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FILOSOFIA
ISBN 978-65-5741-270-1
CDD 100
20-3088
2021
1a edição
De acordo com a BNCC.
Impressão e acabamento
Uma publicação
CAPÍTULO
Foco no tema
Que consequências a paixão pela própria imagem se reflete na solidão Abertura do capítulo e seção
se pretende aqui esgotar os mitos gregos, descrevendo cada um, do lago de Narciso? De que forma a contemplação da vida, expressada na
visão de Narciso refletida no lago e do lago refletido em Narciso, dificulta
Foco no tema
Habilidades da BNCC: em suas características e funções. O trabalho exigiria uma quan-
EM13CHS101 EM13CHS104 EM13CHS106 EM13CHS202 EM13CHS203 EM13CHS204 EM13CHS303 EM13CHS404 EM13CHS501 tidade tão grande de informações, que nenhum livro teria espaço o acesso à vida real?
Estudaremos neste capítulo:
suficiente. Mas é possível afirmar, com inspiração em Sócrates
Mito: uma concepção de mundo (você se lembra?), que a quantidade de informações não é sufi- Agora, o mito será apresentado em outra forma de lingua-
Reprodução/Galeria Nacional de Arte Antiga do Palacio Barberini, Roma, Italia
ciente para a compreensão da essência do mito como forma de gem: a pintura. Observe como esse personagem atravessou o
Mito e tradição tempo e como é referenciado e expressado de diferentes formas
conhecimento. Porque o mito é, acima de tudo, formação, e qual-
A voz dos poetas quer forma de traduzi-lo, a partir de um acúmulo de informações, e em diversos períodos da História, ao mesmo tempo que man-
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Curricular, de forma contextualizada e com rigor conceitual para
um estudo consistente.
Filosofia
um grupo de discípulos – você já deve ter ouvido falar de Euclides nas suas aulas de Matemática. E, final- mento justificando essa afirmativa.
mente, sentado nos degraus da escada, está Diógenes (16), o filósofo irreverente do período helenístico
com ideias geniais, que odiava os bens materiais e, acredite, morava em um barril.
Reprodução/Museus do Vaticano, Cidade do Vaticano, Itália.
Parada complementar
18: Euclides.
Impressiona na obra de Rafael a quantidade de informações sobre a Antiguidade Clássica, desde os de-
talhes da arquitetura à mistura de personagens da Antiguidade e do Renascimento, seus gestos, apontando
16: Diógenes, o cínico. R e 21: Rafael e Sodoma.
Parada complementar
Aqui você encontra atividades que
devem ser feitas em casa, de forma
as ideias desses pensadores, ancorados pela presença dos deuses gregos da sabedoria e do conhecimento
racional, Atena e Apolo. 7. (UEM-PR)
Outro fato interessante já citado é a reunião de personagens da Antiguidade ao lado de contempo-
Pode-se afirmar, portanto, que a arte é uma forma de o homem se relacionar com o mundo, forma que se renova juntamente com a pro-
râneos de Rafael, mostrando claramente a inspiração que o Classicismo grego exerceu sobre o Renasci-
dução da vida. O homem (…) busca sempre novas possibilidades de existência, busca transcender, ultrapassar e descortinar novas dimensões
mento. Esse fato fica claro nos seguintes detalhes: o rosto de Leonardo da Vinci, na figura de Platão; o
da realidade.
de Michelangelo, na figura de Heráclito; e sua própria imagem em um autorretrato que aparece discre-
de exemplificar e aprofundar os
efeito. Tenho apenas de desbastar as paredes brutas que aprisionam a adorável aparição para revelá-la a outros olhos como os meus já a veem.
BUONAROTTI, Michelangelo. International journal of religious education, 1946. p. 23. v. 23. Teste seu conhecimento: 7
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Com as informações que aprendeu no capítulo, complete o quadro conforme os exemplos já preenchidos.
CONHECIMENTO
Síntese
possibilidades de ser conhecimento.
do indivíduo
• Imanente
Possibilidade Formas
da verdade de conhecer
Sabedoria
O ceticismo, nega
a possibilidade
Concepção de alcançar a
O texto apresenta um entendimento acerca dos elementos conhecimento sobre este pode ser vantajoso para a aquisi-
Filosofia
19 20
Enem e dos principais exames vestibulares.
IV
Filosofia
caram profundas rupturas na concepção mítica. Essas rupturas representam o surgimento de uma nova visão A função original do mito
de mundo, onde parecia não ter lugar para mitos. Embora a Filosofia não tenha rompido radicalmente com é ser espelho, promover o Ecos de Narciso
a mitologia, o novo contexto traduzia os mitos como visão ingênua e fantasiosa da realidade, desmerecendo entendimento do mundo e de A partir desse título, analisado sob o olhar de algumas disciplinas, pode-se produzir um roteiro interessante para
sua importância histórica e banalizando-os como fonte de conhecimento humano. si mesmo por meio de suas a realização de uma peça teatral. Cada disciplina contribui com sua análise sobre o tema, aliada à utilização de
No entanto, mentes mais sutis e observadoras não os deixaram cair no esquecimento, imortalizando-os. significações. O mito desperta elementos materiais (cenas curtas de filmes, projeção de pinturas, poemas, músicas) e imateriais (teorias e ideias):
Conexões
literatura, na publicidade, no cinema, na pintura, na música, seja no pensamento de estudiosos brilhantes Arte: a versão do mito na pintura de diferentes contextos históricos, edição de cenas de filmes que o retratam.
como Friedrich Nietzsche, Sigmund Freud, Roland Barthes, entre tantos outros, que se utilizaram das suas desconhecida, a humanidade
Sociologia: a versão contemporânea do mito nas redes sociais, na sociedade do espetáculo e na cultura de consumo.
narrativas como instrumentos de trabalho, tornando-se cada vez mais significativos como referência e fon- (para o bem ou para o mal).
Ao desvelar as sombras que Filosofia: análise da versão do mito na tradição filosófica de origem.
te inesgotável de reflexão sobre a condição humana.
não queremos reconhecer, ele Produzam um roteiro e a montagem da peça teatral articulada aos elementos da pesquisa.
provoca um conflito interior,
Reprodução/Editora Abril
Reprodução/https://pt.slideshare.net/1950/arte-propaganda
entre o ser e o aparecer,
nos inquietando e nos Mas, independentemente dos contextos, seja há 3 mil anos como representação do pensamento gre-
Reprodução/https://dablios.wordpress.com
ginais do símbolo são abandonados, e, pior, são descaracterizados para serem
direcionados a um objetivo fora dele – no caso, o consumo.
Nessa apropriação da cultura popular pela mídia, os mitos, a obra de
arte e seus significados originais ficam banalizados, sobrepostos pelo ime-
diatismo da mensagem publicitária. Nesse contexto, essas formas de co-
Filosofia
Esta questão apresenta as festas populares como rituais carregados de sentido. O tema tratado se refere à recriação da cosmogonia Citando o escritor e filósofo Jostein Gaarder, o melhor meio de se aproximar da filosofia é fazer per-
guntas filosóficas. De olho
nas comunidades arcaicas, que ocorria anualmente por meio de rituais religiosos e festas populares.
A cada ritual do ano-novo ocorre, simbolicamente, um recomeço do mundo. Essa consagração é considerada o gesto divino de instau- Pensando de forma
Como o mundo foi criado? Será que existe uma vontade ou um sentido por trás do que ocorre? Há vida depois da bem ampla, sempre se
ração do cosmos que estabelece a ordem em função da qual se desenrolam as relações concretas dos homens, garantindo o sentido
morte? Como é possível responder a estas perguntas? E, principalmente, como se deve viver? produziu Filosofia. Todos
das coisas. Essa reatualização do mito ocorre por meio
a) da criação poética dos aedos em suas andanças diárias. os indivíduos, de todas
A Filosofia é uma forma de conhecimento muito antiga. A busca de respostas para questões que dizem as épocas e lugares,
b) da recriação da cosmogonia pelos rituais religiosos e festas populares.
respeito à compreensão da realidade e sobre o que é o ser humano, a necessidade de encontrar um senti- certamente filosofavam
c) da divulgação dos saberes populares nas populações campesinas.
do para a vida e os mistérios da existência sempre foi objeto de reflexão humana. Foi essa inquietação na quando desenvolviam suas
d) do desvelamento e revelação do mundo pela razão humana.
busca de explicações para o real que deu origem ao filosofar. reflexões sobre o mundo
e) da compreensão objetiva dos fenômenos da natureza.
Como fazer
e as diversas relações
Resolução: Entretanto, filosofar não é apenas refletir, mas pensar de forma crítica. O que isso significa? ali vivenciadas, criando
Apesar de o texto de abertura sugerir algumas informações, o tema é complexo e vago, exigindo conhecimentos prévios, como saber como o interpretações sobre a
mito funda o mundo e como esse mundo se reatualiza na concepção mítica. Não é possível responder à questão se você não possuir informações Ao nascer, somos inseridos em um mundo de conceitos, hábitos e valores preconcebidos que aceita- realidade. Essa capacidade
sobre o tema. É preciso analisar cada uma das alternativas. mos e ao qual nos adequamos sem questionar, e que influenciarão toda a nossa concepção de vida, de de refletir é a base da
a) Falsa. A poesia, embora contribua nesse contexto, não é capaz por si só de fazer a reatualização do mito. Não é essa sua função; ela ser e de mundo. Interagimos com esse mundo e seus valores, fazendo e buscando o que todos fazem e Filosofia.
descreve, traduz o fato. buscam: alimentar, trabalhar, divertir, casar, ter filhos, como se essas tarefas e suas realizações fossem
b) Verdadeira. A reatualização do mito ocorre pela recriação da cosmogonia por meio das festas populares e dos rituais religiosos. A cada o caminho da felicidade. Aos poucos, esses conceitos vão se tornando uma verdade natural, comum a
ritual, celebra-se a repetição do gesto dos deuses de instauração do cosmos no tempo primordial, ocorrendo, simbolicamente, um todas as pessoas com que convivemos, nos convencendo de que temos a mesma percepção de mundo,
De olho
tela negam o que está representado na imagem: Ceci n’est
pas une pipe (“Isto não é um cachimbo”), gerando um con-
passo sobre o contexto, o comando Explique de que forma essa proposta da mitologia difere de outras formas de conhecimento. Filosofar é indagar sobre o que é o mundo, o que é o ser humano, a natureza, as coisas e a sociedade.
Essa indagação é uma espécie de inquietação que não permite ao indivíduo que se acomode diante de um
mundo que se apresenta pronto e acabado, determinado. Para a Filosofia, nada está pronto, tudo é caminho.
Filosofar é, portanto, não se acomodar, mas buscar a luz, iluminar, abrindo possibilidades diante
dessas indagações pela reflexão e pelo pensamento. Um caminho solitário, sem dúvida, o pensamento
considerados relevantes no componente
e a resposta das atividades. curricular para você manter atenção
é solitário – ninguém pode fazer isso por outra pessoa. Mas uma experiência inigualável de liberdade
e de humanidade, que somente pelo pensar é possível ter acesso, e que modifica para sempre o olhar
sobre as coisas e sobre si mesmo.
Leia o que David Hume, no seu texto “Melancolia filosófica”, fala sobre essa inquietação experimentada
pelo filósofo. A consciência da realidade é vista como uma espécie de “condenação”, levando-o constante-
mente a um sair e voltar a si mesmo para engajar-se, assumindo o seu papel social na construção do mundo.
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especial no momento de estudo.
um grupo de discípulos – você já deve ter ouvido falar de Euclides nas suas aulas de Matemática. E, final-
mente, sentado nos degraus da escada, está Diógenes (16), o filósofo irreverente do período helenístico
com ideias geniais, que odiava os bens materiais e, acredite, morava em um barril. Iluminismo e Filosofia
O século XVIII é marcado pela finalização de profundas mudanças iniciadas no século XVI, com o Re-
Reprodução/Museus do Vaticano, Cidade do Vaticano, Itália.
Investigue
nascimento, nos campos econômico, político, social e científico. Para compreender em que consistem
essas mudanças, é necessário recapitular alguns fatos já estudados.
Por mais significativo que o Renascimento tenha sido em termos culturais e artísticos, o grande impacto
filosófico veio no início do século XVII, com a Revolução Científica. Um grupo de pensadores criou novas
teorias filosóficas, apoiado em um retorno ao espírito independente da Grécia Antiga. Destacam-se, nesse
propósito, René Descartes (1596-1650) e sua concepção do universo como um objeto material, com leis
mecânicas, desprovido de qualidades humanas. A base do mecanicismo cartesiano está em afirmar que as
leis da mecânica são as mesmas que regem as leis da natureza. O resultado dessa filosofia foi proporcionar
a crença no conhecimento seguro e previsível do mundo, fazendo do homem senhor da natureza. A visão
Glossário
importantes da história da Filosofia que serão estudados nos capítulos a seguir. privilegiado, uma vez que é por meio dele que o poder será exercido. Neste capítulo, você estudará a forma
pela qual o ideário iluminista construiu a ideia de conhecimento, poder, governo e direito contemporâneo.
Os valores da burguesia ganham destaque, provocando rupturas nas formas de pensar consagradas
• outros personagens e deuses presentes; pensar e discutir livremente a política e o direito vigentes.
• a escolha desse cenário como tema. As ideias que surgiam desses encontros foram publicadas
posteriormente em revistas, panfletos e outros materiais
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Referências Referências
Filosofia
BUZZI, Arcângelo R. Introdução ao pensar: o ser, o conhecimento e a linguagem. Petrópolis: Vozes, 2006.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. Trad. Rogério Fernandes. Lisboa: Edição Livros do Brasil, 1975.
FERRY, Luc. A sabedoria dos mitos gregos: aprender a viver II. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. Disponível
em: <www.academia.edu/36568226/A_Sabedoria_dos_Mitos_Gregos_-_Ferry_Luc>. Acesso em:
Referências
mar. 2020.
HEIDEGGER, M. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio. São Paulo:
Edições 70, 2010.
JAEGER, W. Paidéia: a formação do homem grego. Trad. Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
PLATÃO. Teeteto. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2007.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, 2006. (Coleção História
da Filosofia).
Referências utilizadas
SAVATER, Fernando. As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e religião na Grécia Antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2006.
WILDE, Oscar. Poema em prosa. Trad. Possidónio Cachapa. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2002.
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Habilidades
relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e epis- pacial, temporal e cultural) em diferentes sociedades, contextualizando e re-
lativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo,
Habilidades
borar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a processos de estrati-
socioambiental, o combate à poluição sistêmica e o consumo responsável. ficação e desigualdade socioeconômica.
(EM13CHS302) Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e so- (EM13CHS403) Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnoló-
cioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos naturais gicas nas relações sociais e de trabalho próprias da contemporaneidade, pro-
e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de análise, movendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da opressão e
considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, da violação dos Direitos Humanos.
quilombolas e demais comunidades tradicionais –, suas práticas agroextrativis- (EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em di-
tas e o compromisso com a sustentabilidade. ferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e seus efeitos
(EM13CHS303) Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de
Habilidades
VI
Habilidades
transformações culturais, sociais, históricas, científicas e tecnológicas no mun- suas experiências políticas e de exercício da cidadania, aplicando conceitos
do contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indi- políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e regimes de governo, so-
víduos, grupos sociais, sociedades e culturas. berania etc.).
(EM13CHS604) Discutir o papel dos organismos internacionais no contexto
mundial, com vistas à elaboração de uma visão crítica sobre seus limites e suas
formas de atuação nos países, considerando os aspectos positivos e negativos
dessa atuação para as populações locais.
(EM13CHS605) Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, re-
correndo às noções de justiça, igualdade e fraternidade, identificar os progres-
sos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades contem-
porâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações
desses direitos em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de
cada grupo e de cada indivíduo.
(EM13CHS606) Analisar as características socioeconômicas da sociedade bra-
sileira – com base na análise de documentos (dados, tabelas, mapas etc.) de
diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identificados
e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o pro-
tagonismo de seus cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a
autoconfiança e a empatia.
VII