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São Paulo, 2020

Copyright ©
Todos os direitos reservados.
Texto revisado de acordo com o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Revisão – Marilia Manfredi Gasparovic


Diagramação – Luiz Cláudio de Melo
Fotos: Rafael Mello

1ª edição 2020.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Warmling, Suellen
Apareça & cresça [livro eletrônico] : como se
destacar na vida profissional e pessoal e abrir
portas para a realização dos seus sonhos através do
Marketing. / Suellen Warmling. -- Suzano, SP :
Thassia Andrade Consultoria Editorial, 2020.
ePub

ISBN 978-65-991578-0-6

1. Desenvolvimento pessoal 2. Desenvolvimento


profissional 3. Marketing digital 4. Realização
pessoal 5. Realização profissional I. Título.

20-39241 CDD-658.3
Índices para catálogo sistemático:

1. Marketing : Desenvolvimento pessoal e


profissional : Administração 658.3

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427


ÍNDICE
Agradecimentos
Prefácio
Introdução
1. A sua Criança
2. Já se sentiu como “o patinho feio”?
3. Qual Elefante habita em Você?
4. O Interior Venceu
5. Mapa dos Sonhos
6. Chá de Cadeira
7. O poder das escolhas
8. Ser Morno
9. Crie sua Tribo
10. O que é ser bom de marketing?
11. Pense Dentro da Caixa
12. Marketing sem Fronteiras
13. Inspiração sem Fronteiras
14. Marketing da Sorte
15. Afiando o machado e produzindo mais
16. A lâmpada mágica
17. A virada
Sobre a autora
Agradecimentos
O momento mais lindo da vida é quando nos damos conta
de que os planos de Deus para nós são muito maiores que
os nossos. Meus agradecimentos são ao meu pai Gilberto,
que tanto me inspirou na infância com suas histórias sobre
teatro, trabalho, sobre as viagens de carreta e, assim, me fez
querer conhecer o novo. À minha mãe, Arlete, que tanto me
ensinou sobre garra e me incentivou a sempre buscar melho-
res maneiras de fazer as coisas.
Ao meu irmão, Diógenes, um grande presente que ganhei,
que, ao lado da minha cunhada, Letícia, não mede esforços
para me ajudar em tudo. Eles são duas joias preciosas.
Ao meu marido, Roberto, que faz o difícil se tornar fácil
e que me desafia todos os dias a superar meus limites. Que
repete para mim infinitas vezes por dia a frase “amor, se
fosse fácil, todo mundo faria”. Ao nosso bebê, tão esperado,
que anunciou sua chegada ao mundo enquanto eu finalizava
este livro e que vai me trazer uma nova missão na vida.
A todas as pessoas que, em algum momento, são citadas
direta ou indiretamente neste livro e a todos os meus amigos,
familiares, clientes, alunos e seguidores, que diariamente são
uma injeção de ânimo para que eu acredite cada vez mais no
poder do trabalho como transformador de vidas. Gratidão!

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Prefácio
Adoro pegar os livros de história e conhecer um pouco
sobre as personalidades que fizeram a diferença no mundo. O
que me instiga é descobrir o que uma pessoa — em meio a
bilhões que habitam o planeta Terra — tem de tão especial para
estar presente nos registros sobre a humanidade. Confesso que
as histórias de mulheres são as que mais me atraem, talvez
pela representatividade ou por um simples rapport. Gosto de
pensar, por exemplo, como foi para Margaret Thatcher ser a
primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do
Reino Unido. Também fico imaginando como estava o coração
de Amelia Earhart quando entrou em um avião para se tornar
a primeira mulher a voar sozinha sobre o Oceano Atlântico.
Penso, ainda, sobre o tamanho do amor que Anita Garibaldi
sentia por Giuseppe, que a fez se tornar uma combatente da
Revolução Farroupilha e da Unificação da Itália. Essas e tantas
outras histórias nos fazem acreditar que sim, tudo é possível!
Ler e aprender com a história é realmente muito impor-
tante, mas, conforme vamos amadurecendo, percebemos
que a beleza da vida está em acompanhar a história sendo
escrita. E que as melhores histórias não são as grandiosas
que ficam para os registros da humanidade. As melhores
histórias são as que acontecem pertinho da gente. Por isso,
entre Margaret, Amelia e Anita, eu fico com a história que
vou contar agora para vocês.
Conheci a Suellen Warmling na faculdade de Jornalis-
mo. Em meio a uma turma de jovens que queriam trabalhar

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com comunicação para mudar o mundo, eu e a Suellen está-
vamos ali com um objetivo bem claro: sermos profissionais
bem-sucedidas. Com o mesmo propósito em mente, nos
aproximamos e nos tornamos mais do que amigas, nos tor-
namos companheiras de vitórias e derrotas. Antes mesmo
de nos formarmos, decidimos abrir a nossa empresa. Foi
naquele período que aprendemos na raça como montar
um plano de negócios, como vender o nosso produto, como
produzir, enfim, como sermos empreendedoras. O que
vivemos naquele período foi a base para nos tornarmos as
mulheres que hoje somos. Ela de um lado da estrada, eu
do outro, mas sempre juntas, pois o nosso propósito con-
tinua sendo o mesmo.
Fato é que qualquer mundo é pequeno demais para a
Suellen. O que falar de uma pessoa que, antes mesmo
de chegar à maioridade, decidiu ir morar por um ano na
Turquia? Um país com cultura e tradições tão diferentes das
nossas não amedrontou aquela menina, que hoje conquista
centenas de milhares de pessoas. A ansiedade que consome
a sua alma é também o motor para suas tantas conquistas.
Ela não se contenta com a mesmice. Ela é uma verdadeira
realizadora. Ela sonha e faz acontecer.
Vira e mexe me vem na cabeça uma situação que vivemos
durante a nossa saga de “meninas empreendedoras”. Estáva-
mos dentro do carro, indo para mais uma das nossas visitas
comerciais, e ali, paradas no trânsito, a Suellen solta a se-
guinte reflexão: “Fico olhando para todas essas pessoas, indo
pra lá e pra cá, e só consigo pensar em como elas ganham a
vida. Trabalham com o quê? Como ganham dinheiro?”. Eu
sempre me lembro desse dia, pois acho incrível como aquela
curiosidade tem tudo a ver com a profissional que ela é hoje.
A Suellen consegue conectar, por meio dos seus ensinamen-
tos, profissionais e empreendedores que ganham a vida de
formas muito diferentes. O melhor de tudo é que ela conse-

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gue mudar o rumo desses negócios e realmente fazer a dife-
rença na vida dessas pessoas.
Os relatos dos seus alunos são impressionantes. Quem
consome o conteúdo da Suellen realmente consegue resulta-
dos importantes para os seus negócios. Isso acontece porque
tudo que ela ensina ela já colocou em prática. Ela sabe que o
tempo é curto e precioso para se viver só de teorias. No mundo
corporativo, em que estou inserida, a Suellen certamente iria
encabeçar departamentos de inovação, realizando MVPs, POCs
e prototipação, tamanha a sua capacidade de tirar as ideias do
papel. A ansiedade, que é tão presente em sua personalidade,
se replica no sucesso de seus alunos, por isso seus ensinamen-
tos são tão certeiros. A comunicação também é um ponto forte
da Suellen. Afinal de contas, ela consegue descomplicar tudo
aquilo que parece difícil. Utilizando cases reais e com uma fala
acessível, termos técnicos e ferramentas direcionados para pro-
fissionais de comunicação passam a ser utilizados por pessoas
que nunca cogitaram trabalhar com marketing na vida.
Apesar de o marketing nortear seus conteúdos, este, que
é o primeiro livro da Suellen, nos instiga a sermos donos da
nossa própria história. Ela compartilha aqui várias passagens
da sua vida particular, tirando sempre um ensinamento prático
de cada capítulo. Sou uma privilegiada por ver a história que
a Suellen está construindo. E mais privilegiada ainda por ver
todas as histórias que ela está ajudando a escrever. Pode ser
que o legado dela não fique registrado nos grandes livros da
humanidade como as mulheres que citei no início deste texto,
mas ela vai estar presente na história de muitas pessoas como
alguém que ajudou profissionais e empreendedores a conquis-
tarem e a realizarem seus próprios sonhos.
Boa leitura!
Você é um privilegiado por estar aqui.
Patrícia Tressoldi

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Introdução
Cresça e Apareça? Ou Apareça e Cresça?

“Ela trabalha demais…”


“Nossa, como ela tá gorda”
“Vai ficar rica desse jeito…”
“Para que se expor tanto assim?”
“Trabalhar no carnaval? Tá louca?”
“Vai tirar férias de novo?”
“Ganha o que postando tanta coisa?”
“Quem trabalha demais não tem tempo de ganhar dinheiro...”

Os rótulos que colocam em ti dizem muito mais sobre


o outro do que sobre você. Afinal, a boca só fala do que
tem dentro do coração. O único rótulo que não aceito é o
de alguém que “apaga a luz” do outro, de alguém que não
entende que toda estrela tem sua maneira de brilhar. Quem
muito julga muito esconde. Quem muito condena quer tirar
o foco dos seus erros apontando o dedo para as falhas dos
outros. A quantidade de pedras que alguém tem na mão é
proporcional ao tamanho da máscara que usa. Apareça sim,
sem medo do julgamento e dos rótulos. Cresça sim, porque,
quando você chegar lá, muita gente vai querer saber como
chegou, e você poderá definir de uma maneira simples este
segredo: “eu simplesmente não considerei críticas de quem
não chegou aonde quero chegar”. Além do mais, críticas sem
motivo, muitas vezes, são elogios disfarçados.

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Se apagarem sua luz, não se preocupe quem foi, nem
como foi, simplesmente levante-se e a acenda novamen-
te. Também saiba que acender a chama do outro não
diminui nem apaga a sua própria luz. Vivemos em um
mundo competitivo e acabamos achando que, ao dividir
nossa luz com o próximo, ficaremos sem. Não. Somos
como uma vela que sozinha é capaz de acender a chama
de diversas velas.
Este livro não é uma autobiografia, mas pequenas partes
da minha história estão em cada capítulo, sim. Elas não
estão aqui à toa. Elas estão estrategicamente para que você
veja suas histórias nas minhas. Para que você se lembre das
suas histórias enquanto lê as minhas. Para que você perceba
que sua história é digna de ser contada, e que os fatos apa-
rentemente insignificantes escondem sim grandes tesouros.
Porém, para que esses tesouros sejam vistos, o baú precisa
ser aberto em algum momento. Afinal, se nunca for aberto,
ninguém saberá seu valor.
Se você continuar se escondendo dos holofotes, com
medo de aparecer, você dificilmente vai crescer. Se a
vida inteira você ouviu coisas do tipo “quer aparecer,
pinta a bunda de vermelho e sobe em um poste”, “vê se
cresce e aparece” ou “quer aparecer, primeiro tem que
crescer”, eu vim aqui para te dizer que, na nova era, em
um mundo conectado, o jogo virou. O jogo agora é: se
você quer crescer, primeiro você tem que aparecer. Hoje,
o melhor lugar para esconder seu negócio é na segunda
página do Google. Ninguém a vê. Para que alguém descu-
bra nosso negócio, ele precisa ser fácil de ser encontrado.
E a melhor maneira de ser encontrado hoje é estar pre-
sente no mundo digital, gerando valor para as pessoas
diariamente. Nada de fazer panfletagem virtual. A melhor
maneira de divulgar algo nas redes sociais hoje é criando
relacionamento, ensinando algo, se envolvendo, deixando

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rastros sobre seus novos projetos publicando sua rotina,
seus bastidores.
Existem pelo menos três tipos de clientes. Os que preci-
sam de um produto e estão procurando por ele, clientes que
geralmente recorrem ao Google para encontrar uma empresa.
Clientes que precisam de um produto e estão indecisos,
por isso acabam procrastinando até que uma promoção ou
anúncio realmente apareça na frente deles. E por último,
existem aquelas pessoas que precisam de um produto, mas
não sabem que precisam. É neste grupo que geralmente se
encontram as maiores oportunidades disfarçadas. Aqui a
concorrência é menor. Este é o cliente que está vagando ale-
atoriamente pelas redes sociais e pode de repente despertar
para a solução que você tem para vender. É o cliente que se
ficar surpreso com as coisas que vê em seu perfil, vai desco-
brir que você ou sua empresa era tudo que ele nunca soube,
mas sempre quis.
A nossa imagem precisa ser grande mesmo enquanto
ainda não somos tão grandes como gostaríamos. As nossas
atitudes precisam ser grandes até que nos tornamos real-
mente grandes. É o tal do finja até se tornar. Do faz de
conta. Não, não estou falando de parecer ser o que você
não é. Mas de programar seu corpo e sua mente para se
posicionar como você está trabalhando para ser. Respirar e
agir como a pessoa que você quer ser no futuro. Vestir-se de
acordo com a profissão e o cargo que você almeja ter. Não
para os outros, e sim para você mesma1 treinar e acostumar
seu cérebro. Também para você compreender que não tem
controle sobre o que as pessoas pensam ao seu respeito,
mas que é responsável por fornecer elementos que vão fazer
todas elas pensarem aquilo que você quer que elas pensem.

1
Neste livro, optei por usar o feminino, em geral, para conversar de forma mais
pessoal e direta com as mulheres, que são meu principal público.

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Para uma comunicação eficaz, precisamos nos preocupar
não só com o que falamos, mas principalmente com o que a
outra pessoa escuta.
Nessa era de mídias sociais, fazer construção de marca
não é mais tarefa só do marketing de grandes empresas ou
de agências de publicidade. É de todo mundo. Tudo que você
posta é uma fatia da construção da sua marca, pessoal ou
profissional. Hoje não existe mais divisão entre vida pessoal
e profissional, entre vida on-line e off-line. Se você tem uma
pequena empresa ou é uma profissional autônoma, uma
equação perfeita é publicar uma mescla de conteúdo pessoal
e profissional no seu perfil de uma rede social. Você pode,
por exemplo, deixar os assuntos profissionais, da sua área,
como base de conteúdo nas suas redes sociais, mas inserir
um pouco dos bastidores da sua rotina, do seu lifestyle.
Para quem já nasceu conectado à internet, gravar
um vídeo, apertar os botões das redes sociais é simples, é
natural. Já para quem nasceu antes da década de 90, 80
ou 70, pensar em aparecer falando para uma câmera era
algo apenas digno das celebridades. O profissional do futuro
precisa mostrar a cara. Precisa fazer das mídias sociais um
reality show.
Em nossa comunicação, apenas 7% do entendimento está
relacionado às palavras ditas, enquanto 38% representam
nossa maneira de dizer essas palavras, e 55%, nossa comuni-
cação corporal. E a principal forma de unir esses três cenários
na internet é por meio de vídeos. A questão é que a maioria
dos empresários ainda não se tocou disso.
Muitas empresas têm um colaborador só para atender
telefone, mas ainda se referem a quem cuida das mídias
sociais, a principal porta de entrada de clientes, como alguém
que “mexe no Instagram” (rede social da atualidade) ou fica
perdendo tempo no celular.

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A nova geração, os chamados “Alfas”, nascidos após
2010, já entendeu tudo, já sacou a ideia do “apareça e cresça”,
ao contrário de nós, que passamos a infância toda ouvindo
“cresce primeiro, depois aparece”. Eles querem ser youtubers
e, naturalmente, quando veem uma câmera, dizem “ativa o
sininho e se inscreve no canal” e o mais assustador: já sabem
que isso “dá” dinheiro. Nasceram sabendo segurar com na-
turalidade um smartphone e usar uma tela touch screen.
Com um ano de vida, eles mexem os dedinhos para
passar um desenho no smartphone como se jogassem na nossa
cara o quanto isso é óbvio mesmo que ninguém tenha ensinado.
Eles aprendem por osmose ou observação. Eles vivem na era da
diversidade e da espontaneidade. Para eles, ninguém precisa
ter rótulos, nem seguir uma ordem cronológica de vida pré-es-
tabelecida para o sucesso do tipo “estude, compre um carro,
case, construa uma casa, tenha filhos”. Eles são mais avança-
dos que nós, da Geração Y ou Z, que, por muitas vezes, fomos
chamados de geração “mimimi” por reclamarmos de tudo, ou
geração “nem-nem”, por alguns viverem à sombra dos pais sem
estudar nem trabalhar. A geração Alfa vem para mostrar que
o mundo não se tornou um lugar chato, mas sim um lugar
cheio de opiniões e que ofender alguém ou se sentir ofendido
e magoado porque simplesmente a pessoa não concorda com
você em algum aspecto não faz sentido nenhum.
Certa vez, ouvi a história de uma menina que chegou em
casa surpresa com uma experiência que viveu no caminho
de volta e perguntou à sua mãe:
— Mãe, como chama o uberista do táxi? O motorista?
— Taxista — respondeu a mãe.
— Mãe, você não vai acreditar! Ele imprimiu todo o Google
Maps, ele tinha um livro com o Google Maps impresso! — ex-
clamou a menina.

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Dias depois, essa mesma mãe foi visitar a sua mãe
(avó da menina). Saíram para passear, ligaram o Google
Maps e, ao ouvir vozes vindo do além, a senhora logo per-
guntou assustada:
— Como a moça do rádio sabe aonde a gente está indo?
Isso nos mostra que, em um intervalo de duas gerações,
a visão da mesma coisa é completamente diferente. E para
destacar sua empresa na era digital, você vai precisar de-
saprender algumas coisas para aprender algo novo, assim
como dizem que a gente só abandona de vez um hábito ruim,
como fumar, por exemplo, quando coloca um hábito novo no
lugar, como fazer uma caminhada. Como a xícara, que, para
caber mais chá, precisa ser esvaziada, nossa mente, para
caber uma nova ideia, precisa eliminar as antigas.
Se expor e aparecer não tem nada a ver com narcisis-
mo, exibicionismo, não quer dizer que você quer receber
uma chuva de elogios ou que se acha a pessoa mais linda do
planeta. Não. Não mesmo! Se expor é uma questão de pro-
pósito e estratégia. Propósito porque o mundo precisa ouvir
sua mensagem; e estratégia porque simplesmente quem não
é visto não é lembrado. Quem quer ser encontrado não se
esconde. Se você quer vender um produto, serviço ou até
mesmo se lançar como profissional, precisa, no mínimo, ser
lembrada pelas pessoas.
Ser chamada de metida não é defeito, é qualidade. A
pessoa que “se mete” mesmo quando não precisa fazer é a
pessoa que vê o que os outros não veem, que questiona en-
quanto todos se calam. Dizerem que você está “se achando”
também é elogio. Quem se acha é porque se encontrou, e se
encontrar é o que todo mundo passa a vida inteira buscando.
A intenção do movimento APAREÇA E CRESÇA é chamar
atenção para algo que vai além da aparência. Colocar a cara

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no sol para mostrar um pouco de quem você é e para que
veio ao mundo. Quer vender mais? Grave vídeos. Apareça!
Quer deixar um legado e colocar seu nome no mundo? Grave
vídeos. Apareça.
E já que estamos falando sobre aparecer em redes sociais,
não sei em que ano você está lendo este livro, nem qual é a
rede social que bomba neste momento. Mas, independente-
mente de qual for, use essa rede social para compartilhar os
insights que teve aqui, as frases que acenderam luzinhas na
sua mente. Poste fotos da capa ou de trechos do livro com as
frases que mais lhe chamaram atenção. Use a hashtag #apa-
reçaecresça para que possamos conhecer você que está aí do
outro lado também.

Boa leitura!

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Se expor é uma questão de propósito
e estratégia. Propósito porque o
mundo precisa ouvir sua mensagem, e
estratégia porque simplesmente quem
não é visto não é lembrado. Quem quer
ser encontrado não se esconde.

@suellenwarmling
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1. A sua Criança
“Os adultos estão sempre perguntando às crianças o que
querem ser quando crescer porque estão em busca de ideias”
PAULA POUNDSTONE

Muita gente te pergunta o que você quer ser quando


crescer, mas poucos te dão a oportunidade de continuar a
querer algo mesmo depois de adulto. É tarde. Não dá mais.
Sorte de quem tem a oportunidade de escolher uma faculda-
de sem pensar no curso que dá mais dinheiro, na profissão
do futuro, mas sim naquilo que faria mesmo se o dinheiro
não fosse o objetivo principal, se não precisasse dele.
Quando criança, eu queria ser escritora. Me tran-
cava no quarto e escrevia em um caderno histórias fic-
tícias aleatórias de 10 páginas acreditando que elas
poderiam virar algo grande no futuro. Escrevia cartas
quilométricas para os meus artistas preferidos. Depois
decidi ser atriz. O ano devia ser 1998. Descobri como
gravar a imagem da TV durante a novela “Chiquititas”.
Na novela, gravada na Argentina, elas cantavam uma
música que dizia “tudo, tudo, tudo… é teu, é só querer”.
Eu gravava no videocassete (se você nasceu depois dos
anos 90, provavelmente não sabe o que é isso, sugiro
que pesquise no Google) e depois editava as cenas prin-
cipais usando um segundo videocassete emprestado da
minha avó. Escrevia todas as falas das atrizes em um

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papel e espalhava para as amigas decorarem. Depois,
fazíamos o nosso teatro particular.
Um tempo depois, veio a internet. No auge dos meus
14 anos, aprendi a criar layouts e artes gráficas digitais.
Comecei a vender layouts de blogs personalizados para
os amigos por R$ 15. Nessa época, já pesquisava uma
faculdade de web design, que só existia em Porto Alegre,
a cerca de 700 km da minha cidade. Acreditando que
estava viajando demais para a minha realidade, resolvi
cursar Jornalismo. De jornalista, virei empresária, pa-
lestrante, criadora de conteúdo.
Mas mal sabia eu que tudo que fiz a vida inteira foi
apenas seguir meu coração, que misturou tudo que aquela
criança sonhava e transformou em uma profissão. Por isso,
nada mais justo que começar este livro te fazendo lembrar da
criança que você foi.

Tenho um desafio para você. Na próxima


página, haverá algumas perguntas que te farão
refletir... Pegue um papel e olhe para ele imagi-
nando que você, agora adulta, está indo encon-
trar essa criança e responda...

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Responda:

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Ser adulto, muitas vezes, é se adulterar e pensar no
julgamento antes mesmo de a ideia surgir, é pensar que é
impossível antes de tentar. Ser criança é criar, sem medo,
sem receios. É imaginar um mundo possível e acreditar que
aquele mundo é realidade. Se uma criança disser para você
que o cavalo da história dela é azul, é porque é. Ela faz a ima-
ginação virar realidade. Será que a sua criança desapren-
deu a criar? Desaprendeu a acreditar? Marketing tem a ver
com criatividade. As propagandas mais memoráveis que já
existiram eram criativas. Por isso, não conseguimos começar
sem passar por essa etapa. Um adulto criativo é uma criança
que sobreviveu e resistiu ao tempo e aos julgamentos, é uma
criança que fechou os ouvidos para as críticas e para as
tantas vezes que alguém disse que algo era impossível.
Em dezembro de 2013, vasculhando os arquivos do meu
primeiro blog, encontrei um texto que escrevi, com 14 anos,
e me surpreendi com as sábias palavras da minha criança. E
é com elas que quero finalizar este primeiro capítulo.

“As descobertas necessárias para o


sucesso” (Suellen Warmling, 2003)

Noite passada, eu e minha prima Mariana conversá-


vamos sobre “ter personalidade e ter dons”. Aquilo me fez
pensar. Eu já me preocupei bastante achando que me faltava
personalidade, mas, aos poucos, fui vendo que não necessito
que me titulem. O fato de eu ser única, de ter pensamentos
próprios e de, às vezes, fazer coisas piores e melhores que
as demais pessoas já significa que tenho personalidade sim.
Mas esse negócio de dons ainda me indaga. Acho importante
analisarmos se temos talentos e quais são nossas qualida-
des. É um passo para melhorarmos nossa vida. O proble-
ma é que pedimos a Deus que nos dê alguma habilidade
especial sendo que não vamos em busca de aperfeiçoar-nos

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naquilo que realmente gostamos e que teríamos condições de
começar a treinar.
Isso não significa que uma pessoa pode se destacar em
qualquer atividade, desde que a pratique. Você traz consigo,
em sua própria estrutura genética e cerebral, facilidades
maiores para algumas coisas e menores para outras. Essa
facilidade ainda não basta se você não a desenvolve. E o ideal
é nos concentrarmos naquilo em que somos bons, porque
as chances de sucesso serão muito maiores. São poucos os
gênios que, logo ao nascerem, descobrem para que foram
feitos. Os grandes pintores e os grandes músicos, por
exemplo, treinaram muito até descobrir a sua vocação.
Li na web que no livro “O Sucesso não Ocorre por Acaso:
É Simples, mas não É Fácil” há um desenho representan-
do dois esportistas famosos: um jóquei de cerca de 1,50 m
e um jogador de basquete de 2,20 m em média. De nada
adiantaria se o jóquei, com sua estrutura física, por mais que
se empenhasse, tentasse jogar basquete, nem se jogador de
basquete tentasse ser um jóquei. Lá dizia que “existe muito
jóquei querendo jogar basquete, e muito jogador de basquete
querendo ser jóquei”. Não que não possamos aprender habi-
lidades, mas devemos nos concentrar naquilo que fazemos
bem espontaneamente, pois isso é o que nos leva ao sucesso,
tanto pessoal quanto profissional. Então, muito SUCESSU &
sucesso para vocês. Todos temos algo que nos faz diferentes,
basta descobrir o que é!

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Quem você nasceu para ser?

O grande Mestre do céu, nosso Criador


Quando nascemos um dom nos dá
E cada um segue a vida, o seu destino
E nós nascemos só para cantar

Quem canta os males espanta a gente é feliz


Tal qual um pássaro livre no ar
Pensando bem nós temos algo em comum
Porque nascemos só para cantar

Disse o poeta: O artista vai


Onde o povo está
Por isso cantamos, a qualquer hora
Em qualquer lugar

“Nascemos para Cantar”


Chitãozinho & Xororó

Eu amo música sertaneja. Nem só de sofrência, “chifre”


e cachaça vive essa parte tão importante da cultura brasi-
leira. A música “Nascemos para cantar” é uma prova disso.
Quando a gente descobre qual é o dom que o Mestre dos céus
nos deu, a sensação é de sermos como pássaros livres no ar,
de seguir nosso caminho, nosso destino, de vivermos como
verdadeiros artistas.
Qual é a lógica de fazermos tanta questão de ir a um
show do nosso ídolo para ouvirmos a mesma música que
escutamos há anos no rádio, na internet, no carro, no som,
no celular, em qualquer lugar e na hora que quisermos? A
mesma música que já vimos os mesmos artistas interpreta-
rem na gravação do DVD, no clipe musical?

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A lógica é que um artista cantando é alguém que traba-
lha fazendo o que nasceu para fazer; como seres humanos,
ao vermos alguém usando realmente seus talentos, quere-
mos aplaudir porque é assim que nós também gostaríamos
e deveríamos ser: protagonistas. Que a gente assuma nosso
papel de protagonista. Se não assumirmos, passaremos a
vida inteira sentando à mesa para comemorar e brindar as
conquistas apenas dos outros, e nunca as nossas próprias.
Lembro que, na catequese, ouvir as parábolas era a parte
que mais me intrigava. Num dia, aprendemos sobre a pará-
bola dos talentos. Lá conta sobre três servos e seu mestre. O
primeiro recebeu cinco talentos. O segundo recebeu dois. O
terceiro, apenas um. Quando o mestre retornou, um tempo
depois, o que tinha cinco havia multiplicado e conquistado
mais cinco talentos. O que tinha dois também conseguiu mais
dois. Aquele que tinha recebido apenas um, porém, contou
que, com medo, havia enterrado seu bem para protegê-lo. O
mestre ficou muito desapontado com o último. Quantos de
nós enterramos todos os dias os nossos talentos com mais
medo da nossa própria luz do que da escuridão da vida?
Qual é o seu maior talento? Você está usando esse talento
ou está guardando? Ou, pior ainda, está focando naquele
que você não tem em vez de focar no que você tem ou pode
ter? Todos temos pontos positivos. Tudo em que você foca
expande. Quando você compra um carro do modelo tal, não
parece que você começa a ver muito mais carros iguais ao
seu do que via antes? É assim! Foque nas coisas positivas
que mais coisas positivas aparecem.
E isso me faz lembrar inclusive da história do livro “Se
você não tem bunda, use laços no cabelo”. A autora conta
que começou sua trajetória como garçonete no interior
dos Estados Unidos. Nessa lanchonete, todos ganhavam
por comissão.

22
Bárbara (a autora) voltava para casa todos os dias muito
triste porque sua colega, muito mais avantajada que ela,
acabava chamando mais a atenção dos clientes e, por conse-
quência, vendia mais. Até que, um dia, recebeu um conselho
valioso da sua mãe, que disse: “se a natureza não te deu um
bumbum grande, use laços nos cabelos”. Ou seja, não foque
no que você não tem, mas no que você pode fazer com o que
você tem.
Você pode não ter alguma característica natural, pode
ser que você tenha vergonha de gravar vídeos ou acredite
que não tem jeito para isso, mas se permita tentar e tente
de novo, de novo e de novo. Quando você menos esperar,
isso se tornará algo natural, se tornará “o seu laço de fita
nos cabelos”.
O esforço contínuo supera talento adquirido. Não é raro
vermos pessoas engessadas no crescimento porque sabem
que têm talento nato. É muito comum vermos pessoas ta-
lentosíssimas serem mal-sucedidas. O talento, se não traba-
lhado, fica engessado. Decida quais são os seus talentos que
você quer adquirir.
Quando nos dizem que devemos encontrar nossa razão
de ser, nossa vocação, nossa paixão, nosso propósito, parece
complexo demais, mas talvez tudo isso nada mais seja que
encontrar o que nos deixa em estado de empolgação. O que
mais te deixa empolgado? O que faz seu coração bater mais
forte? O que faz seu olho brilhar e seu coração cantar?

23
Procure seu mundo. Perceba se
as pessoas que estão à sua volta
representam aquilo que você deseja
se tornar. Respeite e valorize as
suas origens, mas se permita buscar
o seu lugar ao sol. Se jogue. Brilhe.
Foguete não tem ré.

@suellenwarmling
24
2. Já se sentiu como
“o patinho feio”?
"Um bom negócio só acontece quando os dois lados perdem:
perdem o medo, perdem as suas verdades absolutas e
perdem a vontade de fazer o melhor negócio do mundo"
Walter Longo

O pato, por si só, já é um animal que sofre chacota a vida


inteira. Desengonçado, esquisito. Nada, voa, caminha, mas
sem muita elegância. Faz de tudo um pouco, mas sem muita
perfeição. Ser chamado de “pato” ou “pata” pelos colegui-
nhas da escola é bullying. Sim, já fui chamada de pata várias
vezes. Antigamente, ficava constrangida, hoje resolvi encarar
como um elogio disfarçado. O pato se sobressaiu àquela ideia
do perfeccionismo e entende que o profissional do mundo
atual é, sobretudo, nexialista. Não é super especialista em
algo, nem generalista. É aquele que mescla os conhecimen-
tos aprofundados em áreas que tenham nexo. O profissio-
nal nexialista não tem resposta para todas as perguntas do
mundo, mas sabe onde pode encontrá-las.
Sim, é importante escolhermos certos nichos específicos de
mercado, mas abraçar funções que não são exatamente as suas,
que façam nexo no todo, também é. “Ah! Mas não é meu trabalho
fazer isso ou aquilo…”, dizem algumas pessoas. Se precisa ser
feito, vai lá e faz. Se é importante para o todo, vai lá e faz. Essa
ideia de funções restritamente engessadas não funciona mais.

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Voltando ao pato… Imagine, então, o pato que, além de
tudo, é feio. Escutamos a infância inteira a estória do patinho
feio. Aquele que está em um ovo diferente, nasce, é rejeitado
pela vizinhança e até mesmo pela mãe pata. Sai, magoado,
em busca de um sentido para a vida, até que é bem recebido
por um grupo de lindos cisnes. Começa a nadar entre eles e,
quando se depara com seu reflexo no espelho, percebe que
ele havia virado um majestoso cisne também. Isso só acon-
teceu porque ele foi atrás de encontrar seu lugar no mundo,
foi buscar a turma dele. Em meio aos patos, seria sempre o
“feio” do grupo. Com todo mundo que é um pouco diferente,
acontece isso. Antes de verem o seu brilho, vão ver a sua
feiura. Muitas coisas pioram antes de melhorar. Para existir
o arco-íris, é preciso chuva.
Dizem que somos a média das cinco pessoas com
quem mais convivemos. Reparo isso quando olho para
o meu círculo de amizades, para as minhas comadres,
minhas madrinhas de casamento, para as mulheres que
admiro. Quando penso por exemplo na Mariana, Lizana,
Andréia, Fabiane, Aline, Isabela, Renata, Silvane, Jani-
cléia, Patricia e nas Leticias (minhas duas cunhadas com
nomes iguais), vejo o quanto cada uma tem um ponto
positivo incrível capaz de despertar uma Suellen cada vez
melhor. Cada uma delas se destaca em algo, tem uma
característica que não é tão forte em mim, uma quali-
dade que eu gostaria de ter com mais intensidade. Uma
é mais organizada, outra mais bem-humorada, espontâ-
nea, outra cozinha maravilhosamente bem, outra é mais
sofisticada, outra é admirável por ser uma super mãe,
outra me mostra o quanto é positivo cuidar da saúde e
se exercitar, outra é mais espiritualizada. E é assim que
conseguimos nos tornar pessoas melhores: nos cercando
de pessoas que representam aquilo que admiramos ou
aquilo que queremos ser em algum aspecto da vida.

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A estória infantil não deixa claro se ele virou um cisne
porque realmente sempre foi um ou porque passou a conviver
com cisnes. Aquele pato feio pode ter virado uma ave esplên-
dida e passou a ser reconhecido por sua beleza pelo simples
fato de ter passado a conviver com outras que eram assim. Na
era da internet e nas redes sociais, passamos a ser a média
também das pessoas que seguimos, que acompanhamos, das
produtoras dos vídeos a que assistimos. Elas se tornam es-
pelhos de quem queremos ser e, gradualmente, vamos nos
tornando novas versões de nós mesmos. Aqueles que consi-
deramos celebridades são anônimos para nossos familiares,
marido, esposa, namorado, namorada, melhores amigos.
Parece até estranho, mas no mundo de hoje é absolutamente
normal. O “ser famoso” hoje é muito relativo. Por isso, devemos
focar em sermos famosas para a nossa tribo, no nosso nicho
de mercado, para as pessoas que já nos conhecem.
Às vezes, nos sentimos assim, como um “patinho feio”,
quando nos afastamos (mesmo sem querer) de alguns
grupos e rodas de conversas. Pessoas que faziam parte do
nosso maior círculo de amizades passam a não fazer mais.
Na maioria das vezes, até nos culpamos por isso. Afinal,
atraímos pessoas que estão vibrando na mesma frequência
de energia e propósito que nós. Da mesma forma, afasta-
mos aquelas que estão desalinhadas. Alguns chamam isso
de vibe. As pessoas se afastam quando estão em vibes di-
ferentes. Existem pessoas que, quando as conhecemos, es-
távamos vivendo vidas parecidas, por isso, a convivência
constante fez tanto sentido. Mas o processo de evolução nos
faz perceber que não se pode mensurar o valor da amizade
pelo tempo que ela dura, mas sim pela intensidade com que
acontece e pelo propósito e pela troca que um precisou ter
para com o outro. Pode chegar um momento em que, por sua
energia estar vibrando em outra frequência, alguns assuntos
não vão mais preencher você. Ou seja, o motivo que nos fez

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sermos amigas de algumas pessoas foi estarmos no passado
em uma fase em que não vivemos mais hoje. E aí, mais que
um patinho feio, você se sente um peixe fora d’água.
Quando encontramos pessoas que estão de acordo com o
momento que estamos vivendo, sonhando os mesmos sonhos
e pensando nos mesmos assuntos, são os giros do universo
contribuindo para encontrarmos novos irmãos, novas almas
gêmeas perdidas. Ao buscar seus semelhantes, decida qual
é o tipo de pessoa que você quer ter por perto. Não tenha
medo das pessoas. Não as “endeuse”. Todos somos seres
humanos. Bata na porta das pessoas. Trate-as com carinho,
de maneira verdadeiramente interessada, mas de igual para
igual. Não se diminua.
Quando não conseguimos nos aproximar de pessoas
relevantes, é porque não nos sentimos relevantes. Existem
pessoas que são minhas grandes referências, minha inspira-
ção, mas de quem, por simplesmente ter coragem de bater na
porta delas (ou nas mensagens privadas de uma rede social),
me colocando à disposição e sabendo que o “não eu já tinha”,
consegui me aproximar. Isso é incrível. Procure seu mundo.
Perceba se as pessoas que estão à sua volta representam
aquilo que você deseja se tornar. Águias gostam das alturas,
e por isso voam com outras águias. Respeite e valorize as
suas origens, mas se permita buscar o seu lugar ao sol. Se
jogue. Brilhe. Foguete não tem ré.

28
A grandeza do elefante não está no
seu tamanho físico. Se fosse isso, se
tamanho fosse documento, o leão não
seria o rei da selva. A grandeza do
elefante está no seu gigante interior,
é uma pena que ele não saiba disso.

@suellenwarmling
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3. Qual Elefante
habita em Você?
“Quando fazemos uma escolha, qualquer escolha, estamos
dizendo sim para um lado e dizendo não para o outro.
Então, algum sofrimento sempre vai haver.”
Martha Medeiros

Somos como elefantes. Temos três escolhas: sermos


elefantes da sorte, elefantes brancos ou sermos elefantes
grandes acreditando que somos pequenos.
Os elefantes são símbolos da pureza para o Cristianismo,
da boa sorte, sabedoria, proteção e fertilidade no Feng Shui,
de força, vigor e longevidade na África e do poder real na Tai-
lândia. Imagens de Ganesha, o Deus Hindu com cabeça de
elefante, e de Airâvata, o Deus Elefante, estampam tecidos
na Ásia e se tornaram objetos de decoração no mundo todo.
Na Tailândia, por exemplo, é um animal sagrado, símbolo
da cultura e da história. O elefante esteve presente na cons-
trução de templos, transporte de madeira, abertura de flo-
restas e até mesmo como força do exército em guerras. São
animais que demonstram talento e inteligência e possuem
uma presença majestosa.
O elefante tem uma capacidade incrível porque, mesmo
grande e pesado, ele pode sobreviver a diferentes categorias
de território e passar por obstáculos sem atolar. Isso acon-

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tece porque sua pata é gelatinosa e consegue se adaptar ao
terreno. Quando o elefante pisa em um buraco ou pedra, a
pata se adapta, sem deixá-lo cair. Como empreendedoras,
também devemos ser assim, ter uma “pata” adaptável ao
terreno para que consigamos nos movimentar. É assim que
são os empreendedores do primeiro grupo, que escolhem ser
grandes e criar a própria sorte. Que escolhem ser um elefan-
te da sorte. Eles se adaptam, acreditam no seu poder, na sua
força, se sentem merecedores de destaque.
Já no segundo grupo, estão os elefantes brancos.
Elefante branco no empreendedorismo, muitas vezes, se
refere a algo que era grandioso, um empreendimento po-
deroso, mas que parou no tempo, virou um incômodo. No
entanto, essa expressão surgiu de outra maneira. Para
os tailandeses, o elefante branco, na verdade, é divino,
é símbolo de poder. Quanto mais elefantes brancos um
rei possuía, mais poderoso ele era. Existe inclusive uma
lenda budista que conta sobre um sonho da rainha Maya.
Ela sonhou que um elefante branco atingia seu ventre
através da axila quando, em seguida, percebeu estar
grávida de Buda (Sidarta).
Houve uma época, porém, em que os reis costumavam dar
elefantes brancos sagrados como presente. Se a pessoa fosse
a favor do rei, recebia como presente o elefante e, também,
uma terra onde pudesse trabalhar. Se estivesse contra, ga-
nharia apenas o elefante sem a terra. Era proibido vender
um elefante sagrado real ou usá-lo para o trabalho, portanto,
se a pessoa não tivesse uma terra onde deixá-lo, com condi-
ções favoráveis, cuidar do animal se tornava uma atividade
extremamente cara, e a pessoa acabava indo à falência. E
é por isso que até hoje nos referimos aos elefantes brancos
quando algo tem uma aparência magnífica, mas criando pro-
blemas e prejuízos, tornando o patrimônio irrelevante.

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Existem muitos negócios disfarçados de elefantes
brancos. Negócios com despesas altas, ostentação de capital
e que não rendem o que deveriam. Na era digital, negócios do
tipo “elefante branco” dão lugar a negócios “pata de elefante”,
adaptáveis ao terreno, com estrutura mais enxuta, que per-
mitem mais agilidade nas decisões, independentemente das
condições em que se encontram.
No terceiro grupo, estão os elefantes de circo, que, desde
pequenos, ficam presos a uma pequena corrente. Conforme
vão crescendo, com muita força e grandiosidade, não se ar-
riscam a fugir porque acreditam que a pequena corrente é
maior que eles. O elefante de circo faz manobras incríveis em
sua apresentação, surpreende a todos, mas, quando retorna
à sua prisão, ali fica, sem questionar ou se preocupar com a
liberdade porque simplesmente “sempre foi assim e é assim
que tem que ser”. Isso acontece comigo. Acontece com você.
Passamos a vida toda acreditando naquilo que não podemos
ter ou ser, que não vamos conseguir, que somos pequenos
ou pesados demais, pelo simples fato de que, quando éramos
inexperientes, algo não deu certo, porque um dia tentamos
e a corrente realmente era pesada demais para nós. E assim
desistimos achando que é impossível.
Aquele elefante, para ousar se soltar e cumprir seu
papel, precisaria estar correndo perigo, ver o circo pegar fogo
para tomar alguma atitude. Na nossa vida, o circo pega fogo
em momentos de crise, desespero, perdas, mas não precisa
ser assim. A grandeza do elefante, porém, não está no seu
tamanho físico; se fosse isso, se tamanho fosse documento,
o leão não seria o rei da selva. A grandeza do elefante está
no seu gigante interior, é uma pena que ele não saiba disso.
Na selva, o elefante poderia passar por cima de um
leão sem dificuldades. Mas lhe falta atitude, lhe falta agi-
lidade, lhe sobra medo, lhe sobra mediocridade diante

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dos desafios da vida. O leão é líder porque age rápido,
porque se posiciona como grande mesmo sem ser. O leão
entende que não precisa ser o maior para ter seu lugar. O
leão entende que ser diferente e autêntico é mais podero-
so do que ser o maior.
Quantas vezes você deixou de aparecer e crescer por se
sentir pequeno? Por se sentir uma formiga no meio de uma
manada de elefantes? Por se sentir uma empresa, profissio-
nal ou marca insignificante perto de tantas que são líderes
de mercado? A próxima vez que sentir isso, lembre-se de que
o elefante não é rei da selva porque tamanho, definitivamen-
te, não é documento. O seu maior poder mora dentro, e não
fora de você.
Você pode ser meio leão, meio elefante, pode ser o que
você quiser, desde que entenda que tem uma força gigante
perante as insignificantes correntes que te amarram.

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RESPEITE AS MARCHAS.
RESPEITE A CHUVA!
Quem cultiva a semente do amor
Segue em frente e não se apavora
Se na vida encontrar dissabor
Vai saber esperar a sua hora

Às vezes a felicidade demora a chegar


Aí é que a gente não pode deixar de sonhar
Guerreiro não foge da luta, não pode correr
Ninguém vai poder atrasar quem nasceu para vencer

É dia de sol, mas o tempo pode fechar


A chuva só vem quando tem que molhar
Na vida é preciso aprender
Se colhe o bem que plantar
É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé


Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar!

Tá Escrito
Xande de Pilares

Entre os pequenos fracassos bobos da vida que ficaram


gravados com dor no meu peito, estão: uma conta de dividir

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por dois que uma professora da segunda série pediu para
eu fazer no quadro, na frente da turma toda, e simplesmen-
te travei porque não conseguia aprender matemática (conta
que, para minha revolta, foi solucionada rapidamente em
seguida pelo menino mais bagunceiro da sala); as aulas de
educação física, em que eu era sempre a última a ser esco-
lhida para o time; e o dia em que reprovei no teste para a
carteira de motorista. Eu acreditava que nunca iria aprender
a dirigir, eu tinha muito medo.
Eu tremia quando tinha que trocar “a marcha”. Hoje,
muitos carros são automáticos, mas quem já dirigiu um
carro com cinco marchas entende que não dá para andar
em primeira marcha um trajeto inteiro por mais curto que
ele seja, certo? Pois é! Acontece que, nessa minha trajetória
pelo marketing e acompanhando o crescimento de vários pe-
quenos empreendedores, eu percebi que muita gente quer
chegar na quinta marcha sem ter passados pelas anteriores.
Assim como no carro, na vida e nos negócios, as marchas são
como degraus que não podem ser pulados.
Na primeira, geralmente o esforço do carro é maior, e
a velocidade, menor. À medida que a velocidade aumenta,
o esforço é diminuído, não exigindo tanto assim do carro.
Percebi isso quando vi o meu número de seguidores do Ins-
tagram dobrar em apenas 30 dias após vários anos de tra-
balho árduo para ter chegado até lá. No começo, na primeira
marcha, o desafio é maior, tudo é mais lento, mais difícil, há
mais subidas. Quando as coisas começam a engrenar e os
negócios crescem em uma velocidade deliciosamente assus-
tadora, a gente começa a entender isso.
Pare e pense: quanta coisa era complexa para você há dez
anos e hoje é corriqueira? Não são só as coisas que ficam mais
fáceis com o passar dos anos, você fica mais forte. Amanhã
você vai desejar ter começado hoje, ou ontem. Então comece.

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Mesmo sem estar pronta. Em uma era de mídias sociais, em
que todos mostram seus palcos com louvor, compreender em
qual marcha estamos andando se torna ainda mais desafia-
dor. Mídia social é palco. A gente escolhe o que vai mostrar
por lá. Mostra só as melhores partes do espetáculo da vida e
da empresa. Apesar de mostrarmos os bastidores de vez em
quando nas redes sociais, o que é uma estratégia que defendo
fortemente, convenhamos que o bastidor real e oficial, sem
máscara nenhuma, no fundo, no fundo, a gente só vê mesmo
o da gente. Não dá para comparar o meu bastidor com o
palco do outro, com o que está nas mídias sociais do outro.
Todo mundo tem sua luta diária, e fácil nenhuma conquista
é. Afinal, do iceberg só vemos a ponta. O que é visível hoje,
certamente, foi construído pelo que não conseguimos ver.
Nós não vemos as raízes de uma árvore, só vemos os
frutos. Mas o que está acima da terra reflete o trabalho duro
que está abaixo. Não olhe só os frutos dos outros, lembre-se
de que sempre há raízes.
É como o bambu chinês, que, por cinco anos após planta-
do, nada se vê. O crescimento é subterrâneo por raízes com-
plexas. No final do quinto ano, ele explode e chega a atingir
uma altura de 25 metros. Trabalhamos, nos esforçamos e
nada vemos acontecer. De repente, nosso quinto ano chega e
mudanças inesperadas acontecem. É preciso saber mesclar
a profundidade se agarrando ao chão através de estruturas e
raízes fortes com a ousadia das alturas.
Mas o bambu consegue crescer tanto, resistindo ao vento
sem quebrar, porque tem uma característica em especial: a
flexibilidade. Ao serem flexíveis, eles se tornam resistentes,
eles conseguem se curvar diante das adversidades e depois
voltar à sua forma normal como se nada tivesse os abalado.
Mais que fortes, sejamos flexíveis. A falta de adaptabilidade
nos bloqueia o olhar, nos bloqueia de olhar para os lados, de

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sermos humildes e de retornarmos a nossa forma ideal: a de
crescer sempre para o alto.
Não se compare! O maior problema da nossa geração
com as mídias sociais é a comparação. Quem compara se
deprime, se frustra, fica sem energia. Mídia social e inter-
net, em geral, tem que ser para motivar, alegrar, aprender,
ensinar, e não o contrário. Todo mundo tem algo de bom a
compartilhar. Todo mundo é mais inteligente que alguém em
algum aspecto e mais ignorante que alguém em outro.
Muitas vezes, damos o nosso melhor, nos esforçamos,
postamos, criamos conteúdos que julgamos incríveis e
ninguém curte, comenta, dá a mínima. Quando pensar em se
sentir frustrado por isso, lembre-se do show sem plateia do
nascer do sol, que todo dia faz um grande espetáculo e quase
ninguém acorda para ver ou tira um tempo para observar.
Portanto, está tudo bem. A recompensa uma hora vem. Uma
hora alguém vai parar e ver seu valor, e o aplauso chega de
maneiras que você nem imagina, formas muito mais praze-
rosas que números de likes, seguidores ou afins. Prepare seu
psicológico para a batalha.
Quando nos sentimos esgotados e sem energia, geralmen-
te achamos que estamos à beira de explodir, de nos entre-
gar. Mas não, é nessas horas que o avanço acontece. É na
hora de sair do casulo o momento em que a borboleta mais
sofre. É no momento de transição entre uma lagarta presa
para uma borboleta livre e colorida que a maior dor aconte-
ce. Nesse momento, se alguém tentar amenizar essa dor aju-
dando a futura borboleta, fazendo algum furinho no casulo,
por exemplo, algo terrível pode acontecer. Essa borboleta pode
nunca conseguir bater as asas e voar, porque aquele momento
dolorido de aprendizado é fundamental para o processo. Apai-
xone-se por todas as etapas do seu processo. A estrada pode
ser até mesmo mais bonita e prazerosa que o destino.

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Existe um estudo que compara o homem andando em
cima de um elefante com nossa mente. O homem é o con-
dutor, que na comparação é a nossa razão. O elefante é o
veículo, que, no caso, é a nossa emoção. O elefante sozinho
fica perdido, ele não sabe aonde vai. Sem o homem, ele
andaria sem rumo. Quem vai conduzi-lo para algum lugar,
para algum destino, é um homem. Trace metas, objetivos,
pense racionalmente, descreva em números aonde você
quer chegar, E prepare o seu elefante, ou seja, a sua men-
talidade, para que ela esteja emocionalmente forte para
enfrentar qualquer obstáculo que aparecer pelo caminho.
Como diz Erico Rocha, “um faixa-preta é um faixa-branca
que não desistiu”.
Tudo é um processo pelo qual precisamos passar. Os fins
precisam dos meios. A colheita depende da plantação. Res-
peite a troca de marchas.

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Você vai querer abrir um negócio e,
quando tudo estiver andando, um dia
o tal sentimento “onde é que eu estava
com a cabeça?” vai pegar. E tomara
que tenha alguém para te chacoalhar
e dizer para você parar de frescura e
enfrentar, que o melhor ainda
está por vir.

@suellenwarmling
4. O Interior Venceu
“A vida é curta demais para ser pequena.”
BENJAMIN DISRAELI

Eu tinha 14 anos e uma vontade louca de descobrir o


mundo.
Um sonho um tanto ousado para quem morava (e ainda
mora enquanto escreve este livro) em uma cidade no inte-
rior do Paraná com menos de 15 mil habitantes, com duas
avenidas (uma que inclusive leva o nome do meu falecido
avô paterno, Bertino Warmling), chamada Salto do Lontra.
Pausa para explicar o nome da cidade porque imagino que
você esteja aí se perguntando de onde vem este nome um
tanto inusitado. Existe aqui um rio, em que, antigamente,
diziam ter muitas lontras, o Rio Lontra. Nesse rio, existe
uma cachoeira, portanto, um salto. E aí ficou: o SALTO
DO rio LONTRA.
Naquela época, eu nunca havia visto um avião de perto.
Saí de casa para ir ao mercado para minha mãe, vi o escri-
tório do responsável pelo intercâmbio do Rotary2 da minha
cidade e resolvi entrar. Ele me deu alguns papéis, fui para
casa e, à noite, quando meus pais chegaram, pedi para
eles assinarem. Eu queria tentar. “Como assim? Vamos ver

2
O Rotary International é uma associação de clubes de serviços cujo objetivo decla-
rado é unir voluntários a fim de prestar serviços humanitários a uma instituição
filantrópica e possui um programa de bolsa de estudos para jovens do mundo todo
terem oportunidade de morar fora do país se hospedando gratuitamente em famí-
lias voluntárias.

40
melhor… Você ainda é muito nova. Precisa estudar mais
tempo de inglês”, eles disseram. “Depois a gente vê isto…
Primeiro vocês assinam”, respondi, um tanto rebelde. Eu
já estava querendo “queimar pontes”. Atravessar a ponte e
depois queimar essa ponte para não ter mais como voltar e
desistir do plano. Pensar grande, tomar a iniciativa primeiro
e decidir como fazer no percurso. Não que eu seja inconse-
quente ou que “meta os pés pelas mãos”. Nada disso! Eu
somente acredito que, quando a gente pensa demais, a gente
trava. Tem momentos em que é melhor deixar o coração agir.
Estudei dias e noites, fiz a prova de seleção e, como a
escolha dos países é por ordem de classificação, as opções
que me restaram foram apenas Japão e Tailândia. O alfabeto
me preocupou, e resolvi tentar mais um ano. No ano seguinte,
tive vários países à disposição, entre eles Turquia ou Rússia.
Um professor de história da época me aconselhou: escolha a
Turquia. Eu iria morar em Ankara, uma capital de 5 milhões
de pessoas, ou seja, uma cidade 350 vezes maior que a minha,
com quatro famílias diferentes e uma língua de que eu não
fazia ideia com o que se parecia. Em janeiro de 2006, já com
17 anos, meus pais me deixaram no aeroporto de Foz do Igua-
çu-PR, e vi as nuvens de cima pela primeira vez.
Passei um domingo inteiro perambulando no aero-
porto de Guarulhos esperando a conexão internacional
e chorando igual a uma criança. Lembro de ter pagado
uma pequena fortuna naquela tarde para poder acessar
a internet por uns 15 minutos em um cybercafé e enviar
um e-mail para a família. A cada conexão, buscava um
telefone público (popular orelhão) para ligar para casa e
avisar que estava tudo bem. Sim, eu viajei sem um celular
na mão. O avião pousou em Ankara, e a minha primeira
família me esperava com um buquê de gérberas cor-de-
-rosa. Kadir (o pai), Yasar (a mãe) e Melisa (a filha, dois
anos mais nova que eu).

41
No caminho para casa, lembro do cheiro do carro, o mais
chique que eu já havia andado na minha vida, e da neve
caindo loucamente. Enquanto eu tentava arranhar o inglês,
me invadiam pensamentos do tipo “você é louca, Suellen! O
que você tá fazendo?”. Em seguida, minha anne (mãe, em
turco), dizia “the snow is welcoming you, Sue”. Chegamos à
casa, um apartamento no centro da cidade, o jantar estava
pronto. Prepararam um prato típico, uma espécie de cha-
rutinho de folha de parreira de uva recheado com carne e
arroz que se come com iogurte natural acompanhando. Eu,
na época, imatura, provei só um pedacinho e tive a audácia
de dizer que não havia gostado. Eles compreenderam.
Um tempo depois, minha família do Brasil me enviou
leite condensado pelo correio para eu fazer brigadeiro
para eles, doce que não se encontra em outros cantos do
mundo. Minha irmã turca achou muito doce. Achei aquilo
um absurdo. Como assim não gostar de brigadeiro? O leite
condensado atravessou o oceano para eu poder preparar
aquele brigadeiro. Ela me lembrou do charutinho do primei-
ro jantar e disse: “Sú, se você soubesse o trabalho que deu
para fazer aquele charuto na sua primeira noite conosco,
você teria se esforçado para aprender a gostar dele”. Depois
daquele dia, o charutinho de folha de uva imediatamente
se tornou uma das minhas comidas turcas preferidas. E
aprendi a me colocar mais no lugar do outro. Tanto em va-
lorizar o que fazem para mim quanto buscar conhecer meu
público e ver que realmente “o que é maravilhoso para mim”
não é o ideal para ele.
Mas voltando à minha primeira noite com a primeira
família turca: a internet da casa era discada, por telefone, com
limitação de 30 minutos por dia de conexão, mas eles eram
maravilhosos. Tinha a mãe, que fazia jantar toda noite; o pai,
que me acordava; e a Melisa, para ir à escola e que preparava
o café com tomate, pepino e azeitonas todas as manhãs. Tinha

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a irmã com quem trocava roupas sem nem pedir emprestado.
Mas, por uns 30 dias consecutivos, eu não conseguia ver isso.
Passei 30 longos dias chorando sem parar olhando para o ca-
lendário contando os dias para voltar. Eu mesma me chamava
de louca por ter cometido tamanha ousadia em querer ficar
tanto tempo longe de casa. Sem minha família por perto, sem
meus amigos, sem as minhas coisas, sem saber direito o que
fazer, acreditando que não ia aprender a língua.
Na primeira vez que saí na rua sozinha, tentando me
sentir um pouco independente, fui comprar um doce em
uma panificadora. Me atrapalhei toda, os atendentes em
gestos me mandaram embora sem pagar e ficaram rindo da
minha cara. Me sentia inútil e idiota em não conseguir me
comunicar direito. Mas um dia tudo mudou. Nevava muito lá
fora, e minha mãe ligou no telefone fixo da casa turca onde
eu morava. Imediatamente, o choro veio à tona. Pela milé-
sima vez. Foi aí que ela disse as seguintes sábias palavras:
“CALA A BOCA E ME ESCUTA! Eu não liguei para te ouvir
chorar. Você está tendo a oportunidade que muitos queriam
e está achando ruim? Se continuar chorando, vou desligar”.
Aquilo foi transformador para mim. Foi um dos meus primei-
ros pontos de virada. A primeira lição que precisava, pois a
minha futura vida como “empreendedora” começava ali.
Você vai querer abrir um negócio e, quando tudo estiver
andando, um dia o tal sentimento “onde é que eu estava com
a cabeça?” vai pegar. E tomara que tenha alguém para te
chacoalhar e dizer para você parar de frescura e enfrentar,
que o melhor ainda está por vir. Eu estava me chamando de
louca o tempo todo. Mas, hoje, eu descobri que ser chamada
de louca ou de sonhadora são os elogios mais poderosos que
você pode receber. Ninguém faz nada grande sem ser um
pouquinho louco e sonhador. E para conquistar seu espaço
através do marketing e da internet, também vai ser preciso
talvez ser chamado até de louca.

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Hoje, sou uma apaixonada pela Turquia, e meu olho
brilha toda vez que lembro do meu ano em terras otomanas.
Sim, tudo que é fácil um dia já foi difícil. E foi assim comigo.
Depois da adaptação, o difícil se tornou rotineiro. As quatro
famílias foram incríveis. Quando chegou a vez de ir para a
última, eu não aguentava mais mudar. Já estava tão adap-
tada à terceira casa... Eis que me deparo com uma mansão
de cinco andares, bem no centro da cidade, com elevador
dentro de casa, piscina aquecida, duas saunas, elevador até
de comida entre a cozinha e a área de festas, um sótão só
para mim, um computador só para mim, três funcionários
muito queridos em casa para quem eu podia pedir para me
levar em alguns lugares, para fazer alguma comida especial,
uma mãe empreendedora maravilhosa, que me apresentou
o Facebook e com quem eu conversava até altas horas da
noite, e um pai que trabalhava demais me deixando abis-
mada porque tomava café respondendo e-mails pelo celular.
Para mim, aquilo era um grande absurdo, mas hoje é algo
que eu faço também. Eu sei que, na sua vida, existem mi-
lhares de situações que eram um “bicho de sete cabeças” e
depois se tornaram comuns.
De lá, decidi que sim, eu seria jornalista e comecei a en-
tender o tal do branding, da construção de marca pessoal,
do marketing pessoal. Tinha um blog chamado “sunatur-
quia”, que eu atualizava religiosamente toda semana; um
Fotolog chamado “sucessu”, que atualizava todo dia; enviava
matérias para um jornal daqui, todo mês, contando sobre
o país. Não raro, pesquisando pelo Google, hoje encontro
blogs antigos de jovens agradecendo as informações que eu
passava na época em que o conteúdo encontrado na inter-
net sobre o assunto era escasso e valiosíssimo. Tenho tanto
orgulho daquela Suellen. Empreender é assim. É quando
você sai da zona de conforto que você constrói histórias de
que tem orgulho de contar.

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A minha história não é a história mais incrível do planeta,
não é a que teve mais sucesso, não é digna de capas de revis-
tas “Caras” ou “Forbes”, não é cheia de superações e momen-
tos muito difíceis, mas é minha. E foi com ela que construí
o que nunca imaginei construir. Que cheguei com 30 anos
a um patamar a que nunca imaginei chegar. Com você é
assim. Sua história importa sim, por mais sem graça que ela
possa parecer. Uma marca pessoal é construída a partir de
uma história ou de fragmentos dela.
Todo mundo viveu um dia incrível na vida que rendeu
muitos aprendizados. Todo mundo já passou por um per-
rengue trágico que rende boas risadas. Todo mundo tem
algo para contar, inspirar. E se você quer aparecer como
empreendedor, profissional e ser humano vai ter que apren-
der a contar histórias. As histórias nos envolvem quando
crianças antes de dormir, despertam nossa imaginação.
Se tornam o ativo mais poderoso que uma pessoa tem na
velhice. As chances de que o hobby preferido dos seus avós,
por exemplo, seja sentar, tomar um café e se lembrar dos
ditos “casos” do passado é muito grande. Se você algum dia
for ministrar uma palestra ou falar em público, e as pessoas
estiverem desatentas, experimente começar contar uma his-
tória. Imediatamente, os olhares irão se voltar para você com
atenção. As histórias são frequentemente usadas nas estra-
tégias de venda, nos comerciais de TV. As histórias movem o
ser humano. Nascemos e vivemos para isso: para acumular
histórias para contar.
Começar a contar as suas histórias por meio do seu marke-
ting, de uma simples postagem em uma rede social, é um
desafio. Mas é justamente quando você se desafia que você se
transforma. Escreva sua história, fale das suas experiências.
Aparecer e crescer requer passar por essa etapa de apren-
der a falar de você mesmo. O que você vai construir de mais

45
poderoso na vida não tem a ver com dinheiro, patrimônio,
capital ou bens. Tem a ver com histórias. Você pode chamar
de legado. Mas chamo de história. Inclusive, neste livro, tanto
a palavra “marca” como a palavra “legado” poderão ser subs-
tituídas por HISTÓRIA. A sua história é a maneira de que
você esteja vivo mesmo depois de não estar mais respirando.
É a maneira de você só morrer no dia em que a última pessoa
falar seu nome pela última vez.

46
Não importa o que você tem em mãos
agora. Sonhar e imaginar é de graça.
Começar a ter pequenas atitudes usando
os recursos que você já tem vai te fazer
perceber o seu verdadeiro potencial.
Nunca desista daquilo em que você não
passa um dia sem pensar.

@suellenwarmling
47
5. Mapa dos Sonhos
Quando eu tinha 5 anos, minha mãe sempre me disse que
a felicidade era a chave para a vida. Quando eu fui para a
escola, me perguntaram o que eu queria ser quando cresces-
se. Eu escrevi “feliz”. Eles me disseram que eu não entendi a
pergunta, e eu lhes disse que eles não entendiam a vida.
John Lennon

Era época de colheita. Meu pai sempre chegava tarde em


casa. No armazém de cereais da família, passavam caminho-
neiros de todos os cantos do país. Logo na recepção, haviam
quatro mapas em quadros gigantes: Paraná, Brasil, Merco-
sul e um mapa-múndi. O mapa-múndi pouco era usado e,
um dia, o pai o levou para casa. Ele não sabe disso, mas foi
o melhor presente que ele já me deu.
À noite, nossa brincadeira preferida era ver quem sabia
mais capitais, nomes de rios, os países maiores ou mais po-
pulosos. Aquele mapa ficava largado no chão em um canti-
nho na lavanderia, e eu passava horas olhando para ele. Eu,
criança; ele, meu mapa dos sonhos. Sonho de conhecer o
que tinha dentro de cada desenho daquele. Sonho de querer
fazer o que ninguém que eu conhecia tinha feito.
Aquele mapa, para mim, é a prova de que tudo que
vivemos molda quem vamos nos tornar. É a prova de que
tudo que mentalizamos e visualizamos tem mais chance de
ir para o plano material e real. Não importa o que você tem
em mãos agora. Sonhar e imaginar é de graça. Começar a ter

48
pequenas atitudes usando os recursos que você já tem vai
te fazer perceber o seu verdadeiro potencial. Nunca desista
daquilo em que você não passa um dia sem pensar.
Trabalhe o quanto puder para realizar os seus sonhos
porque, entre lágrimas e risos, a colheita vai valer a pena.
Que tal criar seu mapa dos sonhos? Escrever e visualizar
tudo que você quer, imaginar onde você irá pisar? Recor-
tar imagens que demonstrem cada pedido exatamente como
você vislumbra que seja?
Quando era criança, lembro que chupar tangerina direto
do pé era uma grande alegria, porém descascar era sempre
um desafio para as nossas mãozinhas pequenas e, logo, re-
corríamos aos adultos. “Pai, mãe! Começa pra mim?”. Eles
arrancavam o primeiro pedacinho, fazendo abertura para
que a tarefa se tornasse mais simples para nós.
Hoje, na vida adulta, não temos mais alguém que comece
para nós. Portanto, independentemente do tamanho do desafio
ou do sonho, quem tem que dar o primeiro passo somos nós
mesmas. Quantas vezes terceirizamos aos outros a missão de
começar as coisas ou esperamos pelos outros... Não dá! Para
chegar ao sabor delicioso da tangerina, a unha vai ter que ar-
rancar o primeiro pedaço da casca, a mão vai ficar com aquele
cheiro que não sai por alguns dias, mas valerá a pena.

Que tal desenhar o mapa dos seus sonhos?


Na próxima página, faça isso, pois será uma ex-
periência única! Escreva dentro dele seu ideal
de sucesso e suas metas em várias áreas da vida
como AMOR, DINHEIRO, PROFISSÃO, PESSOAS/
AMIGOS/FAMÍLIA, VIAGENS, BENS MATERIAIS,
SAÚDE FÍSICA, SAÚDE MENTAL E PAPEL SOCIAL.
Imagine que você vai se sentir a pessoa mais feliz
e realizada do planeta se tudo que estiver escrito
e desenhado neste quadro se tornar realidade.

49
Este espaço é reservado para que você desenhe o seu
mapa doas sonhos...

50
Antes de querer ter ideias
de conteúdo, precisamos
ser interessantes. E antes
de ser interessantes,
devemos ser interessados.

@suellenwarmling
51
6. Chá de Cadeira
“As companhias prestam muita atenção ao custo de fazer
alguma coisa. Deviam preocupar-se mais com os custos de
não fazer nada.”
Philip Kotler

Meu intercâmbio terminou, voltei ao Brasil e, no mesmo


ano, iniciei a faculdade de Jornalismo. Mas o mundo empre-
sarial me instigava e, paralelamente, estudei até a metade do
curso de Administração. Enquanto isso, abri minha primeira
empresa em sociedade com uma amiga, a Patrícia, que gen-
tilmente assinou o prefácio deste livro. Nosso produto era
um programa de TV chamado Programa Índice. Ia ao ar em
um canal de TV a cabo todo domingo no fim da tarde. A ideia
era diferente para os padrões da época. Nossa proposta era
vender a divulgação da empresa dentro da programação, e
não no intervalo comercial.
Queríamos vender sem parecer que estávamos venden-
do. Em um restaurante, por exemplo, iríamos falar da har-
monização dos pratos com as bebidas, da história de cada
prato, sobre a decoração inusitada. Em uma loja de roupas,
sobre dicas para combinar peças com mais estilo, sobre as
inspirações da nova coleção e as tendências da estação.
A ideia era gerar conteúdo dentro das empresas, passar
informações, curiosidades, dicas sobre produtos e serviços
e tentar vender nas entrelinhas. O ano era 2010, o Orkut
ainda bombava enquanto redes sociais como Facebook e

52
Twitter davam os primeiros passos no Brasil. Era raro ver
uma empresa pensando em divulgar em mídias sociais. Mal
sabíamos que nossa proposta era visionária e levou para a TV
aquilo que anos mais tarde se tornou rotineiro para quase toda
empresa: gerar conteúdo que não pareça diretamente “venda”.
O programa foi muito bem por um tempo, me emociono
ao lembrar daquelas duas meninas de 20 anos que batiam
de porta em porta nas empresas de Cascavel, no Paraná,
com uma pastinha embaixo do braço para apresentar uma
proposta nova. Levamos um dia inteiro das 9h às 18h para,
“às vezes, conseguir falar” com apenas um empresário,
mesmo tendo agendado com vários no dia anterior. Era chá
de cadeira atrás de chá de cadeira. As pessoas nos faziam
esperar sem dó. Alguns diziam que não estavam para não
nos atender, até que um dia vimos a dona de uma loja saindo
pela porta dos fundos. De certa forma, era humilhante. Não
era justo que tantos vendedores tivessem que diariamente
passar por aquilo.
Hoje, quando ligo uma transmissão ao vivo no Insta-
gram às 7h da manhã de uma segunda-feira e arrisco a ficar
desanimada por ter apenas 100 pessoas simultaneamente
me assistindo, lembro do Programa Índice. A internet me
trouxe oportunidades e possibilidades, como faturar 5 ou
6 dígitos em um domingo à noite, período em que há um
tempo poucas empresas conseguiriam vender algo. Apa-
recer nas redes sociais me permitiu escolher nunca mais
na minha vida levar um chá de cadeira de ninguém. Lá
em 2010, querer falar de negócios e apresentar uma ideia
para um cliente em potencial às 7h da manhã ou em um
domingo era algo inconcebível. Falar com várias pessoas de
uma só vez, então, era praticamente impossível. É por isso
que colocar a cara na internet exige maturidade e gratidão.
Reclamar por só ter dez pessoas assistindo algo que você
publica ou transmite é não imaginar essas dez pessoas

53
juntas em um local físico, preparar um coffee break para
essas dez pessoas te ouvirem. A primeira vez que faturei
mais de 6 dígitos em um único dia, aliás, em uma única
noite, foi inacreditavelmente em um domingo e durante
uma live no Instagram. E se eu não aparecesse?!
Estar na rede social? Quer aparecer mais por lá? Aprovei-
tar do poder de alcance que a mídia social tem para te ajudar
a crescer na vida e nos negócios? Influenciar as pessoas para
o bem? O principal conselho é: não menospreze a sua audi-
ência. Porque sim, hoje não é mais a TV ou o rádio que tem
uma audiência. Você também tem. Cada ser humano que
cria uma conta em uma rede social está construindo uma
audiência e precisa ser nutrida. Imagine o canal de TV que
exibe o jornal em um dia e passa dias sem exibir. Imagine
um programa de TV que, em algumas semanas, tem certos
assuntos na grade e, na outra semana, os assuntos são com-
pletamente distintos.
A partir do momento em que você está em uma rede
social, com objetivos profissionais, você precisa encará-la
como se ela fosse o seu canal de TV particular e definir qual
será a sua linha editorial. Ou seja, quais serão os temas
principais que você irá abordar, para quem você vai falar, o
que você vai mostrar e o que você não vai. Não faz sentido
querermos, como empresa ou como pessoas, ter milha-
res ou milhões de seguidores em uma rede social se não
nos preocuparmos em fazer a diferença na vida daquelas
dezenas que já estão ali. Antes de querer ter seguidores,
devemos querer vender. Antes de querer vender, precisamos
construir uma audiência. Antes de querer uma audiência,
é importante se tornar um verdadeiro líder e influenciador.
Antes de querer influenciar, temos que agregar valor e gerar
conteúdo relevante. Antes de querer ter ideias de conteúdo,
precisamos ser interessantes. E antes de ser interessantes,
devemos ser interessados.

54
Foi nessa época que eu vi que empreender não é glamour.
Não, não é mar de rosas. Não, não é a famosa “liberdade”. A
expectativa pode até ser foto de terninho, no escritório chique,
foto de viagem, na praia… mas a realidade é bem diferente. É
cabelo amarrado de qualquer jeito, são dias sem maquiagem,
unha que não deu tempo de fazer, é perna erguida para ame-
nizar a cólica. Não é o computador mais moderno do mundo,
é aquele que dá, são os recursos que se tem, sem mimimi.
Não sei quem “gourmetizou” o empreendedorismo femi-
nino dessa forma, porque o que vejo todo dia é a mãe que não
sabe o que fazer com o filho pequeno porque não tem quem
pague a própria licença. É a esposa desesperada por não ter
tempo de administrar a própria casa. O empreendedorismo
feminino da “vida real” também não é CNPJ. É atitude! Sim,
de quem quer fazer diferente mesmo sem garantia. É saber
que vai ser montanha-russa. Uma falsa noção de realidade
frustra a mulher que se acha derrotada quando passa 13
horas trabalhando sem parar e não vê resultado. Que leva
trabalho para casa e respira trabalho até mesmo nas férias
tentando encontrar ideias, inspirações em cada canto.
É virar a noite, anotar mil ideias em um rascunho para ver
se alguma “presta”, é tentativa e erro. É uma batalha diária,
uma reinvenção diária. É ser uma fazedora nata. É colocar um
toque de propósito em tudo que se faz. É acreditar que sua
marca de doces, sua clínica de estética, seus projetos de arqui-
tetura, suas peças de decoração, seus penteados, seja lá o que
for, vão fazer uma diferença no mundo. E vão mesmo! É ser
chamada de louca e encarar isso como um elogio.
Enfim… Depois de quase um ano no ar, dezenas de clien-
tes satisfeitos atendidos e o entendimento de que estávamos
em um mercado que não nos dava uma grande perspectiva
em longo prazo, resolvemos interromper a empresa. Recebi
uma proposta interessante e fui trabalhar no emprego dos
meus sonhos. Pelo menos, era o que eu pensava.

55
O sucesso também mora
nos fracassos. Nada é em
vão: se não for benção,
que seja lição.

@suellenwarmling
56
7. O poder das escolhas
“Liberdade significa responsabilidade.
É por isso que a maior parte dos homens a teme.”
GEORGE BERNARD SHAW

O telefone não parava de tocar. Um político importan-


te tinha acabado de chegar à cidade. Algumas pautas pre-
cisavam ser derrubadas, e as equipes de reportagem que
estavam na rua careciam de ir cobrir outra matéria. Segun-
da-feira na redação da TV era sempre uma loucura. Naquela
época, eu era a menina da “pauta”. Era quem pensava nos
assuntos que iam para os programas, em onde o repórter
iria para construir a matéria, agendava as entrevistas que ele
faria, sugeria o que perguntaria. Ficar na pauta era uma das
maiores responsabilidades da TV. Se a pauta não fosse boa,
se o entrevistado que você havia agendado para falar não
desenrolasse, o repórter, o cinegrafista e o editor não fariam
milagre. A reportagem não ficaria legal.
No meio daquele telefone tocando, eis que me liga um
colega de faculdade.
— Su, tá muito ocupada?
— Fala…
— Tive uma ideia genial. Estamos em 2008. Daqui a uns
anos, a maior tendência vai ser as pessoas fazerem tudo pelo
celular. Vamos criar um projeto extracurricular para concor-
rer aos prêmios de comunicação da faculdade… Vamos fazer

57
um jornal pelo celular. Já tenho até o nome… DDC: Direto
do Celular! Vai ser muito inovador e visionário, você vai ver
— disse ele, super, hiper, ultra, megaempolgado.
— Edson, para de viajar, tô cheia de coisa para fazer…
Não tenho tempo pra isso…— disse eu, derramando um
banho de água fria no meu colega sonhador.
Desligamos, e ele foi atrás da Patrícia. Os dois criaram
um projeto-piloto de um jornal pelo celular e ganharam visi-
bilidade em alguns veículos de comunicação, mas foi só.
Até que, em uma sexta-feira, eu ainda trabalhando na
TV, um professor da pós-graduação chega para ministrar
aula em Telejornalismo e ficou incumbida a mim a missão
de entrevistá-lo. Ele começou falando da tecnologia, das mu-
danças que a TV sofreria rapidamente nos anos seguintes
com a internet, dos celulares, e eu contei que dois colegas
tinham um projeto que vinha ao encontro daquele pensa-
mento, o DDC. Ele ficou entusiasmado e imediatamente quis
conhecê-los. Chamei o Edson e a Patrícia, eles se conhece-
ram e ficaram ali trocando ideias e contatos.
Anos mais tarde, a Patrícia virou minha sócia, nos forma-
mos, paramos com a empresa, e, enquanto eu voltava para
a casa dos meus pais com o futuro incerto e crente de que
abandonar a comunicação era o mais sensato a fazer, os dois
foram chamados para trabalhar em uma TV de uma filial da
Rede Globo em Curitiba, na capital do estado, graças àquele
projeto sonhador do jornal pelo celular.
Por um tempo, essa história me dava um nó na gar-
ganta. Estava feliz por eles. Muito feliz. Mas, no fundo,
me culpava por ter dado aquele banho de água fria
no Edson aquele dia. Por ter desperdiçado talvez uma
grande oportunidade com uma frase. Como já cantava
Legião Urbana: “quantas chances desperdicei quando o

58
que eu mais queria era provar pra todo mundo que eu não
precisava provar nada pra ninguém?”.
Um tempo depois daquela ligação do Edson na redação
da TV, outros poucos segundos também foram responsá-
veis para que meu destino hoje fosse estar aqui escrevendo
este livro.
Na época, os reality shows na TV cresciam cada vez
mais. Espiar e vigiar a realidade e os bastidores de pessoas
normais durante 24 horas em programas como Big Brother
Brasil e A Fazenda se tornava um vício da população e an-
tecipava a era da internet, onde, em um futuro não distante,
todo mundo compartilharia a sua intimidade, o seu dia a dia
e sua rotina em frente às câmeras.
Nos corredores da faculdade, todo mundo sonhava e
comentava sobre um reality show chamado O Aprendiz,
que estava com versões voltadas somente para universi-
tários. O programa com provas sobre o mundo dos negó-
cios, em que a cada prova um participante era demitido,
surgiu nos Estados Unidos apresentado pelo empresário
(e depois presidente) americano Donald Trump. No Brasil,
foi comandado entre 2004 e 2009 pelo empresário Roberto
Justus e, entre 2010 e 2011, pelo empresário (e depois
político) João Dória.
Era final de 2009, eu concluía o meu segundo ano da
faculdade. A seleção do programa foi aberta, e eu me inscre-
vi. Na primeira fase, um teste de conhecimentos gerais on-
line, houve uma peneira para selecionar apenas 300 pessoas
entre 100 mil candidatos.
Em uma quinta-feira de chuva, o meu telefone tocou...
— Suellen? Falo da produção da Rede Record. Estou
ligando para dizer que a segunda fase do Aprendiz será
sábado, aqui em São Paulo. Você prefere às 14h ou às 18h?

59
Sem compreender nada, sem saber como chegaria a São
Paulo em menos de 48 horas e tremendo igual a uma vara
verde, pensei rápido e demonstrei segurança, respondendo:
— Às 18h.
— Ok, te esperamos na sede da Record.
Fingindo costume, entrei na internet e comprei a pas-
sagem de ida saindo de Foz do Iguaçu por exatos R$ 333.
Nunca esqueço, pois era bastante caro para mim. Decidi
voltar os mais de mil quilômetros de ônibus para ficar mais
barato. Corri comprar uma roupa mais social para o grande
dia e fui. Chegando lá, encontrei com vários jovens como eu
e, juntos, participamos de uma dinâmica de grupo que apa-
rentemente analisou nossa capacidade de liderança, de re-
solver problemas, de ser criativos e de oratória.
Dias mais tarde, ligaram novamente. Eu estava entre os
80 e iria para a última fase, de entrevista individual, em que
escolheriam os 16 aprendizes. Voltei para São Paulo, saí da
entrevista com uma confiança absurda, cancelei uma viagem
em família “crente” de que seria chamada para o programa,
porém estava errada. O programa iniciou, acompanhei tudo
e aquele quase continuava engasgado. Ah! Se não fosse pelo
quase... Um dia, resolvi entrar no site do programa e ler o re-
gulamento dos candidatos. Aquele regulamento que passou
na minha frente tantas vezes, e eu não li.
Durante a entrevista, eu havia dado um jeito de contar,
com grande louvor, mesmo sem terem me perguntando (e
acreditando que isso somaria vários pontos) que havia feito
um trabalho como apresentadora de merchandising na TV
para a revenda local de uma grande marca de carros. No
regulamento, porém, dizia que o participante não poderia ter
nenhum tipo de envolvimento com nenhum dos patrocina-
dores do programa. Aquela empresa era a principal patroci-

60
nadora. Mesmo que eu tenha ido muito bem, fui desclassi-
ficada. O sucesso também mora nos fracassos. Nada é em
vão: se não for benção, que seja lição. Naquele momento,
ganhei o entendimento de que, se cheguei quase perto de
algo tão legal, poderia ir além. Existem coisas que precisam
dar errado para outras darem certo.
Depois dessas duas oportunidades “desperdiçadas” em
poucos segundos, as coisas entraram no rumo para mim.
Nosso destino muda por completo em poucos segundos.
Perceba as oportunidades passando. Já diz o ditado que
“cavalo encilhado não passa duas vezes”, ou seja, cavalo
prontinho para você montar e ele te levar para o rumo que
você quiser, feliz e galopante, não passa duas vezes. Esteja
atento aos sinais.

E por falar nisso...


Um ano antes, no último episódio do programa O Apren-
diz, duas participantes disputavam o prêmio de um milhão
de reais e um salário de valor considerável em uma grande
empresa de publicidade. Na sala de reunião, Roberto Justus
pediu que elas o ajudassem na decisão por quem contrataria
e demitiria. Pediu, então, que cada uma falasse das quali-
dades de sua concorrente, convencendo-o a contratá-la. As
duas estranharam o pedido, mas o fizeram. Trocaram elogios
e, feito isso, o apresentador deu as palavras finais dizendo
que, se dependesse dessa atitude, nenhuma seria contrata-
da, pois a premissa das vendas é: “nunca venda aquilo que
você não compraria”. Congruência é um dos pilares que deve
nortear todo profissional.
Em tempos de influenciadores digitais, isso fica ainda
mais nítido. O marketing de influência em tempos de redes
sociais exige verdade entre o que se fala e o que se faz. Entre
o que se quer e se mostra na prática. Ninguém mais perdoa

61
hoje saber que a Xuxa talvez não use Monange ou que a
Giseli não use Pantene (marcas das quais foram garotas-pro-
paganda por muitos anos). É mais que isso, influenciador e
empresa precisam ter visões de mundo parecidas. Mas o que
define um influenciador digital? Beleza? Conteúdo relevan-
te? Desenvoltura nos vídeos? Fotos lindas?
Tudo isso pode ajudar. Mas a congruência é a principal
de todas, pois, hoje, marcas que patrocinam influenciadores
são inclusive cobradas pelos clientes e seguidores sobre ali-
nhamento de valores. Ao contratar um influenciador que dê
resultado, não basta olhar para números. Alguém que vai
dar cara para sua marca precisa estar alinhado com seus
princípios. Já o influenciador precisa estar ciente do quanto
influenciar vai além de números e fama. Exige responsabi-
lidade, dedicação, compromisso, servir. Por isso, não é todo
mundo que consegue.
Se você quer influenciar, esteja preparada para uma
missão que vai muito além do ego. E hoje todo mundo é um
pouco influenciador. Ninguém mais verdadeiro e congruente
para influenciar, vender e falar da própria marca na internet
que a própria empreendedora. Os melhores influenciadores que
uma marca pode ter são seus criadores ou donos e seus clien-
tes. Os clientes se tornam influenciadores publicando sobre
uma marca ao se sentirem encantados com um atendimento.

O dia em que abandonei a carteira assinada


Em outubro de 2011, estava colocando roupa na máquina
e falando no telefone com o Roberto. Namorávamos há uns
dois meses.
— Pede a conta – ele dizia.
— Mas, amor… – eu questionava. Olhei pela janela,
avistei um outdoor de uma loja de roupas do outro lado da

62
rua com uma frase que mais parecia uma mensagem subli-
minar: “você pode ser quem você quiser”. Enquanto isso, no
telefone, o Roberto continuava…
— Não vale a pena ficar aí. Pede a conta! – finalizou.
Hoje, vejo que o “pede a conta” soou mais bonito que
um “eu te amo”. Ao contrário de mim, o Beto sempre foi um
homem de poucas palavras, porém, sábias. E hoje sou obri-
gada a cada conquista ouvir ele me relembrando “daquele
outubro de 2011”. Na época, tinha me formado em Jorna-
lismo há menos de um ano e trabalhava como assessora de
imprensa de uma grande empresa, um cargo de respeito e vi-
sibilidade, que era o sonho de qualquer colega. As responsa-
bilidades aumentavam, o chefe fazia cobranças do tipo “por
que está de cabelo amarrado hoje? Não deu tempo de lavar?”.
Apesar disso, eu aprendia muito, mas o salário mal pagava
as despesas do apartamento, e eu não estava feliz.
No meu último dia de trabalho, emprestei o carro para o
meu irmão, que morava comigo na época. Por um acaso do
destino, ele bateu em outro carro (aliás, em dois carros). Foi
um engavetamento. Fui até lá e, por sorte, tinha um cheque
da conta salário no porta-luvas para pagar as despesas dos
outros carros. Ninguém se feriu, e o único carro que real-
mente sofreu danos maiores tinha sido o meu, mas a mulher
de um dos carros, quando soube onde eu trabalhava, disse,
descontrolada, que iria mandar a minha chefe (naquele
momento, já ex-chefe) me demitir.
No meio do nervoso, daquele caos, confesso que ri por
dentro e disse para ela um “fique à vontade” em bom-tom.
Resolvemos tudo e, dois dias depois, no feriado de finados, eu
deixava a carreira de jornalismo e a CLT rumo à minha cidade
natal para morar novamente com meus pais. Ao som de uma
música sertaneja raiz, lá estava eu, pegando a estrada de
carona na cabine do caminhão com o motorista do guincho,

63
e o carro batido em cima com toda a minha mudança dentro.
O futuro era incerto. E parafraseando o ditado “a favela
venceu”, se aquele caminhão estivesse em um filme e tivesse
alguma frase escrita no para-choque, com certeza ela seria “o
interior venceu”. O sentimento que, lá atrás, era de fracasso,
hoje é motivo de muitas risadas. Apesar de tudo, no fundo,
eu sabia que aquilo queria me ensinar algo. E o ensinamento
era: tudo sempre piora antes de melhorar.
Fui trabalhar com meus pais servindo café e pastel
na loja de conveniências do posto de combustível. Alguns
olhares de deboche dos conhecidos pareciam dizer “foi
estudar na cidade grande e fazer intercâmbio fora do país
para virar garçonete?”, mas eu não ligava. Todo trabalho
é digno desde que feito com ética e amor. Outros olhares,
porém, chegavam, pediam um pão de queijo e diziam “você
fez faculdade de jornalismo, né? É tipo publicidade? Eu
preciso fazer um cartão de visitas para a minha empresa,
você faz?”. “Sim, eu faço, vou te passar um orçamento”,
dizia eu, sem fazer a menor ideia de como fazer aquilo.
E assim, fazendo alguns trabalhos extras pós-expediente
e dizendo sim para todas as oportunidades que surgiam,
inclusive para apresentar campanha política na TV, eu
retornei para a comunicação e para o empreendedorismo
criando minha agência de marketing.
Todo mundo já viveu alguma fase trágica na vida que,
hoje, rende boas histórias. Todo mundo, em algum momento,
precisa tomar alguma decisão que adia há tempos. Todo
mundo já travou por receio do futuro, do incerto. Todo mundo,
um dia, já engoliu o choro por sentir que estava abandonan-
do ou desistindo de algum sonho, mas mal imaginava que
estava abrindo portas para planos muito maiores. Por mais
que, lá atrás, na faculdade, eu quisesse que alguém tivesse
me dito que o mundo poderia dar voltas, que as coisas não
iam acontecer como eu imaginava, que não era fácil mesmo

64
e que aquela angústia quanto ao futuro seria frequente dali
para frente, hoje eu entendo.
Queria que alguém tivesse me dito que currículo em
algumas profissões não interessa muita coisa porque mostra
só o que você estudou, e não o que sabe fazer. Porque mostra
o que você faz, mas não o que é. “Faça-se!” é um dos con-
selhos mais lindos que já recebi. Descobri por erro e acerto
que toda pequena ação cedo ou tarde traz algum resultado.
Descobri que o mundo é muito grande para passarmos a
vida toda fazendo a mesma coisa, no mesmo lugar, tendo as
mesmas experiências. Como dizia Gandhi: “há mais na vida
do que apenas acelerá-la”.
Na próxima página, tem mais um desafio para você; não
se preocupe, pois ficará entre você e os seus sonhos. Anote e
reflita, combinado?

Na próxima página, tem mais um desafio


para você; não se preocupe, pois ficará entre você
e os seus sonhos. Anote e reflita, combinado?

65
Responda:
O que aconteceu na sua vida que parecia triste, mas
foi, na verdade, um livramento?

Quais são e como são os olhares de crítica que você


tem recebido?

Anote. Pense. Aceite. Mude!

66
O apoio de quem amamos
Me dói ouvir tantas mulheres que me chamam dizendo
que os maridos ou namorados não as apoiam, que não en-
tendem o sonho delas, que não as incentivam. Por muitas
vezes, também achei que eu não tinha o apoio que eu queria.
Numa noite, eu e o Roberto, meu marido, discutimos
minutos antes de eu entrar para uma das minhas primeiras
lives/transmissões ao vivo em uma rede social. O motivo era
tão bobo que eu nem lembro qual era. Era domingo à noite.
No dia seguinte, eu faria abertura de uma das primeiras
turmas do meu curso on-line. As pessoas começaram a pedir
que eu abrisse as inscrições antes e decidi começar a vender
naquela hora mesmo. Liberamos o link de compra e, em
alguns minutos, tinha vendido mais do que meus ganhos de
um mês inteiro. Ele já estava dormindo e nem ficou sabendo
de nada. Mesmo eu estando muito feliz com meu resulta-
do, eu me lamentava por achar que, talvez, ele não apoiasse
tanto essa jornada louca do mundo digital, um mundo que,
muitas vezes, parece um mundo paralelo.
Digo “talvez” porque existe uma diferença muito grande
entre não termos apoio de quem mais amamos e acharmos
que não temos apoio. O que acontecia comigo era eu achar
que não tinha apoio, mas eu tinha.
As pessoas que mais nos amam no fundo se preocu-
pam conosco e querem nos proteger. Para eles, amor e
proteção estão relacionados a querer nos ver em seguran-
ça. Enquanto isso, a nossa expectativa é a de alguém que
se empolgue e vibre com nossas conquistas. Já diz uma
frase antiga que os verdadeiros amigos e amores são, na
verdade, aqueles que estão com você nos momentos mais
felizes, pois quem não te ama profundamente não supor-
taria ver a sua felicidade.

67
O escritor Gary Chapman, no livro “As 5 linguagens do
amor”, diz que cada ser humano manifesta amor e se sente
amado de maneiras diferentes. Eu encontrei uma semelhan-
ça entre essas 5 linguagens e os 5 sentidos.
Existem pessoas que são mais auditivas. Precisam falar
e ouvir palavras de afirmação para sentir amor. São aquelas
que, como eu, amam escrever textões, mandar bilhetinhos e
se derretem ao ver um depoimento de alguém em uma rede
social no dia do aniversário.
Outras são do tato. Gostam de abraçar, beijar, tocar,
andar de mãos dadas, cumprimentar com beijinhos.
Tem também aquelas que acreditam que servir o outro
é sinônimo de amar e ser amado. São as pessoas que ge-
ralmente amam cozinhar para os amigos, consertar coisas,
fazer favores. Para mim, essas poderiam ser as pessoas que
têm o paladar como sentido mais aguçado.
Algumas valorizam mais o tempo de qualidade: se sentir
amado e demonstrar amor é estar junto de corpo e alma, sem
interrupções de celulares e afins. Talvez, para elas, o sentido
mais aguçado seja o olfato, o cheiro.
Aqueles mais visuais talvez sejam os que têm como lin-
guagem do amor principal os presentes. Amam presentear e
ser presenteados.
Todos temos uma dessas linguagens que se manifesta
com mais força, assim como as pessoas à nossa volta. O que
acontece é que temos a tendência de esperar do outro aquilo
que nós faríamos no lugar dele. Mas as pessoas são diferen-
tes, têm linguagens do amor diferentes, personalidades di-
ferentes e demonstram apoio de maneiras diferentes. Todos
os dias na nossa vida nós custamos a entender isso. Quere-
mos fazer pelo outro o que gostaríamos que ele fizesse por
nós, em vez de fazer aquilo que ele gostaria que fizéssemos.

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Quando entendemos essas diferenças, os relacionamentos
fluem melhor.
Num casamento, numa sociedade, numa parceria, numa
relação comercial em que expectativas existem, elas precisam
ser alinhadas. As coisas só dão certo em conjunto quando
temos real noção do lugar aonde o outro quer chegar, quais seus
sonhos, metas, propósito e porquês maiores. Quando há este
alinhamento, as pessoas não precisam ser iguais, nem pensar
iguais, elas só precisam querer chegar ao mesmo destino.
Por muito tempo, eu achei que eu me bastava. Principal-
mente no trabalho. Não gostava dos exercícios em grupo e
equipe do colégio. Quando entendemos que ir sozinhos nos faz
ir mais rápido, mas ir acompanhados nos faz ir mais longe,
uma chave vira. Uma pessoa sozinha não é exponencial. Um
multiplicado por um é igual a um. Ter apoio é importante, mas
compreender que as pessoas apoiam de maneiras diferentes é
ainda mais importante. Depois que eu entendi que o Roberto
tinha a maneira dele de me apoiar, meus resultados cresceram.
A live/transmissão ao vivo seguinte de vendas que fiz não vendi
só o ganho de um mês, mas de um ano inteiro em uma noite.
Antes de tudo, é crucial saber que ninguém vai te apoiar
e acreditar no seu sonho se você não fizer isso. Ninguém vai
indicar seu trabalho, seu produto, sua empresa, se você não
bater no peito e assumir aos quatro ventos o quanto é bom no
que faz. Saiba identificar apoio em todos os pequenos gestos.
Saiba mostrar o que tem no fim do túnel para que alguém tope
atravessar a escuridão com você. Quando marido e mulher,
namorado e namorada, simplesmente passam a seguir as
mesmas pessoas em uma rede social, ler os mesmos livros e as-
sistir aos mesmos vídeos, eles já conseguem passar a vibrar na
mesma frequência e entender dos mesmos assuntos. Fazendo
isso, ambos saberão o que precisa ser feito para tornar a traves-
sia do túnel mais fácil, leve e empolgante.

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“Faça-se!” é um dos
conselhos mais lindos que
já recebi. Descobri por erro
e acerto que toda pequena
ação cedo ou tarde traz
algum resultado.

@suellenwarmling
8. Ser Morno
“Eu nunca perco. Ou eu ganho, ou eu aprendo”
NELSON MANDELA

A água da piscina estava bem quente, porém, fora dela


fazia 6 graus (era quente ou era fria). Estávamos no Ushuaia,
terra conhecida como o fim do mundo, no sul da Argentina, o
ponto mais próximo da Antártida no continente. Lá, naquela
escolha entre o quente e o frio, sem meio-termo, refleti sobre
o quão desafiador e gostoso é viver nos extremos, o quanto
ser morno é mais fácil, mas é ruim.
A maioria das pessoas é morna, vive na média. Essas
pessoas, quando olham alguém indo para o quente ou frio,
encontram uma maneira de sair da “zona de conforto” cri-
ticando, pois coragem de ir lá passar frio ou calor elas não
têm. “Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te
vomito”, texto Bíblico do Apocalipse, Capítulo III, versículo
16. Ser morno é ser aquele que fica em cima do muro. Que
deixa a vida acontecer! Que tem sentimentos do tipo “mais
ou menos”! Não seja o que prefere os dias nublados. Goste
de chuva ou de céu azul; da intensidade; DE FAZER aconte-
cer; do que te desafia; do que te faz ter o que contar ou pelo
menos dizer “não deu, mas eu tentei”.
E esse é um argumento que uso quando ouço as pessoas
dizendo que não aparecem porque têm vergonha, não gravam
vídeos porque têm receio do que os outros vão falar. Vergo-
nha, além de não pagar conta, é um sentimento de quem é

71
morno. Os maus só se destacam porque os bons usam argu-
mentos do tipo “tenho vergonha” ou “sou tímido”. Os maus
prosperam enquanto os bons se escondem.
A vida tem que ter paixão e ódio, intensidade. Coisas mais
ou menos tomam nosso tempo. O que entra para a nossa
biografia são as coisas que fazem as pernas estremecerem,
as mãos suarem, o coração acelerar, o olho lacrimejar.
Que tal pular para um dos lados do muro? Que tal deixar
a vergonha de lado? Aparecer mais? Que tal fazer das tuas
redes sociais o seu palco?
Você não precisa ter medo de gravar vídeos, medo de
que seu conteúdo não seja interessante, medo da rejeição,
de se expor, de ser chamado ou chamada de “blogueirinha”.
Essas são crenças que limitam e te travam. É aquela coisa:
se você acredita que você pode ou que não pode, de qualquer
maneira você está certa. Se alguém te ofende, se alguém te
machuca, lembre-se de uma simples xícara tão cheia de café
que o café começa a derramar. É impossível que uma xícara
cheia de café derrame chocolate quente ou chá, certo? Certo!
O fato é que a gente só transborda aquilo que temos
dentro da gente. Ninguém transborda ouro se não tiver ouro.
Ninguém acha nada bonito se não tiver beleza morando dentro
dele. É como diz na Bíblia: “a boca fala do que o coração está
cheio”. E é como também uma paisagem com um bando de
pinguins seguindo na mesma direção. Para quem os vê de
frente, são brancos. Para quem os vê de costas, são pretos.
É uma questão de ponto de vista. Se para algumas pessoas
uma determinada situação é positiva e para outras é negati-
va, algum dos lados precisa mudar o ângulo, precisa mudar
o jeito de olhar.
Tudo isso é pra te dizer que, se seus posts e vídeos dos
stories conseguirem de alguma forma inspirar as pessoas,

72
passar informações ou dicas que sejam úteis para elas, qual-
quer crítica será inofensiva. Quem você prefere agradar:
pessoas que podem te ver como uma inspiração e que podem
se tornar seus clientes ou pessoas que só sabem ver o lado
“ruim” das coisas e não agregam nada na sua vida?
Invista em vídeos. Os vídeos te dão a oportunidade de
dramatizar seus pensamentos, de colocar entusiasmo na sua
comunicação, nas suas vendas virtuais, no seu relaciona-
mento a distância com clientes pelas redes sociais. Você não
precisa de uma superprodução nem ser um astro de cinema.
Seja como você é, natural, seja verdadeira e passe uma men-
sagem que possa AJUDAR as pessoas que te seguem.
Os vídeos ativam o gatilho mental da visão, pois mostram
com fidelidade um produto ou uma pessoa. Quando vemos
alguém em vídeo, temos a sensação de que conhecemos a
pessoa de longa data, não é mesmo? Confesso que, no início,
eu também tinha alguns problemas com me expor, princi-
palmente na minha cidade, porque é no interior, uma cidade
pequena, e eu me sentia incomodada com os comentários das
pessoas. Mas sabe como resolvi isso? Não focando a minha
comunicação para quem me criticava, e sim para aquelas
pessoas que realmente têm interesse no que falo e ensino.
E, sinceramente, no começo, fui relutante em abrir todas as
minhas estratégias. Até que percebi que quanto mais eu en-
tregava todo o ouro que tinha dentro de mim, mais eu crescia
e, assim, todo o receio de entregar minhas estratégias acaba-
ram. Quanto mais eu doava meu conhecimento, mais o meu
negócio crescia. Fale de tudo que você sabe, mostre tudo
que você conhece sem medo que roubem sua ideia, que te
copiem, que te imitem ou critiquem.
Quando você começa a se expor, a dar a cara a tapa
para mostrar seu negócio na internet, você tem que estar
preparado. Vai ter gente (próxima) rindo de você, pelas

73
costas, vai ter gente falando (e desejando) o mal, inve-
jando, criticando. Gente sem entender por que você faz
aquilo, posta tanto. Gente que nunca te viu comentando
coisa nada a ver. É normal.
É igual o milho que vira pipoca. Se não passar pelo fogo,
vai continuar sendo milho para sempre. Na nossa vida, para
haver transformação, tem que incendiar. No fogo, tem dor.
Se tentar apagar o fogo, a mudança não acontece. A pipoca,
dentro da panela quente, envolta na sua casca dura, fechada,
deve chegar a pensar que vai morrer. Provavelmente não
imagina um destino diferente. De repente, quando ela já não
aguenta mais… POW! A pipoca explode e expande, cresce,
fica maior. Algumas outras, porém, continuam na panela re-
sistentes à mudança, se recusam a estourar.
Quando você entende que os inimigos das pessoas são
elas mesmas, que a boca só fala do que o coração está cheio
e que quando alguém ofende o outro é porque a ofensa é
o melhor que ela pode dar, as coisas mudam. As pessoas
que mais fizeram a diferença no mundo também foram as
mais criticadas. Pesquisando na história você consegue iden-
tificar várias dessas pessoas. Não lembro de ter lido nunca
algo sobre alguma estátua erguida para críticos. As estátu-
as são erguidas para os criticados. Os nomes de ruas são
dados para os criticados. Se críticos ou copiadores te per-
seguem, você merece os parabéns. É sinal de que está no
caminho certo. É engraçado, mas os mesmos motivos que
levam alguém a te amar, são os que levam uma outra pessoa
a te odiar. Se você quer criar sua tribo de fãs na internet, ter
sua comunidade, seu time, ser líder de um grupo qualquer,
sempre haverá dois lados. Aceite.
E desista de desistir. Chega de parar no caminho. Chega
de abrir mão dos seus sonhos com medo das críticas, das
cópias, dos concorrentes. Chega de paralisar porque a

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vizinha da cunhada da sua amiga (que geralmente não faz
nada da vida e não paga nem as próprias contas) um dia
falou mal de você para a namorada do primo do seu marido.
Você não é mais uma adolescente. Eu sei que você já é uma
mulher madura e dona do seu destino. Eu sei que você já
entendeu que tem muito mais a ganhar que perder se parar
de ser MORNA.

Três motivos para gravar vídeos


• Conectam e aproximam;
• Passam credibilidade;
• Deixam a mensagem clara.

Dez maneiras de gravar vídeos melhores


• Comece pelos STORIES ou por LIVES;
• Pense no que vai falar antes (liste tópicos);
• Seja espontâneo;
• Eleve o nível de entusiasmo;
• Não se assista;
• Use filtros;
• Boa iluminação;
• Esteja sozinho(a);
• Pratique sua oratória;
• Brinque de ser ator em aplicativos interativos
de dublagem.

Mau-olhado: inveja x inspiração


Quem me conhece sabe que sou apaixonada pelos olhos
turcos. No meu casamento, eles foram usados na decora-
ção, no meu último aniversário também, na minha casa eles
estão em todos os cômodos, no pingente, na pulseira, na cor-

75
rentinha, na saída de praia, na camiseta. Uns chamam de
olho turco, nazar boncuğu; outros, de olho grego. Bem, essa
é uma briga tipo Brasil e Argentina para saber quem tem o
melhor futebol. Morei na Turquia e serei sempre defensora
da origem turca. Eles invadiram a moda nos últimos anos
e até os emojis do celular. O olho turco é um talismã contra
energias negativas, inveja e o mau-olhado, é também conhe-
cido como um símbolo da sorte.
Acredita-se que, quando existe algum mau-olhado, o
olho absorve a energia e se quebra, protegendo a pessoa da
negatividade. O mais fascinante no olho turco é que ele se
manteve com o mesmo propósito ao longo de milênios. Inveja
é o pior sentimento, alguns dizem. Gosto da definição de
que, na verdade, inveja é um atestado de incapacidade e é
também o oposto de inspiração.
Quando admiro e olho com olhos de quem também quer
chegar lá, de quem também pode ir mais longe, eu me inspiro.
Eu coloco para dentro de mim um sentimento bom de que eu
também posso chegar lá. Eu guardo esse sentimento que foi
criado para usar mais tarde. Eu inspiro para depois expirar.
Quando eu admiro e olho com olhos de quem sente que não
tem capacidade de fazer algo da mesma grandiosidade, com
tanto rancor que eu passo a desdenhar o outro, desejar que
ele não tenha ou não seja, eu invejo.
Olhar para as pessoas que já chegaram aonde queremos
chegar com inspiração, e não com atestado de incapacidade,
é sinal de maturidade. Inspire-se. Sempre. Inspirar é colocar
para dentro algo que nos dá poder sem precisar tirar o poder
do outro. Use o amuleto que for, acredite em um ser maior,
em santos, amuletos e superstições, mas nunca perca a fé
principal, aquela que está dentro de você mesma.

76
É o imperfeito que conecta.
Tenha coragem de ser quem você
realmente é, com erros e acertos. O
mundo pede marcas com alma, com
história, autênticas, humanizadas.
Não precisa montar um personagem.
Mas sim aprender a exaltar o que
você tem de melhor.

@suellenwarmling
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9. Crie sua Tribo
“O pior cliente do mundo quer seu produto, não importa você.
O melhor cliente do mundo quer você, não importa seu produto”
PEDRO SUPERTI
Piada interna? Gírias? Slogan? Expressões? Frases? Seja
o que for… Mas uma coisa é fato: o novo pede que a gente
tenha jargões.
Jargões geram senso de comunidade, de tribo. Vai
desde uma frase que você reforça sempre, uma hashtag
que você cria, um jeito de falar que já é seu e traz para
rede social, um cumprimento único (chamar seguido-
res de seguimores, maravilhosas, estilosas, amiga linda,
amores e amoras, meu povo, minha gente entre outros).
São alguns exemplos do quanto o jargão é estratégi-
co. Essa “rotina” criada por algumas palavras formam
também sua identidade e a identidade da sua marca.
Quando ouvimos alguém dizer “loucura, loucura,
loucura”, logo lembramos do apresentador Luciano
Huck. Pensar na expressão “haja coração” sem men-
talmente ouvir a voz de Galvão Bueno é inevitável. Já
o “acorda, menina” é a marca registrada da Ana Maria
Braga. A frase “quem sabe faz ao vivo” direciona nossos
pensamentos ao apresentador Faustão. O famoso “fala,
garoto”, sabemos de longe que é do Serginho Groisman.
E o grande Silvio Santos ganhou fama com a frase “quem
quer dinheiro?”. E você? Quais elementos estarão asso-
ciados à sua marca?

78
Provavelmente você já ouviu a palavra BRANDING, né?
Um termo elegante para se referir à construção de marca.
Simplificando, branding nada mais é do que um conjunto
de ações que você faz para construir sua reputação profis-
sional e a maneira como as pessoas te enxergam e te per-
cebem. Marca é, na verdade, o espaço que você ocupa na
mente de alguém.
Essa palavrinha sempre anda com outra, a palavra “po-
sicionamento”: a soma do que você é e para quem você é. Po-
sicionamento é uma escolha, uma decisão. Decida como você
quer ser visto. Quando você tem um posicionamento forte, as
pessoas enxergam seu valor, e não seu preço. Portanto, bran-
ding e posicionamento também têm a ver com autenticidade.
Tudo que é autêntico, natural, espontâneo gera conexão. É
o imperfeito que conecta. Tenha coragem de ser quem você
realmente é, com erros e acertos. O mundo pede marcas com
alma, com história, autênticas, humanizadas. Não precisa
montar um personagem. Mas sim aprender a exaltar o que
você tem de melhor. Se você quer prosperar, se concentre
na sua essência. Pare de procurar nos outros o que já está
dentro de você.
A palavra posicionamento vem de posição. Quando
falamos de posicionamento de marca, dizemos a posição
que tal marca ocupa na mente do cliente em um determi-
nado segmento. Suponhamos que nossas mentes tenham
vários compartimentos e que em cada um está ocupa
um segmento de mercado, uma categoria, como: arqui-
teto, dentista, loja de roupa, supermercado, restaurante,
doceria, designer gráfico, advogado etc. Pense nas mais
diversas áreas de produtos e serviços que você consome.
Quais são as empresas de que você se lembra primeiro?
E o seu cliente? Quem leva o troféu de primeiro lugar na
mente dele quando ele pensa no seu nicho?

79
Ser autêntico é uma das maneiras mais óbvias e fáceis
de se diferenciar como profissional ou empresa. Nascemos
todos diferentes, com digitais e DNAs distintos. Mesmo
que sejam irmãos gêmeos, não são iguais. Essa diversida-
de nos torna especiais. Assuma ser você mesma! Sempre
terá alguém que vai se identificar exatamente com você e
irá comprar inconscientemente pelas semelhanças escon-
didas que você possui. Semelhante atrai “semelhante”. O
que te faz único e diferente? Pelo que as pessoas te conhe-
cem? Quais são os valores da sua marca? O tom de voz que
ela vai usar? O estilo de música que será associado a ela?
Quais são as cores? Quais são as histórias que serão conta-
das, repetidas e associadas à sua marca?
Deixe claro na sua comunicação por que você faz o que
faz. Deixe claro por que as pessoas deveriam te seguir. Fale
sobre seus porquês. Mostre seus porquês. Exponha também
seus valores, princípios e história.
Somos um resultado dos locais por onde caminhamos,
das experiências que tivemos, das pessoas que conhece-
mos, dos livros que lemos. Cada paisagem que a gente vê ou
lugar onde a gente pisa fica guardado em algum cantinho em
nossa mente para que, na hora certa, como em uma receita
de chefe, os ingredientes se misturem e essas lembranças e
se tornem aquele prato inédito. Essa mistura maluca, que, às
vezes, é saborosa, em outras nem tanto, forma a tal essência
de um ser humano, gera os famosos insights e constrói uma
pessoa criativa, uma pessoa que cria significado e simbolo-
gia para as coisas. Que abre uma empresa com alma, com
propósito. Que inventa promoções e campanhas que tocam o
coração das pessoas!
O significado de todas as coisas não está no preço, está
no valor que nós damos. Uma peça de decoração pode ser
só um objeto, mas ser também um símbolo de uma histó-

80
ria, de uma viagem, de uma superstição, te lembrar uma
pessoa querida. Seguimos padrões impostos sem nos darmos
conta do significado dos momentos. Fazemos uma festa de
casamento e seguimos exatamente o que todo mundo está
fazendo, a mesma decoração, os mesmos docinhos, a mesma
música, simplesmente porque alguém que admiramos fez ou
porque a maioria faz assim. Esquecemos de colocar a nossa
essência, o nosso jeitinho, contar a nossa história.
As pessoas fazem festa de aniversário de um ano para
o primeiro filho e são criticadas porque a festa acaba sendo
dos pais, e não dos filhos, sem saber o significado que tem
para essa tradição. O significado de honrar as mudanças
vividas na rotina do casal ou da família durante os desa-
fiadores primeiros meses do bebê. Onde colocamos signifi-
cado, colocamos criatividade. Um logotipo de uma empresa
pode ser simplesmente um desenho, mas, quando coloca-
mos um significado para o símbolo, um porquê, ele se torna
algo grande, algo único, algo especial. Leve significado às
suas ações. Gere sentimentos. Faça seu público sentir. Se
faz sentir, faz sentido.
Uma ideia criativa é algo que sai de dentro de você. E
no corpo humano, quando algo sai, seja lá de que maneira
for, é porque algo entrou. É porque você consumiu algo, se
alimentou de algo. É por isso que buscar referências em um
só local é perigoso, pois te faz ter tendência a imitar e não ser
você. Assim como focar em notícias de tragédias na televi-
são é perigoso pois te faz desanimar. Conviver com pessoas
tóxicas é perigoso pois te faz vibrar na frequência do pessi-
mismo. Nossa mente é reflexo do alimento que damos a ela.
Ela produzirá pensamentos com base nas informações que
consumimos. E esses pensamentos irão moldar nossa rea-
lidade, fazer com que tenhamos um dia incrível ou um dia
horrível. Teremos grandes e geniais pensamentos se consu-
mirmos coisas que nos ajudem a ter boas ideias, se tiver-

81
mos a capacidade de misturar várias coisas que já vimos,
de combinar duas ou três referências diferentes e colocar a
nossa pitada, o nosso tempero, o nosso toque de chefe. Não
existe outro jeito.
Não estou falando de copiar. Quando você age como um
verdadeiro “chef de cozinha”, mesmo que acredite que está
copiando algo, você está colocando teu jeitinho, tua história,
tua vivência. Dois chefes podem usar os mesmos ingredien-
tes e fazer receitas completamente diferentes. A receita tem
que ser única. Os ingredientes podem ser iguais. Segundo
o autor Austin Kleon, fazer isso é saber “roubar como um
artista”. Nada surge do nada. Você não surgiu do nada. Você
é uma cópia, de certa forma, do teu pai e da tua mãe. Mesmo
assim, não existe nada nem ninguém igual a você, por mais
que alguém possa tentar. Porque uma coisa está cada vez
mais evidente: as pessoas não compram só o que você faz,
mas também por que você faz.
Tem empreendedor com a mente tão travada e domi-
nada pela concorrência que não publica nas redes sociais
pensando que o concorrente vai copiar a ideia, vai saber o
preço. A internet proliferou a ideia de concorrência. Olhar
menos para o concorrente e mais para o cliente é um
exercício poderoso que muda complemente o seu jogo no
marketing. Você fica mais criativo, mais inovador, menos
frustrado, com mais autoestima.
Enquanto concorrentes brigam entre si, clientes seguem
buscando algo que nenhuma empresa viu ainda porque estão
com foco no outro, e não em quem realmente importa. Con-
corrência pode ser saudável sim, pode ter parceria, pode ser
no ganha-ganha. Já diz a “sabedoria popular” que, quando a
maré sobe, todos os barcos sobem juntos.
A maior frustração que temos na vida, e até mesmo causa
de nossas inseguranças, é a busca incessante por querer im-

82
pressionar pessoas de que nem gostamos ou não gostam de
nós, pessoas que nos magoaram ou nos fazem mal.
Quando você supera esse pensamento de ver todo con-
corrente como rival e foca em jogar o seu jogo e colocar tua
personalidade no teu marketing, você cria uma tribo e uma
legião de fãs. O que mais acontece são as pessoas se torna-
rem primeiramente seus fãs para, depois, virarem seus clien-
tes. Fã não quer dizer necessariamente alguém enlouqueci-
do, que curte e comenta tudo. Mas sim alguém que se sente
impactado e inspirado com você. Alguém que entende seus
significados, que reconhece que, se você conhece as dores e
os problemas que ele tem, também terá a solução.

E lá vamos nós para mais um desafio. Na


página seguinte, liste as palavras e jargões que
você mais fala e que pode intensificar o uso
para construir uma identidade mais forte. Será
divertido!

83
Liste aqui as palavras, frases, jargões e até mesmo
músicas e objetos que já estão associados à sua essên-
cia e que podem ser usados na construção da sua marca
pessoal nas redes sociais.

84
Apareça! Não basta ser bom,
você tem que parecer bom e,
principalmente, as pessoas
precisam saber que você é
bom. Tenha uma causa.

@suellenwarmling
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10. O que é ser
bom de marketing?
“Há muito mais dinheiro para quem faz o marketing dos pro-
dutos do que para quem fica só na produção. A Nestlé, uma
companhia da Suíça, já ganhou muito mais dinheiro com café
do que todos os brasileiros que plantam café juntos.”
AL RIES

Olha a pamonha, olha a pamonha… Compre batom,


compre batom… Chamar o cliente para ação é importante
sim, mas não é a única coisa a ser feita. Marketing digital é
via de mão dupla, é relacionamento. É despertar interesse,
gerar atração, desejo e depois chamar para a ação, para
a compra. Imagine um programa de TV feito só de comer-
ciais e propagandas e mais nada… Não dá, né?! Nas suas
redes sociais, é a mesma coisa. As pessoas vão acompa-
nhar pelo conteúdo do programa e ver a propaganda será
uma consequência.
As pessoas compram por dois motivos: dor ou desejo.
A dor é a necessidade, é o problema que ele tem. O desejo
é tudo aquilo que deixaria a vida dele mais feliz. Você sabe
qual é a maior dor e o maior desejo do seu cliente? Qual é
o maior problema que ele enfrenta e o que traria para ele a
felicidade que ele almeja? Você já parou para pensar que em-
presas não vendem produtos ou serviços? Empresas vendem
transformação e solução. Vendem recursos para as dores

86
ou desejos, ou seja, para problemas ou para felicidade. Você
vende felicidade, é só parar e pensar um pouco. Os clien-
tes se sentem mais felizes mesmo que momentaneamente
após comer um bolo que uma confeiteira fez, ao se olhar no
espelho após a produção que a maquiadora fez, ao sorrir com
os dentes lindos que o dentista tratou, ao usar uma peça de
roupa que estava naquela loja, ao olhar para o projeto que
o arquiteto fez. Empresas como a Coca-Cola, por exemplo,
entendem muito bem disso. Não vemos a Coca-Cola fazendo
propaganda falando dos aspectos técnicos e características
do produto, mas sim das sensações que as pessoas têm ao
consumir a bebida.
Um comercial em especial da marca me chamou muito
a atenção. Eles comparavam o sentimento e a emoção que
atletas olímpicos tinham ao ganhar uma medalha de ouro
com a emoção que uma pessoa tem ao abrir uma Coca-Co-
la bem gelada. Colocaram depoimentos de atletas dizendo o
que sentiam quando pegavam uma medalha na mão, e cenas
de vitória eram intercaladas com cenas de brindes usando
Coca-Cola. Muitas vezes, nos apegamos apenas a falar das
características do nosso produto, em dizer que, em nosso co-
mércio, o cliente pode encontrar isso, aquilo ou aquele outro.
E esquecemos de dizer qual é a experiência que ele vai ter
ao ser nosso cliente, como os cinco sentidos dele irão ser
ativados ao frequentar nosso restaurante, nossa loja, nossa
empresa. Nos esquecemos de mostrar como os outros clien-
tes estão sim se sentindo após comprarem de nós, os depoi-
mentos que eles nos enviam. Por isso, ao querer um depoi-
mento de um cliente satisfeito, em vez de perguntar: o que
achou do nosso serviço? Pergunte: como você se sentiu ao ser
atendido por nós?
O marketing tem a missão de entender o consumidor
tão profundamente que o produto e o serviço se moldem tão
bem à pessoa que se venda sozinho. Tem a missão de agregar

87
tanto valor às coisas, deixar tudo mais interessante, atraen-
te e bonito que as pessoas, ao verem o preço, digam, espan-
tadas: “achei que era mais caro”. Antigamente, o marketing
vivia uma “era dos produtos”, em que os clientes se adapta-
vam às opções limitadas disponíveis. Um exemplo dessa era é
a suposta frase de Ford, que dizia: “Você pode comparar um
Ford modelo T em qualquer cor que desejar, desde que seja
preto”. O cliente não tinha tanta vez, nem voz. O produto era
o centro de tudo. Hoje, o jogo mudou. O cliente virou o centro,
como um ser pensante, cheio de sentimentos, dúvidas e ânsia
de viver. Ao compararmos, por exemplo, um produto divul-
gado por um artista que admiramos, nosso inconsciente não
compara o produto, compara a oportunidade de se sentir po-
deroso, bonito, bem-sucedido, admirado como aquele artista.
Porém, tirando isso, Ford continua certo em um ponto.
Quanto mais opções oferecemos ao cliente, mais indecisão
geramos e mais tempo damos para que o calor da emoção
passe e ele decida agir pelo racional e não comprar.
A frase “papagaio come milho, periquito leva a fama…”,
por muitas vezes, se refere ao fato de que aquele que leva
a fama provavelmente é bom de marketing. É igual à his-
tória do coelho da Páscoa, que nunca botou um ovo como
a galinha, porém, conquistou seu espaço por entender de
marketing. Quantas vezes você já não pensou coisas do tipo
“mas meu produto ou serviço é muito melhor que do meu con-
corrente”, “como aquele colega de faculdade que não se des-
tacava em nada está melhor que eu hoje?”. Pois é, talvez eles
estejam fazendo algo que você não faz, como:
— Mostrar uma característica que as pessoas não veem.
O coelho não bota ovos, mas é sinônimo de fertilidade.
Em média, os coelhos podem gerar filhotes de 4 a 8 vezes por
ano, de oito a 10 coelhinhos por ninhada.

88
— Criar simbologias a partir da sua essência. O coelho
tornou-se símbolo de renascimento por ser o primeiro animal
a sair da toca depois do inverno.
— Exaltar seus pontos positivos. Conhecer quais são
nossos pontos positivos e negativos nos dá a chance de fazer
nosso marketing estrategicamente visando a deixar os posi-
tivos parecerem ainda maiores e camuflar os negativos. Isso
é construção de marca. É exaltar o que você tem de melhor e
expor determinadas características a tal ponto que, quando
as pessoas lembrem de um certo adjetivo, elas imediatamen-
te o associem a você ou à sua marca.
— Embelezar e diferenciar o que é padrão. A Páscoa pega
os ovos de galinha, todos praticamente na mesma cor, e
traz pinturas coloridas, itens decorativos, transformando-
-os em objetos dignos de serem usados como presente para
pessoas queridas. Como dizia Vinicius de Moraes, “que me
perdoem as feias, mas beleza é fundamental”. Pensar na
embalagem, no layout, na arte, na foto, no logotipo, no
belo do seu produto, da sua comunicação, das suas pos-
tagens nas redes sociais ajuda a vender sim, tanto seu
produto como vender você como profissional. Sim, o feito
é melhor que perfeito, mas feito não quer dizer malfei-
to, nem, muito menos, feio. Um bom posicionamento de
marca exige uma imagem caprichada, que agregue valor,
que impressione nos primeiros segundos e gere aquele
efeito “uau”. O que vem na sua mente quando você vê um
ovo de galinha normal? O que vem na sua mente quando
vê, porém, um ovo de galinha pintado para a Páscoa? São
sentimentos diferentes, percepções diferentes, sensações
diferentes. Pense nos pontos de contato da sua marca com
seu cliente: fachada, papelaria, mídia social, sacola, emba-
lagem, uniforme, aplicativo de troca de mensagens... Qual
é a impressão que as pessoas têm nos primeiros segundos
em que elas veem esses materiais? Será que a impressão é

89
que seu produto ou serviço vale mais do que ele realmente
custa ou de que vale muito menos?
Quando Neil Armstrong se tornou o primeiro homem a
pisar na lua, ele não estava sozinho, outros dois astronau-
tas estavam na nave com ele. Dois astronautas que, por
não terem realizado o marco de serem os primeiros a pisar
na lua, se tornaram anônimos e desconhecidos. Com você
também é assim. Quando você decide não se mostrar, não
enaltecer seus pontos positivos, você decide não pisar na
lua, decide ficar dentro da nave. Mostre-se sim! Divulgue
sim! Apareça! Não basta ser bom, você tem que parecer bom
e, principalmente, as pessoas precisam saber que você é
bom. Tenha uma causa.
Mais do que vender ovos de chocolate, o coelho vem com
a causa de levar a esperança do renascimento e despertar o
imaginário das crianças. Ele tem um porquê que vai além do
comercial e das vendas. Qual é o seu porquê? Dá para ser
o empreendedor do tipo coelho e dá para ser empreendedor
galinha. A escolha é sua.

90
O quanto a gente sabe é menos
importante do que o quanto a
gente está aprendendo. Mas é o
que a gente faz com aquilo que
a gente sabe que nos leva para
níveis mais altos.

@suellenwarmling
91
11. Pense Dentro da Caixa
“O diferencial do ser humano é ser humano.”
MURILO GUN

Você chega em casa. A geladeira está cheia. Você não


sabe o que cozinhar. Procura uma receita na internet, as
possibilidades são muitas. Você demora para decidir o que
fazer e, no fim, copia uma receita que achou. Pronto.
Outro dia, você chega em casa e, ao contrário da situação
anterior, a geladeira está vazia. Tem um pouco de tudo. Para
toda receita que você procura, falta algum ingrediente. Você
decide improvisar alguma coisa. Mistura um pouco disso,
um pouco daquilo e PLIM! Que ideia genial! Você acaba de
inventar uma “gororoba” que deu certo e você quer repetir
outras vezes. A mesma lógica da comida vale para a nossa
ousadia ao se vestir.
Sempre que viajo com opções restritas de roupas, me sur-
preendo comigo mesma com as possibilidades de criar pro-
postas de combinações a partir de poucas peças. O mesmo
não acontece quando estou em casa com um armário inteiro
à disposição. E isso não é só comigo, lembro de ler relatos
até mesmo de artista famosa que disse ter usado camisola
como vestido de festa por esquecer o look de que precisa-
va. É isso que a gente tem que fazer em momentos de crise.
Naqueles momentos em que a água bate na bunda. Em que
os recursos são escassos, e o desespero exige mais criati-
vidade. Pensar fora da caixa, com inúmeras possibilidades

92
para expandir, é fácil. Agora, pensar com possibilidades li-
mitadas é para os gênios. Empreender com sucesso é ver
o que ninguém vê. Pensar dentro da caixa limita as opções
do cérebro e as ideias. Ao restringir, o fazemos trabalhar de
maneira mais inteligente para encontrar soluções criativas.
As melhores ideias geralmente estão próximas.
Deixe sua criatividade pegar todas as referências da
sua vida, tudo que você tem visto por aí e, mesmo dentro
da caixa, dentro de casa, com o negócio limitado, com a
crise, criar uma inovação, mudar o seu negócio, adaptar,
trocar de profissão. Você já ouviu a história de “crie na
crise” ou a história de que é nas dificuldades que surgem
as oportunidades, né?! Parece clichê. Você já deve ter lido
isso em diversos livros, mas me senti na obrigação de es-
crever de novo aqui. Muitas oportunidades boas aconte-
cem em tempos ruins. Elas costumam ser ainda maiores
quando todo mundo desiste com a ideia fixa de que as
coisas desandaram e nada pode ser feito.
Hoje, sobra conhecimento, sobram referências, mas
falta sabedoria. O conhecimento é água que corre sim-
plesmente pelo rio sem saber para aonde vai, deixan-
do o fluxo a levar. A sabedoria é a água quando usada
para prosperar. É a água usada para regar, para beber,
para dar mais vida aos seres. Conhecimento, quando
não usado, vira peso. Conhecimento em excesso é obe-
sidade mental. É um quebra-cabeça com peças emba-
ralhadas. Sabedoria é diferente. Sabedoria é o quebra-
-cabeça montado, alinhado, sendo o que ele nasceu para
ser. Se pergunte: “quanto tenho aprendido coisas novas
na última década, no último ano, no último mês, nessa
semana?”. O resultado que você não tem é fruto da sa-
bedoria e do conhecimento que te faltam. A sabedoria é
o principal alimento para sobreviver em um mundo tão
competitivo. Vendas, criatividade e muitas das coisas que

93
consideramos talento dizem mais respeito, na verdade,
ao conhecimento das técnicas certas.
E agora mude um pouco a pergunta: o quanto tenho real-
mente usado, executado e colocado em prática as coisas que
tenho aprendido na última década, no último ano, no último
mês, nessa semana?.
Com a velocidade que as coisas acontecem, nunca pre-
cisamos aprender e executar tanto e tão rápido. Todos que-
remos ser preciosos e valiosos como diamantes, mas poucos
querem passar pelo processo árduo da lapidação. O diaman-
te é uma pedra que foi lapidada. E o seu negócio também
pode ser lapidado. Terá momentos em que vai doer, mas esse
processo é importante para a transformação. O quanto a
gente sabe é menos importante do que o quanto a gente está
aprendendo. Mas é o que a gente faz com aquilo que a gente
sabe que nos leva para níveis mais altos. Aprender como se
você fosse viver para sempre. Viver como se todo dia fosse
o último. Ver o lado bom de tudo. Fazer de azedos limões
deliciosas limonadas. Entender que não vemos o que vemos,
vemos o que somos.

94
Se você se sente no deserto, saiba que
estar nele é importante. Enfrentar um
deserto é uma preparação para momentos
mais prósperos. O deserto é o lugar de se
restaurar. De conhecermos nossos pontos
fortes e fracos e de termos a possibilidade
de reconhecer onde precisamos melhorar
para enfrentar novos desafios. Se você está
no deserto agora, tudo bem.

@suellenwarmling
95
12. Marketing sem Fronteiras
“Não existem heróis onde não existem grandes problemas”
SUELLEN WARMLING

Quando você treina seu olhar, você começa a ver marke-


ting em tudo. Vejo no mundo, em cada cantinho novo que eu
visito. Em alguns locais, está na cara; em outros, é preciso
um olhar mais apurado. E se tem um lugar que respira
marketing, talvez pela cultura do consumismo, esse lugar
é os Estados Unidos. Eles têm seus méritos, inegavelmente.
As coisas acontecem por lá. O mundo gira. E, principalmen-
te, eles entendem de marketing, de marcas fortes, padrões,
atendimento, excelência.
Eu não queria conhecer os Estados Unidos. Nunca
quis. Me achava de um nível cultural superior, talvez;
como aquele empresário que não quer “dar o braço a
torcer” e reconhecer que o concorrente está se destacan-
do porque tem algo de especial. Pensava que tudo lá era
muito artificial, montado, industrializado. Sempre gostei
do exótico.
Minha primeira viagem internacional foi para morar
durante um ano na Turquia, um país transcontinental, que
fica parte na Europa, parte na Ásia. Depois, conheci vários
lugares na Europa; os Emirados Árabes; mas os EUA foram
ficando. Em 2015, fiz uma escala de 12 horas em Nova Iorque
indo para Itália e… gostei.

96
A Disney e o encantamento de clientes
Walt Disney tem uma famosa frase: Se você pode sonhar,
você pode realizar3. A Disney é estudada no mundo todo
como um case de sucesso quando se trata de excelência, e
alguns motivos podem ser vistos facilmente em uma breve
caminhada nos parques.
A primeira delas é a conexão emocional. Clientes para
a Disney são convidados, e colaboradores são membros
do elenco. Essa simples mudança de nome eleva o nível
das pessoas, despertando um sentimento que não se
pode mensurar. Os convidados devem ser recebidos pelos
membros do elenco como você recebe um convidado na
sua casa. Já os membros do elenco, independentemente
da função que exerçam, precisam sempre estar prontos
para dar um show.
A segunda é que os concorrentes do seu negócio
não são só as empresas do mesmo segmento que o seu.
Concorrente é qualquer empresa com a qual o cliente
o compara. É tudo que aumenta o nível de expectati-
va do seu cliente. Se você vende roupas, e seu cliente
foi em uma padaria que o surpreendeu, entregou uma
boa experiência e aumentou o nível de expectativa dele,
sem dúvidas, mesmo que inconscientemente, ele irá te
comparar.
A terceira é o entusiasmo e o encantamento. Indepen-
dentemente do que aconteça, o show precisa acontecer com
entusiasmo e atenção a todos os detalhes. O cliente/convi-
dado deve ser encantado pelo recepcionista, pela faxineira,
pelo atendente de todos os brinquedos. Todos estão sempre
prontos para solucionar problemas e fazer o cliente viver a
melhor experiência possível.

3
If you can dream it, you can do it (frase original em inglês).

97
E a quarta é o despertar da imaginação, o contar e criar
histórias. A palavra “chato” simplesmente não existe para a
Disney, e os contos de fada, filmes e personagens estão aí
para mostrar isso.

Las Vegas e o Marketing da Sorte


Quando o avião estava descendo em Las Vegas, parecia
uma miragem. No meio do deserto, no nada, uma pirâmi-
de do Egito, uma Torre Eiffel, uma ‘mini’ Nova Iorque,
um castelo, tudo junto. Junto e exagerado. Exagerado e
fotogênico.
O motorista do Uber sugeriu parar o carro e comprar
alguma bebida. O carro tinha luzes de festa e microfone
“caso” o caminho virasse um karaokê. Eram hotéis de 4, 5, 6
mil quartos. Vegas nos ensina como construir um marketing
que atrai olhares mesmo que, hoje, sua presença nas mídias
sociais pareça um deserto. Não sei se você sabe, mas Las
Vegas fica no meio de um deserto. Assim como Dubai, outra
cidade que já tive o prazer de conhecer e que deixa qualquer
um de boca aberta.
Podemos dizer, então, que duas das cidades mais extra-
vagantes do mundo estão incrivelmente no meio do deserto.
Os recursos naturais e o clima não foram empecilho para
que o grandioso fosse construído. Alguma vez você já se
sentiu no deserto com relação à divulgação e às vendas do
seu negócio? Cansado do sol, com sede, sem fôlego, sem ar?
Durante todos esses anos empreendendo, descobri
que existem dois tipos de empreendedores: aqueles que
são desertos, perdidos em meio à imensidão da inter-
net, das mídias sociais… e aqueles que são como Vegas!
Fortes, abundantes, vendo oportunidades por todos
os lados. Porém, a gente sabe que oportunidades nem
sempre surgem, precisam ser criadas. Se você se sente

98
no deserto, saiba que estar nele é importante. Enfren-
tar um deserto é uma preparação para momentos mais
prósperos. O deserto é o lugar de se restaurar. De co-
nhecermos nossos pontos fortes e fracos e de termos a
possibilidade de reconhecer onde precisamos melhorar
para enfrentar novos desafios. Se você está no deserto
agora, tudo bem.
Foi no deserto que o povo de Israel percebeu o susten-
to vindo de Deus. Foi no deserto que João Batista pregou,
sem comodidade e perseguindo sua missão. É no deserto que
aprendemos a separar aquilo que é essencial daquilo que não
nos preenche. Na Bíblia, Deus leva alguém para o deserto
para que seja restaurado. O sofrimento é lugar de ouvir a voz
de Deus e de se preparar para sair mais forte em busca de
novos desafios. É no deserto, nos problemas, que surgem os
grandes heróis. Assim como o Super-homem, o Homem de
Aço e o Capitão América foram criados durante o período da
Segunda Guerra Mundial, um grande herói pode surgir de
dentro de você diante de uma dificuldade.
Uma das cidades mais exuberantes e instagramáveis do
mundo, Las Vegas também fica no deserto. E para você en-
tender a grandiosidade disso, só a cidade de Las Vegas recebe
cerca de seis vezes mais turistas por ano que o Brasil inteiro.
A grandiosidade de Vegas impressiona. Tudo é luxuoso, ilu-
minado, chamativo, nada passa despercebido. Os telões são
show à parte que mostram propagandas com imagens que
mais parecem fotografias em 3D, diante de tamanha precisão
e perfeição. Vegas não ficou presa nas condições precárias do
deserto. Em 1940, a Grande Las Vegas não tinha nem 40 mil
habitantes; segundo o último censo, a população chega a quase
dois milhões de habitantes. E o sucesso de tudo isso? A criação
de atrativos! Ou melhor, a criação de experiências. Não sei se
você já reparou… mas temos visto um movimento de pessoas
que não querem comparar coisas simplesmente, querem se

99
sentir vivas, se relacionar. Afinal, não é o produto, é a sensação
e o sentimento que aquele produto traz na vida dela. Portanto,
na nova era em que estamos vivendo, esquece o VENDER sim-
plesmente por vender, você precisa SURPREENDER.
Las Vegas é um ótimo exemplo para isso. Estar lá é uma
experiência única. Foram diversas opções como Cirque du
Soleil. A cidade em si coloca você num mundo imersivo, onde
tudo é diferente. E isso pode ser uma inspiração para o seu
negócio. Se você não tem uma prestação de serviços ou uma
venda que seja inusitada, divertida, que seja única, que
renda boas histórias, você acaba não criando aquela sensa-
ção de UAU! e, com isso, desperdiça a oportunidade de ter
um cliente que vira fã da sua marca; por virar fã, vira seu
influenciador… afinal, em uma era em que todo mundo tem
uma audiência nas mídias sociais, o boca a boca mais impor-
tante hoje é o virtual!
Que história seu cliente leva quando compra de você?
Como é a experiência de compra do seu cliente? Dá para tor-
ná-la mais envolvente?
Quando olho para um lugar como Vegas, eu só consigo
pensar em uma coisa: nossa, como penso pequeno. Ah! Eu
só quero cuidar do meu negócio sossegado. Eu só quero pagar
as contas tranquilo. Buscar segurança o tempo todo é irracio-
nal! Afinal, tudo muda, principalmente nos negócios. Toda
empreendedora sempre busca estar em segurança na con-
dução dos negócios, ela costuma pensar que “sempre funcio-
nou assim”. Procurar mudar todos os dias, todos os anos, é
mais que necessário. O que fizemos há cinco anos, dez, 15
anos não vai funcionar agora. Buscar segurança faz com que
você fique parada quando seu papel é se movimentar. A vida
é movimento! Uma das frases que mais aparecem em Vegas é
Welcome to Fabulous Las Vegas, que, na tradução, quer dizer
“Bem-vindo à fabulosa Las Vegas”.

100
Comprar da sua empresa ou de você é algo fabuloso ou
é algo normal? Ser normal é seguir normas. Se ninguém de-
safiasse as regras, o mundo não evoluiria. Ser chamado de
louco é o elogio mais poderoso que você pode receber. Quebre
regras! Desafie o comum!
Ninguém faz nada grande sem ser um pouquinho
louco. Ser louco é um atestado de que não se está fazendo
pouco. E para conquistar seu espaço nas mídias sociais,
também vai ser preciso sofrer um pouquinho, ser chamada
de louca um pouquinho.
Esse movimento constante nos mostra cada vez mais
que não é preciso reinventar a roda, mas sim conectar o que
já existe para transformar as coisas. Uns dizem que Vegas
é a cidade do pecado e sustenta itens falsificados, pois pode
se gabar de ter sua própria Estátua da Liberdade, uma pirâ-
mide egípcia e até um Coliseu de mentirinha. A Torre Eiffel
tem metade do tamanho da original, e curiosidade: só porque
uma réplica em tamanho natural – como se planejava de
início –, no hotel e cassino Paris Las Vegas, causaria proble-
mas, devido à sua proximidade do aeroporto.
Ver referências ajuda nosso cérebro a combinar o que
vemos com as vivências de anos que estão armazenadas na
nossa memória e transformar o que alguém já fez em uma
criação só nossa. Anote toda ideia que surgir. Não estou
falando para copiar, mas sim para se inspirar e modelar.
Vegas copiou a Torre Eiffel? Pode até ser, mas prefiro pensar
que modelou, afinal, colocá-la como ícone de um hotel,
próximo a uma piscina, a um clima agitado e festivo bem di-
ferente do de Paris é dar uma essência e personalidade única
a algo que é igual. Modelar é dar sua personalidade e sua
verdade para algo.
A soma e a combinação das pessoas que você conheceu,
lugares que visitou, os momentos que viveu… isso é a sua

101
essência, e isso ninguém pode copiar! E mesmo que você fale
sobre um assunto que outra pessoa já falou, ele nunca será
igual se você colocar a sua personalidade na maneira de falar
esse assunto, o seu ponto de vista verdadeiro nesse assunto.

Nova Iorque e o jeito instagramável de ser


Ainda falando de marketing sem fronteiras e indo para
Nova Iorque, uma curiosidade é que aquele famoso touro
dourado de que todo mundo tira foto em Wall Street sabe do
poder do “instagramável”; tem uma marca que é representa-
da por um touro. Ninguém entende o porquê, mas há filas
para passar a mão na escultura, já que reza a lenda que isso
atrai prosperidade. E money no bolso todo mundo quer. O
que pouca gente sabe é que o touro representa a subida das
ações, por causa do movimento que ele faz com a cabeça, que
é de baixo para cima. A obra de arte foi criada pelo artista
Arturo di Modica como um presente para a cidade de Nova
Iorque. Ele deixou o touro como uma surpresa em frente à
bolsa de valores da cidade em 1989, ano em que nasci. Mi-
lhares de pessoas fazem fila todos os dias para tirar foto em
um dos símbolos mais instagramáveis da cidade. E você, que
história, lenda, movimento, símbolo e objeto instagramável
cerca o seu negócio?
Nos últimos anos, até mesmo novas palavras surgiram,
como a própria palavra instagramável, que, nas palavras de
antigamente, seria… fotogênico. As cidades mais turísticas
do mundo se preocupam para que tudo seja extremamente
instagramável: digno de ser fotografado e postado.
Eu não sei quando você está lendo este livro, mas, hoje,
em 2020, a rede social mais usada no mundo é o Instagram.
Este é um momento em que marcas e empresas estão cada
vez mais investindo em ter cenários, produtos que sejam
fotogênicos, ou seja, dignos de ser postados no Instagram.

102
Confeitarias mudam os formatos das tortas para que fiquem
mais bonitas e sejam postadas. Lojas enviam bilhetinhos
personalizados com o nome da cliente com a sacola de roupa.
Restaurantes criam cenários estilosos na decoração de
interiores para que as pessoas queiram ir até o lugar somente
para tirar uma foto lá. Sua marca já se atentou para isso?
Você possui coisas ou ambientes instagramáveis na expe-
riência de compra do seu cliente? Afinal, ninguém compra
o que não valoriza, e não se valoriza o que não se conhece.
Ter esses ambientes instagramáveis é uma forma de valo-
rizar sua marca, seus produtos e serviços e, consequente-
mente, gerar vendas. Como é que o seu cliente percebe o
seu serviço? Como é o que o seu cliente tem contato com o
seu produto? Ele fica ansioso para fotografar, contar para os
amigos e familiares sobre o que ele viveu ao comprar de você?
O mundo de hoje é extremamente fotografado. As
pessoas passam o dia todo com câmeras de altíssima qua-
lidade nas mãos. Lembro de quando, em uma excursão do
colégio, minha mãe me deixou levar a nossa câmera com
um filme de 36 poses nele. Cada foto antes de ser tirada
era milimetricamente pensada para que não se desperdiças-
sem poses. Havia uma insegurança muito grande em que
alguém, por descuido, abrisse a tampinha da câmera e todas
as fotos fossem queimadas. Hoje, dá pra tirar foto de tudo,
sem limites, a todo o tempo. Em poucos segundos, a foto já
chega ao outro lado do planeta, para milhares de pessoas.
Por isso, as coisas precisam ser minimamente bonitas. Não
precisam ser perfeitas, mas também não precisam ser feias.
O visual vende.
O bonito é importante quando pensamos desde o design
de um produto até a fachada de uma loja, as nossas roupas,
bem como as publicações feitas em uma rede social. As
imagens precisam ser atraentes, despertar desejo. O colorido

103
das coisas precisa ter harmonia. Nem de mais, nem de menos.
Como está o visual da sua marca? Os materiais que compõem
a divulgação do seu produto? As cores que você usa em uma
rede social? Eles comunicam o quanto você é bom? Fazem, em
poucos segundos, as pessoas pensarem se a sua empresa tem
cara de “cara” ou de “barata”? Nós podemos comprar um cho-
colate com cara de comum e de gourmet. O que determina isso
na maioria das vezes não é o que está dentro, é a embalagem,
é o visual, a primeira impressão.

Vale do Silício e o perfeccionismo


O Vale do Silício, no estado norte-americano da Califór-
nia, é mundialmente conhecido como a terra da tecnologia.
É o lugar do mundo onde tem mais inovação por metro qua-
drado. Tem esse apelido devido à geografia (um vale) e em ho-
menagem ao silício, material encontrado em abundância na
região e que é usado na fabricação de processadores. Houve
uma época, nos anos 80, em que foi chamado de Vale da
Morte, pelo pânico que as pessoas tinham de que os compu-
tadores substituíssem os humanos.
Foi lá que surgiram as marcas que estão entre as mais
ricas do mundo: Facebook, Apple, Microsoft, Google. Marcas
que começaram em garagens, com os recursos que tinham,
do jeito que dava, mas pensaram grande. O simples fato de
não desistir possibilitou que muitas empresas “fundo de
garagem” se tornassem o que são hoje: gigantes. Complicar,
na mentalidade do Vale do Silício, é coisa do passado. Eles
simplificam os processos.
Tem mentalidade de foco para todos os pontos da
empresa, e as pessoas vão mais direto ao ponto. Como no
famoso “pitch do elevador”, em que você precisa ser capaz
de apresentar sua ideia, seu projeto ou negócio em poucos
segundos, tornando possível um networking eficiente com

104
alguém que você encontra por acaso num elevador. As
pessoas no Vale do Silício são educadas para empreender
ou no mínimo serem intraempreendedores (quando se tem
espírito empreendedor mesmo trabalhando internamente
em alguma empresa), e não para simplesmente esperar a
aposentadoria.
É da filosofia de Platão a seguinte frase: “O conhecimen-
to é um processo de acumular fatos; a sabedoria está em sua
simplificação”. Um dos lemas da diretora de operações do
Facebook e meu também é FEITO É MELHOR QUE PER-
FEITO. A gente tem uma mania de pensar que perfeccionis-
ta é uma qualidade ou, no máximo, um defeito bonito. Mas
esse perfeccionismo, na verdade, é uma desculpa para não
fazer as coisas.
No Vale do Silício, a ideia da perfeição foi ultrapassada.
Lá, todo mundo erra, mas erra rápido. Ou seja, tentam,
enquanto a ideia ainda está pequena, para que ela possa
se mostrar um fracasso ou um sucesso de maneira mais
rápida que no resto do mundo. A partir disso, há uma
grande aceleração quando o projeto se mostra próspero. A
experimentação existe para isso. Ou seja, não espere ter
o melhor equipamento, celular, cenário, a melhor oratória
para começar a fazer seus posts. Faz e posta rápido. O aper-
feiçoamento vem no caminho.
No Facebook, empresa que se tornou uma das mais
inovadoras do mundo, uma das lições é move fast and
break things (mova-se rápido e quebre coisas/regras). Um
fato curioso que se vê por lá é que o criador do Facebook,
Mark Zuckemberg, comprou a estrutura física da Sun, uma
empresa que acabou “morrendo”. Em vez de construir e os-
tentar algo gigante, ele simplesmente virou a placa de lado e
personalizou para lembrar que uma empresa ou marca que
não inova TODO DIA literalmente fica para trás. Aliás, sim-

105
plicidade também é um dos lemas por lá. Se for para os-
tentar, que sejam experiências e networking. Um estilo de
vida mais simples, mais minimalista, mais enxuto de coisas
e mais abundante de ideias.
No Vale do Silício, não tem essa de esconder o ouro.
Eles entendem que não é compartilhado não multiplica.
As mentes mais brilhantes trabalham com propósito. Não
se sai da cama se não for para mudar o mundo, e se
pode mudar o mundo, por exemplo, criando um aplicati-
vo novo, uma solução que facilita a vida de alguém.
Na cultura do Vale, onde o custo de vida é relativamente
alto, se vê uma vida minimalista e com hábitos simples, mas
com um foco muito grande nas experiências, em que é pre-
ferível pagar caro para viver alguma experiência do que para
ostentar uma marca de luxo. Sucesso é como um músculo
que quanto mais você exercita, mais ele cresce, portanto, é
algo que dá para treinar sim. Sucesso não é o que você já fez
ou o que está no seu currículo, mas no que você está pensan-
do daqui pra frente ou qual o seu projeto no momento.

Os turcos e a fama de negociadores


— Argentina, Argentina, Maradona, bienvenido, mi amigo!
— Espanha? Madrid? Barcelona?
— Brasil! Brasil! Pelé, amo, brasileiros, minha loja promo-
ção, tem chá…
E no meio daquela confusão toda do Grand Bazar, em Is-
tambul, um turco conseguiu captar de onde éramos. O nosso
sorriso entregou que ele havia adivinhado. Aqui no Brasil, os
turcos têm fama de serem “mão de vaca”, mas a realidade
é que, quando vemos de perto um lugar como aquele, você
entende que a “fama” tem a ver com serem grandes negocia-
dores e vendedores. O Grand Bazar está entre os maiores e

106
mais antigos mercados cobertos do mundo, com mais de 60
ruas e cerca de 5 mil lojas. Uma passada por lá é uma verda-
deira aula de vendas e de marketing.
No marketing, tem algo que diz respeito a conhecer seu
cliente e falar a língua dele. Os comerciantes do Grand Bazar
criaram a habilidade de identificar idiomas rapidamente e
aprenderam as principais palavras das principais línguas
do mundo, o que leva a uma conexão imediata com o pú-
blico-alvo. Isso já serve para começar uma primeira conver-
sa e arrancar um primeiro sorriso do potencial cliente. Eles
também sabem algumas gírias, o nome de alguma celebrida-
de, uma piadinha interna do país, uma fama para arrancar
um segundo sorriso e convidar você para entrar. Genial e
estratégico! Se torna impossível não se surpreender e aceitar
o convite para conhecer a loja do vendedor. O segundo fato
vem na hora em que o cliente pisa dentro da loja. Imediata-
mente, o vendedor oferece um tradicional chá turco, que eles
chamam de çay (pronuncia-se tchai). A gente aceita, é claro.
“De graça, até injeção na testa”, já diz o ditado.
Para nós, o chá chegou em uma xícara típica que, na
verdade, é um charmoso copo de vidro transparente. O
curioso é que o chá servido nas lojas do Grand Bazar está
sempre “pelando” de quente, tão quente que é impossível
tomar em poucos minutos. E como a tal xícara é de vidro, dá
para se ver o líquido lá dentro e, geralmente, ninguém é mal-
-educado de deixar o chá pela metade (estratégia das boas).
Enquanto esperávamos o chá esfriar, o vendedor “deitou e
rolou” nos mostrando tudo que a casa tinha a oferecer, des-
cobrindo mais sobre a gente, entendendo nossos gostos e
encontrando o souvenir perfeito para levarmos para casa.
Após finalizar o chá e assistir ao show de simpatia,
abrimos a mão, ou melhor, a carteira. Decidimos comprar
uma luminária típica, umas porcelanas pintadas a mão,

107
alguns olhos turcos decorativos, algumas xícaras de chá que
nunca usamos e uns ímãs de geladeira para a nossa coleção.
A estratégia deu certo.
Lição: faça seu cliente passar mais tempo envolvido com
você, sirva um chá quente. Use a sua imaginação e pense em
qual será o seu chá. Pode ser uma postagem interessante
em uma rede social, pode ser um evento promovido na sua
empresa, podem ser várias coisas. “O çay turco”, além de ser
um ato generoso e um presente que vai fazer inconsciente-
mente que o cliente se sinta grato e na obrigação de ser recí-
proco e retribuir comprando algo na loja, é um pretexto para
gerar relacionamento.
Na era digital, em que comentar em um post é algo tão
simples, rápido e fácil, criar relacionamento com o público
nunca foi tão fácil. Pelo visto, o marketing não precisa se
referir apenas à propaganda e à mídia. Um conhecimento
básico em línguas e um investimento pequeno na preparação
de um chá já rendem juros bem interessantes.
E uma estratégia extra para quem quer vender mais:
lembre-se de que o nome da pessoa é para ela o som mais
lindo que ela conhece; fazê-la se sentir importante e especial
vai fazer toda a diferença. Inicie a conversa presencialmente
ou virtualmente com entusiasmo, buscando um ponto em
comum, fazendo um elogio sincero, fazendo alguma pergun-
ta. De preferência, consiga que ela diga “sim” na maior parte
do tempo durante a conversa, isso vai deixá-la aberta para
que o “sim” da venda saia muito mais facilmente.

108
Nascemos para espalhar,
e não para acumular.
Para compartilhar,
e não para guardar.
Para multiplicar,
e não para diminuir.

@suellenwarmling
109
13. Inspiração sem Fronteiras
“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa
daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que
observam e deixam o mal acontecer.”
ALBERT EINSTEIN

Dubai e o dia em que eu ‘voei’


Fazia uns 40 graus, não tinha uma nuvem no céu. Eu
não queria admitir, mas o coração estava acelerado. Nosso
horário era às 10h da manhã. Chegamos no Sky Dive Dubai:
eu; o Beto, meu marido; o Dodi (Diógenes, meu irmão; ele
não conseguia falar o próprio nome quando era criança e se
apelidou de Dodi); e a Leticia, minha cunhada. Só eu e o Dodi
iríamos saltar de paraquedas. Eu havia dado esse salto para
ele de aniversário uns meses antes e tinha chegado a hora de
pagar o presente.
“Que louca, Suellen. Se acontecer algo com você, como
eles vão se virar? Só você que fala inglês aqui… Bem, se
acontecer com você, tudo bem, mas se acontecer algo com
teu irmão… você é inconsequente. Quantas vezes você já
tentou saltar de paraquedas antes, já fez até curso e não
saltou. Se não é para ser, não vai ser. Das outras vezes
em que você tentou, sempre deu algo errado, hoje vai dar
também. Você tem certeza disso?”. Dizia uma voz dentro
de mim. Do outro lado, outra voz dizia: “Que massa, pa-
rabéns, você vai ver aquela palmeira de cima… aquela

110
palmeira que você via nas apresentações em Power Point
que enviavam por e-mail logo que a internet começou. Que
sonho, aproveita! Curte tudo”.
Eu não sei se você lembra, se é da época em que as
correntes de e-mail eram a rede social. Lá nos anos 2000,
isso bombava. Diariamente, recebíamos apresentações
em Power Point com temas variados. Certo dia, recebi um
que falava de uma terra distante no meio do deserto onde
planejavam o maior prédio do mundo, construíam ilhas
artificiais em formato de palmeira, restaurantes embaixo
d'água. As fake news ainda eram um tabu. Aliás, ninguém
usava esse termo, eu acho. Mas, no auge dos meus 12/13
anos, eu custei a acreditar que Dubai existisse mesmo.
Mas, se existisse, meu instinto de capricorniana me disse
que ah! Um dia eu iria conhecer. Naquela época, eu nunca
nem tinha visto um avião de perto. Mas um dia eu iria co-
nhecer essa tal de Dubai.
Eles criaram maneiras de aparecer para o mundo além
do petróleo, além do que era o talento original, do que a natu-
reza deu para eles. Eles foram além e se tocaram que sim: in-
vestir em experiências rende os melhores juros sempre. Tanto
para quem proporciona como para quem compra. E este é
o segundo aprendizado. O terceiro é que as coisas não são
fáceis. Sim! A população lá é 90% de estrangeiros. Pessoas
que vêm de longe em busca de trabalho e, mesmo falando
sete línguas e atendendo com maestria, nunca conseguirão
entrar no Burj Al Arab, o hotel em formato de vela de barco.
Enfim, anos depois, eu estava ali, em Dubai, e as duas vozes
que moram em mim seguiam discutindo. A voz inimiga in-
sistia: “Dá tempo, desiste… o chão é mais seguro”. Mas, em
segundos, era interrompida: “Uhul, é isso aí, acumula his-
tórias para contar, menina, é para isso que a gente nasce”.
Elas ficaram ali, brigando, por vários minutos.

111
Nossos instrutores do voo duplo chegaram. Um dos pa-
raquedistas era belga; o outro, australiano. Entramos no
avião. Estávamos em oito pessoas. Na hora que deu para
ver lá de longe o prédio mais alto do mundo, arrepiei. Co-
nhecer Dubai era um dos meus maiores sonhos. Só mesmo
uma adrenalina gigante para me beliscar e fazer acreditar
que estava ali. A porta abriu. O Dodi foi primeiro. Na hora
em que vi ele sumindo na imensidão, o coração saiu pela
boca. Mas ainda ia piorar.
— No três, você se joga. Preparada? – disse o instrutor,
em inglês. Como quem tivesse outra escolha, só mandei um
yes e um uhul animada.
One, two, tree, go… E fomos. Foram os segundos mais
longos, caros e incríveis da vida até hoje. O paraquedas abriu
e, logo que recuperei o fôlego, avistei a palmeira de cima. Era
tudo que eu mais queria. Não pela palmeira, não por ver que
o homem é capaz de criar, não pelo deserto transformado em
prosperidade. Mas, para mim, aquilo era sinal de poder reali-
zar tudo que eu quisesse. Chegar tão alto e longe quanto de-
sejasse. Viver todas as experiências que minha mente fosse
capaz de criar.
Era como se uma nova porta se abrisse e, nela, tivesse
escrito bem grande: “viva sem medo, só o céu é o limite ou
nem ele”. Deus não me fez um passarinho quando nasci,
mas, naquele dia, pude me sentir como tal. Após gastar (ou
seria investir?) em poucos minutos o que já foi o salário de
um mês inteiro, os pés tocaram o chão novamente. “Viu só?
Deu tudo certo! Sempre vai dar”, disse uma das vozes.
O ano era 2017. De lá para cá, o mundo girou de um
jeito tão absurdo que hoje o coração pulsa forte igual àquele
dia quase todos os dias. Algumas coisas, porém, nunca
mudaram. Nem com o impacto do salto, aquelas duas vozes
que habitam dentro de mim pararam de brigar. Tipo anjinho

112
e diabinho. Hoje, elas brigam por outros motivos, mas
sempre em busca de dizer o que posso e o que não posso
fazer, aonde posso e aonde não posso chegar. Graças a Deus,
eu já aprendi a qual delas devo escutar.

Turquia e as duas mãos


Eles rodopiavam. Rodopiavam. Com suas vestes brancas
giravam, giravam, em um estado que parecia de êxtase.
Rodavam incansavelmente ao som de um batuque típico
turco com um braço apontando para o céu e outro para o
chão. Uma palma da mão para cima, a outra para baixo.
Todos que assistiam se questionavam como aquilo era possí-
vel. Será que eles não ficavam tontos?
Eu estava em Istambul, e aquela era a dança Sufi. Saí de
lá intrigada e fui buscar as explicações. Descobri que o ritual
muçulmano dos derviches representa os giros que todos
os seres fazem para sobreviver. Uma conexão profunda em
meditação e oração com Alá. Uma maneira de absorver as
coisas dos céus e espalhá-las pela terra. De giros em giros,
levar para os homens aquilo que é divino. Aquele conceito
nunca mais saiu da minha mente.
Hoje, às vezes, me pego pensando se estou absorvendo
coisas do céu e espalhando para as pessoas ao meu redor,
se estou com a palma de uma mão aberta e voltada para
cima para receber todas as coisas boas que chegam até mim,
seja conhecimento, inspiração, oportunidades, e com a outra
voltada para baixo para levar ao próximo um pouco disso
tudo. Nascemos para espalhar, e não para acumular. Para
compartilhar, e não para guardar. Para multiplicar, e não
para diminuir.
A internet nos dá esse poder de maneira potencia-
lizada. O poder de não sermos um mar morto. O Mar
Morto recebe águas do Rio Jordão assim como o Mar da

113
Galileia, porém é totalmente desprovido de vida. Metafo-
ricamente pensando, talvez ele seja assim pois somente
recebe águas e as retêm. As águas chegam lá e por lá ficam,
não correm para outros rios e mares, nem são devolvidas
ao rio Jordão. O Mar da Galileia é o oposto, cheio de vida,
peixes e plantas, ao mesmo tempo que ele recebe águas
do Rio Jordão, também as devolve, espalhando ainda para
outros rios e mares. O que nos faz crescer cheios de vida é
espalhar, devolver, retribuir, contribuir.
Por um bom tempo, tive medo de compartilhar meu co-
nhecimento, medo de que me copiassem, medo de perder
meus clientes ao revelar o que investi tanto tempo e di-
nheiro para aprender. Até que eu me toquei disto: dessa
vida, o que levamos é só o nosso legado, o que a gente
espalha, e não o que a gente acumula. O que não é com-
partilhado não multiplica.
Quanto mais colocamos para fora o que há de mais pre-
cioso em nós, mais riquezas aparecem em nossa frente. Criar
conteúdo é isso: é semear o ouro e colher diamantes. É falar
do que você sabe, é dar as mais valiosas dicas, é postar as-
suntos que, por várias vezes, você pensa “isso é muito bom
para eu falar de graça”. É entrega, doação.

114
Quem fala para todo mundo não
fala para ninguém. É melhor
ser um peixe grande em um
lago pequeno do que um peixe
pequeno em um lago grande.

@suellenwarmling
115
14. Marketing da Sorte
“Você pode até cantar muito bem, mas, enquanto não tiver
um bom plano de Marketing, sempre estarás no anonimato.”
ISMAEL GRAHMS

Acredito em sorte. Mais ainda em criar sorte. Empreen-


dedorismo não é um jogo de sorte, mas sim de estratégia.
Gosto de pensar que sorte é quando a preparação encontra a
oportunidade. O ambiente das suas redes sociais é um local
para você postar o seu dia a dia, seu trabalho, suas ideias e
seu posicionamento. Tudo isso pode te favorecer diante do
seu público ou afastar o seu público de você e bloquear toda
a sua prosperidade e oportunidades de fazer das suas mídias
sociais uma ferramenta de venda.
Existem quatro características que mostram que você
está vivendo do marketing da sorte, do marketing da espe-
rança, contando com algum tipo de milagre e jogando este
jogo de qualquer jeito esperando a mágica acontecer.
O primeiro erro é justamente você não aparecer. A lingua-
gem corporal, o jeito de falar, isso comunica muito melhor do
que uma foto com um texto. As pessoas começam a se identi-
ficar com você, suas características, suas histórias, seu jeito.
Isso gera conexões. As pessoas não compram seu produto ou
serviço. Na maioria das vezes, elas compram você.
O segundo erro é você só postar quando dá tempo.
Não entender as mídias sociais como ferramentas profis-

116
sionais é definitivamente deixar dinheiro na mesa. Sabe
aquele terreno aí na sua cidade que um vizinho comprou
por preço de banana há alguns anos e hoje vale uma
fortuna? Sabe quando você se pergunta: o que seus pais
ou familiares estavam fazendo que não compararam esse
terreno na época?
Daqui a alguns anos, seus filhos ou netos vão estudar na
escola sobre o boom das mídias sociais na década de 2020,
época em que todo mundo ganhou dinheiro na internet, com
Instagram… e você? Vai contar alguma história com orgulho
dessa época? Por ter feito algo interessante para o seu negócio
na internet?
Muito empreendedor só posta quando sobra tempo,
quando tem criatividade. Acredita que as mídias sociais
são perda de tempo ou que são algo onde tem que estar “só
porque todo mundo está”, só para bater cartão, marcar pre-
sença. Mas não, tem que estar para mergulhar de cabeça,
de corpo e alma. Estabelecer até mesmo horário na agenda
para isso. Colocar na rotina. Vender mais através das mídias
sociais é coisa para quem vende produto, serviço, para quem
vende caro, barato, para quem já entende tudo de tecnologia
e para quem está começando também.
O terceiro erro é você só ver seu lado da moeda. Já que
estamos falando de sorte, vamos brincar de cara ou coroa.
Você joga sua moeda e o que você vê? O seu lado? O outro
estará visível apenas à mesa. Muitas vezes quando você faz
suas postagens você só pensa no que é interessante para
você, no que você quer falar… e não se coloca no lugar do
seu público.
Descubra o que encanta o coração do seu público e faça
suas publicações com o intuito de resolver algo para eles.
Como é o seu cliente ideal? Aquele cliente que você mais
gosta de atender? Dê um nome imaginário ao seu melhor

117
cliente, escreva o nome dele em um papel e liste as prin-
cipais características dessa pessoa: homem, mulher, idade,
casado, solteiro, trabalha com o quê? O que faz nas horas
vagas? Como se sente? Do que gosta de falar? Que dúvidas
ele tem? Que dilemas ele enfrenta? Quais será que são os
maiores sonhos dele? O que tira o sono dele à noite?
Ao mentalizar essas características, você vai conseguir
criar conteúdo que realmente resolva algum problema do seu
cliente, que seja interessantes e útil para ele. As pessoas pre-
ferem não sentir dor do que se sentir felizes. Apostar mais na
dor que você cura, no que o teu produto ou serviço promove
do que na felicidade que ele traz é uma grande estratégia.
Se coloque no lugar do seu cliente. Se você chegasse na
sua página, o que gostaria de ver, saber? É impressionante!
Quando você começa a criar seus posts pensando em um de-
terminado tipo de pessoa, público, mais pessoas com aquele
perfil começam a chegar até você como um ímã. Seu perfil se
torna magnético.
Se interesse pelos seus clientes. Fale o que eles gostariam
ou precisam ouvir. Mesmo que seja óbvio demais para você,
para ele pode não ser. Sim, o óbvio precisa ser dito. Sempre
vai ter pessoas que sabem menos que você e que você poderá
ajudar. Assim como sempre terá pessoas em um nível mais
elevado com quem você poderá aprender.
O quarto erro é não investir! Depender só do alcance orgâ-
nico das mídias sociais é também contar com a sorte. Esqueça
dessa história de que só o alcance orgânico vai te salvar e que
investir nos anúncios patrocinados é coisa só para grandes
marcas. Instagram, Facebook, Google e YouTube também são
empresas e visam ao lucro. Você não paga nada para usar as
mídias sociais, não paga uma mensalidade, mas, para fazer
com que realmente mais pessoas vejam sua mensagem, você
vai ter que gastar. Ou melhor, investir.

118
Risque a palavra ‘gasto’ do seu vocabulário empreen-
dedor. Afinal, quando se trata de publicidade ou conheci-
mento, nunca é gasto, sempre é investimento. Todas essas
mídias sociais mais conhecidas e usadas no início entregam
o seu conteúdo de maneira orgânica com mais intensidade,
paqueram com você, te dão amor, carinho e nunca pedem
nada em troca. Até que um dia elas te dão um ultimato:
vamos dar um passo a mais na nossa relação. O tal “quer
casar comigo?” do Instagram vem em forma de “quer anun-
ciar comigo?”. Os anúncios on-line vieram para revolucionar
a nossa maneira de anunciar.
A inteligência artificial e riqueza de dados disponíveis em
uma plataforma on-line torna possível você criar um anúncio
somente para quem casou há poucos meses, tem determi-
nada profissão, interesses, usa um certo modelo de celular,
faz aniversário em um determinado mês, está a passeio em
um determinado local como feira, congresso, evento, show,
praia. O poder de segmentação de anúncios em Facebook
Ads e Google Ads é realmente algo de tirar o chapéu.

Conte sua história


Minha mãe é daquelas mães que, sempre que vão
para qualquer lugar, procuram uma lembrancinha para
todo mundo. Certa vez, ela chegou de uma excursão que
fez para Treze Tílias, Santa Catarina, toda empolgada. Foi
abrindo as malas, mostrando as bolachas pintadas, até
que pegou um pacote pequeno e disse: “Sú, essa é para
você, cuide muito bem disso”. Abri, cheia de expectativas,
e dentro do pacotinho estava um bibelô daqueles que ge-
ralmente você acaba deixando dentro de uma gaveta, es-
condido e depois de um tempo joga fora porque não tem
utilidade nenhuma. Sorri como quem tivesse gostado pen-
sando comigo mesma: “o que é que vou fazer com isso?”.

119
Até que ela interrompeu meus pensamentos e me
alertou: “é a flor do amor. Ela dura 100 anos. Pesquise sobre
ela”. Era um vasinho de uns cinco centímetros com uma flor
branca, aparentemente de tecido. Imaginei que fosse algum
artesanato local e, na primeira busca no Google, me surpre-
endi. A flor de edelweiss era realmente uma raridade, uma
pequena planta cercada de pétalas brancas em um formato
que lembra uma estrela. O nome vem do alemão e quer dizer
branco precioso ou branco nobre. É nativa dos Alpes, em
locais como Suíça e Áustria, e só nasce em altitudes eleva-
das. Normalmente, tem entre três e 20 cm e realmente pode
viver por 100 anos. É inclusive um dos maiores símbolos
suíços e austríacos, a flor nacional dos dois países.
Diz uma lenda que a flor nasceu nos alpes a partir
das lágrimas de uma mulher desconsolada pela perda de
seu amor. A história fez com que a edelweiss se tornasse
símbolo de amor eterno. Ao conhecer a história, valorizei
infinitas vezes mais o presente. Contar histórias sobre o
seu produto, seu serviço, sua empresa e sobre você tem
esse poder. Existem coisas que não podem ser vistas,
precisam ser contadas.
Você já contou as histórias que envolvem o seu produto?
As origens? Os porquês? Ou só fala de características?
Ao mostrar a história do seu negócio ou contar histórias
dos seus clientes, por exemplo, ou aprendizados que você
teve a partir de alguns fatos da sua vida pessoal… você se
conecta em outro nível com seu público. Antigamente, por
exemplo, tínhamos a reputação das pessoas e profissionais
muito construídas com base na família. Nos Estados Unidos
mesmo, muitos sobrenomes têm nomes de profissão, Smith
quer dizer ferreiro; Walker, caminhante.
E na era digital? O que constrói nossa reputação? É o
que postamos nas mídias sociais! Você é o que você posta, e

120
como pessoa também tem que agir como marca e entender que
o seu marketing pessoal não se separa mais do marketing da
empresa. Portanto, faça seu marketing com menos propaganda
empurrando a venda e mais histórias buscando a conexão.

Liste aqui quais histórias da sua vida desde a infân-


cia, até a faculdade, namoros, desafios da vida empreen-
dedora, você pode contar que pode inspirar as pessoas e
esconder alguma grande lição.

121
Gatilho mental da autoridade
O que difere um profissional que cobra R$ 100 a hora de
um que cobra R$ 1000? Podem ser várias coisas, mas a prin-
cipal é sempre a autoridade que ele gerou. Os dois podem ter
estudado na mesma faculdade, feito os mesmos cursos, mas
o fato de um deles ter ido para a internet e falado sobre seu
conhecimento mudou todo o jogo, como um profissional que
é convidado para dar uma entrevista a um programa de TV.
Aparecer em um meio de comunicação respeitado como re-
ferência num assunto aumenta a autoridade do profissional
ou da empresa. Quando você se expõe falando sobre o que
você sabe aumenta sua autoridade. As pessoas te veem como
especialista, como referência, e a percepção de valor que tem
ao seu respeito também aumenta.
Estar em uma mídia social com sucesso é entender que
ela é lugar de relacionamento, e não de venda. É lugar de
vender, é claro, mas nas entrelinhas, sem parecer que está
vendendo. Pense em uma paquera, que vira namoro, que
vira casamento. Alguém pede para casar no primeiro encon-
tro? Não! Seria assustador, né? Com as mídias sociais, é a
mesma coisa. Você primeiro paquera com seu seguidor, seu
cliente em potencial. E essa paquera consiste em surpreen-
dê-lo, entender do que ele gosta, deixá-lo feliz, agregar valor
todo dia. Quando você está paquerando, você agrega valor o
tempo todo se fazendo notado, não é mesmo? Envia flores,
manda mensagem de bom dia, leva café na cama, responde
com carinho.
Existe uma palavrinha mágica no marketing feito nas
mídias sociais. Essa palavrinha se chama conteúdo. Não dá
para casar com alguém com quem você não se relacionou,
assim como é muito difícil vender para quem não te conhece.
“Ah! mas eu só tenho 500 seguidores”… Entenda que não
são números, views ou likes, são PESSOAS! Imagine 500

122
ou 200 pessoas fisicamente presentes em uma palestra. É
MUITA gente. Se você já falou em público para mais que 20
pessoas juntas você sabe o que estou querendo dizer. Mesmo
que sejam só 20 pessoas, você daria o seu melhor, se senti-
ria energizado com o olhar de cada uma dessas 20. É uma
energia muito forte, uma conexão muito linda poder contri-
buir com um público assim na vida off-line.
Por que no on-line tem que ser diferente? Por que no
on-line a gente precisa ter números tão expressivos para
sentir que estamos fazendo uma grande coisa? Dá teu
melhor para o público que você já tem. Torne sua marca
famosa e grande para essas pessoas primeiro. Todo mundo
começa pequeno. E por “menor” que você seja, você pode
estar inspirando alguém. A energia que usamos para falar
em uma rede social com uma pessoa individualmente deve
ser a mesma que usaríamos se tivéssemos uma audiência
de milhares de pessoas.
Crie seus posts em redes como o Instagram pensando
menos nos likes e mais nas pessoas que salvam ou com-
partilham seus posts. Querendo menos comentários do tipo
“linda” e mais do tipo “te admiro”, “eu precisava ler isso”,
“isso foi pra mim”, “você me inspira”, “esse produto vai me
salvar”, “nossa, era isso que eu procurava”, “eu quero”. Por
menos preocupação com número de seguidores e mais com
vidas transformadas a partir do seu produto ou serviço. Por
menos atenção à aparência impecável e mais atenção no
gerar valor para quem te segue e ser relevante e útil para
eles. Por menos foco no receber e mais no servir.
Produzir postagens interessantes e que vendem nas
redes sociais está muito ligado a gerar gratidão e, por con-
sequência, à reciprocidade. Quando você ajuda ou inspira
alguém através de uma imagem, um vídeo, uma legenda
de uma foto, você dá uma amostra grátis do seu trabalho,

123
uma degustação digital do seu negócio. Assim como em uma
feira onde o vendedor da barraca de frutas te oferece um
pedaço de abacaxi para experimentar e, segundos, depois
você decide comparar o abacaxi inteiro. O seu consciente
pode ter decidido porque a fruta estava saborosa, mas o seu
inconsciente provavelmente decidiu pela compra pensando
em retribuir a gentileza do vendedor. Invista seu tempo nas
mídias sociais para se aproximar das pessoas, dar atenção,
passar informações úteis, entender a dor delas e como você,
especialista em moda, saúde, arquitetura, pode ajudar a
solucionar essa dor. Qualquer empresa é especialista em
alguma coisa. Deixe isso visível nas redes sociais. O que
você sabe mais do que ninguém?
Marketing digital não é sobre o que a sua empresa faz,
mas sobre o que ela sabe. Sua mídia social antes de ser uma
“vitrine” é um lugar de servir, de se colocar à disposição e
ajudar. E na internet a sua audiência cresce na mesma pro-
porção que você começa a ser visto como referência em algo.
Você ganha visibilidade quando as pessoas começam te ver
como autoridade em algum assunto.
Não tenha um produto antes de encontrar quem precisa
desse produto. Defina quem são seus clientes e, depois, de-
senvolva um produto que se encaixe no que eles precisam.
Escolha um nicho e trabalhe para ser referência nele. Quanto
mais específico for este nicho, melhor. Nichar é uma “palavra
de ordem” quando o assunto é marketing digital. Quem fala
para todo mundo não fala para ninguém. É melhor ser um
peixe grande em um lago pequeno do que um peixe pequeno
em um lago grande. Não quer dizer que, se seu nicho é or-
todontia infantil, você só vá falar disso; você pode mostrar
seu lifestyle, pacientes adultos, um pouquinho da sua vida
pessoal, mas seu assunto principal sempre será a ortodontia
infantil. Seja fiel a ele.

124
Quanto maior o problema que você consegue responder,
maior será o ganho que vai ter. As pessoas vivem problemas
diariamente e estão procurando alguém para resolver. Você
é pago proporcionalmente ao impacto que você causa no
mundo. Sempre que for postar algo, pense: qual a pequena
vitória que a pessoa terá com meu conteúdo? Saber como
usar melhor uma peça? Aprender algo que ela não sabia?
Sanar uma dúvida que ela tinha?
Assim como uma revista ou um programa de TV tem
determinados quadros e assuntos fixos que são tratados
sempre, você, no marketing da sua empresa ou no seu
marketing pessoal, ao criar posts, deve ter uma linha edito-
rial ao gerar conteúdo. Você vai se sentir repetitiva em alguns
momentos, mas entenda que essa repetição também é estra-
tégica. O Domingão do Faustão repete há anos o momento
das videocassetadas. O Fantástico repete há anos a brinca-
deira de quem faz três gols no futebol pedir música. O Caldei-
rão do Huck repete há anos o Lar Doce Lar. A igreja repete há
anos algumas orações. Uma banda de rock repete há anos
a mesma música clássica em um show. Marcas repetem
por anos o mesmo slogan. Repetição também faz parte do
marketing e repetir o mesmo assunto com novas abordagens
e roupagens fará parte do seu jogo também.
Faça uma lista de quais serão os três ou quatro temas
principais que irá abordar nas suas mídias sociais e se man-
tenha fiel a eles. Você não precisa falar de todos os assuntos
só porque agora é um influenciador do seu negócio e percebe
que a maioria dos influenciadores digitais falam de tudo um
pouco. Se as pessoas começaram a te seguir pelas dicas que
você dá sobre arquitetura, por exemplo, não faz sentido você
fazer uma salada de frutas do seu conteúdo e um dia falar
de saúde; no outro, de finanças; e no outro, de moda. Tente
relacionar a sua vida cotidiana com a arquitetura. Se for
mostrar uma receita que preparou em casa, mostre como

125
a decoração da mesa posta traz uma sensação de carinho
e aconchego dentro da casa, mostre como a ergonomia da
cozinha é importante.
Os assuntos são sempre infinitos. Um mesmo assunto,
como “mesa posta”, pode render posts do tipo COMO (como
arrumar uma mesa posta), MOTIVOS (motivos para arrumar
uma mesa posta), HISTÓRIA (como eu me apaixonei por
mesa posta), PASSOS (os 5 passos para escolher os itens de
uma mesa posta) e assim por diante.

Liste aqui quais serão os quatro temas principais


que irão compor a linha editorial da sua rede social.

Liste aqui pelo menos 10 ideias de assuntos que


podem virar publicações para a sua rede social a partir
dos insights que você teve neste capítulo.

126
Gatilho mental da reciprocidade
Havíamos pensado em cada detalhe. O pôr do sol estava
rosa, como eu havia sonhado. O mar estava lindo e todos
com os pés na areia. Tinha olhos turcos pendurados por
todos os cantos, orquídeas amarelas e cor-de-rosa na deco-
ração. Parecia um sonho. Os convidados amarravam fitas
da sorte (aquelas coloridas de Nossa Senhora Aparecida e
Bonfim) em um quadro colocando as boas intenções. Preen-
chiam um papel escrevendo onde nos viam depois de alguns
anos e colocavam essa mensagem enroladinha em uma
garrafa que só poderíamos abrir dez anos após a cerimônia.
As lembrancinhas, a decoração, todos os detalhes contavam
uma história, tinham um significado, uma simbologia, bem
do jeito “Suellen Marqueteira” de ser.
Tudo alinhado. Eu já estava no carro esperando, a música
começava a tocar, tudo ok. Aliás… faltava alguém. O Fernan-
do. O Fernando era o nosso padrinho mais estiloso. Arqui-
teto, de bom gosto, morava em Balneário Camboriú e havia
ajudado a escolher “a dedo” o lugar para o nosso wedding
destination (destino de casamento). Todos haviam recebido
um guia. Mulheres de azul, turquesa ou verde, e homens de
calça, em tons nude, e camisa branca.
O Fernando viu o guia, olhou bem os tons de cores que
eu havia colocado nas imagens, as fotos, mas não leu a parte
da camisa branca. Investiu uma fortuna em uma camisa de
linho marrom, linda. Quando chegou na cerimônia, já meio
atrasado, se assustou, ou melhor, se desesperou. Se fosse
qualquer outro, paciência. Vamos com a marrom mesmo.
Mas o Fernando é detalhista e não queria sair do script. E
agora? Agora ele ia provar do poder do tal do networking,
do “tudo que você faz o universo retribui”. Avistou de longe
o Gustavo, um amigo em comum, talentoso, do interior de
São Paulo, metido a cantor e tocador de violão. O Gustavo

127
é marido da Amanda, minha melhor amiga de intercâmbio,
e usava uma camisa branca. Na noite anterior, havíamos
apresentado os dois, e o Fernando gentilmente emprestou
o violão para o Gustavo fazer o esquenta com a turma. Se
aproximou e disse:
— “Meu violão tá contigo, né”?
— Sim, sim… amanhã te devolvo — respondeu Gustavo.
— Você ficou feliz que te emprestei, né?
— Claro, cara, obrigado! — exclamou Gustavo.
— Você ficou grato, né?
— Opa, com certeza — agradeceu mais uma vez Gustavo.
— Então agora é minha vez! Preciso da tua camisa!
— Minha camisa? Como assim? — perguntou, surpreso,
Gustavo.
— Agora! — exclamou Fernando, entusiasmado.
Fernando conseguiu uma camisa branca para a ceri-
mônia, meio folgada, talvez, enquanto o Gustavo, um pouco
mais alto e forte, passou a cerimônia toda sem se mexer,
apertado. E só assim, uma foto linda, toda trabalhada na
“paleta de cores”, foi possível.
A moral da história, pode não parecer, mas tem tudo a
ver com marketing também. Gere reciprocidade. Entregue
seu melhor para as pessoas. Ajude-as. Faça pelo seu cliente,
fornecedor, faça pelo próximo! Quando você realmente pre-
cisar deles e for falar de vendas através das suas postagens,
certamente não precisará de muito, pois o engajamento será
natural. Faça o bem. Você nunca sabe quem vai estar lá para
te salvar de um apuro.
O casamento foi lindo. O dia mais lindo da minha vida
até agora. Não existia um lugar para onde eu olhasse naquele

128
dia em que não tivesse algo que me fizesse feliz. Mais tarde,
surpreendemos os convidados com uma escola de samba no
meio da festa. A cerimonialista, quem eu quase deixei louca
com tantos detalhes, virou minha aluna depois. A celebran-
te, que faz um trabalho lindo, personalizando histórias de
maneira individual e exclusiva, virou uma amiga. E temos
vivido felizes para sempre. Fim.

129
O resultado não vem de trabalhar
mais, mas de trabalhar melhor. É
mais inteligente buscar conhecimento
com quem já percorreu o caminho
que você quer percorrer e, por isso,
conhece os atalhos, do que tentar
aprender com erro e acerto. Busque
fazer mais com menos.

@suellenwarmling
15. Afiando o machado
e produzindo mais
“Um homem é rico na proporção do número de coisas que
pode deixar rolar sozinhas”
HENRY DAVID THOREAU

“Quem aprende não depende”


PABLO MARÇAL

O telefone tocou…
“Suellen, vem na minha sala, por favor.” Eu estava
cheia de trabalho para fazer. Atendia aquela empresa uma
vez por semana apenas. Tinha pavor (e ainda tenho) de reu-
niões demoradas que não levam a lugar nenhum. “Sente-se”,
disse ele. “Há alguns dias venho te observando, o seu traba-
lho é muito bom, mas, quando te contratamos, estávamos
buscando alguém que nos ajudasse mais a pensar estrategi-
camente do que a fazer o operacional. Prefiro te pagar para
pensar na maior parte do tempo e executar no tempo que
sobra”, completou. Eu não soube nem o que responder. Sin-
ceramente, não lembro o que disse para ele, mas eu fiquei
muito revoltada naquele momento. A palavra estratégia me
dava arrepios, me parecia blá-blá-blá de quem quer ‘encher
linguiça’ e falar bonito para parecer que trabalha mais.
Meses depois, eu deixei de prestar serviço para aquela
empresa, mas essa reunião ficou gravada como um trauma

131
até pouco tempo atrás. Hoje, eu agradeço aquele empresário.
Quanta sabedoria. Às vezes, pensamos que fazer, fazer e fazer é o
que dá mais resultado, e não paramos para analisar coisas como
poderíamos fazer mais em menos tempo. Como poderíamos fazer
menos com mais resultado? O que estou fazendo que poderia ser
feito por outra pessoa? O que estou fazendo que é operacional
demais? Será que eu, como dono de uma empresa, não sou um
profissional caro demais para me prender em tarefas simples?
É como um fazendeiro e um caçador. Enquanto o caçador está
conquistando novas caças todos os dias e trazendo comida para
a mesa sem precisar de muito planejamento, o fazendeiro está
semeando, adubando, estudando as melhores técnicas, inves-
tindo em maquinário e pensando no retorno em longo prazo.
O caçador tem retorno imediato, a vida dele é mais emo-
cionante, não tem nenhum retorno por um bom tempo. Mas,
com o passar dos anos, o caçador começa a ficar cansado,
qualquer problema de saúde ou dor física o impede de tra-
balhar, e cada dia sem trabalho é um dia sem ganhos. En-
quanto isso, o fazendeiro que se estruturou começa a colher
os frutos, tem uma engrenagem girando sem depender 100%
de sua presença e força física.
Já fui e ainda sou muito caçadora. Mas adaptar minha
mente para um estilo de vida mais fazendeiro fez o jogo virar.
Fez meu negócio ganhar escala. Fez eu focar no que é impor-
tante e vai me gerar mais lucros e resultados. Aquele meu
cliente estava certo. Primeiro pensar, depois fazer. Sim, o
mundo é dos fazedores. É de quem vai lá e faz. Sonha e faz.
Faz e acontece. Mas, assim como uma viagem, sair dirigindo
pela estrada com toda a garra não será muito produtivo se a
rota não tiver sido traçada antes.
Conta uma história que um lenhador experiente e sábio
foi desafiado por um lenhador jovem para uma disputa em
uma competição.

132
O desafio virou o assunto da vila. Muitos acreditavam
que o senhor perderia finalmente o título de campeão dos
lenhadores. Chegou o dia da verdade. O jovem estava
certo de que seria campeão. Animado, cortava a lenha
com toda a sua força, energia e vigor, enquanto o velho
lenhador passava grande parte do tempo sentado.
Visivelmente, o jovem tinha condições físicas melhores
para vencer. O prazo se encerrou. Era hora de medir a pro-
dutividade dos dois lenhadores e, para a surpresa de todos,
o senhor experiente conseguiu superar o jovem cortando o
dobro de lenha naquele espaço de tempo.
Intrigado, o moço questionou o velho:
— Não consigo entender. Toda vez que olhava para o
senhor, o senhor estava sentado, descansando, sem cortar
lenha. Como cortou mais?
E o senhor respondeu:
— Meu jovem, você está enganado. Enquanto estava
sentado, eu estava afiando o meu machado para que não
precisasse usar tanta força como você.

Afie seu machado e produza mais


Afie seu machado. Busque melhores maneiras de fazer
as coisas. O resultado não vem de trabalhar mais, mas de
trabalhar melhor. É mais inteligente buscar conhecimento
com quem já percorreu o caminho que você quer percorrer
e, por isso, conhece os atalhos, do que tentar aprender
com erro e acerto. Busque fazer mais com menos. Conhe-
cimento e produtividade são maneiras incríveis de afiar o
machado. Dá para cortar a lenha sem afiar o machado,
assim como dá para fazer uma viagem de carroça ou de
avião. Como você prefere?

133
Quanto tempo perdemos fazendo coisas que não nos
levam a lugar nenhum? Gastamos fazendo os 80% que nos
trazem menos retorno e deixamos de dar atenção aos 20%
de coisas que realmente têm impacto na nossa vida, no
nosso negócio? No princípio de Pareto, fala-se que 20% das
nossas ações correspondem a 80% dos nossos resultados,
que 20% dos clientes acabam correspondendo a 80% do
lucro de uma empresa.
Ao mesmo tempo, pode ser que 20% dos clientes, aqueles
mais problemáticos, acabam consumindo 80% do seu tempo,
e por aí vai. Se você quer crescer e cuidar da sua saúde mental,
assuma que alguns clientes precisam ser demitidos ou que,
em alguns momentos, você precisará educá-los para que não
fiquem mal-acostumados. Atender bem, sim. Encantar, com
certeza. Mas tudo isso é diferente de ficar escravo de pessoas
que não te valorizam.
Você precisa escolher para quem você quer vender. Esco-
lher quem é seu o cliente perfeito e se esforçar para atender
mais pessoas com o mesmo perfil. Não precisa ser bom para
todo mundo. Seja o melhor para aqueles que são os melho-
res. Tente identificar quais são as três características em
comum dos seus três melhores clientes e comece a trabalhar
para atrair clientes com essas características.
Existem clientes que é melhor não ter, pois sugam sua
energia, só reclamam, te colocam para baixo, não valorizam
seu produto, seu serviço e só pedem desconto. Mas, antes de
querer ter clientes maravilhosos, seja como tal. Seja o cliente
que valoriza o trabalho do outro. Como dizia Dale Carnegie,
“não critique, não condene, não se queixe”. Não seja “aquela
pessoa” que, quando o garçom diz que algum prato do restau-
rante está em falta, responde com desdém, dizendo: “então
me traz um prego e martelo para fechar a porta, porque, se não
tem este prato que quero, o que vocês estão fazendo abertos?”.

134
Não seja essa pessoa. Pelo amor de Deus! Não seja
aquela pessoa que exalta o próprio trabalho e não valoriza
o do outro. Aquela pessoa que diz: “aqui trabalha, não frita
bolinho”; “aqui trabalha, não faz pastel”; “aqui trabalha, não
faz bolacha”. Se você passasse o dia inteiro fazendo biscoitos,
bolachas, pasteis ou bolinhos, iria ver que é um trabalho que
também exige talento, paciência e que, portanto, não é para
qualquer um. Quando você é o cliente que valoriza o trabalho
do outro, você se torna um imã de clientes que valorizam o
seu trabalho.

Quanto vale a sua hora?


Uma das coisas que mudou da água para o vinho minha
vida profissional foi descobrir quanto valia a minha hora.
Muita gente nunca parou para pensar nisso. Se você
pretende ganhar um tanto de reais por mês e trabalha, por
exemplo, 40 horas por semana, são cerca de 160 horas por
mês. Tente dividir o que você ganha ou pretende ganhar pelo
número de horas do mês e saberá quão precioso é o seu
tempo para perder com reuniões que não acabam nunca,
com tarefas que poderiam ser automatizadas por softwares,
aplicativos ou simples soluções que tenham algum método e
processo a ser seguido.
Agrupar tarefas é uma das soluções mais eficazes no
trabalho e até mesmo no marketing. Precisa criar posta-
gens? Responder clientes? Fazer fotos de produtos? Criar
textos para as redes sociais? Faça tudo isso em blocos.
Tire um dia na semana para fazer todas as fotos que
precisa talvez para o mês inteiro, outro dia para pensar
em todas as ideias de posts de que necessita para as pró-
ximas semanas. Tenha foco e se pergunte 200 vezes por
dia se você está se ocupando ou produzindo, se está re-
almente sobrecarregado ou desorganizado. Crie o hábito

135
diário de listar qual é a principal tarefa importante do dia
que, se for feita, te deixará extremamente satisfeito com
sua produtividade.
Eficácia é fazer o que precisa ser feito para alcançar suas
metas. Eficiência é fazer tarefas que, talvez, não são tão im-
portantes, porém, no menor tempo, esforço e energia possível.
Não interessa como você faz, o importante é o resultado
que você gera no final. Fazer bem algo que não tem impor-
tância é inútil. Gastar muito tempo em uma tarefa simples,
preocupado em fazê-la se aproximar da perfeição, não a torna
mais importante. Quantas vezes tentamos preencher nosso
tempo com tarefas que poderiam simplesmente ser elimina-
das somente para nos sentirmos importantes?
Se tiver medo de escorregar, não vá a lugares escorrega-
dios. Se o que te toma tempo é divagar pelas redes sociais
em vários momentos do seu dia, simplesmente estabeleça a
regra de ter horários específicos para isso com a finalidade de
fazer nas redes aquilo que te traz resultado de fato.

Liste aqui quais são as áreas de conhecimento


nas quais seu machado precisa ser afiado?

136
Liste aqui quais são as coisas que você faz só
pensando na parte operacional e poderia pensar de
maneira mais estratégica.

Liste aqui quais são os maiores vilões do seu


tempo e como você pode minimizar estes efeitos ne-
gativos.

137
Que a gente continue brindando não
só pelo hoje, mas pelos dias que
oramos pedindo até mesmo menos
do que hoje é realidade. Por mais
árdua que seja sua luta, existe
alguém desejando estar exatamente
onde você está.

@suellenwarmling
138
16. A lâmpada mágica
“O que mais tememos normalmente é aquilo que mais precisa-
mos fazer. O sucesso de uma pessoa na vida pode ser medido
pelo número de conversas desagradáveis que ela pretende ter.
Decida fazer todos os dias algo que você tem medo.”
TIMOTHY FERRIS

O menino caminha despretensiosamente pelas ruazi-


nhas estreitas da vila. Vai chutando tudo que encontra pelo
caminho até que tropeça em uma lâmpada no chão toda em-
poeirada. Começa a limpar a lâmpada e dela sai um ser bem-
-vestido que, no lugar das pernas, possuía uma espécie de
fumaça que o ligava à lâmpada.
Esse ser diz: “Eu sou o gênio da lâmpada mágica. Você
pode fazer um pedido, pode desejar o que quiser, mas com
algumas condições. A primeira condição é que, antes de sim-
plesmente querer, você precisa ser capaz de criar a cena do
que deseja na sua mente com riqueza de detalhes. A segunda
é que, ao se imaginar com o seu desejo realizado, nenhum
sentimento ruim lhe invada”, finalizou o gênio.
O menino achou estranho, mas resolveu fazer o exercí-
cio. Começou a pensar em uma grande mansão, mas não
conseguia concluir a imaginação se vendo na casa, era como
se a imaginação dele não conseguisse fazer ele realmente se
ver dentro de uma casa sofisticada. Logo ele lembrou que
ouviu a vida toda que pessoas muito ricas não são felizes e
que são solitárias.

139
Imediatamente, entendeu o que o gênio queria dizer.
Começou a pensar em outros pedidos que pudesse fazer,
até que decidiu. “Gênio, o meu desejo é que eu seja capaz
de criar na minha mente a cena do que eu desejo sem que
nenhum sentimento ruim me invada”.
Uma luz enorme tomou conta do lugar e uma explosão
aconteceu. O menino gritou: “Gênio, o que está acontecen-
do?” O gênio respondeu: “A profecia diz que, no dia em que
alguém desejasse algo que já tem, mesmo que não saiba,
essa pessoa se transformaria no gênio da lâmpada. É isso
que está acontecendo. Você agora é o gênio e pode realizar
tudo que desejar”.
Todos nós temos a capacidade de realizar nossos
desejos se criarmos as cenas antes e soubermos mani-
festar esse desejo sem impedimentos. Não precisamos de
um gênio quando temos a nós mesmos. Não precisamos
de uma lâmpada mágica quando nossa própria mente
acende luzinhas o dia inteiro e nós insistimos em apagar
essas luzinhas não deixando que elas brilhem. Não pre-
cisamos de um tapete voador, considerando que nossos
próprios passos podem nos levar ao infinito. Permita-se
e deixe todos os seus superpoderes aflorarem. Eu aposto
que o maior de todos eles é ACREDITAR.
Sim, não dá para querer mais seguidores, mais clientes
sem o básico: ACREDITAR. Acreditar que você pode criar o
destino que você quiser, que, obviamente, dá trabalho, mas
é possível.

Sendo o gênio da lâmpada na prática


Imagine seu maior sonho se tornando realidade. Feche os
olhos após ler esta página e assista ao dia mais feliz da sua
vida. Pense em uma data para esse dia. Pense nos motivos
que levaram esse dia a ser tão especial. Pense no clima, se

140
está frio ou calor. Pense no céu, se tem sol, se está chovendo
ou nublado. Imagine a roupa que você estaria vestindo, o
lugar para aonde iria para comemorar algo tão especial, as
pessoas que gostaria de ver ao seu lado. Construa no seu
imaginário os mínimos detalhes desse dia, dessa conquista,
da realização desse sonho. Tente sentir um cheiro que você
ama muito no ar. Tente imaginar até mesmo algum sabor
que você ama muito em sua boca. Tente imaginar a sua
música preferida tocando.
Imagine-se abraçando alguém que você ama muito e
dizendo para essa pessoa: “Obrigado por estar aqui comigo
neste momento tão feliz. Foi duro chegar até aqui, mas eu
consegui e faria tudo novamente para viver este momento.
Enfrentaria as mesmas batalhas, os mesmos sofrimentos, as
mesmas noites em claro, só para ter a oportunidade de reali-
zar este sonho. Valeu a pena! Estou muito grato e feliz”.
Agora se imagine posando para uma foto que vai eterni-
zar essa linda ocasião. Esta será aquela foto que será postada
em todas as redes sociais, que será impressa para um porta-
-retrato que vai decorar sua sala.
Veja a foto. Pegue a foto impressa na mão. Olhe com
carinho para essa foto. Logo, alguém chega e te entrega uma
caixa de presente. Você abre, surpreso e vê que lá dentro
estão várias pecinhas de um quebra-cabeça. Todas embara-
lhadas, misturadas, muito pequenas. É a sua foto recém-ti-
rada que foi transformada em um quebra-cabeça.
Pense. Não será tão difícil assim a missão de montar o
quebra-cabeça. Você tem a foto do lado para poder se orien-
tar. Montar um quebra-cabeça sem uma imagem do lado
para se basear é uma tarefa quase impossível. Mas, quando
você tem a tampa da caixa onde geralmente está a imagem
para te ajudar a colocar as peças no lugar certo, fica muito
mais fácil.

141
Assim é com a nossa vida, nosso negócio, nosso marke-
ting. Se a gente não souber exatamente aonde queremos
chegar, encaixar cada peça será uma batalha muito mais
suada. Mas, quando criamos nossas metas, idealizamos os
cenários, traçamos objetivos, é como se montássemos a cena
que vai conduzir a montagem do quebra-cabeça. Todo dia,
uma peça precisa ser colocada no lugar. Se isso não for feito,
a cena não é concluída, ficam faltando algumas partes. A
missão é só nossa. A responsabilidade de montar é só nossa.
De encaixar as peças é só nossa.
Quais são as peças do seu quebra-cabeça? O que você
precisa fazer para chegar aonde você quer chegar? Você sabe
aonde quer chegar? Ou se contenta com qualquer lugar? Ide-
alize, imagine, deseje e manifeste sua cena dos sonhos.

Descreva aqui no papel a cena dos seus sonhos com


todos os detalhes que viu.

142
Agora, perceba se algum pensamento de “não posso”,
“não consigo” ou “é impossível” te interrompeu neste exercí-
cio. Às vezes, por mais que a boca diga “eu quero”, uma voz
interna sabotadora vez ou outra diz “tenho medo”. Faça o
teste. Quando sentir que algo não está dando certo ou está te
deixando receosa, ou com medo, pergunte-se: “o que de pior
pode acontecer na minha vida se eu tiver sucesso?”, “o que
de pior pode acontecer se eu prosperar?”, “o que de pior pode
acontecer se eu mudar de profissão?”. Na maioria das vezes,
você vai ver que o pior nem é tão ruim assim. Muitas vezes,
as coisas não acontecem na nossa vida porque, ao desejar-
mos fama, dinheiro, filhos, viagens, bens materiais, alguma
crença limitante vem no nosso inconsciente e repete frases
que ouvimos a vida inteira.

Medo do sucesso
Dinheiro atrai inveja. Dinheiro não traz felicidade. Di-
nheiro é sujo. Isso é coisa de rico. Isso não é para você. O
trabalho precisa ser suado. Essas frases que ouvimos a vida
inteira limitam nosso senso de merecimento e, mesmo in-
conscientemente, acabamos acreditando que o sucesso não
é para a gente (crenças, crenças e mais crenças). Não nos
sentimos boas o suficiente. Nos sentimos como uma fraude
ao ver pessoas nos elogiando por um trabalho que, para nós,
é tão natural fazer. Nos sentimos impostoras por fazer di-
nheiro de maneira leve e fazendo o que amamos. Ou então
não nos sentimos capazes. Pensamos que, se formos ricas
e abundantes, estaremos desonrando nossa família, nossos
amigos, estaremos enganando as pessoas.
Ao atender centenas de empreendedores, percebi que
existe um medo que é quase unânime: medo do sucesso.
Sucesso pode ser várias coisas diferentes, eu sei. Para uns,
pode ser estabilidade. Para outros, fama. Para outros, uma

143
família unida. Para outros, uma vida livre viajando o mundo.
Para alguns, muito dinheiro e ostentação. E está tudo bem.
Sucesso é o que a gente decide que ele é. Mas as pessoas
têm medo dele. Têm medo de prosperar. Medo de vender.
Acreditam que o vendedor é enganador. É oportunista.
Acham que quem tem dinheiro roubou. Segundo Napoleon
Hill, só existe uma fraqueza para a qual não há remédio: a
falta de ambição. Ter ambição é bom. Querer mais é bom.
Sonhar alto é o que te faz levantar da cama todos os dias
com garra e entusiasmo.
Talvez você tenha várias crenças que te limitam, talvez,
no fundo, você não se sinta merecedor e tudo isso vai aca-
bando com qualquer possibilidade de prosperidade. Essas
crenças começam, muitas vezes, no nosso jeito de falar,
na nossa língua. Você sabia que não se usa a expressão
GANHAR dinheiro em inglês? Eles usam muito a expressão
MAKE MONEY, que quer dizer fazer dinheiro. Quando você
ganha dinheiro, é como se alguém tivesse que perder para
você ganhar, como se você tivesse recebendo um presente.
Quando você fala que você faz dinheiro, você assume a res-
ponsabilidade para si e vê que só depende de você!
Fomos criadas em uma sociedade que associa ter dinhei-
ro com os vilões da história. Associa dinheiro com ser de-
sonesto, injusto, ladrão. O dinheiro, porém, não transforma
ninguém num ser humano do bem ou do mal. O dinheiro
não muda ninguém, só mostra quem a pessoa é quando ela
não tem mais a obrigação de ser agradável. Potencializa e
dá força àquele ser humano que já habita em nós. Os bons
serão melhores, e os ruins serão piores.
Nossa alma, no fundo, sente falta de coisas que nunca
vivemos, sim. Nossa alma tem sede de vida. Mas, por coisas que
colocaram na nossa cabeça, pelos tombos que levamos, econo-
mizamos tudo, inclusive vida. Vamos a um evento, economiza-

144
mos palmas. Vamos falar, economizamos entusiasmo. Vamos
criar algo, economizamos criatividade. Vamos amar, economi-
zamos mostrar nossos sentimentos. Isso também é escassez.
Quando a gente se abre para a abundância, para o novo,
para o grande, o mundo se abre para você. Pague para ver tudo
que te aguarda lá no alto. Invista em você. Se desafie. O trajeto
pode ser trabalhoso, mas ver o que os outros não conseguem
ver e poder voltar para contar depois é recompensador.
Aquele sonho que ainda não se realizou é reflexo das
montanhas que você ainda não subiu, dos desafios que você
ainda não viveu, da coragem que você ainda não teve. O preço
de NUNCA SABER como é o topo é mais caro que qualquer
sacrifício que você faça hoje, financeiro, de tempo, de esforço.
Com o marketing é assim, subir cansa, a cabeça quase
explode buscando ideias, mas a sensação de ter chegado lá e
ver que existem outras montanhas ainda maiores para subir
(que lá de baixo você não via) compensa tudo. Suba grandes
montanhas para ter a oportunidade de ver o mundo de cima,
e não apenas para que o mundo possa te ver.

Medo de vender
Em 2020, aconteceu uma pandemia mundial causada
pelo coronavírus. Muitos empreendedores travaram. Todos
diziam estar no mesmo barco, mas alguns, por estarem mais
confortáveis que a maioria da população, começaram a acre-
ditar que, se vendessem, estariam sendo injustos com quem
estava no isolamento impedido de trabalhar. Foi um caos.
Demorou para muita gente entender que ser solidário
mesmo em situações como aquela não tem a ver com deixar de
vender. É ajudar o outro. Ajudar e entender a dor do próximo não
quer dizer que se fulano não consegue trabalhar de home office
ou faturar pela internet, pelo delivery, você também vai parar

145
porque é “injusto”. As pessoas confundem as coisas. Venda é
uma coisa, e solidariedade é outra. Precisamos das duas!
Precisamos entender que toda empresa surge para resol-
ver um problema. Ao se tornar uma empreendedora ou uma
intraempreendedora, você assume o compromisso de ser uma
resolvedora de problemas. Amar problemas faz parte do jogo.
Afinal, quem não ama resolver problemas se torna parte dele.
O profissional se torna conhecido e respeitado com base nos
problemas que cria ou pelos que sabe resolver. O ser humano
se torna mais próspero à medida que cria a capacidade de per-
ceber problemas dos quais as soluções são mais valiosas.
Se você resolve problemas, você impacta a vida das
pessoas. Como seria a vida delas se teu trabalho ou produto
simplesmente não existisse? Você torna a vida das pessoas
melhor, mais feliz, mais produtiva, mais agradável? Prova-
velmente sim. Ao ter medo de vender, medo de cobrar, medo
de falar o seu preço, lembre: você não vende coisas ou meros
serviços, você vende transformação. É nessa transformação
que mora o valor do seu trabalho.
Quando você vende transformação, “deixar de vender” é
deixar de fazer um favor para a humanidade, é deixar de
tornar o mundo um lugar melhor. Vender não só enriquece
você, mas enriquece o outro. Seja com mais autoestima, con-
forto, experiências, mas enriquece.

Medo do novo
Você se lembra de quem era antes de o mundo te dizer
quem você deveria ser? Quantas vezes já te falaram que era
impossível? Quantas vezes deram risada dos seus sonhos?
Já te mandaram ir trabalhar com outra coisa? Te chama-
ram de coitada? Te humilharam? Te excluíram? Te disseram
que amor não sustenta ninguém e que trabalhar com o que
ama não dá dinheiro? Disseram que você estava entrando

146
em um barco furado? Disseram que quem trabalha muito
não tem tempo de ganhar dinheiro? Que só crescia na vida
quem tinha QI (quem indicasse)? Que você era “bicho do
mato”? Que não era capaz? Só vivendo em grandes centros
se poderia prosperar?
Não sei se já falaram alguma dessas coisas para você, mas
para meus alunos e seguidores já; principalmente para as mu-
lheres. Eu não sei exatamente o que eu disse a elas em pos-
tagens, vídeos e transmissões ao vivo. Talvez sejam algumas
das coisas que você leu neste livro. Elas alegaram TANTO que,
depois que falei, uma chave virou, que uma porta foi aberta...
É estranho, porque eu também não acreditava que eu
fosse capaz de fazer isso por meio do meu trabalho. Diziam
que só engenheiro e médico iriam ganhar dinheiro. Que fazer
faculdade de Jornalismo era “fim de carreira”, “coisa de gente
alternativa”, “não dava dinheiro”, que “nem diploma era obri-
gatório”. Ainda bem! Não estava preocupada em construir
uma carreira, mas sim uma história. Que não quero nada
que me dê dinheiro, aliás, nada de mão beijada, eu gosto
mesmo é de correr atrás. E ainda bem que diploma nunca
mediu capacidade de ninguém. O meu, até hoje, dez anos
depois de formada, não fui buscar na faculdade e nunca me
fez falta. Não é e nunca será um pedaço de papel que vai
provar a competência de alguém.
Me arriscar neste mundo on-line deu medo. E dá até hoje.
Assusta quando recebo um áudio nas redes sociais de uma
mulher chorando dizendo que mudei a vida dela. Outra me
conta que a filha prematura estava na UTI e meus conteú-
dos a ajudaram a passar por esse momento de uma maneira
mais leve. Alguém diz que sou a última esperança para que
o negócio dela não vá à falência e que o sonho de uma vida
inteira não se perca por água abaixo. Um casal diz que ajudei
a aprenderem a sonhar de novo. E, quando tudo isso aconte-

147
ce, me dá medo. É uma batalha diária contra o medo de não
ser boa o suficiente, de não ser forte contra o medo de de-
sanimar, enquanto tanta gente está vendo em mim o ânimo
que faltava para seguir adiante. As pessoas me agradecem
pela oportunidade de comprar meus treinamentos on-line de
marketing. Me pedem desculpas por não poderem comprar.
É um misto de medo e muita, muita GRATIDÃO. Gratidão em
ver que isso vai muito além de marketing. Não é sobre mim,
não é sobre as minhas histórias bobas, é sobre você. É sobre
você dar voz à gigante que tem aí dentro, à super-heroína, à
gênia da lâmpada, à elefanta sagrada que habita em você.
Isso acontece conosco quando nos deparamos com o novo,
como o rio antes de cair no oceano. O rio tem medo. Entrar
no oceano nos dá a sensação de que vamos para um mundo
que não é nosso. Mas, assim como o rio não pode voltar, nosso
tempo e nossas atitudes também não voltam. Cabe entender-
mos que arriscar ir para o oceano não é sobre desparecer, mas
sobre se tornar parte de algo muito maior e abundante.
Mergulhar de cabeça no novo é banhar-se em uma ca-
choeira de oportunidades. É entender que não adianta ser
um soldado preparado para uma guerra que já passou. É en-
tender que, depois do oceano, ainda existem outros oceanos,
outros mares, outros rios. É entender que logo aquilo que era
novo vai se tornar normal, que a paisagem da imensidão do
oceano se tornará a nova casa. Se tornar oceano é ter a real
consciência que os planos do Criador para você são muito
maiores que os seus próprios planos.
Mas, entre tudo, talvez o meu medo mais profundo é que eu
me acostume com a paisagem. Escrever um livro entrou para
a minha rotina, mas não é algo normal. Ter pessoas me agra-
decendo todos os dias, muitas vezes chorando, por algo que faz
parte do meu trabalho não é normal. É algo que me faz querer
me beliscar várias vezes no dia e entender se tudo isso é real

148
ou não. Sim, eu sei, é real e é só o começo. Mas é incrível, e eu
preciso me deslumbrar. Você precisa se deslumbrar. Todos os
dias acontecem coisas na sua vida que, no passado, seriam “o
máximo” e que hoje viraram corriqueiras. A gente se acostuma
com as coisas incríveis que acontecem na nossa vida tão rapi-
damente que passamos a não dar valor para a grandiosidade de
um abraço, de um sorriso, uma respiração profunda, um cheiro
de terra molhada, um barulho de chuva, um sabor de um prato
feito com amor, uma porta de uma empresa para abrir todos os
dias, uma mensagem virtual dizendo “você me inspira”.
Que a gente continue brindando não só pelo hoje, mas
pelos dias que oramos pedindo até mesmo menos do que
hoje é realidade. Por mais árdua que seja sua luta, existe
alguém desejando estar exatamente onde você está.

A seguir responda ao questionário e escreva


os três objetivos principais.

Responda:

Quais são os 3 medos que podem estar travando


meu crescimento?

Quais são os 3 maiores talentos que me fariam ser


como um pássaro livre no ar e não como um elefante
preso no circo?

149
Qual é o maior objetivo mensurável que você tem
para o seu negócio (não diga ‘quero melhorar’, mensure
em números, pois o que não é medido não pode ser
melhorado)? Quantos clientes quero atender? Qual é o
faturamento dos meus sonhos?

Qual foi o maior insight que tive deste livro?

Qual será a mudança que farei no meu marketing a


partir de agora?

150
Amanhã você vai desejar
ter começado hoje, ou
ontem. Então comece.
Mesmo sem estar pronta.
E não pare até se orgulhar.

@suellenwarmling
151
17. A virada
Vou ser mãe. Acabo de descobrir. Ainda não estou
acreditando. É 20 de junho de 2020. Estava há mais de
um ano esperando por este momento, e ele aconteceu no
dia em que eu havia terminado este livro. Resolvi colocar
mais um capítulo.
Medo, talvez, tenha sido uma das palavras que mais se
repetiram neste livro. E medo era o que me impedia de en-
gravidar.
Há 21 dias, eu iniciava uma jornada nas redes sociais
prometendo 21 manhãs da virada, prometendo que, durante
21 aulas gratuitas ao vivo, no Instagram, às 7h27 da manhã,
várias chaves iriam se abrir na vida de várias pessoas. Fora
21 dias intensos. Em alguns dias, faltavam apenas cinco
minutos para a transmissão começar, e eu não fazia ideia
do que iria falar durante uma hora. Foram manhãs com até
duas mil pessoas simultâneas assistindo de todos os cantos
do mundo. Para algumas pessoas do marketing digital,
algumas celebridades da internet, isso pode parecer normal,
mas, para mim, foi muito grandioso. Todos os dias eram cen-
tenas de depoimentos gigantes que chegavam dizendo que
várias chaves foram viradas, que várias portas se abriram
com estas chaves.
Eita! Eita! Eita! Era isso que todo mundo dizia. A cada
história, a cada “tapa na cara”, como os depoimentos mesmo
falavam, era eita atrás de eita. Luzinhas iam se acendendo.
Teve presepada também, teve Suellada (verbo carinhoso do

152
meu marido para se referir a todos os momentos em que
sou desastrada) quando deixei cair e quebrei inclusive uma
lâmpada ao vivo. Ao longo dos dias, fui transbordando tudo
que tinha dentro de mim sem me preocupar em entregar
demais, e vidas foram sendo transformadas. Mas o que eu
menos esperava era que a maior chave que iria virar seria a
minha própria chave. Começou a APARECER E CRESCER
dentro de mim o meu maior amor: meu bebê.
No dia anterior a iniciarmos as manhãs da virada, eu
passei um fim de semana inteiro de imersão no mundo do
thetahealing. O thetaheling é uma técnica de cura ener-
gética através da onda cerebral Theta, uma onda de pro-
fundo relaxamento. O intuito é identificar e transformar
crenças e padrões limitantes armazenados no subcons-
ciente, identificar os medos que travam nossa vida. Tudo
isso é feito através de uma conexão com o “Criador de tudo
que é”. Chamo ele de Deus, você pode chamar de Buda,
Alá, Jeová, Oxalá! Enfim, é aquele ser maior que te guia e
te dá forças. Durante aquele fim de semana, eu descobri
que ainda não tinha engravidado porque eu tinha medo.
Medo de não dar conta de ser mãe e profissional ao mesmo
tempo. Precisei instalar em mim a sensação de me sentir
mãe e profissional ao mesmo tempo, a sensação de me
permitir ter sucesso no trabalho e poder gerar a sensação
de tranquilidade e capacidade de ter um filho.
Escrever um livro é um voo tão alto para a Suellen de
uns anos atrás... Uma Suellen que aprendeu a não desistir de
coisas que não passa um dia sequer sem pensar. Que aceitou
que tudo acontece nos planos de Deus, que tudo é como deve
ser mesmo que a gente precise dar um empurrãozinho. Que se
deu conta de que, quando as coisas se repetem, é um sinal do
universo de que precisamos parar e olhar o que aquilo tem para
nos ensinar e estamos custando a aprender. Que percebeu
que paraíso, além de ser um lugar para onde você pode ir, é a

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maneira como você pode se sentir em determinados momentos
da sua vida. Que entendeu que todos temos uma voz interior
que nos dá os caminhos todos os dias e que precisamos deixá-
-la gritar em vez de bloqueá-la! Viu que o mundo é realmente
pequeno quando você liga as pessoas a um interesse comum e
que infeliz é aquele que não expande seus próprios horizontes.
Que descobriu que as turbulências fazem parte dos voos! Que a
beleza do céu está nos olhos de quem vê e que, mesmo a grama
do vizinho sendo mais verde, sempre dá para usar os softwares
e aplicativos do momento para editar e colocar mais saturação
na edição da foto para colorir melhor a nossa.
E o principal: uma Suellen que está aqui para te dizer
que, entre mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, o Criador
escolheu você para estar onde você está, para fazer o que
você faz e para ler este livro até o final. Você é especial e
única e tem a missão e a obrigação de ser e fazer o mundo
um lugar mais feliz. Não pare até se orgulhar.
E assim, entendendo que já plantei uma árvore, escrevi
um livro e estou gerando um filho dentro de mim, finalizo as
últimas palavras com a certeza de que, de alguma maneira,
já tenho um legado. Gratidão por estar comigo até aqui.
Não se esqueça de que você é a gênia da sua lâmpada.
Tudo que a sua mente for capaz de desejar com força e vi-
sualizar como já conquistado você será capaz de realizar. Se
alguém apagar sua luz, simplesmente levante-se e a acenda
novamente. Garimpe seu sucesso e encontre o ouro escon-
dido onde você menos espera: dentro de você. Seja o elefante
que reconhece sua grandeza. Crie sua sorte. Viva tal qual um
pássaro livre no ar. Se permita evoluir, se amar, sonhar alto,
descansar, respirar, olhar para dentro e encontrar todas as
respostas em uma conversa franca com Deus.
Entenda que marketing não é só sobre vender mais.
Marketing é sobre entender como melhorar todas as coisas

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à sua volta e potencializar resultados. É sobre aparecer
para crescer.

Faça de ti uma estrela. Você já sabe brilhar.


Se você concorda que é Deus quem aponta a estrela
que tem que brilhar e que Ele já apontou pra você, assine
embaixo e poste uma foto no seu instagram marcando meu
perfil @suellenwarmling e usando a hashtag #apareçaecres-
ça. Vou adorar compartilhar!

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sobre a autora
Suellen é paranaense, casada, empresária, jornalis-
ta e apaixonada por novas ideias. Graduada em Jornalis-
mo, vive no mundo da comunicação desde os 13 anos e já
ajudou milhares de empreendedores de dez países diferen-
tes a engrenar o marketing através das mídias sociais por
meio de cursos on-line e palestras. Defende que é preciso
“aparecer para crescer” e que “vergonha não paga conta”,
incentivando diariamente pequenos e grandes empreende-
dores a se exporem nas redes sociais com o objetivo de al-
cançar resultado.

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