota em público — confidenciou.
— Nossa, que horror, deveria usar as táticas do livro da mãe de Eva com ele — Gwen
sugeriu e nós rimos.
— Acho que nem as dicas da Deusa do Amor funcionariam com esse cara, mas ele me
faz gozar e, por enquanto, é o que importa — comentou e gargalhamos.
— E a gente pode saber quem é esse garanhão? — Maddy questionou com um tom
quase irônico, aquele que só eu conseguia perceber.
Assim que Nath abriu a boca para responder, algo chamou minha atenção, e ao olhar
para cima, vi Landon se aproximando da nossa mesa. Instintivamente eu me levantei e sorri.
Quando ele parou ao meu lado, eu tomei a iniciativa e lhe dei um selinho nos lábios.
— Oi, Devon — cumprimentei o amigo dele e voltei a encarar Landon. — Querem se
juntar a nós? — sugeri e eles concordaram.
Mudei de lugar para que Landon se sentasse ao meu lado, mas quando olhei para frente
percebi que Natalie não estava mais à mesa.
— Cadê a Nath? — questionei a Gwen.
— Ela teve que ir e eu também vou precisar sair, até mais, pessoal — disse e foi embora.
Maddy ficou encarando Landon de um jeito esquisito, mas eu ignorei, nos últimos dias
ela andava implicando bastante com tudo que eu falava a respeito dele.
Minutos depois, ela também pediu licença e foi embora, então terminei meu almoço com
ele e Devon, que parecia ser um cara muito legal.
Assim que saímos do restaurante, Landon me deixou em casa, mas não pode entrar, pois
teria uma reunião na firma em que trabalhava.
Trocamos um beijo apaixonado e depois ele prometeu que me ligaria mais tarde.
Enquanto atravessava meu jardim em direção a porta de entrada, pensei comigo mesma
que nunca tinha me sentido tão feliz antes.
Eva Stone

— E a Bea? — questionei ao passar pela porta do apartamento de Landon.


Como não pudemos ficar mais tempo juntos na noite anterior, ele me convidou para
passar o sábado em sua casa.
— Deve estar na aula de dança.
— Ela dança?
— Sim, desde os dois anos, acho que é única coisa que ela faz sem arrumar briga —
comentou, depois pegou a minha mão e me levou até o sofá, sentando-se ao seu lado.
Enquanto ele pegava o controle da tv, eu fiquei admirando o perfil de seu rosto. Cada
traço parecia ter sido desenhado, não tinha um ângulo ou côncavo fora do lugar.
— O que foi? — perguntou depois de sintonizar em um aplicativo de música.
— Eu sei que alguém já deve ter falado isso, mas você é impressionantemente bonito —
admiti.
Landon ficou me encarando com um semblante misterioso.
— Você também é linda — devolveu.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, meu cenho franziu ao escutar a música Take
My Breath Away preencher a sala. Ele diminuiu um pouco o som e eu o fitei.
— E depois meu chocolate que é horrível — brinquei.
— Com o tempo você vai se acostumar com o meu gosto peculiar para músicas —
apontou e senti um frio na barriga.
Será que ele queria dizer que passaríamos muito tempo juntos? Que ele estar se
formando em poucos meses não seria motivo para uma separação?
Nessas horas eu gostaria de ter a experiência da minha mãe para conseguir ler nas
entrelinhas.
— Gosto peculiar? — zombei.
— As músicas dessa época realmente tocavam o coração das pessoas, não e como essas
baboseiras que ganham o Grammy atualmente.
— Espero que no meio disso que você diz serem baboseiras não esteja o nome da Taylor
Swift — falei séria.
— Bom, eu sou obrigado a escutar diariamente, mas ainda não sei o que vocês viram
nessa menina.
Lembrei-me da camiseta que Bea estava usando no dia da fatídica festa e a conversa fez
sentido.
— A Taylor é incrível! Ano que vem ela vai fazer uma turnê eu já estou me preparando
para ir.
Ele balançou a cabeça como quem estava achando aquilo muito fora da sua realidade. E
devia ser mesmo para alguém que, tão novo, havia se tornado o provedor da casa.
— Tudo bem, eu acredito em você. Agora vem cá — disse, puxando-me para o seu colo
e me beijando.
Sempre que nossas bocas se tocavam, eu sentia uma deliciosa onda passeando pelo meu
corpo. Seus beijos, juntamente com a carícia de suas mãos, iam despertando desejo em lugares
que antes me eram desconhecidos.
Landon parecia ter um mapa do meu corpo, pois sabia exatamente onde tocar para me
deixar completamente entregue.
Ao sentir sua mão entrando por dentro da minha blusa, eu soube o caminho que ele iria
fazer e me forcei a relaxar no afã de sentir seus dedos deslizando e arrepiando cada centímetro
de pele tocavam.
Senti sua ereção pressionando a braguilha de sua calça e soltei um gemido de satisfação,
feliz por saber que Landon também me desejava, embora ainda não sentisse uma real vontade
de me entregar a ele.
Por mais atraída que eu me sentisse, as vozes da razão – principalmente a da minha mãe
–, me alertavam sobre a possibilidade de me entregar a alguém que me descartaria sem nenhum
remorso quando conseguisse o que queria.
Eu estava apegada demais a ele, para aceitar que isso tudo acabasse tão repentinamente,
por isso me afastei com intuito de baixar a temperatura dos nossos corpos.
— Mais uma vez, não vou me desculpar por isso — ele falou ao ver o estado em que nos
encontrávamos.
— Não precisa, mas eu queria uma água, ficou quente aqui — brinquei e ele me ofereceu
um sorriso fraco antes de se levantar e ir até a cozinha.
Fechei os olhos e respirei fundo para me recompor. Não sabia se era a melodia sofrida
das músicas dos anos 1990, a presença poderosa dele que parecia tomar conta de tudo ou
resquícios daqueles beijos ardentes, mas eu sentia uma espécie de energia vital percorrendo o
meu ventre e todo aquele clima de romance me deixava ainda mais envolvida.
— Aqui está a sua água — disse, pegando-me de surpresa.
Bebi o líquido em pequenos goles, os olhos fixos nos dele.
— Bom, acho melhor eu ir — falei, deixando o copo em cima da mesa de centro.
— Você acabou de chegar — rebateu.
— Eu sei, Landon, mas toda vez que você me beija as coisas saem de controle — falei e
mordisquei meu lábio inferior. — Eu ainda não estou preparada para ir além, então…
Minhas palavras se perderam, pois aquele era um assunto delicado.
Ele se aproximou e me puxou pela cintura.
— Por mais linda e gostosa que você seja — começou, deslizando o polegar pelo meu
rosto —, eu prometo que vou respeitar o seu tempo — falou e voltou a me beijar.
Foi só sentir sua boca na minha, seu cheiro incomparável, o toque das mãos em minhas
costas para eu virar gelatina em seus braços outra vez.
Após um longo beijo, nós voltamos para o sofá e Landon me falou um pouco sobre sua
vida, mas não a dele especificamente. Tive a impressão de que ele sempre jogava o foco da
conversa em Bea e desviava de perguntas referentes a si próprio.
Ele já tinha dado indícios de que não tivera uma boa relação com o pai e do nada surgiu
a ideia de pedir ao Sanders que descobrisse o motivo.
Seria um ato, no mínimo, censurável da minha parte, mas eu sentia que só conseguiria
me entregar por inteiro se soubesse o que ele não tinha a intenção de compartilhar.

+++

No dia seguinte, eu estava fazendo alguns trabalhos no escritório que ficava na parte
térrea da casa, quando escutei uma batida na porta.
— Queria falar comigo? — Sanders perguntou.
Concordei e apontei para a cadeira a minha frente.
— Eu sei que você já investigou a vida de Landon e aparentemente não encontrou nada,
mas eu gostaria de uma investigação mais minuciosa — declarei.
— O que quer saber? — ele questionou.
— Tudo, desde a roupa que ele usou pra sair da maternidade, até a última garota que ele
iludiu na universidade.
Sanders deu um sorriso de canto e assentiu.
— Vou providenciar e apresento o dossiê assim que meus agentes concluírem a
investigação.
— Perfeito.
Ele se despediu e saiu do escritório.
Sabia que aquela investigação poderia ser um jato de água fria no fogo da paixão que eu
estava sentindo, mas era melhor descobrir tudo de uma vez do que ficar fazendo suposições e
me iludindo com alguém que talvez não estivesse na mesma sintonia que eu.
Eva Stone

— Acho que você está apaixonada por ele — Maddy disse enquanto eu olhava para
Landon e Beatrice discutindo no gramado em frente a Magdalen College[2].
Nós tínhamos acabado de sair da secretaria e paramos para ver o que estava
acontecendo.
Landon se mostrava impassível como sempre, enquanto Beatrice falava e gesticulava.
— Acho que estou, sim, mas pedi uma investigação minuciosa para o Sanders — admiti.
— Uau, agora sim você está honrando o sobrenome Stone, achei que fosse cair na
ladainha dele sem pedir um dossiê sequer.
A implicância da Maddy com o Landon estava cada vez maior e isso me deixava em
alerta. Ela sempre quis que eu me envolvesse com alguém, que curtisse os anos de glória da
universidade, mas demonstrava que não tinha gostado da minha escolha.
Eu queria entender aquilo com uma implicância por ele não ser do mesmo círculo social
que o nosso, mas, lá no fundo, sua antipatia me intrigava e preferi esperar por respostas que
somente a investigação de Sanders poderia me dar.
— Estou torcendo para que não encontrem nada de relevante.
— O que seria algo relevante? — Maddy questionou.
Pensei no tipo de coisas que eu não perdoaria em um homem e a encarei.
— Se soubesse que é um simples deflorador de virgens, ou que abandonou um filho a
própria sorte para ser criado pela mãe, sei lá, esse tipo de coisa.
— Não acho que ele tenha um filho por aí, mas sobre ser um deflorador de virgens… —
Ela deixou no ar e aquilo me incomodou profundamente.
— De qualquer forma, vou esperar a investigação ficar pronta.
Ela assentiu, mas então apontou o queixo para onde a discussão estava acontecendo e vi
Beatrice se afastando dele, ao mesmo tempo em que Nath e Gwen se aproximavam. Contudo,
poucos segundos depois Gwen se despediu e Natalie e Landon caminharam juntos para dentro
do prédio.
— Estou desconfiada de que ele e a Nath têm alguma coisa, ela ficou toda estranha
naquele dia do almoço — minha amiga relembrou.
Sinceramente, eu não tinha feito nenhuma conexão com a chegada de Landon à mesa e o
desaparecimento repentino de Natalie, mas sua fala colocou uma pulga atrás da minha orelha.
— Seria muito desespero da minha parte segui-los para ver o que está acontecendo?
— Mas é claro que não, corre lá — ela incentivou.
Engoli em seco e suspirei profundamente para criar coragem.
Como Maddy tinha que ir para a próxima aula, nós nos despedimos e segui na mesma
direção que eles tinham tomado.
Avistei-os subindo um lance de escadas e continuei em frente, tomando cuidado para que
eles não me vissem. Após atravessarem um longo corredor, eles entraram em uma porta e meu
coração se apertou no peito.
Eu não queria acreditar que Maddy estivesse certa e eles realmente pudessem ter alguma
coisa, mas a única forma de comprovar era indo atrás.
Apressei meus passos e respirei fundo quando parei em frente a porta.
Os segundos que antecederam sua abertura pareceram séculos, de tão tensa que eu
estava. Sabia que jamais perdoaria um homem que estivesse ficando com a minha amiga e
comigo ao mesmo tempo e só de pensar que isso pudesse estar acontecendo me dava vontade
de chorar. Minhas entranhas se reviravam só por imaginar que ele pudesse ser esse tipo de cara.
Deixando aqueles pensamentos conflitantes darem curto-circuito dentro da minha
cabeça, eu girei a maçaneta e entrei, mas fiquei paralisada ao me deparar com Landon
debruçado sobre uma mesa, assinando alguma coisa, enquanto alguns colegas da Nath
empilhavam caixas no canto da sala.
— Eva? — ela disse ao me ver parada à porta.
Na mesma hora Landon se virou e eu fiquei sem reação.
Pense rápido!
— Ah, oi — cumprimentei e caminhei em direção a eles.
Eu não tinha a menor ideia do que estava rolando ali, mas não poderia falar que vi os
dois entrando naquela sala e os segui, então tinha que inventar uma boa desculpa.
— Maddy disse que eu iria te encontrar aqui — falei a primeira coisa que me veio à
cabeça.
— Sim, eu ia mesmo falar com você. Nós estamos organizando um bazar beneficente
para ajudar uma associação que cuida de crianças — ela explicou.
— Que ideia maravilhosa — exclamei, ainda um pouco atordoada, mas aliviada ao
mesmo tempo.
Landon se aproximou e me deu um beijo rápido.
— O Landon já assinou a lista de voluntários para trabalhar no dia do evento, se quiser
participar é só deixar seu nome ali e vamos achar algum trabalho para você — ela informou.
A primeira coisa de que me dei conta foi que, se ele realmente tivesse alguma coisa com
ela, jamais iria me beijar daquele jeito. Então, depois de não pegá-los em flagrante, eu estava
me sentindo meio culpada.
Estava caindo na pilha da Maddy e isso era péssimo, pois odiava julgar as pessoas sem
ter nenhuma prova.
Assinei a lista de voluntários e depois saí de mãos dadas com Landon.
— Achei que já tivesse ido para casa — comentei com ele.
— Para variar, tive mais uma discussão com a Bia, mas então a Nath foi me lembrar
sobre o bazar, e como tinha prometido ajudar… — ele explicou.
Se fosse possível eu me senti ainda pior ao escutá-lo narrar exatamente o que aconteceu.
Eu teria que parar de dar ouvidos as ideias da Maddy ou acabaria me ferrando por causa
das suas suposições.
Antes de ir para o trabalho, Landon me deu uma carona até em casa. Nós combinamos
de ir ao cinema mais tarde, mas eu estava ansiosa mesmo era para ter uma conversa com
Maddy. Do mesmo modo que eu respeitava suas escolhas, ela teria que respeitar as minhas e
até que aquela investigação ficasse pronta, eu não queria que ela opinasse em mais nada!
Eva Stone

Assim que Maddy entrou em casa, eu a chamei para termos uma conversa séria.
— Está certo, me desculpe por te fazer passar por isso, talvez a minha desconfiança com
a Nath tenha ido longe demais — admitiu.
— É exatamente o que eu penso, então, por favor, não me incentive mais a fazer esse
tipo de loucura, eu me senti muito mal — declarei e ela assentiu.
— Prometo que não vou mais me meter no seu relacionamento — ela disse com
expressão culpada.
Eu odiava o fato de estar discutindo com a minha melhor amiga por causa de um
homem, mas naquele caso eu precisava impor alguns limites. Eu nunca critiquei o estilo de vida
que ela levava ou falei mal dos caras com quem saía, então queria que ela tivesse a mesma
consideração comigo.
— Tudo bem, agora eu vou dar uma saída — falei e nos despedimos.
Talvez algumas horas longe de casa me ajudassem a pensar.
Peguei minha bolsa, coloquei um casaco e avisei ao Sanders que iria caminhar um
pouco.
Eu dificilmente saía sozinha, Maddy estava comigo em todos os momentos, e estar
sozinha naquela caminhada ligou um sinal de alerta dentro de mim: Landon mal tinha entrado
na minha vida e já estava causando rachaduras na nossa amizade.
Por outro lado, eu sentia que não estava errada em me posicionar daquela forma, pois
precisava que ela respeitasse meu espaço, e se no final eu estivesse errada, que ela me desse
seu ombro para chorar.
Depois de quase vinte minutos caminhando, avistei Beatrice entrando na cafeteria onde
havíamos dos encontrado dias atrás. Ela estava usando jeans preto, moletom cinza e tênis. Um
look super descolado e que combinava bastante com ela.
Como eu não tinha nada para fazer naquele final de tarde, resolvi que um café com ela
poderia ser uma boa distração.
Atravessei a rua, entrei na cafeteria e segui para a mesa dela.
— Olá, Bea — falei ao me aproximar.
— Ei, Eva, que coincidência — ela disse e me abraçou.
— Vi você entrando e resolvi te dar um oi.
— Ah, que bom, então senta e vamos tomar um café — sugeriu.
Pedimos dois cafés e dois pedaços de torta e comemos enquanto ela falava sobre o seu
curso de dança.
— Bea, não sei se você já sabe, mas estou saindo com seu irmão — comentei.
— Ah, hum… sei, sim — ela disse e desviou o olhar.
— Estive na sua casa algumas vezes, mas não te encontrei por lá — continuei.
— Eu estudo na parte da manhã, trabalho na biblioteca à tarde e tenho aulas de dança à
noite, por isso volto pro apartamento só pra dormir.
— Uma rotina bem exaustiva.
— É, mas eu gosto, depois de tudo que aconteceu naquele dia, o que eu mais quero é
manter minha mente ocupada com o máximo de atividades — declarou.
— O Landon nunca mais me falou sobre como está o processo contra aqueles rapazes —
comentei para ver se ela me contava alguma novidade.
— Ele também não me fala nada, só disse pra eu ficar tranquila que ele estava
resolvendo tudo.
— Se precisarem de qualquer coisa, podem contar comigo — ofereci e apertei a mão
dela por cima da mesa.
Beatrice me observou por alguns segundos e sorriu.
— Você é muito legal, Eva, espero que o meu irmão não estrague tudo ou vou ficar
muito furiosa — ela brincou.
— E por que ele estragaria tudo? — questionei em tom divertido.
— Porque ele tem um talento especial para magoar as pessoas que ama, sou prova viva
disso — afirmou e eu assenti.
Queria ter o poder de distinguir se à minha frente estava só uma garota magoada com o
irmão protetor, ou se havia fundamento em suas palavras.
Mudamos de assunto, bebemos mais uma rodada de café e depois decidimos ir embora.
— Eu tenho aula de dança daqui a pouco, mas se quiser ir comigo pra casa e fazer uma
surpresa pro Landon… — ela sugeriu.
Eu ainda não estava a fim de ir para casa e a ideia de Beatrice pareceu uma boa forma de
ficar longe por mais algumas horas.
— Será que ele não vai achar ruim?
— Óbvio que não, vamos — ela disse e eu assenti.
Caminhamos por cerca de dez minutos antes de chegarmos ao prédio onde eles
moravam. Bea abriu a porta principal e subimos os dois lances de escadas enquanto ela falava
sobre como era terrível fazer aquele mesmo trajeto depois de horas de ensaio.
Ela abriu a porta do apartamento e quando entramos avistei Landon atravessando a sala
apenas com uma toalha enrolada no quadril, enquanto uma música do Bon Jovi tocava
baixinho.
Beatrice deveria estar acostumada com a cena, mas eu fiquei com água na boca.
Ele tinha uma estrutura física máscula e perfeita.
— Eva! — exclamou, levemente surpreso, e se aproximou.
— Sua irmã me convenceu a vir aqui te fazer uma surpresa, espero que não esteja
atrapalhando — comentei.
— Você nunca atrapalha — respondeu e me deu um beijo. — Vou colocar uma roupa e já
volto — avisou e sumiu dentro do corredor.
— Fique à vontade — disse Bea, indo na mesma direção.
Landon voltou alguns segundos depois, usando jeans e suéter.
Quase suspirei em aprovação.
— Eu só vim pegar a roupa pra aula e já estou de saída — Bea disse, voltando e
interrompendo a nossa troca de olhares.
— Boa aula — falei e ela se despediu de nós.
— De todas as coisas certas que a Bea fez, trazer você aqui hoje foi a melhor delas —
ele garantiu, segurou-me pela cintura e me beijou.
Eu amava estar em seus braços, ainda mais quando era devorada por sua boca deliciosa.
Sem separar nossas bocas, ele caminhou comigo pelo apartamento até cairmos no sofá.
Soltei uma risada alta com o impacto dos nossos corpos se chocando e depois voltei ao
que estava fazendo.
Senti sua mão descendo pela lateral do meu corpo e depois subindo pela coxa. Seu
toque, mesmo por cima do tecido da saia, causou arrepios deliciosos pelo meu corpo.
— Você é maravilhosa — sussurrou entre os meus lábios e deu uma leve inclinada no
quadril, fazendo-me sentir sua ereção.
Suspirei sabendo que se não o afastasse, as coisas sairiam de controle, mas era tão difícil
resistir.
Landon McFarland

Eva entrelaçou os braços em volta do meu pescoço e se encaixou em meu colo antes de
voltar a me beijar. Passei as mãos pelas suas costas, sentindo aquele corpo perfeito me
enlouquecer.
Seus lábios eram os mais doces que eu já havia beijado, sua língua era como chocolate
derretendo dentro da minha boca.
Cessei o beijo e comecei a lamber e chupar seu pescoço. Sua cabeça pendeu para trás,
dando-me mais acesso, e fiquei alguns segundos me deliciando com sua pele, gemidos e
arrepios
Aquilo estava tão bom que não parecia real. Eva nunca tinha me dado tanta liberdade, ou
me beijado por tanto tempo sem me interromper.
Ela era deliciosa demais, então eu continuei. Talvez naquela noite eu conseguisse possuí-
la e finalizar aquele jogo.
A ideia me deixou incomodado, mas decidi ignorar e preferi movimentar os quadris
lentamente, de forma orquestrada, para que ela pudesse sentir o quanto eu estava excitado.
Ainda deslizava a boca por seu colo quando abri os olhos e tive a visão dos bicos
durinhos, coroando dois peitos perfeitos, aparecendo pelo decote da blusa de seda. As aréolas
eram clarinhas, rosadas, o que me deixava ainda mais louco.
Fiquei vários segundos hipnotizado, sem acreditar no que via, completamente inebriado
por aquela mulher.
Enfiei uma mão por dentro da blusa e toquei um dos seios. Meu pau pulsou e achei que
ele ia estourar o zíper da calça.
Eu já tinha possuído outras mulheres, muitas delas com mais curvas do que a Eva, mas
nada se comparava ao que aquela garota fazia com o meu corpo. Era difícil controlar meus
instintos quando estávamos juntos, já que na cama eu gostava de ser dominador, só que para
não a assustar, precisava me conter para continuar sendo o príncipe que ela havia idealizado em
sua cabeça.
Comecei a erguer sua blusa, sem nenhuma resistência, até que fiquei de frente para os
seios desnudos. Eva gemeu quando abocanhei um deles e precisei me esforçar para não grunhir
em apreciação.
Deslizei a língua contra o bico túrgido, alternando entre chupadas e lambidas vigorosas,
ao passo que uma de suas mãos agarrava os cabelos da minha nuca e a outra arranhava as
minhas costas por baixo da camiseta.
Continuei chupando seus peitos deliciosos, passando de um para o outro, sem qualquer
critério. Então, mesmo correndo o risco de a assustar, decidi ser mais ousado e espalmei as
mãos em sua bunda, por cima da saia.
Como ela não se afastou, comecei a movimentar seus quadris com força para que ela
sentisse o poder da minha ereção, e ela sentiu, mas tinha roupa demais entre nós, o que era
frustrante.
De repente, Eva tirou minha camiseta e aproveitei aquele rompante para tirar a calça e
ficar apenas de boxer. Logo depois, com sutileza, desci o zíper de sua saia que, para minha
surpresa, pegava todo o comprimento lateral da peça. Em segundos Eva estava só de calcinha,
sem eu ter precisado tirá-la de cima de mim.
Cobri ambos os seios com as minhas mãos, ciente de que ela estava fora de si de tanto
tesão; só isso para ter deixado as coisas chegarem naquele ponto. Mas eu não seria louco de
falar qualquer coisa que a fizesse desistir.
Eva começou a esfregar a pélvis contra a minha ereção, e dessa vez não consegui conter
um gemido, ao mesmo tempo em que meus dedos apertavam os bicos durinhos e minha boca
tomava a sua com sofreguidão.
Ela era toda macia, cheirosa, delicada, e me deixava sem fôlego toda vez que rebolava
em meu colo.
A verdade era que vê-la descontrolada daquele jeito, usando apenas uma calcinha preta,
enquanto os pelos do meu peito roçavam em seus seios, era insano, enlouquecedor, o próprio
paraíso.
Aproximei ainda mais seu corpo do meu para que pudesse abraçá-la e pude vislumbrar a
bunda redonda por cima de seu ombro. Sem pensar duas vezes, tirei as mãos dos seios e apertei
as duas bandas de uma só vez, soltando um gemido de satisfação.
Eva aproximou a boca do meu ouvido, e com a respiração ofegante, confidenciou:
— Estou apaixonada por você…
Qualquer cara acharia aquele tipo de declaração um belo balde de água fria. No entanto,
alguma parte dentro de mim gostou de receber a confirmação daquilo que eu já sabia.
— Eu também, princesa — respondi sem pensar ou analisar qualquer implicação que
minhas palavras pudessem causar.
Ela sorriu e tomou minha boca, sem parar de se esfregar.
Certo de que ela queria continuar, soltei sua bunda e tentei tirar a minha boxer, mas ao
perceber meu movimento Eva parou de me beijar e encostou a testa na minha.
— Me desculpe por ter deixado as coisas irem tão longe, mas eu ainda não me sinto
preparada — declarou e encostei a cabeça em seu ombro, controlando-me para não demonstrar
frustração.
Nenhum homem ficava feliz em chegar àquele estado de excitação e só depois ser
informado de que nada iria acontecer, mas eu, apesar de ser um filho da puta, nunca forcei
nenhuma mulher e não começaria com Eva.
Sem falar nada, eu a puxei para mim e a beijei. O desejo que tinha arrefecido um pouco
começou a voltar com força e fiquei louco para sentir o gosto de sua boceta.
Sabendo que precisava ir com calma, falei:
— Nós não precisamos ir até o final, mas eu queria fazer uma coisa.
Hesitante, ela mordiscou o lábio inferior, mas acabou meneando a cabeça positivamente.
Sorri e a peguei pelos quadris, deitando-a de costas sobre o sofá. Após beijá-la com
carinho, comecei a descer, deixando pequenos beijos e leves mordidas por seu pescoço, pelos
seios e pela barriguinha perfeita, o que lhe causou pequenos arrepios até eu chegar no vórtice
entre as suas coxas. Fiquei por longos segundos sentindo o cheiro que vinha da sua intimidade
e passando a ponta da língua sobre a calcinha de renda.
Olhei para Eva antes de prosseguir, como que pedindo permissão. Ela titubeou por
poucos segundos, mas fez sim com a cabeça.
Segurei os dois lados da calcinha e fui puxando, enquanto me deliciava com a visão de
sua boceta, que para meu deleite, estava lisinha, sem nenhum pelo.
Quase gemi ao imaginar que, em breve, ela seria preenchida pelo meu pau, não naquela
noite, mas este dia estava cada vez mais próximo de acontecer.
Eu já tinha fodido bocetas de tudo quanto era jeito desde que iniciei minha vida sexual,
mas a de Eva era a mais perfeita que eu já tinha visto.
Desci a cabeça e lambi a pele das coxas e da virilha, fazendo Eva se remexer e suspirar
baixinho.
Ver aquilo acabou com qualquer receio de minha parte e não pude mais me segurar, abri
um pouco suas pernas e passei a língua sobre a fenda molhada de sua boceta.
Ao senti seu sabor eu soube que ficaria viciado naquele corpo, sem nem mesmo tê-la
possuído por inteiro.
Rodeei seu clitóris com a língua e desci novamente. Com a ajuda dos dedos, expus sua
entrada estreita e fui trabalhando com a língua, lambendo, chupando e ganhando espaço.
Quando Eva relaxou um pouco mais, eu abocanhei a boceta inteira, penetrando minha
língua até onde conseguia.
Levei a mão livre para cima e apertei um de seus peitos, ao passo que as mãos dela
agarravam meu cabelo e me puxavam contra si.
Chupei sem dó até que Eva perdeu a vergonha e começou a gemer mais e mais alto, suas
coxas abraçaram minha cabeça e seus quadris subiam e desciam, deixando um rastro de
excitação por todo o meu rosto.
No auge da loucura que vivenciávamos, Eva soltou um gritinho e meu cabelo foi puxado
com violência. Quase sorri de seu descontrole, mas estava ligado demais no que acontecia e me
empenhei em a estimular ainda mais.
Nesse momento, meu pau, cuja glande era a única parte fora da cueca, começou a pulsar
fortemente, chegando a doer de tão duro que estava.
Desci a mão e comecei a punhetar, sem parar de trabalhar com a língua no clitóris de
Eva.
Eu sentia que ela estava quase lá, e realmente não demorou para ela soltar um gemido
alto, expressando seu momento de êxtase.
Aquele foi o meu fim, no segundo seguinte também estava gozando dentro da boxer,
algo que não acontecia desde a minha adolescência.
Gozei intensamente, com a boca colada na boceta de Eva, ainda sem entender por que
uma garota virgem conseguia me deixar naquele estado.
Enquanto eu tentava limpar a mão coberta de porra na cueca, Eva estava quase
desfalecida sobre o sofá, os olhos fechados e a respiração errática.
Na medida em que ela se acalmava, me peguei pensando em como ela reagiria, como as
coisas seriam dali em diante. Será que iria ceder nos próximos encontros ou reforçaria suas
barreiras?
— Já volto — falei e fui até o banheiro para me limpar. Depois troquei de boxer e voltei
para a sala.
Eva continuava do mesmo jeito, deitada, nua e deliciosa, mas sorriu ao me ver.
— Vem ficar comigo — chamou.
Deite-me ao seu lado e ela me puxou para si. Ficamos frente a frente, nos olhando,
acariciando e ouvindo uma de minhas músicas antigas preferidas.
Todo aquele clima causou uma mistura de emoções que me deixou confuso.
Nós nos beijamos novamente, dessa vez com calma, e quando nossas bocas se afastaram,
ela se aninhou em meu peito e dormiu.
Enquanto velava seu sono, lembrei a mim mesmo que tinha entrado naquele jogo para
seduzir e não poderia ceder aos encantos de Eva, por mais linda e deliciosa que ela fosse.
Landon McFarland

DIAS DEPOIS…

— Eu não te entendo, Landon, por que continua saindo com a Eva? Isso tem a ver com o
sobrenome dela? — Beatrice questionou.
Eu havia levado Eva ao cinema no dia anterior e isso tinha deixado Bea inconformada.
Ela queria que eu terminasse tudo antes que ela se apaixonasse por mim.
O que a Beatrice não sabia era que existia muita coisa por trás daquilo. Se eu quisesse
colocar aqueles estupradores atrás das grades, precisaria da influência do pai de Gordon com o
juiz do caso, e eu não iria descansar até ver todos eles presos, nem que para isso eu precisasse
quebrar o coração de uma garota que não merecia.
Sim, eu estava ciente de todos os riscos, entre eles, o de Eva nunca mais querer olhar na
minha cara e, mesmo assim, não pretendia parar. Beatrice era a pessoa mais importante da
minha vida e para vingá-la eu faria qualquer coisa.
— Claro que não! Ela É só mais uma garota, Bea, não entendo essa sua preocupação —
respondi e peguei as chaves do carro.
— Não se faça de tonto, Landon! Você sabe que se não fosse ela, nunca teria conseguido
impedir aqueles caras. — Ela estremeceu visivelmente. — Nem quero pensar no que teria
acontecido — disse de cabeça baixa, encarando a xícara de café.
Droga! Eu já me sentia culpado por estar fazendo aquele jogo sujo com Eva e Bea ainda
vinha piorar a dor que eu estava sentindo na consciência.
Minha irmã poderia não saber o que estava acontecendo, mas um dia ela entenderia que
tudo o que eu estava fazendo foi necessário para que eu pudesse fazer justiça, não apenas por
ela, mas por outras garotas, pois eu não acreditava nem por um segundo que o que ocorreu com
Beatrice foi algo isolado. Tinha certeza de que eles já tinham feito antes e fariam ainda mais, se
não fossem detidos.
— Ela é diferente. As riquinhas da universidade nunca olham pra mim, a não ser quando
querem se aproximar de você, já a Eva me ajudou mesmo depois de eu ter sido uma vaca com
ela na biblioteca.
Eu seria eternamente agradecido por tudo que ela tinha feito, mas isso não mudava o fato
de que eu precisava ver aqueles monstros na cadeia.
Além disso, não era como se eu fosse machucá-la fisicamente, a única coisa que sairia
machucado seria seu ego, e por tudo que já tinha visto de Eva, ela não ficaria arrasada por
muito tempo, logo superaria e se esqueceria de que eu existia.
Passei a mão no peito quando senti meu coração acelerar, isso vinha acontecendo
bastante e eu já estava começando a ficar preocupado.
Respirei fundo e, sem querer continuar com aquele assunto, anunciei:
— Eu tenho que ir.
— Aonde está indo? — questionou.
Eu precisava ir até a firma deixar a papelada de uma negociação que seria fechada na
semana seguinte, depois iria para a casa de Eva, mas isso Beatrice não precisava saber.
— Vou pra empresa — disse apenas e ela assentiu.
Saí de casa pensando nas coisas que precisava fazer, mas a todo momento lembranças de
Eva gozando atrapalhavam minha linha de raciocínio e eu ficava imaginando de que forma eu a
faria gozar naquela tarde.
Nós ainda não tínhamos transado, efetivamente, mas a cada encontro isso estava mais
perto de acontecer. Suas visitas ao meu apartamento tinham ficado mais frequentes e ela já
tinha gozado incontáveis vezes nos meus dedos e principalmente na minha boca.
O que não era nenhum sacrifício para mim.
Eva tinha um corpo incrível, cheio de curvas suaves e deliciosas, sem contar que eu
amava a forma como ela se rendia, sempre tão quente e receptiva às minhas carícias.
Mesmo ciente de que aquilo era um jogo, eu estava gostando de ficar com ela. Além de
linda e gostosa, Eva Stone tinha uma conversa interessante, muito diferente das garotas
entediantes com quem eu costumava ficar e todas essas coisas tornavam meu trabalho bem
mais prazeroso, mas também muito mais difícil de ser finalizado.

+++

— E aí, nada? — Gordon questionou enquanto fumava um cigarro.


Não estava nos meus planos ver o infeliz, mas ele ligou e mandou tantas mensagens que
eu achei melhor falar com ele antes de ir me encontrar com Eva.
— Ainda não, ali é jogo duro — menti.
Se eu realmente quisesse, Eva já teria se entregado, mas por algum motivo desconhecido
eu estava gostando daquela espera.
— A primeira audiência será em breve, espero que termine o serviço até lá.
— Eles serão condenados? — questionei pela milésima vez.
— Se você fizer a sua parte, a minha estará feita — declarou.
— Estamos combinados — falei e comecei a me afastar, mas ele voltou a falar:
— Ah, e nem pense em pedir ajuda a ela. Pelo que o meu pai falou, os Stone são amigos
da realeza, me parece até que conhecem os pais de alguns dos caras que tentaram abusar da
Beatrice, então não conte com a influência da vadia para isso.
Eu já sabia daquilo; Devon comentou comigo que o pai de Eva e de dois dos garotos não
eram melhores amigos, mas se conheciam de um clube de cavalheiros. Sem contar que ricos
protegiam outros ricos, pois tinham interesses em comum, então eu precisava me virar sozinho.
— Ok, agora eu tenho que ir — ele assentiu e eu fui em direção ao meu carro.
Enquanto dirigia pelas ruas de Oxford em direção a casa de Eva, voltei a analisar tudo
que eu vinha fazendo e me senti um canalha.
Nunca me importei em seduzir uma garota com intuito de levá-la para a cama, o
problema era que as palavras de Beatrice estavam martelando na minha cabeça.
Só que sentir arrependimento não adiantava de nada. Se eu não continuasse com aquele
maldito plano para satisfazer o ego daquele imbecil inseguro, os caras que quase se
aproveitaram da Bea ficariam impunes e isso tinha um peso muito maior dentro da minha
consciência.
Um dia eu teria dinheiro e poder suficientes para fazer justiça sem precisar me submeter
a nada nem ninguém, mas, naquele momento, eu não tinha outra saída a não ser usar Eva para
conseguir minha vingança.
Eva Stone

Maddy desceu as escadas com uma bolsa de mão enquanto um dos seguranças do pai
dela levava sua mala até o carro.
Sua expressão não mascarava o quanto estava desgostosa de ter que ir passar o fim de
semana com os pais nos Hamptons. Minha amiga chorou e implorou para não ter que ir para os
Estados Unidos só por causa de um capricho, mas foi inútil, eles não a liberaram.
— Gostaria de ter algo para te animar — falei após beber um gole do meu chá,
aconchegada no sofá da sala.
— São só dois dias, se Deus quiser vai passar rápido — disse e deu de ombros.
Após a nossa conversa, ela tinha parado de implicar com Landon e as coisas voltaram ao
normal, no entanto, eu não revelei mais nada sobre o nosso relacionamento para ela, muito
menos sobre o grau de intimidade ao qual chegamos nos últimos dias.
Estava viciada em suas carícias e nas coisas que ele fazia comigo quando eu ia ao seu
apartamento. Não tinha a menor ideia de como sexo era bom, e olha que ele nem tinha feito o
serviço completo.
— Tudo bem, mas me liga se precisar de qualquer coisa — avisei e nos abraçamos.
Assim que Maddy saiu, recebi uma mensagem da Nath me convidando para tomar um
café. Como Landon iria passar lá em casa, tive que recusar, mas prometi que ao longo da
semana combinaríamos alguma coisa.
Tinha acabado de responder à mensagem dela, quando meu celular tocou, era meu
irmão.
— Me ligando em um sábado à tarde, sua vida deve estar bem tediosa — zombei ao
atender.
— Pode apostar que está — respondeu e eu ri. — Vou pra Nova York daqui alguns dias,
queria saber se você não poderia ir para conversarmos sobre o seu novo namorado durante o
jantar — declarou e eu senti um friozinho na barriga.
Landon ainda não era meu namorado e eu nem sabia se um dia chegaríamos a isso, por
um segundo, entretanto, imaginei como seria se tivéssemos um relacionamento mais sério.
— Pelo que o Sanders me disse, a mamãe ainda não sabe de nada, então fique de boca
fechada — exigi e caminhei pela sala.
— Olha, eu pedi para darem uma vasculhada na vida do seu Romeo e descobri que ele
tem um verdadeiro fã clube em Oxford.
Eu detestava esse humor ácido do meu irmão, mas suas informações poderiam ser
valiosas para mim.
— Todos temos um passado — falei para defendê-lo, mas nem sabia por que estava
fazendo aquilo.
— Eu sei, Eva, mas tome cuidado; os caras dificilmente querem alguma coisa séria
durante os anos de universidade.
— E quem disse que eu quero? — rebati.
— Nós dividimos a mesma barriga, então eu acho que sei algumas coisas sobre você,
inclusive que você espera o príncipe no cavalo branco… — debochou.
— Ei, não é bem assim, mas em algum momento eu vou precisar me relacionar com
alguém e isso não vai acontecer se vocês tentarem me proteger o tempo todo — argumentei.
— Quanto a isso você está certa, então, se ainda está saindo com ele agradeça a mim,
que fiz esse mesmo discurso para o nosso pai.
— Quer dizer que você está discutindo minha vida amorosa como se fosse notícia de
jornal? — inquiri, levemente irritada.
— Agradeça por mamãe, Harry e Dominic não estarem nessa cúpula, você sabe como
eles são — disse e fez uma pausa dramática. — Bom, resumindo, você terá que viver bastante
para pagar sua interminável lista de favores comigo.
Suspirei, cansada, irritada e conformada.
Era por esse tipo de coisa que, às vezes, eu repensava sobre o fato de fazer parte da
minha família, sentia que minha vida não era só minha e que minhas decisões sempre
dependeriam da aprovação deles.
Naquele momento eu senti um pouquinho da frustração da Maddy, no entanto, sabia que
meu pai e Alexander fariam de tudo pela minha felicidade, muito diferente dos pais dela, que só
pensavam em status.
— Eu vou para Nova York com você na semana que vem, mas agora tenho que desligar
— falei sem muita simpatia.
— Combinado, e qualquer coisa já sabe, né?
— Você sempre estará a uma ligação de distância — falei e finalizamos.
Eu estava chateada com os comentários de Alexander, mas aquilo serviu para acalmar
um pouco as coisas dentro de mim.
Sentia-me tão eufórica por estar saindo com Landon, que as coisas que Beatrice e Maddy
tinham falado sobre ele ficavam em segundo plano. Os sinais estavam estampados na minha
cara e definidas na minha cabeça, mas quando ele chegava perto, tirava a minha roupa e me
fazia gozar, eu simplesmente esquecia de tudo.
A verdade era que eu queria acreditar que era especial e que comigo seria diferente.

+++

Quando Landon passou pela porta da minha casa, no final da tarde, eu me pendurei em
seu pescoço e ganhei um beijo delicioso.
— Adorei o visual — ele disse ao me ver com uma gola polo e uma saia branca bem
curtinha.
— Estava jogando tênis, preciso de uns dez minutinhos para tomar banho — declarei.
Eu dificilmente usava a quadra que tinha nos fundos da casa, mas já que estava sozinha e
queria matar tempo, liguei a máquina lançadora de bolas, apenas para ver o quanto estava
enferrujada.
— Se quiser, posso te ajudar com essa tarefa — ele disse com a boca encostada na minha
orelha, me deixando toda arrepiada.
— Não sei se é uma boa ideia convidar o lobo mau para o quarto da chapeuzinho-
vermelho — brinquei.
— O lobo mau promete que vai se comportar — respondeu e voltou a me beijar.
As coisas entre mim e Landon ficavam mais quentes a cada encontro, mas sempre que eu
recuava ele parava, talvez por isso resolvi lhe dar aquele voto de confiança.
— Tudo bem, vamos lá — falei e subimos as escadas.
Ao chegar no quarto, ele recebeu uma ligação, e para lhe dar privacidade, eu entrei no
banheiro.
Durante o banho, uma nuvem de borboletas revoava em meu estômago. Ter Landon tão
perto de mim naquele momento íntimo me deixava tensa e excitada ao mesmo tempo.
Saí enrolada na toalha e fui direto para o closet. Após escolher uma roupa, voltei para o
quarto e o encontrei esticado na minha cama mexendo no celular.
Ao me ver, ele guardou o aparelho no bolso.
— Vem cá, Eva — chamou e eu fui.

+++
Landon McFarland

Eu não fui à casa de Eva para, unicamente, ficar com ela. Minha intenção era ter uma
das conversas interessantes que sempre surgiam entre nós e talvez comer alguma coisa antes de
começarmos algo físico, mas vê-la desfilar somente de toalha me deixou louco e não consegui
me conter.
Quando ela se aproximou da cama, eu apoiei as costas na cabeceira de linho, puxei-a
para o meu colo e lhe dei um beijo apaixonado.
Ela segurou meu rosto com as duas mãos, ao passo que mantive as minhas em seus
quadris, ainda cobertos pela toalha.
Todo o cenário parecia ter saído dos meus dias de adolescente, de tão excitado que eu
estava.
Abri a toalha, e após me deliciar com a imagem dos seios perfeitos, desci a cabeça e
passei a língua pelos bicos.
Eva arfou, infiltrou os dedos nos meus cabelos e jogou a cabeça para trás, movendo os
quadris para ter mais contato com o meu pau.
Era enlouquecedor vê-la se esfregando em mim, completamente nua, enquanto eu ainda
estava vestido. Minhas mãos sedentas foram para sua bunda carnuda, macia e lisinha.
— Oh, Landon, eu sou louca por você, mas acho que não consigo ainda — ela sussurrou
no meu ouvido.
Dava para sentir o desejo em sua voz, assim como a frustração, que só não era maior do
que a minha.
— Tudo bem, quando você estiver segura, princesa — respondi com toda a naturalidade
que consegui reunir e ela me encarou com seus olhos cheios de amor.
Deus, eu não via a hora de finalmente foder ela, de poder enfiar meu pau em sua boca e
fazê-la me chupar até a exaustão. Sabia que nossos dias juntos estariam contados, mas antes de
ter que deixá-la nós iríamos nos divertir bastante na cama.
Voltei a beijá-la esfomeado, enquanto ela gemia com a língua dentro da minha boca e
rebolava no meu colo. Minhas mãos apertaram sua bunda com tanta força que, com certeza, o
formato dos meus dedos ficaria em sua carne.
A provocadora continuou se remexendo contra o meu pau que parecia estar pegando
fogo de tanto que pulsava. Eu sentia que estava prestes a gozar e precisei de muita força para
me conter.
Quando todo aquele calor arrefeceu, eu deslizei os dedos até o meio de suas pernas e
massageei seu clitóris.
Aquele foi o fim para nós dois
Eva se sobressaltou e um momento depois começou a estremecer em cima de mim,
gemendo enlouquecidamente contra a minha boca, enquanto eu explodia dentro da cueca.
Ficamos um longo tempo na mesma posição, ela congelada sobre mim com a cabeça
descansando em meu ombro, e eu ofegante embaixo dela.
Quando enfim olhou para mim, suas bochechas estavam coradas e vários fios de cabelos
grudavam na pele suada.
— Preciso de outro banho — disse e mordiscou meu lábio inferior.
— E eu preciso trocar de calça — comentei e ela olhou para o meu jeans que estava com
algumas marcas da sua excitação.
— Ah, minha nossa, que vergonha — disse, colocando as mãos no rosto, mas havia um
sorrisinho de satisfação em seus lábios.
— Nunca tenha vergonha de sentir desejo por mim — declarei e ela apenas assentiu. —
Vamos resolver isso aqui com uma toalha úmida — concluí.
Ela descansou a cabeça em meu tórax e aspirou meu perfume.
Abracei-a pelos quadris e fiquei acariciando seu cabelo liso e cheiroso, enquanto Eva
alisava meu peito com a ponta dos dedos.
Eu estava satisfeito por vê-la tão à vontade comigo, ao mesmo tempo, já começava a
tirar forças de onde não tinha, afinal, ainda teríamos o restante da noite pela frente.
Eva Stone

Na segunda-feira, eu me encontrei com Landon em frente a Bodleiana[3], e após


trocarmos um selinho, seguimos de mãos dadas, despertando curiosidade e cochichos por todos
os cantos.
Depois do fim de semana delicioso que eu tinha passado com ele, estarmos juntos na
frente de todos era a prova de que o nosso lance era verdadeiro e que o fantasma de ser
descartada por ele tinha ficado para trás.
Não, Landon ainda não tinha me pedido em namoro, mas estava certa de que era questão
de tempo.
Ao chegar no prédio onde teria a minha aula, avistei Natalie rodeada de outras garotas.
Elas se voltaram para mim, de modo que não teria como passar despercebida.
— Vou lá falar com elas.
— Nos vemos depois? — ele quis saber.
— Com certeza — concordei e trocamos um beijo rápido.
— Vocês estão namorando? — Gwen questionou quando me aproximei do grupo.
— Digamos que estamos nos conhecendo melhor — respondi.
— Isso é realmente uma surpresa — Natalie comentou —, você é corajosa, Eva.
Apesar das palavras, Nath parecia tranquila. Ainda que Maddy nunca mais tivesse
insinuado nada, eu queria me certificar de que não encontraria algum tipo de decepção em seu
olhar.
— Pois é, eu já sabia da fama do senhor McFarland, mas resolvi me arriscar — brinquei
e começamos a caminhar para dentro.
Antes de entrar no auditório em que seria ministrada a minha aula, vi Gordon, ao longe,
me encarando.
Desde aquela maldita festa eu não falava com ele, mas sempre capturava seus olhares
pela universidade. Desviei a atenção e entrei no auditório.
O professor entrou logo atrás de mim, junto com um outro senhor, provavelmente o
convidado especial que iria falar sobre sua experiência no ramo da restauração, o que nos daria
uma ideia do que encontraríamos nos próximos anos de estudo.
Eu amava aquele curso, especialmente a dinâmica dos professores que eram verdadeiros
mestres em suas áreas, nos guiando por análises minuciosas, revelando contextos históricos
valiosos, técnicas e influências.
Cada pincelada, forma ou símbolo ganhavam vida diante dos nossos olhos, com
explicações detalhadas que conectavam o passado ao presente.
Além das salas de aula, os museus e galerias de Oxford se tornavam laboratórios vivos,
uma vez que o curso não se limitava à memorização de datas e nomes. Ele nos ensinava a
interpretar, questionar e apreciar a arte em todas as suas dimensões.
Durante a aula nós discutimos teorias da estética, semiologia e filosofia da arte,
ampliando nossa compreensão de seu papel na sociedade.
— Você demorou — Maddy disse quando nos encontramos em um dos corredores.
— Estava conversando com o professor. Agora me fala como foi o fim de semana com
seus pais.
Maddy fez uma careta e voltamos a caminhar.
— O de sempre, eles decidindo o meu futuro enquanto eu fazia cara de paisagem —
respondeu com desgosto. — Mas e você, o que fez de bom? — emendou.
— Fiquei com Landon no sábado e no domingo fomos ao cinema.
— Uau, as coisas estão ficando sérias — comentou.
— Pois é, mas eu quero ir com calma, ele é intenso demais.
— Prefiro não opinar — declarou e sorrimos com cumplicidade.
Seria melhor assim!
Segui para a minha próxima aula e Maddy foi para a dela. A manhã passou voando e
como estaria livre, segui para casa, pretendia almoçar e depois iria esperar por Natalie, que se
ofereceu para me ajudar em uma pesquisa.
Já em casa, deixei minhas coisas em meu escritório, almocei e quando estava prestes a
subir para trocar de roupa, Sanders apareceu carregando um envelope preto na mão.
— Aqui está tudo que encontramos sobre a vida de Landon McFarland.
— Devo me preocupar? — questionei, pegando o envelope.
— Prefiro que você abra e tire suas próprias conclusões — respondeu e saiu, me
deixando sozinha na sala.
Com o coração aos pulos, tirei o relatório do envelope e comecei a ler. As primeiras
linhas falavam sobre sua genealogia, quem eram seus pais, avós, tios e tudo o que vinha depois
deles, mostrando que a pesquisa tinha sido bem minuciosa, citando sua infância na Irlanda, a
morte da mãe, o endividamento do pai por questão de jogos e mulheres.
Antes que eu pudesse ir para a próxima página, meu celular anunciou uma mensagem de
Nath avisando que havia chegado.
Recoloquei o relatório dentro do envelope e fui guardá-lo em uma gaveta da minha
escrivaninha. Mais tarde eu iria analisar tudo e, com sorte, não encontraria nada que estragasse
nosso relacionamento.
Quando voltei à sala, a senhora Mensfil já tinha recebido a Nath e, segundos depois, ela
já estava se acomodando à mesa de estudos do meu escritório.
— Vocês querem beber alguma coisa? — a senhora Mensfil perguntou.
— Para mim pode ser um café — respondi e Nath quis o mesmo.
Assim que minha funcionária saiu, Nath arrumou seus livros em cima da mesa e
começamos a estudar.
Estávamos concentradas na pesquisa quando meu telefone tocou e eu pedi licença para
atender.
— Oi, mamãe — falei assim que cheguei à sala.
— Oi, filha, como estão as coisas por aí?
— Ótimas, estou fazendo um trabalho com uma amiga.
— Que amiga? — questionou.
— A Natalie — revelei, receosa.
— Sabe o que eu acho dessa garota — comentou.
Desde que a conheceu, mamãe não gostou muito da Nath; assim como a Maddy, ela a
achava sonsa e falsa, coisas que eu não conseguia enxergar.
— Sei, sim, mas ela nunca foi nada além de gentil comigo, então não gosto dessa
implicância — defendi.
— Eva, eu sei que você é adulta e apta a tomar suas próprias decisões, mas não seria
uma boa mãe se não dissesse que só precisei de alguns encontros para perceber que essa sua
amiga tem algum transtorno de personalidade… Apenas tome cuidado — alertou.
Infelizmente para minha mãe, eu não enxergava todo esse perigo na minha amiga,
achava que, para variar, ela estava sendo superprotetora.
— Vou para Nova York na mesma data que o Alex, então não esqueça de mandar
preparar minhas comidas preferidas — falei para mudar de assunto.
— Mal posso acreditar que vou ter vocês dois em casa por alguns dias — falou
amorosa.
— Estou ansiosa — garanti.
Aquilo era verdade, entretanto, ao mesmo tempo em que sentia vontade de ir para Nova
York, estava triste por deixar Landon sozinho durante três dias.
Será que ele sentiria minha falta ou aproveitaria para ficar com outra garota?
— Eu também, filha. Agora vou deixar você estudar — disse mamãe, interrompendo
minha linha de pensamento, e finalizamos.
Voltei para o escritório pensando no quanto mamãe era neurótica com relação às pessoas
que se aproximavam de mim, mas estaquei quando vi Natalie em pé do lado da minha mesa,
lendo o conteúdo do envelope que Sanders me dera.
— O que pensa que está fazendo? — questionei, desacreditada do que estava
acontecendo.
— Oh — ela exclamou, soltando o envelope —, eu estava procurando um grampeador
e…
— E daí achou que seria uma boa ideia bisbilhotar minhas gavetas e ler o conteúdo dos
documentos — acusei.
— Eva, me perdoa, eu, eu, eu… — suas palavras se perderam e ela começou a chorar.
Mas que grande merda!
— Acho melhor você ir — falei sem olhar no rosto dela.
Eu estava extremamente irritada.
— Eu não acredito que vai deixar de ser minha amiga só porque descobri que você
estava investigando seu namorado. Eu juro que não vou falar nada — prometeu, limpando as
lágrimas.
— Mas você não tem que falar nada mesmo, porque isso não é da sua conta. Agora, por
favor, pegue suas coisas e vá embora.
Natalie assentiu, guardou seu material e me lançou um olhar magoado antes de sair do
escritório.
Escutei o barulho da porta da frente sendo fechada e através das janelas do escritório eu
a vi entrando em seu carro e indo embora.
Já estava quase me arrependendo de ter sido tão grosseira com ela, quando avistei o
grampeador em cima da mesa, ou seja, ela não estava procurando por ele merda nenhuma,
apenas inventou aquela desculpa porque foi pega em flagrante.
Pela primeira vez, em meses, eu desconfiei das intenções da Nath e tive que dar razão a
Maddy e mamãe.
Queria que tivesse sido uma infeliz coincidência, mas alguma coisa me dizia que havia
alguma motivação desconhecida por trás daquilo.
Eva Stone

O dossiê feito por Sanders era bem detalhado e apenas validava tudo o que já ouvira
falar a respeito de Landon: ele tinha saído com as garotas mais populares da universidade e
nunca assumiu nenhuma.
Sobre o Landon em si, não havia nada que pudesse nos afastar, mas fiquei chocada ao
saber que o pai dele tinha tirado a própria vida por causa de dívidas de jogo. Se ele não me
falou sobre isso era porque não queria que ninguém soubesse, então se a Nath abrisse a boca,
seria eu quem arcaria com as consequências.
— Eu sempre falei que tinha alguma coisa de errado com ela — Maddy disse quando eu
contei o que tinha acontecido.
— Pois é, estou achando que ela vai contar tudo para ele — constatei temerosa.
— Provavelmente sim, mas ele deve imaginar que a sua segurança não o deixaria se
aproximar sem fazer uma boa investigação, Eva, Landon não é bobo.
Suspirei após trancar o envelope dentro do cofre, lugar onde deveria estar desde sempre,
e caminhei pelo escritório, inquieta, esperando a ligação que colocaria fim à minha felicidade.
— De qualquer forma, acho que você deveria ligar para sua mãe, ela vai saber te
preparar para enfrentar o que vier, caso a Natalie fale alguma coisa
— Não quero envolver a mamãe nisso.
Se ela soubesse dos detalhes desse relacionamento, ficaria farejando todos os possíveis
desfechos e isso me deixaria insegura, o que poderia atrapalhar meu lance com Landon; não, eu
só abriria o jogo com ela em caso de emergência.
— Bom, eu não acho que ele vá terminar tudo com você por causa disso, mas é bom
ficar de olho nela.
Concordei e depois fomos para a cozinha, quem sabe uma boa refeição acalmasse a
gastura que eu estava sentindo no estômago; embora achasse que só ficaria tranquila quando
me certificasse de que as coisas ficariam bem entre mim e Landon.

+++

No dia seguinte, quando avistei o grupinho da Nath, fiz de conta que não a conhecia e
passei direto. Isso se repetiu nos dias subsequentes e levantou rumores de que havíamos nos
desentendido.
Ela havia mantido sua palavra de não falar nada para Landon, mesmo assim eu não
confiava mais e preferia que não fôssemos mais amigas.
Na sexta-feira, após a última aula, já na parte da tarde, ela se aproximou e, receosa,
questionou:
— Podemos conversar?
— Natalie, o que você fez foi bem grave para mim, eu não consigo ser amiga de alguém
em quem não posso confiar, então eu acho melhor você não falar mais comigo — expliquei e
tentei passar, mas ela me segurou.
— Eva, você não entende, se deixar de ser minha amiga será o meu suicídio social —
disse, alarmada.
— Uau! Então é com isso que você está preocupada?
— Não, quer dizer, não é só isso. Olha, eu sempre fui muito leal a você desde que
chegou aqui sem conhecer praticamente ninguém, não acha que deveria levar isso em
consideração?
Ela era inacreditável.
— Vai me chantagear agora?
— Claro que não, só estou falando que amigas se protegem. Eu prometi que não falaria
para o Landon sobre a investigação que seu pessoal fez sobre ele e não vou fazer isso.
Quanto mais ela falava, mais raiva eu sentia.
— Amigas também não mexem nas coisas uma das outras sem autorização. Ainda que
estivesse mesmo precisando do grampeador, o que ambas sabemos que não é verdade, você
jamais poderia ter bisbilhotado as minhas gavetas — devolvi irritada.
Natalie suspirou pesadamente, como se já estivesse sem paciência.
Via-se que pedir alguma coisa não era algo que ela estivesse acostumada a fazer.
— Eva, vamos colocar uma pedra nesse assunto e esquecer tudo isso — sugeriu.
Mesmo que ela não falasse nada para Landon, eu jamais conseguiria enxergá-la com
outros olhos. Natalie sempre me deixaria com um pé atrás, então era impossível voltar a ser sua
amiga.
— Eu não consigo, confiança é primordial para mim, mas fique tranquila que não vou
falar para ninguém o motivo do nosso afastamento.
Seus olhos se encheram de lágrimas, mas logo depois seu rosto foi tomado por uma
expressão de raiva que eu nunca tinha visto. Tive a impressão de que se pudesse, ela me
bateria.
Ficamos nos encarando e por alguns segundos senti medo do ódio que emanava dela.
— Tudo bem, Eva, se é isso que você quer, vou respeitar sua decisão — consentiu, e
após ajeitar a bolsa no ombro, passou por mim.
Eu não tinha a mesma habilidade da minha mãe para ler as pessoas, mas pressenti que
Natalie ainda me daria problemas.

+++
Landon McFarland
Eu tinha acabado de sair da firma em que trabalhava quando recebi uma ligação de Eva
dizendo que precisava falar comigo.
Nós não tínhamos nos visto muito naquela semana, mas até onde eu sabia, as coisas
estavam bem entre nós, então fiquei curioso para saber o que ela queria conversar.
Como estava perto da biblioteca, passei para pegar Beatrice, deixei-a na aula de dança e
depois fui para a casa, onde havia combinado de me encontrar com Eva.
Após tomar um banho, fiquei esperando por ela, que tocou a campainha por volta das
19h.
— Está tudo bem? — questionei depois de trocarmos um beijo.
— Sim, mas preciso falar com você — declarou e caminhamos até a sala.
Eva se sentou ao meu lado e girou o tronco para ficar de frente para mim.
— Estou ouvindo.
Ela fez um sinal com a cabeça enquanto estralava as juntas dos dedos em um gesto
nervoso.
— Landon, você sabe como a minha família é criteriosa com essa coisa de segurança. —
Assenti e ela continuou: — Bom, por causa dos vários casos de sequestros e ameaças de morte
que nossa família já teve, todas as pessoas que se aproximam de nós precisam ser investigadas.
— Imagino que a segurança de vocês tem que ser planejada nos mínimos detalhes.
Ela confirmou com a cabeça.
— Quando te conheci eu sabia que em algum momento eles iriam fazer um dossiê sobre
a sua vida — declarou.
— E isso foi feito?
— Sim, foi. Um superficial logo que nos conhecemos e outro mais detalhado, que ficou
pronto na semana passada — admitiu.
Aquilo não me preocupou, pois não havia nada grave no meu passado que pudesse fazer
Eva se afastar de mim, a não ser a nossa disparidade social, no entanto, fiquei inquieto com a
possibilidade de seu chefe de segurança ter descoberto alguma coisa sobre o meu acordo com
Gordon, ou pior ainda, sobre o meu pai, se bem que não achava que as decisões do homem que
me colocou no mundo pesassem mais do que o plano sórdido do qual eu estava participando.
— E encontrou alguma coisa grave? — inquiri em tom de brincadeira.
— Não, Landon, não tem nada no seu passado que o comprometa e estou envergonhada
de as pessoas terem que ser investigadas sempre que se aproximam de mim, mas essa é a minha
vida — disse, desconcertada, então seu olhar ficou subitamente triste. — Eu sinto muito pelo
seu pai, deve ter sido muito difícil para você e Beatrice.
Meu corpo ficou todo tenso. Tudo que eu não precisava era que Eva sentisse pena de
mim por causa da vida que aquele verme levava.
— Tudo bem, ele teve o fim que procurou — falei sem olhar para ela.
Não era um assunto que me deixava confortável, eu sempre sentia um misto de vergonha
e raiva.
— O problema é que Natalie andou bisbilhotando as minhas coisas e acabou
encontrando esse dossiê no meu escritório e lendo, então, é bem possível que ela te procure
para falar sobre a investigação.
Então era isso, Eva estava com medo de que Natalie me contasse sobre o dossiê e se
antecipou.
Não era legal ter sua privacidade invadida dessa forma, mas eu também estava
escondendo coisas dela, então sua declaração deixou nosso jogo em base de igualdade.
— Nada do que ela me fale vai mudar as coisas entre nós — garanti a fim de tranquilizá-
la —, mas preferiria que ninguém soubesse sobre a morte do meu pai, então, se puder manter
segredo sobre isso…
— Juro que da minha boca não sairá uma palavra — Eva garantiu, então se jogou nos
meus braços e me beijou apaixonada.
Aquele seria o momento perfeito para tentar levá-la para a cama. Eva estava se sentindo
culpada, vulnerável e compadecida. Diante disso, qualquer cara no meu lugar pediria uma
prova de amor em troca de toda aquela compreensão.
No entanto, um fio de razão ainda guiava a minha mente e resolvi seguir o plano
original. Só iria acontecer quando ela realmente estivesse pronta, pois seria uma forma de ter
uma tonelada a menos de culpa para carregar.
Eva Stone

DIAS DEPOIS…

— Queria ir com ele para Aspen, mas se ficar na casa da minha família é bem possível
que minha mãe descubra minhas intenções — comentei com Maddy que estava comigo no
banheiro da universidade, retocando a maquiagem antes de irmos para a próxima aula.
Depois que me afastei de Natalie e contei da reação de Landon a tudo o que tinha
acontecido, minha amiga ficou bem menos reticente com ele, diante disso, eu me senti mais à
vontade para falar sobre tudo com ela, inclusive do meu desejo de viajar com Landon para,
enfim, perder a virgindade.
Nós estávamos saindo há mais de dois meses e ele nunca tinha me pressionado a nada.
Mas depois de ter passado tantos momentos íntimos em seu apartamento, eu me sentia mais do
que pronta para dar aquele passo.
— Se não quer que seus pais saibam, deveria ficar em um hotel. Inventa que o pessoal da
universidade também vai — ela sugeriu.
— Maddy! Que uma ótima ideia! Vou fazer isso quando chegarmos em casa.
— Outra coisa, escolha um lugar mais modesto, não esqueça que seu gato é um bolsista
assalariado — zombou e eu revirei os olhos.
— Por mim ele só precisa existir neste mundo, dinheiro eu tenho — devolvi, enquanto
saíamos do banheiro, e foi a vez de ela revirar os olhos.
A verdade era que Landon nunca reclamou sobre falta de dinheiro, muito embora seu
dossiê mostrasse que ele era bolsista.
Isso, contudo, não queria dizer muita coisa, pelo pouco que tinha visto, Landon era
inteligentíssimo, então essa bolsa de estudo apenas mostrava que ele a merecia, não
necessariamente que não tivesse condições de pagar as mensalidades.
O dossiê, além de dizer que ele ocupava um bom cargo na firma onde trabalhava,
também assinalou seu salário e o bônus que ele recebia anualmente. Não era uma quantia
exorbitante, mas também não era nada irrisória; isso não queria dizer que ele poderia gastar
com qualquer coisa, tinha a impressão de que Landon tinha sua vida toda planejada, incluindo o
que podia gastar a cada mês.
Mais tarde, quando cheguei em casa, fui para o escritório, liguei meu computador e
comecei a pesquisar as opções de hotéis disponíveis. Os primeiros que apareceram na pesquisa
eram maravilhosos, mas com preços astronômicos.
Como Landon sempre fazia questão de pagar pelos nossos cafés e jantares, sentia que ele
não ficaria à vontade em ir a lugar chique demais, por isso fui atrás de um hotel que ficasse
dentro de sua realidade, para que ele não se sentisse desconfortável, caso quisesse pagar
alguma coisa.
Com a ajuda da Maddy, reservei uma suíte em um hotel que ficava bem longe da nossa
residência em Aspen. Era um lugar bem pitoresco, com poucos quartos, mas muito bem
decorado e ótimas avaliações de clientes.
Assim que concluí tudo, mandei mensagem para ele avisando que passaria em sua casa
mais tarde. Landon disse que faria um jantar para me esperar e isso desenhou um sorriso de
satisfação nos meus lábios.
Só esperava que ele ficasse tão ansioso quanto eu para fazer aquela viagem.

+++
Landon McFarland

Como não teria aula de dança, Beatrice jantou comigo e Eva naquela noite. Depois,
resolvemos jogar cartas, e as risadas das duas preenchiam a sala, abafando a música que saía
das caixinhas de som.
Fazia muito tempo que eu não me sentia tão em paz, feliz e tranquilo, todavia, não
deveria me acostumar com aquela calmaria, menos ainda com a presença de Eva em meu
apartamento. Em breve o plano estaria concluído e ela me odiaria para sempre,.
Aquele era o preço que eu pagaria para ter justiça.
— Eu vou dormir — Bea avisou e se despediu de nós.
Fomos para o sofá e Eva se aninhou em meu peito, mas logo se afastou e me encarou.
— Queria te fazer um convite e espero de coração que você aceite.
— Um convite? — questionei, intrigado.
— Queria passar um fim de semana com você em Aspen, com muita neve, lareira,
chocolate quente e você fazendo aquelas coisas que me deixam louca — falou com entusiasmo
e um uma certa dose de acanhamento.
Quase suspirei em apreciação por saber que finalmente tinha chegado a hora em que Eva
Stone iria se render.
— Nossa, isso foi inesperado. Mas eu aceito, vou adorar viajar com você.
— Sério! — ela perguntou, os olhos brilhando de animação.
— Claro, me mande o nome do lugar em que você quer ficar que eu faço as reservas.
— Na verdade, eu já fiz. Escolhi um hotel bem charmoso e pitoresco. Se quiser, eu
mando as informações para o seu e-mail — declarou.
— Tudo bem, mas faço questão de te reembolsar — afirmei.
Nunca fui o tipo de homem que se aproveitava financeiramente de mulheres e com a Eva
não seria diferente, por mais rica que ela fosse.
— Depois a gente vê isso. Então posso organizar os detalhes da viagem? — perguntou,
ansiosa.
— Pode sim — confirmei e nos beijamos.
Toda vez que sentia o gosto daquela garota eu me questionava como ela poderia me
deixar tão duro apenas com seus beijos. Eva Stone, com toda sua autenticidade e inexperiência
na cama, tinha se tornado um dos meus vícios mais deliciosos e não queria nem pensar como
seria minha vida depois que ela descobrisse o grande canalha que eu era.
Eva Stone

DIA DA VIAGEM…

Todo o planejamento que fiz para aquela viagem tinha sido perfeito, eu conferi os
mínimos detalhes de tudo, minha mala foi feita com calma ao longo da semana e quando
Landon passou para me pegar no horário combinado, eu apenas me despedi de Maddy e parti.
Eu estava tão feliz, que não parava de sorrir e tagarelar. Tudo ia muito bem até que eu
cheguei ao aeroporto e me senti completamente perdida.
Encontrar o portão de embarque e despachar as malas poderia ser uma coisa simples
para qualquer pessoa, mas eu nunca tinha voado de voo comercial e todos os tramites eram
feitos pelos funcionários dos meus pais.
“Deixa que eu cuido disso” foi a frase que eu mais escutei de Landon quando percebeu
que eu parecia uma pata dentro do aeroporto.
O voo comercial na classe econômica foi tranquilo, não tivemos bebês chorando,
turbulências ou imprevistos, no entanto, Sanders só ficou aliviado quando pousamos em Aspen.
Por causa da distância, fui obrigada a avisar os meus pais, que obviamente ofereceram o
jato da família para que eu viajasse mais tranquila com meu grupo de amigos, só que eu recusei
com a desculpa de que queria fazer os mesmos programas que eles, pois nem todos tinham a
mesma condição financeira que eu.
Mamãe ficou emocionada com meu gesto, fazendo eu me sentir uma grande mentirosa.
Sanders também sabia que eu estava mentindo, mas em nenhum momento me
constrangeu questionando onde estavam os meus amigos ou em que momento eu iria me
encontrar com eles.
Era como se tivéssemos um acordo silencioso e ele só fosse interferir quando eu
realmente estivesse em perigo.
Enquanto ele direcionava os seguranças, eu e Landon fizemos o check-in e nos dirigimos
ao elevador.
Nosso quarto tinha um estilo rústico e muito aconchegante.
— Esse lugar é lindo, estou empolgado — Landon disse, aproximando-se das janelas
que tinham vista para as montanhas cobertas de neve.
— Você gosta de esquiar? — questionei.
— Esquiava muito quando era criança, meu pai adorava… — respondeu com o olhar
fixo na paisagem.
Era tão nítido que Landon possuía alguma coisa mal resolvida com o pai. Torcia para
que algum dia ele me falasse sobre o que havia acontecido, pois eu tinha curiosidade de saber
mais acerca da vida dele, muito embora tivesse quase certeza de que a desavença tinha a ver
com o estilo de vida que o pai levava antes de morrer.
— Bom, eu não sei o que você quer fazer agora, mas…
— Quais as sugestões? — ele me cortou me lançando seu olhar charmoso.
— Podemos ficar aqui e descansar, ou sair para esquiar, quem sabe descer e tomar um
chocolate quente.
— Todas as opções são tentadoras, mas acho que seus homens estão cansados, então um
chocolate quente aqui no hotel está perfeito, depois a gente volta e descansa.
Pelo visto, até ele tinha percebido a tensão entre os homens que faziam a minha
segurança.
— Para mim está ótimo.
Descemos de mãos dadas e fomos para um lounge todo envidraçado, com lareira, sofás e
poltronas confortáveis para os hospedes. Nos acomodamos em um sofá de dois lugares que
estava estrategicamente posicionado de frente para as montanhas e depois fizemos nossos
pedidos.
Landon passou o braço por trás da minha cabeça e descansei o rosto em seu ombro.
Suspirei de felicidade desejando que o tempo congelasse naquele final de semana para que eu
pudesse aproveitar cada segundo da nossa bolha.

+++
Landon McFarland

A viagem para Aspen serviu para mostrar, de forma muito contundente, o mar de
diferenças que havia entre nós. Era nítido que Eva nunca tinha viajado em um avião comercial,
muito menos na classe econômica, e aquilo me deixou desconfortável e impressionado.
Porém, todo seu empenho para me fazer sentir à vontade teve valor para mim. Eva era
especial e suas atitudes apenas provavam que quando eu concluísse aquele plano fodido, ela me
odiaria com todas as suas forças.
Você não precisa fazer isso. Desista enquanto é tempo.
Ignorei esse pensamento e encarei a mulher deslumbrante a minha frente.
Após tomarmos uma deliciosa xícara de chocolate quente, nós subimos para o quarto,
descansamos por algumas horas e descemos para jantar, no qual apreciamos duas garrafas de
vinho.
Os olhos brilhantes em contraste com os lábios levemente arroxeados dela,
demonstravam que já tinha bebido o suficiente.
— Vamos subir? — sugeri e ela concordou.
Dentro do elevador Eva se aninhou em mim e foi abraçada comigo até chegarmos ao
nosso quarto.
Eu sabia que, naquela noite, ela provavelmente iria ceder, sabia que seria bom, pois
nossa química era inegável e, mesmo assim, não me sentia satisfeito, feliz ou orgulhoso.
Por mais desapegado que eu fosse com as mulheres que passavam pela minha cama,
nenhuma delas me tratou ou olhou com o mesmo amor que Eva. Ela não tinha vergonha de
falar que estava apaixonada, de ligar no meio do dia simplesmente para dizer que estava com
saudade e toda aquela sinceridade a transformava em uma joia rara, o que automaticamente me
fazia sentir um reles pedaço de vidro.
Enquanto ela estava no banheiro trocando de roupa, eu mandei uma mensagem para
Beatrice. Provavelmente só teria resposta no dia seguinte, mas queria que ela soubesse que eu
estava de olhos em seus passos.
Quando Eva voltou usando uma camisola preta de cetim e com os cabelos soltos em
cascata, eu soube que tinha chegado o momento. Minha mente estava dividida entre o desejo e
a culpa, mesmo assim, não conseguiria recuar, eu precisava ir até o fim.
Eva Stone

A camisola que eu tinha escolhido para aquela noite era sensual na medida certa e eu
estava me sentindo linda e confiante enquanto Landon me admirava de cima dos seus quase
1,90 de altura.
Ele era lindo da cabeça aos pés, mas era seu olhar enigmático que me deixava atraída.
Era por volta de 11h30 da noite, meu corpo estava leve por causa do vinho e ansioso por
tudo o que iria acontecer.
Aos poucos, a atmosfera do quarto foi se transformando, Landon se aproximou com
olhar de lobo e tomou minha boca em um beijo delicioso. Quando nossas bocas se afastaram
meu peito estava ofegante e meu coração cheio de certeza.
— Eu quero ser sua, não aguento mais esperar — admiti.
Qualquer garota prudente aguardaria um pedido de namoro oficial, mas eu não suportava
mais aquela espera, já tinha gozado diversas vezes com aquele homem, nosso nível de
intimidade estava cada vez maior e eu estava decidida a perder minha virgindade naquela
viagem.
Landon assentiu e voltamos a nos beijar com urgência.
Sem me largar, ele começou a me guiar para a cama e só se afastou para tirar o suéter e a
calça. Mordi o lábio quando vi o volume do seu pau atravessado dentro da boxer e senti uma
espécie de espasmo no estômago.
Eu ia mesmo fazer aquilo.
Landon se sentou, apoiou as costas na cabeceira e eu montei em seu colo, sentindo sua
ereção contra minha boceta.
Nós nos beijamos ardentemente, com ele apertando minha bunda com uma mão e
descendo minha calcinha com a outra.
Descolei nossas bocas para ajudá-lo nessa tarefa e voltei a montar em seu colo. A falta
do tecido me deixou ainda mais sensível e em poucos segundos meu corpo parecia pegar fogo
de tanto desejo.
Landon beijou meu pescoço, ao mesmo tempo em que baixava as alças da camisola. Ao
desnudar meus seios, ele começou a depositar beijos pelo colo até fechar os lábios em um dos
bicos.
De repente, a peça de seda parecia pesar cem quilos, por isso me afastei e a tirei, ficando
completamente nua, sem nenhum acanhamento, em uma pose que indicava que eu estava me
oferecendo inteiramente para ele.
Por alguns segundos, Landon apenas admirou meu corpo.
— Perfeição é a palavra que te define, Eva — elogiou e me puxou para si, voltando a me
beijar.
O contato com os pelos de seu peito fez os bicos dos meus seios ficarem ainda mais
rígidos. Enfiei as mãos em seus cabelos ao passo que as dele mapeavam cada centímetro do
meu corpo.
De maneira automática, comecei a rebolar no colo dele em busca de mais atrito a fim de
aplacar aquele desejo.
— Eu não aguento mais essa tortura — falei em seu ouvido quando meu corpo parecia
prestes a explodir.
Landon então me colocou deitada sobre a manta macia e se afastou para retirar a boxer.
Engoli em seco quando vi seu pau enorme e cheio de veias pulsantes batendo em seu
umbigo. Era grande e grosso, lindo e assustador.
Após colocar um preservativo, ele voltou para a cama e cobriu meu corpo com o seu.
— Não precisa ter medo — ele disse e voltou a me beijar, desta vez com lentidão, como
se estivesse me degustando.
Do lado de fora, uma neve fina caía, embalada pelas nossas tradicionais músicas dos
anos noventa, que tocavam suavemente através do sistema de som.
Apesar do clima romântico, eu me sentia excitada em um nível que não saberia explicar.
Tinha esperado tanto por aquele momento, que mal podia acreditar que finalmente estivesse
acontecendo.
Sem descolar nossas bocas, Landon deslizava as mãos pelas laterais do meu corpo
enquanto, lentamente, introduzia a cabeça de seu pau na entrada da minha boceta.
— Tudo bem? — perguntou após pressionar um pouco mais.
Havia uma pressão estranha, eu sentia como se minhas paredes estivessem sofrendo para
acomodar toda aquela dimensão.
— Está ardendo um pouquinho — admiti.
Ele me fitou com carinho e depois desceu deixando beijos, desde os seios, passando pela
barriga até chegar em minha boceta.
Engoli em seco quando senti seus dedos me abrindo para dar passagem à língua que
entrava até onde dava e voltava, finalizando com sugadas deliciosas no meu clitóris. Ele repetiu
aqueles movimentos até eu me tornar uma montanha de sensações e gemidos.
— Agora você está pronta — disse e voltou a subir.
Posicionando-se sobre o meu corpo, começou a me penetrar com um pouco mais de
intensidade até ultrapassar a fina barreira.
Gemi em sua boca, sem saber ao certo se era de dor ou prazer, e fui consolada com
beijos e palavras carinhosas.
Quando ele saiu e entrou outra vez, o desconforto ainda era perceptível, mas eu estava
tão molhada e sedenta por ele, que a ardência do hímen rompido se misturou com o tesão que
eu estava sentindo e rapidamente se dissipou.
— Você é uma delícia, Eva. A minha delícia — disse baixinho no meu ouvido e meu
peito se apertou.
Sim, eu seria a delícia dele para sempre, pensei com o coração explodindo de amor.
Gemi um pouco mais alto quando senti seu pau se alojando por inteiro no meu canal. Eu
me sentia tão preenchida que mal conseguia respirar.
— Está ardendo um pouquinho — sussurrei contra sua boca.
— Já vai passar, princesa — disse em tom carinhoso, movimentando-se de forma lenta
para que pudesse me acostumar ao seu tamanho e fazendo meu desejo voltar.
Landon voltou a tomar minha boca, sorvendo meus gemidos enquanto me fazia mulher.
Era uma delícia ser possuída por um homem que sabia exatamente o que fazer para me
deixar completamente rendida.

+++
Landon McFarland

Tão apertada!
Esse pensamento vinha rondando a minha mente desde o momento em que arremeti no
canal intocado.
Os gemidinhos baixos e contidos que Eva soltava, junto com a quantidade de
lubrificação em seu interior, mostravam que ela estava tão excitada quanto eu, enquanto
rebolava embaixo de mim.
Era enlouquecedor. Todo o meu mundo estava girando em torno da sensação de ter meu
pau entrando e saindo daquela boceta gostosa.
Conforme ela se acostumava com as minhas investidas, fui aumentando o ritmo,
tentando, sofregamente, conter os meus instintos para não a tratar como uma mulher experiente
e acabar a machucando. Jamais me perdoaria se causasse algum trauma em sua primeira vez.
Eu queria ensinar tudo para Eva, moldá-la do meu jeito para que pudesse me satisfazer
de todas as maneiras.
Ergui o tronco levemente para poder ver seu rosto, e ao perceber que sua expressão só
denotava prazer, virei-a de bruços, voltei a me encaixar em sua entrada e fiquei vendo enquanto
meu pau sumia dentro dela.
Com um som gutural, aumentei as investidas, enlouquecido.
Sem controle, agarrei os cabelos de sua nuca, puxei sua cabeça com delicadeza e tomei
sua boca com fúria.
— Ah, minha nossa — ela murmurou segundos depois quando deslizei a mão livre por
baixo de sua barriga e massageei o clitóris, sem deixar de penetrar.
Ambos estávamos imersos em uma bolha de luxúria.
— Isso está delicioso — falei, quase sem voz, metendo cada vez mais rápido.
Senti seu corpo tensionando embaixo do meu e, no instante seguinte, Eva chegava ao
êxtase, gemendo alto e cravando as unhas no lençol branco.
Investi mais algumas vezes até não aguentar mais e me entregar a um orgasmo
desenfreado que me fez soltar um urro abafado enquanto a preenchia com jatos potentes.
Eva permaneceu onde estava, completamente lânguida. Já eu, em vez de ir ao banheiro
como uma desculpa de me afastar, como fazia normalmente, fiquei deslizando a boca
suavemente por seus ombros e nuca, deixando sua pele toda arrepiada.
— Você foi perfeita — elogiei e ela sorriu, ainda de olhos fechados.
— Você também — respondeu preguiçosa.
Saí de dentro dela e Eva rolou, ficando de costas.
Nesta hora avistei uma pequena mancha de sangue no lençol.
Sem falar nada, caminhei até o banheiro, tirei o preservativo, joguei-o na privada e puxei
a descarga. Depois de me limpar na pia, eu me encarei no espelho.
Segundo o plano de vingança de Gordon, eu deveria seduzir a Eva, transar com ela, a
abandonar logo depois e então fazer com que a universidade inteira soubesse que ela tinha sido
usada e descartada por mim.
Fechei os olhos com força e suspirei pesadamente. Eu tinha gostado tanto do que
havíamos feito, que não conseguia imaginar a possibilidade de ficar longe de seu corpo
delicioso. Todavia, era a honra da minha irmã que estava em jogo e eu nunca estive tão
dividido em minha vida.
Eva Stone

Após passarmos a noite nos braços um do outro, Landon me acordou com beijos suaves.
Ao abrir os olhos, havia uma bandeja sobre um carrinho e o cheiro de café me despertou na
mesma hora.
Nós fizemos o desjejum juntos, mas não tive coragem de tomar banho com ele.
Percebendo meu embaraço, ele sugeriu que eu fosse primeiro e naquele momento estava
deitada na cama, esperando ele terminar o dele para combinarmos o que iríamos fazer.
Ele saiu do banheiro usando o roupão preto do hotel e foi atrás do seu celular.
— O que quer fazer hoje? — questionou, sentando-se na poltrona que ficava ao lado da
lareira.
— A gente podia esquiar — sugeri, então, levantei-me da cama e parei na frente dele —,
ou poderíamos ficar aqui e você me ensinaria mais sobre o que podemos fazer dentro de um
quarto, além de dormir — falei com voz manhosa e me ajoelhei a sua frente.
Landon me encarou com o olhar em chamas.
— A segunda opção me parece bem tentadora, senhorita Stone — brincou e eu contive
um sorriso.
Determinada, ajoelhei-me a sua frente, desfiz o laço do seu roupão e expus seu pau, que
ficou de frente para o meu rosto, já completamente ereto.
Alisei suas coxas com calma, depois toquei o membro e encarei o homem a minha frente
que parecia um rei sentado em seu trono, me olhando de cima e enxergando sua súdita
morrendo de desejo por ele.
— Me ensine o que fazer — pedi baixinho.
— Porra, Eva, você é um sonho — ele disse e acariciou meu rosto.
Cada elogio me deixava mais excitada. Eu queria ser o sonho dele, satisfazer todos os
seus desejos, para que ele não cogitasse ficar com outras garotas. Nunca mais.
— Abaixe as alças da camisola, quero ver seus seios enquanto você me chupa —
ordenou.
Calmamente, deslizei uma alça, depois a outra, e fiquei com os seios de fora para sua
apreciação.
— Assim?
— Isso, princesa, perfeito. Agora segure meu pau com uma mão e passe a língua pela
glande.
Engoli em seco e fiz o que ele pediu: segurei o pau duro e pesado, aproximei meu rosto e
trocamos um último olhar antes de eu passar a língua pela cabeça inchada. Senti um gosto
levemente salgado e suas coxas tensionavam em resposta.
Com a voz levemente rouca, Landon foi falando o que era para eu fazer.
“Passe a língua aí de novo, Eva”. “Agora coloque metade na boca”. “Isso, continua
assim, você aguenta”. “Boa menina, agora engula inteiro”…
Segui obedecendo aos seus comandos e, aos poucos, fui pegando o jeito. Lambia toda a
base e subia lentamente, sentindo as veias pulsantes em minha língua e sempre olhando dentro
dos seus olhos, o que parecia excitá-lo ainda mais.
Por fim, eu estava chupando seu pau igual a uma atriz de filmes adultos, sem me
importar se estava parecendo submissa ou vulgar, eu só queria satisfazê-lo, pois aquilo também
me satisfazia. Eu me sentia poderosa por estar lhe proporcionando tanto prazer.
— Agora coloca um preservativo nele, que eu vou te comer gostoso — ordenou e me
entregou o pacote.
Eu nunca tinha feito aquilo antes, então rasguei a embalagem com cuidado e depois fui
deslizando o látex por toda a extensão, encontrando dificuldade para cobri-lo inteiro, pois
parecia que não iria caber. Vendo aquilo, Landon me ajudou a concluir a tarefa.
— Vem — ele chamou e eu me pus de pé.
Tirei a camisola, a calcinha e montei em seu colo.
Ele me abraçou e eu passei os baços em volta de seu pescoço. Enquanto ele me beijava,
seu peito comprimia os bicos dos meus seios deixando-os mais e mais duros. Ainda estava
sendo devorada por ele quando me ajeitei em seu colo, posicionei minha entrada sobre o seu
membro e fui largando o corpo, deslizando e o engolindo lentamente.
— Eu tô sentindo ele todo dentro de mim — falei contra os seus lábios.
Landon me encarava de volta, com olhar de lobo mal, às vezes mordendo meu lábio,
outras vezes a minha orelha e me apertando contra si, como se quisesse fundir meu corpo ao
seu.
Quando me acostumei com seu tamanho, suas mãos foram para a minha cintura e ele
começou a me ajudar a subir e descer. O ir e vir da glande robusta causava uma sensação
deliciosa e a cada vez que seu pau chegava lá no fundo, eu sentia uma descarga de prazer. Sabia
que muito em breve estaria gozando.
— Nunca vou me cansar disso, Eva, você é perfeita — Landon sussurrou contra a minha
boca, ciente do efeito que aquelas palavras tinham na cabeça de uma mulher. — Isso, assim,
gostosa — completou com uma voz dominadora quando comprimi meu canal e comecei a
rebolar.
Já não conseguia conter meus gemidos, e ao sentir que meu clímax estava próximo,
movimentei-me ainda mais rápido.
Quando o orgasmo chegou, eu me agarrei a ele e me deixei levar pelo prazer que nascia
no meu ventre e se espalhava pelo restante do corpo.
Sem conseguir se segurar por mais tempo, Landon segurou meus quadris, investiu firme
por alguns segundos, e gozou agarrado a mim.
— Como eu vivi todos esses anos sem sexo? — brinquei quando minha respiração
voltou ao normal.
O olhar de Landon para mim era meio misterioso e tudo o que pude imaginar era o que
ele estava vendo: uma mulher toda suada, ofegante e com os cabelos grudados no rosto.
Se me olhasse no espelho eu certamente me acharia horrorosa, mas tinha a impressão de
que aquela visão era totalmente diferente para um homem, visto que também havia admiração
em seu olhar.
— Não sei, mas a partir de agora eu garanto que você não vai ficar sem — ele respondeu
minha pergunta e tomou a minha boca.
Depois daquela rodada de sexo, tomamos outro banho e saímos pela cidade com planos
de esquiar e depois passear um pouco. Eu, contudo, já estava ansiosa para voltar ao nosso
ninho de amor e ser possuída novamente.

+++
Landon McFarland

Passar um fim de semana inteiro dentro de Evangeline Stone teve um efeito devastador
dentro de mim. Eu sabia que estava envolvido, mas ter tirado sua virgindade elevou nossa
conexão a um outro nível.
Eu estava inegavelmente apaixonado, por isso evitei de falar com Gordon na segunda-
feira pós-viagem. Também recusei suas ligações na terça e na quarta e não respondi a nenhuma
de suas mensagens, no entanto, na sexta-feira, ele me encurralou e disse para encontrá-lo atrás
de um dos auditórios para que pudéssemos conversar.
Chegando ao local, eu o encontrei encostado no muro de pedras, fumando um de seus
cigarros fedorentos.
— Segunda-feira é o julgamento dos caras — disse ao me ver —, você precisa concluir o
acordo neste final de semana — decretou.
Eu passei a semana toda pensando em tudo o que iria acontecer se eu falasse para ele que
tinha conseguido tirar a virgindade de Eva, e após analisar todos os ângulos, cheguei à
conclusão de que se eu realmente terminasse com ela e deixasse a fofoca se espalhar, estaria
fazendo igual – ou pior – aos caras que tentaram abusar da minha irmã.
Eva se sentiria brutalmente exposta e humilhada, exatamente o que evitou que
acontecesse com Bea. Eu entrei naquele jogo motivado por ódio e vingança, mas não poderia
levar aquilo adiante, não sabendo do mal que poderia causar.
— Eu desisto. Eva não tem culpa dos meus problemas, muito menos dos seus. O fato de
a garota não querer sair com você não deveria se tornar uma disputa entre o seu ego e a sua
insegurança — declarei e ele me encarou com raiva, mas, então, sua expressão se tornou
incrédula.
— Não acredito que você se apaixonou por ela — acusou.
— Isso não é da sua conta, só queria que soubesse que estou fora.
— Então vai trocar a sua irmã pela riquinha vadia? — ele mal tinha terminado de falar e
meus punhos acertaram sua boca com força.
Gordon gemeu de dor e se encolheu contra o muro, morto de medo.
— Nunca mais fale assim dela, ou vou arrebentar essa sua cara de idiota — ameacei
entredentes.
Ele sabia da minha fama de não fugir de uma boa briga. A única vez que precisei ter
cautela foi no lance da Beatrice; não dava para ir atrás dos caras depois daquela noite sem que a
polícia desconfiasse de que era eu. Só por causa disso eu fui atrás do infeliz do Gordon, no
entanto, estava aliviado por ter parado a tempo.
Eva não merecia aquela merda e Beatrice nunca iria me perdoar. O maldito plano iria
fazer as duas se afastarem de mim, por isso estava em paz por ter tomado a decisão correta.
— Se abrir a boca sobre isso, eu vou atrás de você para acertar as contas. Esse assunto
morre aqui — exigi.
Ele apenas assentiu.
— E não me ligue mais, quero esquecer que algum dia fiz esse acordo sujo com você.
— Ok, eu já entendi — respondeu, a expressão denotando receio e dor.
— Ótimo — falei e fui embora.
Eu ainda não sabia o que faria para vingar a honra de Bea, mas já tinha entendido que
fazer mal a Eva não apagaria o que aconteceu nem faria com que eu me sentisse melhor.
Eva Stone

— Você usando jeans e tênis? — Maddy questionou, incrédula, ao me ver descendo as


escadas.
— Eu vou passear com o Landon pela cidade e pedi dicas para ele, pois não sabia o que
usar, e ele sugeriu isso aqui. Acho que ficou bom.
— Está de brincadeira! Agora sim você parece ter a nossa idade — afirmou enquanto eu
dava uma voltinha.
— Qual a programação? — questionou.
— Passeios turísticos, muito ar puro, piquenique a céu aberto — citei e peguei minha
bolsa.
— Ou seja, sua equipe de segurança terá trabalho — comentou e rimos.
Sanders sempre me alertava sobre os perigos de passeios a céu aberto, mas eu preferia
acreditar que os inimigos da família Stone estavam de bem com a vida naquela semana.
Despedi-me de Maddy, passei na cozinha para pegar a cesta que a senhora Mensfil tinha
feito para nós e depois saí de casa, bem a tempo de ver Landon estacionando.
Ele saiu do carro usando jeans, suéter e um casaco preto por cima, perfeito como
sempre.
Nós nos encontramos o meio do caminho e nos beijamos.
— Gostei do visual — elogiou quando descolou a boca da minha.
— Eu também, acho que vou usar mais vezes — falei, antes de entrar no carro.
Landon fechou a porta e deu a volta. Dentro da Land Rover estava gostoso, diferente do
clima lá fora. Contudo, apesar de estar fazendo frio, havia um sol tímido atrás das nuvens e o
céu tinha um azul lindíssimo, o que deixaria as fotos do nosso passeio incríveis. Oxford era tão
cinzenta e nublada, que um dia como aquele merecia ser apreciado.
Nossa primeira parada foi em um parque arborizado e florido. Estendi a manta que
estava dentro da cesta no chão e nos sentamos, um ao lado do outro.
— Acho que nunca fiz nada parecido com isso na vida — comentei enquanto tirava as
coisas da cesta.
— Eu fiz, mas foi com a Beatrice, então não conta.
Fiquei tentada a perguntar sobre seus antigos relacionamentos, mas desisti. Ele não tinha
me pedido em namoro, mas me tratava como sua namorada, fora que todos sabiam que
estávamos juntos, então, por enquanto, estava perfeito.
No dossiê que Sanders fez, eu li que a última conquista de Landon tinha sido uma
veterana do curso de direito, uma garota prodígio que certamente tinha o mesmo nível
intelectual que ele. Senti ciúme ao ler sobre aquilo, não exatamente por causa dela, mas tão
somente por saber que ele foi de outras garotas antes de me conhecer.
Era um tanto narcisista da minha parte, mas eu ficava enciumada só de imaginar que
outras mulheres enxergavam as mesmas qualidades que eu via nele. Queria guardar aquele
homem em uma caixinha e trancafiar seus olhares, sorrisos e noites de paixão só para mim.
Comemos as delícias da cesta apreciando a paisagem e escutando o barulho do canto dos
pássaros. Olhei para ele e um delicioso frio na barriga surgiu. Era assim todas as vezes que eu
pensava em seu lindo sorriso ou nas safadezas que fazíamos na cama.
Sim, eu estava completamente apaixonada e aquele pedaço de felicidade estava tão bom,
que tive medo de compartilhar com minha mãe ou Alexander; tinha receio de que o julgamento
deles estragasse o meu conto de fadas.
No final do dia, quando achei que ele fosse me deixar em casa, Landon me convidou
para dormir no apartamento dele e eu obviamente aceitei.
Ele fez um jantar incrível, enquanto eu e a Bea servimos de assistentes do chef. Foi uma
noite regada boa conversa, risos, olhares apaixonados.
Já no quarto, nós fizemos amor baixinho. Em meio a languidez do pós-sexo, eu me
declarei e recebi declarações antes de dormir nos braços do homem que tinha se tornado o meu
mundo.

+++

— Nossa, se olhar matasse, a Natalie já teria te fuzilado de todas as maneiras possíveis


— Maddy comentou quando saímos do refeitório.
Naquele dia, Natalie estava sentada sozinha, mexendo no notebook e tomando café.
Quando a via pelos corredores, eu não fazia questão de encará-la, mas minha amiga sempre
ficava de olho e percebia seus olhares em minha direção.
Bom, o problema era dela. De minha parte estava tudo bem, eu estava seguindo a minha
vida como se nunca tivéssemos nos conhecido. Claro que algumas pessoas questionavam sobre
o nosso afastamento, mas fiz o que prometi e não revelei os motivos do rompimento.
— Daqui a pouco ela acha outra pessoa para bajular e me esquece — comentei enquanto
caminhávamos para fora.
— Verdade. E o que vai fazer agora? — ela perguntou.
— Preciso ir para a biblioteca estudar, depois vou passar em casa para tomar banho e
trocar de roupa, porque mais tarde vou para o apartamento do Landon.
— Que novidade. Vocês não se desgrudam mais, a universidade inteira está comentando
sobre esse grude todo.
Maddy me mantinha informada sobre as fofocas que envolviam meu nome e nas últimas
semanas o assunto era eu e Landon. Pelo menos eles tinham parado de me comparar com a
minha mãe e aquele novo enredo era bem melhor.
No meio do caminho, entre a biblioteca e o prédio onde Maddy teria sua próxima aula,
nós nos despedimos e cada uma foi para um lugar.
Encontrei Beatrice na entrada da Bodleiana e fomos conversando até eu encontrar uma
mesa de estudos vazia.
— Você vai viajar na semana que vem, certo? — questionou quando me sentei.
— Sim, tenho que ir para Nova York visitar meus pais.
— Nova York deve ser incrível — ela comentou com olhar brilhante e aquilo me deu
uma ideia.
Ainda era meio cedo para eu aparecer com Landon lá em casa, mas e se eu levasse
Beatrice comigo?
Seria possível?
— Bom, se o Landon deixar, eu posso te levar comigo — comentei.
— Está falando sério?
— Claro que sim, vai ser um prazer — garanti.
— Eu vou falar com o meu irmão e Deus o ajude se ele não deixar — disse animada e
saiu empurrando seu carrinho de livros.
Torcia para que Landon a deixasse viajar comigo, pois nas últimas semanas a Bea só
estudava, trabalhava e fazia as aulas de dança, então um pouco de lazer faria bem a ela.
Após uma tarde inteira de estudos, fui para casa e mais tarde me encontrei com Landon
em seu apartamento. Enquanto jantávamos, eu falei para ele sobre a viagem e pontuei como
seria bom que Bea respirasse outros ares.
Ele relutou um pouco, mas acabou aceitando.
Quando Bea chegou do curso de dança e soube da notícia, ela ficou eufórica, me
abraçando e agradecendo diversas vezes por ter conseguido aquela proeza. Segundo disse, o
general McFarland mal a deixava ir até na esquina, então aquilo era um grande feito.
Eu também tinha convidado a Maddy par ir junto, mas ela recusou, disse que adoraria
ficar sozinha para receber a visita de um gato com quem estava saindo, então seríamos apenas
Bea e eu.
Dormi no apartamento deles naquela noite e no dia seguinte começamos a planejar a
viagem. Não daria para fazer muita coisa, mas faria de tudo para que minha cunhada se sentisse
especial e vivesse momentos inesquecíveis.

+++
Landon McFarland

DIAS DEPOIS…

Deixar a Beatrice viajar para Nova York foi um grande exercício de confiança entre nós
três. No fundo, eu não temia pela segurança de minha irmã quando estivesse nos Estados
Unidos, mas sim em como ela reagiria com o choque de realidade entre a nossa vida e a de Eva.
Após uma longa conversa, eu as acompanhei até o aeroporto e, pela primeira vez em
muitos meses, me senti sozinho.
Eu estava acostumado com as tagarelices da minha irmã pelo apartamento e de estar com
Eva quase todos os dias no último mês, então estava tudo muito silencioso naquela sexta-feira e
ficaria assim até no domingo.
Coloquei uma música qualquer, abri uma garrafa de vinho e decidi que iria cozinhar
alguma coisa, pois não pretendia sair naquela noite.
Já estava quase finalizando o molho da massa quando a campainha tocou. Ultimamente
eu passava tanto tempo com a Eva, que acabei me afastando dos meus amigos da universidade,
então achei que pudesse ser um deles.
Desliguei o fogo e fui atender.
Quando abri a porta, deparei-me com Natalie Pope.
— Desculpe por aparecer assim, sem avisar, mas amanhã é o evento beneficente e eu me
esqueci de te entregar as credenciais para você ficar junto com os outros voluntários — ela
explicou e tudo fez sentido.
— Eu tinha me esquecido do evento — revelei quando ela me entregou um envelope.
— O importante é que vá. Se tiver qualquer dúvida é só me ligar, deixei o meu cartão aí
dentro — declarou e eu assenti.
Achei que ela fosse pedir para entrar, ou que tocaria no assunto do dossiê que encontrou
no escritório de Eva, mas Natalie simplesmente se despediu e foi embora.
Fechei a porta, deixei o envelope em cima da mesa e fui finalizar o meu jantar.
Enquanto comia, uma dúvida começou a rondar meus pensamentos.
O que será que Eva iria pensar quando soubesse que eu e Natalie estávamos
participando de um evento juntos?
Eu sinceramente esperava que isso não se tornasse um problema, pois precisava cumprir
com o combinado que fiz no dia em que assinei a ficha de voluntários e não queria prejudicar
meu relacionamento por causa da rixa que existe entre elas.
Eva Stone

— Uau, que perfeito! — Beatrice exclamou ao entrar no quarto de visitas que tinha sido
preparado para ela.
Ela também tinha falado isso quando entrou no nosso avião particular, depois, quando se
deparou com o Bentley que nos aguardava na pista do hangar e também quando entrou na
nossa cobertura.
Minha mãe estava achando um barato todo o seu deslumbre e comentou secretamente
comigo que toda a euforia da minha amiga relembrou seus velhos tempos na universidade,
quando ela passava pelas mesmas coisas.
— Eu vou tomar um banho e descansar, mais tarde volto aqui pra gente ir jantar, pode
ser? — questionei e ela concordou.
Sorri e caminhei até a porta, mas antes de fechar a porta pude vê-la se jogando na cama.
— Podemos conversar? — mamãe perguntou quando saí no corredor.
Ela estava encostada na porta de meu quarto, então não tinha muito para onde fugir.
— Claro.
Ao entrarmos, fui direto para a cama, onde me sentei e tirei as sandálias.
Ela ficou encostada em um móvel, me encarando fixamente.
— O que foi? — questionei.
— Quando iria me contar que estava namorando e, pior, que trouxe a irmã do seu
namorado para passar o fim de semana conosco?
Mas que droga!
— Eu não estou namorando, nós estamos nos conhecendo ainda. Quanto a Beatrice, ela
se tornou uma boa amiga, não sabia que teria problema em trazê-la aqui.
— Você sabe que não tem, só achei que confiasse mais na sua mãe.
— Eu confio, mas tem coisas que eu prefiro guardar só para mim — comentei.
Mamãe sempre se meteu mais na vida do Alexander, porque ele começou a namorar
mais cedo, no entanto, eu sabia que quando encontrasse alguém, ela ficaria de olho, então
aquela conversa não era uma novidade.
— Filha, eu não quero invadir seu espaço, mas lembre-se de que estarei aqui para
quando quiser conversar — declarou.
— Eu sei, mamãe, mas é sério, nós ainda não estamos namorando, se as coisas ficarem
mais sérias eu virei te pedir conselhos — garanti. — Agora me fala, quem foi que deu com a
língua nos dentes?
— Escutei o Alex e o seu pai conversando ontem e devo dizer que me senti triplamente
traída — reclamou em tom de brincadeira e sorrimos.
Alexander já havia chegado em Nova York, mas tinha saído para almoçar com Dom.
— Vou tomar um banho e descansar, me avise quando o Alex chegar em casa.
Mamãe assentiu e me deu um beijo no topo da cabeça antes de sair.
Eu nunca iria falar nada, mas era exatamente por causa desse tipo de conversa que eu
não falava muitas coisas para ela.
Louise Stone tinha tanto talento para resolver a vida amorosa de outras mulheres, que se
sentia na obrigação de me auxiliar nessa fase da minha vida, contudo, eu achava que até o
momento estava me virando bem e só procuraria sua ajuda em casos extremos.
Caminhei pelo meu quarto, matando a saudade de cada detalhe, depois escolhi uma
roupa confortável e fui tomar um banho. Os minutos embaixo da água quente relaxaram meu
corpo, mas quando me deitei, não consegui dormir.
Cansada de rolar de um lado para outro, voltei ao banheiro para secar meu cabelo e saí
do quarto. Ao chegar na sala, encontrei meu pai saindo do elevador privativo.
Ele tinha ficado preso em uma reunião, por isso não conseguiu ir me buscar no
aeroporto.
— Filha, que saudade — ele disse, puxando-me para um abraço.
Foi tão reconfortante sentir o aconchego dos seus braços, o perfume familiar.
— Eu também senti sua falta, estou feliz de estar em casa.
Ele deixou sua valise na mesa de apoio e nos sentamos no sofá. Fiquei com a cabeça
encostada em seu ombro, seus braços em volta de mim, do mesmo jeito que fazia quando eu era
criança.
— Como estão as coisas em Oxford? — ele questionou depois de alguns minutos.
Era óbvio que ele sabia de cada passo do meu dia, mesmo assim queria um relato sincero
da minha parte.
— Está tudo bem, minhas notas estão ótimas, estou gostando de tudo, só poderia ter
mais sol — brinquei.
— E o namoro, como está?
Se ele estava conversando sobre a minha vida com Alex, certamente iria me perguntar
para mim.
— Ele ainda não me pediu em namoro.
— E ele pretende te enrolar até quando? — inquiriu em tom de zombaria, mas eu sabia
que tinha uma parcela de verdade ali.
— Nós estamos nos conhecendo, acho melhor ir com calma.
— Você é quem sabe, amor. Mas e a sua amiga, onde está? — questionou.
Essa era a parte que eu mais amava da nossa relação, papai me amava e iria me proteger
de tudo nos bastidores, dando ordens para a minha equipe de segurança e querendo saber de
tudo sobre mim, mas em nenhum momento me pressionaria ou faria cobranças.
— No quarto de visitas, vou buscá-la daqui a pouco pra gente jantar.
— Ótimo, vou tomar um banho e volto para ficar com você — ele disse, me deu um
beijo na testa e seguiu em direção aos corredores.
Eu estava pronta para ir atrás de Beatrice, quando o elevador abriu e Alexander saiu
dele, junto com Dominic.
Corri até eles e ganhei um abraço duplo.
— E como estão as coisas na Inglaterra? — Dom questionou.
— Ótimas, a liberdade é incrível — brinquei.
— Quer dizer que não sentiu nossa falta? — ele perguntou em tom ofendido.
— Estou feliz em ver vocês, mas estaria mentindo se dissesse que estava morrendo de
saudades.
Os dois trocaram olhares e senti que a indireta foi recebida com sucesso.
— Foi só começar a namorar que ficou com a língua afiada — Alex alfinetou.
— Como assim, nossa garotinha está namorando? — Dom inquiriu, surpreso.
Ele já deveria saber de tudo, mas estava fazendo aquele teatro para me perturbar.
— Pois é, primo, namorando um escocês que usa saia — Alex completou e gargalhamos.
— Ele é irlandês, e é lindo — falei em defesa de Landon.
— E cadê a irmã dele, soube que é uma gatinha — Dominic comentou.
— Nem pensem nisso, Bea já passou por muita coisa, ela não precisa se apaixonar por
um de vocês e passar o resto da vida traumatizada — falei sério e eles trocaram olhares.
— Tudo bem, maninha, a sorte dela é que não gosto de garotas cheirando a leite — Alex
comentou.
— Eu não tenho nada contra — Dominic completou e foi impossível não rir da sua cara
de pau.
Ficamos naquela conversa cheia de provocações e risadas até Dom se despedir e ir
embora, pois tinha combinado de jantar com os pais.
Fiquei sozinha com Alexander e o encarei.
— O que foi? — questionei quando percebi que ele ficou me encarando por um bom
tempo.
— Você está apaixonada — acusou.
— Estou sim, e daí?
— Você sabe que se esse cara aprontar com você, ele não vai sobreviver para contar
vantagem, certo? — declarou.
— Alex, pelo amor de Deus, eu sei me virar. E se eu quebrar a cara, o problema será meu
— falei sem paciência.
— Tudo bem, foi só um alerta — insistiu e mudamos de assunto.
Mais tarde, quando já estávamos à mesa de jantar, eu senti orgulho da minha família e da
forma como eles se esforçaram para deixar Beatrice confortável. Ela falou um pouco sobre a
sua família, a perda dos pais e principalmente sobre o curso de dança.
Ao ouvir isso, mamãe disse que tentaria conseguir uma audição com o balé de Nova
York, o que deixou minha cunhada eufórica.
Ela era uma garota adorável e todos puderam comprovar que London estava fazendo um
bom trabalho.

+++
Landon McFarland

No sábado de manhã, cheguei cedo ao evento beneficente e me juntei com os outros


voluntários que já estavam em uma sala organizando todos os detalhes.
Eu ficaria responsável por servir o café, enquanto outros alunos ficariam em suas
barracas recebendo doações e vendendo os objetos que foram doados por moradores locais. O
objetivo era arrecadar o máximo de dinheiro possível para ajudar instituições que cuidavam de
crianças abandonadas.
— Que bom que você veio — Natalie disse ao me encontrar na minha barraca.
— É uma boa causa, eu não iria faltar — comentei, entregando uma dose de café para
uma senhora.
— Você tem fama de valentão, nunca imaginei que apoiasse esse tipo de causa — ela
disse e comprou um café com a voluntária do caixa.
— E o que uma coisa tem a ver com a outra? Um valentão não pode fazer boas ações?
— zombei e ela sorriu.
— Claro que sim, e estou feliz que você esteja participando — declarou e confirmei com
um aceno de cabeça.
Eu não sabia muito sobre a vida de Natalie, apenas que era de família rica e sempre
estava envolvida nas causas sociais organizadas pela universidade. Ainda que ela e Eva
tivessem brigado, eu precisava admitir que sua benevolência para com o próximo era
admirável.
Ao longo do dia ela apareceu mais algumas vezes na minha barraca, para comprar café
ou recolher o dinheiro do caixa. Em nenhum momento perguntou ou falou mal de Eva, o que
foi muito bom, pois eu não estava disposto a me meter naquela história.
No fim do evento, os voluntários e organizadores se reuniram na sala de concentração e
comemoramos muito quando Natalie revelou o valor arrecadado.
Fiquei muito satisfeito, mas nem pude comemorar muito porque estava realmente
cansado, louco para ir para casa.
O pessoal, todavia, combinou de tomar uma cerveja em um pub que ficava ali na rua
mesmo, e para não ser o chato resolvi ir. Pretendia tomar uma ou duas cervejas e depois iria
para casa descansar.
Eva Stone

Após o café da manhã, fui passear com a Bea pela cidade, fazendo um típico programa
de turistas que foi minunciosamente planejado por Sanders e incluiu até um passeio pelo
Central Park. Perto do meio-dia, nós retornamos, totalmente mortas de cansadas, mas ela
parecia muito feliz.
— Eu amei, Eva, é bem diferente da calmaria de Oxford e valeu cada segundo — ela
disse, animada, em frente a porta de seu quarto.
— Que bom que você gostou. Agora vá se refrescar que eu te espero na sala para
podermos almoçar — avisei e ela concordou com um sorriso enorme no rosto.
Fui até o meu quarto para jogar uma água no rosto e aproveitei para checar o celular.
Ao longo da manhã, eu tinha enviado algumas mensagens para Landon, mas ele
demorou para responder e explicou que estava trabalhando como voluntário em uma ação
promovida pela universidade.
Em nenhum momento ele citou o nome de Natalie, mas eu sabia que ela estava lá, pois
era uma das organizadoras e foi impossível não cogitar se os dois iriam conversar a meu
respeito.
Tentei não criar desfechos que só aconteceriam na minha cabeça e decidi ligar para
Maddy enquanto seguia até a sala, onde mamãe e Beatrice já se encontravam.
— E aí, já correu nua pelo jardim? — brinquei quando ela atendeu.
Escutei barulho de música e conversas, só então me lembrei das várias horas de
diferença entre Nova York e Inglaterra, lá já era noite e ela não deveria estar em casa.
— Quem está prestes a caminhar nua aqui pelo pub é a Natalie.
— Como é? — Não estava entendendo nada.
— O pior de tudo é que ela está na mesma roda de amigos do seu namorado —
entregou, sem rodeios.
— O que? — questionei, alto dessa vez, e minha mãe desviou o olhar da tagarelice de
Bea para me encarar.
Saí da sala e caminhei em direção ao corredor que levava aos quartos.
— Espera. Onde você está.
— No King’s Arms[4].
— E o Landon está aí com ela? — perguntei com o coração saindo pela garganta.
— Sim, parece que vieram comemorar o sucesso do evento beneficente.
— Mas ele está de conversa com ela? — questionei, nervosa.
— Eles estão na mesma roda, bebendo e conversando, todos conversando com todos —
respondeu sem muita paciência.
Maddy deveria estar tão chateada quanto eu, mas não queria escutar sermão naquele
momento.
— Se vir qualquer coisa suspeita, faça vídeo ou foto e me mande.
— Pode apostar que sim — disse e desligou.
Queria explicar a agonia que tomou conta do meu peito, mas não conseguia.
Em nenhum momento nas últimas semanas nós conversamos sobre um dos dois sair
sozinho, até porque não tínhamos oficializado nada, mas estava profundamente magoada por
saber que Landon não teve o trabalho de me perguntar se eu acharia ruim que ele fosse a um
pub com a garota que tinha se tornado meu desafeto.
— Tudo bem, filha? — mamãe perguntou, entrando no meu quarto.
— Claro, a Maddy só estava me atualizando dos últimos acontecimentos da universidade
— falei e ajeitei meus cabelos no espelho para disfarçar o nervosismo.
— Tudo bem — disse em um tom de quem não acreditava, mas não iria insistir. — O
almoço está pronto, vamos?
Concordei e voltamos juntas para a sala.
Era óbvio que ela estava farejando que alguma coisa estava errada, mas enquanto eu não
falasse com Landon, não abriria o jogo com ninguém.
Almoçamos mais uma vez em um clima descontraído, no entanto, eu estava longe,
mexendo a comida de um lado a outro no prato, tentando me concentrar nas histórias que meu
pai contava para Bea.
Ainda assim, fiz todo o esforço possível para engolir a sobremesa e dei graças a Deus
quando Beatrice aceitou o convidou de minha mãe para ir ao cabeleireiro, pois aproveitei para
declinar com a desculpa de que ficaria fazendo companhia para o meu pai.
— É impressão minha ou tem alguma coisa te incomodando? — papai comentou
enquanto tomávamos uma xícara de café na sala.
Se eu falasse que Landon estava com minha ex-amiga em um pub, ele certamente ficaria
com raiva de seu futuro genro, então como eu não sabia o que estava acontecendo, achei
melhor manter em segredo.
— Nada de mais, cadê o Alex? — questionei para mudar de assunto.
— Deve estar dormindo, ele saiu com o Dominic ontem e chegou de madrugada —
respondeu.
Anuí e fiquei mais alguns minutos com ele na sala, depois avisei que iria para o meu
quarto, mas segui reto pelo corredor e entrei no quarto do meu irmão.
— Acorda, preciso de um conselho — falei, deitando-me ao seu lado na cama.
— Hoje o setor de conselhos só abre depois das 18h — gracejou e eu o acertei com um
dos travesseiros.
— Landon passou o dia em um evento beneficente na universidade e depois foi para um
pub com o pessoal que trabalhou de voluntário.
— Qual o problema de o cara beber uma cerveja depois de fazer uma boa ação ao
próximo? Não seja uma namorada grudenta e desconfiada — falou de olhos fechados.
— Ele está na mesma roda de uma garota com quem eu briguei há alguns dias. E ele
sabe que disso — afirmei.
— Bom, isso agrava um pouco as coisas — ele disse, sentando-se e encostando as costas
na cabeceira.
— Obrigada. Mas e agora? Ligo surtando com ele, ou faço de conta que não sei de nada
até voltar para Oxford.
— Fingir demência é uma boa opção, até porque, se ele aprontar mesmo, você ficará
sabendo. As pessoas terão o maior prazer em espalhar que Eva Stone levou um par de galhos
do namorado — zombou e eu fechei a cara.
Senti um arrepio só de imaginar que Landon poderia fazer isso.
— Não fale nada para a mamãe ou eu nunca mais te conto nada — avisei e joguei um
travesseiro nele.
Voltei para o meu quarto e enviei uma mensagem para Landon, desejando ser respondida
imediatamente, mas isso não aconteceu.
A ausência de retorno foi me deixando ansiosa, nervosa, e minha imaginação começou a
cogitar inúmeras possibilidades que em minha cabeça.
No auge da minha curiosidade, liguei para Maddy a fim de saber o que estava
acontecendo.
— Alguma coisa? — questionei.
— Eles acabaram de ir embora.
— Juntos ou cada um no seu carro?
— Juntos, no carro do Landon — respondeu eu puxei uma respiração.
— Você acha que está rolando alguma coisa?
— Olha, Eva, eu realmente não sei. Mas mesmo que não esteja, ele tá sendo um filho da
puta, pois sabe que vocês duas brigaram e ainda fica de papo com a garota para todo mundo
ver!?
Eu não queria cair na pilha da minha amiga, mas era exatamente isso que eu estava
pensando.
— Eu sei. Se descobrir alguma coisa, me liga — falei e finalizamos.
Fiquei no meu quarto o restante da tarde, sentindo uma angústia desconhecida, como se
estivesse prestes a perder algo que eu nem sabia se era meu.
Landon não tinha me prometido nada e declarações na hora do sexo não poderiam ser
levadas a sério, mas tudo parecia tão bem entre nós…
Será que eu havia me enganado tanto assim?
Será que o intuito dele era somente me levar para a cama e depois marchar rumo a
próxima vítima?
No fim do dia, mamãe e Beatrice apareceram cheias de sacolas de loja e eu fiquei feliz
ao ver que ela tinha bancado a fada madrinha. Fiz o meu máximo para mostrar empolgação
enquanto a Bea mostrava as coisas que havia comprado e os lugares que tinham visitado.
No entanto, fiquei aliviada quando ela disse que iria para o quarto tomar banho. Eu, por
outro lado, sentia que minha mente iria me enlouquecer.
— Podemos conversar, querida? — mamãe disse, entrando no meu quarto.
Por mais que eu quisesse negar, ela era a única que poderia me dar um conselho que
certamente acalmaria meu coração.
— Pode.
Ela entrou e ficou encostada em frente à minha cômoda, como tinha feito no dia anterior,
mas naquele momento eu senti vontade de me abrir.
— A primeira coisa que você precisa saber é que eu e a Natalie não somos mais amigas.
Naquele mesmo dia em que conversamos eu a peguei bisbilhotando meu escritório e a coisa
desandou entre nós.
— Uau, sabia que isso iria acontecer, só não imaginei que seria tão cedo.
— Pois é, nós brigamos, eu me afastei dela, e hoje fiquei sabendo que o cara com quem
estou ficando trabalhou o dia todo em um evento da universidade que foi organizado por ela.
— E qual o problema nisso? — questionou, tranquila.
— Depois que tudo acabou, eles foram para um pub comemorar o sucesso do evento e
agora descobri que o Landon e a Natalie foram embora juntos. Não sei o que pensar, nem como
agir — admiti.
— Certo. Vamos colocar suas opções em perspectiva. Um: ela pode estar manipulando a
situação para que essa informação chegue até você do jeito que chegou. Dois: ele pode mesmo
ser um mal caráter que quer ficar com ela. Três: ele pode apenas ter dado carona para ela.
Enfim, essa história pode ter vários desfechos, filha, mas a verdade é que por mais que eu te dê
mil conselhos, você só vai acreditar naquilo que o seu coração quiser tomar como verdade.
— Está me dizendo que eu vou chegar lá e ele vai me ganhar na conversa?
— Provavelmente e não vou te julgar por isso.
— Eu só quero saber se me enganei com ele ou não, se tudo o que vivemos foi uma
mentira, eu vou me sentir a pessoa mais tola do mundo.
— Ah, meu amor, desde que o mundo é mundo as mulheres são enganadas pelos homens
e vice-versa, não se sinta especial apenas por causa do sobrenome que carrega, pois todas as
mulheres da nossa família têm um passado de dor e sofrimento. Eu não quero que você passe
pelas coisas que nós passamos, mas infelizmente não posso protegê-la de tudo.
— Não sei o que fazer — declarei.
— A sua ansiedade pode te incentivar a ligar para ele e exigir uma explicação, mas meu
conselho é que deve esperar até amanhã para conversar pessoalmente, olhando dentro do olho
dele, só assim você vai sentir se ele está falando a verdade ou não.
— Não sei se consigo esperar até amanhã, vou acabar ligando hoje.
— Tudo bem, então ligue.
Sem pensar duas vezes peguei o celular em cima da cama, cliquei no número dele e a
cada toque não atendido, eu sentia o nó em minha garganta aumentando. Eu estava quase
sufocando de tanta ansiedade.
— Caiu na caixa de mensagem — falei com os ombros caídos e os olhos cheios de
lágrimas, mas não me dei por vencida e disquei mais quatro vezes.
— Agora pare, ele vai retornar quando puder — ela disse em tom calmo.
Assenti, mas assim que ela saiu do quarto eu enviei uma mensagem. Então liguei
novamente, e mandei outra mensagem e isso se prolongou por mais de uma hora. Já tinha
perdido a conta de quantas tentativas foram ignoradas por ele e só parei quando mamãe
reapareceu no quarto e me encontrou digitando freneticamente no celular.
— Vai mandar outra mensagem? Não acha que já se humilhou o suficiente? — minha
mãe alfinetou.
Céus, será que eu não tinha aprendido nada com a Deusa do Amor e que minha
insistência em falar com ele era patética.
— Você tem razão — admiti.
— Tenho sim, agora você vai sair desse quarto, vai jantar com a sua família e com a sua
amiga e amanhã vai resolver as coisas com o Landon.
Confirmei com a cabeça e deixei o celular em cima da cama.
Talvez algumas horas longe daquele telefone me ajudasse a pensar com clareza. No dia
seguinte eu teria uma longa conversa com o Landon e esperava de coração que ele tivesse uma
boa explicação para tudo que estava acontecendo, pois eu jamais o perdoaria se realmente
tivesse ficado com a Natalie.
Eva Stone

OXFORD, DOMINGO À NOITE

O voo de Nova York para a Inglaterra foi tranquilo, Beatrice dormiu a maior parte do
tempo, já eu, não consegui pregar o olho. Estava me sentindo um caco, não tinha comido e nem
dormido direito desde a hora em que soube que Landon estava com a Natalie e que teria ido
embora com ela.
Ele retornou minhas ligações e mensagens no domingo, mas recusei as chamadas e
enviei apenas uma mensagem dizendo que conversaríamos quando eu chegasse. Tinha decidido
aceitar o conselho de minha mãe de conversar com ele pessoalmente, olhando em seus olhos.
Por causa da minha recusa em conversar, Landon acabou pedindo para que Beatrice
falasse comigo, então tive que revelar a verdade para ela. Vi em seus olhos como ficou
decepcionada com a notícia, mas não falou mal do irmão, apenas disse para eu ter calma e
conversar assim que chegasse, pois certamente ele teria uma boa justificativa.
Chegamos em Oxford no final da tarde de domingo e quando Sanders estacionou o carro
em frente ao prédio de Landon para deixar Beatrice, eu pensei em não entrar, em colocar mais
distância entre os acontecimentos, mas eu era imediatista demais para remoer aquele caos
interno por mais um dia.
Sanders levou a mala de Beatrice e assim que chegamos em frente à porta do
apartamento eu senti que meus batimentos foram aumentando e isso não tinha nada a ver com a
minha falta de preparo físico para subir dois lances de escada.
Beatrice abriu a porta e finalmente eu vi o motivo da minha inquietação quando Landon
surgiu na sala usando jeans, blusa de gola alta preta e seu olhar penetrante de sempre sobre
mim.
— Bom, eu vou para o meu quarto para vocês conversarem — Bea disse e me deu um
abraço.
Ela o abraçou no caminho, mas pelo franzir de cenho vi que ele percebeu que ela
também estava chateada.
— Eva, eu não sei que tipo de fofoca chegou até você, mas…
— Sem rodeios, Landon, eu só quero a verdade — declarei.
— Eu e os outros voluntários fomos ao pub depois do evento, a Natalie bebeu demais,
perdeu as chaves do carro e eu lhe dei uma carona, essa foi toda a verdade.
— Por que não pediu a uma das amigas dela que a levasse para casa?
— Depois da briga entre vocês as pessoas se afastaram dela, a única que sobrou foi a
Gwen, mas ela estava em Londres, e os alunos que trabalharam como voluntários no evento
não tinham carro, então eu fiz o que achei certo. Se minha irmã estivesse bêbada por aí, eu
gostaria que alguém a ajudasse — explicou.
— Tudo bem, mas eu liguei mil vezes e você não atendeu.
— Eva, eu cheguei em casa morto, tomei um banho e apaguei, quando acordei havia
dezenas de ligações no meu celular e depois você não quis falar comigo, mas juro que essa é
toda a verdade.
Meu coração queria acreditar, a história dele fazia total sentido e mesmo assim a razão
ainda estava dando as cartas.
— Você sabia de tudo que rolou entre nós duas e mesmo assim foi para um pub com ela
e depois ainda ofereceu carona. Imagino que suas intenções foram as melhores, mas eu vou
virar motivo de piada.
— É com isso que está preocupada? — questionou com tom julgador.
— Quer saber? Esquece, Landon, a gente se fala outro dia — falei e fui virando as
costas, mas ele me alcançou e segurou levemente o meu braço.
— Espera, vamos resolver logo as coisas, eu não quero brigar — declarou.
— Nem eu, mas diante de tudo o que aconteceu eu preciso pensar.
— Pensar no que? Não aconteceu nada entre mim e a Natalie, foi apenas uma carona.
— Mas tinha que ser ela? — desabafei, demonstrando que a pessoa em questão era o
cerne da minha indignação.
— Eu sei o quanto está chateada com ela e jamais te magoaria assim.
— Quero muito acreditar nisso, Landon, por isso mesmo preciso de um tempo.
— Está você está terminando comigo? — questionou, atônito.
— Que eu saiba, você nunca oficializou nada, então não tem o que terminar — devolvi.
— Se é assim, não sei por que está tão chateada.
Tinha certeza de que meus olhos eram similares a duas adagas naquele momento, pois
sua expressão se tornou arrependida e ele passou as mãos no cabelo nervosamente.
— Olha, eu sei que você tem razão, mas garanto que nem passou pela minha cabeça
fazer algo com ela. Eu estou com você, não existe outra pessoa — declarou e eu engoli em
seco.
Era exatamente isso que eu queria escutar e, mesmo assim, não me sentia feliz ou
satisfeita.
— Podemos conversar na quarta? Acho que estarei mais calma até lá, no momento eu
estou cansada demais para raciocinar — ponderei.
— Tudo bem, eu posso esperar até lá.
Landon me abraçou apertado, mas antes que sua boca conseguisse chegar à minha, eu
me esquivei e me afastei do seu toque, cheiro e tudo que pudesse enfraquecer minha
determinação e me fazer voltar atrás daquela decisão.
Além disso, queria escutar com detalhes a versão da Maddy e ver o que as pessoas
estavam falando sobre o assunto, para só então tomar uma decisão.
Cheguei em casa e agradeci mentalmente por minha amiga não estar, queria ficar sozinha
e lamber as feridas sem opiniões ou olhares de julgamento.
Enchi a banheira, mergulhei nela e fiquei pensando na vida por algumas horas. Aqueles
últimos acontecimentos tinham me desestabilizado. Eu nunca tinha me apaixonado daquela
maneira, sofria só de imaginar que teria que deixá-lo, mas também não poderia aceitar que ele
ficasse dando moral para Natalie ou qualquer outra garota toda vez que eu virasse as costas.
Suspirei, cansada, e pedi a Deus que acalmasse meu coração e ajudasse a tomar uma
decisão que me deixasse em paz.

+++
Landon McFarland

— Sério que caiu nesse papo furado de: estou bêbada e perdi as minhas chaves? —
Beatrice acusou na segunda de manhã.
Não bastasse toda a merda que estava acontecendo eu ainda tinha que aturar seu
julgamento.
— Eu fiz o que era certo, não pensei nas consequências, ela era só uma garota
precisando de ajuda — declarei enquanto bebia meu café.
— Juro que eu acredito em você, mas a Eva vai virar chacota por causa da sua boa ação
— continuou.
— Preferia que eu tivesse deixado a garota sozinha e bêbada em um bar cheio de homens
loucos para levá-la para casa? — declarei e Beatrice estremeceu.
— Desculpa, Landon, você tem razão, mas a Eva ficou muito mal lá em Nova York,
ainda mais quando você não atendeu.
Nosso fim de semana ocorreu uma sucessão de desencontros de informações e equívocos
que poderiam custar um relacionamento que mal tinha começado.
— Pela primeira vez eu estou gostando de verdade de uma garota, Bea, mas se ela não
confia em mim, não tem por que ficarmos juntos — falei para encerrar o assunto, peguei as
minhas coisas e fui para a universidade.
Eu teria duas provas na parte da manhã e uma reunião na firma à tarde. Um dia cheio de
coisas para resolver seria perfeito para manter a cabeça ocupada.
Eva Stone

Minha conversa com Maddy me deixou ainda mais confusa. Ela narrou com detalhes
tudo o que aconteceu, enfatizando que Landon parecia muito à vontade na companhia de
Natalie e que ela não parecia tão bêbada quanto ele falou. Tudo isso desencadeou uma troca de
mensagens entre mim e ele que acabou em mais brigas.
Na segunda de manhã a fofoca estava rolando solta pelos corredores da universidade.
Tive que aguentar cochichos e olhares julgadores de pessoas que sabiam que, enquanto eu
estava viajando, meu “namorado” estava em um pub com outra garota.
No fundo, eu queria acreditar que Landon estivesse falando a verdade, mas estava
magoada demais para baixar a guarda, então fiz o máximo de esforço para não circular pelos
corredores e evitar ser assunto de julgamentos maldosos.
Era como se minha vida social tivesse voltado à estaca zero. Eu tinha voltado a ser o
assunto, o que não me deixava nada feliz. Não queria ser conhecida como a sombra de Louise
Stone e muito menos como a namorada bobona do bonitão que a traía com sua ex-amiga.
Na terça-feira fui a universidade somente para fazer uma prova na parte da manhã e
depois voltei para casa.
— Você está péssima — Maddy disse ao chegar em casa.
Eu estava no sofá, enrolada em uma manta, enquanto assistia qualquer coisa na tv.
— Eu sei, não estou sabendo lidar muito bem com esse afastamento que eu mesma
impus.
Maddy se aproximou e se sentou no espaço livre do sofá.
— Eva, eu sei que ele é o primeiro cara de quem você gosta de verdade, a sensação do
primeiro término e horrível para todas as garotas, por isso eu vou entender se você decidir dar
mais uma chance para ele. Mas se esse não for o caso, apenas saiba que essa tristeza vai passar
e logo você vai estar ansiosa para conhecer alguém novamente.
Sorri, contendo a vontade de chorar e falar que ela estava errada.
De alguma forma, eu sentia que nunca iria gostar de ninguém como gostava dele.
Landon tinha se enraizado dentro do meu coração de um jeito tão profundo, que as marcas
daquele amor ficariam em mim para sempre.
— Você está certa, amiga, obrigada — falei o que Maddy esperava ouvir e ela assentiu
antes de ir para o seu quarto, deixando-me perdida em pensamentos.
Só voltei a realidade quando Sanders apareceu no meu campo de visão.
— Podemos conversar? — ele perguntou.
Levantei-me calmamente do sofá e o encarei.
— Pela sua cara a coisa é séria.
— É sim, Eva, podemos ir ao seu escritório?
Assenti e caminhamos lado a lado até lá, onde me sentei em minha cadeira e esperei que
ele começasse a falar.
— É a respeito do Landon.
— O que tem ele? — perguntei já sentindo um nó enorme na garganta por imaginar que
eu estava certa e ele tinha mesmo ficado com Natalie.
— Eu sei o quanto você está gostando desse rapaz e até então ele também tinha a minha
simpatia, mas depois de tudo o que descobrimos, você terá que reavaliar muitas coisas —
aconselhou.
Qualquer segurança normal passaria as informações sem dar qualquer opinião pessoal,
mas Sanders estava comigo há tempo demais e sabia que seu julgamento era valioso para mim.
Apenas assenti e aguardei.
— Bom, apesar de ter te entregado um dossiê detalhado a respeito de Landon, eu fiquei
com um pé atrás a respeito de uma coisa e resolvi investigar as pessoas próximas a ele.
— Você quer dizer os amigos dele?
— Sim. Durante as investigações, tínhamos visto o Landon conversando com Gordon
Wilson Jr. e a tensão que havia entre ambos nos deixou desconfiados. Averiguando, eu descobri
que nenhum dos dois participava do mesmo círculo de amigos, mesmo assim, eles se
encontravam pelo menos uma vez por semana, e isso me deixou curioso.
Gordon e Landon realmente não andavam juntos, por isso fiquei pensando no tipo de
ligação havia entre eles.
— O que ele fez de tão grave? — questionei, já temerosa.
— Após aquela noite em que a senhorita Beatrice quase foi abusada, Landon tentou
colocar os responsáveis na cadeia, mas por causa da influência dos pais dos garotos ele não
conseguiu. Então, pelo que entendemos, Gordon e Landon fizeram um acordo.
— Que tipo de acordo?
— Gordon iria manipular o pai para que este usasse de sua influência para conseguir que
o juiz do caso condenasse os responsáveis, em troca, Landon teria que seduzir você e depois te
abandonar diante da universidade; Gordon queria te humilhar na frente de todos.
Fechei os olhos e engoli a vontade de chorar.
Landon tinha topado fazer aquilo comigo? Ele queria me seduzir e humilhar.
Agora tudo o que tinha acontecido no fim de semana fazia sentido, Landon levou Natalie
embora como parte do plano para que eu virasse chacota diante de Oxford inteira. Será que ela
sabia disso e aproveitou para se vingar?
— Acredito que você tenha provas de tudo isso.
— Sim, temos fotos, vídeos e transcrições das mensagens que trocavam a respeito do
assunto.
Encarei as prateleiras de livros logo atrás do Sanders e agradeci por estar sentada, ou
simplesmente iria desmoronar.
Tudo o que vivemos fez parte de um plano?
Nada foi real?
Eu me entreguei a um forasteiro que leiloou a minha virgindade?
Não queria desabar na frente de Sanders, mas não consegui. Quando dei por mim, já
estava debruçada sobre a mesa, chorando igual criança.
— Eva, acalma-se — Sanders pediu e eu o encarei.
— Como pude ter sido tão burra? — falei enquanto limpava as lágrimas.
— Não, ele é que é um grande manipulador. Na superfície não tinha nada de errado, mas
ninguém consegue mentir por muito tempo e acabamos por descobrir a verdade.
— Meus pais já sabem sobre isso? — questionei temerosa.
— Vou reportar amanhã de manhã, então, se quiser falar com ele pela última vez, tem
algumas horas, porque tenho certeza de que eles irão proibir que ele se aproxime de você
depois que descobrirem a verdade.
Meu lábio inferior começou a tremer só de imaginar que eu nunca mais poderia ficar
com Landon e que a nossa distância seria eternamente justificada por suas ações.
— Eu quero as provas antes de ir falar com ele, você pode providenciar?
— Claro, vou pegar no meu escritório e já trago para você.
Respirei profundamente, tentando acalmar todo aquele desespero, enquanto organizava
meus pensamentos e decidia o que iria fazer.
Eu conhecia a minha família e sabia do que eles eram capazes de fazer para me defender,
então tudo deveria ser muito bem pensado, pois embora ele tivesse sido um crápula, Beatrice
não tinha nada a ver com isso e ainda dependia dele.
Minutos depois, Sanders apareceu com o terceiro dossiê de Landon contendo fotos,
vídeos e até mesmo áudio de uma conversa que eles tiveram em uma boate.
Tranquei a porta do escritório e analisei tudo minunciosamente, engolindo o choro e os
soluços sempre que me dava conta de que tinha vivido uma mentira, que fui manipulada e
usada por causa de uma vingança.

+++
Landon McFarland

Minha terça-feira, que já tinha sido uma droga, ficou ainda pior porque Eva parou de
trocar mensagens comigo. Estava ansioso pelo nosso encontro, que aconteceria no dia seguinte,
pois pretendia pedi-la em namoro e afastar todos os fantasmas e inseguranças que rondavam o
nosso relacionamento.
Assim que Beatrice saiu para ir a aula de dança, eu peguei as chaves do carro para ir me
encontrar com Devon, mas a campainha tocou e fui atender.
Fiquei surpreso ao ver Eva parada à minha porta, com os olhos vermelhos de chorar,
encarando-me furiosamente
Sanders estava posicionado atrás dela no corredor, junto com outros dois seguranças. Ela
nunca mais tinha deixado eles subirem ali e aquilo me deixou em alerta.
— Eva, o que aconteceu? — questionei.
— Deixe a porta aberta — disse ao passar por mim.
Fiz como ela pediu e a segui até a sala, onde Eva começou a tirar alguns papéis de dentro
da bolsa e os jogou em cima da mesa de centro.
Eram fotos dos meus encontros com Gordon e naquele momento fez sentido. Ela tinha
descoberto.
— Diz pra mim que isso é mentira, Landon, diz que você não aceitou participar de um
plano tão sórdido — pediu com lágrimas nos olhos.
— Sei que isso parece terrível, mas eu desisti no meio do caminho porque me apaixonei
por você — falei em minha defesa e ela soltou uma risada fraca.
— Landon, a coisa que eu mais quero nesse momento é acreditar em você, mas é
impossível. Você pode ter desistido, mas só o fato de ter aceitado fazer parte disso é ultrajante.
Você não tem ideia do estrago emocional que me causou.
— Por Deus, Eva, tente entender. O Gordon se aproximou em um momento que eu
estava cego de ódio e sedento vingança, mas não demorou muito para eu saber que não poderia
ir até o fim. Eu tenho uma irmã da sua idade dentro de casa, jamais faria com uma mulher o
que eu não desejaria para ela — garanti.
— Por que então não me falou a verdade? Por que não me pediu ajuda? Eu ofereci
diversas vezes, meus pais poderiam ter ajudado — questionou com raiva.
— Seu pai faz parte do mesmo clube de cavalheiros que os pais daqueles garotos, e os
ricos se protegem, Eva, o que eu tinha além da influência do pai do Gordon?
— Você teve a oportunidade de fazer a coisa certa e esperar que a justiça fosse feita em
vez de brincar com os sentimentos de uma mulher que só tentou ajudar a sua irmã. — Riu sem
humor. — Hilário, não é? Olha o que eu ganhei em troca; o direito de fazer papel de trouxa
dentro de um relacionamento de mentira.
— Não foi de mentira, não para mim, eu me apaixonei por você, desisti de vingar a
Beatrice para poder ficar com você — declarei em tom de desespero.
— Eu jamais imaginaria algo assim de você, estou tão decepcionada, tão quebrada por
dentro — admitiu.
— Eva, me perdoe…
Ela ficou me encarando por longos minutos e foi possível ver quando a mágoa que
crepitava em seus olhos se transformou em raiva.
— A parte boa de ter descoberto tudo isso é que eu finalmente vou voltar para a minha
vida. Estou enjoada de beber vinho barato, mas como achei que você fosse um cara legal,
aguentei tudo isso. Deveria ter escutado a Maddy quando ela disse que pessoas do seu nível
social não eram confiáveis, pena que eu descobri tarde demais.
Cerrei as mãos em punho. Falar das nossas diferenças sociais era algo que me
incomodava, eu sabia que não tinha dinheiro o suficiente para manter o padrão de vida dela,
mesmo assim embarquei naquilo tudo, pois achava que o que tínhamos era suficiente. Mas
talvez estivesse errado
— Não sei se você está falando isso de coração ou apenas para me magoar, tanto faz, o
que importa é que eu já entendi que acabou. Eu errei e você tem todo o direito de me odiar, mas
preciso que entenda que aceitei aquele acordo em um momento de desespero, mas quando te
conheci de verdade, desisti sem pensar duas vezes.
— Eu preciso ir — disse e começou a andar em direção à porta, mas eu continuei,
precisava que ela soubesse de tudo.
— E o que aconteceu no pub foi uma infeliz coincidência, eu não tinha a intenção de te
magoar.
— Agora não faz diferença, você não é mais nada meu, se quiser, pode ficar com a
Natalie ou qualquer garota, depois do que descobri, você e um saco de lixo têm o mesmo valor
emocional para mim — disse com amargura e saiu do apartamento.
Corri atrás dela, mas dois seguranças entraram na minha frente e fui impedido de me
aproximar.
— Porra, Sanders, eu preciso falar com ela — falei e tentei passar, mas eles não
deixaram.
— Eu achei que você fosse o cara certo para ela, mas as investigações mostraram o
contrário. Eu ainda não sei o que os pais dela vão fazer quando descobrirem esse plano sórdido
entre você e o Gordon, mas se quer um conselho, não tente se aproximar, faça de conta que ela
não existe ou as coisas vão ficar feias para o seu lado. Eles podem arruinar a sua vida com uma
simples ligação.
Falando isso ele se afastou e foi embora.
Passei as mãos pelos cabelos em um gesto nervoso pelo caos que tinha se tornado a
minha vida. Não bastava ter perdido a Eva, ainda tinha me tornado inimigo da família Stone.
Eva Stone

No dia seguinte, como já era esperado, acordei com as vozes dos meus pais na sala e
quase gemi de desgosto. Eu estava me sentindo tão vulnerável, fraca, traída, que a única coisa
que queria era dormir e só acordar quando aquele sentimento ruim passasse.
Fechei o laço do robe e desci, imaginando que iria receber a maior lição de moral da
vida. Era o momento da minha mãe brilhar discorrendo sobre o quanto eu tinha sido
irresponsável em confiar meu coração a um homem, por não ter pedido os conselhos dela. E eu
só poderia escutar, pois não havia desculpa.
Desci os degraus sem vontade e encontrei seus olhares compadecidos analisando minha
estrutura pálida e abatida.
— Ah, minha filha — mamãe disse e me abraçou.
Ok, eu precisava muito daquele abraço, do consolo que só uma mãe conseguia oferecer,
então simplesmente me agarrei a ela e chorei por longos minutos.
— Eu fui tão burra, mamãe, nunca vou me perdoar por isso — lamentei-me aos prantos.
— Shhh, vai ficar tudo bem — ela disse, afagando os meus cabelos.
Desvencilhei-me dela, e ao ver os olhos do meu pai marejados, eu sucumbi de vez e fui
me refugiar em seus braços.
Dessa vez, meu choro foi mais sofrido, dolorido de um jeito que não dava para explicar.
Ele tinha confiado em mim, escondido coisas da minha mãe para me dar cobertura só para, no
fim das contas, eu quebrar a cara.
Ele me levou para o sofá e me abraçou até que meu choro cessasse e eu finalmente
conseguisse falar.
— Eu sei que vocês estão com raiva dele, eu também estou, mas não quero que façam
nada para prejudicá-lo. Landon estava disposto a tudo para vingar a irmã e por mais cruel que
tenha sido o plano de Gordon, eu tenho que pensar na Beatrice, que não tem culpa das
canalhices do irmão, ele é tudo o que ela tem, então não quero que ela sinta os efeitos colaterais
da nossa influência.
Eles trocaram olhares em silêncio.
— Vocês prometem que não vão fazer nada?
— Esse cara merecia uma boa surra para deixar de ser moleque — meu pai esbravejou.
— Papai, por favor — implorei.
Ele titubeou por alguns segundos e depois me encarou.
— Eu prometo que não farei nada com ele, se você prometer que vai se afastar desse
infeliz.
— Não precisa nem pedir, eu já aprendi a lição.
— Perfeito, então volte para os seus estudos que os seguranças vão mantê-lo longe.
— Combinado — garanti.
Depois disso, papai se afastou para ir conversar com o Sanders, deixando-me sozinha
com a mamãe.
— Eu sei que você pensa que eu iria chegar aqui te dando lição de moral, mas não se
esqueça de que eu já passei por isso e sei o quanto dói — disse, sentando-se ao meu lado.
Eu sabia da história da minha mãe com o ex-namorado da universidade e que depois que
os dois terminaram, ela sofreu tanto que começou a estudar sobre o universo masculino,
tornando-se depois a Deusa do Amor.
— Estou me sentindo tão mal — admiti.
— Eu sei, filha, e vai se sentir assim por um bom tempo, mas depois que essa dor passar,
você vai estar mais forte do que nunca — assegurou.
A dor certamente iria passar, mas nem por isso eu sentia que deixaria de amá-lo.
Era burrice pensar dessa forma, mas eu estava apaixonada, mesmo sabendo que ele tinha
planejado tudo para me ferrar.
— Eu amei cada momento, cada sorriso, achei que estivesse dentro de um conto de
fadas.
— Mas é claro que amou, ele criou essa personalidade especialmente para você —
rebateu e senti vontade de chorar.
— Tudo que você fala nos livros fez sentido agora, os homens são cruéis quando
querem, acho que nunca mais vou confiar em alguém de novo.
— Não posso julgá-la por pensar assim, mas no momento certo seu coração vai se abrir
de novo.
Fiquei em silêncio, não queria ter que admitir em voz alta que eu jamais amaria alguém
com a mesma intensidade, que meu corpo nunca reagiria ao toque de outro homem da forma
como aconteceu com Landon. O que vivemos foi uma mentira, mas foi a mentira mais linda da
minha vida.
— Eu sei que vocês vieram para ficar comigo, mas eu quero ficar sozinha, não vou ser
uma boa companhia.
— Se você fosse uma paciente eu te daria uma lista de coisas para fazer e ocupar a sua
cabecinha, mas como mãe, eu sei que precisa passar por isso da forma que for melhor para
você.
Assenti e ela me puxou para si. Fiquei com a cabeça apoiada em seu ombro, com ela
acariciando meu cabelo.
Quando meu pai retornou, eu voltei para o meu quarto e só saí dele no final do dia,
quando meus pais se despediram e foram embora. Antes de irem, eles deram milhões de
recomendações a mim e Maddy, mas fiquei aliviada quando eles partiram.
Aquela dor era só minha e eu queria sofrer do meu jeito.
À noite, Maddy ficou no meu quarto conversando sobre coisas aleatórias, enquanto
provava meu guarda-roupa inteiro.
Segundo minha amiga, eu tinha que ir para a universidade com uma roupa triunfante
para todo mundo ver que eu estava bem. Deixei que ela tagarelasse, pois aquilo ajudava a
passar o tempo.
Minha real vontade, no entanto, era passar os próximos dias vegetando, mas precisaria
dar as caras no dia seguinte ou perderia uma prova importante.
Não sabia exatamente a que horas peguei no sono, mas acordei com Maddy abrindo as
cortinas.
— Levanta, Eva, hoje você precisa ir para a aula, não pode perder a prova ou vai se
ferrar — ela disse.
Bocejei e encarei o dia cinzento que fazia do lado de fora que combinava perfeitamente
com o meu humor.
Levantei-me sem vontade, tomei banho e coloquei um vestido preto, com meia calça e
sobretudo da mesma cor para ornar com o luto que eu sentia por dentro.
Ao chegar na universidade, passamos por grupos de alunos que me olhavam com
curiosidade, provavelmente querendo encontrar algum traço de dor ou sofrimento que minha
maquiagem cara não tenha conseguido cobrir.
O azar deles era que Maddy estava determinada a me fazer parecer a mulher mais
superada da história, coisa que estava longe de acontecer.
Estávamos quase chegando a uma das entradas principais quando avistei Landon em um
dos corredores, ele estava com um olho roxo e o canto da boca machucada.
Praguejei internamente, sabendo que meu pai deveria ser o causador daquele estrago e
nossa troca de olhares, que durou apenas alguns segundos, deixou claro o quanto me
desprezava por aquilo ter acontecido com ele.
— Deus, Eva, não achei que seu pai fosse fazer algo com ele.
— Eu também não — falei e peguei o telefone na bolsa.
Liguei para ele e fui caminhando até o banheiro.
— Oi, filha — disse ao atender.
— Você disse que não faria nada com o Landon, então me explica por que ele está com
a cara toda quebrada? — questionei nervosa.
— Foi o seu irmão e o Dominic, já conversei com eles sobre isso.
— O que, como assim?
— Eles foram para Oxford escondidos e confrontaram o rapaz, a coisa acabou em
briga, mas já resolvi tudo com eles, isso não vai mais acontecer.
— Ok, tenho que entrar na sala, mais tarde a gente conversa — falei e finalizei, clicando
no telefone do Alexander, em seguida.
Ele atendeu no primeiro toque.
— Quantas vezes eu já pedi para você não se meter na minha vida? — falei com raiva.
— Achou mesmo que um cara que planejou te seduzir e expor para a universidade
inteira não levaria uma boa surra?
— Alex, eu sei que você só quis me defender, mas, por favor, não faça mais isso, eu não
estou mais com ele, as provas finais estão acabando e logo ele vai dar o fora daqui, então
vamos colocar uma pedra nesse assunto — implorei.
— Tudo bem, mas o cara briga bem, eu e o Dominic quase não demos conta dele.
— Como assim não deram conta? Achei que os seguranças tivessem batido nele.
— Essa era a ideia, mas ele disse que era fácil defender a sua honra mandando um
monte de seguranças pra cima dele, então dispensamos os armários e partimos para cima.
— Meu Deus!, vocês são malucos, não quero nem imaginar como vocês dois estão —
falei e ele resmungou do outro lado.
No dia do incidente com Beatrice, Landon bateu em quatro caras ao mesmo tempo, então
imaginei o desfecho dessa briga com Alex e Dominic.
— Só me prometa que não vai mais fazer isso.
— Desde que você fique longe desse babaca…
— Pode apostar que sim, ele me fez de idiota uma vez, não existe qualquer possibilidade
de fazer isso de novo.
— É assim que se fala, maninha.
Contive um sorriso e finalizei a ligação.
Guardei o celular na bolsa, encarei-me no espelho e vi um rosto muito bem maquiado
que escondia camadas de sofrimento.
Tive vontade de chorar outra vez, porém, precisava ser forte para estabilizar o meu
emocional, reconstruir a minha fachada e voltar a ser um pouco a Eva que eu era antes de
Landon McFarland aparecer em minha vida.
O ano letivo estava acabando e só teria que lidar com o medo de me encontrar com ele
pelos corredores de Oxford por mais alguns dias.
Landon McFarland

— Você está péssimo — Beatrice disse ao me ver passando uma pomada no canto da
boca.
— Se serve de consolo, os outros caras saíram tão machucados quanto eu — rebati.
Quando me deparei com Alexander e Dominic Stone na porta do meu prédio na noite
anterior, eu já sabia o que iria acontecer. Eles fizeram o que qualquer cara decente faria, então,
a raiva que senti na hora da briga já tinha passado. Eles estavam defendendo a honra de Eva,
assim como eu defendi a de Beatrice.
— Eu tentei falar com a Eva hoje, mas acho que ela mudou de número… Ela não vai
mais querer ser minha amiga.
— Acredite, vai ser melhor assim — alertei.
Eu estava triste pela Bea, por mim, pela Eva e por toda a situação. Minha vontade era
encontrar Gordon e quebrar sua cara, mas então eu me lembrava que não fui enganado e que
isso não iria resolver nada, pelo contrário, o mais certo era que o pai dele usaria sua influência
para me colocar na cadeia. Por isso, simplesmente ia me obrigar a esquecer que algum dia
conheci aquele babaca de merda.
— Bom, eu preciso ir, hoje eu tenho audição com uma representante do balé de Nova
York; estou tão animada!
— Boa sorte, Bea — falei e nos abraçamos.
A mãe de Eva tinha conseguido aquela audição e nos últimos dias minha irmã não falava
de outra coisa. Pelo menos alguém estava feliz naquela casa.
Depois que ela saiu, eu me deitei no sofá e fiquei pensando em Eva, na paixão que sentia
por ela. Nós tínhamos terminado oficialmente, sabia que não teria volta, que ela nunca mais
confiaria em mim de novo.
Eva Stone, não me queria mais em sua vida e eu não sabia explicar o quanto isso tinha
me deixado desolado por dentro.
Como seria acompanhar sua vida de longe, vendo outros homens cortejando a mulher
que foi minha de corpo, alma e coração?
A campainha tocou e me levantei para atender com uma tênue esperança de que fosse
Eva, mas quando abri a porta era Natalie, segurando uma sacola.
— Posso entrar? — ela perguntou baixinho.
Eu lhe dei passagem e esperei que falasse alguma coisa.
— Primeiro eu queria agradecer a carona de sábado e te devolver a sua jaqueta — disse e
me entregou a sacola.
— Não precisa agradecer — rebati e aguardei, mas ela continuou calada, mordendo a
bochecha por dentro em sinal de nervosismo.
Ergui uma sobrancelha, como que a incitando a falar, muito embora já tivesse alguma
ideia do que Nath queria.
— Bom, todo mundo está falando que você e a Eva terminaram, espero que não tenha
sido por minha causa, mas se foi e você quiser que eu fale com ela…
— Nós terminamos definitivamente, então nada do que você disser vai fazer muito
sentido agora.
— Eu não vim aqui para falar mal dela, apenas deixar claro que ela perdeu um cara
muito legal — disse de forma um pouco acanhada e deu de ombros.
Natalie era uma garota linda, se fosse em outros tempos, eu certamente adoraria ser
consolado por ela, mas depois de tudo eu não tinha cabeça para nada.
— Obrigado, Natalie — respondi simplesmente.
— Bom, eu já vou indo. Se precisar de qualquer coisa, basta me falar. E, mais uma vez,
obrigada — ela disse e caminhou até a porta.
Assim que ela foi embora, eu voltei para o sofá e minutos depois Beatrice entrou
chorando no apartamento e foi direto para o seu quarto.
Abri a porta que ela tinha batido e encontrei Bea deitada de bruços, agarrada a um
travesseiro e chorando copiosamente.
— Ei, o que houve?
— A culpa é sua! — berrou, desesperada.
— Como assim, o que eu fiz agora?
Minha irmã me encarou com os olhos banhados de lágrimas.
— Eles cancelaram a audição e eu tenho certeza de que foi coisa da mãe da Eva por
causa do que você fez!
Droga!
A voz de Sanders dizendo: “eles podem arruinar a sua vida com uma simples ligação”
soou em minha cabeça na mesma hora e fiquei sem reação.
— Eu vou resolver isso.
— Não, eu não quero! Vou desistir dessa merda de dançar e cair no mundo real —
berrou aos prantos.
Aproximei-me da cama e a abracei com força.
— Um dia, Bea, dinheiro não vai ser problema nas nossas vidas e você vai poder fazer
tudo o que quiser. Eu juro — falei e fiquei abraçado com ela até que seu choro se acalmasse.
Por mais que amasse Eva, eu jamais a perdoaria se ela estivesse se vingando de mim
através da pessoa mais importante da minha vida. Minha irmã não merecia sofrer os efeitos
colaterais da influência da família Stone.
Assim que Beatrice dormiu, eu peguei o carro e dirigi até a casa de Eva, no entanto, os
seguranças disseram que eu não tinha autorização para entrar.
Berrei seu nome do portão, mas eles afirmaram que ela não estava e alertaram que iriam
chamar a polícia, então eu me obriguei a entrar no carro e ir embora.
No dia seguinte cheguei cedo à universidade, pois queria ter a chance de conversar com
ela.
Assim que ela desceu do carro, eu esperei pacientemente que se aproximasse e só então
apareci na sua frente. Eva levou um susto e logo seus seguranças estavam se aproximando, mas
ela fez um sinal para que eles parassem.
Já os alunos que se encontravam no corredor, pararam para escutar a conversa.
— Precisamos conversar — declarei.
— Não tenho nada para falar com você — rebateu e tentou passar por mim.
— Beatrice não tem culpa de nada, por que estão fazendo isso com ela?
— Eu não sei do que está falando, meus pais só não querem que eu me relacione mais
com vocês, por isso eu troquei o número do telefone.
— E o que você quer, Eva? — questionei, bem ciente dos vários alunos ao nosso redor.
— Quero esquecer que um dia dei moral para um Zé Ninguém como você, aliás, eu não
deveria esperar muito de alguém que teve um pai como o seu, só espero que não tenha o
mesmo fim — respondeu, ríspida, me olhando dos pés à cabeça.
Olhares curiosos me fuzilaram, ao passo que outros riam da humilhação. Por mais que
aquilo fosse verdade, que era bem provável que o caráter do meu pai estivesse impregnado no
meu sangue, eu custava a acreditar que a minha doce Eva tivesse sido tão cruel.
Eu queria dizer que suas palavras não me afetaram, mas elas me feriram profundamente
e senti vontade de fazer o mesmo, entretanto, me contive, aquela batalha já tinha ido longe
demais. Além disso, não precisava expor o que pensava dela na frente de todo mundo, assim
como ela tinha feito, havia maneiras melhores de realizar uma vingança.
Eva Stone

DIAS DEPOIS…

“Landon e Natalie estão namorando”.


A notícia dada por Maddy na última semana de aula tirou o meu chão, me virou do
avesso, deixou um nó permanente instalado na minha garganta. Mas nada se comparava ao
barulho interno do meu coração se partindo em milhões de pedacinhos.
Eu tinha pensado naquilo tantas vezes, que quando a notícia se espalhou pela
universidade, minha única reação foi fugir. Liguei para os meus pais e avisei que passaria as
férias na casa deles; não queria correr o risco de ver o casal de pombinhos de mãos dadas pela
cidade.
Landon nunca me amou ou jamais teria pedido Natalie em namoro. Ele sabia o quanto
aquilo iria me magoar e mesmo assim não se importou. E mesmo sabendo que ele tinha feito de
propósito, para se vingar do vexame que o fiz passar na frente da universidade inteira, doeu
muito.
Eu estava arrependida por ter sido tão cruel, por tê-lo humilhado e colocado o dedo em
uma ferida que eu sabia que iria sangrar, só que eu estava cega de ódio, querendo que sentisse
um pouco da dor que me causou com seus planos e mentiras, contudo, nunca imaginei que ele
pudesse descer tão baixo.
Namorar a Natalie tinha sido a última pá de terra que faltava para enterrar nosso
relacionamento.
Naquele momento eu estava deitada no colo do meu pai, enquanto ele afagava os meus
cabelos e escutava o meu choro contido, intercalado com silêncios dolorosos.
Em algum momento eu iria atrás dos conselhos práticos da minha mãe para sair do fundo
do poço, mas naquele momento eu só precisava da calmaria do meu pai e da forma leve como
ele encarava os problemas.
— Uma vez eu li em um dos livros da mamãe, que quando essas coisas acontecem, tem
que doer como nunca para não doer nunca mais, só que eu acho que isso não se aplica a mim,
eu me sinto vazia — falei e funguei o nariz.
— Eu sei que parece terrível agora, mas vai passar.
Suspirei e limpei uma lágrima que escorreu pelo meu rosto, antes que ela molhasse a
calça do papai.
Ficamos em silêncio por mais um tempo, até que eu me levantei e o encarei.
— O Alex já sabe que o Landon está com a Natalie? — questionei.
— Sabe, mas eu pedi que ele não fizesse nada a respeito.
Assenti e abracei os joelhos.
— Fez bem. Por mais canalha que Landon tenha sido, eu não quero que ninguém faça
nada com ele, a vida vai se encarregar de dar o troco.
— Por mim, ele teria levado outra boa surra, mas já que você pediu para deixar o infeliz
em paz, eu vou respeitar.
Que tipo de idiota eu era, para continuar amando um cara que tinha me humilhado
daquela maneira?
“Você também o humilhou!”, uma voz acusou, mas eu ignorei.
— Sabe, filha, quando sua mãe me disse que estava grávida de gêmeos e que um dos
bebês seria uma menina, eu fiquei levemente preocupado — ele começou a falar.
— Preocupado? — perguntei, virando-me de frente para ele.
— Sim, hoje eu sou um homem de família, mas antigamente não era muito diferente de
Landon McFarland ou de qualquer um dos rapazes da nossa família – exceto o Harry, claro. Por
isso eu fiquei pensando em uma forma de te proteger de canalhas como ele — relevou e afagou
os meus cabelos.
Sorri para ele.
— Eu tive uma conversa sincera com os meus amigos, mas o conselho mais sábio e
valioso eu ganhei da minha mãe.
— E o que foi que ela disse? — questionei.
— Que eu deveria falar desde cedo o quanto eu te amo, porque se não falasse, alguém
iria falar e você provavelmente iria acreditar.
Mal ele tinha completado a frase e meus lábios começaram a tremer, enquanto lágrimas
desciam pelo meu rosto.
— Bom, eu sempre falei o quanto te amo e demonstrei isso sempre que pude, você sabe
o que é ser amada de verdade e a partir de agora não vai aceitar menos que isso — declarou.
Sentei-me em seu colo e voltei a chorar.
— Obrigada, papai, eu precisava escutar isso.
— Essa foi sua primeira decepção e eu queria que fosse a última, mas como não vai ser,
eu te peço que não deixe de acreditar no amor nem que existem pessoas por quem valem a pena
lutar — aconselhou.
Assenti e ainda fiquei em seu colo por mais alguns minutos, depois me levantei e fui
para o meu quarto pensar nas coisas que meu pai disse.
Eu não conseguia imaginar ninguém no lugar de Landon, tudo foi tão intenso, que a
única coisa que eu pensava naquele momento era em me recuperar para conseguir terminar o
meu curso.
Minha sorte era que ele não estaria na universidade no ano seguinte, e já que aquele
maldito plano não foi para frente, minha humilhação não seria tão grande, de modo que não
teria que aguentar olhares julgadores quando retornasse às aulas.
Isso, entretanto, não mudava o fato de que eu me sentia completamente perdida, vazia,
sem forças para nada. Era como se aquele homem tivesse levado tudo que havia de bom dentro
de mim. Era tão avassaladora, que parecia doer na alma.
Sabia que estava sofrendo por causa das lembranças e dos momentos que passamos
juntos, mas principalmente pelas coisas que não iríamos viver.
Landon não me convidaria mais para tomar café no meio da tarde, ou me levaria em seus
lugares preferidos de Oxford. Ele não falaria o quanto me amava ou me olharia como se eu
fosse a porra do seu mundo. Não haveria mais beijos, nem noites onde eu arderia de paixão em
seus braços. Eu não comeria mais o meu chocolate preferido esticada no sofá verde do
apartamento dele, enquanto escutávamos músicas dos anos 90…
Um soluço involuntário escapou da minha garganta e tapei a boca com a mão, pois não
queria que o meu pai escutasse.
Do nada, eu comecei a tremer e logo notei que era de frio. Deitei-me na cama, puxei
uma manta sobre o meu corpo fiquei ali, perdida em uma dimensão que era só minha, cheia de
dor e sofrimento.
Como eu faria para sair daquele confinamento emocional?
Respirei fundo e comecei a pensar em como seria minha vida a partir dali.
O ano seguinte seria uma tela em branco, sem cor, sem vida, esperando para ser
preenchida e por mais que eu tivesse a esperança de me agarrar a alguma coisa que fizesse
sentido, tinha certeza de que nunca mais seria a mesma.
Ele despertou tantos sentimentos e quebrou tantas coisas, que eu não entendia mais onde
começava ou terminava a minha dor.
Landon McFarland tinha sido meu primeiro amor, minha primeira transa e o primeiro
homem que tinha conseguido ultrapassar todas as barreiras que eu havia construído e sentia que
nunca mais amaria alguém com tanta intensidade ou entregaria meu coração sem reservas outra
vez.
Ele entrou, fez um estrago daqueles, mas deixou uma lição: às vezes, o homem que te
faz acreditar em contos de fadas é o mesmo que te enche de traumas e medo de amar de novo.
Era nisso que eu tinha que me apegar para encontrar a mola no fundo do poço.
Seria difícil superar todo aquele sofrimento e sufocar aquela garota boazinha que
acreditou nas mentiras de um homem sem coração, mas eu tinha certeza de que minha antiga
versão precisava morrer para uma nova Eva renascer.
Eva Stone

NOVA YORK, ANOS DEPOIS…

— Chegou uma peça nova, a equipe de restauração já está analisando para começar o
trabalho — minha assistente avisou assim que cheguei à minha galeria.
— Certo, eu preciso retornar algumas ligações, depois disso vou me reunir com eles —
declarei e ela assentiu.
Passei pelo balcão da recepção e entrei na minha sala.
Geralmente eu chegava mais cedo para ter tempo de fazer as coisas com calma, mas
naquele dia em questão fui tomar café com os meus pais e acabei me atrasando um pouco.
Por mais competente que minha equipe fosse, eu gostava de estar por dentro de todos os
projetos de restaurações, e a peça que tinha chegado naquela semana era muito especial, pois
fazia parte do acervo de uma pessoa da realeza britânica, cuja indicação tinha vindo da minha
mãe.
Após ter terminado meu curso de história da arte, eu fiquei morando na Inglaterra por
mais alguns anos e fiz especialização em restauração e arqueologia, pois, se fosse possível, no
decorrer do curso eu fiquei ainda mais apaixonada por todo aquele universo e quis absorver
tudo o que pudesse.
— Oi, maninho, em que posso lhe ser útil nesta manhã ensolarada — falei desdenhosa
ao atender a ligação do Alexander.
— Preciso que você me represente em um jantar beneficente — declarou, direto como
sempre.
— Se eu bem me lembro, o CEO do Grupo Osborne é você, então… — provoquei.
— Você sabe que eu estou viajando e que na sexta da semana que vem o papai vai estar
fora de Nova York, então, seja uma boa irmã e faça isso por mim.
Depois que se casou com Celine, meu irmão continuou responsável pelos negócios, mas
tinha aliviado um pouco sua agenda conturbada.
— Tudo bem, mas isso vai direto para nossa lista de favores e no momento certo eu vou
cobrar — zombei e escutei uma risada abafada do outro lado da linha.
— Combinado.
— Agora volte para a minha sobrinha e para os braços da sua amada Celine — brinquei.
— Farei isso com o maior prazer — declarou, desligando em seguida.
Sorri para o nada e fiquei feliz por saber que ele estava tão bem. Alex era muito sombrio
e taciturno antes de conhecer Celine e merecia esses momentos ao lado de sua família.
Aproveitei que estava com o telefone na mão e liguei para Maddy. Ela era minha sócia
na galeria e cuidava da parte administrativa e financeira, enquanto eu ficava com a parte
artística da coisa.
Nós continuávamos inseparáveis, com a diferença de que agora cada uma morava em seu
próprio apartamento. Durante a conversa combinamos de almoçar juntas e apenas depois disso
foi que finalmente comecei o meu dia.

+++

— Você ainda está saindo com o Bruce? — Maddy questionou enquanto almoçávamos
em um dos nossos restaurantes preferidos.
Ele ficava na área central de Nova York, tinha uma decoração bem minimalista e um
chef estrelado. Era perfeito.
— Nós ficamos poucas vezes juntos, acho que isso não configura muita coisa —
comentei.
Bruce Van Buren era advogado das Indústrias Stone e por causa do trabalho que seu
escritório prestava para nossa família e também por ser o melhor amigo e cunhado de Dominic,
nossos encontros eram frequentes, exatamente por isso eu resisti bravamente às suas investidas,
mas quando nos encontramos em Londres, na época em que eu morava lá, acabei cedendo. Mas
logo me dei conta de que as coisas não iriam muito longe e voltei de vez para Nova York decidi
me afastar.
— Achei que as coisas entre vocês fossem dar certo — ela comentou antes de colocar
um pouco de salada na boca.
— Ainda não é ele — concluí.
— Eu sei que você não gosta que eu toque nesse assunto, mas acho que isso não vai
acontecer enquanto não esquecer o falecido — comentou.
Era assim que ela chamava Landon.
— Eu já esqueci, mas meu coração ficou um pouco exigente. Se for para gostar mais ou
menos eu prefiro ficar sozinha.
— E tem como gostar mais ou menos de um cara como o Bruce? — ela zombou.
Qualquer pessoa acharia que Maddy estava interessada nele, mas eu sabia como sua
cabeça funcionava e ela demonstrava essa empolgação com todos os meus pretendentes.
— Eu queria que tivesse dado certo, mas, sei lá, nessa fase da vida eu acho que já me
conformei que vou envelhecer sozinha, mas estou bem com isso.
No fundo, todas as vezes que via a felicidade de Alexander com sua família, eu me
lembrava que isso estava bem longe da minha realidade e ficava um pouco deprimida.

+++

Ao entrar na minha cobertura, que ficava no Upper East Side, passei os olhos pelo
ambiente luxuosamente decorado e constatei que a governanta da minha mãe tinha passado por
ali.
Ela trabalhava exclusivamente para os meus pais, mas sempre que podia passava no meu
apartamento para cuidar de detalhes que só ela sabia resolver. Sua lista de especialidades
incluía desde o tom dos arranjos de flores, até a comida que o chef deveria preparar e deixar
congelado.
Minha mãe achava um absurdo que eu não tivesse uma dezena de funcionários
trabalhando para mim, mas eu estava mais que satisfeita com a equipe de limpeza que vinha a
cada dois dias enquanto eu estava ausente, e principalmente com o delivery dos meus
restaurantes preferidos, sem contar que, às vezes, eu gostava de me arriscar na cozinha e tinha
melhorado bastante nos últimos anos.
No entanto, eu sabia que cozinhar era um dos meus prazeres, mas não necessariamente
um talento, pois eu mais errava do que acertava.
Tirei os escarpins e caminhei descalça pela sala, deliciando-me com a sensação
libertadora de ter tirado os sapatos, não que não fossem confortáveis, mas depois de tantas
horas me equilibrando em cima deles, eu queria uma banheira de espuma e uma noite
revigorante de sono.
Fui até a cozinha, peguei uma garrafa de água e segui para minha suíte. Tomei pequenos
goles enquanto olhava as mensagens não respondidas no celular. Havia várias chamadas de
Maddy e resolvi retornar.
— Estou curiosa para saber o motivo de todas essas ligações — falei quando ela
atendeu.
— Conseguimos o projeto de restauração das peças encontradas no Texas — disse,
animada.
No início do mês, nós recebemos a notícia de que foram encontrados fosseis e objetos
raríssimos no estado do Texas. O governo contratou uma empresa para fazer a escavação e
estávamos em contato com essa equipe para fazermos a restauração das peças, então aquela
notícia estava sendo muito esperada por mim.
— Eu não acredito, isso é incrível! — exclamei, eufórica.
— Eu sei, amanhã vou agilizar a papelada e você escolhe a equipe que vai fazer as
restaurações — declarou.
— Ótimo — falei e ela me passou detalhes dos procedimentos que teríamos que fazer.
Nós basicamente teríamos que assinar alguns contratos, inclusive de confidencialidade, e
era provável que tivesse que viajar pessoalmente para falar com os geólogos que estavam
escavando a área.
— A gente deveria sair para beber. Esse contrato merece comemoração — ela sugeriu.
— Podemos sim, mas não hoje, tive uma reunião que durou três horas e estou exausta —
comentei, sentando-me na poltrona que eu tinha perto da cama.
— Que tal na sexta?
— Tenho que ir a um jantar beneficente no lugar do Alexander — expliquei.
— Tudo bem, amanhã a gente acha um horário na sua agenda — sugeriu.
— Perfeito — respondi e finalizamos.
Maddy sempre estava pronta para comemorar qualquer coisa que fosse e eu adorava isso
nela. Minha sócia e melhor amiga era uma peça fundamental na minha vida, foi sua amizade
que me ajudou a ficar firme quando eu sentia a areia movediça engolindo meus pés.
Eu tinha feito muitas amigas, mas ela era especial e rara, por isso sempre achava um
tempo para comemorar tudo que ela quisesse. Com o passar dos anos eu aprendi a selecionar as
pessoas que se aproximavam e valorizava ainda mais aquelas que sempre estiveram ao meu
lado.
Landon McFarland

Uma terrível nevasca caía do lado de fora das janelas do meu escritório; do lado de
dentro, meu advogado falava sobre as terras que eu tinha acabado de adquirir no Texas. Mesmo
tendo um patrimônio que permitiria muitas gerações minhas viverem luxuosamente, parecia
que nunca era o suficiente. Eu sempre queria fechar mais negócios e conquistar mais territórios.
A McFarland Oil Corp. era uma das maiores exportadoras de petróleo e gás natural do
mundo, mas, ainda assim, eu não pensava em parar tão cedo.
— O único problema dessas terras é a porra da escavação arqueológica que está
acontecendo próximo ao rancho que comprei para Beatrice. Agora, além de precisarmos ficar
de olho nos ambientalistas, ainda teremos que aguentar os historiadores, pelo menos enquanto
todos eles estiverem por lá — ele explicou.
Douglas Bowen, além de meu advogado, também era meu cunhado, amigo e confidente.
Éramos imbatíveis juntos, pois ele sempre dava um jeito de conseguir tudo o que eu queria.
O plano ao adquirir aquelas terras era construir uma cadeia de resorts que renderiam
milhões com as visitas anuais dos turistas. O problema da questão ambiental seria um detalhe
que eu cuidaria mais tarde.
O Rancho de Beatrice fazia divisa com o meu, que também fazia divisa com as terras
que eu tinha acabado de comprar.
— Deixe os engenheiros a par de tudo o que está acontecendo e se tiver qualquer
problema, faça contato com os juízes que estão na nossa folha de pagamento — declarei e ele
assentiu.
Com o passar dos anos, eu aprendi que alguns negócios jamais seriam fechados se a
pessoa certa não estivesse envolvida na negociação. Após conviver com verdadeiros líderes do
mundo corporativo, eu acabei me tornando um.
Depois que Bowen foi embora, minha assistente entrou na sala e começou a confirmar os
compromissos que eu teria na semana seguinte.
Chiara era loira, atraente e servia para aliviar meu estresse de vez em quando. Uma
distração necessária para alguém que levava uma vida cheia de responsabilidades.
A parte boa era que ela sabia separar as coisas e só abria as pernas quando eu mandava.
Fora isso, parecia um robô treinado para ajudar a administrar a presidência da minha empresa.
Trey, meu assistente principal, já trabalhava comigo há muitos anos, ele se preocupava
com problemas complexos e já estava acostumado com a rotatividade de secretárias. Já Chiara
tinha sido contratada para ajudar com a minha agenda, reuniões e coisas mais superficiais.
— Na sexta o senhor tem uma reunião com o prefeito de Nova York e à noite há um
evento beneficente. Posso confirmar os dois compromissos? — ela questionou com o olhar fixo
na agenda eletrônica.
— Sim, confirme os dois — ordenei.
— Certo, seria isso, terminamos por hoje.
— Chiara — chamei quando ela se virou para sair.
— Sim, senhor.
— Gostaria que me acompanhasse nessa viagem — declarei.
— Ah, tudo bem, vou organizar tudo — garantiu e se foi.
Ao contrário do que aconteceria com a maioria das mulheres, ela não demonstrou
nenhum tipo de euforia. Chiara sabia se comportar como uma dama em nossos compromissos
de negócios, mas era uma vadia na cama.
Depois que ela saiu, eu desliguei meu notebook e fui para casa.

+++
Eva Stone

Os domingos em família eram o meu momento preferido da semana. Era difícil reunir
todo o clã Stone, por isso o combinado era que quem estivesse na cidade, comparecesse a
cobertura dos meus pais no tradicional almoço de domingo. Como eles iriam viajar na semana
seguinte, Dominic e Harry fizeram a gentileza de comparecer com suas esposas e crias.
Como o meu irmão estava viajando, os filhos do meu primo fizeram o papel de encher o
apartamento de brinquedos e tagarelices.
— Chegaram umas peças lindas lá na galeria, mas precisam de um talento da sua equipe,
posso enviar para vocês? — Liz disse ao se sentar ao meu lado na sala.
Ela era esposa do meu primo Harry e também possuía uma galeria em Nova Jersey, a
diferença era que ela vendia coisas contemporâneas, mas sempre que aparecia alguma relíquia,
ela enviava para o meu pessoal.
— Claro que sim, vou deixar minha assistente avisada — declarei e ela começou a falar
sobre as peças.
Enquanto isso, Harry bisbilhotava a nossa conversa a alguns passos de distância; ele era
tão apaixonado por ela, que sempre a seguia com olhar em qualquer lugar que eles fossem. Eu
não era de sentir inveja de ninguém, mas o amor dos meus primos e meu irmão por suas
esposas era comovente.
Minutos depois, Melissa, se juntou a nossa conversa. Ela era esposa de Dominic e
desafeto imaginário da minha amiga Maddy, que nunca iria perdoar a Mel por ter se casado
com seu amor platônico.
Tudo era uma grande brincadeira, mas eu evitava colocar as duas no mesmo ambiente.
Maddy era meio pirada, então eu preferia não arriscar que ela desse alguma bola fora.
As esposas dos meus primos eram adoráveis e eu amava quando a gente se reunia.
— Eva, eu sei que você não gosta que a gente fale do falecido, mas escutei uma conversa
entre o Dominic e o Alexander… Parece que ele vai estar em Nova York esta semana —
Melissa disse baixinho.
Aquelas duas viviam falando dele, pois achavam que a minha solteirice se devia ao fato
de não ter superado aquele infeliz.
— E o que eu tenho a ver com isso? — respondi no meu melhor tom de deboche e bebi
um gole de champagne.
Liz e Mel trocaram olhares e depois voltaram a me encarar.
— Desculpe, eu não deveria ter tocado no nome dele — Mel falou e mudou de assunto.
Landon costumava aparecer com frequência nos jornais, tinha se tonado um tubarão no
mundo dos negócios, colecionando inimigos e conquistas, assim como os homens da minha
família faziam há gerações.
Às vezes, sem querer, eu acabava me deparando com uma ou outra nota sobre sua vida,
ele realmente tinha conseguido vencer na vida, tanto que era conhecido como Rei do Petróleo
do Texas.
A McFarland Oil Corp era uma potência que poderia ser comparada com as Indústrias
Stone, e eu não sabia se ficava contente por ele ter conseguido ou com ainda mais raiva do
desgraçado.
Ok, Landon tinha que ser aplaudido pelos seus talentos com os negócios, mas isso não
significava que eu havia esquecido de toda dor que ele me causou.
Em um mundo distópico onde só existia eu e meus pensamentos conflitantes, eu já
cheguei a questionar o que teria acontecido com a gente, caso ele não tivesse sido o canalha
que foi, mas tudo isso caía por terra quando eu me deparava com a realidade.
O tempo passou, aquele amor arrefeceu e eu tinha me conformado que as lembranças
seriam como cicatrizes que me acompanhariam para sempre.
Eva Stone

SEXTA-FEIRA, DIA DO JANTAR BENEFICENTE

Uma neblina espessa envolvia a cobertura que ficava no topo de um arranha-céus de


quase trinta andares.
Quando Alexander disse que eu teria que comparecer a um evento beneficente, eu
imaginei que fosse acontecer no museu de arte ou em algum hotel badalado, não na cobertura
de algum figurão de Manhattan
Misturado ao seleto grupo de pessoas de sangue azul, havia artistas, modelos,
influenciadores e uma variedade de pessoas famosas o suficiente para postar alguma coisa que
desse notoriedade para aquele tipo de evento.
Eu odiava chegar sozinha a qualquer lugar que fosse, mas já fazia algum tempo que
tinha parado de chantagear Maddy ou minhas outras amigas para irem comigo a compromissos
como aquele.
Minha missão ali era ser vista, socializar um pouco e, se Deus ajudasse, ficar até o
discurso do anfitrião da festa.
Mesmo não querendo chamar a atenção, fui parada uma dúzia de vezes até conseguir
chegar ao bar.
— Um Dry Martini com duas azeitonas — pedi ao atendente.
Enquanto esperava pela minha bebida, troquei algumas mensagens com Alexander.

Se não fosse esse evento idiota, eu poderia estar em casa bebendo uma generosa taça de vinho e vendo
porcaria na TV.

Enviei e a resposta chegou em segundos.


Querendo beber vinho sozinha em plena sexta-feira
Você se transformou em uma solteirona rabugenta.

Caí na risada.

Eu tive um bom professor.

Estava prestes a guardar o celular quando as portas do elevador, que ficava bem ao lado
do bar, se abriram e meus olhos o viram pessoalmente pela primeira vez depois de muitos anos;
era como se eu estivesse diante de um fantasma.
Landon McFarland estava lindo como sempre em um smoking completo e foi como se o
tempo tivesse congelado, a música cessado e as vozes desaparecido.
Sabia que ele sempre tinha sido ambicioso e que suas decisões inteligentes e ousadas o
tornaram dono de um império muito rapidamente, no entanto, achava que essas eram as únicas
características que ainda existiam dentro da personalidade do Landon que eu conhecia, pois a
poucos metros de mim estava um homem que poderia facilmente ser confundido com alguém
que fora nascido e criado no círculo que eu frequentava.
Após passar por mim sem esboçar nenhum sinal de reconhecimento, ele se juntou a um
grupo formado por empresários de diversas vertentes.
De onde estava, analisei friamente sua figura, que exibia a mesma virilidade e confiança
que eu já tinha visto no passado, mas atualmente esses traços vinham acompanhados do
sucesso financeiro que tantos sonhavam e poucos conseguiam alcançar.
O olhar implacável continuava o mesmo enquanto escutava friamente a conversa dos
bajuladores, como se soubesse exatamente o que cada um da roda desejava conseguir dele.
Fiquei paralisada, sem reação, pois embora ele circulasse pelo mesmo círculo social que
eu, nós nunca tínhamos nos encontrado.
Esse não é o seu círculo, mas do Alexander, uma voz alertou.
Nos primeiros anos, eu tomei cuidado para que isso não acontecesse e sempre pedia para
que Sanders me alertasse sobre a lista de convidados de todos os eventos aos quais eu
comparecia, mas depois de um tempo eu entendi que isso era besteira e resolvi viver sem ter
medo de dar de cara com o passado.
Um descuido imperdoável da minha parte, porque aquilo tinha acabado de acontecer e eu
não sabia como reagir.
— Sua bebida, senhorita — o garçom avisou.
Virei-me de frente para o bar e tomei a dose de uma só vez, como se a bebida tivesse
algum poder mágico de me fazer desaparecer daquele lugar.
Enquanto eu pensava em uma forma de ir embora sem ser notada por ele, solicitei outra
dose ao garçom.
Quando o drink ficou pronto, peguei a taça e perguntei onde ficava o banheiro. O
garçom me mostrou a direção e eu caminhei entre as pessoas, sem focar o olhar em ninguém,
tentando passar despercebida.
No fim do corredor eu entrei no banheiro, fechei a porta e liguei para Maddy.
— O evento está tão tedioso assim? — respondeu com voz de sono.
— Ele está aqui — falei baixo como se estivesse com medo de escutar minhas próprias
palavras.
— Ele quem?
— O falecido — declarei.
— Porra, Eva, que merda — esbravejou. — Ele te viu?
— Não, assim que ele passou por mim eu vim para o banheiro.
Estaria mentindo se dissesse que nunca imaginei que um dia fôssemos nos encontrar,
mas nunca tinha ensaiado nada para falar, porque depois de alguns anos eu simplesmente parei
de culpá-lo por algo que não era para ser.
— Eva, não acho que você deveria se esconder, muito menos ir embora por causa dele.
Os anos a transformaram em uma mulher confiante e determinada, não deixe que a presença
desse babaca mude as regras do jogo. Não pense nele como um magnata, para você, ele
sempre vai ser o idiota que quebrou seu coração em milhões de pedaços e merece todo o seu
desprezo — ela declarou e acabei rindo.
— Não sei o que seria de mim sem os seus conselhos — admiti.
— Se depender de mim, nunca vai saber. Agora volte para a festa e mostre o que ele
perdeu.
Finalizei a ligação sorrindo e voltei para o salão.

+++
Landon McFarland

Cinco minutos no tal evento beneficente e eu já estava entediado, louco para ir embora.
Às vezes eu me questionava por que ainda me dava ao trabalho de ir àquele tipo de festa,
cheia de gente medíocre e bajuladora. Meu único consolo era saber que quando chegasse ao
meu hotel, iria foder Chiara até a exaustão.
Enquanto ela se afastava para atender a uma ligação, eu me aproximei do bar e pedi uma
dose de uísque.
Assim que o recebi, levei o copo aos lábios e sorvi um gole da bebida preguiçosamente,
olhando tudo e nada o mesmo tempo, afinal, aquele evento era a penas mais um entre tantos.
Foi então que meus olhos capturaram um corpo esguio, levemente curvilíneo em uma roda de
pessoas, cujo som da risada me chamou a atenção.
Subi o olhar desde o par de saltos agulha com solado vermelho e fui mapeando todas
aquelas curvas até chegar ao cabelo, que estava preso em um coque elegante. No instante em
que a bela mulher se virou de frente para cumprimentar um senhor que se aproximou da roda,
eu finalmente tive um vislumbre de seu rosto completo.
A pele de porcelana evidenciava os olhos claros e os lábios escarlate.
Trinquei o maxilar ao perceber que a poucos metros de mim estava a única mulher que
eu amei nessa vida e que nunca mereceu um pingo desse amor.
Mesmo com raiva, fiquei admirando cada detalhe, feito um sádico matando a saudade de
algo que só lhe fez mal. Todavia, por mais desprezo que eu sentisse, não poderia negar que Eva
Stone era uma beldade. Tinha uma beleza tão rara e delicada que era possível captar o olhar de
inveja das outras mulheres, que não conseguiam chamar a mesma atenção que ela.
— Senhor McFarland, desculpe a demora, podemos ir até o meu escritório agora se
quiser — o anfitrião da festa disse ao se aproximar.
Avaliei todas as possibilidades, incluindo a de ir falar com ela, e concluí que evitar que
ela me visse ali seria a melhor maneira de manter as coisas como estavam.
Eva tinha sido o primeiro amor de um Landon que não existia mais, então era melhor me
trancar em um escritório com um velho fedendo a charuto, do que ficar ali apreciando a beleza
de uma mulher que nunca mais faria parte da minha vida.
Eva Stone

Por pura sorte do acaso não vi mais o Landon durante o evento. Assim que pude,
despedi-me de Martha, que junto com o marido, era a anfitriã daquele baile, e fui embora.
No momento em que as portas do elevador se fecharam, eu respirei aliviada por
finalmente estar sozinha. Disse a mim mesma que aquela infeliz coincidência jamais
aconteceria outra vez, pois eu nunca mais iria substituir meu irmão naquele tipo de evento.
As portas se abriram no estacionamento subterrâneo. Saí apressada e confusa, querendo
chegar logo ao carro para poder dar o fora dali.
Apressei os passos o quanto pude, mas quando estava na metade do trajeto, um carro
surgiu na rua lateral do estacionamento e arregalei os olhos quando vi que ele iria me acertar
em cheio. O barulho dos pneus freando em cima de mim foi ensurdecedor, mesmo com o
esforço do motorista, eu senti o baque da lataria contra a minha perna enquanto caía no chão,
com a roda do carro parando a alguns centímetros da minha cabeça.
Eu ainda estava confusa, com a perna doendo, quando vi Landon descendo do carro. Seu
semblante era preocupado ao se aproximar de onde eu estava.
Observei os sapatos Oxford e subi pela calça preta que cobria as pernas longas e
másculas daquele idiota.
Seu cabelo estava completamente alinhado, mas seus olhos esverdeados mostravam-se
alertas, tensos e repletos de preocupação. Mesmo assim, uma grande dicotomia se comparado a
mim, que continuava estatelada no chão.
— Eva, você está bem? Eu vou chamar uma ambulância — disse com uma voz dura e
exigente, como se tivesse algum domínio sobre mim.
— Estou bem — falei entredentes e tentei me levantar, mas gemi de dor.
— Já chamei a ambulância — Sanders disse e se abaixou para ficar ao meu lado. — É
melhor você não se levantar, pode ter quebrado alguma coisa — alertou e eu assenti.
— Eva, não sei o que dizer, o Bill é meu motorista há anos e nunca atropelou ninguém
— Landon explicou.
— Tudo bem, acidentes acontecem — murmurei.
Eu já podia ver a cara de espanto da Maddy quando eu contasse que fui atropelada pelo
carro de Landon.
As sirenes da ambulância tomaram todo o estacionamento e em poucos minutos os
paramédicos chegaram e me colocaram com cuidado em uma maca.
— Posso chamar as autoridades? — Sanders perguntou.
— Não precisa e não quero que avise meus pais — falei e ele concordou.
Mesmo estando na folha de pagamento do Grupo Osborne, algumas coisas tinham
mudado quando me tornei adulta, entre elas a autonomia para lidar com a minha equipe de
segurança sem a interferência dos meus pais.
— Vou acompanhá-la até o hospital e faço questão de pagar todas as despesas — Landon
declarou.
— Eu não deixaria você pagar nem meu funeral, o que dirá os analgésicos que vou ter
que tomar para essa dor infernal passar — esbravejei.
Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, os paramédicos colocaram a maca dentro da
ambulância e fecharam as portas.
Eu não tinha morrido de tristeza no passado e não era a presença dele e um acidente
bobo que iria me desestabilizar.

+++
Landon McFarland.

— Eu posso ir junto, para o caso de o senhor precisar de mim — Chiara ofereceu quando
parei em frente ao meu hotel na quinta avenida.
No momento do acidente com Eva, eu lhe pedi que permanecesse dentro do carro, mas
não queria que ela me acompanhasse até o hospital.
— Pode ir descansar, se precisar de algo eu aviso — respondi sem paciência e ela
desceu.
— Direto para o hospital — ordenei a Bill —, e de preferência sem atropelar ninguém —
alfinetei.
— Desculpe, senhor, mas ela surgiu do nada — justificou.
Por mais que eu quisesse arrebentar a cara do meu funcionário, não poderia discordar
dele. Eva surgiu apressada e ele não teve tempo de parar sem atingi-la. De todas as coisas que
poderiam acontecer naquela noite, me reencontrar com Eva naquele evento e depois vê-la
sendo atropelada pelo meu carro era algo que jamais passaria pela minha cabeça.
Mesmo querendo ignorar toda aquela maldita situação, não poderia deixar de prestar
socorro ou de acompanhar o atendimento, ainda que ela tivesse deixado claro que não queria a
minha presença.
Assim que saí do estacionamento do hospital, eu liguei para o diretor e avisei que
precisava da ajuda dele para localizar uma amiga. Ele me atendeu prontamente e pediu que eu o
encontrasse em sua sala. Dave Calver era um velho conhecido que sempre pedia doações para
seu hospital, então estava na hora de ele retribuir todas as gentilezas feitas pela minha
companhia.
— Como vai, senhor McFarland? — ele questionou em tom bajulador.
— Com pressa — falei sem qualquer tato.
— Bom, vi aqui no sistema que a senhorita Stone está na suíte 702. Ela já passou pelo
nosso ortopedista e aparentemente foi uma luxação leve, mas precisará ficar em observação
pelo resto da noite.
“Vá embora! Ela não merece toda essa preocupação”, a voz que me acompanhava há
anos alertou, mas ignorei.
— Eu queria vê-la — afirmei.
Concordando, ele tirou o telefone do gancho.
— Gostaria que ela não fosse avisada, quero fazer uma surpresa, somos velhos amigos
— menti e ele assentiu.
Se ele avisasse, era provável que ela negasse a minha entrada.
— Claro — ele disse, levantando-se e me guiando pelo hospital até chegar ao sétimo
andar.
— Ela está no final daquele corredor — Calver informou.
— Obrigado, eu assumo daqui — declarei e nos despedimos.
Vasculhei o andar em busca dos seguranças dela, mas não encontrei ninguém, então
segui até o quarto 702 e dei uma leve batida na porta.
— Pode entrar, Sanders — ela disse e eu girei a maçaneta.
Ao me ver, os olhos de Eva se arregalaram, como se não acreditasse na minha audácia.
— Achei que tivesse sido clara quando disse que não queria que viesse ao hospital —
rebateu, nervosa.
— Eu faria isso por qualquer pessoa que fosse atropelada por meu funcionário.
— Sinto-me muito melhor agora — zombou.
Os anos tinham se passado, mas Eva continuava sendo a mulher mais linda em quem já
tinha colocado os olhos, todavia, o mesmo não podia ser dito de sua personalidade, que mudara
drasticamente.
Eva parecia uma gata com unhas afiadas e pronta para o ataque.
— Eu sei que não tivemos um término tranquilo, mas…
— Não quero falar daquele tempo. Não vivemos mais lá — se exaltou.
— Achei que já tivesse superado a nossa história — alfinetei
— Nossa história já está mais que superada, mas isso não significa que vou esquecer o
canalha que você foi — falou com raiva e pegou a bolsa que estava ao lado da cama.
Acompanhei os movimentos de seus dedos quando abriram o zíper da bolsa, tiraram um
chocolate de lá e o colocaram inteiro na boca.
— Você ainda come essa coisa horrorosa? — questionei, notando, pela cor do papel, que
se tratava da trufa que ela comia na época em que estávamos juntos.
— Isso não é da sua conta, agora, por favor, vá embora — ela pediu e limpou os cantos
da boca.
Aquela cena me fez viajar no tempo. Quantas vezes eu tinha limpado os resquícios de
chocolate daquela boca com a minha língua só para, naquele momento, parecermos dois
estranhos que se odiavam mais que tudo.
— Eu sei que está nervosa, mas se não me quer aqui, deveria ligar para alguém da sua
família vir ficar com você — sugeri.
— Não quero incomodar meus pais por causa de algo que posso resolver sozinha —
falou com impaciência.
— Ligue para o seu marido ou namorado — continuei.
Ela arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços em frente ao peito.
— Eu não tenho marido, nem namorado e estou muito bem assim. Agora, dê o fora —
exigiu, apontando para a porta.
— Acho que toda essa doçura é o motivo de estar solteira até hoje.
— Vá para o inferno! — ela esbravejou
Eu já estou nele!, pensei.
— Vou deixar a conta do hospital paga — falei e me virei para sair.
— Para mim, você é apenas um cara que enganou as pessoas certas para conseguir ficar
rico, então gaste seu dinheiro sujo com outra pessoa.
— Meu dinheiro é mais limpo que o da sua família, que financia guerras em várias
partes do mundo — rebati.
— Nós só vendemos as armas, as pessoas se matam porque querem. Se elas não
existissem, as pessoas usariam outra coisa para conseguirem seus propósitos, como, aliás,
acontece muito mundo afora — justificou.
— Se esse discurso te faz sentir melhor… — comentei, irônico.
— Senhor McFarland, sugiro que saia do quarto ou terei que tomar providências —
Sanders disse logo atrás de mim.
— Não será necessário, Sanders, eu já estou de saída — falei e fui embora.
Eva Stone

— Quando você disse que encontrou o Landon, eu imaginei que iria dar merda, mas te
mandar para o hospital elevou as coisas a outro patamar — Maddy disse quando entrei no meu
apartamento.
Eu ainda estava mancando por causa do meu quadril, mas os analgésicos tinham aliviado
a maior parte do desconforto.
— A culpa foi minha, saí apressada do elevador, não olhei para os lados e a merda toda
aconteceu, mas o importante é que já estou em casa e meus pais nem ficaram sabendo de toda
essa novela — comemorei e aceitei o sanduiche de queijo que minha amiga disse que iria fazer
quando liguei dizendo que Sanders estava me levando para casa.
— Agora me conta como foi o encontro de vocês no hospital — ela pediu, vertendo café
na minha xícara.
— Um desastre — falei depois de engolir uma porção. — Mas a parte boa é que ele
mora no Texas e não terei que escutar sua voz irritante tão cedo.
— Homens como Landon têm negócios em todas as partes do mundo e algo me diz que
esse foi o primeiro de muitos encontros que ainda vão acontecer.
— Por que está falando isso? — questionei.
— Ele não tinha nenhum motivo para ir atrás de você no hospital, mas foi, indicando que
ainda se importa.
— Eu que fui atropelada e você que ficou mal da cabeça — falei, deixando o pão no
prato e pegando o café. — Sua pretensa preocupação não apaga tudo que ele fez no passado.
— Calma, amiga. Não estou falando que vocês vão ficar juntos e sim que sinto que esses
encontros serão mais frequentes daqui para frente.
— Eu não acho e estou torcendo para que ele volte para o buraco de onde saiu.
Sem dizer mais nada, minha amiga mudou de assunto. Maddy sabia que falar sobre ele
sempre me deixava alterada, então era melhor evitar.
Quando ela foi embora, eu estava mais calma, mas nem por isso consegui desligar ou
parar de pensar em tudo o que havia acontecido.
Aquele maldito tinha aparecido na minha vida há apenas algumas horas e sentia como se
o centro de gravidade do meu mundo tivesse se movido de lugar.

+++
Landon McFarland
Ao chegar em meu quarto de hotel, encontrei Chiara usando uma lingerie provocante e
completamente transparente. Os bicos de seus seios saíam por um recorte circular, e a boceta
estava à mostra. Ela tinha um corpo incrível, mas não consegui sentir desejo, não depois de
tudo que tinha acontecido naquela noite.
— Estou cansado, Chiara, melhor você colocar o roupão e voltar para seu quarto —
ordenei em tom austero e ela assentiu.
A parte boa de lidar com Chiara, era que ela me obedecia feito um cão adestrado. Talvez
fosse por isso que estivesse durando mais tempo do que as outras que passavam pela minha
cama.
Caminhei pela luxuosa suíte presidencial e me servi de uma dose de uísque, enquanto
pensava em todas as coisas inacreditáveis que tinham acontecido aquela noite.
Estaria mentindo se falasse que nunca bisbilhotei a vida de Eva Stone, mas fiquei
surpreso ao saber que ela não tinha ao menos um namorado para lhe fazer companhia no
hospital.
Depois de todos aqueles anos, ela continuava linda e solteira, mas com aquele gênio do
cão seria difícil alguém se aproximar.
Fiquei me questionando se por baixo de toda aquela camada de fúria, ainda existia algum
resquício da doce Eva que conheci um dia, mas logo afastei esses pensamentos. Aquela mulher
não fazia mais parte da minha vida e não tinha sentido fazer suposições ou ficar pensando nela.
Landon McFarland

DIAS DEPOIS…

Eu estava na sede administrativa da McFarland Oil, em Houston, quando Doug me


entregou um dos documentos que eu mais tinha esperado ao longo dos anos.
— Finalmente conseguimos — ele comemorou.
— Pois é, eu estou me livrando do problema oficialmente, mas ainda vai demorar para
que tudo seja como planejei.
— Um passo de cada vez, estamos no caminho certo — respondeu e eu assenti.
— Tem outra coisa que você precisa saber — Bowen disse depois que lhe entreguei os
papéis assinados.
— Estou ouvindo.
— Sabe aquela escavação que está acontecendo ao lado do rancho?
— O que tem lá?
— Eva Stone! — revelou, ganhando a minha atenção.
Ele sabia do meu passado com Eva e às vezes conversávamos sobre o assunto.
— Como é? Que diabos ela está fazendo lá? — questionei.
— Eu olhei a lista de pessoas envolvidas e descobri que o pessoal da galeria dela fará a
restauração de algumas peças que futuramente serão expostas em algum museu.
— Interessante — comentei.
Nas poucas vezes que procurei pelo nome de Eva, as notícias se dividiam entre fotos nas
colunas sociais com suas amigas, ou viagens a trabalho na qual ela tinha descoberto algum
artefato incrível com sua equipe.
Eva sempre demonstrou paixão pelo curso que fazia e se tornou um nome de referência
em sua área.
Pensei no que iria fazer com aquela informação.
“Para mim, você é apenas um cara que enganou as pessoas certas para conseguir ficar
rico, então gaste seu dinheiro sujo com outra pessoa”.
— Descubra o que ela quer aqui e dê um jeito de melar seus planos — ordenei e Douglas
assentiu com um leve sorriso no rosto.
Não era a primeira vez que eu tirava alguma coisa de Eva sem que ela soubesse.
Lembrava-me com riquezas de detalhes da vez em que soube do seu interesse em adquirir a
mansão na qual morou em Oxford. Era curioso que depois de tantos anos ela quisesse comprar
a casa, e ainda mais eu ter ficado sabendo. Mas para minha sorte, eu já tinha dinheiro sobrando
e efetuei a compra antes mesmo que ela pudesse enviar uma proposta.
Mesquinho? Talvez. Mas na época foi ótimo tirar algo que ela queria e estava sentindo o
mesmo deleite naquele momento.
Voltei a analisar minha agenda e vi que naquela tarde ainda participaria de uma reunião
com o governador do Texas. Nós precisávamos conversar sobre a cadeia de resorts que eu
pretendia construir e com ajuda dele e algumas emendas seria mais fácil convencer os
ambientalistas de que o impacto ambiental seria menos prejudicial do que a falta de empregos
daquela região.
No fundo, eu sabia que iria vencer, mas isso não me eximiria de ter que enfrentar
algumas batalhas judiciais, até que o projeto fosse concluído e inaugurado.
— Senhor, o helicóptero chegou — Chiara disse ao entrar na minha sala.
— Já estou indo — respondi e ela assentiu.
Desde a nossa viagem a Nova York, eu nunca mais tinha saído com a minha assistente e
sequer cogitado a possibilidade.
Segui para fora do escritório e caminhei pela empresa até chegar ao elevador que me
levaria para o último andar do prédio. O helicóptero negro da minha empresa já estava a minha
espera para me levar ao rancho do governador James Underwood, de onde eu esperava sair com
algumas garantias.

+++
Eva Stone

Após três semanas de remédios e algumas sessões de fisioterapia, eu estava


completamente recuperada daquele maldito acidente.
A ausência de notícias do senhor McFarland me deu a sensação de que a minha vida
tinha voltado ao normal e que aquele encontro tinha sido apenas uma desagradável
coincidência.
No dia anterior, eu tinha viajado para o Texas e me instalado em um hotel confortável
que ficava a alguns quilômetros do local onde estavam acontecendo as escavações.
Eu já tinha falado com o arqueólogo responsável e combinamos de nos encontrar no
meio da tarde, por isso o Sanders tinha providenciado uma SUV para que nos locomovêssemos
enquanto estivéssemos no Texas.
— Quais as regras para esse lado do país? — perguntei a Sanders assim que descemos da
caminhonete.
Fazia um dia ensolarado, mas as temperaturas estavam baixas e cairiam ainda mais.
— Não entre na floresta sozinha ou desarmada, não invada nenhuma propriedade
privada, pois as pessoas levam isso muito a sério por aqui, e o mais importante: olhe para os
dois lados antes de atravessar a rua — essa última parte ele falou em um tom de gracejo e foi
impossível não rir.
— Pode deixar, depois daquele acidente eu aprendi a lição — garanti e caminhamos para
longe do carro.
De onde estávamos era possível ver algumas caminhonetes estacionadas, barracas
montadas e vários profissionais caminhando de um lado para o outro.
— Acho que encontrei o doutor Perkins — falei e apontei para um senhor de cabelos
grisalhos que estava próximo a uma área interditada com faixas.
Caminhei até onde ele estava e me apresentei.
— O senhor deve ser o doutor Liam Perkins, nós nos falamos por telefone — falei e
recebi o sorriso simpático.
— Como vai, senhorita Stone, estava mesmo tentando te ligar.
— Pode me chamar de Eva, o sinal de telefone aqui é ruim, mas estou ansiosa para falar
com você sobre essa escavação e principalmente para ver as peças.
— Bem, Eva, eu nem sei como falar isso, mas sua licença foi negada a poucos minutos.
Ficou decidido que as peças não vão sair do Texas e que toda a restauração precisa ser feita
aqui.
— Mas o que… como assim? A papelada foi toda enviada para nós, o contrato final seria
assinado hoje.
— Desculpe, Eva, mas as ordens vieram de cima, do gabinete do governador
Underwood, não tem nada que possamos fazer.
Assenti e me afastei um pouco das tendas para pensar no que eu iria fazer.
Aquilo não estava fazendo o menor sentido.
— Sanders, o que você acha que aconteceu?
Comentei com ele enquanto caminhávamos de volta para o carro.
— Não sei, mas vamos descobrir — ele disse e abriu a porta do carro para mim.
Enquanto ele dirigia, eu liguei para Maddy e falei o que tinha acontecido.
— Eva, isso está estranho, eu conferi toda a documentação e estava tudo certo.
— Parece que a ordem veio do gabinete do governador e não tem nada que o doutor
Perkins possa fazer.
O silêncio que se formou foi quebrado quando Maddy soltou uma exclamação audível.
— O que foi? — inquiri.
— Olha, eu posso estar bem enganada, mas…
— Mas o quê? Você está me deixando nervosa, Maddy.
— Mas acho que tem dedo do falecido nessa história — concluiu.
— Landon? — questionei e o Sanders me encarou através do retrovisor do carro.
— Claro, a maior parte das empresas dele fica no Texas e ele vive para cima e para baixo
com vários políticos, inclusive com o governador — ela explicou.
Era mais fácil acreditar que Maddy estava delirando, mas fiquei pensativa, afinal,
diferente de mim, ela passou todos esses anos de olho nos passos dele.
— Tente descobrir o que aconteceu e se tiver novidades, me ligue — falei e desliguei. —
Maddy acha que isso é coisa do Landon — falei para Sanders.
— Acho que ela pode estar certa — respondeu com o olhar fixo na direção.
— Por que você diz isso?
— Bom, você me proibiu de falar a respeito, mas eu sei tudo sobre ele. Primeiro ponto,
ele é bem amigo do governador do Texas, e segundo, a irmã dele é dona do rancho que faz
divisa com as terras onde estão acontecendo as escavações, então é bem possível que ele tenha
pedido para te tirar da jogada, o que não deve ter sido muito difícil, uma vez que James
Underwood não simpatiza muito com seu primo.
— Não sabia disso — ciciei, desanimada.
— Era para ele ter entrado como candidato à presidência no mesmo ano de Harry, mas o
partido não o escolheu porque achou que o nome Stone teria mais peso. Então, se analisar com
calma, a desconfiança de Maddy faz todo o sentido.
Respirei fundo sem querer acreditar que Landon pudesse estar por trás daquilo. Eu
odiava usar a influência de Harry, mas naquele caso não tinha outra saída. Eu faria qualquer
coisa para descobrir quem estava me sabotando.
Eva Stone

Ao chegar no hotel, eu liguei para o meu primo e expliquei toda a situação.


— Posso apostar que suas suspeitas estão corretas, mas Underwood não vai muito com a
minha cara. Seria mais fácil pedir favores para oposição do que para ele — declarou e eu
desanimei.
— Sem chances da sua influência política me ajudar nesse problema? — tentei mais uma
vez.
— Será difícil, mas vou ver o que posso fazer, se tiver alguma novidade eu te ligo.
Finalizei a chamada e movida por pura raiva, saí do meu quarto, passei pelo segurança
que cuidava do corredor e marchei até o quarto de Sanders.
— Descubra onde Landon trabalha ou mora, quero falar com esse filho da mãe ainda
hoje — ordenei quando ele abriu a porta.
— Vou providenciar tudo — declarou e eu voltei para meu quarto.
Mais ou menos uma meia hora depois, Sanders informou que Landon tinha casa em
vários lugares, mas que ultimamente estava passando uma temporada em seu rancho, que
ficava a alguns quilômetros do hotel, então decidi que estava na hora de fazer uma visita.
Sanders dirigiu por uns vinte minutos até que estacionou a SUV em frente aos portões do
Rancho McFarland.
Havia uma guarita com dois seguranças armados, guardando a entrada, e ao lado deles
uma RAM preta com a logo Rancho escrita em dourado.
— É da parte de quem? — um dos seguranças questionou.
— Sou Eva Stone, soube que seu patrão está aqui no rancho e gostaria de falar com ele.
O rapaz me encarou por longos segundos e pediu que eu esperasse.
Mais ou menos uns cinco minutos depois, ele apareceu novamente no meu campo de
visão.
— A senhora pode passar, mas os brutamontes não. Uma funcionária da casa principal
vai levá-la até onde o patrão está — explicou e eu assenti.
— Eu vou sozinha, pode me esperar aqui — avisei para Sanders.
— Tem certeza? — ele questionou.
— Landon não seria louco de me fazer mal dentro de suas terras — argumentei.
— Qualquer coisa, me liga — Sanders disse e caminhou até o carro do outro segurança.
Entrei na SUV, dei a partida e passei pelos portões.
O rancho dele era incrivelmente luxuoso e arborizado. A cada metro que eu andava,
ficava mais impressionada com as instalações daquele lugar.
Em frente à casa principal, que era toda feita com toras de madeira e vidro, havia um
gramado gigantesco com um helicóptero negro estampando a logo da McFarland Oil pousado.
Senti um frio na barriga ao saber que em poucos minutos estaria de frente com ele. Não
era uma expectativa do tipo frio na barriga e sim de raiva por saber que ele estava usando de
sua influência para ferrar com o meu negócio.
Estacionei o carro em frente à casa, desci e caminhei até a entrada.
Apertei a campainha e segundos depois uma senhora de uniforme preto atendeu a porta.
— Boa tarde, o senhor McFarland está esperando pela senhorita, me acompanhe, por
favor — a funcionária disse e eu assenti.
Caminhamos por dentro da casa, enquanto meus olhos capturavam o bom gosto da
decoração que misturava elementos contemporâneos e rústicos, trazendo um ar de aconchego e
sofisticação. A única coisa de que não gostei foi da cabeça de um cervo empalhado que estava
pendurada em uma das paredes.
O brilho dos olhos do bicho era tão intenso, que ele parecia estar olhando diretamente
para mim.
Ela me guiou pelos corredores, até que paramos em frente a portas duplas, às quais ela
abriu. Dei um passo à frente e na mesma hora nossos olhares se cruzaram.
Ele estava acomodado atrás de uma mesa de madeira maciça, usando uma camisa azul-
marinho de botões, com as mangas dobradas até os cotovelos.
Por mais raiva que eu sentisse do infeliz, tinha que admitir que os anos e o dinheiro lhe
fizeram muito bem, ele continuava tão lindo e atraente quanto na época da faculdade.
— Se precisar de alguma coisa estarei na cozinha — a voz da funcionária quebrou nossa
intensa troca de olhares.
— Obrigado, Lina — ele disse, e depois que a funcionária saiu, voltou a me encarar.
— Sente-se, Eva — disse, apontando para uma cadeira.
Dei alguns passos para dentro do seu escritório e me acomodei a sua frente.
— Landon, eu queria entender por que depois de tantos anos, você resolveu que
atrapalhar os negócios da minha galeria seria uma boa diversão — acusei.
— Não sei do que você está falando — se fez de desentendido.
— Não seja cínico, todo mundo sabe da sua amizade com o governador do Texas, a
ordem de cancelamento do contrato com a minha galeria saiu do gabinete dele, então eu não
preciso ser muito inteligente para entender que tem seu dedo podre nisso — acusei.
— Cuidado, Eva, você está sugerindo coisas sujas sobre mim e um governador
americano, pior ainda, sem ter provas sobre isso.
— Eu não tenho medo dos seus advogados — falei, irritada quando me dei conta de que
ele estava tentando me intimidar.
— Deveria ter, ninguém sabe descumprir as leis melhor que eles — disse em tom irônico
e meu sangue ferveu.
— Escuta, eu não vim aqui para saber que tipo de esquemas você faz com seus
advogados e sim para resolver a questão da minha galeria. Seja lá o que tenha feito para me
prejudicar, peço que desfaça.
— Está me pedindo um favor? Onde está toda a influência da família Stone? —
provocou.
— Não quero envolvê-los nisso, não quero ter que levar seu nome ao meu pai ou
qualquer pessoa do meu convívio, quero resolver isso do meu jeito — menti, porque se fosse
necessário eu recorreria a eles, mas por enquanto tentaria do meu jeito.
— Uau, antigamente eles controlavam até o ar que você respirava e agora você consegue
andar cinquenta metros sem seguranças e resolve seus próprios problemas. Que evolução —
alfinetou.
— Não seja cruel, eu tinha dezenove anos, era natural que eles decidissem tudo por mim,
mas não vim aqui para falar disso.
— Muito bem. A resposta é não para todos os seus pedidos, eu não vou falar com o
governador, seu contrato vai continuar cancelado e nem a influência da sua família fará com
que aquelas peças saiam do Texas. Se era só isso, você pode ir agora.
— Então você admite que me sabotou! — falei com as mãos cerradas em punho.
— Talvez, mas isso você nunca vai descobrir ou conseguir reverter — declarou.
Engoli em seco, tentando controlar a onda de ódio que cresceu dentro de mim.
— Qual seu problema? Não basta tudo o que fez no passado, ainda precisa usar sua
influência para me prejudicar agora?
— Talvez provar do veneno destilado pela sua família te faça refletir — comentou.
— Não coloque a minha família nisso, nós nunca fizemos nada para você, aquela briga
com o Alexander foi apenas um revide pelo que você fez, então estou com a consciência
tranquila.
Landon me avaliou por longos segundos, como se estivesse revivendo o passado.
— Talvez a princesinha da família Stone tenha sido poupada dos detalhes, mas além de
ter brigado com seu irmão e primo, eu também recebi uma ligação do seu pai avisando tudo
que aconteceria se eu chegasse perto de você novamente.
Engoli em seco ao escutar aquilo.
— Eu nunca soube dessa ligação — falei baixo.
— Eu acatei as ordens de Tony Osborne, porque ele estava coberto de razão, eu
realmente tinha sido um filho da puta com você. O problema é que eu ainda tinha esperança de
que quando as coisas se acalmassem, nós pudéssemos conversar e, quem sabe, recomeçar do
zero, mas na primeira oportunidade que consegui me aproximar, você me humilhou na frente
da universidade inteira e ainda falou sobre o meu pai. O fio que você puxou foi desenrolado por
pessoas que não precisavam saber do passado dele. Eu errei, mas você foi cruel.
— Eu estava sofrendo, droga! Só queria que você experimentasse um pouco da minha
dor. E só para você saber, eu esperava o mesmo, que pudéssemos conversar com mais calma,
mas semanas depois do nosso término você começou a namorar a Natalie… Qualquer
esperança se foi depois disso — falei com raiva e desolação.
— Claro, imagino que você estivesse louca para voltar a beber vinho barato com o
pobretão. Conta outra, Eva, a partir dali não havia qualquer chance para nós. Namorar a Natalie
foi a única forma que eu encontrei de te atingir.
— Mas pelo visto você gostou, pois acabou se casando com ela — falei sem conseguir
disfarçar meu desprezo.
Era difícil admitir até para mim mesma que, ao se casar com ele, Natalie tinha vencido o
jogo. Se eu também tivesse seguido em frente, tudo bem, mas a verdade era que continuava
solteira e mergulhada em uma represa de amargura que só piorava toda vez que eu pensava
neles.
— As coisas não são como você pensa, mas isso não vem ao caso — justificou.
— Óbvio que não, eu quero que se fodam, você e esse casamento maldito. Se quer saber,
eu tive foi sorte, Deus me livre de viver com a cabeça enfeitada de galhos, igual ao cervo
pendurado na sua sala — falei e fui me levantando.
— Então quer dizer que você pesquisa sobre a minha vida? — questionou, irônico.
— Não, mas o mundo coorporativo sabe dos seus casos extraconjugais, além disso, não
posso evitar de escutar as socialites falando que dormiram com o Rei do Petróleo.
— Isso está ficando interessante — ele continuou.
Landon estava se divertindo, bem diferente de mim, que me sentia dentro de uma orgia
de sentimentos conflitantes.
Como ele conseguia manter todo aquele controle, enquanto eu estava prestes a explodir.
— Vá a merda! — exclamei com ódio.
Landon espalmou as mãos na mesa, empurrou a cadeira para trás e se levantou.
Eu, que já estava a caminho da porta, senti seus dedos tocando meu braço.
— Me solta — falei com raiva, tentando me soltar.
— Eu não entendo por que você está tão alterada, achei que o passado não te
incomodasse mais — declarou.
— Tudo o que vem de você me incomoda, eu só quero resolver essa droga de contrato e
ir embora desse fim de mundo.
Àquela altura, eu tentava estabilizar a respiração e lutava bravamente para que as
lágrimas que queimavam meus olhos não rolassem. Não podia chorar na frente dele ou
demonstrar qualquer tipo de sentimento contraditório.
— Eu pensei em ligar para você quando ganhei meu primeiro milhão, e também quando
ganhei dez, cinquenta, cem… A cada conquista eu ficava pensando em como seria se você
estivesse comigo, mas com o tempo entendi que não era para ser, mas nem por isso eu deixei de
imaginar como seria…
— Por que diabos está falando isso agora? Não faz mais sentido, nosso tempo já passou
— falei baixo, com raiva, contendo minha fúria de berrar toda a minha frustração.
Ele estava tão perto, conseguia sentir sua respiração, o aroma incrível do seu perfume,
que já não era mais o mesmo, mas era tão inebriante quanto o antigo.
Fiquei irritada por saber que eu estava dolorosamente afetada por sua figura imponente e
cheia de masculinidade.
— Você não tem curiosidade de saber como seria se nos beijássemos de novo? Será que
seria aquela loucura de sempre ou tempo apagou as marcas da nossa química no meu corpo.
— Você só pode estar ficando lou…
Minhas palavras foram interrompidas quando ele me empurrou contra a porta do
escritório e me beijou sem que eu esperasse. Sua mão direita segurava a minha nuca de um
jeito possessivo, enquanto a outra apertava minha cintura.
Demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo.
Landon estava me beijando. Não, nós estávamos nos beijando?
Senti sua língua deslizando por dentro da minha boca, provocando meus sentidos,
enquanto eu correspondi ao beijo sem pensar nas consequências daquele ato.
Quem estava ali eram a Eva e o Landon do passado, duas almas perturbadas que queriam
ter a chance de sentir como seria quando finalmente se beijassem de novo.
Suas mãos deslizaram pelas minhas costas, enquanto sua boca me beijava com a mesma
confiança de sempre, despertando sentimentos adormecidos e uma química que eu nem sabia
que ainda existia.
Meus dedos se infiltraram nas mexas sedosas do seu cabelo, direcionando sua cabeça
para que sua boca encaixasse com urgência na minha. Ele atacou a minha língua, com
movimentos lentos, beijando, provocando, me deixando louca.
Minha boceta estava úmida, meu corpo mole e a cabeça perdida naquela nuvem de
luxuria e tesão.
Tesão por um homem casado!
Ao me dar conta da merda que tinha acabado de fazer, eu o empurrei com força.
— Pelo amor de Deus, Landon, fique longe de mim — falei irritada e me afastei dele.
— Você pode estar brava pelo beijo, mas não pode negar que nada mudou, você ainda
derrete nos meus braços — declarou.
Sua afirmação me deixou enlouquecida.
— Isso aqui não significou nada, para mim você ainda é um canalha. Você pode feder a
dinheiro, andar com políticos poderosos, mas no fundo sempre será um vira-lata em busca de
aprovação — falei com ódio e fui embora.

+++
Landon McFarland

Eva saiu do meu escritório quase correndo, enquanto eu a seguia sem pressa, observando
a quantidade de vezes que ela se perdeu pela casa.
— A saída fica para lá — apontei quando ela se virou na minha direção.
Eva bufou e finalmente marchou na direção da saída.
Eu me aproximei das janelas e observei seus passos apressados indo até o carro.
Não sabia explicar por que tinha baixado a guarda e a beijado, qualquer um diria que foi
um momento de fraqueza, mas este momento serviu para demonstrar que Eva ainda sentia
alguma coisa por mim e isso foi o suficiente para amaciar meu ego.
No entanto, esse mesmo ego ficou incomodado ao ser chamado de vira-lata. Os anos
tinham passado e ela continuava achando as palavras certas para me ferir.
Não ter o sangue azul da família Stone não me incomodava como antigamente, pois meu
dinheiro comprava as mesmas coisas que o deles, a diferença era o poder da influência que eles
ainda exerciam pelos quatro cantos do mundo. Eu tinha que pagar muito mais por favores que
eles conseguiam facilmente com uma ligação.
Observei quando ela abriu a bolsa, pegou a chave do carro e entrou. Através do vidro
levemente fumê, eu a vi desembrulhando alguma coisa e colocando na boca. O reflexo do papel
vermelho me deu a pista do que deveria ser: a maldita trufa de chocolate.
Vê-la mastigando aquele doce com tanta vontade, fez uma ideia surgir em minha cabeça.
Saquei o telefone e liguei para Douglas.
— Alô.
— Descubra quem é o dono da fábrica de chocolate Mask Candy, compre a empresa e
depois proíba a fabricação da trufa de cereja.
— Que porra de pedido é esse? — ele disse confuso.
— Faça exatamente o que pedi, amanhã, quando estiver no escritório, eu te explico tudo
— declarei.
— Ok, vou levantar as informações e amanhã conversamos.
Qualquer um que visse de fora, acharia aquilo uma coisa infantil, mas eu sabia o quanto
ela gostava da porra daquele chocolate, e o quanto ficaria enlouquecida quando soubesse que
eu tinha comprado a fábrica, simplesmente para proibir a fabricação do seu chocolate preferido.
Eva Stone

— Vocês o que?! — Maddy exclamou, eufórica, quando falei para ela o que tinha
acontecido.
Já estava em Nova York, mais precisamente no laboratório de restauração da galeria, e
aproveitei que os funcionários já tinham ido embora para confidenciar como tinha sido minha
viagem ao Texas.
— Isso mesmo, o infeliz me beijou e eu correspondi.
— Uau, isso está ficando cada vez melhor.
— Maddy, pelo amor de Deus, o cara é casado, pior ainda, casado com a Natalie —
esbravejei.
— Eu sempre achei esse casamento esquisito. Eles não aparecem juntos em lugar algum,
ninguém sabe da vida pessoal deles, é como se ele quisesse a esconder do mundo, mas não se
separam — comentou enquanto caminhava até a área do café que ficava no canto do
laboratório.
Lembrei da época em que fiquei sabendo sobre o noivado deles, através de uma nota no
jornal. Na foto, ele estava usando um terno sem gravata, ela, um vestido creme. Enquanto ela
exibia um sorriso de extrema felicidade, a expressão dele era contida e misteriosa. Landon
sendo Landon.
Naquele dia eu não chorei, pois a expressão de infelicidade dele fez meu bobo coração
começar a achar que se tratava de um noivado forçado, o que significava que em algum
momento ele iria desistir.
Eu não o queria de volta, mas também não queria que ele se casasse com ela, então,
mesmo à distância eu torci contra aquele relacionamento. Se Nath se tornasse a senhora
McFarland, seria uma espécie de triunfo sobre mim.
De nada adiantou, os dois se casaram em uma cerimônia íntima no mesmo mês em que
noivaram. Meses depois, quando as notícias de traições começaram a pipocar nas rodas sociais,
eu cheguei à conclusão de que não ter ficado com ele tinha sido um livramento.
Se ele era infiel com ela, certamente seria comigo, então tive que aceitar que Deus tinha
coisa bem melhor reservada para mim.
— O cara é casado, estou me sentindo péssima — admiti e guardei a peça que estava
analisando.
— E qual a graça de ficar com um cara solteiro? Fique com ele e estrague as próximas
gerações desse infeliz — brincou e nós gargalhamos.
Pessoas próximas ao casal McFarland comentavam que Natalie teve uma sucessão de
abortos, mas até onde eu sabia, eles não tinham filhos, Entretanto, a ausência dela naquela casa
e a forma como ele me beijou, me fez acreditar que talvez o casamento deles não estivesse tão
bem assim, ou talvez fosse apenas a velha Eva cultivando aquele grãozinho de esperança.
— Já me conformei que perdemos esse contrato, mas na primeira oportunidade eu vou
dar o troco — declarei.
— Como eu disse, essa história de vocês ainda vai render. A Natalie que se cuide, sinto
cheiro de divórcio no ar — brincou e bebeu um gole de café.
— Não fale besteira, Maddy — rebati.
— Eva, naquela época ele não tinha como lutar contra os seguranças, dinheiro e a
influência que seus pais tinham sobre você. Ele foi um canalha, te magoou, vocês brigaram,
terminaram, ele começou a namorar a Natalie e você mudou de universidade para dar conta de
terminar o curso. Tudo aconteceu como tinha que ser, mas agora se ele te quiser de verdade,
ninguém vai poder impedir.
Senti um arrepio ao escutar as palavras da minha amiga.
Ela estava certa em muitos pontos, mas eu não queria pensar nessa possibilidade, pois
tinha certeza de que meu coração havia aprendido a lição e não cairia na conversa daquele
forasteiro novamente.

+++
Landon McFarland

No final de cada expediente, quando voltava para a minha casa em Houston, ou para o
rancho, que era meu lugar preferido, eu sentia meu coração dividido em vários sentimentos.
Tinha orgulho do império que havia construído, do quanto batalhei para transformar a minha
empresa na potência que era, mas também havia o peso do fracasso na vida pessoal.
Eva estava certa quando disse que eu fedia a dinheiro e influência, só que isso não
causava um grama de felicidade dentro do meu peito.
Já fazia algum tempo que conquistas financeiras tinham deixado de ser empolgantes
como antigamente, eu gostava de fazer dinheiro, me envolver em projetos novos, mas às vezes
me perguntava o porquê de tudo aquilo.
— Não gosto de te ver com esse olhar distante — Beatrice disse ao entrar no meu
escritório.
Talvez a resposta da minha pergunta anterior fosse ela. Todo aquele império foi
construído para eu ser capaz de oferecer tudo o que ela sempre sonhou. Uma das minhas
maiores realizações foi ter cumprido a promessa que fiz no dia em que ela teve aquela maldita
audição cancelada.
Beatrice se tornou uma bailarina de sucesso, aproveitou os anos de glória, mas depois
que se casou com Douglas abriu uma escola de dança e tinha uma vida aparentemente feliz e
tranquila.
— Após um dia cheio de reuniões, eu mereço me perder em pensamentos enquanto tomo
meu uísque — brinquei.
— Soube que você teve visitas. Como foi o encontro com a Eva? — perguntou, servindo
uma dose para si.
— Então seu marido fofoqueiro já deu com a língua nos dentes.
— Eu sabia que algum dia vocês iriam se esbarrar por aí — disse me encarando por cima
do copo. — Agora me diz se a coisa esquentou, esses detalhes o Doug não soube me dar.
— Se quer saber, aquela maldita ainda mexe comigo — admiti.
— E aí você ficou com raiva de perceber que ainda sente alguma coisa por ela e mandou
comprar a Mask Candy para proibir a fabricação do chocolate preferido dela. Quantos anos
você tem? — ela zombou e acabamos rindo.
— Tirando o chocolate horrível que ela gosta, acho que consigo fazer dinheiro com o
resto da fábrica.
— Você é terrível, Landon — ela disse e se aproximou.
— Com ela eu sou mesmo — brinquei.
— E como estão as coisas com a Natalie? — questionou.
— O de sempre, mas não quero falar dela.
— Você nunca quer, não sei por que se casou com ela — alfinetou.
Por um bom tempo, Beatrice teve mágoa pelo afastamento repentino de Eva, mas depois
que falei toda a verdade, ela entendeu e deu razão para sua velha amiga, no entanto, ela nunca
engoliu meu relacionamento com Natalie e vivia questionando os motivos de ter ficado tantos
anos com ela.
No começo, eu fiquei com ela apenas por vingança, mas então Eva foi embora de Oxford
e ficar com ela não fazia sentido, mesmo assim eu continuei. Natalie era uma garota tranquila,
focada nos estudos e com isso eu também conseguia focar nos meus negócios. Ela não
reclamava das minhas viagens de trabalho, mas acho que o que mais pesou foi a aceitação do
pai dela.
Meu falecido sogro via nosso relacionamento com bons olhos, me aconselhou em
diversos negócios e construiu laços que eu jamais conseguiria ter com o pai de Eva, ainda mais
depois de tudo que aconteceu no passado.
Franklin Pope foi um bom amigo e foi sua amizade que levou meu relacionamento com
a Natalie tão longe. Ela costumava zombar que eu só tinha me casado com ela para continuar
perto do seu pai e certamente havia um fundo de verdade naquilo.
Frank era uma pessoa admirável, da qual eu sentia uma falta tremenda, no entanto, não
poderia falar o mesmo de sua filha, já que nos últimos anos nossa convivência se tornou
insustentável. Natalie não era o que eu queria, mas o que eu tinha me conformado a ter.
Por consequência do nosso namoro, noivado e casamento, eu acabei me afastando de
muitas pessoas, mudei de cidade e perdi contato com a maioria dos colegas que me
acompanharam durante toda a universidade; o único com quem ainda falava, e
esporadicamente, era o Devon, que continuava morando no mesmo lugar e dava aula em
Oxford.
— Tem algum assunto que você queira falar que não envolva a minha vida pessoal? —
questionei.
— O próximo assunto da lista seria o caso que você tem com a secretária.
— Uau, agora o Douglas se superou — zombei.
— Dessa vez não foi ele, até as vacas do seu pasto sabem que aquela loira está louca
para ser promovida ao cargo de esposa. Bastou olhar para aquela cara de sonsa dela que eu
saquei o jogo todinho.
— Você disse isso da secretária número 12 e da 15, se não me engano — falei para irritá-
la.
— Landon, não sei de que adianta todo esse dinheiro se você não consegue gostar de
ninguém. Nada mais triste do que ter cofre cheio e coração vazio.
— Nossa, hoje você está inspirada. Que tal ligar para seu marido fofoqueiro e a gente
sair para jantar, enquanto vocês enchem a minha cabeça de baboseira?
— Eu topo — ela disse e virou a dose de uísque que tinha no copo.
Liguei para o meu piloto avisando que iríamos jantar em Houston e ficaríamos por lá.
Depois do beijo que rolou no meu escritório, o mais sensato era ficar alguns dias longe
do rancho, até que o gosto daquela maldita desaparecesse, só que Beatrice e o marido passaram
a noite toda falando de Eva e que se eu fosse esperto, iria atrás dela para tentar acertar as
coisas, pois nada nem ninguém poderia nos impedir de ficar juntos.
Do ponto de vista romântico, aquilo poderia fazer sentido, mas eu sabia que Eva
carregava toneladas de mágoas do nosso passado e que as coisas jamais dariam certo
novamente.
Eva Stone

— Oi, tia, que saudade — Alicia disse ao me abraçar.


Fui ver meu irmão na presidência da Osborne e, para variar, minha sobrinha estava por
lá.
Ela era uma garota prodígio, que entendia tudo sobre computadores, então sempre que
Celine permitia, ela ia com o pai para o trabalho e ficava bisbilhotando todos os setores.
— Você está cada dia mais linda — falei, analisando seu rosto bonito.
— E corajosa — Alex completou.
— O que foi que você aprontou agora, mocinha?
— Nem queira saber — meu irmão disse, exasperado.
De olhos arregalados, Alicia saiu da sala rapidinho.
— Estou curiosa para saber o que ela fez — comentei e me sentei na frente dele.
— Invadiu o sistema da escola e aumentou a nota de todos os amigos da sala.
Abri a boca em espanto e logo caí na gargalhada.
— Nossa, nem sei o que falar — comentei.
— Pois é, mas mudando de assunto, estou curioso para saber o motivo dessa visita —
declarou, escrutinando meu rosto. — Faz muitos meses que você não aparece aqui, então o
assunto deve ser importante.
— Bom, eu queria conversar com você, sem ser em encontros familiares, pois não quero
que o assunto chegue aos nossos pais — comentei.
— Que assunto?
— Encontrei com Landon McFarland naquele evento que fui no seu lugar e as coisas se
complicaram desde aquele dia.
Narrei para Alexander tudo o que tinha acontecido, explicando que Landon estava
usando sua amizade com o governador para me ferrar.
— Bom, o governador Underwood, tem desavença com o Harry, então eu acho que esse
contrato está perdido — declarou.
— Mas que droga! — reclamei.
— No entanto, se você quiser se vingar…
— Acho que quero, qual o plano? — perguntei, animada.
— Ele quer entrar para um seleto clube de cavalheiros aqui de Nova York, um lugar
muito exclusivo onde os membros indicados por outros sócios têm que ser aprovados pelo
membro mais antigo de cada família para que consiga fazer parte.
Não sabia se Landon estava tentando entrar nesse clube para aumentar seu círculo de
amizades ou simplesmente para ganhar aprovação, de qualquer forma eu ficaria feliz em tirar
isso dele.
— E você pode fazer com que ele não seja aprovado? — questionei.
— Posso. Eu sou o único membro da família Stone que ainda participa, então pode ter
certeza de que ele não terá o meu voto.
— Mal posso esperar para jogar na cara de Landon que ele não foi aceito porque eu
interferi.
— Acho que nossa jogada terá mais efeito se ele chegar a essa conclusão sozinho —
opinou.
— Concordo — anuí, revirando os olhos —, mas nem por isso você é o gêmeo mais
inteligente — provoquei.
Ao sair do escritório de Alexander, fui direto para o trabalho, pois Maddy havia me
ligado algumas vezes e eu não tinha conseguido atender.
— Pelo tanto de vezes que você me ligou, fechamos algum contrato importante — falei
assim que entrei na sala dela.
— Não, mas o doutor Perkins ligou e disse que conseguiu a licença para fazermos a
restauração das peças — declarou e eu comecei a comemorar. — Só há um porém. As
restaurações têm que acontecer lá, na cidade de Sun Valley. Teremos que alugar um local e
mandar uma parte da equipe para montar um laboratório — explicou e eu desanimei.
— Estava bom demais para ser verdade — argumentei, jogando-me na cadeira que tinha
em frente sua mesa.
— Esse contrato é muito lucrativo, sem contar o prestígio de restaurar peças milenares
como aquelas, mas não posso me deslocar para cuidar da equipe, isso aqui não funciona sem
mim — se gabou e sorrimos.
— O rancho do Landon fica bem perto das terras onde estão acontecendo as escavações,
não sei se estou a fim de topar com ele por lá.
— Pensei a mesma coisa, mas não posso decidir por você. Pense bem e me avise.
Concordei e voltei para a minha sala.
Passei a tarde toda pensando em tudo que poderia acontecer caso eu aceitasse passar esse
tempo no Texas. Não era a primeira vez que teríamos que nos deslocar para um outro estado, o
problema era que aquele era o território de Landon e não sabia se estava disposta a me
encontrar com ele com mais frequência do que o necessário.

+++
Landon McFarland

Depois de tanto Beatrice me encher o saco, eu acabei pedindo a James que seu gabinete
tirasse a restrição do contrato da empresa de Eva e autorizasse que ela fizesse a restauração do
acervo que tinha sido encontrado. Ele concordou, mas deixou claro que ninguém poderia peças
para Nova York, ou seja, o trabalho precisaria ser feiro em Sun Valley.
Pelo visto ela tinha aceitado, pois fazia três dias que tinha chegado com sua equipe na
cidade e pedi ao meu homem de confiança que fizesse uma investigação para saber onde ela
estava morando.
Bill confidenciou que ela estava hospedada em um dos meus hotéis, quase sorri com a
notícia, pois certamente sua estadia seria bem divertida ao menos para mim.
— Senhor McFarland, eu queria fazer um pedido — Chiara disse ao entrar na minha
sala.
— Que pedido? — questionei com olhar fixo na papelada da minha mesa.
— Hoje é meu aniversário e queria saber se poderíamos nos ver mais tarde. Comprei
uma fantasia de coelhinha que o senhor vai adorar.
Com Eva na cidade, a última coisa que eu queria era sair com Chiara, no entanto,
descarregar o tesão que estava sentindo na minha assistente poderia ser uma boa tática para não
perder a cabeça quando me encontrasse com aquela diaba.
— Pode ser — concordei sem entusiasmo.
— Vou ficar até mais tarde hoje para terminar de preparar os detalhes da reunião de
amanhã, mas podemos nos encontrar depois que eu sair daqui — ela sugeriu.
— Ok, mas eu te ligo para confirmar. Agora pode ir — falei sem paciência e ela assentiu.
Minutos depois que ela saiu, minha irmã apareceu na minha sala e me encontrou relendo
um relatório sobre Eva, que o Bill tinha me enviado por e-mail
— Posso saber o motivo desse sorriso diabólico no seu rosto? — Beatrice perguntou ao
entrar na minha sala.
Era fim de tarde e imaginei que ela tivesse passado ali, para ver seu marido língua de
trapo.
— Eva está na cidade, hospedada no meu hotel, aceitando todas as exigências que
impus. Então a minha tarde não poderia estar melhor.
— Eu sei que você está amando achar que ela está dançando conforme a sua música,
mas no fundo, bem lá no fundo, nós sabemos que o feitiço vai virar contra o feiticeiro e logo
vocês vão estar engalfinhados por aí — rebateu.
— A ideia não é ruim, mas nosso tempo já passou — comentei sem entusiasmo.
— Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos. Que tal uma bebida no bar do seu
restaurante? — sugeriu.
— Agora você falou uma coisa sensata — respondi e caminhamos para fora da
presidência.
A refinaria ficava em uma área afastada da cidade, mas em poucos minutos já estávamos
passando pelo portal de Sun Valley, uma cidade com menos de cinquenta mil habitantes, mas
que era bem desenvolvida por causa do turismo e principalmente da minha refinaria, que levou
progresso e milhares de empregos.
Em Houston, eu dificilmente saía de casa, mas em Sun Valley eu gostava de circular,
sem contar que conhecia todos os empresários locais, desde donos de bancas de revistas, aos
fazendeiros mais importantes da região.
A McFarland Oil era a principal fonte de renda de grande parte da população, por isso
toda vez que entrava em algum estabelecimento, era tratado com muito respeito e admiração.
Entramos no Drewbar que ficava anexado ao hotel. Além de bar, era um dos restaurantes
mais requintados da cidade, frequentado por empresários e turistas que estavam de passagem
pela região, pois tínhamos os melhores drinques, uma carta de vinho sensacional e uma comida
espetacular.
Cumprimentamos o gerente e seguimos para o balcão onde pedimos dois drinques. Já
estávamos conversando há alguns minutos quando Beatrice me encarou com os olhos
levemente arregalados.
— Não olhe agora, mas acho que é a Eva ali na última mesa — ela disse e eu me virei.
Eu sabia que ela estava hospedada ali, mas não achei que iria encontrá-la naquele
horário. Ela estava sozinha em uma mesa, concentrada em seu notebook, enquanto bebia uma
taça de vinho branco.
Os cabelos estavam presos em um coque, com alguns fios caindo sobre seu rosto. De
onde eu estava, não consegui ver direito a roupa que usava, mas estava linda como sempre.
— Eu vou lá falar com ela — Beatrice disse.
Antes que eu pudesse fazer aquela maluca mudar de ideia, ela pulou da banqueta e
caminhou em direção a mesa de Eva.
Droga!
Eva Stone

Eu e a minha equipe já estávamos em Sun Valley há três dias, instalados em um hotel


confortável. Para poder cumprir as exigências do contrato, Maddy tinha conseguido
providenciar um local que serviria de laboratório por algumas semanas.
Naquele momento, eu estava no restaurante do hotel, respondendo alguns e-mails,
enquanto bebia uma generosa taça de vinho.
Talvez o Texas não fosse tão tedioso assim.
— Quanto tempo, Eva — uma voz feminina disse.
Levantei o olhar e me deparei com Beatrice.
Ela estava lindíssima dentro de um vestido preto colado, com um cardigan de lã cinza
por cima.
Levantei-me para a cumprimentar.
— Como vai, Beatrice?
— Ótima e você?
— Bem também.
— Confesso que estou curiosa para saber o que está fazendo em Sun Valley — disse,
simpática.
— Vim a trabalho, vou ficar por algumas semanas. Você mora por aqui? — questionei.
— Moro sim, em um rancho a alguns quilômetros daqui.
— Interessante — respondi e fiquei em silêncio.
Eu nunca mais tinha encontrado com Beatrice, mas sabia que ela tinha se tornado uma
bailarina talentosa e tinha se casado com um advogado brilhante, que por sinal trabalhava para
Landon
Esse tipo de informação sempre estava disponível nas colunas sociais ou a própria
Maddy fazia questão de me atualizar.
— Vamos, Beatrice? — a voz de Landon quebrou o silêncio e senti um frio na barriga.
— Como vai, Eva? — ele questionou quando trocamos olhares.
— Estou bem, obrigada — respondi e fiquei esperando para ver o que iria acontecer.
Ele estava usando um terno grafite sem gravata, com camisa branca. Seu perfume
incomparável se infiltrou nos meus sentidos, enquanto eu fazia de tudo para ignorá-lo.
— Mas acabamos de chegar — ela disse e depois me encarou. — Você se importa de nos
sentarmos aqui para beber um vinho? — perguntou, animada, e Landon soltou um palavrão
baixinho.
Eu não tinha nenhum motivo para beber com ele, mas estava feliz por ter reencontrado
sua irmã. Mesmo depois de tantos anos, eu ainda sentia um carinho especial por ela e ficava
feliz que ela estivesse bem.
— Claro, podem se sentar — falei e fechei meu MacBook.
Beatrice se sentou na cadeira próximo a janela, enquanto Landon se sentou à minha
frente.
O garçom serviu uísque para ele, e Beatrice me acompanhou no vinho branco.
Eu e Bea engatamos uma conversa animada, enquanto ela falava sobre seus cursos de
danças, viagens e coisas que fez ao longo dos anos. Landon falou em alguns momentos, mas a
maior parte do tempo eu sentia seus olhos em mim, observando cada expressão e movimentos.
— Agora me fala de você, estou curiosa para saber o que fez depois que foi embora de
Oxford — questionou.
— Foquei nos estudos. Depois que terminei a universidade, eu fiz algumas
especializações, viajei para alguns lugares e morei um tempo em Londres, nada tão
emocionante quanto a sua vida — brinquei.
— E você se casou ou namora alguém? — perguntou curiosa.
Landon lançou um olhar na direção dela, mas Beatrice continuou me encarando,
esperando por uma resposta.
— Homens não são uma prioridade, o trabalho ocupa a maior parte do meu tempo, mas
tive alguns relacionamentos bem importantes ao longo dos anos — disse essa última parte
olhando dentro dos olhos de Landon. Queria que ele soubesse que não fiquei sofrendo por ele.
— Você é linda e adorável, Eva, logo vai encontrar uma pessoa que te mereça de verdade
— Beatrice falou em tom carinhoso e senti que aquilo foi uma alfinetada no irmão.
Alguns minutos depois, ela se levantou para ir ao banheiro, nos deixando sozinhos.
— Desculpe por isso, não consegui impedi-la de vir aqui — ele comentou.
— Tudo bem, eu sempre gostei muito da sua irmã e fiquei feliz de encontrar com ela.
Ele assentiu e ficamos em silêncio até Beatrice retornar.
— Eu amei ter encontrado com você, Eva, mas tenho que ir, meu marido está passando
aqui para me buscar — ela disse e eu me levantei para me despedir.
— Eu também amei — respondi enquanto nos abraçávamos.
— Não sei quanto tempo você vai ficar aqui, mas queria te convidar para almoçar ou
jantar no meu rancho — declarou.
— Vou ficar por algumas semanas, podemos combinar sim — falei para ser simpática,
depois inventaria alguma desculpa para cancelar.
Assim que Beatrice saiu, eu voltei a me sentar e comecei a arrumar as minhas coisas
para voltar para o quarto.
— Vai me deixar sozinho à mesa, que deselegante — ele disse antes de sorver um gole
do seu uísque.
— Não acho certo ficar bebendo com um homem casado, a Natalie deve estar te
esperando em casa — alfinetei e ele ficou me encarando.
— Não que isso seja da sua conta, mas estou divorciado há alguns meses.
Engoli em seco diante daquela notícia.
Landon não estava mais casado com a Natalie?
— Que bom para ela que não tem que conviver com um ser desprezível como você —
esbravejei.
— Por que tanto ódio nesse coração, Eva?
— Quer mesmo que eu te fale o motivo? — falei, irritada, peguei a minha bolsa e saí da
mesa.
Atravessei o restaurante, mas, ao invés de ir em direção aos elevadores, eu saí porta
afora, pois precisava respirar ar puro.
— Qual o seu problema? — Landon inquiriu quando me viu encostada na parede lateral
do restaurante do hotel.
A minha frente havia algumas folhagens que separavam aquela parte da construção do
estacionamento. Achei que fosse um bom lugar para me esconder dele, mas pelo visto me
enganei.
— Não tem nenhum problema, esqueça o que eu falei e me deixe em paz.
— Sabe o que eu acho?
— Não e não quero saber — rebati.
— Mas vou dizer mesmo assim — declarou e começou a caminhar de um lado a outro
do espaço da calçada onde estávamos.
Detestava admitir que o ódio que tinha por aquele infeliz era compatível com o tesão que
eu sentia.
— Você não superou o passado e o fato de eu ter me casado com a Natalie — falou e eu
fiquei paralisada diante da sua ousadia.
— E se for, Landon, e se eu realmente quiser te odiar pelo canalha que você foi, qual o
problema?
— Eu demorei para entender que as coisas tinham que ser assim, Eva, depois de tudo o
que aconteceu, da merda que eu fiz, seus pais jamais permitiriam que ficássemos juntos, sem
contar que eu não tinha dinheiro para dar a vida que você merecia.
— Eu nunca me importei com o fato de você não ter o mesmo dinheiro que a minha
família — falei baixo e com ódio.
— Mas jogou na minha cara que não suportava mais beber vinho barato e que nunca
mais queria se envolver com um pobretão igual a mim.
— Eu falei aquilo para te magoar, para te machucar do mesmo jeito que eu estava
machucada — expliquei com raiva, contendo a vontade de chorar.
Era terrível admitir que aquele homem me desestabilizasse com um simples olhar.
— E conseguiu, eu sempre fui ambicioso, mas suas palavras se tornaram um
combustível para me tornar quem sou.
— Um rei que, pelo visto, se casou com a rainha errada, ou não teria se separado —
alfinetei.
— Nisso você tem razão, Natalie tem meu sobrenome, mas nunca teve meu coração.
Tive vontade de avançar sobre ele e bater em seu peito até que toda a minha fúria se
esvaísse, mas me contive. Eu não poderia bancar a histérica, não depois de todos aqueles anos.
— Para alguém que não ama a esposa, você ficou bastante tempo casado — acusei.
Landon ficou me observando por tantos segundos que aquilo chegou a me incomodar.
— Eu sei que você não confia em mim, mas queria que conhecesse uma pessoa, talvez
fique mais fácil entender meus motivos depois disso.
Realmente eu não tinha nenhum motivo para acreditar nele, mas meu coração só ficaria
em paz se todo aquele tormento fosse justificado. Eu não queria ficar com Landon, mas estava
cansada de odiá-lo, de sentir aquela raiva fervendo por dentro toda vez que escutava seu nome.
— Ok, vamos lá — respondi e caminhamos até o carro dele.
Mandei uma mensagem para Sanders e avisei para ele seguir nosso carro.
Poderia ser uma loucura tudo aquilo que eu estava fazendo, mas se essa tal pessoa
trouxesse um pouco de paz ao meu coração, certamente eu teria feito a coisa certa.
Eva Stone

Sentei-me no banco traseiro da SUV de Landon e permaneci em silêncio, enquanto seu


motorista dirigia pelas ruas de Sun Valley. Aos poucos a paisagem urbana foi ficando para trás
e pegamos uma estrada asfaltada que levava ao interior.
A propriedade estava toda iluminada e havia alguns seguranças caminhando pelo
gramado. O motorista estacionou o carro e depois abriu a porta para mim, desci e senti o ar frio
tocando minha pele.
Apesar de termos tido um dia ensolarado e gostoso, as temperaturas estavam baixas.
— Siga-me, por favor — ele disse depois que entramos em sua casa, passamos pela sala
e seguimos por um longo corredor, depois outro e outro até que ele abriu uma porta e entramos.
A primeira coisa que vi foi um quarto infantil, decorado com tons pasteis e aquilo
apertou meu peito.
Ele tinha um filho? Um filho com Natalie?
Engoli a vontade de fazer perguntas e avistei uma moça com uniforme branco, lendo
uma revista.
— Boa noite, senhor McFarland — ela disse e endireitou o corpo para ficar em pé.
— Boa noite, Maria, deixe-nos a sós, por favor — ele ordenou e a babá assentiu.
Quando Landon saiu da minha frente, eu finalmente avistei uma criança no canto do
quarto, brincando com alguns carrinhos.
Ele estava usando um pijama azul com estampa de foguete e quando se virou, meu
coração se apertou: ele era perfeito. Tinha cabelos castanhos, olhos esverdeados e lembrava
muito mais o Landon do que a Natalie.
— Você teve um filho — comentei com os olhos fixos na criança.
— Sim, esse é o Connor.
Aproximei-me de onde o menino estava e o encarei.
— Oi, Connor — falei e lhe ofereci um sorriso, mas ele continuou me olhando sem
demonstrar nenhuma reação.
— Ele tem espectro autista, o que era chamado antigamente de Síndrome de Asperger.
— Ele não fala? — perguntei.
— Não, mas estamos trabalhando nisso, pois os especialistas já explicaram que ele não
fala porque não quer — Landon explicou.
— Ele é lindo. Espero que com as terapias corretas ele possa se desenvolver como
qualquer outra criança — argumentei.
— Ele vai — Landon garantiu, como qualquer pai que acredita em seu filho.
Connor atravessou o quarto, parou bem pertinho de mim e puxou o lenço azul que estava
amarrado na alça da minha bolsa.
— Ele tem algumas manias, uma delas é colecionar coisas da cor azul.
Landon apontou para uma prateleira cheia de diferentes objetos, mas todos da mesma
cor.
Coloquei a bolsa no chão, desamarrei o lenço e o entreguei a ele. Um leve sorriso
apareceu no cantinho da sua boca, como se tivesse ficado feliz de ter conseguido o que queria.
Connor então caminhou com o lenço pelo quarto e o deixou na estante junto com os
outros objetos.
— Uma formiga carregadeira de coisas azuis — Landon completou.
— Landon, você tem um filho lindo, mas isso não justifica nada, apenas que você
destruiu seu casamento e que esse anjo vai crescer sem ter os pais juntos — argumentei.
— É sobre isso que eu queria falar com você — ele disse e apontou para a porta.
Assim que saímos, a babá voltou para seu posto.
Caminhamos até a sala principal, ele serviu uma dose de uísque, enquanto eu preferi
uma água.
— Por muitos anos, eu não suportei escutar seu nome ou qualquer coisa sobre a família
Stone. Vivi anos agradáveis com Natalie, mas nunca foi com a mesma intensidade do
relacionamento que vivemos. Com você foi real, com ela no automático.
— Nada do que falar agora vai mudar o que aconteceu, fiquei feliz de conhecer seu
filho, mas isso não vai te dar redenção.
— Eu sei que não, mesmo assim quero te contar exatamente como as coisas
aconteceram, talvez sua raiva diminua, assim como a minha culpa por tê-la feito sofrer.
“Quanto ao fato de eu ter namorado a Natalie, você pode me culpar e odiar pelo resto
dos seus dias, fiz aquilo para te magoar, admito que fui infantil, fraco e te fazer sofrer era a
única arma que eu tinha para me sentir melhor naquele momento. No entanto, depois que você
foi embora, tudo perdeu o sentido, eu não precisava mais ficar com a Natalie e pensei em
terminar, mas depois que conheci o pai dela as coisas mudaram. Ele me aceitou como um filho,
incentivou o nosso namoro, me aconselhou em decisões de negócios e foi a figura de pai que eu
nunca tive. Isso não é desculpa, mas eu realmente achei que poderia ser feliz com ela.
Eu lembrava da forma enojada com que Landon falava do seu pai, então a amizade com
o pai da Natalie fazia muito sentido.
— Frank foi um amigo, mentor, alguém que eu jamais vou esquecer, no entanto, nem
nossa amizade foi capaz de me fazer amar a Natalie do jeito que ela queria. Longe do pai ela
sempre estava cobrando atenção, viagens, um pedido de noivado, em contrapartida, eu estava
mais preocupado em construir meu negócio. Foi nessa época que ela engravidou pela primeira
vez. Eu não estava preparado para ser pai, queria trabalhar mais alguns anos para que quando
tivesse um filho pudesse lhe dar toda a atenção que ele merecia, mesmo assim, eu noivei e me
casei com ela, pois sabia das minhas responsabilidades.
Ele fez uma pausa e encarou o copo de uísque.
— Ela perdeu o bebê semanas depois do nosso casamento. Ao saber disso, tive vontade
de terminar tudo, mas ela estava tão triste, tão vulnerável, se culpando pelo aborto, que fui
incapaz de abandoná-la.
— Você fez a coisa certa.
— Depois disso houve uma sucessão de gravidezes e abortos. Quatro para ser mais
exato. Quatro filhos que não tiveram a chance de vir ao mundo. Depois do segundo nós fomos
aos médicos mais referenciados e fizemos todos os tipos de exames que constataram que ela
tinha problemas para segurar um bebê, mas Natalie não aceitava e continuou tentando, mesmo
sabendo dos riscos.
“Todo esse estresse cobrou seu preço e Natalie, a parte mais vulnerável, acabou se
refugiando no álcool. Durante o espaço de tempo entre um aborto e outro, ela bebia
desenfreadamente, apesar dos meus protestos. Eu achei que fosse uma fuga temporária, mas
mesmo depois de ter concebido o Connor, ela não parou, o álcool se tornou uma companhia
frequente.
— Que coisa terrível. E o bebê, quem cuidou dele?
— Eu, a Beatrice, os empregados… Os primeiros anos do Connor foram passados de
colo em colo, mas nenhum era da mãe dele, que passava a maior parte do tempo em clínicas de
recuperação, das quais ela fugia sempre que conseguia. Quando a coisa ficava muito feia, ela
permanecia internada e melhorava, mas não possuía qualquer equilíbrio emocional para cuidar
de uma criança e essa inaptidão a fazia recair. Nesse meio tempo, surgiram as amantes e toda a
ladainha que as pessoas falam por aí. Minha vida nunca foi o conto de fadas que você
imaginou, Eva.
Vendo por seu lado, eu tinha que admitir que eles realmente tinham sido infelizes, mas
não me senti melhor por isso, pelo contrário, fiquei triste pelo que o destino tinha nos
reservado.
No nosso triângulo, cada um recebeu a quantidade de dor e sofrimento que conseguia
carregar e viveu à sua maneira.
Fiquei anos amargando o ódio por ter feito parte daquele ardil, e depois, por ver o
homem que eu amava se casando com outra mulher, mas Landon e Natalie também receberam
a parcela deles naquela conta.
— E onde ela está? — perguntei.
— Houston, em uma clínica de reabilitação. Eu prometi ao pai dela que mesmo que nos
separássemos um dia, continuaria cuidando dela a distância. É isso que estou fazendo.
Minha cabeça estava fervendo com todas aquelas informações.
— Porque me falou tudo isso, qual seu intuito com toda essa história? — questionei,
confusa.
— Porque se mesmo depois de tudo que eu te falei, você decidir que continuar me
odiando faz com que se sinta melhor, vá em frente, mas pelo menos fará isso sabendo toda a
verdade. Meu reinado foi construído com muito trabalho, dor e sofrimento. Diferente do que
você pensa, eu não precisei enganar ninguém para conquistar isso.
— Eu falo muitas coisas em momentos de raiva, não sabia que minha opinião sobre você
importava tanto assim.
— Importa mais do que você imagina — rebateu.
Landon estava na sala de sua casa, despido de toda a sua arrogância, revelando fatos
importantes da sua vida e eu não sabia o que pensar sobre tudo aquilo.
— Você sabe que isso não muda nada entre nós, certo?
— Sei, mas precisava que me escutasse.
Assenti e ficamos nos encarando por alguns segundos.
— Bom, eu tenho que ir — falei e peguei minha bolsa que estava no cantinho do sofá.
— Eu a levo até a porta — ele disse e caminhamos lado a lado.
Quando toquei a maçaneta, escutei o barulho das mãos dele espalmando a madeira acima
da minha cabeça e encurralando meu corpo entre seus braços.
Eu estava de costas e podia sentir sua respiração no meu pescoço.
— Landon, pare com isso — disse baixinho.
— Eu juro que tentei te odiar, e consegui por um bom tempo, mas isso aconteceu porque
estávamos longe, só que existe algo em você, Eva, que eu não consigo encontrar em mais
ninguém.
O calor que emanava do corpo dele contra o meu junto com o cheiro do seu perfume
másculo me deixava completamente inebriada.
— Pare de falar essas coisas — ciciei, incapaz de me mover.
— Eu amo seu sorriso, seu cheiro, sua personalidade e até mesmo a forma cruel que
você tem de falar as coisas para atingir o meu ego — ele disse e aproximou a boca do meu
ouvido. — Mas o que me deixa mais enlouquecido é saber que fui seu primeiro homem, que
você pode me odiar para sempre, mas nunca vai conseguir apagar as lembranças da época mais
feliz da minha vida.
Falando isso ele me virou de frente para si, segurou meu rosto com ambas as mãos e
atacou a minha boca em um beijo firme, habilidoso e com a medida certa de agressividade para
me deixar enlouquecida.
Quando comecei a devolver o beijo com o mesmo furor, suas mãos deixaram meu rosto
e começaram a passear por meu corpo. Inquietas, elas subiam e desciam, sem saber se
acariciavam ou apertavam, proporcionando um misto de sensações.
Então ele me ergueu e prendeu minhas pernas em volta de seu quadril.
— Landon, alguém pode nos ver — falei em um fio de voz quando começou a caminhar
comigo pela casa.
Quando entramos em seu escritório, ele trancou a porta, depois depositou meu corpo no
sofá de couro que havia ali e voltou a me beijar.
Eu me arrependeria de tudo aquilo no dia seguinte, mas não conseguia parar, eu estava
completamente entregue, como aconteceu em todas as vezes que fizemos amor no passado.
Percebendo que não haveria qualquer contestação de minha parte, Landon desceu o zíper
do meu vestido e expos meu sutiã. Apenas nesse momento ele separou nossas bocas e deslizou
os lábios pelo meu maxilar e pescoço, causando arrepios em todos os cantos da minha pele.
Quando chegou ao colo, em vez de descer as alças, seus dedos puxaram o bojo do sutiã para
cima e logo senti sua língua circulando os bicos dos meus seios.
Depois de um tempo ele voltou a descer até estar de joelhos no chão.
Landon subiu o tecido do vestido e afastou a calcinha para o lado em busca do centro do
meu prazer.
Ao sentir sua língua na minha boceta, soltei um gemido alto e me contorci no sofá.
— Eu nunca esqueci seu gosto doce — disse e voltou a torturar meu clitóris, ora
segurando o feche de nervos entre os dentes, colocando pressão na medida certa, ora o
acariciava com sua língua faminta.
Ele me chupou por longos minutos, estimulando meu corpo ao máximo, até se dar por
satisfeito e voltar a beijar minha boca.
Enquanto isso, eu abria sua calça, louca para senti-lo dentro de mim.
Landon tirou pau para fora da boxer e entrou em mim com pressa, alargando meu canal e
abrindo caminho até o fundo.
Gememos juntos, tomados por aquele momento de loucura e paixão.
— Tão gostosa e apertada — disse entredentes, enquanto entrava e saía freneticamente.
Como sempre acontecia, virei uma montanha de gemidos embaixo dele, sentindo todo o
prazer que era proporcionado pelo reconhecimento do encaixe perfeito dos nossos corpos.

+++
Landon McFarland

Após saciar um pouco da minha fome, ajudei Eva a se despir, sentei-me no sofá e a
coloquei no meu colo.
Ela posicionou uma coxa de cada lado do meu quadril, encaixou meu pau na entrada da
sua boceta e o engoliu. Então começou a subir e descer, levando-o até o fundo e voltando, me
fazendo delirar de prazer.
Por minha vez, tudo o que pude fazer foi segurar sua bunda gostosa e atacar sua boca
com devassidão.
— Você me deixa louco, Eva… — falei quando ela começou a rebolar, me deixando
mais ligado a cada segundo.
Do nada, uma onda de tesão percorreu meu corpo, como se um interruptor tivesse sido
ligado.
Notei que Eva também sentiu, pois gemia e se contorcia no meu colo
enlouquecidamente, como se todo aquele atrito não fosse suficiente.
Querendo senti-la mais, mudei nossas posições e nos coloquei de lado no sofá.
Eva abriu as pernas para me receber e assim que me encaixei dentro dela, passei uma
mão por baixo do seu corpo, agarrei um de seus peitos deliciosos e usei a outra para estimular o
clitóris.
Era uma delícia sentia-la naquela posição: suas costas grudadas no meu peito, os rostos
colados e sua mão segurando a minha por cima dos seios.
— Ah, Landon… — ela gemeu quando intensifiquei o estímulo do clitóris, sem parar de
foder sua boceta.
Não demorou muito e senti seu corpo estremecendo. Eva parecia prestes a derreter em
meus braços. E quando seu canal começou a pulsar ao redor do meu pau, foi demais para mim.
Gozei junto com ela, despejando jatos intensos no seu interior.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, ainda conectados, sentindo nossas respirações
se acalmando.
— Isso foi loucura — ela disse, mas já esperava por aquela reação.
Saí de dentro dela, sentindo orgulho ao ver minha porra escorrendo de entre as suas
pernas. Eva se levantou e foi até o banheiro que havia no escritório e voltou minutos depois
usando apenas a calcinha.
Admirei seu corpo em silêncio, percebendo que ela continuava tão perfeita quanto eu
lembrava.
Entrei no banheiro para me limpar, vesti a boxer e quando retornei, ela já estava
colocando o vestido. Dava para sentir de longe que a Eva de minutos atrás não existia mais.
— Ei, venha aqui — chamei e a puxei para o meu colo. — Eva, qual o problema de duas
pessoas adultas transarem? — questionei, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
— Eu passei anos te odiando, Landon, torcendo o nariz para todas as pessoas que
falavam seu nome e, de repente, estou eu transando com você, e ainda mais sem preservativo,
como se fosse uma louca que não vê um pau há anos!
Sorri com seu desespero.
— Só aconteceu sem preservativo porque eu não tenho nenhum aqui em casa, esse lugar
foi feito para ser um refúgio, não um abatedouro. E eu só deixei acontecer porque foi com
você.
Eva suspirou e colocou a testa na minha. Senti que ela estava quase aceitando que aquilo
seria normal entre nós, que faríamos mais sexo explosivo, sem preservativo e que tudo seria
perfeito outra vez.
Cerca de dez minutos depois, os quais passei acariciando seu corpo perfeito, escutei
barulho de saltos no corredor, eu soube que a nossa noite tinha sido arruinada.
— Landon, você esqueceu do nosso jantar? — a voz de Chiara surgiu do outro lado da
porta, acompanhada de leves batidas. — Eu também trouxe os documentos da reunião de
amanhã que você deixou no escritório — completou.
Eva me encarou com um olhar furioso e saiu do meu colo.
— Ei, volte aqui, eu posso explicar.
— Burra… burra… burra… — ela disse baixinho enquanto terminava de se vestir.
— Landon, você ainda está aí? Poxa, hoje é meu aniversário, responde pelo menos se
vamos sair ou não — Chiara continuou e eu tive vontade de estrangulá-la.
— Eva, eu vou resolver isso e volto pra gente conversar — falei enquanto colocava
minha roupa.
Tinha acabado de fechar a calça e estava colocando a camisa quando Eva abriu a porta e
deu de cara com a minha secretária plantada no corredor.
Ela estava usando um sobretudo preto e segurava uma tiara com orelhas de coelho na
mão direita.
Eva olhou para o acessório, balançou a cabeça em negativa e voltou a me encarar.
— Acho que ele vai demorar um pouquinho para se recuperar, mas se você tiver
paciência, talvez ainda consiga te dar um presente de aniversário — zombou e passou por ela.
— Desculpe, Landon, eu não sabia que você estava com alguém…
— Agora não, Chiara, apenas dê o fora da minha casa, agora — falei e passei por ela.
Eva ia lá na frente, mas daquela vez conseguiu chegar à saída sem se perder.
— Espere! — pedi e a puxei pelo braço.
— Você não cansa de brincar comigo, de me humilhar? — disse com raiva.
— Eu sei que isso parece terrível, mas não tenho nada com ela, nós saímos de vez em
quando e…
— Se é assim, como ela conseguiu entrar aqui? Achei que esse fosse seu refúgio, não um
abatedouro.
— Eu sei que isso vai piorar ainda mais as coisas, mas os seguranças a deixaram entrar
porque ela é minha funcionária.
— Além de tudo você ainda fode a secretária?
— Eu não sabia que você voltaria para a minha vida, que aconteceria tudo isso entre nós.
— Não aconteceu nada, tudo que rolou hoje foi um erro que nunca mais vai se repetir.
Agora volte para a sua coelhinha, que eu vou para meu hotel.
Falando isso ela saiu batendo a porta e eu me amaldiçoei por ter prometido aquele
maldito jantar a Chiara.
Landon McFarland

— Seu pedido para participar do clube HP de Nova York foi negado — meu advogado
disse na tarde do dia seguinte.
— Quantos votos contra? — questionei enquanto analisava alguns papéis em mesa.
— Apenas um, o de Alexander Stone.
Poderia ser loucura da minha cabeça, mas achava que tinha dedo da Eva naquela
história.
— Continue tentando, uma hora eles vão aceitar — ordenei e Bowen assentiu.
Depois que ele saiu da minha sala, Beatrice entrou.
— O que houve? — perguntou.
— Como assim?
— O Doug disse que hoje você está intratável.
Suspirei e contei o que aconteceu no dia anterior.
— Eu falei que aquela sonsa ainda ia te dar problemas — vociferou quando terminei.
— Pois é, mas a culpa foi minha, tanto por ter combinado o jantar, quanto por ter dado
livre acesso a ela para me levar documentos em casa.
— E depois disso vocês não se falaram mais?
— Achei melhor esperar as coisas esfriarem, ela saiu bem nervosa lá de casa.
— Se ficou com raiva é porque ainda sente alguma coisa por você.
E eu por ela!
— Eu sei, mas ela ainda me culpa muito por tudo que aconteceu.
— E o que pensa em fazer agora? Você tem poucas semanas para reconquistar seu
grande amor e acho que o primeiro passo é demitir a coelhinha — declarou e sorrimos.
— Você tem razão, mas a demissão da Chiara não vai servir para nada, Eva deve estar
me odiando com todas as suas forças.
— Eu sei, mas as mulheres gostam de ver que o canalha que elas amam, demonstraram
boa vontade, então mande a galinha da Chiara para o olho da rua.
Beatrice tinha razão, sem contar que Eva aflorou uma coisa que andava morta dentro de
mim, ela reviveu meu desejo de lutar por alguma coisa, de conquistar algo que parecia
impossível.
— Bom, de qualquer forma, hoje já é sexta e eu tenho que ir a Houston, dia de visitar
Natalie, que Deus me ajude — comentei.
— Boa sorte, me ligue quando chegar, quem sabe você acompanhe eu e Doug ao Sun
Valley Country Bar — disse animada.
Uma das coisas que Douglas era obrigado a fazer pela minha irmã, era sair para dançar,
geralmente em um bar country ao qual ela gostava de ir. Eu tinha ido algumas vezes em
solidariedade a ele, mas naquela sexta-feira eu voltaria tarde e não poderia acompanhá-los.
— Qualquer coisa eu ligo — falei para não a decepcionar logo de cara e depois nos
despedimos.
Ao passar pela recepção, encontrei Chiara concentrada na tela de seu computador.
Deveria demiti-la ali mesmo, mas ponderei sobre os conselhos que meu advogado tinha
me dado a um tempo atrás e resolvi que iria pedir aos recursos humanos que a transferissem
para outra filial, para só depois demiti-la; não queria ser acusado de assédio sexual nem nada
do tipo, pois era exatamente o que eu achava que ela iria fazer.
— Eu não volto mais para o escritório hoje — avisei e passei por ela.
— Desculpe por ontem, senhor…
— Não se preocupe, já resolvi tudo — falei e segui até o elevador.
Chiara continuou em silêncio, pois sabia que a conversa tinha acabado.
Minutos depois, já estava no meu helicóptero, sobrevoando a refinaria e sentindo
orgulho do império que construí.
Era estranho admitir que, talvez, Eva Stone fosse a peça que faltava no quebra-cabeça da
minha vida, uma vez que sempre que eu relembrava os momentos da noite anterior, uma
eletricidade diferente percorria meu corpo, me fazendo mais vivo e pronto para lutar com quem
quer que fosse.
Principalmente contra a família dela, que certamente ficaria contra um possível
relacionamento comigo.
Deixei para pensar nesse tipo de coisa quando realmente chegássemos nessa fase, já que
no momento, ela certamente não queria nem olhar na minha cara.
Ao chegar na clínica, fui recebido pela equipe médica que cuidava da Natalie e depois
fui conversar com a única enfermeira que ela tinha um pouco de simpatia, pois lembrava a
falecida mãe dela.
— Como estão as coisas esta semana? — perguntei para a Celia.
— Tivemos que sedá-la porque ela tentou fugir duas vezes… A doença está avançando
rápido, acho que isso a deixa mais desestabilizada ainda.
Por causa da quantidade de álcool que ela ingeriu nos últimos anos, Natalie tinha
desenvolvido problemas hepáticos que foderam com seu cérebro e seu emocional, que já não
era dos melhores.
— Posso vê-la? — questionei.
Celia sempre sabia se era um bom dia para visitá-la, ou não, mas independente do que
ela me falasse naquela tarde, eu teria que entrar no quarto.
— Claro, mas já adianto que ela está furiosa com o senhor — comentou enquanto
caminhávamos pelos corredores da clínica.
— E quando ela não está? — questionei e Celia sorriu.
— Você tem visita, Natalie — a enfermeira avisou.
— Eu não quero falar com esse traidor — ela disse com raiva quando viu que era eu.
— O que foi agora, Natalie? — questionei.
— Eu sabia que era só assinar aquele maldito divórcio para você começar a correr atrás
de Eva Stone — acusou.
Fiquei surpreso com o que ela falou e curioso para descobrir como ela sabia daquelas
informações.
— Não sei do que você está falando — menti.
— Sabe sim, já sei que ela esteve naquele maldito rancho. Então era por isso que você
queria se livrar de mim? Para ficar com ela?
— Meu Deus, Natalie, nós estamos separados há meses e foi você quem pediu o
divórcio.
— Sim, para ter o direito de cuidar da minha própria vida e sair desse lugar, não
imaginei que mesmo separada de você teria que continuar aqui — esbravejou, nervosa, agitada
na cama.
— Você precisa ficar aqui para melhorar, estou fazendo isso para seu bem.
— Vá embora, eu não quero mais olhar na sua cara, vá ficar com a … — Ela parou de
falar e encarou Celia. — Merda, merda, merda, está acontecendo de novo — disse e começou a
chorar.
O médico dela havia relatado que por causa da doença Natalie estava tendo alguns
problemas de memória, o que a deixava furiosa e, consequentemente, mais irritada.
Me aproximei da cama, mas ela esticou a mão para me afastar.
— Fique longe de mim, a culpa dessa merda toda é sua — falou aos prantos.
— Senhor McFarland, acho melhor o senhor sair, suas visitas a deixam agitada — Celia
explicou e eu concordei.
Era sempre assim, ela surtava, chorava e me culpava, como se já não me culpasse o
suficiente.
Saí da clínica e pedi ao motorista que me levasse para a cobertura que eu tinha na
cidade, queria dar um tempo antes de voltar para Sun Valley.
Minutos depois, entrei na sala luxuosa e me aproximei das janelas panorâmicas. Sempre
que estava em Houston dava um jeito de passar ali, que era um de meus imóveis preferidos.
Antes de montar a refinaria em Sun Valley, toda a administração da minha holding de
empresas era feita de Houston, mas com o passar do tempo fui montando equipes com gerentes
preparados para resolver qualquer tipo de problema e finalmente consegui aproveitar um pouco
mais do meu rancho.
Ainda precisava me deslocar para fechar negócios importantes ou vistoriar novas
aquisições do grupo, mesmo assim, as coisas estavam mais tranquilas naquela fase, nem por
isso eu me sentia feliz. Esse descontentamento me incomodava.
Tinha corrido tanto atrás de poder, dinheiro e status, para chegar naquele ponto da vida
sentindo o tédio me dominar, ao menos era isso que eu sentia antes de Eva aparecer.
Minha mente estava focada nela, como se fosse um novo desafio que traria vida para
meus dias cheios de monotonia.
Segui para meu escritório, pois pretendia trabalhar um pouco antes de voltar para Sun
Valley. Talvez fosse atrás de Eva mais tarde, quem sabe ela estivesse mais calma e a gente
conseguisse conversar.

+++
Eva Stone

Por mais louca que eu estivesse para ligar para Maddy e contar tudo que tinha
acontecido na noite anterior, eu me contive e trabalhei o dia todo focada no serviço da minha
equipe.
Landon tinha desaparecido, o que deveria me deixar feliz, mas não foi o que aconteceu,
pois era a confirmação de que ele se importava com sua secretária e que certamente continuaria
com ela.
Como pude ser tão burra de cair naquela conversinha sedutora dele?, perguntei-me pela
milésima vez naquele dia.
— Até amanhã, Eva — um dos funcionários disse ao sair do laboratório.
— Até amanhã, Ernest — falei e fui desligando meu computador.
Coloquei o notebook na minha bolsa e depois fechei o escritório.
Minutos depois já estava passando pela recepção do hotel, subi para meu quarto, tomei
um banho relaxante e coloquei um vestido preto com decote quadrado. Era colado ao corpo e ia
até a altura dos joelhos. Pensei em colocar um casaco mais grosso por cima, mas o restaurante
do hotel era climatizado e como eu só iria jantar e voltar para o quarto, achei que o vestido com
um par de escarpins e um cardigan de cachemira da Chanel estava ótimo.
Desci sem pressa, respondendo mensagens do Alexander e quando cheguei ao
restaurante escolhi a mesma mesa da noite anterior. O local estava vazio para o horário e
agradeci por isso, odiava comer em lugares cheios.
Pedi uma taça de vinho ao garçom e assim que dei o primeiro gole, avistei Beatrice
vindo em minha direção.
— Podemos conversar? — questionou.
— Se for sobre seu irmão, a resposta é não — avisei.
— Eva, ele está em Houston e não sabe que eu estou aqui com você.
— Olha, Bea, eu estou me sentindo uma idiota por ter caído na conversa do Landon de
novo e realmente não quero falar sobre ele.
Ela sorriu e se sentou na cadeira minha frente.
— Eu sei que o cenário todo te dá motivos para odiá-lo, mas vocês ainda se amam e
merecem uma chance de viver esse amor — declarou.
— Às vezes só o amor não é suficiente. Eu penso que a gente sofre de algum tipo de
incompatibilidade, sei lá…
— Eva, vocês acabaram de se reencontrar e precisam entender que cada um tinha uma
vida antes disso. Já adianto que sou completamente contra o envolvimento dele com a
assistente, aliás, ex- assistente — explicou.
— Mandar a coelhinha embora, não vai amolecer meu coração — zombei e sorrimos.
— Eu sei, mas nem Natalie, ou qualquer outra mulher tem a mesma importância que
você na vida dele — declarou.
— Ele nunca me procurou, Bea, disse que sentiu vontade, mas nunca me ligou.
— Eu sei, na verdade, até um tempo atrás ele não suportava escutar seu nome.
— Viu só — rebati.
— No entanto, ele comprou todos os lugares onde esteve com você no passado — ela
confidenciou.
— Que?
— Sim, Eva, ele comprou o pub que vocês se beijaram a primeira vez, a cafeteria
charmosa do primeiro café, o prédio onde ficava o nosso apartamento, o hotel de Aspen e por aí
vai.
— Você está brincando, ele não faria isso.
— Fez sim e todos os anos, no seu aniversário ele viaja para Aspen e fica na mesma suíte
que vocês ficaram hospedados no passado.
Bebi um gole de vinho sem acreditar que aquilo fosse possível.
— Por fora, ele se tornou um homem implacável nos negócios, autoritário com os
funcionários, o famoso Rei do Petróleo, mas por dentro é somente um homem com o coração
atormentado, esperando para ganhar o perdão da mulher que ama.
— Isso não faz o menor sentido — falei baixinho, ainda impactada com todas aquelas
revelações.
— Ele vai me matar se souber que eu falei tudo isso, mas inconscientemente ele
construiu seu império com a esperança de que um dia vocês ficassem juntos novamente.
— E como você pode ter tanta certeza disso?
Beatrice sorriu e tocou minha mão por cima da mesa.
— Porque Landon me conta tudo e eu sei que dessa vez ele não vai desistir, então se
prepare para lutar — ela brincou e eu suspirei.
— Quer jantar comigo? — questionei de repente.
Toda aquela conversa sincera me lembrou de como eu gostava de conversar com
Beatrice.
— Meu marido está preso em uma reunião aqui perto, depois a gente vai sair para
dançar, mas eu topo jantar com você — disse animada e fizemos nossos pedidos.
Durante o nosso jantar ela falou em como eles se conheceram, da paixão louca que foi e
em como Landon ficou receoso de aceitar aquele relacionamento, pois achava Beatrice louca
demais para seu advogado certinho e mesmo assim as coisas deram certo.
Ela também revelou sobre o desfecho do julgamento dos caras que quase abusaram dela
na universidade. Por causa da influência dos pais, foram julgados inocentes, mas Landon não
sossegou. Ele passou anos investigando a vida deles, até que, por fim, descobriu que eles não
tinham parado de batizar bebidas para abusar de mulheres e foi ajudando uma das vítimas que
ele conseguiu colocá-los na cadeia. Achei incrível e senti orgulho dele por ter conseguido
honrar a irmã e tantas outras mulheres.
Ela também relembrou do nosso tempo em Oxford e me senti no dever de falar sobre
minhas decisões daquela época.
— Desculpe ter me afastado bruscamente, mas tive medo de que meu pai fizesse alguma
coisa contra vocês, então em troca da paz eu prometi que ficaria longe de você e de Landon.
— Eu sabia que isso iria acontecer e entendi sua decisão, a única coisa que me magoou
profundamente foi quando você ou sua mãe cancelaram a audição com o balé de Nova York.
Pisquei algumas vezes ao saber daquela informação.
— Nós nunca fizemos isso, Bea, a informação que sua escola nos passou era de que você
tinha desistido de fazer a audição. Deve ter acontecido algum engano.
Ficamos nos encarando em silêncio, tentando achar uma explicação para aquele mal-
entendido.
— De qualquer forma, eu consegui fazer a audição um tempo depois e realizei o sonho
de dançar no balé de Nova York — ela disse com os olhos brilhando.
— Que bom, Bea, fico feliz que tenha conseguido realizar seus sonhos — disse sincera e
brindamos.
— Agora só falta você realizar meu — falou com um sorrisinho no canto dos lábios.
— E qual é?
— Se casar com meu irmão e ser minha cunhada — declarou e bebeu o resto de vinho da
taça.
Sorri e balancei a cabeça, mas no fundo fiquei pensando em como seria se o sonho dela
se realizasse.
Eva Stone

A maluca da Beatrice conseguiu me arrastar para um bar Country junto com o marido
dela. O local ficava na entrada da cidade e tinha um ambiente temático. As pessoas usavam
bota, fivela, chapéu e adereços do mundo country.
— Uau, que animado isso aqui — falei quando nos sentamos no bar.
— A música é ótima e eles têm os melhores drinks — Douglas comentou e Beatrice
revirou os olhos.
— Ele e Landon não gostam muito disso aqui, mas vêm por minha causa — explicou e
depois pediu três tequilas ao garçom.
— Eu não bebo tequila — falei quando a bebida chegou.
— Hoje você vai beber — Bea incentivou e me entregou o copinho.
Respirei fundo e assenti.
Viramos a bebida ao mesmo tempo e logo senti minha garganta queimando.
— Nossa, isso foi horrível — comentei e eles sorriram.
— Ela me obriga a beber isso toda semana — Douglas brincou.
— Você foi avisado antes de se casar comigo, agora aguenta — Beatrice provocou.
Pelo pouco que conhecia deles como casal, era possível ver o quanto eram diferentes e
mesmo assim se completavam porque um cedia ao que era importante para o outro.
Continuei no bar bebendo enquanto eles foram para a pista dançar.
— Você deve ser nova na cidade, nunca te vi por aqui — uma voz masculina disse atrás
de mim.
Virei-me para ver quem era e dei de cara com um homem alto, cabelos castanhos, de
olhos claros. Ele usava camisa escura, jeans e chapéu preto. Era exótico, mas bonito.
— Sou de Nova York, estou aqui a trabalho — respondi e bebi um gole de água.
— Julian Dunker — disse e estendeu a mão.
— Eva Stone — apresentei-me e aceitei seu cumprimento.
— Prazer, Eva.
Estava prestes a falar que também tinha sido um prazer, quando o perfume de Landon
anunciou sua chegada.
— Como vai, McFarland? — Julian disse.
Ao me virar, vi Landon sentado ao meu lado.
Ele estava de jeans e camiseta branca e quase não o reconheci.
— Bem e você, Dunker? — respondeu e então me encarou. — Como vai, Eva? —
completou e eu fechei a cara.
— Ótima — respondi e bebi mais um gole de água.
— Eva, vamos comigo ao banheiro — Beatrice disse, assenti e ela saiu me arrastando
pelo salão.
— Ei, sua maluca, o que houve?
— Julian é um dos maiores desafetos de Landon aqui em Sun Valley, então fique longe
dele ou vamos ter confusão — ela disse apressada e eu ri.
— Como assim, me explica isso?
— Julian é filho de um Senador e provavelmente seguirá os passos do pai e será
candidato daqui uns anos, mas enquanto isso não acontece, ele usa a influência da família para
tentar melar os projetos de Landon.
— Tem certeza de que é só isso? — questionei, curiosa.
Ela fechou os olhos e depois me encarou.
— Julian tinha uma noiva que era louca pelo Landon e assim que ela soube que ele
estava divorciado da Natalie, a vaca rompeu o noivado e foi atrás do meu irmão.
— E ele ficou com ela?
— Sim, por uma noite e nada mais. Só que Julian ficou com o orgulho ferido e não quis
mais saber dela. Desde então eles vivem se engalfinhando pela cidade, não fosse os seguranças
das duas partes, já teria dado briga faz tempo — explicou.
— Nossa, que história — comentei enquanto lavava as mãos.
— Pois é, tomara que ele já tenha ido embora, não quero que eles estraguem a nossa
noite — ela disse e me abraçou.
Correspondi ao seu abraço e depois voltamos para o bar.
Landon estava conversando com Douglas e Julian não estava mais com eles.
Troquei olhares com Sanders, que parecia não acreditar que eu estava em um bar
Country no meio do Texas, junto com Landon, Beatrice e o marido. Sorte minha é que ele não
reportava mais nada aos meus pais.
Mesmo sentada no balcão, eu não olhei mais para o lado de Landon, contudo, tive a
sensação de estar sendo observada e quando olhei para o fundo do bar, avistei um cara vestido a
caráter do ambiente, com jeans, botas e chapéu. Ele deveria ter uns cinquenta anos e seus olhos
estavam fixos em mim. Senti uma coisa ruim ao encarar aquele estranho e me virei para o outro
lado.
— Usar seu irmão para melar a minha entrada no clube de Nova York foi jogo baixo —
Landon disse quando Beatrice e Douglas se afastaram.
— Acho que estou ganhando esse jogo.
— Talvez eu não esteja me esforçando o suficiente — devolveu e me encarou
intensamente.
— Acho que não temos muito o que falar depois do que aconteceu ontem e de eu ter
conhecido sua coelhinha — zombei.
— Eu sei que errei no passado e…
— Continua errando agora — completei.
— Eu mereci escutar isso — admitiu.
Voltei a encará-lo e queria entender por que eu sentia tanto ódio e amor, uma coisa
misturada que parecia um veneno dentro de mim.
— Landon, a gente mal voltou a se encontrar e já estou exausta — declarei.
— Eu sei, mas decidi que quero ficar com você, quero tentar — disse em enfático.
— E se eu não quiser?
— Eu faço você querer — rebateu
Sorri e o encarei.
— Não é assim que as coisas funcionam — alertei.
— Por que diz isso?
— Porque além de guardar todas as nossas mágoas do passado em uma caixa bem
conservada, eu ainda vivo em Nova York e você aqui no Texas. Se Natalie morava com você e
vivia enfeitada de galhos, imagina um relacionamento a distância.
— Vamos por partes — ele disse e se aproximou ainda mais, ficando a centímetros do
meu rosto.
— As mágoas a gente resolve na terapia, a distância não será um problema, eu tenho um
avião e por último, se eu estiver com você, não preciso de mais ninguém, ou seja, basta você
dizer sim.
Repassei tudo que aconteceu desde o dia em que o encontrei naquele maldito evento e
decidi que era hora de dar um basta naquilo tudo.
— A resposta é não para todos seus argumentos, não vamos ser um casal, então não
vamos precisar de terapia, nem do seu avião, então pode voltar para sua secretária ou sei lá com
quem você está transando agora e me deixe em paz — falei e saí pisando duro.
Já estava do lado de fora, esperando Sanders pegar o carro quando eu vi Landon se
aproximando.
— Você não era tão difícil de lidar antigamente — declarou ao parar do meu lado.
— Naquela época eu acreditava em conto de fadas, em um homem que me chamava de
princesa, mas que pelas costas planejava minha humilhação pública.
— Pelo amor de Deus, Eva, esqueça essa história, eu jamais faria isso com você, nem
naquela época, muito menos agora.
— Vou repetir pela milésima vez que isso não tem mais importância. Eu não quero mais
ficar com você — disse irritada.
— Você quer sim, só não quer admitir. Sorte sua que tenho todo o tempo do mundo para
esperar — provocou.
— Pois espero que seu trono seja bem confortável, majestade, pois vai se cansar — falei
rispidamente e entrei no carro que tinha acabado de parar ao meu lado.
Landon ficou na calçada com o esboço de um sorriso no canto dos lábios, rindo da
minha provocação enquanto o carro se afastava.
Suspirei exausta e me parabenizei por não ter caído na conversa dele. Eu só precisava
terminar aquele trabalho, voltar para Nova York e esquecer que ele existia na minha vida.
Eva Stone

Cheguei na minha suíte quando já se passava da meia-noite, fui direto para o banho,
enquanto sentia os efeitos da tequila por todo meu corpo. Eu não era acostumada a beber coisas
tão fortes, então as duas doses que eu tinha consumido, estavam fazendo uma tontura gostosa
tomar conta do meu corpo.
Ao sair do boxe, sequei o corpo com calma, passei uma camada de hidratante na pele e
vesti um robe de seda. Depois prendi os cabelos em um coque e comecei a passar alguns
produtos no rosto, quando a música Take My Breath Away soou pelo sistema de som do quarto
e levei o maior susto.
Deixei os potes de creme na bancada, entrei no quarto e dei de cara com Landon,
confortavelmente esticado em minha cama, segurando o controle da televisão.
— Como entrou aqui? — perguntei, irritada.
— Eu sou dono desse hotel e de vários estabelecimentos na cidade — explicou.
— Isso não te dá o direito de invadir meu quarto sem minha autorização — esbravejei.
Ele se levantou calmamente, ainda estava usando o jeans e a camiseta branca que eu
tanto amei e caminhou pelo quarto.
— Fique longe de mim, ou eu vou gritar — falei e caminhei para longe dele
— Sanders está dormindo e o segurança do corredor eu dou conta sozinho — brincou e
parou bem na minha frente.
Suspirei frustrada e cansada, não lembrava que ele era tão insistente.
— O que você quer para me deixar em paz? Mais uma noite comigo? Vamos resolver
isso então — eu disse com raiva, desfiz o laço do meu robe e o joguei longe.
Landon passou os olhos pelo meu corpo em silêncio.
— Se é isso que você quer, vamos resolver agora, mas depois dessa noite eu quero a
promessa de que vai me esquecer — continuei.
— Ah, Eva — disse em um tom que arrepiou todos os pelos do meu corpo —, não existe
qualquer chance de fechar esse acordo, eu não quero você por uma noite — disse e deslizou os
dedos pelo meu queixo —, quero para a vida toda.
Meu coração acelerou diante da declaração e quando dei por mim, minha boca estava
sendo tomada violentamente.
Landon me beijou por longos segundos, do seu jeito peculiar. Muitas vezes, no passado,
eu senti que poderia gozar apenas com seus beijos.
Talvez o fato de ele ter sido meu primeiro homem fosse algo que ainda mexesse com
minha cabeça, pois eu nunca tinha sentido nada tão grandioso por alguém, era como se meu
corpo o reconhecesse de outras vidas e se conectasse com ele de uma forma inigualável.
Infiltrei as mãos em seus cabelos, sentindo a maciez ao meu toque, enquanto ele me
ergueu pela cintura e me levou para cama e me deitou nela. Sabia o que ele iria fazer, mas me
contorci e gemi baixo quando senti seus dedos abrindo minha boceta enquanto sua língua
deslizava entre o feche de nervos.
Remexi os quadris desesperada por mais contato com sua língua, que sabia exatamente
em que pontos tocar para me deixar sem fôlego.
Landon alternou as lambidas, com chupadas vigorosas levando meu corpo ao limite.
— Eu quero gozar com você dentro de mim — falei enlouquecida.
Landon atendeu ao meu pedido, se afastou apenas para pegar um preservativo na carteira
e depois voltou.
Observei atentamente quando ele tirou suas roupas e admirei as formas equilibradas do
seu corpo, ele estava mais forte, com músculos na medida certa para deixá-lo mais incrível do
que eu lembrava.
Senti o colchão afundando levemente e logo ele estava se aninhando entre as minhas
pernas, prendendo meu corpo entre seus braços, procurando minha boca, enquanto seu pau
brincava com a entrada da minha boceta.
— Você não tem ideia do quanto sonhei em ter você assim de novo — disse contra
minha boca — engoli em seco e continuei em silêncio.
Eu tinha medo de fazer declarações e me arrepender depois, então deixei que ele falasse.
Eu só queria sentir e guardar para mim, ao menos naquele momento.
Landon deslizou o pau para dentro, chegando tão fundo que senti suas bolas batendo em
mim. Era difícil até respirar, eu estava toda preenchida por ele. Que delícia de homem.
Nos beijamos esfomeados, com o corpo conectado. Ele entrando, saindo, gemidos
escapando das nossas bocas, confirmando que nossa ligação emocional nunca tinha deixado de
existir, estava apenas adormecida.
Seus quadris continuaram investindo, cada vez mais forte e rápido. Landon tirava quase
tudo e voltava com força, me castigando, fazendo meu canal acomodá-lo inteiro, de novo e de
novo, até que uma coisa poderosa foi se formando no meu ventre.
Me apertei a ele quando senti que suas investidas ficaram mais fortes, meus seios
balançando conforme era punida por suas estocadas violentas.
Há vinte minutos eu odiava aquele homem e naquele momento me sentia desesperada
por ele, louca para me fundir ao seu corpo e viver para sempre aquelas sensações que só ele me
fazia sentir. Cheguei ao orgasmo sentindo uma onda de prazer me varrendo inteira, enquanto eu
afundava no colchão e era fodida por ele.
Landon me segurava pela cintura e mandava ver, entrando cada vez mais fundo,
intensificando ainda mais meu orgasmo. Segundos depois seu corpo todo tensionou e ele gozou
jogando a cabeça para trás, enquanto trincava os dentes.
Nossos corpos estavam suados, grudados, respirações descompassadas, mas só
conseguia ver o brilho no olhar dele.
— Eu quero você, Eva, pare de brigar, de fugir, de lutar — disse e tirou os fios de cabelo
que estavam grudados no meu rosto.
— Não vou sobreviver a uma segunda decepção, Landon.
— Eu sei que você tem todos os motivos para desconfiar de mim, mas não quero chegar
ao final da vida com a sensação de que não tentei fazer tudo ao meu alcance para ficar com a
mulher que eu amo. Então só depende de você se vamos contar nossa história para os nossos
netos ou não.
— Agora pegou pesado — declarei.
— Com você eu tenho que usar todas as armas e argumentos — rebateu.
— De verdade, eu preciso pensar, falar um sim para você vai envolver muita coisa,
principalmente minha família.
— Se você me quiser mesmo, não estou nem aí para o que eles acham de mim — disse e
deu um beijo na minha testa.
— Calminha aí, primeiro vamos resolver as coisas entre nós, para depois pensar no resto.
— Isso é um sim? — questionou com uma sobrancelha arqueada.
— Isso quer dizer que vou pensar — falei e empurrei seu peito, mas ele não saiu do
lugar.
— Já é alguma coisa — ele falou e finalmente me deixou sair.
Fomos para o banho e foi delicioso sentir suas mãos passando sabonete líquido pelo meu
corpo, me lavando e deixando beijos na minha pele. Acabamos transando novamente, com ele
me segurando contra a parede de mármore e me fodendo enlouquecidamente por longos
minutos, enquanto eu me perguntava como ele tinha se recuperado tão rápido.
Minutos depois, deslizei nua para debaixo das cobertas, ainda sentindo meu corpo
relaxado devido a todo aquele sexo.
Landon se juntou a mim e eu me aninhei em seu peito.
— Poderia ser sempre assim — falei baixinho.
— Só depende de você, princesa — ele disse e senti aquele velho frio na barriga.
— Você me deu bons motivos para pensar, mas agora eu quero dormir — falei antes de
bocejar e fechei os olhos.
Adormeci em poucos segundos, sentindo seus dedos fazendo carinho nas minhas costas.
Eu certamente acordaria arrependida no dia seguinte, mas já estava acostumada com
isso.
Eva Stone

— Então vocês estão namorando? — Maddy disse ao telefone.


Eu já estava no trabalho e resolvi abrir o jogo com ela.
— Não, eu disse que iria pensar em tudo, mas estou balançada — admiti.
— Bom, eu fui contra você ficar com ele naquela época, mas depois do fracasso de todos
seus relacionamentos, talvez você possa tentar, vai que dessa será diferente — ela incentivou.
— Bom, eu vou ficar algumas semanas aqui no Texas ainda, terei tempo para pensar em
tudo — comentei.
Maddy me deu mais alguns conselhos e depois desligamos.
A manhã passou voando e ainda recebi a visita do doutor Perkins, que queria ver como
estava o andamento da restauração das peças, conversamos brevemente e ele revelou que eles
tinham encontrado mais coisas, mas que tiveram que parar as escavações, pois o terreno tinha
chegado na divisa com uma reserva e pela lei eles não poderiam mais explorar.
Era uma pena que isso tivesse acontecido, mas eu entendi os motivos e também achei
melhor respeitar.
No fim do dia, quando saí do laboratório encontrei Landon do lado de fora de uma SUV
preta.
— Meus planos são banho e cama para hoje — falei ao me aproximar.
— Pode tomar banho na minha casa e dormir na minha cama — rebateu.
— Landon, eu…
— Hoje de manhã você prometeu que iria tentar.
Fiquei na ponta dos pés e aproximei a boca de seu ouvido.
— Você estava com sua boca no meio das minhas pernas, não dava para pensar direito
— sussurrei e meus olhos capturaram um par de olhos em nossa direção.
Do outro lado da rua havia um homem vestido de roupa escura, jaqueta e chapéu. Forcei
um pouco a memória e me lembrei que era o mesmo homem que peguei me observando no bar
ao qual Beatrice me levou no dia anterior.
— Quem é aquele cara? — perguntei ao me afastar e Landon se virou para olhar.
— Um dos funcionários do pai de Julian, ele cuida da fazenda da família Dunker, que
fica aqui perto.
— Hum — respondi.
— Por que a pergunta?
— Curiosidade — falei simplesmente.
— Hum. E então, janta comigo no rancho?
— Só se você cozinhar — rebati.
— Estou enferrujado, mas por você eu arrisco alguma coisa — respondeu e abriu a porta
do carro para mim.
Enviei mensagem para Sanders avisando que iria dormir na casa de Landon e que não
seria necessária sua escolta naquela noite, mas que se precisasse, ligaria para ele ir me buscar.
— E seu motorista? — questionei.
— Junto com meus outros seguranças nos carros que estão vindo atrás.
— Entendi.
— Já sei o que está pensando, Eva — falou com o olhar fixo na direção —, que no
passado eu julgava seu estilo de vida e agora vivo igualzinho — completou.
— Não julguei, mas é assim que as coisas funcionam quando se chega em um certo
patamar de dinheiro e influência, acho totalmente compreensível — admiti.
Ele assentiu e depois encostei a cabeça em seu ombro, enquanto observava o fim de
tarde bonito com o céu todo pintado em tons de alaranjado.
Pensei em toda a correria de Nova York, o caos, as buzinas, eventos semanais da alta
sociedade, minhas amigas, nossos encontros e tudo parecia sem tanta relevância, simplesmente
porque eu estava com ele.
Como era possível que um homem que ficou anos congelado dentro do meu coração
pudesse me fazer sentir viva daquele jeito?
Passamos pelos portões do rancho e entramos de mãos dadas na casa dele.
Connor, que estava na sala com a babá, não demonstrou nenhum entusiasmo ao ver o pai
e aquilo me deixou pensativa.
Landon caminhou até ele, o pegou no colo e lhe deu um beijo carinhoso. Assim que
colocou o menino no chão, ele correu para o colo da babá e os dois foram para o quarto.
Eu não queria tocar naquele assunto, mas tive a impressão de que a criança era mais
apegada a funcionária do que ao próprio pai, algo completamente compreensível, já que ela
passava o dia todo com ele.
— A Natalie morou aqui com vocês? — questionei do nada.
— Não, ela odeia esse rancho, só esteve aqui uma vez. Você se importa de não tocarmos
no nome dela, não quero estragar uma noite que tem tudo para ser maravilhosa.
— Tudo bem. Posso saber o que vai ter para o jantar? — inquiri.
Ele pegou a minha mão e fomos até sua cozinha, que era espetacular e espaçosa, com
armários rústicos e eletrodomésticos de última geração.
— Pensei em fazer aquela receita da minha avó que comemos na primeira vez que
cozinhei para você — ele sugeriu enquanto abria um vinho que deveria custar uns trinta mil
dólares a garrafa.
Ele me entregou uma taça e levantou um brinde.
— Ao nosso reencontro — disse e encostou a taça na minha.
Sorvi um gole da bebida e o encarei com semblante sério.
— Gostou? — ele perguntou enquanto me encarava.
— Preferia o vinho que a gente bebia no seu apartamento — zombei.
— Sua pequena provocadora — disse, me puxando pela cintura e me beijou.
— Landon, você sabe que tudo que eu falei naquela época foi da boca para fora, eu não
achava aquelas coisas de você, só queria te ferir — admiti.
— Eu sei. A única coisa que demorei para superar foi o fato de a universidade inteira ter
ficado sabendo do passado do meu pai. Ele não era a melhor pessoa do mundo e foi difícil
aguentar os olhares julgadores. Do dia para noite eu deixei de ser um dos caras mais populares,
para ser simplesmente o filho de um bêbado endividado que saía com prostitutas.
— Eu sei que você nunca vai acreditar em mim, mas fora aquela alfinetada durante a
nossa discussão, eu nunca falei nada sobre o seu pai para ninguém, mesmo assim queria te
pedir desculpas, sei que aquilo foi o suficiente para as pessoas pesquisarem a respeito.
— Eu aceito e quero colocar uma pedra sobre isso tudo. Não vivemos mais em Oxford,
todos os alunos daquela época seguiram suas vidas e nem devem se lembrar que nós existimos.
Landon tinha razão, eu não tocaria mais no assunto, nem para dizer que desconfiava de
que aquilo tivesse sido coisa de Natalie.
— Estou faminta — falei para mudar de assunto.
Landon tirou o blazer, dobrou as mangas da camisa branca e começou a abrir as portas
dos armários para pegar os utensílios que iria usar.
Ele tinha toda a aparência de um magnata, combinada com habilidades de um chef de
cozinha.
Fiquei acomodada no balcão, bebendo meu vinho, enquanto ele contava como foram as
fases de construção do rancho.
Escutei atentamente suas histórias, matando a curiosidade de saber como tinha sido sua
vida longe de mim.
Jantamos no balcão da cozinha mesmo e me deliciei com os sabores daquele prato que
só ele sabia fazer, já tinha pedido releituras em outros restaurantes, mas o sabor era diferente.
Depois de comer fomos para a sala, ele pegou mais uma garrafa de vinho e ficamos escutando
músicas antigas e namorando no sofá. Parecia um sonho.
De repente, começou a tocar um country meloso do George Strait. Landon deixou nossas
taças em cima da mesa de centro e me estendeu a mão.
— Eu não sei dançar isso — brinquei, sentindo-me leve por causa do vinho e da
presença dele.
— Não é bem uma dança, só quero sentir seu corpo junto ao meu.
Sorri e entrelacei os braços em seu pescoço.
Ficamos nos beijando por longos segundos, enquanto nossos corpos balançavam
delicadamente de um lado para o outro, seguindo o ritmo da música.
Ah, se minha mãe sonhasse que eu estava em uma fazenda, nos confins do Texas,
dançando country romântico com o homem que eu mais amei e odiei na vida.
Quando a coisa começou a esquentar, Landon me pegou no colo e começou a caminhar
comigo pela casa.
— Para onde estamos indo?
— Para o nosso quarto — ele disse e logo depois me colocou em pé e empurrou uma
porta.
O quarto, na verdade, era uma suíte enorme, que seguia o mesmo estilo de decoração do
resto da casa, mas o que me chamou a atenção foi um quadro que ele tinha em cima da lareira.
Era uma pintura abstrata em tons terrosos, mas logo reconheci que a arte tinha sido feita partir
de uma foto que tiramos em um parque em Oxford, no dia do piquenique.
— Somos nós? — questionei para me certificar.
— Sim — respondeu e me abraçou por trás.
— E desde quando esse quadro está aí? — continuei, curiosa.
— Já tem alguns anos, desde que eu construí o rancho — declarou.
— Achei que você não suportasse ouvir meu nome, senhor McFarland — provoquei e
me virei para beijá-lo.
— É verdade e, mesmo assim, fazia coisas que qualquer psiquiatra consideraria loucura,
mas para mim faziam todo o sentido.
— Tipo? — questionei.
— Eu não queria você de volta a minha vida, nem sequer escutar seu nome, mas todas as
lembranças que tive com você eram preciosas e queria mantê-las vivas dentro de mim, já que
foi a única época em que me senti verdadeiramente feliz.
Então foi por isso que ele comprou todos aqueles lugares. As revelações de Beatrice
começavam a fazer sentido.
— Uau, agora estou curiosa para saber por que ganhar tantos bilhões não foram motivo
de felicidade — brinquei e mordi seu lábio inferior.
— Cheguei a um patamar onde nada mais era novidade, tudo o que eu queria estava ao
alcance dos meus dedos, foi nesse ponto da vida que eu percebi que não interessava a
quantidade de dinheiro que eu tivesse, você nunca ficaria comigo, então comecei a comprar
todos os lugares em que estivemos juntos. Se eu não poderia ter você, queria ao menos
eternizar as lembranças.
— Beatrice me falou sobre esse surto de amor — revelei e sorrimos
— Ela está virando uma língua de trapo igual o marido — sorri e nos beijamos.
— Eu não sei o que pensar de tudo isso, ninguém nunca fez nada parecido por mim.
— Porque ninguém nunca te amou como eu, a ponto de me conformar apenas com as
lembranças.
Meu coração estava profundamente tocado por todas as coisas que Landon falava. A
cada encontro ele parecia mais disposto a me mostrar o quanto sofreu longe de mim, o que
acalentava um pouco da raiva que eu sentia.
Sabia que tinha que trabalhar toda aquela mágoa dentro do meu coração, mas se as
coisas continuassem daquele jeito, eu estava mais que disposta a tentar.
Landon McFarland

Quando acordei no dia seguinte, Eva não estava mais na cama e aquilo não foi uma
surpresa total. Por mais que eu soubesse que ela ainda era apaixonada por mim, havia muita
mágoa entre nós, principalmente da parte dela, então eu teria que ter paciência.
Tomei um banho rápido, troquei de roupa e saí pela casa mexendo no celular, em busca
de alguma ligação ou mensagem dela.
Estaquei quando cheguei na sala e vi Eva sentada no tapete, usando uma das minhas
camisas e brincando de carrinho com Connor.
Maria os observava a distância e a cena me emocionou, pois achei que ela fosse demorar
para aceitá-lo, pelo fato de ser meu filho com Natalie, no entanto, a forma carinhosa com que
ela olhava para ele me deixou com o peito explodindo de amor.
— Olha, esse aqui é muito mais rápido, fica com ele — ela disse e lhe entregou um
carrinho de corda, daqueles que dava impulso e o brinquedo andava sozinho.
Connor não respondeu, mas pegou o carrinho e deixou o dele de lado.
— Posso pegar o seu? — ela perguntou e ele continuou em silêncio.
Depois de alguns segundos, ele apenas pegou o carrinho e o entregou a ela.
Aquela interação me deixou curioso. Eu sabia que ele entendia as coisas, mas não dava
confiança para ninguém, a não ser para sua babá e, às vezes, para Beatrice. Ver que ele tinha
gostado de Eva me deixou extasiado.
Aproximei-me deles e me sentei no tapete.
— Posso brincar com vocês? — perguntei para ver o que ele faria.
Calmamente, Connor pegou um carrinho que estava ao seu lado e o entregou a mim.
Troquei olhares com Eva e permanecemos com ele por quase uma hora. Aquele breve
período fez eu me dar conta de que nunca tinha interagido daquela forma com meu filho por
tanto tempo.
Eu sempre lhe dava um beijo antes de sair para a empresa ou depois que chegava, nos
finais de semana nós ficávamos juntos, mas ele sempre parecia tão desconectado que a
sensação era de que não fazia diferença se eu estava em casa ou não.
— Agora a tia Eva tem que ir para o trabalho — ela disse e foi se levantando.
Connor ficou olhando para ela por um bom tempo, depois pegou seus carrinhos e foi
para onde a Maria estava.
— Obrigado por isso — falei quando a babá o levou de volta para o quarto.
— Não precisa agradecer por brincar com ele, eu adoro crianças — ela disse e
caminhamos até a mesa do café da manhã, que já estava posta.
— Não falo só de brincar e sim de aceitá-lo, achei que teria problemas com isso —
admiti.
Ela despejou café em sua xícara e me encarou.
— Landon, eu jamais desprezaria seu filho por causa da Natalie, ele não tem culpa do
nosso passado, muito menos das nossas escolhas.
— Mesmo assim, isso foi importante para mim e me fez admirá-la ainda mais — concluí
e trocamos um sorriso.
— Bom, agora eu tenho mesmo que ir, ainda preciso passar no hotel para trocar de roupa
e isso vai me atrasar um pouquinho.
— Esqueci de falar ontem, mas providenciei algumas coisas para você usar quando
estiver aqui, afinal, pretendo te raptar pela cidade de vez em quando — brinquei.
— Você comprou exatamente o quê? Peguei essa camisa aqui no seu closet, mas não me
lembro de ter visto nada feminino.
Levantei-me da mesa e estendi a mão para ela.
— Venha, vou te mostrar.
Saí de mãos dadas com ela pela casa, ansioso para mostrar tudo que eu tinha mandado
comprar, esperando que ela gostasse.

+++
Eva Stone

Entramos novamente na suíte de Landon e seguimos até seu closet. Lá, ele deu alguns
passos à frente, apertou um botão e uma porta se abriu dando acesso a um outro cômodo.
Fiquei arrepiada ao ver outro closet do mesmo tamanho que o dele, com cabides e
prateleiras cheias de roupas, casacos, sapatos e todo o tipo de coisas que deixariam qualquer
mulher doida.
— Uau, acho que nem meu closet tem peças tão exclusivas — falei, passando a mão
pelos tecidos.
Eu sempre gostei de um estilo mais clássico e ele tinha respeitado isso.
— Eu nem sei o que falar, a não ser que você é maluco — comentei, aproximando-me e
entrelaçando os dedos atrás de seu pescoço.
— Para você, só o melhor — ele disse e me beijou.
Quando as coisas começaram a esquentar, eu me afastei.
— Adoraria ficar com você aqui pelo resto do dia, mas preciso trabalhar e já estou
atrasada — avisei e fui para o banho.
— Posso passar para te pegar mais tarde? — ele disse ainda abraçado em mim.
— Você sabe que isso é só um teste, né? — brinquei.
Eu ainda não sabia como seriam as coisas, ou a reação da minha família, mas estava
amando viver naquela bolha com ele.
— Um teste?
— Sim, se você falhar, me irritar, ou se surgirem mais coelhinhas, as coisas ficarão feias
para o seu lado — ameacei.
Landon gargalhou e me puxou para mais perto.
— Antes de você chegar eu estava solteiro, mas agora que tenho você, não preciso de
mais ninguém — admitiu.
— Ótimo, adoro exclusividade — falei em tom de alerta.
— Então somos dois — declarou e voltamos para o quarto.
Fui para o banho e tive que me trancar no closet para fugir dele, pois se dependesse
daquele homem passaríamos o resto do dia na cama.
Passei pelas fileiras de cabides, ainda impactada com a quantidade de roupas que ele
tinha comprado.
Peguei uma lingerie, coloquei um vestido branco, e escolhi um blazer de tweed como
segunda peça e scarpins pretos. Também fiz uma maquiagem leve e borrifei o perfume estava
lá.
Ele realmente tinha pensado em tudo, aquele closet era o sonho de qualquer mulher.
Voltei para o quarto e o encontrei terminando de colocar um blazer preto.
— No sábado a Bea quer fazer um almoço para nós dois no rancho dela, posso confirmar
nossa presença? — ele perguntou, cauteloso.
Ainda era cedo para aparecer em qualquer evento de maior visibilidade com ele, mas um
almoço na casa da Beatrice parecia uma boa forma de sentir como seria nossa interação
familiar.
— Pode confirmar.
Ele sorriu e me deu um beijo.
Saímos do seu rancho de mãos dadas e fomos juntos para o trabalho.
O motorista de Landon me deixou no laboratório e depois ele seguiu para a refinaria.
Antes de entrar no prédio, eu parei na cafeteria que tinha ao lado e comprei um café para
viagem. Quando saí do estabelecimento levei o maior susto ao dar de cara com o vaqueiro que
trabalhava para a família Dunker.
Um pouco trêmula, desviei dele e segui para a entrada do edifício comercial onde
estávamos instalados. Após passar pelas catracas, eu olhei para trás e o vi me observando como
da outra vez e isso me deixou com medo.
Mais tarde pediria a Sanders que o investigasse, pois não sentia uma coisa boa quando
olhava para ele.
Eva Stone

— Filha, quando você volta para Nova York? — mamãe perguntou ao telefone.
Estava na cama de Landon, deitada no peito dele, enquanto falava com ela no telefone.
— Não sei, mamãe, tem muito trabalho por aqui — expliquei.
Eu não estava mentindo, exatamente, havia trabalho, mas eu queria mesmo era prolongar
aqueles dias felizes pelo máximo de tempo que pudesse. Tinha a sensação de que quando
voltasse para Nova York as coisas seriam diferentes.
— Eu imagino, mas tem outra coisa que queria falar com você — declarou.
— Pode falar, estou ouvindo.
— Andei investigando e soube que aquele seu ex-namorado, que se tornou magnata do
petróleo, é muito conhecido no Texas, na região em que você está — comentou e eu levantei a
cabeça para olhar Landon, que estava com uma expressão divertida no rosto.
— Eu sei, já me encontrei com ele — declarei.
— Ah, minha nossa e como foi?
— Um show de horrores, acusações infundadas de ambos os lados, mas acho que ainda
gosto dele — admiti e vi que ele arqueou uma sobrancelha em questionamento.
— Eu temia que isso fosse acontecer caso vocês se encontrassem algum dia. Mas ele é
casado, filha.
— Na verdade, está divorciado, mas não sei se as coisas dariam certo depois de tanto
tempo — comentei para ver o que ela falava.
Se eu queria mesmo levar aquilo adiante, precisava introduzir o assunto de algum jeito e
falar uma meia verdade foi a melhor forma que eu encontrei.
Mamãe precisava saber que havia me encontrado com ele, pois não tinha como aparecer
com ele publicamente sem ao menos deixá-la a par de tudo isso. Papai e Alexander
entenderiam, mas ela não.
Mamãe e Maddy foram os pilares que me deixaram em pé ao longo dos anos e não dava
para deixá-las fora de acontecimentos tão importantes da minha vida.
— Eu nem sei o que dizer, mas se ele está divorciado e você ainda o ama, pode ser que
as coisas sejam diferentes dessa vez. Mas não se esqueça que Landon McFarland é um gatilho
para coisas destrutivas, coisas que você já superou.
— Eu sei, mamãe — disse com o olhar fixo no dele.
— Se as coisas derem certo entre vocês, você avança umas dez casas no jogo do amor,
mas se ele fizer merda de novo, vai retroceder umas vinte — declarou e me deixou pensativa.
— Vou pensar em tudo que me falou — disse e finalizamos.
Assim que deixei o telefone em cima da mesa de apoio, eu voltei a encará-lo e ele
percebeu que aquela ligação tinha me deixado diferente.
— O que foi, Eva?
— Se as coisas não derem certo dessa vez, tenho a sensação de que vai custar minha
sanidade — admiti.
— Não existe qualquer chance de você sair da minha vida de novo — declarou e me
beijou.
Eu precisava de todas as declarações e certezas, meu coração queria garantias de que eu
jamais sofreria novamente por aquele homem.
— Temos que ir, sua irmã está esperando — falei quando ele parou de me beijar.
— Vou ver se a Maria e o Connor já estão prontos — ele disse e eu concordei com a
cabeça, depois me encarei no espelho.
Estava usando uma das roupas que ele tinha comprado para mim.
Um vestido de comprimento midi de cor marrom bem terroso, botas country e um
cardigã de cachemira do mesmo tom do vestido. Deixei os cabelos soltos e passei uma
maquiagem leve.
Era uma roupa que eu dificilmente usaria me Nova York, ainda mais as botas, mas o
visual combinava com a energia daquele lugar.
Saímos do rancho dele às 11h da manhã, eu e ele no banco da frente, a babá e Connor no
banco de trás. Enquanto ele guiava pela estrada, éramos escoltados por dois carros com
seguranças.
Eu tinha dado folga para Sanders, mas depois da nossa conversa sobre o funcionário dos
Dunker, ele disse que iria usar o dia livre para pesquisar a vida do sujeito, pois também tinha
achado estranho que a mesma pessoa estivesse me observando em três situações diferentes.
Em certo momento do caminho, Landon entrelaçou os dedos nos meus e apoiou minha
mão sobre sua coxa. Ficamos assim por um bom tempo e tive a falsa sensação de que éramos
uma família. Que ele era meu marido, que nosso filho estava no banco de trás junto com sua
babá e que nossa vida era perfeita.
Era só uma fantasia que deixou meu coração extremamente feliz.
A entrada do rancho de Beatrice era modesta em relação a de Landon, mesmo assim, era
um lugar esplêndido, com uma casa magnifica e jardins floridos, que espelhavam a alegria dela.
— Que bom que vocês vieram, estava ansiosa — ela disse e me abraçou, depois deu um
beijo no Landon, cumprimentou a babá e pegou seu sobrinho no colo.
Connor ficou agarrado a ela em silêncio, enquanto eu e Landon cumprimentávamos
Douglas. Minutos depois, nos encontrávamos na área posterior do rancho, mais precisamente
em um espaço que eles reservavam para receber os amigos e fazer o típico churrasco texano.
— Sua casa é linda, Beatrice — elogiei depois que ela me entregou uma taça de vinho.
— Depois de viajar pelo mundo todo, ter um lugar como esse para voltar todos os dias é
um presente de Deus.
— Antes de vir para cá, eu juro que não me imaginava morando aqui, mas depois de
todos esses dias, eu acho que estou mudando de ideia. A qualidade do meu sono melhorou
muito — declarei.
— A tranquilidade desse lugar faz um bem danado mesmo, mas acho que no seu caso, a
presença daquele bonitão ali ajudou bastante — ela disse e sorrimos.
Não queria ser indiscreta e falar para Beatrice que os orgasmos que o irmão dela me
proporcionava me faziam dormir feito um anjo, mas com certeza a presença dele na minha vida
era um fator importante para toda a felicidade que eu andava sentindo.
Enquanto a comida não ficava pronta, Bea me mostrou sua casa, a horta, os animais e
tudo que eles cultivavam. Pude sentir amor em cada palavra e principalmente nos detalhes.
Beatrice era rica de algo que o dinheiro não poderia comprar, tinha se realizado
profissionalmente, se casado com o homem que amava e tinha a sorte de viver um amor
tranquilo.
— O que foi, Eva? — Landon questionou enquanto eu observava Beatrice e Douglas
abrindo mais uma garrafa de vinho. Os dois estavam sempre rindo um para outro ou fazendo
brincadeirinhas de duplo sentido. Eram um casal adorável.
— Será que um dia seremos assim? — questionei.
— Assim como?
— Sei lá, leves como eles — comentei.
Landon me encarou. Ele era todo perfeito, deveria ser incrível ser bonito daquele jeito.
— Cada casal é de um jeito, eles tiveram a sorte de não carregar a carga emocional de
um passado como o nosso, mas isso não significa que seremos menos felizes, só depende de
nós fazer com que dê certo dessa vez.
— Você tem razão — admiti, mas antes que pudesse falar mais alguma coisa fomos
interrompidos por Connor que se aproximou de onde eu estava sentada e me pegou pela mão.
Olhei para Landon sem entender nada, mas me levantei.
Connor andou de mãos dadas comigo até o gramado e parou próximo a uma cerca. Do
outro lado havia alguns cavalos e ele apontou com o dedinho para a direção dos animais.
— Você queria me mostrar os cavalinhos? — questionei e ele balançou a cabeça em
afirmação.
Senti uma coisa se apertando dentro de mim por perceber que ele tinha simpatizado tanto
comigo a ponto de me mostrar algo de que tinha gostado.
— Eu amei os cavalinhos, tem mais alguma coisa que você queira me mostrar? —
inquiri, mas ele não respondeu, em vez disso, pegou novamente na minha mão e foi me
guiando pelo rancho, mostrando tudo que queria, enquanto Landon, Bea, Douglas e Maria
observavam de longe.
Caminhamos por mais de uma hora e conheci todas as flores azuis do jardim, pedras,
pedaços de madeira, formigas, borboletas, até que o cansaço o venceu e ele esticou as
mãozinhas para que eu o pegasse no colo.
Fiquei com ele mais alguns minutos, conversando e contando histórias até que ele
dormiu com a cabecinha encostada no meu ombro.
— Uau, ele gostou mesmo de você — Beatrice pontuou quando voltei com ele no colo.
— Estou com ciúmes.
— Ele é um amor — garanti enquanto olhava para seu rostinho.
— Venha, vamos colocá-lo em um dos quartos — Landon disse, pegando o filho do meu
colo.
Seguimos para dentro junto com a babá que fechou as cortinas do quarto de visitas
enquanto Landon o depositava na cama.
Após dar um beijo em sua cabeça, ele pegou minha mão e guiou para fora. Quando
tínhamos nos afastado um pouco, Landon me grudou na parede do corredor e me beijou
repentinamente.
— Eu sei que eu não preciso agradecer por isso, mas não sei explicar o quanto fiquei
feliz por saber que ele gosta de você.
— Ele só gosta de atenção, e realmente não precisa agradecer porque eu amei conhecer
todas as pedras e borboletas do jardim da sua irmã — brinquei e sorrimos.
— Você é perfeita, Eva. Eu tenho muita sorte em ter você.
— Você ainda não me tem, nós estamos em estágio probatório, não se esqueça disso —
zombei e ele me fez cruzar as pernas em sua cintura para sentir a protuberância que crescia
entre as suas pernas.
— Quando chegarmos em casa eu farei o possível para passar nesse teste — declarou e
passou a língua pelos meus lábios.
— Mal posso esperar, senhor McFarland — provoquei.
— Vamos voltar lá para fora antes que eu te arraste para um desses quartos — alertou.
Sorri e fomos nos juntar a Beatrice e Douglas.
Nossa tarde foi deliciosa, bebemos várias garrafas de vinho e quando voltamos para o
rancho de Landon, me sentia tão leve e feliz que poderia flutuar.
Ao chegarmos, eu fui tomar banho e ele foi colocar Connor na cama.
Quando terminei, tentei esperar por ele, mas o vinho tinha me relaxado tanto que eu
entrei nua embaixo das cobertas e acabei pegando no sono.
Despertei no momento em que Landon ergueu as cobertas para se deitar do meu lado.
Ouvi quando ele suspirou ao ver que eu estava nua e acabei sorrindo. Mesmo tendo um closet
cheio de camisolas bonitas para usar, ele sempre pedia para que eu dormisse sem nada.
Senti sua boca quente deixando beijos na minha nuca, pescoço e ombros, causando
arrepios deliciosos.
Não resisti e soltei um suspiro ao sentir algo duro roçando entre minhas pernas e gemi
quando uma mão apertou meu seio com a ponta dos dedos brincando ao redor do mamilo
durinho.
Sua mão continuou me torturando, largou o mamilo e desceu pela minha barriga,
passando pelo ventre chegando até minha boceta que estava dolorida e molhada. Senti o
primeiro toque dos dedos esfregando-a suavemente; não contive um gemido mais ousado
quando dois dedos me invadiram sem cerimônia iniciando movimentos sincronizados com o
polegar que roçava meu clítoris.
Diante dos meus gemidos, ele posicionou a cabeça do pau na minha entrada, ergueu
minha perna e logo senti seu membro duro e pulsante deslizando para dentro e me preenchendo
inteira.
O vai e vem começou lento, mas aos poucos foi se intensificando e ficando mais rápido e
mais profundo. Era delicioso sentir sua pelve se chocando contra a minha bunda.
Cheguei ao orgasmo com sua boca abafando meus gemidos. Ele continuou me
penetrando freneticamente, correndo em busca do próprio prazer.
Ouvi um grunhido rouco em meu ouvido, senti os movimentos tornarem-se mais tensos e
desmedidos até o momento em que ele gozou.
— Eu te amo, princesa, você é meu paraíso — disse grudando minhas costas em seu
peito.
Fechei os olhos e me deliciei com suas palavras. Eu também o amava mais que tudo e
mal podia acreditar que depois de tantos anos o destino tivesse nos dado mais uma chance de
viver aquele pedaço de felicidade que era tão precioso para mim.
Landon McFarland

— Quero que dê um jeito de se livrar da Chiara sem que haja efeitos colaterais — falei
para Douglas após nossa primeira reunião do dia.
— Ela já foi transferida para Houston há algumas semanas, não acho que já passou
tempo suficiente para demiti-la sem que ela faça alguma coisa para retaliar, mas fica a seu
critério.
Chiara era tão obediente, que não me importaria que ela continuasse trabalhando para
mim, por outro lado, não queria nenhum tipo de vínculo ou algo que pudesse afetar meu
relacionamento com Eva.
— Pode demiti-la, não acredito que ela fará algo para me prejudicar, e se fizer, eu pago
muito bem aos meus advogados para me defenderem — alfinetei e ele me encarou.
— Vou fingir que não escutei isso — devolveu e sorrimos.
Quando Douglas saiu da minha sala, eu recebi uma ligação da clínica em que Natalie
estava internada. Eles falaram que ela pediu para eu ir pessoalmente até lá, pois queria falar
comigo.
Cancelei as duas reuniões que eu teria na parte da manhã, chamei meu piloto e fomos
para Houston. Natalie dificilmente pedia para falar comigo, então se tinha feito isso, era porque
o assunto deveria ter alguma relevância.
Ao chegar na clínica eu falei rapidamente com o médico e fiquei sabendo que seu quadro
tinha se agravado ainda mais, os remédios não estavam mais respondendo e, com isso, ele
estava ficando impossibilitado de conter a doença.
Já tínhamos tentado outros protocolos, clínicas e médicos de outros países, mas sabia
que chegaria algum momento em que nada poderia ser feito, tinha sido avisado incontáveis
vezes sobre isso.
— Você sabe o que ela quer falar comigo? — questionei a Celia.
— Não, ela anda bem silenciosa ultimamente — revelou.
Assim que a enfermeira abriu a porta do quarto, eu encontrei Natalie em sua cama, mais
pálida do que o normal, um reflexo da doença e dos remédios.
— Queria falar comigo? — perguntei ao me aproximar.
— Sim — ela ciciou.
— Estou ouvindo, Natalie — declarei.
Ela assentiu e fez alguns minutos de pausa.
— Eu sei que estou morrendo, Landon, que as drogas pararam de funcionar. Eles já
tentaram de tudo no decorrer desses anos de tratamento e eu não consigo mais, simplesmente
não aguento — admitiu e começou a chorar.
— Eu sei que é terrível, mas se você desistir vai ser pior — tentei trazê-la à razão, mas
Natalie meneou a cabeça freneticamente.
— Eu não quero mais ficar aqui, não quero morrer nesse lugar — disse aos prantos.
— Tudo bem, se você não gosta daqui, posso transferi-la para outra clínica — sugeri.
— Você não entende. Eu não quero mais ficar em clínicas ou hospitais, eu não quero
mais ficar sozinha, quero ficar com você e com o nosso filho. Por favor, não me negue isso —
implorou.
Que merda é essa? De todos os pedidos que Natalie poderia fazer, aquele era o menos
provável.
— Você nunca fala do nosso filho, nunca pergunta sobre ele, por que isso agora? —
questionei.
— Porque eu estou morrendo, porra! E tenho o direito de passar meus últimos meses,
semanas ou dias ao lado das pessoas que eu amo — justificou.
Os anos a deixaram amarga e dura como pedra, fora o seu orgulho, que sempre foi
inabalável, então não imaginei que algum dia ela fosse pedir aquele tipo de coisa.
— Eu entendo, Natalie, mas o Connor está passando uma temporada comigo no rancho e
você odeia aquele lugar, então fique aqui que ele pode vir te visitar aos fins de semana —
ofereci, mas ela fez que não com a cabeça.
— Quero passar meus últimos dias no rancho, com você e meu filho. Por favor, Landon,
eu não tenho mais nada nem ninguém além de vocês dois.
A verdade era que ela nunca me teve, mas eu jamais falaria aquilo em voz alta para
magoá-la. Natalie estava completamente debilitada, com o emocional abalado e por isso
precisava ter cuidado com as palavras.
— Vou ver o que posso fazer e entro em contato com a clínica.
— Quero uma resposta agora, não fico mais nenhum dia nesse lugar — esbravejou.
Fiquei em silêncio, analisando todas as possibilidades, mais precisamente em como Eva
iria reagir àquela notícia.
Eu amava aquela mulher mais que tudo, mas Natalie era a mãe do meu filho, estava
doente e por mais que estivéssemos separados, eu tinha prometido a Frank que iria cuidar dela
até o fim.
— Tudo bem, Natalie, você pode passar um tempo comigo e com o Connor no rancho.
Vou comunicar sua equipe médica e pedir aos funcionários que providenciem tudo para o
deslocamento.
Ela sorriu entre lágrimas, um sorriso que eu não via há muitos anos.
— Obrigada, Landon — agradeceu e eu assenti.
Ao sair da clínica, fiquei pensando em como daria aquela notícia para Eva, ela estava
amando ficar comigo no rancho e por causa da Natalie certamente não colocaria mais os pés lá.

+++
Eva Stone

— Descobriu alguma coisa sobre o funcionário dos Dunker? — questionei Sanders.


— Nada muito relevante. Ele se chama Donato Suarez, é mexicano e trabalha com os
Dunker há cinco anos como uma espécie de faz tudo, literalmente, pois além de cuidar das
coisas da fazenda, ele também se livra dos problemas dos patrões.
— No caso eu seria um problema?
— Eva, o tal Julian tentou investir em você aquele dia no bar e foi dispensado. Não sei
como os caras dessa parte do país reagem a um fora, mas é bem possível que o infeliz tenha
ficado com o orgulho ferido.
— Eu odeio homens que não sabem levar um não — resmunguei.
— Não se preocupe, já avisei os outros agentes da sua equipe, esse Suarez não chegará
mais perto de você.
— Obrigada, só, por favor, não deixe ninguém arrumar confusão — declarei.
A última coisa que eu queria era arranjar problema naquela parte do Texas, ou que meus
pais precisassem ser acionados por qualquer questão que fosse. Com alguma sorte, os encontros
com aquele cara seriam apenas uma infeliz coincidência e tudo voltaria ao normal.
No meio da tarde, Landon me ligou e perguntou se poderia passar na minha suíte do
hotel mais tarde. Achei aquilo estranho, pois a nossa rotina das últimas semanas consistia em
sair do trabalho e ir para o rancho dele ficar com o Connor.
Obviamente eu não questionei nada e disse que esperaria por ele, mas fiquei encucada.
Será que ele já tinha enjoado de mim e queria colocar um freio nos nossos encontros?
Balancei a cabeça e parei de fazer suposições.
No final do expediente, eu respondi um e-mail do doutor Perkins, que estava muito feliz
com as primeiras restaurações que tinham ficado prontas. Ele elogiou o nosso trabalho e disse
que estava ansioso para ver tudo pronto.
Antes de ir para casa, conferi todo o trabalho dos meus funcionários e depois retornei
uma ligação de Alexander.
— Quando ia me contar que está de romance com o Rei do Petróleo? — questionou.
Engoli em seco, será que mamãe já tinha dado com a língua nos dentes?
— Não tenho mais dezoito anos e não preciso dar explicações sobre minha vida para
você — rebati.
— Não seja malcriada, maninha, só queria me certificar de que a informação era
verdadeira.
— E o que vai fazer com ela? — questionei.
— Para ser sincero, tirando o fato de ele ter participado daquele plano maluco de te
seduzir, eu simpatizo com o lado empreendedor dele, não dá para negar que o cara fez um
milagre financeiro em sua vida.
— Sim, ele fez coisas grandiosas — comentei.
— Apenas avise ao infeliz que se pisar na bola outra vez, ele vai comer grama pela raiz
— ameaçou e eu soltei uma risada.
— De onde você tira essas coisas? Não se esqueça de que agora ele também tem
dinheiro e seguranças treinados.
— Da última vez eu não precisei de dinheiro nem seguranças para quebrar a cara dele.
— Alex, está tudo bem, ele se divorciou há meses, mas nós estamos indo devagar.
— Só não quero que se machuque de novo, eu ainda lembro dos gritos abafados que
vinham do seu quarto de noite.
Engoli em seco ao relembrar a fase mais tenebrosa da minha vida.
— Eu vou tomar cuidado — prometi, sem dar garantias de nada.
Voltar com Landon depois de tudo o que tinha acontecido, era um grande tiro no escuro,
mas eu torcia para que estivesse fazendo a coisa certa.
Finalizei a ligação, fechei tudo e fui para o hotel. Já tinha tomado banho e trocado de
roupa quando Landon entrou na minha suíte.
Caminhei até ele e lhe dei um beijo, mas percebi que ele estava um pouco tenso.
— Aconteceu alguma coisa? — questionei.
Landon ficou me observando por longos segundos, depois caminhou até a poltrona que
ficava próxima às janelas e me colocou sentada em seu colo.
Ele me abraçou apertado e ficou assim comigo por um bom tempo.
— Você está me assustando — falei por fim quando aquele silêncio todo começou a me
incomodar.
— Hoje de manhã recebi uma ligação da clínica onde Natalie está internada — ele disse
e me encarou. — Ela queria falar comigo pessoalmente.
— E você foi lá?
— Fui sim.
— E o que ela queria? — questionei, curiosa.
— A doença dela está avançando rápido, os remédios não fazem mais efeito e ela decidiu
que não quer mais ficar na clínica.
— Bom, se os remédios não fazem mais efeito, ela pode optar por cuidados paliativos,
certo? Há clínicas para isso — comentei com tristeza.
Mesmo tendo nos desentendido no passado, eu jamais desejaria que Natalie tivesse
aquele fim.
— Sim, só que ela não quer e me fez uma espécie de último pedido — disse cauteloso.
— Que tipo de pedido?
— Ela pediu para passar seus últimos meses de vida no rancho, junto comigo e o
Connor.
Fechei os olhos e respirei bem fundo.
Quis odiá-la por aquilo, por tentar tirá-lo de mim até em seu leito de morte, mas não
consegui, não havia mais disputa, apenas uma mulher que estava morrendo e que finalmente
poderia dar atenção ao filho.
— Não é uma situação confortável para mim, mas não posso te culpar por permitir.
Diferente de nós, que temos a vida toda pela frente, Natalie está morrendo e eu te odiaria se lhe
negasse isso.
Ele respirou aliviado e me abraçou.
— Eu nem sei o que falar, você está sendo incrível.
— Sim, mas talvez seja bom a gente dar um tempo até você resolver tudo isso aí —
sugeri.
— De jeito nenhum — declarou enfático. — A presença dela não muda em nada o que
construímos nessas últimas semanas. Mas sabendo que não vai se sentir à vontade para ir ao
rancho enquanto ela estiver lá, pensei que você poderia ficar na suíte presidencial, foi onde eu
morei enquanto a casa do rancho estava sendo construída.
— Por mim pode ser, ou podemos ficar aqui mesmo, eu não me importo.
No fundo, toda aquela situação era extremamente incômoda, mas eu não poderia culpá-
lo por fazer a última vontade da mãe do seu filho. Essa Eva compreensiva se chocava com a
Eva magoada do passado, aquela que tinha perdido Landon para Natalie. E parecia que iria
continuar perdendo, pelo menos até que ela se fosse.
Engoli a frustração e o encarei.
— Eva, eu sei que você não merecia estar vivendo isso, que essa carga é minha e que
estou sendo um filho da puta egoísta em dividi-la com você, mas ela não tem mais ninguém, só
eu e o Connor e…
— Eu não estou feliz com isso, mas entendo a situação, você não tem culpa de ela estar
doente.
— Na verdade, eu acho que tenho sim. Ela começou a beber por causa dos abortos
seguidos; Natalie queria me dar um filho a todo custo, em sua cabeça, a presença da criança
faria com que eu a amasse.
Eu não queria opinar sobre os problemas matrimoniais deles, sofria só de pensar que ele
esteve tanto tempo casado com outra mulher, mesmo que não a amasse. O tempo que passamos
separados jamais seria recuperado e uma vida só era muito pouco para todo amor que eu sentia
dentro do meu coração.
— Não quero falar do passado. Que tal a gente jantar aqui no quarto e ver porcaria na tv?
— propus para amenizar aquele clima.
— Ótima ideia. Hoje ficamos aqui e amanhã eu mando providenciar tudo para você se
mudar para a cobertura — declarou.
Assenti e nos beijamos.
Minutos depois ele foi para o banho, enquanto eu pedia o nosso jantar.
Seguimos a programação que eu sugeri e antes de dormir fizemos amor. Landon estava
intenso, falando a todo momento o quanto me amava e o quanto me admirava por estar sendo
compreensiva com toda a situação. Por dentro, entretanto, eu me sentia incomodada. Nossa
bolha tinha sido estourada e meu coração não parava de avaliar as três alternativas que a todo
momento surgiam na minha cabeça.
Eu poderia continuar com ele, demonstrando compaixão por Natalie e por tudo que
estavam vivendo, o apoiando e esperando o momento em que ele seria só meu.
Eu também poderia pedir um tempo até que as coisas se acalmassem. Ele teria que
entender que aquele fardo não era meu para carregar.
Ou, na pior das hipóteses, eu terminaria tudo e voltaria para a minha vida decidida a
conhecer alguém e finalmente esquecer aquele homem de uma vez por todas.
Aninhada em seus braços, velando seu sono, eu admirei sua beleza, os traços perfeitos
do seu rosto e meu coração se apertou só de imaginar que alguma coisa pudesse nos separar de
novo.
Eva Stone

— O que você me diz depois de tudo que eu te falei — perguntei para minha mãe.
Enquanto os funcionários do hotel levavam minhas coisas para a suíte presidencial de
Landon, resolvi ligar para contar tudo que estava acontecendo em minha vida.
Na época da universidade eu não confiei nela para falar sobre meus sentimentos, mas
depois de ter quebrado a cara, aprendi a valorizar o guru do amor que eu tinha em casa.
Mamãe poderia ser realista, mas era muito justa em seus conselhos e poderia me ajudar
ante a situação que eu estava vivendo.
— Bom, ficar com um homem que já foi casado e tem um filho requer paciência, ele
possui uma bagagem que você ainda não tem, mas apenas você sabe se está ou não disposta a
entrar nessa nova dinâmica.
— Disso eu sei, doutora, queria que você me falasse algo mais concreto — reclamei.
— Querida, você ama esse homem, falar para desistir dele vai ser a mesma coisa que
falar para parar de comer suas trufas de chocolate.
— Por falar nisso, eu estou com abstinência delas, não encontro para comprar em lugar
nenhum por aqui — reclamei. — Quando for para Nova York vou comprar um estoque. Mas
voltando ao nosso assunto, você acha que fui burra de ter aceitado tão fácil essa situação?
— Não, filha, você teve compaixão pela Natalie, mesmo depois de tudo que aconteceu
entre vocês, e compaixão nunca pode ser considerado algo ruim, mas acho que sua cota de
aceitar coisas dele pode parar por aí.
— Sim, pensei a mesma coisa. Acho que nosso único problema no momento é a Natalie,
mas como você disse, eu preciso ter empatia pelo que ela está passando e esperar que tudo se
resolva.
— Isso mesmo, querida, e se ficar em dúvida sobre qualquer coisa, basta me ligar — ela
disse carinhosa.
— Com certeza seu telefone vai tocar muito nos próximos dias — brinquei.
— Sempre vou estar aqui para você. Agora me fala se vem à festa do seu pai, estou
preparando um evento incrível.
— Claro que vou, e ainda quero discursar.
— Perfeito, ficarei esperando você e seu namorado, já passou da hora de conhecermos o
senhor McFarland.
— Ai, mamãe, eu não sei, acho que ainda é cedo, tenho receio da reação do papai e do
Alexander, isso pode virar uma catástrofe — falei, temerosa.
— Não fale besteira, todos na família já sabem que você está com ele, então já passou da
hora de assumir esse namoro — declarou.
Torci a boca de um lado para o outro, tentando pensar em uma forma de falar para ela
que, apesar de vivermos como se fôssemos casados, ele não tinha me pedido em namoro. A
verdade era que não havia nada de oficial na nossa relação e aquilo me incomodou.
— Tudo bem, mamãe, eu vou falar com ele e te confirmo se ele vai comigo.
— Ótimo — ela disse e após fazer todas aquelas recomendações de mãe, desligou.
Estava feliz por saber que mamãe faria essa ponte entre Landon e minha família, mas
então o status indefinido do nosso relacionamento voltou a me incomodar. De forma alguma eu
iria pressioná-lo para oficializar as coisas entre nós, mas não estava exatamente feliz.

+++
Landon McFarland

A chegada da Natalie a minha casa foi tranquila, mas não demorou muito para ela
começar a reclamar da claridade do quarto de visitas, do canto dos pássaros, da temperatura do
ambiente…
Eu tinha esquecido de como era irritante conviver com uma pessoa que reclamava o
tempo todo.
— Já vai sair para ficar com ela? — perguntou quando me viu passando pela sala.
Eu não tinha visto que ela estava acomodada no canto do sofá, usando um pijama preto
que evidenciava ainda mais sua palidez.
— Tenho um jantar de negócios — menti.
— Eu sei que vai sair com ela, mas tudo bem, nós estamos separados, sem contar que é
muito melhor ficar com a linda Eva Stone do que com uma mulher rabugenta e doente — disse
e começou a chorar.
Chantagem emocional era uma das coisas que Natalie sabia fazer de melhor pelo tempo
que estivemos casados, naquele momento, todavia, eu senti que ela realmente estava se
sentindo péssima por saber que eu iria sair com outra mulher enquanto ela ficaria sozinha em
casa.
Caminhei até o sofá e me sentei ao seu lado.
— Eu posso cancelar meu jantar e podemos assistir àquele programa de reformas que
você adora — sugeri e vi um brilho diferente em seu olhar.
— Está falando sério?
— Estou sim — confirmei, inclinando-me para pegar o controle da televisão e lhe
entreguei.
Ela rapidamente achou o canal, deitou a cabeça em meu ombro e começamos a assistir.
Eu sabia que pelo horário ela já deveria estar medicada e pegaria no sono a qualquer momento,
então esperei que os remédios fizessem efeito e meia hora depois ela já estava dormindo
tranquilamente.
Mesmo doente, Natalie continuava vaidosa, seus cabelos estavam limpos, com cheiro de
camomila, misturado com a fragrância de seu perfume. Até onde eu sabia ela era proibida de
usá-lo porque o cheiro a deixava enjoada, mas pelo visto ela decidiu fazer tudo que os médicos
proibiram nos últimos meses.
Ao pegá-la no colo percebi o quanto estava leve. Ela tinha emagrecido bastante e fiquei
triste por saber que meu dinheiro não poderia comprar saúde para a mãe do meu filho.
— Que bom que ela dormiu — Celia disse ao me ver entrando no quarto com Natalie
nos braços.
Eu a coloquei na cama e a enfermeira a cobriu.
— Cuide dela.
— Pode deixar, senhor — ela concordou e nos despedimos.
Antes de sair para ir me encontrar com Eva em nossa nova suíte, eu mandei uma
mensagem avisando que chegaria alguns minutos atrasado. Durante o percurso até a cidade,
pensei em falar a razão do meu atraso, mas achei melhor poupá-la dos detalhes. A situação por
si só já era desconfortável, sem contar que no meu gesto só havia compaixão, nada mais.
Ao chegar no hotel fui direto para a cobertura. Quando entrei, Eva estava em frente ao
espelho terminando de colocar uma camisola e ainda tive tempo de ver suas costas e a bunda
deliciosa sendo cobertas pela seda preta.
— Tenho uma novidade para te contar — ela disse, animada.
— Então conte.
— No fim de semana que vem é o aniversário do meu pai e mamãe pediu para eu te
convidar — soltou, me pegando de surpresa.
— E seu pai sabe disso? — questionei em tom bem-humorado.
— Acredito que sim, no entanto, você não é obrigado a aceitar…
— É claro que eu aceito — afirmei e ela arregalou os olhos.
— Achei que fosse se sentir intimidado.
— Eu também sei intimidar, ainda mais quando o assunto é você — declarei.
Eva sorriu e me beijou.
— Obrigada por isso, é importante demais para mim — confessou.
— Bom, se você foi capaz de aceitar meu filho e a situação da Natalie por mim, estou
mais que disposto a enfrentar o Clã Stone por você.
Os homens da vida de Eva eram poderosos, vingativos e qualquer outro recuaria diante
da possibilidade de um embate, no entanto, não tinha chegado tão longe desistindo de grandes
desafios. Eva era a conquista mais importante da minha vida, e se para ficar com ela eu
precisasse passar pelo crivo da família Stone, que fosse. Eu estava pronto!
Eva Stone

Passei a semana toda nervosa, imaginando milhões de situações que poderiam acontecer
durante o aniversário do meu pai, mas resolvi deixar as coisas nas mãos de Deus e da minha
mãe, que estava empenhada em me ajudar, no entanto, eu ainda estava muito apreensiva.
Quando a sexta-feira chegou, fiz uma pequena mala e Sanders me levou para o rancho de
Landon. Nós iríamos de helicóptero até Houston e de lá seu jato nos levaria para Nova York.
Eu já tinha avisado que não entraria na casa, mas ao descer do carro meu salto fino
quebrou e eu não tinha nenhum outro sapato alto na mala, pois estava indo para casa e jamais
imaginaria que aquele imprevisto aconteceria.
Lembrei do meu closet recheado de roupas e calçados, mas desanimei ao lembrar que
Natalie estava ali e que se entrasse, talvez tivesse que encontrar com ela, no entanto, não tinha
como viajar descalça e muito menos com o salto quebrado.
— O que foi, linda? — Landon perguntou ao sair de casa e ver minha expressão
desolada.
Apontei para o salto quebrado.
— Bom, como sei que você não vai entrar, eu entro lá e pego outra para você.
— Obrigada, amor — falei e lhe dei um beijo. — Ui! — exclamei quando ele me pegou
no colo e me carregou até a casa.
— Espere aqui enquanto eu busco um sapato novo para a minha Cinderela — brincou,
acomodando-me nas cadeiras que ficavam na varanda.
Fiquei mexendo no celular enquanto esperava. Alguns segundos depois a porta se abriu e
achei estranho, já que pelas minhas contas não daria tempo nem de ele ter chegado no quarto.
— Eva Stone, quanto tempo! — Natalie disse e eu levantei a cabeça.
Ela usava uma camisola preta com robe por cima, e apesar de visivelmente mais magra,
ela estava muito bonita, com o rosto maquiado e os cabelos bem tratados.
Talvez a maquiagem tivesse dado o efeito desejado, pois ela não parecia tão doente
quanto o que Landon falava.
— Como vai, Natalie? — falei sem muito entusiasmo.
— Não tão bem quanto você, que finalmente conseguiu fisgar meu marido — acusou.
— Ex-marido — rebati.
— Sim, porque eu pedi o divórcio, não ele.
Engoli em seco ao escutar suas palavras, sem saber se aquilo era verdade ou mais uma
das suas provocações.
— Olha, Natalie, eu não quero brigar — falei e me levantei.
— Mesmo que esteja com ele agora, você perdeu — continuou como se eu não tivesse
falado nada. — O dinheiro de vocês dois juntos não compra o tempo que ele ficou comigo —
concluiu com ar vitorioso.
— Não importa, as coisas foram como tiveram que ser — falei para não entrar em um
embate, ainda que, no fundo, eu soubesse que ela tinha razão.
— Eu não me importo que você fique com as migalhas do que sobrou de Landon, sabe
por quê? Porque mesmo quando eu morrer, vou ser lembrada como a primeira esposa, a mãe do
primeiro filho, a mulher que ele namorou desde a época da universidade.
— Já chega, Natalie — Landon bradou antes mesmo de parar ao lado dela.
Fiquei firme para não desabar diante da sua provocação, mas por dentro suas palavras
tinham passado direto pela defesa da Eva adulta e bem resolvida e tinha acertado em cheio no
coração da Eva jovem, aquela que ainda lutava para superar tudo que tinha acontecido no
passado.
— Só estava falando umas verdades para essa destruidora de lares — Natalie continuou.
— Não fale asneiras, nosso lar já estava destruído antes mesmo de começar — Landon
disse sem qualquer hesitação.
— Venha, Natalie, está na hora dos seus remédios — uma mulher vestida de enfermeira
avisou, segurando-a pelo braço.
— Eu tenho que ir, boa viagem para vocês — Natalie disse e entrou em casa.
Landon se abaixou na minha frente e me encarou com olhar determinado.
— Eu não sei o que ela te falou antes de eu chegar, mas quero que saiba que você é a
mulher da minha vida, aquela com quem quero ficar, e diferente do que ela pensa, um minuto
a o seu lado vale mais do que todo o tempo que passei atormentado ao lado dela. Eu te amo,
Evangeline Stone, não deixe que ninguém a faça acreditar no contrário.
Sorri, entre lágrimas, pois aquilo era tudo que eu precisava escutar naquele momento.
— Eu também te amo — falei e nos beijamos.
Depois disso se afastou para me calçar o par de sandálias que ele tinha levado.
— Prontinho, a Cinderela já pode voar com seu príncipe — ele brincou e caminhamos de
mãos dadas até o helicóptero, que nos esperava no gramado.
Natalie tinha colocado o dedo em uma ferida antiga, mas Landon assoprou amor onde
doía e me deixou ainda mais segura de seus sentimentos por mim. Agora só faltava minha
família aprovar o nosso relacionamento; quando isso acontecesse, eu finalmente poderia ter
esperanças de que daquela vez as coisas dariam certo.
Eva Stone

Ao chegar em Nova York, fomos direto para meu apartamento, dormimos juntos e no dia
seguinte, Landon foi para a cobertura dele, pois o smoking que encomendara tinha sido
entregue lá. Mais tarde, ele me pegaria para irmos juntos a festa do meu pai, que aconteceria no
salão de eventos de um luxuoso hotel da cidade.
Até lá, ele aproveitaria para trabalhar.
Então, enquanto Landon estivesse visitando a filial de sua holding em Nova York, eu
estaria em um spa com minha mãe, minha cunhada, tia Julie e as esposas dos meus primos. Eu
havia convidado Maddy, mas ela estava fora da cidade e não poderia ir.
— Pediu para ele colocar um colete a prova de balas por baixo da roupa? — Mel
provocou e gargalhamos.
A esposa de Dom era tão espirituosa quanto o restante das mulheres pertencentes ao Clã
Stone.
— Não precisa, ele sabe se defender dos leões da nossa família — brinquei.
— E todo aquele papo de não tocar no nome do falecido? — Liz alfinetou, trocando
olhares com minha mãe.
Todas estávamos em uma ala do spa que fora reservada apenas para nós. Enquanto a
fofoca rolava solta, umas faziam penteado e outras eram maquiadas.
— Pois é, ainda bem que tenho a melhor psicóloga em casa, para me ajudar a manter a
sanidade depois de todas as decisões controversas que tomei no decorrer dos anos — zombei e
mamãe sorriu.
Quando chegamos ali, perguntei a ela como estavam os ânimos do meu pai e do
Alexander diante da notícia de que eu estava com Landon novamente e ela basicamente disse
que eles tinham entendido que eu já era grandinha para tomar minhas próprias decisões, mas
que ficariam de olho.
Passamos boa parte da tarde no spa e quando voltei para a cobertura eu me sentia
completamente renovada.
O vestido que eu usaria naquela noite era branco, com tecido leve que parecia flutuar em
torno do meu corpo. O modelo exclusivo tinha sido feito especialmente para mim, uma cortesia
da minha mãe, que ciente da correria que eu estava vivendo nos últimos dias, sabia que eu não
teria tempo de pensar em um vestido para a festa do papai.
— Vou ser o homem mais invejado dessa festa — Landon disse ao me ver pronta.
Depois de todas as socialites com quem se envolveu, poderia apostar que eu seria a
pessoa mais invejada do evento, mas não achei oportuno tocar no assunto.
— Você também está lindo dentro deste smoking — devolvi.
Seguimos para o evento em um Bentley luxuoso. Ao longo do caminho ele parecia
tranquilo, confiante, bem diferente de mim, que me sentia nervosa e ansiosa por não saber o
que iria acontecer.
Bill estacionou o carro em frente ao hotel, onde alguns paparazzis se empoleiravam para
conseguir a melhor foto dos convidados. Landon saiu primeiro, me estendeu a mão e quando
coloquei o pé para fora do carro, flashes explodiram em nossa direção.
Passamos pela área de imprensa e seguimos para dentro.
— Vocês sabem mesmo como dar uma festa — Landon disse ao analisar a decoração
toda em preto e dourado, que eram as cores preferidas do meu pai.
— É o passa tempo preferido da minha mãe — brinquei e caminhamos entre os
convidados.
Landon foi parado e tietado algumas vezes, até que finalmente chegamos à mesa do Clã
Stone.
Eu já era uma mulher feita e mesmo assim me sentia diante de um tribunal do júri, mas
aquilo era apenas coisa da minha cabeça.
— Prazer, sou a Louise, mãe de Eva — mamãe disse ao se aproximar junto com meu pai
que continuava com um olhar impenetrável.
Ela usava um vestido preto deslumbrante e estava linda como sempre.
— Sou Landon McFarland, o namorado de Eva — ele se apresentou.
Um arrepio atravessou todo meu corpo quando ele disse que era meu namorado.
Sorridente, ela assentiu e olhou para papai
— Esse aqui é o meu marido, Antony Osborne, mas pode chamá-lo de Tony, ou sogro —
brincou e pude ouvir um rosnado vindo dele.
— Como vai, senhor Osborne? — Landon disse
Fiquei paralisada quando Landon estendeu a mão para meu pai. Juro que por alguns
segundos achei que ele não fosse aceitar o cumprimento.
— Estou ótimo e feliz por conhecer o namorado da minha filha — papai disse, apertando
sua mão.
— Bom, eu sei que não tivemos um bom começo. Eu já pedi perdão a Eva, mas queria
me desculpar com vocês também. Sei que minhas atitudes do passado causaram efeitos
colaterais em toda a família e que vocês não têm nenhum motivo para simpatizar comigo ou me
querer perto da sua filha, mas farei o impossível para que nossa história tenha um desfecho
diferente dessa vez — declarou e me senti orgulhosa por suas palavras.
Pude perceber no brilho do olhar dos meus pais, que era exatamente o que eles queriam
escutar.
— Fico feliz que reconheça suas decisões equivocadas, senhor McFarland, mas não
vamos falar do passado hoje — mamãe pediu gentilmente.
Cumprimentamos o restante da minha família e tanto Alexander quanto meus primos
trocaram apertos de mão educados com Landon.
Depois das formalidades, fomos para a nossa mesa. Por causa da quantidade de pessoas,
a família ficou dividida em duas mesas enormes, posicionadas uma ao lado da outra.
Dei graças a Deus por mamãe ter colocado Alexander, Dominic e Harry em uma mesa
com suas respectivas famílias, enquanto eu e Landon ficamos em outra junto com meus pais,
tia Julie e tio Romeo.
Seria terrível que meu irmão e primos tivessem a oportunidade de alfinetar Landon
durante a festa.
— Você está causando uma ótima impressão — sussurrei em seu ouvido.
— Eu só me importo com o que você pensa — ele devolveu e meu coração falhou uma
batida.
— Filha, chegou o momento, se quiser mesmo discursar tem que ser agora — mamãe
disse baixinho ao se aproximar.
— Eu vou sim — confirmei e me virei para Landon. — Eu vou fazer um discurso para o
meu pai, já volto — disse e me levantei.
Caminhei com minha mãe até o pequeno palco. A música cessou e ela começou a
agradecer pela presença de todos os convidados. Mamãe era uma ótima oradora. Depois que ela
finalizou eu fiquei pensando no que fazer para superar suas palavras, mas então me lembrei que
teria que falar sobre o meu pai e relaxei.

+++
Landon McFarland

Ignorei os olhares da mesa ao lado e acompanhei os passos de Eva até o tablado onde a
banda estava acomodada.
Em seu vestido branco de seda, ela parecia um anjo que tinha acabado de descer do céu.
— Pai, eu nunca fiz questão de discursar no seu aniversário porque, desde o dia que eu
aprendi a falar, sempre fui incentivada a te dizer tudo o que sentia, mas dessa vez eu queria que
todos soubessem o que penso do senhor. Eu amo a forma como enxerga a vida, sempre tão
calmo e justo, encontrando soluções leves para problemas que, para mim, pareciam pesar uma
tonelada. Você sempre me acolheu com palavras sábias, abraços carinhosos e silêncios que só
nós entendíamos. Se todas as pessoas do mundo te enxergassem através dos meus olhos,
certamente veriam a pessoa incrível que é, e principalmente a sorte que eu tenho de ser sua
filha. Feliz aniversário, eu te amo.
Eva foi aclamada com uma salva de palmas.
Tony, que estava sentado logo a minha frente, se levantou e foi ao seu encontro. Os dois
se abraçaram por longos minutos assim que ela desceu as escadas e fiquei admirando a
cumplicidade entre pai e filha.
Eu nunca tive aquele tipo de relação com meu pai, mas admirava quando via uma família
estruturada como a dela.
Estava distraído com meus pensamentos, mas senti quando Alexander se sentou ao meu
lado.
— Então você finalmente conseguiu uma segunda chance com a minha irmã — ele disse
enquanto bebia seu uísque.
— Sim, e dessa vez, nada nem ninguém vai ficar no meu caminho — rebati.
— Se eu me lembro bem, você foi o principal obstáculo do caminho de vocês no passado
— alfinetou e precisei concordar.
— Você tem razão, eu não agi bem com a sua irmã, fui um canalha, mas todos temos um
passado. Do mesmo jeito que eu errei, tenho certeza de que você também já errou, o importante
é reconhecer nossas falhas e pode ter certeza de que sou o maior crítico de tudo o que
aconteceu, mas estou disposto a oferecer minha melhor versão, pois Eva não merece menos que
isso — declarei e ele ficou longos segundos me analisando.
— Um belo discurso, mas só o tempo vai dizer se podemos confiar em você algum dia.
— Eu só preciso que a Eva confie — afirmei.
— Concordo, se a fizer feliz, já está de bom tamanho. — Então se levantou e foi embora.
— E aí, como foi? — Eva perguntou ao se sentar do meu lado.
— Eles estão preocupados com você. Depois de tudo que aconteceu é normal que
queiram algum tipo de garantia.
— Com o tempo vocês vão se tornar bons amigos — ela afirmou, animada, e apenas
assenti.
Eu sabia que eles talvez nunca simpatizassem comigo e isso não era uma coisa relevante
para mim, eu respeitaria toda sua família, mas só me importava em ter o perdão da mulher que
eu amava.
Eva Stone

Após dançar duas músicas comigo, Landon foi ao banheiro, enquanto fui até o bar e pedi
uma taça de champagne.
— Então foi por causa do famoso Landon McFarland que a gente nunca deu certo —
Bruce disse, parando ao meu lado.
Ele era advogado das Indústrias Stone e na época em que morei em Londres nós tivemos
um breve relacionamento, no entanto, depois que voltei a morar em Nova York as coisas nunca
engataram de verdade. Apesar de gostar da companhia dele, ele nunca me fez sentir viva como
acontecia quando eu estava com Landon.
— Vamos ser sinceros, Bruce, nós nunca fomos apaixonados um pelo outro, tudo o que
sentíamos era tesão e aproveitamos muito enquanto durou — joguei a real e peguei minha
bebida.
— Está certa. Mas o histórico dele diz que vai cometer um deslize em algum momento e
eu estarei aqui esperando para te levar para jantar — brincou.
— Nós dois sabemos que você não é do tipo que espera por ninguém, mas eu vou me
lembrar disso — devolvi.
Todas as vezes que a gente se afastava, ele sempre se envolvia com alguém e tinha sido
assim ao longo dos anos. Meus primos falavam que ele estava esperando por mim, no entanto,
eu achava que ele não esperava por ninguém, apenas gostava do nosso jogo de gato e rato.
— Até mais, Bruce — disse e passei por ele.
Assim que me virei, avistei Landon conversando com dois senhores, mas seu olhar
estava em mim e poderia apostar que ele viu minha interação com Bruce.
Conforme me aproximava, ele dispensou seus bajuladores e se encontrou comigo no
meio do caminho.
— Não sabia que ainda falava com seu ex-namorado — ele alfinetou.
— Eu nunca namorei o Bruce, mas, sim, nós já transamos várias vezes, só que ambos
somos civilizados o suficiente para continuar convivendo. Fora que ele é cunhado e melhor
amigo do meu primo, além de ser advogado das Indústrias Stone, então vai ser impossível não
nos encontrarmos de vez em quando, como hoje.
— Eu não gostei de te ver com ele, ainda mais sabendo que já ficaram juntos.
— Landon, aqui não — pedi antes que minha família percebesse que estávamos
discutindo.
— Tudo bem, vamos voltar para a mesa — ele disse.
— Na verdade, acho que já podemos ir embora, está tarde — sugeri e ele concordou.
— Vou mandar o motorista trazer o carro.
Depois que ele mandou mensagem para Bill, fomos nos despedir dos meus pais e saímos
do evento.
Landon me convidou para dormir na cobertura dele, pois queria me mostrar onde ele
ficava quando estava em Nova York. O prédio ficava na região mais nobre do Central Park,
muito próximo ao edifício em que meus pais moravam, no entanto, a cobertura de Landon era
muito maior. Um triplex luxuosamente decorado e cheio de personalidade, com tudo de melhor
que o dinheiro poderia pagar.
— Nossa, essa cobertura é maravilhosa — elogiei quando paramos na sala principal.
— Relutei bastante antes de comprar, tive receio de te encontrar pela vizinhança, já que
seus pais moram aqui ao lado — ele revelou.
— Ou inconscientemente você a comprou pensando justamente em me encontrar —
provoquei.
— Você pode ter razão — ele aceitou e me beijou.
Achei que ele fosse continuar a discussão sobre o Bruce, mas me enganei.
Landon me pegou no colo e foi me beijando até chegar em seu quarto, que era tão
espetacular quanto o resto da cobertura.
Ele poderia fazer parte da geração dos novos ricos, mas tinha tanto bom gosto e
personalidade em tudo que colocava a mão, que poderia facilmente ser confundido com
qualquer magnata old money.

+++
Landon McFarland

Voltamos para o Texas no domingo à noite e dormi com Eva no hotel. Na manhã
seguinte, quando cheguei ao escritório, encontrei Douglas e Beatrice, ambos com expressões
preocupadas.
— O que foi agora? — questionei enquanto analisava os recados em cima da minha
mesa.
— Eu sabia que aquela galinha ainda ia ferrar sua vida — Beatrice disse, nervosa.
— Do que está falando? — questionei, confuso.
— Pedi que o setor de recursos humanos demitisse a Chiara e ela aceitou numa boa, mas
hoje de manhã parou sua irmã em uma cafeteria aqui perto e disse que estava grávida de você.
— O que? Isso é impossível, faz muito tempo que não saio com ela — falei, nervoso.
— Landon, a Eva já está tendo que aguentar a Natalie no rancho, se ela descobre sobre a
Chiara, seu relacionamento de conto de fadas vai para o espaço — Bea opinou.
— A Chiara está fazendo isso para se vingar, tenho certeza de que não está grávida, pelo
menos não de mim, eu sempre me precavi — declarei.
— Que seja, mas o simples fato de haver a possibilidade de existir uma mulher grávida
de você, pode colocar tudo a perder. A Eva não vai suportar toda essa carga.
Suspirei, cansado e desacreditado. Por que o destino tinha trazido Eva de volta à minha
vida só para me soterrar de problemas que me fariam perdê-la outra vez?
— Douglas, entre em contato com essa maluca e dê um jeito de calar a boca dela.
Preciso ganhar tempo para pensar no que fazer.
— Landon, e se por um azar do destino o preservativo estourou e essa maluca realmente
estiver grávida, o que pensa em fazer? — minha irmã questionou, temerosa.
Eu a encarei com fúria no olhar, sabia que ela não tinha culpa de nada, mas só o fato de
levantar aquela hipótese me deixou transtornado.
— Não fale besteira, Deus não me castigaria dessa forma, não agora que Eva voltou para
minha vida — falei e dei um murro na mesa.
Um filho com Chiara! O Universo deve me odiar.
— Douglas, faça o que eu pedi, fale com ela, ganhe tempo e descubra o que ela quer.
— Farei isso agora — respondeu e saiu do escritório.
— Não precisa falar nada, Bea, agora eu sei que você estava certa quando dizia que eu
teria problemas com aquela infeliz — admiti.
— Tomara que o Doug consiga negociar com essa maluca, mas enquanto isso não
acontece, acho que não deveria falar nada para a Eva, vai que é um alarme falso.
— Eu menti para a Eva no passado e não farei isso novamente, independentemente de a
Chiara estar grávida ou não, eu preciso falar a verdade para ela. Sei que é um risco, mas ela tem
que saber onde está se metendo — declarei e, mesmo a contragosto, ela assentiu.
Natalie e meu filho já eram cargas bem pesadas para Eva carregar, outra mulher nessas
condições seria motivo suficiente para ela me deixar para sempre.
Eva Stone

DIAS DEPOIS…

A pedido do doutor Perkins eu comecei a fiscalizar a retirada de algumas peças que


foram encontradas nas últimas escavações. Por causa da escassez de profissionais
especializados naquela área, eu tive que ceder dois funcionários do laboratório e precisei vigiar
o trabalho de perto.
— Aonde vai, Eva? — Sanders questionou quando viu eu me afastando da equipe que
cuidava das escavações.
— Vou ali na cachoeira e já volto — avisei.
— Não se afaste muito — alertou e eu assenti.
De vez em quando, após meu trabalho, eu caminhava até a cachoeira que ficava depois
da cerca e permanecia alguns minutos ali, apreciando a paz e a beleza daquele lugar. Como a
cachoeira ficava nas terras de Beatrice, eu fazia aquela visita com certa tranquilidade.
Estava prestes a voltar para as barracas quando avistei um homem a cavalo do outro lado
da margem. Fiquei toda arrepiada ao perceber que era o tal Suarez. Mas que diabos aquele
infeliz estava fazendo nas terras da Beatrice?
Virei as costas e caminhei rápido pela trilha, mas logo depois comecei a escutar o
barulho das patas do cavalo se aproximando. Já estava prestes a acionar o relógio, quando
avistei Sanders sacando a arma e vindo ao meu encontro.
— Calma, cara — Suarez disse, descendo do cavalo —, eu não quis assustar a senhorita
— afirmou com a mão descansando na arma que estava em sua cintura.
— Não é a primeira vez que te vejo rondando a senhorita Stone, se chegar perto dela de
novo, vai levar bala — Sanders ameaçou. Dois outros seguranças se aproximaram nesse
momento.
— Desculpe, não sabia que a madame era tão importante assim — disse, irônico. — Só
estava passeando por essas bandas, não queria assustar ninguém.
Engoli em seco, aquele homem me dava arrepios.
— Vamos embora, Sanders, já terminamos o trabalho aqui — falei e fui caminhando de
volta para o carro.
Os dois agentes me acompanharam, mas Sanders ficou para trás.
Permaneci dentro do carro esperando por ele, que voltou após alguns minutos e se sentou
atrás do volante.
— O que você acha que ele estava fazendo? — questionei temerosa.
— Claramente te seguindo, só não sei se ele realmente não sabia que você andava com
escolta, ou se está apenas fazendo um teatro para causar uma briga entre o seu namorado e o
patrão dele.
Por isso Sanders valia o que ganhava, eu jamais teria feito ligação entre os pontos dessa
maneira, mas suas suposições faziam todo o sentido.
Se Landon fosse tirar satisfações com Julian, eles provavelmente iriam brigar e talvez
fosse isso que o patrão de Suarez quisesse.

+++
Landon McFarland

Eu estava tentando manter Eva longe dos meus problemas, mas nos últimos dias Natalie
andava insuportável com suas provocações, especialmente após ter visto que eu saí na coluna
social do Times ao lado de Eva no aniversário do pai dela.
Desde o dia em que ela viu aquela maldita notícia nossa convivência ficou insuportável.
Ela sabia que estava morrendo e que eu teria o resto da vida para ficar com Eva e por mais que
eu soubesse que isso deveria ser doloroso, era terrível ter que aguentar seus chiliques.
Ordenei à babá que só deixasse Connor se aproximar nos dias em que ela estivesse
tranquila, não queria que meu filho absorvesse seu mau humor.
Fora isso, as negociações com Chiara continuavam o mais estranhas possíveis. Ela
ligava para Douglas, fazia ameaças sem sentido e desaparecia. Aquilo não fazia o menor
sentido e comecei a desconfiar de que talvez ela estivesse blefando, que a história da gravidez
fosse apenas uma invenção para me separar de Eva, por isso achei melhor esperar para revelar
toda a verdade.
Meus pensamentos foram interrompidos, quando Trey avisou que Sanders estava na
recepção da presidência e queria falar comigo.
Autorizei sua entrada, curioso para saber o que ele queria.
— Precisamos falar sobre a Eva, mais precisamente sobre a segurança dela — ele disse
quando começamos a conversar.
— Quando ela estiver comigo, não precisa se preocupar que o meu pessoal toma conta
dela — declarei.
— Na verdade, tanto a minha equipe quanto sua falhou nos últimos dias. Tem um cara a
perseguindo pela cidade, mas ainda não temos nada concreto contra o infeliz, talvez você possa
me ajudar a entender o que ele quer.
Sanders narrou tudo que vinha acontecendo nas últimas semanas e fiquei estarrecido por
saber que o funcionário dos Dunker andava rodeando a minha mulher.
Lembrei do dia em que fui buscá-la no trabalho, de como ela parecia desconfortável ao
me perguntar sobre Suarez, mas não imaginei que ela já estivesse desconfiada de alguma coisa.
— Vou mandar meu pessoal ficar de olho nesse desgraçado — esbravejei.
— Estou desconfiado de que ele talvez esteja fazendo isso para provocá-lo e causar
atrito com o patrão dele, não sei, é só uma ideia — Sanders sugeriu.
— Pode ser, de qualquer forma muito obrigado por me deixar a par dessa situação —
agradeci e me culpei mentalmente.
Estava tão atolado em problemas, que não prestei atenção na segurança de uma das
pessoas mais importantes da minha vida.
Assim que Sanders saiu, eu liguei para Julian Dunker.
— A que devo a honra dessa ligação — ele disse em tom de deboche.
— Ordene ao seu testa de ferro que pare de perseguir minha mulher pela cidade ou vou
dar um jeito nele — ameacei.
— Não estou sabendo de nada — respondeu.
— Já está avisado, se ele se aproximar mais do que o necessário, vai levar bala.
— Isso é uma ameaça? — questionou.
— Isso é um recado que eu espero que seja entregue àquele filho da puta.
Desliguei e segui para o hotel de Eva, durante o caminho liguei para Beatrice para saber
se Chiara a tinha procurado, mas ela disse que não tinha novidades e que também não poderia
falar, pois estava treinando a nova professora de dança que tinha chegado na cidade e que
ficaria responsável pela sua escola enquanto ela estivesse viajando com Douglas.
Tudo que eu não precisava naquele momento era que meu advogado tirasse férias, no
entanto, eu sabia que ele e minha irmã necessitavam daquele tempo longe das toneladas de
problemas que eu despejava em cima dele todos os dias.
Eva Stone

Landon não gostou nada de saber que o tal Suarez andava me seguindo e que eu não
tinha falado nada. Tentei explicar que ele já tinha problemas suficientes e que Sanders poderia
cuidar daquilo para mim, no entanto, ele disse que nossas equipes de seguranças trabalhariam
juntas para que o tal capataz não chegasse perto de mim em hipótese nenhuma.
— É sério, Eva, minha nova funcionária é um anjo que caiu do céu. Sabe aquelas
pessoas que têm o dom da dança? Ela não fez metade dos meus cursos e mesmo assim dança
melhor do que eu — Beatrice disse enquanto tomávamos café em um lugar charmoso próximo
ao hotel.
— E de onde ela é?
— Aqui do Texas mesmo, foi expulsa de casa pela madrasta, uma amiga falou sobre a
vaga que tinha na minha escola de dança e quando conversamos, fiquei com pena da garota.
— Uau, que história, mas se ela foi expulsa de casa, não deve ter onde morar, como ela
está se virando por aqui? — questionei.
— Eu cedi um pequeno apartamento que tem nos fundos do estúdio de dança, ela vai
ficar lá até conseguir pagar por alguma coisa melhor.
— Que sorte ela teve de te conhecer. Vai fazer o que ama e ainda vai aprender muito
com você — comentei.
Fomos interrompidas quando uma moça loira se aproximou da mesa. Logo notei que era
a ex-coelhinha e funcionária do Landon.
— Aqui não, Chiara, ligue para o doutor Douglas e converse com ele — Beatrice disse
irritada.
— E por que não? A namorada do Landon não pode saber do canalha que ele foi
comigo?
— Do que ela está falando, Bea? — questionei.
— Landon a demitiu e ela não se conforma com isso — minha cunhada explicou e a
loira soltou uma risada alta.
— A verdade, Eva, é que eu estou grávida do seu namorado e ele não quer assumir o
filho.
As palavras da Chiara me deixaram paralisada.
Landon tinha engravidado a secretária?
— Dê o fora daqui, sua parasita — Beatrice vociferou. — Eva, por favor, não acredite
nessa maluca, ela só está fazendo isso para se vingar do Landon — explicou, mas eu
continuava em choque, assistindo de camarote a tempestade que se formava dentro de mim.
— Eu não estou me sentindo bem, Bea, vou voltar para o hotel.
— Por favor, converse com o meu irmão e o deixe explicar. Mesmo que essa maluca
esteja falando a verdade, vocês não estavam juntos. Não foi uma traição.
— Eu sei, Bea, mas minha cota de aceitar as burradas do seu irmão chegou ao limite. Eu
aceitei o filho, os desaforos da Natalie e o fato de ela estar morando com ele, mesmo depois do
divórcio, mas não sei se consigo aceitar mais uma mulher histérica com um filho — falei,
jogando o guardanapo em cima da mesa, e fui embora.
Meus olhos estavam nublados por lágrimas, enquanto eu decidia se sentia raiva ou pena
do nosso trágico destino, eu sabia que ele me amava, que aquele filho não seria um empecilho
para ficarmos juntos, mas eu me negava a carregar mais aquela carga da sua história.
Eu tinha criado um verdadeiro laço com Connor, seria capaz de amá-lo com um filho,
mas não conseguia me imaginar interagindo com Chiara ou cuidando do filho deles, mesmo
que a criança não tivesse culpa. Para não sofrer, eu preferia me afastar.
Fui caminhando para o hotel e quando cheguei no meu quarto Landon já estava lá.
— Beatrice agiu rápido — falei e passei por ele.
— Eva, por Deus, isso é só uma invenção para nos separar. Em nenhum momento, desde
que essa história veio à tona, ela apresentou qualquer exame de gravidez — explicou e passou
as mãos pelos cabelos.
— Eu te amo, Landon e sei que você me ama, mas a carga que você carrega é grande
demais para mim, eu preciso me afastar de tudo isso.
— Eva…
— Landon, resolva sua vida, e se for para ficarmos juntos um dia, vai acontecer, mas
nesse momento eu não consigo. Boa parte do meu trabalho já foi entregue, vou pedir para a
minha equipe terminar as peças que faltam e voltar para Nova York.
— Por favor, não me deixe outra vez, eu preciso de você — declarou e senti um nó se
formando na minha garganta.
— Faz assim, resolva sua vida primeiro e depois a gente conversa. Mas saiba que se sua
secretária estiver mesmo grávida, eu não vou suportar, não me peça para ficar ao seu lado
depois disso — falei, sem tentar reprimir as lágrimas que rolavam livremente pelo meu rosto.
— Eu me odeio pelas decisões que tomei, mas principalmente por te fazer sofrer — ele
admitiu. — Prometo que vou resolver toda essa merda e te buscar para ficar comigo.
Meneei a cabeça positivamente, rezando para que fosse mesmo assim, pois minha cabeça
estava muito confusa, com meu coração sofrendo e o estômago revirado por não ter certeza do
que estava fazendo, só sabia que não aguentaria outra decepção.
— Eu quero ficar sozinha — anunciei e me afastei.
— Tudo bem, mas me prometa que vamos manter contato, vou desmascarar a víbora da
Chiara e depois vou te buscar — declarou.
Eu não sabia o que faria da minha vida, a única certeza que eu tinha, era que dessa vez
eu não colocaria minha família no meio de tudo aquilo.
— Tudo bem, mas agora vá, por favor.
Landon assentiu.
— Vou ligar para meu piloto, ele vai te levar para Nova York — avisou.
— Não precisa, Landon, eu posso ir de voo comercial, não vou incomodar meus pais
pedindo o jato a essa hora da noite.
— Faço questão, me deixe cuidar de você — ele pediu.
Imaginei a cena do meu choro e do olhar dos curiosos vendo Eva Stone se
desmanchando em lágrimas durante o voo e acabei aceitando sua oferta.
Sofrer em seu jato que valia milhões de dólares, era um ótimo prêmio de consolação por
ter perdido Landon para Natalie e a coelha dos infernos.
Assim que ele foi embora eu me dei o direito de chorar, pela teimosia do meu coração
que continuava teimando em amar aquele homem.
— Por que, meu Deus? — questionei e caí de joelhos no carpete do quarto.
Será que eu nunca conseguiria ser feliz de verdade?
Será que estava destinada a sofrer por Landon McFarland pelo resto da minha vida?
Eva Stone

Sofrer na idade adulta, estava sendo diferente do que quando sofri na época da
universidade, porque mesmo sofrendo, eu conseguia comer, trabalhar, sorrir falsamente e viver.
Nada era real, me sentia uma atriz trocando de máscaras o dia todo para que as pessoas não
percebessem como eu estava por dentro.
A única pessoa que sabia de tudo era Maddy, pois eu iria enlouquecer se não abrisse o
jogo com alguém.
— Duas semanas sem ele e você parece ótima — Maddy disse no fim do nosso
expediente.
— Por dentro eu estou triste, mas agora posso afogar essa tristeza em uma bela garrafa
de vinho — comentei e sorrimos.
— E você ainda não contou para sua mãe sobre os motivos do término de vocês? —
minha amiga questionou.
— O assunto é pesado demais e como não tenho certeza se a garota está grávida mesmo,
resolvi falar que pedi um tempo até que a Natalie vá embora da casa dele, acho que ela
acreditou, porque não me perguntou mais nada.
— E o seu pai e o Alexander falaram o que?
— Bom, eles entenderam que Natalie está em estágio terminal, que Landon tinha que
acatar o último pedido, mas que eu fiz bem em me afastar até que tudo se resolvesse.
— Acho que você foi esperta, porque se quiser voltar para seu bonitão algum dia, os
laços entre ele e sua família não foram destruídos.
Era exatamente naquilo que eu tinha pensado.
Estava magoada por causa de toda a situação e torcia para que Deus acalmasse meu
coração.
— Vou sair para beber hoje à noite com a Rachel e a Leslie, não quer ir com a gente? —
Maddy questionou
Avaliei seu convite. Se não saísse para beber com elas, certamente beberia vinho em
casa, enquanto escutava a playlist que me fazia lembrar de Landon e chorava, lembrando dos
nossos momentos felizes. Por fim, entraria em uma briga interna para não ligar para ele ou
atender suas ligações que aconteciam todos os dias, no mesmo horário, mas que chamavam até
caírem na caixa de mensagem.
— Eu vou com vocês, mas pretendo voltar cedo — disse e minha amiga comemorou.
Cair na noite em uma sexta-feira depois de um dia cansativo não era o que eu tinha em
mente para a minha vida, mas era o que eu poderia fazer para amenizar a falta que Landon
fazia.

+++

O bar que elas escolheram para o nosso happy hour era super badalado. Nós nos
acomodamos a uma mesa na área externa e ficamos admirando a bela noite de Nova York.
— Aquele ali não é o Bruce? — Leslie inquiriu, apontando para o bar.
O advogado, que estava conversando com um senhor, deve ter sentido nossos olhares,
pois virou em nossa direção e sorriu ao me ver.
Minutos depois, encerrou a conversa e se aproximou da nossa mesa. Após cumprimentar
minhas amigas, ele se sentou ao meu lado.
— Eva, achei que não tivesse mais vida social, que seu programa favorito agora era
viajar para o Texas e tocar o gado com seu Rei do Petróleo.
— A gente deu um tempo — falei para que ele parasse com as gracinhas.
— Bom, meu convite para jantar continua de pé — gracejou.
Revirei os olhos e continuei bebendo.
Bruce estacionou em nossa mesa e fez a festa das meninas, mandando vir combos de
bebida e contando histórias que as deixavam impressionadas.
Ele era um cara bonito, rico, engraçado e que não tinha ex-mulher, nem filhos, uma
pessoa com uma página em branco do jeito que eu pedia a Deus nos meus sonhos.
Não sei se era a raiva pelas decisões erradas de Landon, ou por causa do efeito da
bebida, mas a cada taça de vinho que eu bebia, os problemas ficavam mais distantes e o Bruce
mais atraente.
Ele não era melhor que Landon, jamais seria, no entanto, alguma parte daquela Eva
bêbada sentiu vontade de se vingar.
— Aonde vai? — Bruce perguntou quando me levantei da mesa.
— Ao banheiro, já volto — avisei e ele assentiu.
Caminhei sentindo o corpo leve e as bochechas pegando fogo, entrei no banheiro, depois
na cabine, abaixei a tampa do vaso e liguei para minha mãe.
— Oi, meu amor — ela disse em tom amoroso.
— Estou em um happy hour com as minhas amigas, bebi várias taças de vinho, estou
morrendo de raiva do Landon e louca para me vingar de tudo o que ele me fez, mas sei que não
é a Eva real que quer fazer isso, quais as chances de eu me arrepender amanhã?
— Depende do que vai envolver essa vingança — ela comentou.
— O Bruce está aqui dando em cima de mim a noite inteira, pensei em ficar com ele, vai
que por um milagre divino eu sinto algo diferente e as coisas dão certo entre nós…
— Filha, se você estivesse com o Landon, eu seria contra, mas devido as circunstâncias,
sou completamente a favor, vá lá e beije seu ex-affair, se bater o arrependimento amanhã, a
gente resolve na terapia de mãe e filha — incentivou e eu sorri.
Um sorriso de bêbada que tinha ganhado apoio para fazer uma grande merda.
Finalizei a ligação, retoquei a maquiagem e voltei para a mesa.
Bruce ainda estava lá com seu sorriso de príncipe e olhar determinado.
— Ele está louco pra te levar pra cama — Leslie disse baixinho quando ele se afastou
para cumprimentar duas amigas.
— E talvez eu queira ir — rebati e sorrimos.
— Eva, pelo amor de Deus, você ama o Landon, não faça algo de que vai se arrepender
amanhã — Maddy aconselhou.
Suspirei e bebi o restante do meu vinho.
Bruce voltou para a mesa, pediu mais uma garrafa e continuamos bebendo e
conversando. Nesse meio tempo, eu decidia se caía nos encantos daquele libertino e me dava
uma chance de viver algo diferente, ou esperava o desfecho do enredo da vida de Landon, para
ver o que sobraria dele para mim.
Esse pensamento me irritou, parecia que eu sempre teria que dividi-lo com alguém e eu
merecia mais que isso.

+++
Landon McFarland

Nunca, em toda a minha vida, eu imaginei que pudesse sofrer tanto por uma mulher
como estava sofrendo por causa de Eva. Da primeira vez que terminamos as coisas foram
difíceis, a família dela estava contra, eu não conseguia me aproximar, não tinha mais seu
número de telefone e fiquei isolado, completamente impossibilitado de falar com ela.
Daquela vez era diferente, tive que deixá-la ir porque ela não aguentou o peso das
minhas más decisões. Eu me sentia culpado por ter experimentado um amor tão real e tê-lo
deixado escapar por entre os meus dedos.
Passei tantos anos odiando Eva por causa de tudo que aconteceu no passado, por sua
rejeição, que experimentar aquilo de novo, era tão amargo que chegava a sufocar.
Além da falta de Eva, eu ainda tinha de lidar com Natalie, que estava cada dia mais
debilitada e irritante.
— Aposto que está pensando nela — Natalie disse ao me encontrar na sala.
As luzes estavam apagadas e a única claridade vinha do jardim.
— Achei que já estivesse dormindo — falei e bebi um gole do meu uísque.
— Responda a minha pergunta — insistiu.
— Sim, Natalie, eu estava pensando na Eva.
— O que mais me dói é saber que você nunca me amou, você nem tentou, simplesmente
se conformou em ficar comigo e foi levando a vida — acusou.
Ela estava certa, foi exatamente isso que aconteceu e me arrependia amargamente de não
ter quebrado a promessa que fiz ao Frank e me separado antes.
— Não quero discutir, Natalie, você venceu, eu não estou mais com a Eva, agora vá
lamber suas feridas no seu quarto e me deixe em paz com a minha própria miséria — pedi e vi
seu olhar vacilar.
— Eu nunca te vi tão triste, bebendo tanto. Não esqueça que eu estou morrendo e você
precisa cuidar do nosso filho — disse e quase acreditei em sua preocupação.
— Não se preocupe, eu sei me cuidar e cuidar do Connor, faço isso desde que ele nasceu
— declarei e fui me levantando. — Boa noite — falei e a deixei sozinha na sala.
Passei pelo quarto do meu filho e lhe dei um beijo, depois segui para a minha suíte.
Todos os dias, depois que chegava do trabalho, eu enchia um copo com meu uísque
favorito, entrava no closet de Eva, borrifava seu perfume pelo ar, e ficava sentindo seu cheiro,
morrendo de saudade dela.
Era um ato quase destrutivo, que mantinha meu sofrimento vivo e as esperanças
também. Douglas tinha conseguido marcar uma reunião com Chiara no dia seguinte e com
alguma sorte ela desistiria daquele plano maluco, aceitaria o dinheiro que eu estava disposto a
pagar e me deixaria em paz.
Como não estava conseguindo dormir, fui até a sala de segurança para pegar o relatório
sobre o dia da Eva e conversar com Bill. Eu geralmente o lia antes de dormir, no entanto,
naquela noite, tive uma surpresa quando ele comunicou que ela tinha saído com as amigas, um
roteiro diferente do que vinha fazendo.
Todavia, o que mais me deixou perplexo não foi o fato de ela ter saído com as amigas e
sim ter ido embora com Bruce Van Buren, seu ex-ficante. Conforme eu ia passando as imagens,
um ciúme descomunal foi crescendo dentro de mim.
Eu já tinha visto fotos dela acompanhada de outros homens, mas naquela época eu
estava casado e nem cogitava que algum dia ela voltaria para minha vida. O contesto agora era
diferente. Ver a mulher que, até poucos dias atrás, dividia a cama comigo entrando no carro de
outro homem, fez despertar o pior que havia dentro de mim.
Apenas duas semanas haviam se passado e ela tinha seguido em frente, enquanto eu
estava mergulhado em problemas e morto de ciúme por saber que não era tão importante em
sua vida quanto acreditava ser.
Continuei olhando as fotos, feito um sádico que sabia que encontraria algo que o
destruiria, e mesmo assim continuei. Meu peito se apertou quando vi a foto que mostrava Eva
beijando o infeliz dentro do carro dele. As fotos seguintes eram deles entrando no edifício onde
Bruce morava.
Não precisava ser nenhum gênio para saber o que tinha acontecido depois.
Guardei o relatório no meu cofre do escritório, segui para a sala e servi uma generosa
dose de uísque, depois outra e outra, Durante esse tempo, imagens dela com outro homem
perturbavam minha mente.
Não sabia se Eva estava fazendo aquilo para seguir em frente ou por pura vingança, mas
doeu e iria continuar doendo por muito tempo.
Sentia-me culpado por saber que fomos tão felizes nas últimas semanas, mas que
naquele momento ela estava nos braços de outro homem por culpa minha.
Adormeci no sofá da sala mesmo e despertei com a voz da Natalie me chamando.
— Pelo amor de Deus, Landon, não basta eu estar morrendo por causa da bebida, agora
você também vai se entregar ao vício — disse, revoltada.
Eu a encarei, sentindo a cabeça prestes a explodir e os olhos irritados por causa da
claridade.
— Vou para meu quarto — anunciei e comecei a me levantar.
Assim que consegui me estabilizar, vi que na mesa de centro havia uma garrafa de
uísque vazia e três charutos pela metade. Fazia tanto tempo que eu não fumava aquela porcaria,
que só de pensar no cheiro do uísque misturado com a fumaça meu estômago embrulhou.
— E o trabalho, você precisa ir para o trabalho — ela disse preocupada.
— O mundo não vai acabar se eu não for trabalhar hoje.
Ela me encarou perplexa.
— Foi assim que eu comecei, Landon, bebendo um pouco todos os dias, deixando de
fazer coisas importantes da minha rotina, tomando remédios para curar uma dor que não era
física, até me tornar isso daqui. — Apontou para si mesma. — Eu sei que está triste por causa
da Eva, mas o Connor precisa de você sóbrio e inteiro.
Talvez o estágio avançado da doença a tenha feito pensar mais no filho e me ver naquele
estado certamente a deixou preocupada, mas eu não pretendia virar um alcoólatra, então sua
preocupação era totalmente infundada.
— Não se preocupe, foi somente um deslize. Agora eu vou para minha suíte. Por favor,
avise aos funcionários que eu não quero ser incomodado — pedi e passei por ela.
Quando Eva reapareceu, minha vida pessoal estava um desastre, mas eu ainda tinha
algum foco no trabalho. Em pouco tempo ela se tornou o centro do meu mundo, coloquei toda a
minha energia e esforços no nosso relacionamento, mas depois de ter visto todas aquelas fotos,
eu simplesmente me sentia perdido, sem rumo ou forças para me encontrar.
Era triste admitir que eu tinha construído um império, mas a ausência daquela mulher me
fazia sentir o rei de um castelo vazio.
Eva Stone

Despertei no dia seguinte na completa escuridão, sentindo uma dor de cabeça terrível e
isso não tinha nada a ver com a qualidade do vinho que eu bebi a noite toda e sim com a
quantidade.
— Bom dia, dorminhoca — Bruce disse ao acender a luz e só então eu comecei a me
desesperar de verdade.
Olhei ao redor e vi que estava na suíte do apartamento dele. Quando olhei embaixo do
lençol e vi que estava nua, uma coisa começou a queimar minha garganta.
Mas. Que. Grande. Merda!
— Bruce, a gente…
— Não, Eva, você chegou aqui quase desmaiada — ele disse, depositando uma bandeja
na minha frente.
— Desculpe por isso.
— Não tem problema, mas na próxima vez…
— Não terá próxima vez, nunca mais vou beber desse jeito — falei e saí da cama
enrolada no lençol, mas fui interceptada por Bruce.
— Ei, pra que a pressa? Ontem não deu para fazer nada, mas agora estamos ambos
lúcidos…
— Fale por você. De qualquer forma, isso entre nós não vai mais rolar.
— Você disse isso na primeira vez que dormimos juntos e na décima também, então
acho que já estou acostumado com essa parte do enredo — ele brincou.
Era diferente. Eu amava Landon e precisei passar a noite – mesmo que sem sexo – com
um ex-affair, para entender que meu coração jamais aceitaria outra pessoa.
Ignorando suas palavras, peguei minhas roupas e me tranquei no banheiro.
Enquanto tomava banho, pensei no que poderia ter feito naquela noite se tivesse bebido
um pouquinho menos, mas me acalmei ao lembrar que se tivesse rolado algo não teria
problema, porque eu tinha terminado com Landon e ele não poderia me cobrar nada.
Por dentro, entretanto, estava me sentindo péssima. Em minha ânsia de esquecê-lo, eu
tinha dado falsas esperanças ao Bruce e não gostava de fazer isso. Mesmo que não houvesse
nada romântico entre nós.
Após o banho, troquei de roupa e quando saí do quarto, encontrei Bruce sentado em uma
poltrona, totalmente despreocupado com o meu chilique.
— Quer que eu a leve em casa? — ele quis saber.
— Não precisa, Sanders já está chegando para me pegar — falei enquanto colocava os
sapatos.
— Tudo bem, qualquer coisa, me ligue.
Aproximei-me dele e beijei sua bochecha antes de me despedir e sair.
Quando cheguei a rua, Sanders já estava com o carro estacionado, esperando por mim.
Seguimos para meu apartamento e quando entrei em casa eu me sentia presa dentro de um
furacão de emoções.
Fui direto para meu quarto, coloquei uma camisola e depois preparei um café bem forte.
Estava há um bom tempo no balcão da cozinha, pensando na merda da minha noite, quando
meu celular tocou em cima da mesa.
Era Beatrice e meu coração acelerou.
— Alô.
— Oi, Eva, você pode falar?
— Posso sim, estou em casa.
— Landon já sabe que você saiu com outro homem, pior que isso, ele viu fotos de vocês
se beijando e depois entrando no apartamento do cara — declarou e meu coração começou a
pular no peito.
— Mas como…? — perguntei, preocupada.
— Isso é o de menos para homens como ele. Mas juro que nunca o vi tão triste, ele está
arrasado.
Eu também estava, mas não iria admitir antes de conversar com minha mãe para
entender o quanto aquela informação poderia me enfraquecer diante de Landon.
— Bea, nós não fizemos nada, eu estava bêbada demais. Mas mesmo que tivesse feito,
não teria problema, pois ainda estou com raiva do seu irmão e totalmente solteira, assim como
ele, então não vou me desculpar por nada — falei, sincera.
— Eu sei, Eva, mas ele está passando por uma situação difícil no momento. Enfim,
espero que vocês se acertem algum dia, porque ele te ama e acho que isso nunca vai mudar.
Engoli em seco e segurei a vontade de chorar.
Finalizamos a ligação e resolvi ligar para minha mãe para saber qual a opinião dela sobre
toda aquela confusão.
— Eva, você passou anos vendo o Landon desfilar em colunas sociais com a Natalie,
então ele que engula sua recaída com o Bruce.
— Eu sei, mamãe, mas estou me sentindo péssima, com um tipo de ressaca moral que eu
nunca senti na vida — admiti.
— Eu sei como é, mas garanto que se o Landon te amar de verdade, seu deslize será
perdoado. A maioria dos homens fica cego quando ama — revelou.
Eu ainda não sabia como seria o nosso futuro, mas suas palavras me deixaram aliviada.
Assim que finalizei a ligação, eu liguei para Alexander, pois queria ter uma visão
masculina da merda que fiz.
— Para me ligar a essa hora da manhã, você deve estar com um problema bem grande.
— Acho que sim — admiti.
— Estou ouvindo — declarou.
— Eu terminei com o Landon há uns quinze dias. Ontem saí para beber com as minhas
amigas e acabei beijando o Bruce e dormindo no apartamento dele. O Landon já sabe e acha
que eu transei com ele. O que eu faço?
— Uau, que rebeldia tardia é essa? — provocou.
— Alex, por favor, se fosse você no lugar do Landon, o que faria?
— A Celine não tem ex-namorados ou ficantes, mas certamente, se ela fizesse isso duas
semanas depois de terminar comigo, eu a odiaria por um bom tempo.
— Mesmo tendo sido só um beijo?
— Nós, homens, somos muito territorialistas.
— Mas eventualmente, quando estivesse com a cabeça mais fria, você ficaria com ela de
novo, ou seria caso encerrado?
— Eva, cada homem pensa de um jeito, mas não existe nada nesse mundo que me faça
ficar longe da mulher que eu amo. É horrível dizer isso, mas acho que nem se ela tivesse
passado a noite com outro cara eu conseguiria, então chegou a hora do seu mostrar se gosta
mesmo de você.
— Quer me convencer de que um amor verdadeiro supera tudo?
— Sim e a prova disso é que depois de todos esses anos você continua me pedindo
conselhos sobre o que fazer em relação ao Landon.
— Para você eu posso falar o motivo do nosso término, porque sei que não vai abrir o
bico. Basicamente, depois de aceitar o filho e a ex-esposa morando no rancho, apareceu uma
maluca falando que está grávida dele. É coisa demais para superar.
— Nossa, esse cara não tem um minuto de paz — comentou com humor. — Mas vamos
ser práticos. O garotinho não tem culpa e você já se apegou a ele, a ex-mulher está nas
últimas, então logo é carta fora do baralho, e quanto a maluca que pode estar grávida, se for
mesmo verdade, ele vai assumir a paternidade, pagar uma bela mesada e a criança,
provavelmente, será criada por babás e bem longe de vocês.
— Você faz as coisas parecerem tão fáceis.
— E são, na realidade em que vivemos, dinheiro resolve tudo. Mas falando sério. Se
você realmente ama o infeliz, vá atrás dele, antes que ele pense em revidar.
— Ui, não fala isso nem de brincadeira — repeli e fiz o sinal da cruz.
Finalizei a ligação após mais alguns conselhos e fui direto para a minha despensa em
busca de uma caixa das minhas trufas preferidas. Um pouco de glicose no sangue iria me ajudar
a decidir se ia atrás de Landon ou não. Suspirei em desgosto ao ver que tinha acabado, porém,
aquilo não seria um problema.
Coloquei uma roupa e desci para ir comprar meu chocolate preferido numa charmosa
cafeteria que ficava próxima ao meu edifício.
Entrei no estabelecimento e fui direto para as gôndolas onde ficavam os chocolates
especiais; olhei todos os rótulos e não encontrei nada.
— Precisa de ajuda, senhorita Stone? — um dos funcionários perguntou ao me ver
parada em frente aos chocolates.
— Estou procurando as trufas de cereja da Mask Candy.
— Ah! Não recebemos mais, parece que a fábrica parou de fazer.
— O que? Como assim?
— O nosso fornecedor disse que ela foi vendida e o novo dono decidiu não fabricar
mais. Os outros chocolates do catálogo continuam vindo normalmente, só as trufas foram
riscadas do cardápio.
Fiquei me sentindo uma drogada que tinha acabado de descobrir que sua droga favorita
nunca mais seria fabricada.
— Isso é um grande erro, eu amava aquelas trufas — comentei desgostosa.
— Os clientes estão mandando e-mail para a empresa que comprou a fábrica, faça o
mesmo, quem sabe eles voltem a fabricar — ele sugeriu e tudo o que pude fazer foi assentir.
Voltei para o meu apartamento com alguns chocolates que imitavam a Mask Candy, mas
o gosto não era igual e isso me deixou frustrada.
Como eu não pretendia sair para trabalhar naquele dia, sentei-me no sofá, peguei meu
MacBook e comecei a procurar o nome da empresa que tinha comprado a fábrica de chocolates.
Fiquei perplexa ao saber que se tratava da Holding McFarland.
A aquisição tinha acontecido há bem pouco tempo, mais ou menos na época em que
reencontrei Landon. Aquilo parecia muito suspeito, mas me neguei a acreditar que ele tinha
feito aquilo de caso pensado, não fazia sentido comprar a fábrica para proibir a fabricação do
meu chocolate preferido. Ou fazia?
Bom, só tinha um jeito de descobrir!
Peguei o celular e disquei o número dele; Landon atendeu no terceiro toque e meu
coração ficou cheio de ansiedade.
— O que você quer, Eva? — ele inquiriu, impaciente.
— Que você volte a fabricar minhas trufas de cereja — falei de uma vez.
— Ah, então é isso. Depois da noitada de ontem você está precisando do seu chocolate
— alfinetou.
— Landon, não misture as coisas, se estou solteira é porque você tem duas malucas no
pé e mais um filho a caminho — rebati.
Ele tinha que entender que toda aquela situação me deixou sem saída.
— Para sua informação, eu acabei de saber que Chiara não está grávida, a infeliz só
queria dinheiro e Doug conseguiu fechar um acordo com ela. Mas isso não importa, você já
está com outro e não temos nada para conversar — declarou e meu estômago ficou
embrulhado.
— Eu não estou com ninguém! Você sabe que eu te amo e agora que tudo está se
resolvendo a gente pode conversar — declarei.
— Não, Eva, não podemos! Agora que tudo está se resolvendo você ficará sem mim e
sem seu chocolate — disse e desligou na minha cara.
Cobri o rosto com as mãos e me amaldiçoei por minha impulsividade. Desde o começo
Landon tinha me alertado que aquilo poderia ser uma armação da Chiara, mas eu não quis
esperar, preferi fugir e teria que aguentar as consequências daquela decisão.
Eva Stone

— Não acredito que você desligou na cara dela — Beatrice disse na segunda-feira, quando
confidenciei os últimos acontecimentos entre mim e Eva.
Ela tinha passado na minha casa para ver Connor e aproveitou para almoçar comigo.
— Se um dia o Doug passar a noite com outra mulher e depois te ligar pedindo chocolate,
você vai fazer o mesmo — rebati e ela soltou uma gargalhada.
— Bom, levando-se em conta que a Eva estava solteira, você poderia relevar a situação e
tentar se acertar com ela — sugeriu.
— A Natalie piorou esta semana, então não acho que seja um bom momento para
conversar com a Eva.
Desde o dia da minha bebedeira, Natalie não conseguiu mais sair do quarto e
provavelmente teria que ser transferida para um hospital. Eu só estava esperando ela concordar
para conversarmos, pois sua teimosia a deixava cega.
— Quanto a isso você tem razão, é triste ver a Natalie definhando mais e mais a cada dia.
Apenas assenti, sem querer pensar no seu fim.
— Bom, eu tenho que ir para o escritório — declarei.
— E eu para o estúdio de dança. Acredita que apareceu uma infiltração no teto? —
reclamou quando nos despedíamos. — Bom, deixa eu ir porque preciso resolver isso ainda hoje
— disse e se foi.
Antes de sair de casa, fui até a cozinha, abri a geladeira e quando fui pegar uma garrafa de
água, notei duas caixas da bendita trufa que tinha comprado para Eva, ciente de que logo os
estoques sumiriam das prateleiras das lojas e supermercados.
Balancei a cabeça ao pensar que ela mataria por aqueles chocolates.
Fechei a porta da geladeira e segui para a empresa, pensando nas reuniões que eu teria no
início da tarde.
Tinha tomado a decisão correta ao voltar para a minha rotina de trabalho, pois se ficasse
em casa, eu me entregaria ao álcool e outras coisas destrutivas que não me levariam a nada. Eu
tinha passado tantos anos longe de Eva, que havia aprendido a maquiar meus sentimentos,
enganar meus pensamentos e viver como se ela não existisse ou afetasse. Bastava voltar ao
mesmo padrão.
— Estamos recebendo centenas de e-mails dos clientes da Mask Candy reclamando sobre
a falta da trufa de cereja. Se sua decisão for irrevogável, precisamos soltar uma nota a respeito —
Douglas avisou depois da reunião com a diretoria.
— Não faça nada por enquanto, ainda vou pensar sobre isso.
— Outra coisa, Landon, sua indicação para o clube de cavalheiros de Nova York foi
aceita.
— Achei que o Alexander tivesse votado contra novamente — comentei.
— Parece que seu cunhado mudou de ideia.
Fiquei surpreso com a notícia. Fazia algum tempo que eu tinha sido indicado por um
amigo meu que era sócio daquele clube e não fui aceito, o que me irritou. Poderia parecer
egocêntrico de minha parte querer entrar em um clube tão seleto, mas meu intuito maior era
aumentar minha rede de contatos, pois havia pessoas muito poderosas naquele lugar, gente que
poderia alavancar ainda mais meus negócios.
— Tanto faz, eu não estou mais com a irmã dele.
— Nós dois sabemos que isso é temporário — declarou.
Ignorei suas palavras e olhei para a tela do telefone. Era Eva.
— O que você quer agora? — questionei.
— Que você autorize minha entrada no rancho, já estou a caminho.
— Eu não estou em casa e não tenho nada para falar com você — rebati.
Estava louco para vê-la, mas meu orgulho não deixaria que aquilo acontecesse.
— Você é muito presunçoso mesmo, não quero falar com você — declarou.
— Com quem então? — questionei curioso.
— A Natalie me ligou ontem à noite e pediu para ter uma última conversa comigo, falou
que está muito mal e precisava me ver.
Aquilo me pegou de surpresa.
— Eu só vou entrar e ver o que ela quer, depois vou embora, prometo que você não vai se
encontrar comigo — explicou.
— Tudo bem, vou autorizar sua entrada.
— Obrigada — disse e desligou.
— Eu sei que não é da minha conta, mas acho melhor você ir para lá, Natalie pode estar
armando alguma coisa — Doug ponderou quando falei o que Eva queria.
Liguei para meu secretário e pedi que ele cancelasse a última reunião.
Natalie estava muito debilitada fisicamente, mas sabia o estrago que suas palavras
amargas poderiam causar no emocional de Eva.

+++
Eva Stone

Enquanto Sanders guiava o carro para dentro do rancho de Landon, eu me peguei


pensando se estava ali por solidariedade ao desespero que Natalie demonstrou ao telefone, ou se
aquele pedido se transformou em uma forma de eu me aproximar dele.
Fiquei incomodada por saber que, de alguma forma, ela tinha total acesso a ele, enquanto
eu precisava pedir permissão para entrar.
“Ela está morrendo…”, a voz da razão alertou.
— Já volto — disse a Sanders e desci do carro.
Fazia uma tarde fria em Sun Valley, por isso fechei meu casaco e caminhei em direção a
porta de entrada.
Apertei a campainha e logo uma funcionária apareceu para atender.
Ela avisou que Natalie estava me esperando e pediu que eu a acompanhasse.
O cheiro da casa me fez lembrar de Landon e da primeira vez que estive ali com ele.
A funcionária parou no corredor e abriu a porta do quarto. Ao entrar, avistei Natalie na
cama, ouvindo o que a enfermeira falava.
Nossos olhares se cruzaram e fiquei com pena ao ver o quanto ela parecia debilitada.
— Deixem-nos a sós — ela pediu e as duas funcionárias saíram do quarto.
Aproximei-me da cama e fiquei pensando no que se falava para uma pessoa que estava à
beira da morte, mas logo vi que nada que saísse da minha boca poderia aliviar sua dor.
— Queria falar comigo? — perguntei e ela assentiu.
Diferente da outra vez em que a vi, seus cabelos estavam desgrenhados, a pele amarelada,
o rosto encovado e com profundas olheiras.
— Minha obsessão por você fez isso comigo, Eva — declarou
— Não me culpe por isso, Natalie, sua doença não tem nada a ver com a nossa briga do
passado, eu não fazia mais parte da vida de nenhum de vocês quando começaram a se relacionar.
— Poderia não estar fisicamente, mas era como um fantasma, que nunca me deixou ser
amada pelo meu marido — acusou.
— Se queria me ver para jogar a culpa da sua doença em mim, saiba que não vai
acontecer. Acho melhor eu ir embora — falei e comecei a me afastar, mas ela levantou a mão em
um apelo mudo para que eu ficasse.
— Cheguei à conclusão de que não deveria ter feito as coisas que fiz. Vivi uma vida
infeliz, obcecada pelo objetivo de manter o Landon longe de você, pois sabia que no momento
em que ele ficasse livre, daria um jeito de te reconquistar.
— Se sabia disso, por que pediu o divórcio? — questionei.
— Porque já tinha sido desenganada pelos médicos e queria ter a chance de viver fora de
um hospital, mas enquanto Landon estivesse responsável por mim, eu teria que acatar suas
ordens. O divórcio foi a forma que encontrei para ter um pouco de liberdade. Mas o que eu
aprendi foi que quando se está morrendo, nada mais importa, nem a liberdade e muito menos
minha obsessão.
— Eu sinto muito que isso tenha acontecido com você, mas não aceito que me culpe.
— Eu me arrependo de tantas coisas, Eva, mas a principal delas foi ter ficado obcecada
por um homem que nunca me amou. Eu notei que era amor de verdade e sabia que ele nunca iria
te esquecer e, ainda assim, forcei um noivado, casei, tentei ser mãe incontáveis vezes e mesmo
depois que o Connor nasceu, não consegui amá-lo porque entendi que eu não queria ser mãe por
amor, mas sim como mais uma arma para manter o Landon em minha vida.
Senti meus olhos lacrimejarem com aquela declaração.
— Eu o queria tanto, que me esqueci de mim. Criava histórias fantasiosas que só existiam
na minha cabeça, cobrava coisas absurdas, me decepcionava, chorava, bebia, tomava
analgésicos, chorava mais um pouco, passava muitas horas sozinha pensando em uma forma de
ser notada e principalmente amada, mas tudo o que eu fazia tinha um efeito reverso.
— Tudo isso já passou, não se torture — falei, pois tinha receio que aquilo a debilitasse
mais.
— Eu quero falar, Eva, eu preciso. — Assenti e ela continuou: — E você precisa me
perdoar pelas coisas horríveis que fiz.
— Que coisas?
Ela me encarou com seus olhos pálidos, sem vida, e começou a falar.
— Desde o dia em que você me expulsou de sua casa, lá em Oxford, eu jurei a mim
mesma que iria me vingar, mas como, se você era a princesa intocável da família Stone! Então,
quando você viajou para Nova York com a Beatrice, eu dei um jeito de me aproximar do Landon
e vi o cara legal que ele era e o porquê de você estar apaixonada por ele.
— Então você resolveu inventar aquela história no pub para se vingar?
— Sim. E já que estamos sendo sinceras, devo admitir que eu também era um pouco
obcecada por você.
— Como é?
— Meu pai tinha muito dinheiro, mas você era conhecida como a princesinha de Nova
York, amada e invejada na mesma proporção por praticamente todas as pessoas. Quando te vi em
Oxford, jurei a mim mesma que me tornaria sua amiga, e consegui. Quando você me descartou,
eu fiquei sem chão e vi no Landon a melhor forma de me vingar. Deitada nesta cama, porém, eu
percebi que tudo, desde me aproximar de você a tentar conquistar o Landon, foi por causa da
inveja que sentia de você.
Eu estava chocada. Jamais imaginei que escutaria aquilo de Nath.
— Quando estávamos naquele pub, meu objetivo era levá-lo para a cama e me gabar com
você no outro dia, no entanto, nada aconteceu, o Landon sequer olhou para mim. Mesmo assim
vocês brigaram, mas eu tinha certeza de que iriam voltar, então espalhei pela universidade inteira
sobre a trágica morte do pai dele, pois sabia que ele iria achar que tinha sido você e romperia
definitivamente e acertei, já que uns dias depois ele pediu para namorar comigo. Eu sabia que
estava sendo usada para te fazer ciúmes, mas meu intuito era o mesmo, eu queria que você
sofresse, só não sabia que me apaixonaria de verdade.
Engoli em seco ao lembrar de como fiquei mal quando Maddy me falou que ele estava no
pub com Natalie e que a tinha levado embora.
— Bom, você conseguiu, foi a pior fase da minha vida, tanto que saí de Oxford na
primeira oportunidade — declarei.
— Achei que o Landon fosse terminar comigo depois que você foi embora, mas ele
conheceu o meu pai e os dois se deram bem logo de cara, parecia que se conheciam há anos e foi
essa amizade que ajudou o nosso relacionamento. Eu amava o Landon, que amava o meu pai e só
por causa disso ele aguentou muita coisa.
— Ele me falou sobre isso — comentei, mas ela apenas continuou com seu monólogo.
— Eu sofria muito por saber que ele nunca iria me amar do mesmo jeito que te amou, por
isso fiz questão de alimentar o ódio que ele sentia por você, sempre jogando em sua cara que
você estava em festas e jantares com homens poderosos e melhores do que ele. Não adiantou. Eu
estava com ele fisicamente, mas seu coração ainda pertencia a você. Então, se serve de consolo,
eu provavelmente sofri tanto quanto você e o Landon — reconheceu e começou a chorar.
— Natalie, eu já entendi tudo, não precisa continuar.
— Não! Eu não vou morrer em paz se não conseguir seu perdão — disse por fim.
Aproximei-me da cama e toquei sua mão.
— Acho que não houve ganhadores nessa história, Nath, então, sim, eu te perdoo por tudo
o que fez e também queria que me desculpasse pela forma como te tratei no dia da nossa briga,
hoje eu entendo que sua vida social era importante para você e que o rompimento da nossa
amizade pesaria muito em suas costas.
Natalie chorou e apertou minha mão, como se fosse aquilo que ela tivesse esperado para
ouvir todos aqueles anos.
— Eu não sei quantos dias eu tenho de vida, mas devo morrer logo, pois parei de tomar os
remédios. Porém, queria que me prometesse uma coisa — pediu, os olhos rasos d’água, e eu
assenti. — Prometa que vai ficar com o Landon e cuidar do meu filho como se fosse seu.
— Não estamos mais juntos, mas se um dia a gente se acertar, eu prometo cuidar do
Connor como se fosse meu filho — garanti.
Então, sem conseguir me conter, sentei-me na cama e a abracei.
— Você é naturalmente boa, Eva, e sei que vai amar meu garotinho especial do jeito que
eu nunca consegui — ela afirmou em meio ao choro que tomava o quarto e permaneci junto a
ela, como uma aceitação tácita ao seu pedido.
Aquele abraço derreteu o gelo que ainda havia no meu coração e com ele foram embora
todas as mágoas, incertezas, amarguras e pensamentos conflitantes que me perseguiram durante
anos.
— Obrigada por ter me ligado, por essa conversa e por todas suas revelações, isso foi
importante para mim — agradeci, limpando minhas próprias lágrimas.
— Obrigada, por ter me perdoado — respondeu e limpou o rosto.
— Não foi tão difícil quanto imaginei que seria — assegurei. — Agora eu tenho que ir,
Natalie, mas vou rezar para que fique em paz — declarei e ela assentiu em silêncio.
Enquanto me afastava do quarto, um nó se instalou em minha garganta.
Caminhei rápido até a cozinha, abri a geladeira, peguei uma garrafinha de água e tomei
alguns goles, tentando controlar a emoção.
Quando ela me ligou no dia anterior, achei que fosse para ter a última chance de jogar
alguma coisa na minha cara, jamais imaginei que pediria perdão por seus erros do passado.
Tampei a garrafa de água e estava prestes a fechar a geladeira, quando avistei duas caixas
das minhas trufas favoritas. Subitamente me lembrei do dia em que Landon as tinha comprado
para mim. Suspirei pesadamente e minha boca encheu de água só de imaginar o sabor daquele
chocolate derretendo na minha língua.
Tomada pelo impulso do vício, abri a caixa, peguei uma trufa, desembrulhei do papel e a
coloquei inteira na minha boca.
Fechei os olhos ao sentir o sabor incomparável do meu chocolate preferido.
— Depois de tudo que me fez, ainda rouba chocolate da minha geladeira?
Arregalei os olhos ao escutar a voz de Landon.
— Eu vim pegar uma água e não resisti, desculpe por isso — falei e fechei a porta da
geladeira.
Na mesma hora seu cheiro inundou meus sentidos e eu me segurei para não pular em seu
pescoço.
— Conversou com a Natalie?
— Uhum — respondi, bebendo outro gole de água.
— E o que ela queria?
— Pediu perdão por todas as coisas que fez, disse que quer morrer em paz.
Ele assentiu em silêncio.
— Bom, já vou indo, obrigada pela água e pelo chocolate — falei e nos encaramos.
Ele atravessou a cozinha, abriu a geladeira e pegou as duas caixas.
— Pode levar, considere um presente de aniversário antecipado — declarou.
Fiquei feliz por saber que ele se lembrava da data.
— Com certeza é o presente mais precioso que eu vou ganhar este ano — garanti,
pegando as caixas da mão dele.
Landon ficou em silêncio e eu entendi que o assunto tinha encerrado.
Atravessei a cozinha, mas antes de sair eu me virei e o peguei olhando para mim.
— Eu não transei com o Bruce, não consegui, mas agora você me odeia e isso não tem
mais importância — declarei.
— Eu não te odeio, só odiei vê-la nos braços de outro homem.
— Bom, eu passei anos odiando ver você nos braços de outra mulher — devolvi e ele
respirou profundamente.
— Não é um bom dia para discutir, Eva.
— Concordo. Adeus, Landon — falei e me virei para sair.
— Até quando você fica na cidade? — ele acabou por perguntar.
— Vou ao bar com a Beatrice hoje à noite e volto para Nova York amanhã — falei e ele
assentiu.
Pensei em convidá-lo para ir, mas ele já tinha as coordenadas, se realmente quisesse
conversar comigo, saberia onde me encontrar.
Landon McFarland

Mesmo contra a vontade de Natalie, logo depois que Eva foi embora eu conversei com a
equipe que cuidava dela e autorizei sua transferência para uma clínica em Houston.
O médico explicou que talvez ela não saísse viva dessa internação, mas garantiu que
designaria uma equipe especializada em cuidados paliativos que fariam o melhor a fim de que ela
não sentisse dor ou desconforto.
Antes de ir embora do hospital, ela me pediu perdão por todas as coisas que tinha feito ao
longo dos anos e obviamente eu perdoei para que ela partisse em paz, porém, fiquei o voo todo
pensando em tudo que ela falou no decorrer dos anos, nas armações que fez e no peso que aquilo
teve para me manter afastado de Eva.
Lembrei-me de todas as vezes que ela me provocou e disse que eu nunca seria o suficiente
para Eva, que ela certamente se casaria com alguém da realeza porque meu dinheiro não faria
diferença na vida dela.
Foram anos com ela me mostrando fotos da Eva em revistas e colunas sociais, sempre
martelando sobre o fato de ela estar com um magnata mais rico do que eu. Aquilo inflamava meu
ódio e me distanciava da vontade de ir atrás da mulher que eu amava.
Mas mesmo com as doses diárias de veneno que Natalie me fazia engolir, o destino se
encarregou de trazer Eva de volta para minha vida.
Cheguei em Sun Valley tarde da noite e segui direto para casa. Quando saí do banho, fui
dar um beijo em Connor, que já dormia, estranhando não ter recebido nenhuma ligação da
Beatrice ou Eva.
Após vários minutos de ponderação, acabei cedendo aos caprichos do meu coração e fui
para o meu quarto trocar de roupa antes de seguir para a cidade.
Após estacionar o carro, segui para dentro do bar, que estava bem animado para uma
quarta-feira.
Avistei Beatrice e Douglas perto do bar e me aproximei deles.
— Cadê a Eva? — perguntei e minha irmã saiu de dentro da bolha invisível na qual estava
com o marido.
— Ela foi ao banheiro, mas já faz um tempinho, deve estar voltando.
Passei os olhos pelo local em busca do chefe de segurança dela, mas não o encontrei.
— E o Sanders, foi com ela? — questionei.
— Não, parece que ele está de férias, mas seu substituto está pelo salão.
— Vem, vamos para a mesa — Doug chamou e eu os segui. — Mas é muito esquisito
mesmo — ele disse, certamente retomando o assunto que estavam debatendo.
— Do que estão falando? — perguntei apenas para me acalmar.
— A funcionária que acabei de contratar sumiu do mapa! Acho que voltou para a cidade
dela e nem teve a decência de me avisar
Achei a notícia vagamente estranha, mas apenas resmunguei qualquer coisa e voltei a
olhar ao redor, sentindo-me impaciente e ansioso para ver minha garota.
— Vou atrás da Eva — avisei e caminhei entre as pessoas.
Ao chegar no corredor que levava aos banheiros, notei duas mulheres batendo na porta.
— O que aconteceu? — questionei.
— Não sei, parece que está trancada por dentro — elas falaram e deram meia volta para ir
embora.
— Eva, você está aí? — inquiri e bati na porta, mas o barulho da música me impedia de
escutar qualquer resposta.
Empurrei a porta com o ombro e comecei a pressionar para ver se abria, mas realmente
estava trancada por dentro.
Flashes da noite em que eu salvei Beatrice voltaram com força à minha mente e quando vi
já estava chutando a porta feito um louco, imaginando que Eva poderia estar na mesma situação.
Peguei impulso, uma, duas, três vezes até que a porta cedeu e eu a vi no fundo do
banheiro, com a alça da blusa rasgada enquanto Suarez a prendia contra a parede.
A cena fez um monstro despertar dentro de mim e parti para cima dele com tudo o que
tinha.
— Você vai se ver comigo, desgraçado — prometi, puxando-o pela gola da camisa e o
jogando no chão.
Ele gemeu quando meu punho acertou o primeiro soco e em todos os que vieram a seguir.
— Seu maldito — praguejei enquanto batia sem piedade, deixando seu rosto desfigurado
pelos meus golpes.
— Landon, pelo amor de Deus, pare, você vai matá-lo — Eva pediu e eu parei ao escutar
o som de sua voz.
Saí de cima dele e caminhei até onde ela estava.
— Ele fez alguma coisa com você? — perguntei temeroso.
— Não, você chegou a tempo, ele só rasgou a minha blusa.
Tirei meu blazer e coloquei nela, depois mandei uma mensagem para o Bill e avisei que
ele tinha que ir até o banheiro feminino resolver um problema para mim.
Saí com Eva do banheiro e seguimos para fora. Como não queria preocupar Beatrice,
mandei uma mensagem para Doug avisando que estava levando Eva para o rancho.
— Eu senti tanto medo — Eva confessou quando entramos no meu carro e se agarrou a
mim, tremendo e chorando convulsivamente.
— Ei, está tudo bem, eu estou aqui, nunca vou deixar que nada de mal aconteça a você —
garanti e a apertei entre os braços.
Dirigi com ela agarrada a mim e quando chegamos no rancho a tirei do carro no colo e
levei para dentro de casa. Eva estava literalmente em choque, acho que nunca tinha presenciado
o perigo tão de perto.
— Por que não acionou o relógio ou chamou seu segurança?
Questionei depois que ela saiu do banho.
— Era o Sanders que sempre me lembrava de colocar o relógio, mas ele está de férias…
Imagine o desespero que senti ao perceber que não tinha para quem pedir socorro. Foi Deus
quem te mandou atrás de mim, Landon — disse e recomeçou a chorar.
— Ei, já passou. Vem cá — chamei e a puxei para o meu colo. — Quando estiver mais
calma, quero que me fale o que aconteceu. Provavelmente o infeliz vai dar queixa na polícia e
preciso justificar a surra que ele levou.
— Foi tudo muito rápido, eu saí da cabine do banheiro e ele já estava lá me esperando,
com a porta trancada e as pessoas batendo do lado de fora.
— Ele chegou a falar alguma coisa?
— Sim, disse que só faltava eu para ele completar a coleção.
— Pelo visto o infeliz é doente, mas amanhã eu vou falar com os Dunker e resolver tudo
isso aí — declarei e ela assentiu.
Fiquei na cama com Eva até que ela pegasse no sono e depois fui até a sala de segurança
para falar com Bill.
— O que você fez com aquele covarde? — questionei.
— Desculpe senhor, mas quando entrei no banheiro ele não estava mais lá, tudo o que vi
foram rastros de sangue no chão.
— Como assim, eu deixei o cara desmaiado no chão, ele não ia conseguir sair sozinho de
lá.
— Mas foi o que aconteceu. Já pedi aos meus homens para conseguirem as imagens do
bar para ver como ele saiu de lá.
Ainda conversei um pouco com Bill, depois fui tomar banho e me juntei a Eva na cama.
Não foi uma noite tranquila, tive sonhos terríveis onde aquele monstro abusava dela e só
fiquei aliviado quando acordei e vi que ela dormia segura nos meus braços.
Acabei pegando no sono quando estava para amanhecer e acordei no meio da manhã, mas
ainda antes dela.
Levantei-me, tomei banho, troquei de roupa e fui até a cozinha onde tomei um café e pedi
que preparassem uma bandeja para Eva.
Após levar o café da manhã dela, pretendia ir para o escritório ligar para a minha
secretária, mas desisti quando uma funcionária avisou que o Xerife de Sun Valley estava me
esperando na sala.
— Como vai, xerife? — falei ao vê-lo.
— Com um pepino dos grandes para resolver — respondeu.
— Se eu puder ajudar — falei e nos sentamos.
— Fiquei sabendo que ontem você brigou com um funcionário dos Dunker em um
country bar da cidade.
— Sim, ele entrou no banheiro feminino e tentou abusar da Eva. Fiz o que qualquer
homem decente faria, parti para cima do infeliz e lhe dei uma surra — declarei.
— Landon, nós nos conhecemos há muitos anos, sei o quanto você é temperamental e
gosta de uma boa briga, mas acho que agora você passou dos limites — ele me reprendeu.
— Queria que eu o deixasse abusar da minha mulher? Pelo amor de Deus, Grant —
exclamei, nervoso.
— O corpo de Suarez foi encontrado a alguns quilômetros das suas terras.
Tive que me sentar, pois já sabia o que viria a seguir e Willie Grant não me decepcionou.
— Uma investigação foi aberta e não vai demorar para toda essa merda chegar a você.
— Como ele morreu? — perguntei.
— O legista ainda está examinando o corpo, mas arrisco dizer que foi devido ao tiro que
levou na parte de trás da cabeça.
— Um tiro — murmurei, incrédulo. — Eu não matei esse cara, Willie. Quando o deixei
no banheiro ele estava machucado, mas vivo. Tanto é que quando meu segurança voltou lá para
levá-lo para a delegacia, ele tinha desaparecido.
— Eu simpatizo demais com você e com tudo de bom que faz para a nossa cidade, mas
você sabe como funcionam as leis do Texas, então, se tem pessoas influentes que possam te
ajudar, está na hora de usar esses contatos, porque todos os fatos e testemunhas levam a acreditar
que você matou o infeliz.
— Ele só me defendeu, aquele cara tentou abusar de mim — Eva disse, alterada ao escutar
o pequeno discurso do xerife.
— Eu sei, senhorita, mas para isso existe a lei, vocês deveriam ter registrado uma queixa
no momento em que o fato aconteceu.
— Tudo bem, xerife, eu vou entrar em contato com meus advogados para conversar sobre
o que o senhor me passou. Mas já adianto que você pode levar minhas duas armas para
averiguar, te garanto que não serão compatíveis.
Grant concordou e depois que me entregou o recibo confirmando que estava levando
minhas pistolas, foi embora.
— Landon, o que está acontecendo, por que estão suspeitando de você?
— Eu não sei, Eva, mas vou descobrir — falei enquanto ela me abraçava. — Mandei
preparar seu café da manhã, coma e depois meu avião vai te levar de volta a Nova York.
— Não, eu quero ficar com você — falou e se agarrou em mim.
— Eva, entenda, essa visita foi feita por cortesia, mas se essa notícia se espalhar e não
acharem outro suspeito, meu nome ficará manchado e não quero que te associem a mim.
— Eu não me importo! Você bateu nele para me defender, eu sou prova de que o cara
estava vivo quando saímos no banheiro e eu quero te ajudar.
— Você vai me ajudar mais se voltar para Nova York e ficar em segurança lá; sinto que
tem alguém querendo me ferrar e será muito mais fácil de isso acontecer se pegarem você.
Ela ficou em silêncio por longos minutos, ainda abraçada a mim.
— Será que a gente nunca vai conseguir ser feliz? Será que sempre vai surgir um
problema do além para nos separar — questionou.
Encarei seu rosto perfeito e escolhi as palavras que a fizessem entender a gravidade da
situação.
— Meu amor, as leis aqui no Texas são muito severas. Se eles abrirem uma investigação e
eu for indiciado como mandante ou executor do crime, posso ir para cadeia imediatamente.
— Isso não vai acontecer! Eu vou falar com o Alexander e com o Harry, eles conhecem
muitas pessoas e vão ajudar, ainda mais se souberem que toda essa merda aconteceu porque você
estava me defendendo.
— Não se preocupe com isso, eu vou resolver tudo, mas o importante é que você esteja
em segurança e demita imediatamente o substituto de Sanders — alertei e ela assentiu.
— Farei isso — disse e me beijou.
Duas horas depois ela estava dentro do meu jato a caminho de Nova York, e eu, dentro do
meu carro a caminho da empresa. Tinha uma reunião marcada com meus advogados, pois
precisava achar uma saída para aquela merda toda antes que a notícia se espalhasse e minha vida
fosse exposta em todos os jornais do país.
Eva Stone

— O assunto deve ser sério mesmo — mamãe disse ao entrar na sala de sua cobertura e
ver papai, Alexander e Harry acomodados no sofá.
Estava esperando-a chegar para começar a falar.
Assim que coloquei os pés em Nova York, eu liguei para eles e marquei um encontro na
casa dos meus pais, por sorte, todos conseguiram comparecer.
— O que o irlandês aprontou dessa vez — Alexander alfinetou.
— Ele não fez nada de ruim, mas vou contar com detalhes para vocês entenderem o que
aconteceu — expliquei e eles assentiram. — Ontem fui a um bar country lá em Sun Valley, junto
com a irmã do Landon e o marido dela, em certo momento fui ao banheiro e quando saí da
cabine, a porta principal estava trancada e tinha um homem esperando por mim com claras
intenções de me violentar.
— Ah, meu Deus! — mamãe disse e se aproximou —, onde estava o Sanders, seus
seguranças, o relógio? — questionou apavorada.
— Era o Sanders que sempre me lembrava de colocar o relógio, mas ele está de férias,
viajei somente com um segurança, pois seria uma viagem rápida, mas o substituto não se atentou
a minha demora no banheiro… Eu realmente achei que aquele homem fosse abusar de mim.
— Porra, Eva! — Alexander disse nervoso. — Eu quero o nome do infeliz, isso não vai
ficar assim.
— Pelo amor de Deus, diz que alguém chegou a tempo de te ajudar — meu pai disse
exasperado.
— Por um milagre, Landon foi atrás de mim lá no bar e desconfiou da minha demora no
banheiro. Quando ele estourou a porta, o cara já tinha rasgado a minha blusa e me encurralado
contra uma parede.
Conforme eu narrava, via ódio emanando dos olhos dos homens da minha família.
— Ao ver aquilo, Landon partiu para cima e espancou o sujeito até ele quase perder a
consciência. Depois me tirou dali e pediu que o chefe de segurança dele assumisse o problema,
mas quando ele entrou no banheiro, não tinha mais ninguém lá, só as manchas de sangue no
chão.
“No dia seguinte ao ocorrido, Landon recebeu a visita do xerife de Sun Valley informando
que o cara que tentou me atacar foi encontrado morto e que ele provavelmente será investigado
como principal suspeito.
— Maldição! — exclamou papai, exasperado.
— O motivo dessa reunião é para pedir que usem a influência de vocês para ajudar o
Landon, porque se não fosse ele, certamente o pior teria acontecido — falei e as lágrimas já
estavam descendo pelo rosto.
— Não se preocupe, querida, vou conversar com seu irmão e vamos resolver isso, agora
se acalme — papai disse e Harry se aproximou.
— Vou fazer algumas ligações e descobrir em que pé anda essa situação, mas pode contar
comigo para o que precisar. Tenho bons contatos na imprensa do país e vou evitar que essa
notícia seja publicada — ele disse e me deu um beijo na testa.
Mamãe foi buscar uma água para mim, e enquanto papai e Harry caminhavam em direção
ao escritório, Alexander se aproximou.
— Eu não sei detalhes dessa história, mas posso apostar que estão armando para o seu
namorado — declarou.
— Eu pensei a mesma coisa, mas o Landon quer me deixar fora disso.
— Ele está certo. Pode deixar que vamos cuidar de tudo — afirmou.
— Quer dizer que você vai ajudar?
— Qualquer cara que entra em uma confusão desse tamanho para defender a minha irmã,
merece meu respeito e principalmente minha ajuda.
— Obrigada, Alex, mas o que pensa em fazer? — questionei, curiosa.
— Papai e Harry vão tentar resolver isso do jeito certo, mas os inimigos de Landon estão
jogando sujo e eu conheço um pessoal que pode equiparar esse jogo.
— Contanto que isso não cause mais problemas… — alertei.
— Fique tranquila, em breve você estará nos braços do seu Rei do Petróleo novamente —
ele brincou e me deu um beijo no topo da cabeça.
Mamãe voltou para sala e expliquei, com mais calma, tudo o que tinha acontecido e, assim
como Landon, ela também achava que Suarez tinha algum tipo de doença mental.
Fiquei algumas horas com ela e depois fui para casa. Senti vontade de falar com Landon,
mas me contive, não queria ser mais um problema em meio a tanta coisa que ele tinha para
resolver.
Liguei para Maddy e combinei de jantar com ela no meu apartamento, uma boa comida e
algumas taças de vinho seriam uma boa forma de trazer um pouco de tranquilidade para o caos
que tinha se tornado a minha vida.

+++
Landon McFarland

Na sexta-feira, quando cheguei à empresa, encontrei Alexander Stone me esperando na


recepção da presidência.
— Como vai, Landon? — perguntou e apertou minha mão.
— Bem, obrigado.
Ele assentiu e apontei para meu escritório.
— Eva disse o que aconteceu e gostaria de agradecer o que fez por ela.
— Não precisa agradecer, eu jamais deixaria aquele infeliz machucá-la — declarei.
— Ela também falou que você pode ter problemas por causa da morte do desgraçado —
comentou.
— Meus advogados estão tentando resolver essa situação, mas é uma incógnita, as
imagens das câmeras de segurança sumiram e ninguém sabe de nada, ou seja, quem armou isso
para mim pensou nos mínimos detalhes.
— Vou falar para você o mesmo que falei para Eva. Meu pai, Harry e seus advogados
estão indo pelo caminho mais difícil e provavelmente não vão encontrar nada, por isso enviei um
outro pessoal aqui para a cidade. Eles já estão por aí desde ontem, infiltrados entre os moradores,
e logo vão descobrir o que aconteceu.
— Agradeço a ajuda, mas espero que seu pessoal não complique ainda mais a situação —
alertei.
— Pode ficar tranquilo, eles são profissionais — declarou e eu assenti.
Alexander perguntou várias coisas sobre os Dunker, depois fez algumas ligações e agiu
como se meu escritório fosse dele. Passamos a manhã toda juntos e fiquei bem impressionado
com a quantidade de contatos que ele tinha nas mãos, talvez, Eva estivesse certa e eles realmente
conseguissem me ajudar a solucionar aquele mistério.
Eva Stone

— O Alex ainda está no Texas? — Maddy perguntou enquanto almoçávamos.


— Sim, está muito empenhado em ajudar com a investigação, mas avisou que volta hoje.
— E você e o Landon, não se falaram mais?
— Não, respeitei o pedido dele de ficar longe até resolver essa situação, mas fico
pensando que em algum momento ele pode se sentir sozinho e se envolver com alguém.
— Não acho que ele tenha cabeça para isso. Quer dizer, o cara tem as empresas, o filho
pequeno, a ex-mulher nas últimas no hospital e ainda tem que provar que não matou o covarde
que tentou abusar de você. Ele teria que ser um super-homem para ter pique para arrumar outra
pessoa.
Maddy tinha razão. Claro que eu estava triste com aquela distância, no entanto entendia a
situação e sabia que ele estava fazendo aquilo para me proteger. Quando achasse que estava tudo
bem, bastava me ligar, afinal, ele tinha meu telefone.
— Agora me conta como foi a conversa com a Natalie.
— Bom, você e a mamãe sempre tiveram razão. Ela era obcecada por mim e destruiu sua
vida por causa de coisas sem sentido.
— No fim das contas, ninguém foi completamente feliz, cada um de vocês sofreu as
próprias mazelas — Maddy concluiu e tive que concordar.
No meu caso, eu tentei esquecer que eles existiam, namorei, viajei e de certa forma fui
feliz, mas sempre havia aquele pensamento de como teria sido minha vida se eu tivesse me
casado com Landon.

+++
Landon McFarland

Eu estava no gabinete do Governador do Texas, que era meu amigo de longa data, para
lhe colocar a par do que estava acontecendo. Como estivera viajando nos últimos dias, ele não
estava sabendo de todos os detalhes.
— Isso está me cheirando a armação das boas — James disse depois que relatei minha
versão dos fatos.
— Eu sei e quero resolver essa merda antes que essa notícia chegue a imprensa, eles ainda
não me acusaram formalmente, mas é questão de tempo para isso acontecer.
— Você fez a coisa certa em arrebentar a cara do infeliz, o problema foi ele ter sido
encontrado morto no dia seguinte.
— Eu sei que você teve suas desavenças com os Stones porque o partido escolheu o
garoto de ouro para a presidência, mas eles estão empenhados em me ajudar a solucionar o
problema, o Alexander passou a semana toda comigo e trouxe um pessoal junto com ele para
ajudar.
— Eles são muito poderosos, Landon, cheios de contatos pelo mundo todo, se eles não
conseguirem te livrar dessa merda, ninguém mais pode.
Assenti, conversamos por mais um tempo e depois eu passei na clínica para ver como
Natalie estava, os médicos a colocaram em uma espécie de coma induzido, para que ela não
sofresse tanto na hora de partir, coisa que poderia acontecer a qualquer momento.
Estava rodeado de problemas, morrendo de saudade de Eva, mas não achava justo trazê-la
para minha vida naquele momento.
No fim do dia quando cheguei em casa, fui direto para o quarto do Connor e enquanto
brincava com ele, fiquei pensando em como seria sua vida se eu realmente fosse acusado e
condenado por um crime que não cometi.
Provavelmente ele seria criado pela Beatrice e nem me reconheceria se algum dia eu
saísse da prisão. Fiquei me perguntando quando foi que perdi o controle da minha vida e entrei
naquele tipo de problema.
Observei Connor enfileirar os carrinhos, mas em meu subconsciente eu analisava se Julian
Dunker seria capaz de armar aquilo para mim. Essa ideia passou várias vezes pela minha cabeça,
no entanto, a família deles era conhecida por ser correta, mesmo na política, e todas as vezes que
ele tentou me ferrar foi em cima de alguma falha do meu pessoal. Eles sempre tentavam ganhar
achando erros dos inimigos, não fazendo armações daquela magnitude.
Quando saí do quarto dele, fui para a minha suíte, tomei um banho e antes de jantar fui até
o closet de Eva. Com o um viciado, borrifei seu perfume no ar e a fragrância fez a saudade
aumentar ainda mais. Não via a hora de resolver todos aqueles problemas para finalmente tê-la
de volta em minha vida.

+++

No dia seguinte acordei cedo, tomei o café da manhã e pretendia ir para o escritório,
mesmo sendo sábado, mas então recebi uma ligação de Alexander.
— Alô — falei ao atender.
— Desculpe ligar tão cedo, mas meu pessoal achou algumas pistas que você precisa ir
verificar pessoalmente — disse.
Ele já tinha voltado para Nova York, mas seus homens ainda estavam trabalhando junto
com meu chefe de segurança para solucionar a morte de Suarez.
— E o que descobriram?
— Encontramos ligações e trocas de mensagens suspeitas de um outro funcionário do
rancho que talvez possa solucionar a morte do Suarez. O problema é que o cara mora nas terras
de Julian Dunker e você vai precisar de autorização para entrar e olhar a casa dele.
— Pode deixar que eu consigo um mandado de busca.
— Ótimo, chame o xerife e faça uma varredura por lá, com certeza vão encontrar alguma
coisa que possa te inocentar.
— Farei isso. Obrigado, Alexander — agradeci e desliguei.
O irmão de Eva estava realmente empenhado em me ajudar e aquilo fez com que ganhasse
a minha admiração.
Chamei meus homens expliquei toda a situação e falei para eles esperarem as minhas
ordens, pois iria conseguir o mandato de busca e sairíamos a qualquer momento.
— Oi, Landon — disse o governador ao atender.
— O Alexander encontrou pistas que podem me inocentar, mas preciso de um mandato de
busca para entrar no rancho Dunker.
— Que droga! — disse para si mesmo, depois voltou a falar. — Bom, eu vou arrumar
uma tremenda confusão com o pai dele, mas é um mal necessário.
— Obrigado, James.
— Vou providenciar e te retorno.
Finalizei a ligação e seguimos para a cidade. Ao chegar na delegacia, fui direto para a sala
do xerife, que obviamente achou aquilo uma loucura, pois ele mesmo já tinha ido ao rancho
Dunker e não encontrou nada.
Deixei claro que tinha contratado investigadores particulares e que eles acreditavam que
havia provas irrefutáveis na fazenda.
— Mesmo que seu pessoal esteja certo, precisamos de um mandato muito amplo para que
possa inspecionar toda a propriedade e não é fácil conseguir isso para a propriedade do filho de
um Senador americano apenas porque você quer.
— Agora você pode — disse e apontei para o papel que saía da máquina de fax à minha
frente. Aquelas repartições públicas possuíam muitas relíquias.
Ele pegou o papel deu uma olhada e depois me encarou.
— Tomara que você esteja certo, Landon, ou vamos arrumar uma confusão dos diabos.
Assenti e seguimos para o nosso destino. Os funcionários de Julian ficaram agitados com
a nossa presença, mas acataram a ordem do xerife e nos deixaram passar.
Passei as coordenadas do local onde o suspeito morava, mas quando chegamos a pequena
casa do tal amigo de Suarez, não havia nada fora do lugar e era certo que em poucos minutos
conseguiríamos varrer cada canto.
A cada passo, o assoalho de madeira rangia sob os calçados em botas pesadas. Abrimos e
fechamos cada porta e gaveta tentando encontrar alguma coisa suspeita, mas nada apareceu.
— Acho que suas fontes estavam erradas, não tem nada por aqui — Grant disse depois de
revistar a sala. — Acho que… — ele começou, mas foi interrompido pela voz exigente de Julian,
que acabara de chegar.
— O que está acontecendo aqui?
Nós nos viramos para encará-lo e era possível ver que ele estava bem irritado.
— Deixa que eu falo com ele, termine de vistoriar a casa — sugeri ao xerife a antes de me
afastar e fui até onde Julian estava. — Nós recebemos uma denúncia de que um funcionário seu
poderia estar envolvido de alguma forma na morte do Suarez.
Estendi o mandato ao qual ele leu rapidamente e o entregou de volta.
— Entendo, mas nesse caso a polícia deveria investigar, não você, que também é um
suspeito — acusou.
— Exatamente. Eu estou prestes a ser acusado formalmente de um crime que não
cometi… Olha, Julian, você pode me odiar, mas sabe que eu não sou um assassino e não mereço
ir para a prisão por causa da armação que fizeram comigo — afirmei.
— A polícia já revirou a casa do Suarez várias vezes e não encontraram nada, por que
acha que outro funcionário pode estar envolvido? O Mauro é trabalhador, um dos bons, e não
acredito que esteja envolvido, mas já que têm um mandato podem revistar — disse por fim e
continuamos procurando.
Em menos de meia hora todos os cômodos foram revistados e nada foi encontrado. Já
estava quase me dando por vencido, quando Julian me encarou com olhar estranho.
— Vocês escutaram isso? Parece um gemido — disse e todos ficamos em silêncio.
Segundos depois, foi possível escutar outro som estranho e nos dispersamos para ver de
onde vinha.
— Acho que vem da cozinha — alguém disse e caminhamos para lá.
Ao chegar no cômodo, começamos a olhar atrás dos móveis e eletrodomésticos em busca
de alguma pista, mas não encontramos nada.
— Eu… acho que o barulho está vindo de debaixo da casa — Julian opinou, nitidamente
intrigado, e se abaixou para ver se escutava mais alguma coisa.
— Tirem isso daqui — falei, apontando para uma mesa de quatro cadeiras disposta em um
canto sobre um tapete de sisal.
Meus homens fizeram o que mandei e não demorou para encontrarmos uma fileira de
madeira mais escura, que destoava do restante da casa.
— Não sabia que essas casas tinham porão — Julian disse quando, ao tirar as tábuas, o
ajudante do xerife encontrou uma escada.
— Tem alguém aí? Se tiver, saia agora, a casa está cercada — Grant avisou, apontando a
arma para o buraco, mas ninguém saiu ou respondeu.
— Eu vou entrar — Julian se apresentou, mas o xerife fez que não com a cabeça.
— Isso é serviço para mim — disse, pegando uma lanterna e foi descendo a escada.
— Que estranho, o que será que tem lá embaixo — Julian questionou mais para si mesmo.
— Espero que algo que prove minha inocência — declarei mesmo assim.
— Tem uma moça aqui, chamem uma ambulância — o xerife exigiu e, sem pensar duas
vezes, comecei a descer as escadas.
Julian me seguiu, enquanto o ajudante do xerife ligava para a emergência.
Ao chegar no porão, avistamos uma moça loira, com pés e mãos amarrados, usando uma
roupa de bailarina. Imediatamente desconfiei que se tratava da funcionária de Beatrice que havia
desaparecido.
— Meu pai vai surtar quando descobrir essa merda toda — Julian disse passando as mãos
pelos cabelos em um gesto nervoso.
— Qual o seu nome? — o xerife perguntou após tirar a fita da boca da moça.
— Anna Miller — disse tão baixo que quase não escutamos. — Estou com sede —
reclamou e um dos meus homens subiu para pegar água.
— Você está bem? Alguém te machucou? — Grant questionou.
— Não, quer dizer, não, eles não fizeram nada comigo.
— Onde você mora, senhorita Miller? Tem algum familiar para quem possamos ligar? —
ele perguntou.
— Sou nova na cidade, não conheço ninguém aqui, moro atrás do Studio de dança da
Beatrice Bowen — explicou e o xerife me encarou.
— Beatrice é minha irmã, ela comentou que você havia desaparecido, mas achou que
tinha voltado para a casa dos seus pais — expliquei.
— Eu não sei direito como vim parar aqui, só lembro de estar no estacionamento do
supermercado e quando fui entrar no carro alguém tapou a minha boca, quando acordei, estava
presa no escuro sem entender nada.
Nesse momento, um dos seguranças chegou com a água e a instruiu a beber pequenos
goles.
— Landon, dá uma olhada nisso aqui — Julian chamou e eu me virei para olhar na
direção que apontou.
Ele acendeu uma luz e pudemos avistar uma parede coberta por fotos de diversas
mulheres, uma mesa com computador, celulares e papéis com rotas rabiscadas.
Comecei a olhar as fotos de cima para baixo e fechei as mãos em punho ao ver várias de
Eva fazendo coisas pela cidade, entrando no laboratório, saindo do meu hotel… Foi terrível
constatar que ela estava na mira deles.
— Posso apostar que se trata de tráfico humano, isso está muito em alta nos Estados
Unidos. Eles não fizeram nada com a garota porque ela já deve ter sido vendida, faltava apenas
ser entregue em outro lugar. Moças jovens e bonitas como ela valem uma fortuna — o xerife
disse ao analisar os papéis que estavam sobre a mesa. — Mas não acredito que tivessem coragem
de fazer isso com sua garota. Seria um tiro no pé. Eles devem saber que a família dela não
sossegaria até encontrá-la
Não sabia se eles pretendiam sequestrar Eva ou se Suarez ficou obcecado por ela a ponto
de ir para o tudo ou nada, o fato era que tinha muita coisa ali para ser investigado a fim de
encontrar os cabeças daquele negócio sujo.
A sirene da ambulância soou anunciando sua chegada e Julian se aproximou da garota
para conversar.
— Eu sou o dono dessas terras e não tinha ideia de que você estivesse aqui, mas vou
acompanhá-la até o hospital para garantir que cuidem de você. Depois, vou fazer de tudo para
que os culpados sejam punidos.
Anna assentiu.
Julian a ajudou a subir as escadas e permaneci conversando com o xerife.
— Landon, eu não sei onde vai dar tudo isso aqui, mas tenho quase certeza de que no
meio dessa bagunça deve estar o culpado pela morte do Suarez. A partir daqui a investigação
toma outro rumo, se tiver qualquer novidade você será o primeiro a saber — ele disse e eu
assenti.
Ao voltar para o andar superior, ainda ouvi Julian dando ordem para que seus homens
encontrassem o funcionário que morava na casa e o levassem para prestar depoimento na
delegacia.
Deixei a fazenda com uma sensação de alívio por saber que aquela merda toda seria
resolvida e eu finalmente poderia colocar minha vida nos eixos novamente.
No caminho para casa eu liguei para Beatrice e expliquei meio por cima o que havia
acontecido com sua funcionária. Ela ficou perplexa e se sentindo culpada por não ter dado queixa
quando a garota desapareceu, mas a tranquilizei dizendo que ela estava aparentemente bem e
sendo levada para o hospital.
Beatrice disse que iria vê-la e depois passaria na minha casa.
Ao chegar no rancho, desci do carro e fiquei alguns minutos admirando aquele fim de
tarde, que parecia um presente depois dos últimos dias infernais pelos quais eu tinha passado.
Estava prestes a entrar em casa, quando meu celular tocou no bolso; era da clínica onde
Natalie estava internada.
— Alô.
— Senhor McFarland, aqui é a Celia, enfermeira da Natalie, estou ligando para informar
que ela acabou de falecer.
Fiquei alguns segundos sem reação. Eu sabia que aquilo iria acontecer muito em breve,
mas ninguém está preparado para receber esse tipo de notícia.
— Estou a caminho, Celia, obrigado por avisar.
Entrei em casa e enquanto subia para o meu quarto, liguei para o meu piloto solicitando
sua presença.
Como estava morto de cansado, pretendia tomar um banho e comer alguma coisa antes de
ir para Houston cuidar dos trâmites que envolveriam o sepultamento de Natalie.
Ao chegar no hospital conversei brevemente com a equipe médica que explicou tudo que
tinha acontecido, mas quando e estava indo embora Celia se aproximou e pediu para falar
comigo.
— Nos poucos minutos de lucidez que Natalie teve antes de morrer, ela pediu pra eu
revelar ao senhor algo que ela não teve coragem de falar em vida — disse.
Fiquei imaginando o que mais ela tinha aprontado.
— E o que foi que ela fez?
— Umas semanas depois de ter assinado o divórcio, ela se arrependeu e começou a
acreditar que em algum momento fosse se curar e, talvez, reconquistá-lo. Com isso em mente, ela
começou a pagar sua secretária para que se envolvesse com o senhor, pois achava que era muito
mais fácil controlar a Chiara e futuramente tirá-la do caminho, do que o deixar livre para
conhecer outra mulher. Essa funcionária a mantinha informada sobre tudo que o senhor fazia..
Fiquei encarando Celia, tentando não sentir ódio de Natalie, das suas maldades, mas foi
impossível. Mesmo depois de doente ela ainda continuava tramando para me separar da Eva.
— Mais alguma coisa?
— Sim, foi Natalie quem pediu para Chiara inventar que estava grávida.
Balancei a cabeça, embora não estivesse totalmente surpreso.
— Obrigado, por revelar a verdade, Celia — agradeci.
— Ela disse que não sabia se seria perdoada algum dia, mas deixou claro que se
arrependeu de tudo.
Assenti e fui embora pensando no que tinha acabado de escutar.
Por mais raiva que sentisse, precisava entender que ela não estava mais entre nós e não
fazia sentido ficar alimentando aquela mágoa. O destino se encarregou de vingar tudo o que
Natalie tinha feito de ruim, meu dever dali em diante era cuidar do meu filho e tentar recuperar o
tempo perdido com Eva.
Eva Stone

DIAS DEPOIS…

Meus pais me convidaram para ir jantar com eles no nosso restaurante preferido para
comemorar meu aniversário antecipado, já que no dia eles estariam viajando.
Já estava pronta para sair do meu apartamento quando meu telefone tocou e meu coração
acelerou ao ver o nome de Landon na tela.
— Alô — atendi, ansiosa.
— Estou com saudades — ele disse e meu coração acelerou ainda mais.
— Eu também, como estão as coisas por aí? — questionei.
— Graças a ajuda do seu irmão a investigação ganhou outra direção e o xerife prendeu um
suspeito que acabou abrindo o bico. Parece que o Suarez – que na verdade não tinha esse nome
porque usava documentos falsos –, era envolvido com cartel de drogas, tráfico humano e outras
coisas pesadas. O cartucho encontrado perto do corpo bate com os encontrados em outros quatro
assassinatos e o xerife está achando que os próprios comparsas deram um fim nele. Enfim, é uma
longa história que prefiro te explicar pessoalmente.
— Não sabe o alívio que estou sentindo por saber que você não é mais suspeito. Agora eu
quero saber quando a gente vai se ver — questionei com as borboletas dançando no estômago.
— É sobre isso que eu quero falar com você. A Natalie faleceu sábado e eu passei esses
dias todos cuidando do que era necessário para seu enterro, assim como assuntos documentais
relacionados aos bens que o Connor vai receber, essas coisas.
— Sinto muito, Landon, você precisa de alguma ajuda? — perguntei com sinceridade.
— Não. Ela já foi velada e sepultada, acredito que está descansando agora.
— E como você está com tudo isso? — questionei
— Resolvendo um problema de cada vez. Bom, eu liguei mesmo para saber se podemos
passar seu aniversário juntos.
— Claro que podemos, será meu melhor presente, estou morrendo de saudade — declarei.
— Perfeito. Eu tenho que resolver algumas coisas por aqui, mas vou te buscar em Nova
York para irmos ao nosso destino.
— Que destino?
— Surpresa. Deixe alguém em seu lugar no trabalho, não vou te devolver tão cedo — ele
disse e senti um frio na barriga.
— Combinado.
Finalizei a ligação sentindo o coração explodindo, sentindo que finalmente poderíamos
viver o nosso amor.

+++

— Você está linda, filha — mamãe disse quando me encontrei com eles no Daniel[5].
— Obrigada, mamãe — falei e fomos guiados para a nossa mesa.
Nós nos acomodamos, fizemos nossos pedidos e mamãe perguntou como estavam as
coisas com Landon.
— Ele me ligou agora há pouco. A Natalie faleceu semana passada, mas ele só me falou
hoje — expliquei.
— Que coisa terrível, filha.
— Eu sei, mamãe, por mais que tivéssemos as nossas diferenças eu nunca desejei o mal
dela.
— Soube que ele também conseguiu resolver aquele outro problema — papai comentou.
— Sim e o Alex ajudou bastante, aliás, vocês todos. Obrigada, papai — agradeci.
— Agora esse casamento sai — papai disse e sorrimos.
— Deus te ouça — desejei e bebi um gole de vinho.
Em certo momento do jantar, meus pais se levantaram para ir ao banheiro e fiquei sozinha
na mesa.
— Como vai, Eva? — Bruce inquiriu e se sentou na minha frente.
— Bem e você? — perguntei por educação.
Ainda estava chateada comigo mesma por ter ido para o apartamento dele.
— Melhor agora, mas queria falar com você sobre um assunto delicado.
— Que assunto? — questionei.
— Estou a fim de uma amiga sua e queria saber se está tudo bem seguir em frente —
declarou.
Não sabia se ele estava fazendo aquilo com intuito de me deixar com ciúmes, mas em se
tratando de Bruce, era mais fácil que ele realmente estivesse interessado nessa pessoa.
— Zero problema de minha parte, mas posso saber quem é a vítima?
— No momento certo você saberá — ele disse e levou minha mão aos lábios. — Quando
eu estiver feliz e casado com ela, você vai ver que perdeu um partidão — gracejou e eu soltei
uma risada. — Agora eu tenho que ir — disse, soltando minha mão, e se foi.
Fiquei pensando em qual de minhas amigas poderia ter despertado o interesse do Bruce e
não cheguei a nenhuma conclusão.
De qualquer forma, aquilo não era da minha conta, minha única preocupação depois que
saísse dali era ir para casa, arrumar as malas e esperar pelo meu amor.
Eva Stone

Despertei no sábado de manhã animada e sorri ao ver minha mala pronta no canto do
closet. Pensei em sair para tomar café na rua, mas depois desisti, estava ansiosa para receber a
ligação de Landon, então tratei de ir para a cozinha e preparei café, ovos mexidos e um bowl
com frutas vermelhas.
Estava na metade da xícara de café, quando meu celular tocou.
— Oi, Maddy.
— Você saiu com o Bruce ontem? — questionou.
— Não, saí com meus pais, mas encontrei o Bruce no restaurante, por quê?
— Vocês dois estão na Coluna Social do Times — revelou e a xícara quase caiu da minha
mão.
— Que merda! Vou descer e comprar um jornal.
— Não precisa, Eva, está em todo lugar, entre em qualquer site de fofoca e vai encontrar
a foto de vocês dois jantando juntos.
— Droga, droga, droga, vou resolver isso aí e depois te ligo — falei, já correndo em
direção ao escritório.
Liguei o notebook, entrei no buscador, digitei meu nome e dezenas de matérias salpicaram
na tela. Cliquei no site de fofoca mais famoso e fiquei paralisada com a sequência de fotos que
apareceu.
Na imagem nós estávamos sozinhos à mesa, Bruce beijando minha mão, enquanto eu
olhava para ele e sorria genuinamente. Qualquer um que olhasse aquela foto veria algo que
nunca existiu, no entanto, nada superava a chamada sensacionalista que eles colocaram na
matéria.

EVA STONE E BRUCE VAN BUREN EM CLIMA DE ROMANCE


O CASAL, QUE FAZ PARTE DA REALEZA DE NOVA YORK, FOI VISTO EM UM DOS RESTAURANTES MAIS ELEGANTES DA
CIDADE.

A JULGAR PELOS OLHARES APAIXONADOS, É DE SE ESPERAR QUE, MUITO EM BREVE, ESSAS DUAS DIVINDADES ASSUMAM O
RELACIONAMENTO.

— Que grande merda!


Liguei para a assessoria de imprensa da nossa família e pedi para que tirassem todas
aquelas matérias de circulação. Assim que desliguei o telefone, disquei o número de Landon,
mas ele não atendeu.
Após a décima tentativa, cheguei à conclusão de que ele já deveria ter visto aquelas fotos
e estava me odiando.
Caminhei sem rumo pelo apartamento e então resolvi ligar para Beatrice, ela era a única
pessoa que poderia me ajudar.
— Oi, Eva — ela disse ao atender.
— Oi, Bea, estou tentando falar com seu irmão, mas ele não atende — falei para medir a
febre.
— Bom, ele te viu no Times com o advogado das Indústrias Stone.
— Bea, foi um grande mal-entendido, eu…
— Eva, eu não sei o que aconteceu, mas essa notícia veio à tona em uma péssima hora. o
Landon passou por muita coisa nos últimos meses e quando finalmente achou que vocês ficariam
juntos, surge essa bomba.
— Eu sei, mas meus pais estavam juntos ontem, essa foto aconteceu quando o Bruce me
viu sozinha na mesa e foi falar comigo, não imaginei que fosse sair esse tipo de coisa no jornal,
eu amo o Landon.
— Eu sei que ama, Eva, mas meu irmão ficou tão mal, que deixou o Connor comigo e o
Douglas e disse que iria viajar por alguns dias para esfriar a cabeça, não sei para onde ele foi
— declarou.
— Tudo bem, Bea, obrigada mesmo assim, vou continuar tentando, vai que ele me atende
— disse e desliguei.
Fiquei pensando em como iria resolver aquele mal-entendido, mas não encontrava uma
solução, já que ele não queria me atender e eu não sabia onde ele estava.
Deitei-me no sofá e fiquei alguns segundos me amaldiçoando por aquelas fotos, foi então
que a voz da Beatrice surgiu na minha cabeça.
“Todos os anos, no seu aniversário, ele viaja para Aspen e fica na mesma suíte que vocês
ficaram hospedados no passado”.
Será que depois de ter visto aquelas fotos ele ainda faria aquele mesmo ritual?
Pensei em ligar e perguntar se ele estava lá, mas isso levantaria suspeitas, então decidi
tentar a sorte.
Liguei para Alex e agradeci por ele ter atendido no primeiro toque.
— Você é mesmo um imã para confusão — ele já foi logo dizendo.
— Você viu as fotos no jornal?
— Vi, sim, e imagino que seu namorado também deve ter visto.
— Tem como você descobrir onde ele está? Rastrear o avião dele ou coisa do tipo?
— Com certeza, mas por que eu faria isso?
— Alex, pelo amor de Deus, não me torture.
— Só um minuto — ele disse e a ligação ficou muda.
Vários segundos se passaram até que ele voltou a falar comigo.
— Ele está indo para Aspen, mas não tem nenhuma reserva no nome dele por lá.
Não precisa, ele é o dono do hotel, pensei, mas nada falei.
— Alguma chance de você emprestar seu avião para eu não ter que explicar toda essa
merda para o papai e a mamãe? — questionei.
— Sua lista de favores só aumenta — zombou e eu ri. — Vou ligar para o piloto, esteja
pronta para partir em duas horas — completou e eu comemorei.
— Obrigada, Alex, você é o melhor irmão do mundo — declarei e desligamos.
Fui direto para o banho, sentindo o coração cheio de ansiedade e esperança de que as
coisas se resolvessem entre nós.

+++

Cheguei em Aspen no final do dia e fui direto para o hotel de Landon. Quando cheguei à
recepção, perguntei e a recepcionista disse que ele não estava hospedado no hotel e que não tinha
nenhuma vaga disponível.
Já estava quase me dando por vencida quando avistei o Bill do lado de fora do hotel.
Rapidamente me afastei do balcão principal e me sentei em uma das poltronas da recepção
para ver se Landon iria entrar com ele. Demorou alguns minutos para seu chefe de segurança
atravessar as portas principais, junto com outros dois homens que deveriam fazer parte da escolta
de Landon.
Vi Bill indo em direção ao elevador e fui atrás, carregando minha mala de mão.
— Oi, Bill, preciso falar com ele — disse logo de uma vez e ele se virou.
— Acho que não é uma boa ideia, senhorita Stone — respondeu.
— Eu sei que ele está chateado comigo, mas quero explicar que não estava com ninguém.
Garanto que depois dessa conversa você vai até ganhar um aumento — brinquei nessa última
parte e ele me encarou com um olhar divertido.
— Posso perder meu emprego se deixar você passar — explicou.
— Nós dois sabemos que isso não vai acontecer, mas se por um azar ele te demitir, eu
prometo te contratar para trabalhar comigo e pago o dobro de salário — barganhei e Bill tossiu
para disfarçar uma risada.
— Além de tudo, ainda quer roubar meu homem de confiança, Eva? — Landon disse logo
atrás de mim e meu corpo estremeceu.
Virei-me e o encontrei parado a alguns passos de mim, usando calça, suéter e sobretudo
pretos.
Meu baixo ventre se contorceu diante de sua beleza e do frenesi que sua presença causava
em mim.
— Precisamos conversar, as coisas não são o que parecem.
— Tanto faz, agora não tem mais importância — disse e passou por mim.
Fui atrás dele e entrei no elevador.
— Você precisa sair — ele disse antes de apertar o botão que o levaria para sua suíte.
— Só depois que você aceitar falar comigo.
— Eva, não seja insistente — declarou.
— Eu não vou sair daqui até você me ouvir — declarei.
Landon soltou uma respiração pesada e apertou o botão do elevador.
— Você tem dez minutos — disse e desviou o olhar para o painel.
As portas se abriram no segundo andar, caminhamos pelo corredor, até chegarmos em
frente a suíte, ele abriu a porta e foi como voltar no tempo. Estava exatamente igual à quando nos
hospedamos ali pela primeira vez.
Passei por ele arrastando minha mala de rodinhas e parei no meio do quarto.
— Eu sei que você está magoado, mas no dia daquela maldita foto eu estava jantando com
meus pais, quando eles saíram da mesa para ir ao banheiro o Bruce apareceu e me cumprimentou
beijando minha mão, depois pediu permissão para sair com uma das minhas amigas. Era esse o
assunto, eu nunca imaginei que aquele momento seria fotografado e colocado fora de contexto,
mas a nossa assessoria de imprensa está cuidando disso e soltou uma nota de esclarecimento. Eu
tive a vida toda para ficar com o Bruce, não faria isso agora, quando as coisas estavam tão bem
entre nós — desabafei enquanto ele me encarava.
O silêncio que se estabeleceu, foi longo, absoluto e parecia colocar ainda mais distância
entre nós.
— Se quer saber, enquanto você estava casado com a Natalie, eu viajei, estudei, mas
também namorei outros homens, transei com eles e fiz de tudo para tentar te esquecer. Pelo visto
não consegui, já que depois de tantos anos nós estamos aqui, discutindo por uma coisa que não
aconteceu. Já tive relações intimas com o Bruce sim, mas no passado, depois que você entrou na
minha vida eu nunca mais fui para cama com ele ou com qualquer outro homem. O que eu quero
dizer é que eu tive todo o tempo do mundo para fazer esse tipo de coisa e não faria agora que as
coisas estavam dando certo entre nós — disse entre lágrimas.
— Eva, não chore — ele disse preocupado e limpou meu rosto. — Eu acredito que foi isso
que aconteceu, mas sinceramente, não sei se estou disposto a passar por isso toda a semana —
declarou.
— Como assim?
— Eva, por um lado as coisas que aconteceram me fizeram enxergar que um
relacionamento a distância será desgastante para ambos.
— Está falando que não quer ficar comigo por causa da distância?
— Não, estou falando que toda essa distância vai atrapalhar.
— Mas você disse que a distância não era um problema, lembra?
— Talvez eu tenha me equivocado — rebateu.
— Então é isso, mesmo depois da minha explicação você não quer ficar comigo.
— Eu quero e Deus sabe o quanto eu quero.
— Então qual o problema? Pare de complicar as coisas — falei e o encarei — depois de
todos esses anos eu ainda estou aqui e já aceitei que existe um fio invisível que sempre vai me
levar até você.
— Eva… — disse em tom exasperado.
— O que você quer, Landon?
— Eu quero você, Eva, mas não duas vezes por semana ou só nos finais de semana, eu a
quero todos os dias do meu lado, em tempo integral e para sempre — declarou e meu coração
retumbou no peito.
— Eu também quero isso, então qual o problema?
— Talvez a distância, eu moro aqui e você em Nova York.
— Eu sei que nossa logística será complicada, mas precisamos tentar para ter histórias
para contar pros nossos netos — brinquei e ele deu um leve sorriso.
— Tudo bem, vamos tentar — ele disse por fim e eu corri e o abracei apertado, enquanto
distribuía beijos em seu rosto, até tomar sua boca.
Que saudade daquele cheiro, de me sentir protegida entre seus braços.
— Eu te amo, Landon — declarei.
— Eu também te amo, princesa, mais do que você possa imaginar — admitiu e me beijou.
Sentir sua língua dentro da minha boca, seu cheiro, suas mãos na minha cintura, depois de
tanto tempo, despertou uma coisa indescritível dentro de mim. Eu o amava com todo meu
coração e isso nunca iria mudar.
Eva Stone

— Como soube que eu estaria aqui — Landon perguntou enquanto estávamos jantando no
restaurante do hotel, na mesma mesa onde nos sentamos a anos atrás.
— Beatrice comentou uma vez comigo, que você viajava para Aspen todos os anos no dia
do meu aniversário e que ficava hospedado aqui.
— É a primeira fofoca útil que ela faz em anos — brincou e sorrimos.
— Ainda não acredito que comprou esse lugar — falei enquanto bebia um gole de vinho.
— Eu sei, às vezes eu também me faço a mesma pergunta, mas quando estou aqui me
sinto bem e daí faz todo o sentido — explicou.
Fiquei analisando seu rosto por vários segundos e tentando entender de onde vinha tanto
amor, eu era completamente apaixonada por Landon e tinha certeza de que isso nunca iria mudar.
— Quais os planos agora que a gente ficou de bem de novo? — brinquei.
— Tentar manter isso o máximo de tempo possível, viajar por alguns dias e depois marcar
a data do nosso casamento — falou calmamente e eu senti um frio na barriga.
— Como assim, casamento? Você nem me pediu em casam… — minhas palavras se
perderam quando ele retirou uma caixinha vermelha da Cartier do bolso e deslizou por cima da
mesa.
— Eu poderia fazer esse pedido em qualquer lugar do mundo, mas esse restaurante, essa
mesa, esse lugar, têm significado para nós. — Fez uma pausa e abriu a caixinha que continha um
solitário com um diamante espetacular. — Então queria saber se você aceita se casar comigo.
Cobri a boca com as duas mãos, ainda impactada com o pedido; mesmo sabendo que em
algum momento iria acontecer, não achei que fosse ser naquela noite.
— Claro que eu aceito — disse emocionada e me levantei para abraçá-lo.
Landon pegou o anel, deslizou-o pelo meu dedo e depois me deu um beijo apaixonado.
Sorrimos ao escutar os aplausos das pessoas que estavam no restaurante e depois subimos
para o quarto, onde fizemos amor novamente, dessa vez, com mais calma e muitas declarações.
Mesmo exausta depois de todo aquele sexo, eu não conseguia dormir, diferente de
Landon, que pegou no sono quase que imediatamente.
Usei a luz da lua para admirar meu anel, sem acreditar que muito em breve eu me tornaria
a senhora McFarland.

+++
No dia seguinte, enquanto Landon tomava banho, eu me preparei para esperar por ele.
Estava com uma camisolinha branca transparente, sem calcinha e esparramada no sofá, com meu
decote desenhando os seios.
Queria provocá-lo até que ele me pegasse de jeito.
Ninguém que me visse dentro das minhas roupas finas e elegantes diria que eu tinha
virado uma maníaca por sexo, que mal podia ver Landon na minha frente que já estava me
esfregando nele, querendo que me fizesse gozar em seus dedos ou boca.
Ele apareceu no quarto enrolado na toalha, o peitoral de fora e os cabelos úmidos. Fiquei o
encarando com a maior cara de safada, folheando meu livro, mesmo que minha atenção estivesse
inteiramente em seu pau, que já dava sinal de vida.
Virei-me de bruços e balancei as pernas no ar, fazendo a camisolinha transparente subir
deixar minha bunda toda de fora.
— Ah, Eva, sua provocadora — ele disse em tom sôfrego, como se minhas provocações o
enlouquecessem.
Landon tirou calmamente a toalha e a jogou longe, depois se aproximou com o pau
enorme e duro, se sentou em cima das minhas coxas, sentia seu membro roçando em minha
bunda, me fazendo engolir em seco.
Seus dedos levantaram ainda mais a camisola, deixando minha bunda toda exposta, já que
eu estava sem calcinha.
Suas mãos seguraram pela lateral da minha cintura, uma mão de cada lado.
Imaginei a visão que ele estava tendo, eu completamente nua da cintura para baixo, de
pernas abertas totalmente a sua mercê.
Ele se inclinou atrás do meu corpo, abriu as bandas da minha bunda e então eu sentia sua
língua subindo desde minha boceta passando por todos os lugares, me deixando louca de tesão.
Sua barba roçava na minha virilha, a boca beijando minha boceta, a língua me lambendo gostoso.
A tortura demorou longos minutos, até que ele voltou a se posicionar atrás de mim, se
encaixando entre minhas pernas, com uma mão na minha cintura, enquanto a outra guiava seu
pau até a entrada da minha boceta. Ele ficou ali brincando, estimulando, fazendo que ia entrar e
depois desistia, levando meu corpo a loucura.
— Por favor, amor, pare de me torturar — implorei enquanto mordia os lábios.
Aos poucos ele foi me invadindo, enquanto eu me deliciava com a sensação de estar sendo
preenchida.
Landon era um homem grande, fiquei ali embaixo dele, levando suas estocadas brutas,
suas mãos segurando firme na minha cintura, me empurrando com seu quadril, e me fodendo
gostoso. Eu sentia metade do seu pau dentro de mim, e o peso e a pressão que ele fazia para
meter o resto que faltava.
Às vezes parava, me deixava respirar, me acostumar, apenas para começar tudo de novo.
Era como se falasse silenciosamente: toma, Eva, era isso que você queria, agora aguenta.
Senti seu quadril subindo e descendo, preenchendo todo meu canal apertado, meus peitos
pressionados contra o sofá, enquanto ele me encarava nos olhos, como um predador devorando
sua presa. Me arrancando lamúrias e gemidos de tesão.
— Ai, amor… — falei quando ele começou a estocar rápido e senti meu corpo todo se
contraindo, em resposta a onda de prazer que me dominou.
Eu gemia, mordia os lábios e enquanto ele me fodia, o pau latente, as coxas trabalhando
rápido, enquanto suas bolas batiam na entrada da minha boceta, me deixando ainda mais louca.
O sofá tremeu, quando ele aumentou ainda mais os movimentos, enquanto as paredes da
minha boceta eram castigadas.
— Ah, que delícia — ele disse quando gozou e apertou minha cintura.
Senti o peso do seu corpo desabando sobre meu e fiquei estirada no sofá, tentando voltar
para realidade, enquanto sentia nossos corpos grudados de suor.
— Estou exausta — falei baixinho, espremida embaixo dele.
— E daqui a pouco tem mais — ele brincou e eu sorri de olhos fechados.
Depois de semanas longe daquele homem, privada de sua presença, tudo que eu mais
queria era que ele me virasse do avesso na cama.
— Mal posso esperar pela próxima rodada — falei e ganhei uma mordida no ombro.
Landon procurou pela minha boca e nos beijamos por longos minutos.
Finalmente eu sentia que meu coração estava em paz e que finalmente poderíamos
começar a escrever mais um pedaço da nossa história.
Landon McFarland

Se alguém me falasse a meses atrás que um dia eu estaria no almoço de domingo da


família Stone, certamente eu não acreditaria. Estávamos no iate das Indústrias Stone, que tinha
cerca de 459 pés, seis níveis de decks, dois helipontos e tudo de melhor e mais luxuoso que o
dinheiro poderia pagar.
Passamos, uma semana em Aspen, depois três dias em Paris e quando retornamos da
viagem saímos para jantar com Tony e Louise e pedi oficialmente a mão de Eva em casamento,
foi nesse dia que eles nos convidaram para almoçar com eles e por isso eu acabei conhecendo o
resto da família.
Alexander foi a ponte para me entrosar com os outros integrantes da família e mesmo que
todos fossem importantes dentro do clã, eu senti que eram pessoas fáceis de conversar e que
provavelmente nossa convivência fosse ser tranquila.
Ninguém tocou em assuntos do passado, era como se todos tivessem colocado uma pedra
naquele assunto, em nome da felicidade de Eva.
— E quando vai ser o casamento? — a esposa de Harry questionou.
— Por mim poderia ser hoje mesmo — comentei e Eva sorriu.
— Se quiser eu posso providenciar o Padre, assim ela desencalha de uma vez —
Alexander provocou e todos gargalharam.
— Alex, não fale isso da sua irmã — Louise o reprendeu.
— Estou brincando maninha — ele disse e os dois trocaram um olhar amoroso.
Reconhecia a implicância deles, porque era exatamente assim comigo e Beatrice.
— Na verdade, vamos nos casar em três meses, na mesma igreja que a vovó Alyssa se
casou aqui em Nova York, quero uma festa grandiosa com tudo que eu tenho direito — Eva
explicou.
Durante a nossa viagem ela até cogitou fazer uma cerimônia íntima para familiares e
amigos próximos, mas eu a convenci que ela era uma princesa e merecia uma festa altura de seu
título.

+++
Eva Stone

Após o almoço, ficamos em uma das salas do iate, enquanto os homes foram para uma
sala ao lado, mesmo assim eu conseguia escutar o pequeno interrogatório que Dominic fazia com
meu noivo.
Ele perguntou sobre os negócios de Landon, investimentos, a refinaria, só faltou perguntar
o valor que ele tinha na conta bancária.
— A que horas termina o interrogatório do Dominic? — questionei quando Alexander se
aproximou de mim.
— Seu noivo está se saindo bem, está todo mundo impressionado com as coisas que ele
conquistou para poder ficar com você algum dia — brincou.
— Não acho que foi por minha causa — comentei.
— Foi sim, nada como um pé na bunda, para um homem sentir vontade de vencer na vida.
— Você é terrível — rebati.
— Depois de passar um tempo com ele no Texas, percebi que é um cara legal, responsável
e que gosta muito de você, pena que o destino e as circunstâncias não ajudaram.
— Eu sei, mas vamos recuperar o tempo perdido agora — falei e sorrimos cumplices.
Após o almoço, seguimos para a cobertura de Landon, pois Connor estava com a babá no
apartamento e no dia seguinte levaríamos ele em um especialista que tinha sido indicado pela
minha mãe.
Landon concordou que precisávamos incentivar mais a fala dele e apenas a convivência
com a babá não faria isso, então além das terapias que ele fazia em Houston, daríamos um jeito
de visitar outros médicos e especialistas para encontrar a melhor forma de ajudá-lo.
Faria jus a promessa que fiz para Natalie e cuidaria do filho dela como se fosse meu.
Estava confiante nos médicos, mas acreditava que Connor tinha visto muita coisa entre Natalie e
Landon e que isso poderia ter contribuído para o atraso da sua fala ou o traumatizado de alguma
maneira.
Eu jamais falaria isso para Landon, meu papel ali, era ajudar aquele pequeno com as
terapias certas para que muito em breve ele estivesse tagarelando pela casa.
— Vem cá — Landon chamou quando entrei em seu escritório.
Ele estava analisando um contrato que seria fechado no dia seguinte, por isso lhe dei
algumas horas de descanso, ou estaria trancada com ele no quarto.
Enquanto ele trabalhava eu fiquei pesquisando coisas para o casamento e estava encantada
com todas as ideias que surgiam em minha cabeça.
Caminhei pelo escritório e ele afastou a cadeira para me dar espaço.
Sentei-me em sua coxa e entrelacei os braços em seu pescoço.
— Tenho uma proposta para te fazer — ele disse por fim.
— Estou ouvindo.
— Pensei em montar um laboratório de restauração para você em Sun Valley, do mesmo
jeito que você tem aqui em Nova York, tipo uma filial do seu negócio.
— Achei a ideia fantástica, eu gosto de Sun Valley e gosto de ficar perto de você, mas
meus clientes em potencial sempre mandam as peças para Nova York.
— Isso não será um problema, posso mandar meu avião buscar suas peças e trazer para cá,
sua equipe restaura e depois volta para lá.
— Uau, você está mesmo empenhado. Não quero nem pensar nos milhares de dólares em
combustível que você vai gastar para fazer toda essa logística.
— Sorte a sua que vai se casar com o Rei do Petróleo, então isso não será um problema —
brincou e me deu um beijo na ponta do nariz. — Não pouparei esforços e recursos para poder
acordar com você todos os dias do meu lado.
— Se é assim, eu aceito — disse e nos beijamos.
Eu sempre gostei de viver em Nova York, mas depois de ter passado aquela temporada no
Texas, aquele lugar ganhou meu coração, sem contar que iria continuar trabalhando com o que
eu gostava e ainda poderia ficar com o amor da minha vida.
— Tem outra coisa que preciso falar com você — ele disse quando afastei minha boca da
sua.
— Pode falar.
— Em seu leito de morte, Natalie revelou um último segredo para a enfermeira. Pensei em
não falar nada para você, mas acho que será importante para que continue confiando em mim.
— O que foi que ela aprontou? — questionei com a testa franzida.
— Contratou a Chiara para se envolver comigo e mantê-la informada sobre todos os meus
passos. A história da gravidez também foi coisa dela, e pelo que eu entendi, só desfez a merda
toda quando viu que comecei a beber por causa do nosso rompimento. Ela temia que eu tivesse o
mesmo fim que ela e isso a fez voltar atrás, mas não teve coragem de falar a verdade para mim,
muito menos para você.
— Nossa, eu não sei o que dizer — comentei, desconcertada e bastante irritada.
— Pois é. Mas isso não terá a menor chance de acontecer novamente, não existe qualquer
possibilidade de eu olhar para outra mulher que não seja você — galanteou.
— Espero mesmo — alertei e nos beijamos.
Não quis falar mal da Natalie na frente dele, mas aquele último segredo me deixou
pensativa. Ela realmente era obcecada por nós e se estivesse viva, nunca nos deixaria em paz.
Tentei me colocar no seu lugar e consegui entender um pouco do seu sofrimento. Seria
terrível se eu amasse Landon e ele fosse completamente apaixonado por outra mulher. Foi
pensando dessa forma que eu resolvi perdoá-la e virar aquela página, para finalmente começar a
escrever o nosso para sempre.
Landon McFarland

O CASAMENTO…

Em meio à exuberante beleza da Catedral de St. Patrick, em Nova York, analisei


calmamente a cerimônia que Eva preparou para os nossos quase 500 convidados. A princípio, a
decoração seria toda branca, mas no dia da escolha das flores, Connor estava conosco e ficou
encantado com um arranjo azul que a cerimonialista mostrou para Eva, foi o suficiente para ela
mudar o projeto que tinha idealizado, simplesmente para deixar Connor acolhido e encantado
durante a festa.
Esse tipo de gesto me deixava cada dia mais apaixonado por ela, que fazia de tudo para
incentivá-lo a se desenvolver mais e mais todos os dias.
Os arranjos de flores e tom de branco e azul estavam posicionados em lugares estratégicos
que deixavam o interior da igreja um espetáculo para os olhos.
Os convidados já estavam acomodados a minha frente, o clã Stone em peso esperando por
ela, enquanto exibiam um carrossel de rostos felizes e sorridentes.
Desde o dia em que coloquei os olhos em Eva Stone, sempre tive aquela ideia de que ela
seria uma mulher inalcançável, no entanto, aquele plano sórdido do Gordon me ajudou a
conhecê-la e principalmente a me apaixonar por ela.
Nossa convivência na universidade me mostrou que todo aquele dinheiro não foi capaz de
ofuscar a alma maravilhosa que morava dentro dela. Eva era simplesmente o conjunto da obra,
além de linda, sempre foi uma pessoa generosa; pena que as circunstâncias e minhas ações nos
afastaram.
Quando a suave melodia de um violino soou, eu me emocionei ao ver Connor entrando
junto com a pequena Olívia, cada um segurando uma cesta e jogando pétalas brancas e azuis pelo
caminho pelo qual Eva iria passar.
Eva tinha feito vários ensaios com Connor, mas a coisa só funcionou quando ela trocou a
pétala branca pela azul. Ela estava sendo maravilhosa com ele, sempre tão atenciosa e tomando
cuidado a detalhes aos quais eu dificilmente prestava atenção, sabia que esse olhar minucioso
que ela tinha com ele, seria muito importante para sua criação.
Assim que as crianças terminaram de jogar as pétalas de rosas, uma outra música começou
a tocar e nossos padrinhos entraram. Os homens de smoking e as madrinhas usando vestidos em
tom de azul claro, para a felicidade de Connor que parecia encantado.
Quando a terceira música tocou, eu soube que era para anunciar a entrada dela e meu
coração ficou agitado no peito.
Eva surgiu de braço dado com o pai dela, só então eu tive certeza de que aquilo era real e
que ela finalmente se tornaria minha esposa.
Ela era a noiva mais linda que já tinha visto, estava radiante dentro de um vestido branco
de seda, elegante e sofisticado como ela. Eva parecia uma princesa saída de um conto de fadas.
Seus olhos brilhavam de alegria e antecipação enquanto caminhava em minha direção.
Ela e Tony pararam a minha frente e então meu futuro sogro se aproximou.
— Estou te entregando uma joia valiosa, por favor, cuide bem dela — ele disse
visivelmente emocionado.
— Prometo que vou cuidar — respondi e nos cumprimentamos, depois eles trocaram um
abraço apertado.
— Você está perfeita — elogiei e ela me lançou um sorriso.
— Você também, amor — respondeu e nos viramos de frente para o padre.
Eu já tinha me casado antes, mas daquela vez era diferente, pois seria com a mulher que
eu amava, com quem sempre sonhei em passar o resto da vida. Escutei toda a cerimônia com
calma, absorvendo todos os conselhos e quando o padre anunciou que Eva poderia declarar seus
votos, ela me encarou com os olhos brilhantes e um sorriso delicado no rosto.
— Por muitos anos fui guiada pelo orgulho, tentei sufocar o que sentia e ficava irritada
quando minhas amigas falavam que eu não tinha te esquecido. Elas estavam certas, mas não
conseguia enxergar um futuro para nós, era mais fácil me conformar que ninguém conseguiria
suprir as exigências do meu coração e ficar sozinha, mas depois de muitos anos você apareceu e
todos aqueles sentimentos adormecidos subiram à superfície. A distância serviu para mostrar que
o tempo não é capaz de apagar um grande amor e meu coração se sentia precioso por ter sido
ouvido e valorizado, já que ele não aceitava se entregar a ninguém que não fosse seu verdadeiro
dono. Você sempre foi e sempre será o homem da minha vida. Eu te amo.
Senti uma fisgada no peito ao escutar sua declaração emocionada.

+++
Eva Stone

Eu nunca imaginei que um dia o destino poderia nos dar uma segunda chance, sempre
achei que minha vida seria uma eterna lamentação misturada com lembranças de momentos que
eu não poderia mais viver.
Nosso conto de fadas foi interrompido e talvez se isso não tivesse acontecido o desfecho
não fosse tão especial.
Landon deslizou os dedos pelo meu rosto e então começou a declarar seus votos.
— Hoje eu sei que te amei desde o primeiro momento em que te vi. Nunca fui um homem
de romantizar a vida, porque as coisas nunca foram fáceis para mim, mas depois que te conheci e
me apaixonei, era difícil entender a magnitude dos meus sentimentos. Naquela época, eu vivi os
dias mais felizes da minha vida, quando tudo acabou, fiquei preso naquelas lembranças, no
pedaço de felicidade que ficou na minha memória — ele fez uma pausa enquanto eu me segurava
para não chorar, falar do passado sempre mexia comigo.
“Um amor como o nosso, que resistiu ao tempo e às piores circunstâncias, merece ser
vivido intensamente. Hoje, diante de sua família, quero pedir perdão a você e a eles, por tudo o
que aconteceu no passado, e garantir que ficar longe de você todos esses anos foi meu pior
castigo. Você sempre foi a lembrança mais doce, a saudade mais dolorida, porque eu nunca
deixei de te amar, simplesmente me acostumei a viver sem você, até o dia em que o destino nos
deu uma segunda chance e fui obrigado a deixar meu orgulho de lado para reviver esse amor. Eu
te amo, Evangeline, e mal posso esperar para passar o resto da minha vida com você.
A essa altura, as lágrimas já estavam rolando soltas pelo meu rosto, enquanto minha mãe
se aproximou visivelmente emocionada e me entregou um lenço.
Sequei as lágrimas delicadamente e depois o encarei.
— Eu também te amo — disse baixinho e trocamos um sorriso cumplice
O padre continuou a cerimônia, fizemos a troca de alianças e quando ele finalmente nos
declarou marido e mulher, meu coração se encheu de amor, por saber que daquele dia em diante
eu finalmente tinha me tornado a senhora McFarland.

+++

A recepção foi feita no salão de festas de um dos hotéis mais tradicionais de Nova York e
toda vez que eu via Connor admirado com a decoração, meu coração se enchia de amor.
Os arranjos de flores eram em sua maioria branco e azul e o talento da decoradora deixou
tudo equilibrado na medida certa, para impressionar os convidados e encantar meu pequenino,
que já tinha roubado rosas de todas as mesas e guardado em um esconderijo próximo as caixas
de som.
Estava acomodada na mesa dos meus pais e Alexander, enquanto Landon falava com o
governador James Underwood e com o Harry. Pelo visto a paz tinha reinado entre eles.
— Falei com seu pai e estamos pensando em comprar uma propriedade próximo ao
rancho de Landon para passar algumas temporadas ao longo do ano. Um pouco de ar puro vai
fazer bem para nós e para as crianças — mamãe comentou.
— Acho uma ótima ideia, vou adorar receber a visita de vocês — falei e bebi um gole de
champagne.
Quando dei a notícia sobre me mudar para o Texas, achei que encontraria alguma
resistência da minha família, mas eles me apoiaram e falaram que eu e Landon já tínhamos
perdido tempo demais e que eu estava fazendo a coisa certa.
Sem contar que por causa do avião que Landon deixaria minha disposição, eu poderia
visitá-los sempre que quisesse.
— Posso dançar com a noiva? — papai disse e me estendeu a mão.
— Claro que pode — respondi e fomos para a pista de dança.
— Consigo ver corações em volta da sua cabeça — ele brincou enquanto dançávamos.
— Sempre sonhei com esse dia, papai e nunca imaginei que um dia fosse acontecer —
comentei.
— Bom, agora que vocês já estão casados, posso contar que eu e o Alexander tivemos
parte nisso tudo — falou e eu arqueei uma sobrancelha.
— Como assim?
— Depois de analisar a vida de Landon por todos esses anos, descobrimos que ele tinha se
divorciado e durante uma conversa com seu irmão ele sugeriu que tirássemos a restrição da sua
equipe de segurança, para que finalmente você encontrasse com Landon em algum lugar.
Eu jurava que essa restrição não existia há muitos anos e acreditava que o fato de a gente
nunca ter se encontrado tinha mais a ver com coisa do destino.
— Quer dizer que o nosso encontro naquele evento foi premeditado?
— Foi um teste, se a coisa desandasse nós colocaríamos a restrição novamente e você não
iria mais encontrá-lo, no entanto, não previmos que ele iria usar a influência com o governador
para levar você para o Texas.
— Vocês são malucos, agora tudo faz sentido.
— Eu sabia que era um grande risco, que você poderia sofrer outra vez, mas depois de
todos os seus relacionamentos infrutíferos, fiquei pensando em como seria se você o
reencontrasse e acho que fiz a coisa certa, pois nunca te vi tão feliz.
— Ah, papai, eu nem sei o que falar. Obrigada.
— Não precisa falar nada, filha, se for feliz será o suficiente.
Após a dança eu me juntei com as esposas dos meus primos e minha cunhada, dei muitas
risadas da discussão que elas entraram, todas estavam reclamando que os votos de Landon foram
perfeitos e que os maridos delas não tinham se esforçado tanto.
— Os votos foram de acordo com as merdas que ele fez no passado — brinquei.
— Eva está certa. Eu sou testemunha disso, esses dois passaram por muita coisa —
Maddy disse e me lançou um sorriso amoroso.
Minutos depois, Alexander se aproximou e me levantei para conversar com ele.
— Obrigada por ter tirado a restrição — comentei e o empurrei com ombro.
— Agora que tudo deu certo, posso te contar a verdade — ele disse e me encarou.
— Que verdade?
— Eu jamais deixaria que Landon se aproximasse de você novamente, mas em um dos
eventos beneficentes em que eu estava acompanhando a Celine, aconteceu uma coisa que me fez
repensar.
— Agora você me deixou curiosa, me conta logo o que aconteceu.
— O tal Gordon, que propôs aquele plano ao Landon, virou uma espécie de pastor,
missionário, ou coisa assim. Bom, quando me viu no evento, veio confessar toda a verdade. Ele
disse que usou da sede de vingança de Landon para propor toda aquela merda, mas que na
metade do plano seu marido desistiu porque estava apaixonado por você. Parece que o Landon
bateu nele, o que o deixou com raiva e o instigou a espalhar várias fofocas pela universidade,
com intuito de fazer vocês brigarem.
— Estou sem palavras. Não tinha como as coisas darem certo entre nós com tantas
pessoas torcendo contra.
— Pois é, mas ele disse que sabia que nunca iria conseguir chegar perto de você, então
falou comigo e pediu para que eu revelasse a verdade.
— E aí você decidiu bancar o cupido — brinquei.
— E acho que acertei, pois ver esse sorriso no seu rosto não tem preço.
Sorri e nos abraçamos.
— Posso roubar a noiva? — Landon inquiriu, surgindo ao lado de Alex, e meu irmão
assentiu.
— Tenho uma surpresa para você — meu marido confidenciou.
— Adoro surpresas — comentei e sorrimos.
Um garçom se aproximou segurando uma bandeja e em cima dela havia uma pasta preta.
— O que é isso? — questionei, curiosa.
— Abra e veja — ele disse, charmoso.
Peguei a pasta, abri e comecei a ler o conteúdo, se tratava de uma espécie de escritura.
— Sem meus óculos e com essas luzes, minha miopia não vai me deixar saber do que se
trata o presente — falei e ele sorriu.
— Esse documento comprova que você é a nova proprietária da Mask Candy. Suas trufas
nunca mais sairão de circulação, a não ser que você queira.
— Ah, meu Deus! Não acredito — berrei, histérica, e depois o abracei apertado. —
Obrigada, obrigada, obrigada, eu amei — falei enquanto distribuía beijos pelo seu rosto.
Os convidados ficaram observando a nossa cena, sem entender nada, então, assim que deu
fui até a rodinha onde estava Maddy, Liz, Mel e Celine.
— Pela sua cara, ele deve ter dado algo bem valioso — Celine comentou.
— Ele me deu de presente de casamento, nada mais nada menos, que a fábrica de
chocolate Mask Candy, isso quer dizer que nunca mais vou ficar sem minhas trufas — falei,
eufórica, e elas ficaram me encarando de olhos arregalados.
— Realmente ele subiu o nível do presente de casamento, não quero menos que isso
quando eu me casar — Maddy brincou.
Voltei para a pista de dança e me esbaldei com as crianças e principalmente com meu
noivo.
Quando tocou Take My Breath Away, Landon me puxou pela cintura e me conduziu pela
pista.
— Eu te amo, senhora McFarland — ele disse apaixonado.
— Eu também, meu amor — respondi e nos beijamos.
Eu mal podia acreditar que estava vivendo aquele momento, sentindo o cheiro das rosas
pelo ar, dançando sob uma luz suave, vivendo meu conto de fadas com o homem que eu amava.
Eva Stone

MESES DEPOIS…

Uma das grandes paixões do meu marido e dos homens da família Stone era o jogo de
polo e as corridas de cavalo, por isso, naquele dia estávamos no Saratoga Race Course para
assistir a algumas corridas, Aquele lugar estava em funcionamento a mais de cento e cinquenta
anos, sem contar que era especializada em receber a elite mundial e famosos que gostavam
daquele universo.
Estávamos acomodados em um espaço reservado para a nossa família, estava ao lado da
minha cunhada Celine, enquanto Landon e Alexander conversavam a alguns metros de nós.
— Eles não se desgrudam, parecem irmãos — Celine comentou.
Quanto a isso eu tinha que concordar, assim que chegamos da lua de mel, Alexander
informou que tinha comprado terras em Sun Valley e que estava construindo uma casa para
passar as férias com as crianças. Fiquei feliz e surpresa com a novidade e mal poderia esperar
pela nossa convivência em família, quando a casa ficasse pronta.
— Pois é, mas que bom que está sendo assim e que o Alex e os meus primos o acolheram
na família — ponderou.
Se ele não fosse aceito, não seria um empecilho para ficarmos juntos, no entanto, era
importante para mim que toda a família simpatizasse com ele.
Ao longo do dia, assistimos a várias corridas, cumprimentamos conhecidos e passamos
um dia gostoso com as crianças.
No fim da tarde, saímos em comboio e fomos direto para um dos restaurantes preferidos
do nosso clã. Durante o jantar, todos estavam bebendo e conversando animadamente, quando
bati o talher em uma taça e pedi a atenção de todos.
— Bom, eu chamei a atenção de vocês — falei, fiz uma pausa e encarei Landon — para
anunciar que estou grávida — soltei de uma vez.
Ao redor, vi bocas se abrindo e olhos se arregalando.
Já meu marido, pulou da cadeira e me beijou apaixonado.
— Que notícia maravilhosa, amor — ele disse quando nossas bocas se afastaram e depois
beijou minha barriga.
— Já fazia alguns dias que eu estava desconfiada, fiz o exame de sangue esta semana —
disse comovida.
— Ah, Filha, que notícia maravilhosa! — mamãe disse e me abraçou apertado.
— Não sabe como fico feliz por saber que tudo isso está acontecendo na sua vida, mal
posso esperar para pegar meu netinho ou netinha nos braços — foi a vez de papai falar e abraçar,
emocionado.
Depois disso, recebi muitos abraços e felicitações do resto da família, o último foi
Alexander e vi que ele estava muito feliz por mim.
— Parabéns pelo bebê — ele disse e me abraçou.
— Você faz parte disso — pontuei, limpando o rosto. — Obrigada por ter permitido que
ele voltasse para a minha vida — falei e nos abraçamos.
Finalizamos o jantar e depois fomos cada um para sua casa, quando entramos na
cobertura, Landon me abraçou novamente e me beijou por longos minutos.
— Eu sou o homem mais feliz desse mundo — ele disse quando afastou a boca da minha.
— Parece que estou vivendo um sonho, não acredito que estamos casados e que tem um
bebê a caminho — confidenciei.
— Eu sei que já falei isso várias vezes, mas nunca mais vou permitir que você saia da
minha vida. Eu te amo demais — declarou e voltou a me beijar.
Nos beijamos apaixonados, enquanto uma onda de felicidade atravessava minha alma. Os
anos que ficamos longe foram dolorosos, mas nada se comparava ao que o destino tinha
reservado para nós. Nossa história era a prova viva de que quando um amor tem que acontecer,
nada nem ninguém pode atrapalhar.
Deixei as mágoas para trás e decidi aproveitar cada segundo daquela chance que Deus
tinha nos dado e prometi a mim mesma que faria de tudo para construir uma família feliz ao lado
do homem que eu amava.
Dali em diante, eu sonharia com uma vida cheia de amor, riso e apoio mútuo. Imaginava
nós dois criando memórias preciosas juntos, construindo um lar cheio de amor e felicidade.
Eva Stone

Entre todas as coisas que já tinha planejado para minha vida, construir uma família com
Landon McFarland era a mais improvável delas. Não que eu nunca tivesse imaginado aquele tipo
de situação, mas nosso afastamento doloroso me fazia desacreditar que um dia poderíamos ficar
juntos, muito menos imaginá-lo brincando no jardim com os nossos filhos.
Alec McFarland era o complemento que faltava; o fato de ser mãe tinha mudado a
química do meu cérebro, era algo surreal.
— Vem brincar com a gente, mamãe — Connor pediu e acabei sorrindo para ele.
Escutar meu garotinho me chamando de mamãe era sempre emocionante para mim, pois
eu nunca o incentivei a falar aquilo, mas depois de tanto tempo de cuidado e dedicação ele pediu
se poderia me chamar assim e foi um dos dias mais especiais da minha vida. Ele e o pequeno
Alec eram o nosso mundo.
Deixei minha leitura atual do lado, levantei-me da espreguiçadeira e caminhei até o
gramado. Landon tinha acabado de chegar da empresa e ainda estava de social, com exceção do
blazer que estava pendurado em uma das cadeiras em volta da piscina.
Ele continuava um homem ambicioso nos negócios, mas não recusava um convite para
brincar de bola no jardim. Era equilíbrio entre um homem admirável e um pai atencioso que
ganhavam minha admiração. Sem contar a forma que ele me tratava. Às vezes tinha a impressão
de que estava vivendo um sonho, já que depois de tantos anos separados, era um tanto
improvável que as coisas dessem certo, mas nosso amor nos uniu e eu não poderia estar mais
feliz com isso.
Me juntei a eles e brinquei por alguns minutos, antes que a governanta avisasse que o
jantar estava quase pronto e seria servido em breve.
Entramos em casa, levei meu pequeno para o banho, enquanto Landon falava sobre a
reunião que teve com meu pai. Tony Osborne, era um grande admirador de todas as conquistas
do meu marido e sempre que possível, eles fechavam algum negócio juntos.
Eu sempre achei incrível a relação que meus pais tinham e meu coração se enchia de
alegria por saber que eles tinham abençoado nosso casamento e que gostavam tanto da minha
escolha.
Talvez, esse não fosse um detalhe importante para outras pessoas, mas para mim era.
Após o jantar, Landon colocou Alec e Connor para dormir, enquanto fui até nossa suíte
atender uma ligação da minha mãe, ela estava organizando uma viagem em família, para ser mais
exata, um safari. Estava ansiosa para ver Alexander e todo seu mau humor na selva africana.
Sorri com o pensamento, somente a Celine para aguentar sua personalidade forte.
— Do que está rindo? — Landon perguntou ao entrar no quarto.
— Imaginando cenas do meu irmão no safari da família Stone — brinquei.
— Será no mínimo curioso, mas pelas crianças eu acho que ele vai — assenti e envolvi
meus braços ao redor do seu pescoço.
Alexander e meu marido se davam muito bem e também tinham negócios juntos. Eu
costumava brincar que todos queriam se beneficiar da genialidade do meu marido, pois uma
coisa era nascer herdeiro e administrar algo que já estava pronto, outra coisa é construir um
império tendo apenas coragem e um coração partido.
Nós nos beijamos e minha mente me levou de volta ao passado, me fazendo lembrar tudo
pelo que passei para estar desfrutando daquele momento que parecia um sonho.
A idade, as diferenças sociais e principalmente as decisões erradas nos afastaram por anos,
tive que aprender as duras custas que você poderia estragar algo especial em segundos e levaria o
resto de uma vida para consertar.
Ainda bem que o nosso amor teve uma segunda chance, pois não conseguiria imaginar
outro homem ao meu lado; estava destinada a ser de Landon McFarland para sempre, só com ele
eu sentia que possuía um pedaço do céu na terra.
A seguir, um bônus com um pedacinho do que vocês vão encontrar nos meus próximos
lançamentos.
A julgar pelo tanto de vezes que Julian Dunker frequentava a cafeteria que ficava em
frente ao estúdio de dança onde eu trabalhava, poderia julgar que ele gostasse muito de café, mas
Beatrice já tinha me falado que achava que ele estava interessado em mim. Pena que eu não era
do tipo que confundia as coisas e não achava que um cara como ele fosse se envolver comigo, ao
menos, não de um jeito sério.
Os Dunker eram uma espécie de dinastia naquela região do Texas e Deus me livre estar
envolvida com pessoas tão poderosas, no entanto, depois de ter passado alguns dias no cativeiro
que ficava em suas terras, eu tinha que admitir que ele foi atencioso e prestou todo o apoio que
eu precisava. Em troca, não registrei queixa contra ele, até porque sabia que ele não tinha culpa,
mas estava ajudando o delegado com as investigações.
— Vamos ao bar country hoje, quem sabe você encontre Julian por lá e resolvam essa
tensão, antes que ele beba todo o estoque de café da Maggi — Beatrice disse e gargalhamos.
Beatrice também comentou que ele estava na linha de sucessão da família e
provavelmente se candidataria a senador nas próximas eleições, esse era mais um dos motivos
para ficar bem longe.
Homens como ele certamente se casariam com mulheres ricas e bem-nascidas, enquanto
eu era apenas uma bailarina tentando viver da dança.
— Eu sei que o xerife garantiu que a cidade está segura, mas depois do medo que passei,
não sei se vou conseguir ficar tranquila em qualquer lugar que seja — comentei enquanto
arrumávamos a sala.
Era sexta-feira, mas sempre deixávamos tudo em ordem para começar a semana.
— Vou estar com meu segurança lá, meu irmão e meu marido não me deixam mais sair
sozinha depois do que aconteceu com você, então estaremos seguras, se mudar de ideia me avise
— ela disse e saiu do estúdio.
Terminei de arrumar tudo, fechei o estúdio e fui para meu pequeno apartamento que
ficava nos fundos. Bea tinha construído aquele espaço para os dias que ela estivesse muito
cansada e não quisesse ir até o rancho para descansar.
O pequeno apartamento tinha uma suíte, sala, cozinha e um terraço gostoso onde eu
gostava de ficar a noite bebendo cerveja e vendo o movimento da cidade.
Todo o apartamento era equipado com moveis maravilhosos e eletrodomésticos de última
geração. Nada li era meu, mas eu cuidava como se fosse.
Viver longe do meu pai e da minha madrasta seria um desafio, mas eu estava disposta a
lutar para permanecer em Sun Valley.
Após um banho demorado, sequei meus cabelos, coloquei uma camisola e preparei um
sanduiche de frango. Estava na metade do meu lanche quando recebi uma mensagem da
Beatrice, perguntando se eu ia com ela e Douglas no tal bar Country.
Eu não estava a fim, mas sabia o quanto a Beatrice gostava daquele lugar e acabei
aceitando por causa dela.
Terminei de comer, escovei os dentes e fui para o armário em busca de uma roupa. Fazia
um clima agradável do lado de fora, então coloquei uma regata branca, uma saia jeans com um
cinto com fivela de coração, botas em estilo country e deixei o cabelo solto.
No rosto passei uma maquiagem leve e um gloss de morango nos lábios.
Meia hora depois já estava dentro do Country Bar, bebendo tequila com minha chefe,
enquanto ela falava sobre o casamento do irmão.
Eu seria eternamente grata a Landon McFarland, pois se não fosse ele ter se empenhado
em provar sua inocência, eu certamente teria sido traficada para outro país e só Deus sabia o que
aconteceria comigo.
— Eu falei que ele vinha — Beatrice disse e me virei para ver Julian Dunker entrando no
bar.
Ele estava usando jeans e camisa de botões azul marinho. Julian era um homem grande,
tinha um rosto bonito com traços perfeitos e olhos esverdeados.
Imaginei como ele ficaria dentro de um terno, caso fosse eleito Senador, certamente sua
vida mudaria para sempre e ele jamais frequentaria lugares como aquele.
Achei engraçado como as mulheres se esforçavam para chamar sua atenção, umas
cochichavam com as amigas, outras jogavam o cabelo e até teve uma corajosa que se aproximou
para falar com ele, mas foi rapidamente dispensada.
— Nem morta eu passaria uma vergonha dessas — comentei com a Beatrice e sorrimos.
Ao longo da noite Julian ficou a maior parte do tempo em um bar oposto ao nosso, estava
conversando com o dono do estabelecimento e com outros rapazes, mas em nenhum momento se
aproximou de onde eu estava.
Já eram quase 23h. Quando avisei a Beatrice que iria embora, ela insistiu para me levar
em casa, mas avisei que não seria necessário, pois iria pegar um taxi.
Nos despedimos e assim que cheguei do lado de fora, vi que ainda tinha muitas pessoas
circulando pelas ruas e decidi ir caminhando até o Studio de dança.
Pelos meus cálculos estaria em casa em menos de quinze minutos.
Estava distraída mexendo no celular, quando escutei o barulho do motor de uma
caminhonete potente se aproximando.
Olhei para o lado e me deparei com uma RAM preta estacionando, segundos depois a
porta se abriu e Julian desceu dela.
— Pelo visto você não aprendeu a lição — ele disse em tom visivelmente irritado.
— O que? — falei confusa.
— Depois de tudo que aconteceu você ainda tem coragem de andar sozinha uma hora
dessas da noite? — declarou e então eu entendi.
— Ah, tá, mas tem muita gente circulando e o estúdio fica perto daqui — expliquei.
Ficamos nos encarando por longos minutos, então tive tempo para analisar a figura
máscula minha frente. Julian Dunker era um homão daqueles, sem contar o cheiro do perfume
que exalava de suas roupas.
— Entre no carro vou te levar em casa — disse por fim.
— Não precisa — falei educadamente.
— Eu faço questão — insistiu.
Cruzei os braços em frente ao peito e o encarei.
— Você ter ajudado a me salvar daquele cativeiro não o transforma em meu dono —
declarei.
— Se você fosse minha, certamente não estaria na rua a uma hora dessas — rebateu e
senti um frio na barriga.
— E onde eu estaria? — zombei.
— Na minha cama — rebateu com convicção, deixando-me sem reação.
— Ok, acho que essa conversa foi longe demais, não vou entrar no seu carro e nem vou
para sua cama, então encerramos aqui — falei e fiz menção de me afastar, mas Julian me puxou
e me imprensou contra a caminhonete.
— Pare de ser teimosa, eu estou fazendo isso para te ajudar — falou com a boca a
milímetros da minha, fazendo-me sentir seu hálito quente e mentolado, vendo bem de perto as
labaredas que queimavam nos olhos esverdeados, afetando todo meu corpo.
— Julian, quanto tempo — escutei uma voz feminina falando e então nos viramos para
ver uma loira lindíssima saindo de dentro de um taxi.
Ele xingou baixinho e foi se afastando.
Aproveitei aquele momento e comecei a caminhar em direção à rua que me levaria ao
Studio e quando olhei para trás vi a loira conversando animadamente com ele, enquanto o taxista
tirava suas malas do carro.
Eu não sabia quem era ela, muito menos porque ele tinha me seguido e demonstrado tanta
preocupação, de qualquer forma, tinha que admitir que nossa conversa me deixou terrivelmente
atraída.
No entanto, tratei logo de tirar esses pensamentos da minha cabeça, em breve ele estaria
em Washington, ocupando uma cadeira no senado, enquanto eu continuaria em Sun Valley. Um
homem daqueles jamais levaria uma moça comum a sério. Difícil era explicar para meu coração
que ele não poderia desejar aquilo que não poderia ter.
ALEXANDER STONE
[CLÃ STONE 06]
(Lançamento 2023)

Alexander Stone é um homem fechado e de temperamento difícil que não faz questão de agradar ninguém a sua volta. Além de
fazer parte do clã Stone, ele também é conhecido no submundo como o Imperador, alguém temido que cultiva inimigos perigosos
e amizades duvidosas. Além da personalidade irascível, Alexander tem um interesse peculiar por mulheres ruivas, mas mesmo
quando o assunto é relacionamento, ele prefere agir de modo frio e discreto.

Celine Jonnes trabalha em um abrigo de crianças abandonadas e desde sempre vem dedicando seu tempo em prol de ajudar ao
próximo. Seu maior sonho é pagar as dívidas deixadas por sua mãe e seguir a vida religiosa, contudo, por causa da situação
financeira precária em que vive, ela acaba participando de um evento beneficente, sem imaginar que seus cabelos cor de fogo a
transformariam na obsessão de um dos homens mais poderosos do mundo.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
DOMINIC STONE
[CLÃ STONE 05]

Dominic Stone era o CEO das Indústrias Stone e por ser irmão do presidente dos Estados Unidos, se tornou o solteiro mais
cobiçado do país. Socialites, modelos e atrizes em ascensão sonhavam em desfilar ao seu lado e, quem sabe, se tornar sua
escolhida. No entanto, era uma virgem provocadora e sagaz quem tirava o seu sono.

“Como esquecer os bilhetes cheios de corações que ela espalhava pela minha cobertura, ou a imagem de seu corpo miúdo
dentro de uma camiseta das Indústrias Stone?”

Melissa Clark teve seu futuro traçado desde pequena. Oriunda de uma família composta por advogados brilhantes e ambiciosos,
cresceu sabendo que se formaria em direito para, futuramente, assumir seu lugar na Van Buren Advogados Associados. Contudo,
no auge de seus dezoito anos, sua maior preocupação estava em tentar conquistar seu vizinho e ela não media esforços na hora de
mexer com a cabeça do Stone mais gato daquela geração.

“Ele era o meu príncipe, mas tive que renunciar ao cargo de princesa, porque, às vezes, nós simplesmente precisamos desistir do
amor de conto de fadas para viver a realidade. ”

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
HARRY STONE – O PRESIDENTE
[CLÃ STONE 04]

Harry Stone cresceu em meio ao glamour, dinheiro, status e poder, coisas que sempre foram comuns ao clã Stone, conhecido
não apenas por gerir a maior fábrica de armas do mundo, mas também pela beleza que transcendia as gerações. Entretanto, desde
muito novo demonstrou um interesse genuíno pela política. Diante disso, seus passos foram calculadamente guiados para que um
dia conseguisse realizar o grande sonho de se tornar Presidente dos Estados Unidos.

Tudo ia muito bem, até ele se dar conta de que não conseguiria chegar ao salão oval sem ter uma primeira-dama ao seu lado.

Elizabeth Reagan é de uma família tradicional e completamente falida de Washington DC. Ela cresceu sob o jugo de uma mãe
opressora e viu a maior parte de sua vida passar de dentro dos muros da velha mansão dos Reagan.
Quando ouviu o boato de que Harry Stone estaria à procura de uma esposa, Eleanor Reagan viu no bilionário a salvação para sua
ruína e ela faria de tudo para que um dos melhores partidos dos Estados Unidos se interessasse por sua filha.

Preparem-se, pois esse conto de fadas moderno irá aquecer nossos corações.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
LOUISE STONE – A DEUSA DO AMOR
[CLÃ STONE 03]

Após uma desilusão amorosa, Louise Stone se fechou para o amor e decidiu estudar com afinco para entender o universo
masculino e, assim, não cometer os mesmos erros do passado.
Todos esses anos de pesquisa foram úteis para sua estabilidade emocional e contribuíram para a ascensão de sua carreira,
tornando-a uma psicóloga renomada e constantemente presente nos talk shows mais famosos dos Estados Unidos.
Aquela estava sendo a melhor fase de sua vida, pois havia, finalmente, conseguido o equilíbrio entre vida pessoal e profissional,
devido a isso, envolvimentos sentimentais não estavam em seus planos.

Considerado por todos como um prodígio dos negócios, Tony Osborne era extremamente atraente e quando não estava
comandando o Grupo Osborne, os interesses desse CEO giravam em torno de festas, mulheres e tudo de melhor que o dinheiro
poderia pagar.
Na vida desse belíssimo libertino não havia lugar para relacionamentos sérios, a não ser que a candidata fosse a aparentemente
inacessível Srta. Stone, a mulher que vinha tirando seu sono nos últimos tempos.

Ela odeia tipos como ele…


Ele admira mulheres como ela…

A Deusa do Amor é um delicioso romance que vai te ajudar a refletir sobre o universo que envolve as relações amorosas
de um jeito apaixonante e divertido.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
ROMEO STONE – O HERDEIRO
[CLÃ STONE 02]

Julie Collins sempre foi muito racional e nunca se rendeu diante de um rosto bonito e um corpo musculoso, até conhecer
Romeo Stone, um playboy lindo e charmoso que está disposto a quebrar sua mais importante regra só para tê-la em sua
cama.

“Mudar para Nova York não era apenas uma promessa de vida independente, eu sentia uma grande necessidade de descobrir
outros mundos e sabores; sair da redoma de vidro onde passei os últimos anos e sentir o verdadeiro gosto da liberdade.

Eu estava certa dos meus propósitos e bastante animada com a promessa de uma vida nova, mas o destino adora zombar das
pessoas e eis que surge Romeo Stone, a personificação de tudo que eu mais odiava em um homem.

Claro que eu não era imune à beleza dele, porém, um rostinho bonito nunca foi o suficiente para me manter interessada. Sempre
fui muito crítica e racional em relação aos homens e jamais ficaria com um tipo como ele. Pelo menos até ser rejeitada.

Romeo fez meu ego inflamar, se tornou uma espécie de desafio e eu usaria todos os recursos que tivesse à mão, para conquistar o
homem mais cobiçado de Nova York. ”

O segundo livro do Clã Stone, é um delicioso romance que você devorará em pequenas doses para que não acabe tão cedo.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
HARVEY STONE - O CEO DOS MEUS SONHOS
[CLÃ STONE 01]

MAIS DE 1 MILHÃO DE LEITURAS ONLINES

Alyssa Finger sempre teve como meta, estudar em Harvard e tornar-se uma executiva de sucesso. Por isso ela nunca se importou
com as zombarias que recebia devido às suas roupas largas e coloridas e aos enormes óculos que adotou como uma espécie de
escudo.

Mas um dia, literalmente, esbarra com o homem mais lindo que seus olhos já viram e se apaixona instantaneamente. Sabendo que
nunca será notada, ela se conforma em observá-lo de longe.

Agora, anos depois, ela trabalhará com o homem dos seus sonhos e após uma mudança radical, feita com a ajuda de seu melhor
amigo, Alyssa está pronta para tentar conquistar o coração do bilionário mais cobiçado de Nova York.

Harvey Stone é o CEO das Indústrias Stone, um dos maiores conglomerados do mundo. Ele é implacável nos negócios e desde
que assumiu a liderança do grupo, praticamente triplicou seu faturamento.

Rodeado por belas mulheres e frequentando os melhores lugares que o dinheiro pode pagar, este sedutor encontrará em sua nova
assistente um grande desafio.

Totalmente seduzido, ele está a ponto de quebrar sua regra número um: jamais se envolver com uma de suas funcionárias.

Esse é um romance sensual que te fará amar nossos protagonistas, mas também os odiar em vários momentos.
Descubra o porquê após ler o primeiro livro do Clã Stone.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
UM LORDE EM MINHA VIDA
(Prequel de Romeo Stone)

Laura Hunt divide seu tempo entre a universidade e o estágio em um dos escritórios de arquitetura mais famosos de Londres, por
esse motivo, relacionamentos não estão em seus planos. Especialmente porque a seu ver, o amor é algo inventado por filósofos
bobos que querem propagar essa ideia pelo mundo.

No entanto, ela começa a mudar de opinião quando conhece Robert Collins, o novo cliente da Hankle e West Arquitetura.

Robert é naturalmente charmoso, absolutamente lindo, além de ser um dos homens mais ricos da Inglaterra; e de um dia para o
outro, Laura se vê duvidando de todas as suas convicções, afinal, tudo o que começa a sentir desde o dia em que o conhece, é
forte demais e ela se recusa a aceitar que seja apenas uma ilusão.

Resta saber se o viúvo sério e extremamente sexy, está disposto a investir no amor novamente.

PS: Este livro conta a histórias dos pais da Julie, par de Romeo Stone.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
WARD – Vol. 1
[Spin-Off de Deusa do Amor]

Lacey Smith é uma linda jovem que arranca suspiros por onde passa, tanto pela beleza quanto pela jovialidade e vulnerabilidade
que exala. Mas o que as pessoas não sabem, é que por trás de toda aquela leveza, existe um coração ferido e uma mente
conturbada devido a um relacionamento problemático do passado.
Decidida a seguir em frente, ela consegue uma vaga na Ward Corporation e aposta todas as suas fichas em uma nova rotina que a
ajude a conseguir o equilíbrio emocional de que tanto necessita.

Thomas Ward é um verdadeiro lorde inglês que resolveu levar seus negócios para Nova York com a esperança de deixar em
Londres todos os problemas familiares que o acompanham desde muito novo.
Mesmo vivendo na cidade que nunca dorme, ele continua com sua rotina solitária e regrada, permeada de relacionamentos
passageiros, algo que o incomoda bastante, já que é um homem à moda antiga que prefere cortejar e conquistar uma mulher, a
dispensá-la após uma noite de sexo.

Embora estivesse decidido a focar seus esforços na expansão de sua empresa, ele se vê questionando vários princípios quando o
destino coloca Lacey Smith em sua vida.
Seria certo se apaixonar por uma garota tão nova, sofrida e que ainda por cima fazia parte de seu quadro de funcionárias?

Ele é um homem feito em busca de uma felicidade que nunca sentiu.


Ela, uma jovem garota desiludida devido a um amor que lhe fez sofrer.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
WARD – Vol. 2

Lacey Smith conheceu seu príncipe encantado, iniciou o curso dos seus sonhos e estava passando pela melhor fase de sua vida.
Aqueles momentos de dor e desequilíbrio haviam ficado para trás e tudo o que lhe restava era viver como qualquer outra garota
de sua idade.

No entanto, as coisas começam a se complicar quando ela percebe que o mundo cheio de glamour no qual Thomas Ward está
inserido, não é tão excitante assim. E é aí que começam suas dúvidas: será que ela conseguirá lidar com o peso de namorar um
homem tão poderoso?

Além disso, logo cedo ela descobre que a universidade não é para os fracos, que nem todas as famílias querem o bem de seus
pares, que o universo corporativo não é tão excitante assim e que basta vacilar um pouco, para que problemas do passado voltem
para te atormentar.

No segundo volume de WARD, Lacey e Tom terão que aprender a conviver com o ciúme, armações e inimigos que farão de tudo
para destruir seu conto de fadas.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
GAROTA VIP
[Prequel de Harry Stone]

ELE ERA SUA MISSÃO E SE TORNOU SUA PERDIÇÃO

Zara Maxwell é uma agente secreta treinada para se infiltrar entre os figurões de Washington e descobrir tudo o que puder sobre
eles. Esta esperta espiã usa de sua beleza, habilidade e inteligência fora do normal, para conseguir cumprir todas as suas missões
e segue apenas uma regra: jamais se envolver emocionalmente.

Blake Sullivan vem de uma família de políticos influentes. Sua expertise e magnetismo tornaram-no mundialmente conhecido e
o fizeram ganhar as últimas eleições para deputado, com uma vantagem assustadora, despertando a fúria de seus inimigos e a
inveja de seus concorrentes.

Blake será a próxima missão de Zara, uma das mais importantes de que já participou, e talvez, a última.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
FAMÍLIA DE LEONE
O DESPERTAR DO VIÚVO
[FAMÍLIA DE LEONE 01]

Dois corações atormentados em busca de um recomeço…

Massimo de Leone é o poderoso dono das Vinícolas De Leone, um homem sério e atormentado que carrega no peito a dor de ter
perdido sua amada esposa.
Tomado pelo sofrimento, ele se fechou para o amor e jurou que jamais colocaria outra mulher em seu lugar.

Helena Dias é uma garota simples com um passado traumático que só quer viver em paz e, de preferência, bem longe da mãe e do
padrasto.
É pensando nisso que aceita a proposta de trabalhar na Vinícola De Leone, para ser a cozinheira de Massimo, sem saber que esse
emprego mudará sua vida para sempre.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
RENDIDO POR ELA
[FAMÍLIA DE LEONE 02]

Dois corações perdidos em busca de um lugar para ficar…

Vicenzo De Leone é um dos herdeiros do império De Leone. Cansado de ser rotulado como um playboy irresponsável, ele
decidiu mergulhar de cabeça no mundo empresarial, o que lhe rendeu o reconhecimento que sempre almejou.
Seu lema era: fazer bons negócios e conquistar o maior número de mulheres.

"Vicenzo nunca imaginou que em sua lista de conquistas haveria uma mãe solteira com passado conturbado, mas era incapaz de
silenciar seu coração, que sempre o guiava para os braços dela. "

Marina Linhares acabou de se mudar para São Paulo. Ela era a nova secretária executiva da presidência do Grupo De Leone e
estava cheia de expectativas para começar uma nova fase.
Seu maior desejo era: deixar para trás o trauma proveniente de um relacionamento abusivo.

"Se envolver com Vicenzo era a última coisa que Marina queria em sua vida, mas toda vez que alguma coisa ruim acontecia, era
para ele que ela sentia vontade de ligar. "

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
DAMA DE FERRO
[FAMÍLIA DE LEONE 03]

Dois corações feridos em busca de conforto…

Sempre tive uma vida perfeitamente planejada e organizada, sem espaço para relacionamentos bobos e homens que não estejam à
altura do pedestal que eu mesma construí. O cargo de CEO do Grupo De Leone preenche toda a minha agenda, o que me confere
uma rotina fria e solitária, mas que faz sentido para mim. Tudo estava perfeito até que surge em minha vida o cara mais odioso
com quem já tive o desprazer de conversar. Félix Belmonte é o vizinho de cerca da fazenda que comprei em Minas Gerais; um
bronco que devia mascar fumo e falar com os animais. Ele me liga todos os dias, me dá apelidos absurdos e me transforma em
minha pior versão. Tudo o que eu precisava era resolver o problema das nossas terras, para que minha vida voltasse ao normal,
mas o infeliz fazia questão de dificultar as coisas enquanto me chamava de megera de luxo.

Após um relacionamento desastroso, eu jurei a mim mesmo que iria vencer na vida. Para isso, renunciei ao amor, foquei nos
negócios, comprei mais terras do que jamais poderia imaginar e finalmente poderia bater no peito e dizer que construí um
império. Durante a semana eu encarnava o papel de CEO à frente da Corporação Belmonte, em São Paulo, e nos fins de semana
viajava para minha fazenda, que era meu refúgio e lugar preferido no mundo. Pelo menos, até descobrir que Vittoria de Leone
estava querendo roubar uma parte das minhas terras. Ligar para ela e provocá-la até que perdesse a linha tinha se tornado o ponto
alto do meu dia, já que, por mais bonita que fosse, não fazia o meu tipo; era brava, fresca e rabugenta demais. Que mulher odiosa!

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
ÁLVARO ASSUNÇÃO - O FAZENDEIRO
[Prequel da FAMÍLIA DE LEONE]

Natália Mendes sonhava com uma carreira promissora em uma grande empresa. No entanto, seus sonhos foram interrompidos
quando teve que ser mudar para Nova Lima com a missão de reerguer o bar falido de sua tia.
Seus planos eram claros, fazer o que lhe foi proposto e ir embora daquele fim de mundo, mas tudo ficou incerto quando conheceu
o partidão da cidade.

Álvaro Assunção era um empresário rico e taciturno que fugiu do estresse de São Paulo e se refugiou em sua luxuosa fazenda no
interior. Logo, a fama de homem difícil se espalhou pela região, despertando o interesse de todas as mulheres da pequena cidade,
inclusive de sua mais nova moradora.

A paixão foi inevitável, porém…


Ele quer a calmaria do campo.
Ela, o agito de uma grande metrópole.

Quem irá ceder?

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
SÉRIE MILIONÁRIOS DE CHICAGO
O REI DOS DIAMANTES
[SÉRIE MILIONÁRIOS DE CHICAGO 01]

Andrew Petrov é um russo de temperamento difícil. Lindo, sério, irascível e inegavelmente misterioso, ele vive para cuidar de
seu império construído por meio da exploração e venda de pedras preciosas. No mundo corporativo é temido e conhecido como O
Rei dos Diamantes, mas intimamente é um homem atormentado em busca de algo que imagina nunca poder ter.

Leticia Garcia é uma jovem doce e inocente que foi entregue, contra a própria vontade, a um homem rude e violento. Durante o
dia, sem que ele saiba, Leticia aceita encomendas e cria os mais variados e deliciosos bolos de Chicago. No entanto, se sente
muito infeliz e mesmo não admitindo a si mesma, sonha com o dia em que aquele homem cruel a libertará e ela finalmente
poderá encontrar o amor.

E o que O Rei dos Diamantes tem a ver com uma jovem e sofrida dona de casa?
Venha descobrir nesse delicioso e moderno conto de fadas.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
A GRANDE VIRADA
[SÉRIE MILIONÁRIOS DE CHICAGO 02]

UM HERDEIRO, UMA LINDA MULHER E UMA ATRAÇÃO INCONTROLÁVEL.

Milena Soares começou a trabalhar na casa de uma importante família e acabou ganhando a simpatia de Ross, um senhor solitário
que carregava no peito o desejo de ver seu neto único subindo ao altar.

Zen Mayaf era o pecado em forma de homem e mesmo correndo o risco de perder o império que herdaria, nunca cedeu aos
“caprichos” do avô.

Após uma longa temporada em Nova York, ele retornou a Chicago e teve uma bela surpresa. A nova funcionária da casa, além de
linda, era misteriosa e isso bastou para acionar seu radar predador.

Aos poucos ele foi percebendo que Milena tinha o poder de enfeitiçá-lo, dominá-lo e deixá-lo à mercê de seus próprios demônios.
Restava saber se ele estava disposto a se render.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
FARUK – O SHEIK DOS MEUS SONHOS
[SÉRIE MILIONÁRIOS DE CHICAGO 03]

Maly Albuja está prometida em casamento ao poderoso sheik do Qsaar. Ao longo dos anos, sua admiração e amor se
aprofundaram, ao passo que ele tinha verdadeiro desprezo pelo compromisso firmado por seu pai.
Faruk Yussef é conhecido pela beleza e ostentação, e seu título de sheik apenas o torna ainda mais cobiçado por mulheres de todo
o mundo.
Vivendo como se sua noiva não existisse, a última lembrança que tem dela é a de uma garota magricela e sem graça, o que o
deixa ainda mais relutante em manter qualquer contato com ela.
O que Faruk não sabe é que Maly cresceu e se tornou uma mulher linda e determinada, que está disposta a tudo para que o
casamento que sempre desejou se torne realidade.

Um homem decidido a seguir seu próprio destino.


Uma mulher disposta a tudo para fazê-lo se apaixonar.
Será que após conhecê-la, este lindo sheik dará uma chance aos dois?

Eu te convido a embarcar em mais um delicioso romance.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
JAY GALLAGHER – O MAGNATA
[SÉRIE MILIONÁRIOS DE CHICAGO 04]

Jay Gallagher era um magnata acostumado com um estilo de vida extravagante, recheado de festas, viagens e diversão, mas,
então, uma bela espanhola entra em sua vida de forma despretensiosa e se torna uma verdadeira obsessão.

Luna Romero era linda, temperamental e cheia de sonhos, contudo, por trás de sua beleza exuberante e jeito sedutor, havia uma
mulher traumatizada, que não confiava nos homens e se acostumou a ter tudo nos seus próprios termos.

Os dois viviam um intenso jogo de sedução, até que ela mentiu e ele acreditou. Agora, eles se odeiam.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
LIVROS AVULSOS
LOUCO POR ELA
(Livro completo)

UM AMOR PARA A VIDA TODA

Ainda adolescente, Julia Albernaz se apaixonou por Leonel Brandão, que além de sócio, também era o melhor amigo de seu pai.
Desde então, ela nunca poupou esforços para chamar a atenção de seu amor platônico.

Leonel, por sua vez, achava graça dessa paixonite de Julia, para ele, suas declarações não passavam de brincadeiras de criança,
sem qualquer fundamento.

Depois de muita desilusão, Julia decidiu estudar fora do Brasil, com a esperança de esquecê-lo. Infelizmente, quando retorna para
casa, após cinco anos, descobre que seus sentimentos por Leo não mudaram.

Entretanto, ela não é mais aquela adolescente boba, que vivia implorando por atenção. Julia se tornara uma mulher madura e
confiante, e agora sabia muito bem como lidar com o único homem que virava seu mundo de ponta cabeça.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
10 DIAS PARA ELE SE APAIXONAR

Rocco Milano é um ator de origem italiana que se tornou sensação em Hollywood. Fama, sucesso, dinheiro e milhares de fãs
enlouquecidas são uma rotina diária em sua vida. Após um ano intenso, ele precisa de descanso e anonimato, por isso, decide
passar suas férias numa pequena e pitoresca cidade da Itália.

Cassie Holmes?
Bom, ela é apenas uma maluca que se considera a fã número um de Rocco. Após meses de perseguição e uma boa dose de sorte,
ela descobre exatamente onde ele estará e decide ir para lá.

Alguma chance de isso acabar em romance?

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
O DIABO VESTE ARMANI

O DIABO VESTE ARMANI TEVE MAIS DE 3 MILHÕES DE LEITURAS NA INTERNET E CHEGA À AMAZON COM NOVA VERSÃO, REVISÃO E CENAS
EXTRAS.

Mia Banks sempre foi uma exímia jogadora de xadrez e embora sentisse simpatia pelo rei, era a rainha que a deixava fascinada.
Pelo menos até conhecer Rico Salvatore. Lindo, bem-sucedido e arrogante, aquele homem sempre seria um rei, enquanto ela
nunca passaria de um peão bobo e sem graça.

Mesmo achando difícil jogar de igual para igual, com um oponente que fazia seu mundo balançar com apenas um olhar, ela passa
a acreditar que sua inteligência é a principal arma para vencer aquele intenso jogo de sedução.

Ele quer sexo, ela, amor.


Quem vencerá esse delicioso e sensual embate?

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
DICAS PARA ESCREVER ROMANCE

Como você começou a escrever?


Como escrever?
Como lançar na Amazon?
Como viver de escrita?

Estas foram algumas das perguntas que recebi ao longo dos anos, tanto de minhas leitoras como de aspirantes a escritoras.

Como não dava para responder todas que chegavam a mim de forma individual, resolvi desenvolver este e-book, especialmente
para quem quer escrever romances e publicá-los na Amazon, mas acredito que as noções básicas contidas aqui poderão ajudar na
criação de qualquer gênero literário.

Espero muito que gostem, desejo que minha experiência sirva de incentivo para futuras escritoras e que minhas dicas sejam de
real ajuda na hora de compor suas histórias.

– DISPONÍVEL NA AMAZON –
•••

[1]
Loja fictícia.
[2]
Uma das faculdades de Oxford.
[3]
Principal biblioteca da universidade e uma das mais antigas da Inglaterra.
[4]
Pub estudantil próximo aos prédios de Oxford.
[5]
Restaurante de Nova York, do chef francês Daniel Boulud, atualmente com duas estrelas Michelin.

Você também pode gostar