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Aula 333
Mentoria: a nova
competência dos líderes
Aula 333
SIDNEI OLIVEIRA 22 de fevereiro de 2023
TRANSCRIÇO
Ã
Muito bem, começamos a nossa aula. Vamos falar de mentoria. Pra quem
não me conhece, meu nome é Sidnei Oliveira, eu sou escritor, sou conselheiro
corporativo e sou mentor, principalmente mentor de carreira. Então seja bem-
vindo a essa aula. Uma das minhas pretensões aqui é trazer esse assunto
que tá muito em moda. Todo mundo tem falado de mentoria, nós estamos
vendo muitos mentores surgindo e de alguma maneira isso acaba causando
uma certa confusão porque de repente parece que todo mundo fala que
faz mentoria, todo mundo se tornou mentor e eu quero nesse momento
esclarecer bastante isso, tá? E deixar pra você um pouco de reflexão sobre o
que é ser um mentor, como é que a mentoria entra no mundo corporativo e
principalmente como eu faço pra escolher quem serão meus mentores. Para
isso eu preciso que você faça um primeiro exercício.
Primeira coisa que eu vou te pedir é pra você pensar um pouco naquela
pessoa que de alguma maneira te jogou diante de um desafio. Sabe aquela
pessoa que de repente parece que igual a uma cena que é muito famosa
na internet o John Anny ensinando o menino a nadar ele pega o menino
pergunta: você não sabe nadar? O menino fala: não, eu não sei nadar, e ele
pega o menino e joga no lago. Tenta imaginar essa cena e imaginar alguém
que fez isso com você. Tá vindo rápido, né? A gente sabe que as pessoas
que de alguma maneira acreditaram em nós, nos jogaram num desafio e
eventualmente fizeram com que a gente descobrisse o nosso talento ou pelo
menos que eu descobrisse que dentro de mim existe algum tipo de recurso
pra eu sair, pra eu de alguma maneira me virar.
Pois bem, nós vamos falar então de mentoria e vamos desmistificar, mas a
primeira coisa que eu preciso trazer pra vocês é justamente entender porque
que tá se falando tanto de mentoria nos dias de hoje.
Que cenário facilita esse assunto mentoria, porque de repente parece
que é alguma coisa nova que surgiu recentemente e sendo muito franco,
no nosso processo de aprendizado a mentoria talvez seja a forma mais
antiga de transferência de conhecimento. Pois é, nós estamos falando aí de
aprendizado, vamos explorar isso um pouco melhor à luz do que é realmente
o processo de mentoria. Pra isso eu preciso dizer pra você que todo nosso
processo individual passa por três grandes etapas.
É muito raro isso hoje em dia e talvez não seja nem correto a gente impor
às crianças esse tipo de condição, ela gerar valor, mas de um modo geral
todos nós passamos por essa primeira etapa com um único objetivo ou pelo
menos um objetivo prioritário. O objetivo é aprendizado. A gente costuma
chamar de educação. E tem uma coisa interessante que vai funcionar pra
gente entender um pouco a mentoria. Todo o nosso desenho, a construção
do que a gente chama de educação parte de uma premissa, a premissa
de que eu preciso acumular informações. Você deve se lembrar na escola
quando você ia assistir uma aula, o professor ou professora, passava uma
série de instruções, passava uma série de informações, você ia acumulando
essas informações, em dados momentos na escola, inclusive, você passava
por uma prova, a prova de que você tinha a informação de cor, lembra disso?
Pois é, então esse processo realmente não é o aprendizado efetivo, ele é
apenas a primeira etapa do aprendizado. A gente fala de memorização,
essa etapa é uma etapa importante, claro, a gente precisa memorizar, mas,
de verdade, apenas memorizar não garante nada a não ser a memória.
[00:05:00] Você tem coisas na sua memória que talvez você não tenha utilizado. Talvez
você esteja duvidando, né? Pois bem, deixa eu fazer um teste. Você consegue
dizer pra mim nesse momento, pode até colocar aqui no chat, eu tô vendo
aqui bastante gente interagindo no chat, mas você consegue por pra mim
uma resposta pra uma pergunta simples. Qual a raiz quadrada de nove? Ela
vem rápido, não vem? Assim como outras raízes quadradas, vinte e cinco,
dezesseis. Tá vindo rápido, não tá? Pois é. O pessoal sabe disso, sabe por
quê? Porque isso foi instalado na sua memória em algum momento do seu
ensino fundamental. A gente memoriza bastante coisa. Eu fico pensando
o que veio mais na memória, a raiz quadrada ou então a gente falar das
mitocôndrias, num é? Bom, você sabe pra que serve a raiz quadrada? Tá
percebendo? Repara que acumular informações não é suficiente pra gente
entender como aprendizado. Aprendizado é uma coisa um pouquinho mais
complexa e um pouquinho mais profunda nesse processo. Mas eu quero
dividir realmente aquelas primeiras fases.
Eu falei de três fases. A primeira fase na nossa vida é quando a gente gasta
mais energia acumulando informações. A gente utiliza uma parte dessas
informações, por exemplo, você acumula informação matemática, você
acumula informação física, como anda, como fala, como conversa, vai
aumentando o vocabulário, você vai colocando isso na tua memória para você
utilizar posteriormente. Na verdade, posteriormente é a segunda fase na vida.
Quando você pega aquela primeira quantidade de informações e de alguma
maneira, você tem que gerar valor. Repara bem, a primeira fase da vida você
não tem que gerar valor, você normalmente extrai valor que alguém gerou
para você, normalmente quem gera valor pra você nessa primeira fase da
vida é papai, mamãe, pessoas que cuidam de você, até porque uma criança
não tem ainda competência, não tem habilidades para gerar valor. Ou vai
me dizer que você consegue imaginar uma criança preocupada com boleto?
Pois é, né? Bom, primeira fase então característica, eu acumulo informação, a
minha prioridade é acumular informação e extrair valor.
Então, primeira fase eu extraio valor. A segunda fase eu gero valor e a terceira
fase eu volto a extrair valor. O interessante é que as duas fases que eu
extraio valor são por características diferentes. A primeira provavelmente eu
não consigo gerar valor porque eu ainda não tô pronto, eu não sei fazer um
monte de coisa ainda, então eu preciso aprender. A terceira fase quando eu
volto a extrair valor não necessariamente eu tô aprendendo, mas é aquela
fase que eu já não tô mais conseguindo gerar tanto valor. Percebe? E não
[00:10:00] tô falando só aí de mercado de trabalho não, tô falando muitas vezes de
processos pessoais, a pessoa não consegue mais gerar tanto valor.
Bom, esse modelo é um modelo que funcionou muito bem há vinte anos
atrás. E falo bem há vinte anos atrás pra ficar um marcador aí na virada do
milênio. Até meados da década de oitenta a expectativa de vida girava em
torno de sessenta e cinco anos, então era muito comum a gente falar de
sessenta anos entrar na terceira fase da vida, a fase do idoso, tanto é que
até hoje a gente fala do Estatuto do Idoso, a gente estabelece idoso a partir
de sessenta, né? Bom, isso foi a trinta anos atrás, se a gente olha pros dias
atuais, você já deve ter percebido que a expectativa de vida ela se ampliou,
ela não é mais sessenta, sessenta e cinco anos não, nós estamos vivendo um
tempo onde é muito comum a gente falar em torno de oitenta, talvez oitenta
acima como uma expectativa de vida real.
Você olhando a sua realidade, você pode tá percebendo que muita gente
ultrapassa os oitenta anos de maneira talvez até fácil, né? Não tô dizendo
que a pessoa não envelheceu, a pessoa não tá idosa, mas nós estamos
vendo um tempo bem diferente. Talvez o mais fácil é você olhar pessoas na
casa dos sessenta anos, você vai com muita facilidade encontrar pessoas
com sessenta anos muito produtivas, muito ativas e também gerando muito
valor, perfeito? Então esse gráfico precisa de uma certa atualização, né?
Uma outra característica que você talvez tenha observado é que tudo
aquilo que se aprende na primeira fase parece que tem que redesenhar
muito e continuar aprendendo na segunda fase, significa que sim, a nossa
segunda fase de geração de valor não é apenas trabalho. Nós estamos
vivendo uma dinâmica no mundo que precisa de contínuo aprendizado.
Você está assistindo essa aula agora, não sei qual é a sua idade, não sei que
fase você está, mas é bem provável que você esteja assistindo essa aula
porque você está precisando se renovar, aprender e continuar aprendendo.
É tão interessante isso que nós estamos vivendo um tempo de aprendizado
contínuo, mas assim, o tempo todo, eu não posso parar de aprender.
Então, parabéns por você tá primeiro assistindo mais uma aula e, segundo,
lembrando que essa fase também é geração de valor. Se antes a gente
enxergava, assistir aula como extrair valor, hoje assistir aula é geração de
valor também por conta da dinâmica que nós estamos vivendo e não é
preciso ir muito longe não. Se você não percebeu a dinâmica, basta você
imaginar que nós estamos vivendo novamente uma grande transformação
na sociedade. Pois é, nós já passamos por algumas, eu posso dizer que eu já
passei por algumas muito interessantes.
Gente, é real, cada vez que você entra num novo cenário, naquele cenário
você se torna novato. Não precisa ir muito longe, não. Vamos pensar no
assunto que a gente tá falando aqui de liderança. Uma pessoa que era
um profissional, já trabalhava. De repente, ele virou líder. Ele virou líder e
na liderança ele é novato, ele pode ser até veterano na empresa, mas na
liderança, ele é novato. Percebe, então, primeira coisa, guarda a ideia de
veterano e novato e guarda principalmente que veterano e novato são a
principal relação da mentoria. Mentoria é uma relação entre um veterano e
um novato. Deixa eu avançar aqui então. Vamos lá.
Quando a gente fala de aprendizado tem três nomes que vem na nossa
[00:20:00] cabeça. Mentor, professor e coach. O famoso coach, né? Eu gosto de
classificar eles de uma maneira didática e eu coloco isso aqui em três
grandes etapas. Cada um desses papéis. Para isso a gente precisa de
alguns exemplos, uma coisa legal é referência. Pensa que um professor ele
tem um foco em transferir informação e se ele tiver uma boa didática, ele vai
garantir que essa informação ficou na tua memória no momento que você
precisar, você vai resgatar. Você percebe? O bom professor que a gente
fala, ai, eu aprendi com o professor porque ele era muito bom. Na verdade,
ele tinha muita informação e ele tinha uma boa didática para transferir a
informação pra você. O foco do professor é na informação, no conteúdo,
ele transfere a informação. Essa é a primeira etapa, mas como eu te disse,
ter a informação só não é suficiente. Eu preciso usar essa informação e nós,
humanos, quando a gente utiliza a informação sistematicamente, a gente
vai ganhando competência, você já deve ter percebido isso.
Eu vou dar um outro exemplo. Imagina você tirando carta para dirigir
automóvel. Você recebe uma quantidade de informação, algumas são
bastante conhecidas, o funcionamento do veículo, sinais de trânsito, certo?
Bom, isso é a parte teórica. Inclusive, no nosso processo, quando você vai fazer
a aula teórica, você decora uma série de coisas, depois fazem uma prova
teórica para ver se você memorizou, lembrou disso? Bom, depois você vai pra
aquilo que a gente chama de prática. Nessa hora você tem um treinador do
teu lado. Esse treinador ele está vendo se você está manobrando o carro da
maneira correta, está exercitando você, principalmente naquelas atividades
que vão cair na prova, os clássicos, ladeira, baliza, ré, ligar o carro, desligar,
dar seta, ele te treina nisso, certo? E você depois vai para um exame que
verifica se você tem habilitação pelo menos nesse conjunto de atividades,
você faz uma prova prática e recebe o certificado. Até aí ele já tem a teoria
e já tem a prática, não é? Tanto é que deram o certificado.
Pois bem, se você tirou a carta, você passou por essas duas etapas, mas você
percebeu que de fato você só aprendeu a dirigir quando você começou a
ter autonomia e nessa hora você não tinha um instrutor do teu lado nem
tinha um professor. Nessa hora você estava olhando outras pessoas, outros
motoristas e usando eles como referência. Essa hora é a hora que a gente
fala, agora eu estou pronto para dirigir. Você percebe? Então, quando a gente
tá no nosso processo de maturidade, no nosso processo de desenvolvimento
de maturidade, nós estamos falando de estar pronto para uma atividade.
Vamos colocar assim, até porque é legal a gente entender isso, principalmente
quando a gente tá falando da liderança. A liderança atual fica dividida
porque de um lado a liderança quer equipes maduras, ou seja, equipe que
consegue entregar aquilo que foi proposto, equipe que consegue fazer isso
sem depender do líder, perfeito? Esse conceito é muito bonito, mas a gente
tem aí uma dificuldade, por quê? Atualmente a gente gosta do controle e
sendo bem franco. A maioria dos líderes hoje encontrou um instrumento de
controle da equipe, fantástico. É muito fácil. Ele fez isso, fez aquilo, conseguiu?
Não conseguiu? Você percebe? Hoje nós temos aí um quase um controle
remoto das nossas equipes fazendo aquele microgerenciamento e quando
eu falo que o controle é preferência dos líderes atuais é porque o controle
ele é bacana, o controle ele é baseado em comandos ele é baseado em
ordens direcionamento sempre a gente quer fazer o controle a gente faz
exatamente o que eu falei pra você fazer, esse é o exercício do controle, tá?
Deixa eu mostrar aqui os segmentos que já tem sido muito comum dentro
das empresas, tá? Destacar aqui o primeiro que tá aí logo a direita que
é o high potential. Alguns momentos a gente da empresa principalmente
quando nós somos líderes a gente olha a nossa equipe e a gente identifica
aquela pessoa que vale a pena apostar. Olha só como é que eu coloquei
high potential vale a pena apostar é uma aposta, potencial é uma aposta
não é uma garantia, mas é uma aposta então nós olhamos a nossa equipe
e a gente começa perceber que tem gente na nossa equipe que pode gerar
mais valor ele gera valor num nível e a gente acha que ele pode chegar mais
aqui, ele pode gerar um valor maior.
A mentoria reversa ficou muito famosa, ela talvez seja a mentoria mais
engraçada da gente ver, porque ela tá cheia de esteriótipos. É aquele
clássico, ah, o estagiário que vai ser mentor do diretor. Gente, isso não é
verdade, não é assim. Se você de alguma maneira está interessada em
mentoria reversa, cuidado pra não cair nesses clichês bobinhos aí que
funcionam muito bem nas redes sociais ou até mesmo em filmes, mas de
fato a mentoria reversa ela é uma condição onde quem é veterano ou tem
menos idade ou tem um cargo inferior, não sei se você tinha pensado sobre
isso, mas um cargo inferior também é reverso tá? Então existe uma relação. A
questão é que não muda é que o veterano sempre é o mentor e o mentorado
sempre é o novato na relação. Posso dar um exemplo pessoal. Se eu não uso
o TikTok. Não uso as redes sociais nem o TikTok. Se eu quiser usar o TikTok,
pra mim eu vou ser novato no TikTok. Provavelmente quem será meu mentor?
Provavelmente alguém com menos idade do que eu. Vocês percebem que a
mentoria reversa não é necessariamente uma questão só de idade, mas de
quem é veterano e quem é novato?
Primeiro, o mentor, ele pra ser mentor, ele precisa ter duas coisas básicas, né?
Qualificação e desempenho, ou seja, ele tem que ter conhecimento, lembra
da primeira fase da teoria? Ele tem que ter um pouco de teoria sim, ele tem
que ter conhecimento e ele tem que ter desempenho, ou seja, aplicação
[00:40:00] desse conhecimento, isso é o primeiro passo da credencial dele, tá? Ele ter
qualificação e desempenho, mas o segundo passo é a contrapartida. Quanto
de contrapartida ele pode dar numa relação de mentoria, e aí nessa hora,
quando a gente tá procurando o nosso mentor, você normalmente, com
muita facilidade, vai olhar toda a qualificação dele e vai olhar o desempenho
dele, isso é normal, a gente tem muitos instrumentos que mostram isso. Mas
o mais importante é ver a contrapartida. E eu destaco duas contrapartidas
muito importante. Primeiro, a relevância. E nessa hora, eu não tô falando
de quantidade de seguidores não, viu, gente? Quando eu falo relevância
é o quanto de valor ele pode me gerar e quanto de valor ele sendo uma
pessoa que gera valor ele pode servir de referência pra mim é sutil isso que
eu estou colocando, mas quando a gente fala de relevância nós estamos
falando de geração de valor quando você for escolher o seu mentor observe
bem quanto valor ele gera naquilo que ele vai te mentorar isso já detona
algumas coisas que você já deveria ficar muito atento. Cuidado com
aquela pessoa que se diz mentor, mas nunca fez nada com relação aquilo.
É muito comum a gente ver na internet a pessoa que diz assim, olha, eu
sou uma pessoa que eu vou te ensinar empreendedorismo e eu sou mentor
de empreendedorismo. Perfeito. OK. Que empreendimento que ele fez? Ele
tem algum empreendimento? Ele começou algum negócio? Ele fez uma
jornada? Conquistou alguma coisa? Fracassou em alguma coisa, mas ele
teve uma jornada, ele teve a vivência ou emprendimento dele é dizer que
ele é empreendedor e que quer te convencer a comprar o empreendimento
dele, quer te convencer que ele sabe que é empreendedor?
Bom, quando a gente fala disso, a gente fala de referência, eu sempre tenho
um exemplo que eu gosto de colocar aqui. Bom colocar o nome do Andrea
Del Verrocchio não sei quantos conhecem o Del Verrocchio, é um pintor,
ourives, um escultor muito muito competente e muito famoso no tempo que
ele viveu lá em mil quatrocentos e trinta e bolinha, né? Ele é conhecido por
tudo que ele já produziu, mas ele é mais conhecido pela equipe de estagiário
que ele teve. Vocês tão vendo alguns nomes, talvez esteja pequeno na tela,
não sei quantos que vocês conseguem enxergar, mas ele no escritório dele,
no estúdio que ele produzia, ele teve alguns estagiários muito bacanas, o
Leonardo da Vinci, Michelangelo, Botticelli, alguns nomes que você já deve
ter ouvido falar. O interessante é que ele liderava essa equipe. E quando a
gente fala de liderar essa equipe, ah, mas era fácil, ele liderava gênios. Na
verdade, ele criava o ambiente em volta dele, de uma maneira que o talento
dessas pessoas se manifestavam.
Um bom mentor, eventualmente vai dar uma opinião pra você. Mas se ele for
um bom mentor, um mentor bem preparado, provavelmente ele só vai dar
opinião pra você depois que você já disse o caminho que você quer seguir.
Ele não vai te induzir a seguir o caminho dele, ele vai primeiro ver pra onde
você decidiu ir, decidiu? Bom, agora eu vou te dizer a minha opinião. Você
percebe que parece uma coisa semântica, mas não é.
Na verdade, o bom mentor, ele não te diz o que fazer. Mas ele diz como ele fez
diante de um cenário parecido. Ele usa a experiência dele como referência.
Pode funcionar ou não, mas a decisão sempre é tua. Ou seja, um bom
mentor, ele vai te provocar pra que você seja o protagonista. Eu tô diante
aqui da aula e vendo o horário e é impressionante como é rápida a aula.
Então, eu vou fazer o seguinte, eu vou dar uma olhada aqui no bate-papo,
saber se tem alguma pergunta, tem bastante gente fazendo perguntas,
gente comentando sobre o Verrocchio, tô vendo aqui não é uma questão de
idade, tá? Então, se você quiser fazer uma pergunta, pode fazer uma agora
tá? Não é uma questão de idade ser mentor, mas é uma questão de escolha.
Você escolhe quem que são os seus mentores. Quem é que serão as pessoas
de referência pra você, isso é chave. Bastante gente cumprimentando.
Tem uma historinha que eu vou contar daqui a pouco faltando um pouquinho
de tempo eu vou encerrar aqui com uma historinha, então guarda esse tipo
de comentário meu pra daqui alguns instantes, deixa eu ver se eu capturo
mais alguma pergunta.
[00:50:00] Parece que está surfando uma mentoria, quais frutos identificar um mentor indo
no caminho certo, como ajuda o mentor a me ajudar? Hum essa pergunta é
muito interessante, tá? A Carola que colocou. O primeiro, eu falei de identifique
o mentor a partir da referência. Eu gosto muito de uma frase do Guimarães
Rosa que ele fez lá nos Sertões Veredas que eu digo que é quase um mantra
do mentor. É junto dos bão que a gente fica mió. Já deve ter ouvido essa frase
de alguma maneira, mas é legal você pensar quem é a sua referência. Se
você vai buscar alguém como referência, escolhe a pessoa mais fantástica
naquilo que você está querendo ser muito bom. Por quê? Essa pessoa sendo
a sua referência, você tem uma régua pra você mesmo.
Você deve ter, não vou dar spoiler do filme aqui do Top Gun. Como ajudar
um mentor a me ajudar? Primeiro o mentor não vai te ajudar. Tem uma coisa
que eu costumo falar que a gente coloca assim: ah, eu preciso de alguém
que me ensine. Sendo muito franco ninguém ensina ninguém mesmo você
aqui assistindo aula comigo você tem a ilusão de que eu estou te ensinando
algo eu não tenho essa capacidade ninguém tem essa capacidade, guarda
o que eu estou te falando as pessoas aprendem com os outros, você tá aqui,
é você quem é dono do aprendizado, é você que pode estar aprendendo
com isso que eu tô expondo pra você, o mentor não tá ali pra te ensinar
nada, você que está ali pra aprender com ele, mas Sidnei como é que eu vou
aprender com ele? Preste atenção, olha como é que ele chega no resultado
que ele chega, olha como ele chegou nesse resultado, questione ele, como
é que você já fez isso? Como é que, me mostra o seu truque? Como é que
você faz pra chegar aonde você chegou? Deixa ele contar a história. Pode
ser que na história dele, o contexto seu seja um pouco diferente, mas faça
a abstração que você puder. É você quem aprende com o mentor. Não é
o mentor que te ensina. Guarda isso que eu falei. Eu vou até repetir. É você
quem aprende com o mentor. Não é ele que te ensina. Por isso, escolha bem
quem são os seus mentores, quem são suas referências, porque isso vai
interferir em você e no seu desenvolvimento.
Deixa eu pegar mais uma pergunta, qual momento a pessoa percebe que
pode se tornar um mentor? Ou é algo relacionado somente ao resultado?
Cláudia Gusman tá fazendo. Bom, não existe um momento mágico que a
gente fala, nossa, agora sei que eu sou mentor. Não, na verdade, a gente
tem várias oportunidades de dar nossa referência, de dar o nosso exemplo
como referência. Agora, diante do mercado, quando você tá falando de
quero trabalhar como mentor, quero me preparar pra ser mentor, aí sim você
pode fazer uma formação de mentoria, você pode aprender a trabalhar
técnicas, ter uma didática, ter uma rotina pra você estabelecer um contato
com o seu mentorado, mas principalmente você se disciplinar a ser um
mentor. Quase eu diria para você parar de dar sua opinião na frente e dar a
sua referência. Mas esse processo é um processo um pouco mais complexo.
A gente pode falar sobre isso se você quiser pesquisar sobre mentoria mais
profundamente claro existem formações de mentoria. Eu pessoalmente
tenho a minha formação no instituto de mentoria.
Então você pode inclusive aprender a ser mentor, mas não é uma coisa
mágica não, é uma coisa disciplinada, você pode sim perceber-se como
mentor, identificar e criar um processo. Aí de novo você vai pegar informações
sobre ser mentor vai ganhar competência sobre ser mentor e depois você vai
aplicar a mentoria e com certeza você vai fazer a mesma coisa vai aprender
vai acertar ou não, tá? Ah não, é só ligado a resultado, mas sim tem resultado.
Uma coisa que a gente vai deixar aqui disponível na plataforma é uma
sugestão de plano de ação. Nessa sugestão você vai identificar algumas
coisas muito interessantes. Onde você quer estar daqui um ano, daqui cinco
anos, daqui dez anos. E quando eu quero falar onde, não tô falando apenas
do lugar geográfico. Eu tô falando qual é a realidade que você imagina pra
você daqui um ano, daqui cinco anos e daqui dez anos. É muito legal fazer
isso como um plano e apresentar quais são as oportunidades que eu tenho,
quais são as vantagens, as desvantagens, quais são as necessidades que
[00:55:00] eu tenho pra isso que eu quero daqui uns cinco e dez anos e é muito bacana
quando você tem um mentor que te acompanha nesse processo. Ou seja,
ele vai dizer, olha, você tá planejando isso daqui cinco anos, eu vou lembrar
aqui há dez anos atrás, eu também tava com alguma coisa assim e eu fiz
assim, errei aqui, acertei aqui, isso aqui me facilitou, você percebe? Então,
o mentor sempre vai atuar como uma referência e você que vai assistir na
plataforma depois pode pegar esse material para preparar o seu próprio
plano de ação. Eventualmente convidar alguém para ser seu mentor e dividir
com ele esse plano de ação.
Deixa eu ver mais uma pergunta. Tô vendo aqui o horário, mas vamos lá que
a historinha vai ser rápida, deixa eu ver se tem mais alguma. Quais frutos
identificar que o mentor está indo no caminho certo? Eu não sei se o mentor
tá indo no caminho certo pra você, mas você pode imaginar se ele não é
uma boa referência ou você não tá tendo os resultados na sua vida, você
tem que repensar quem são seus mentores, eventualmente você tem que
recolocá-los ou até se afastar um pouco dessas referências e buscar novas
referências. Parece que houve uma explosão de mentoria, haja mentores,
a gente parece nem sabe direito se ele mesmo. Bom, aqui eu já coloquei
algumas coisas, eu vou dividir com vocês, uma coisa muito forte o superpoder
do mentor é a vivência que ele teve, então desconfie de quem se diz mentor,
mas não vivenciou aquilo que ele está se propondo a ser mentor. Desconfie
profundamente o que o mentor tem pra te oferecer é a vivência real que ele
teve. Isso é a mentoria, essa transferência da vivência real ou essa referência
numa vivência real. O clichê que eu já falei aqui é não acredite em alguém
em que promete pra você te ensinar a ser empreendedor sendo que ele
mesmo nunca foi empreendedor. Não é uma condição fácil não, pra ser
professor de empreendedorismo basta você conhecer bastante a matéria
pra você ser de coach de empreendedores basta você conhecer a matéria e
saber os processos de empreendedorismo ambos funcionam bem, mas pra
ser mentor de empreendedorismo você tem que ter vivido empreendedor,
vivido a jornada. Eu não tô dizendo, ah não, mas eu sou empreendedor sim
porque eu tenho o meu curso que ensina empreendedorismo. Isso não é ser
empreendedor.
Eu vou deixar uma imagem aqui até porque eu gosto de colocar uma história
pra gente encerrar. Vocês estão vendo a imagem da galinha e da águia
vamos falar um pouquinho da águia primeiro. A águia tem uma característica
ela é uma exímia voadora e caçadora ela sai pra caçar, por conta disso é
óbvio ela coloca o ninho dela bem alto justamente pra nenhum predador
caçar o filhotinho dela enquanto ela está saindo pra caçar então é bem
no alto da montanha vocês devem saber disso. Bom, o interessante é que
a águia vê os filhotinhos dela uma hora ela faz uma leitura de maturidade
e ela pega o filhotinho joga pra fora do ninho primeira coisa que você está
imaginando é primeiro ela isso é meio cruel né a segunda é que você fala
claro tem aprender a voar e não é bem assim que aprende a voar, mas há
uma coisa interessante pra gente entender dessa história quando ela joga
o filhotinho pra fora do ninho ela tá buscando sim que o filhote descubra
que ele tem dentro de si algum recurso. Enquanto o filhotinho tá lá dentro do
ninho ele não usa as asas ele usa a garra ele grita ele usa o bico pra comer,
mas a asa mesmo é um estorvo ali dentro porque não tem muito espaço né?
Quando ele é jogado pra fora, que que vocês acham que o filhotinho faz?
O primeiro recurso que ele usa, ele grita, ele bica, ele mexe com a patinha
dele, nada acontece, só aí diante do estresse é que ele abre as asas, que ele
nunca tinha usado, ou seja, ele descobre que tem asas.
Parece meio cruel a gente falar desse jeito, mas uma coisa que talvez
você possa fazer uma extrapolação é que o líder age igual uma águia em
algumas circunstâncias pra ser bem franco na empresa o líder é a águia,
ele é colocado no desafio como uma águia e ele sabe voar, sabe caçar,
sabe lidar com os desafios, correto? Bom, uma coisa que talvez você não
[01:00:00] sabe dessa história é que quando a águia joga o filhote pra fora do ninho,
ela salta atrás. Pois é, ela salta porque vai que ele não tá pronto, vai que ele
não está maduro nem pra descobrir que tem asa, ela cata o filhotinho um
pouquinho antes de chegar no chão antes de ele se esborrachar, óbvio ela
não é irresponsável ela sabe que o filhote dela pode não estar pronto ela
cata o filhotinho traz de volta pro ninho e depois ela faz de novo o mesmo
movimento ela não programa não tá? Ela não coloca no Monday, ó daqui
duas semanas vou jogar você de volta não faz isso um dado momento ela
faz uma nova leitura de maturidade e joga o filhotinho se ele não abrir a
asa ela foi atrás porque ela salta atrás de novo ela vai fazendo isso três
vezes. Na quarta vez ela não salta atrás. Ela joga o filhotinho, mas não salta
atrás. Você está pensando, ah porque ela já desistiu dele. Não. Não é por
isso. Ela não salta atrás porque se ela saltar atrás da quarta vez o que que
o filhotinho aprendeu? Aprendeu que diante daquele desafio sempre ela
pode contar com a águia. A águia vai saltar atrás, percebe que muda a
característica? Se você é um líder águia que fica saltando atrás da sua
equipe ela com o tempo vai aprender que você sempre tá presente, sempre
tá atrás, percebe isso e ela não amadurece, obviamente. Bom, a galinha tá
aí com um propósito, ela age de uma maneira diferente que a águia. Ela tá
sempre perto dos seus filhotinhos, tá sempre presente, leva eles onde tem
comida, se eles tão com alguma dificuldade tá sempre presente, amorosa,
amiga dos filhotinho, não tá?
Bom, a gente vai encerrar essa aula aqui. Espero que um pouco dessas
reflexões tenha te ajudado. Essa aula estará disponível gratuitamente para
quem tá aqui até domingo agora e depois ficará na plataforma. Então, se
você está na plataforma, você vai receber não só essa aula, mas também
todo o material disponível, inclusive esses slides que a gente tá colocando,
tá bom? Eu quero deixar claro aqui, não sei se tem mais alguma pergunta.
Deixa eu ver com o pessoal da equipe, acho que então tô dentro do horário.
OBRIGADO!