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Missão
Editar livros no domínio da Gestão e Economia e tornar-se uma editora de referência
nestas áreas. Ser reconhecida pela sua qualidade técnica, actualidade e relevância de
conteúdos, imagem e design inovador.
Visão
Apostar na facilidade e compreensão de conceitos e ideias que contribuam para informar e
formar estudantes, professores, gestores e todos os interessados, para que através do seu
contributo participem na melhoria da sociedade e gestão das empresas em Portugal e nos
países de língua oficial portuguesa.
título original Getting Things Done
Estímulos
Encontrar novas edições interessantes e actuais para as necessidades e expectativas dos
leitores das áreas de Economia e de Gestão. Investir na qualidade das traduções técnicas.
Adequar o preço às necessidades do mercado. Oferecer um design de excelência e
contemporâneo. Apresentar uma leitura fácil através de uma paginação estudada. Facilitar
o acesso ao livro, por intermédio de vendas especiais, website, marketing, etc.
Transformar um livro técnico num produto atractivo. Produzir um livro acessível e que,
pelas suas características, seja actual e inovador no mercado.
TÍTULO ORIGINAL
Getting Things Done
© 2001, 2015 by David Allen
Prefácio: © 2015 by James Fallows
Todos os direitos reservados incluindo o direito de reprodução no todo ou em parte, seja
qual for o suporte utilizado.
Esta edição é publicada por acordo celebrado com a Viking, uma chancela do Penguin
Publishing Group, uma divisão da Penguin Random House LLC.
AUTOR
David Allen
CONJUNTURA ACTUAL EDITORA
Sede: Rua Fernandes Tomás, 76-80, 3000-167 Coimbra
Delegação: Avenida Engenheiro Arantes e Oliveira, 11 – 3.º C – 1900-221 Lisboa –
Portugal
www.actualeditora.pt
TRADUÇÃO
Prefácio, introdução, cap. 14 e cap. 15: Jaime Araújo
Restantes capítulos: Fabrico Próprio
DESIGN DE CAPA
FBA.
Setembro 2015
(2009)
Toda a reprodução desta obra, por fotocópia ou outro qualquer processo, sem prévia
autorização escrita do Editor, é ilícita e passível de procedimento judicial contra o infrator.
Agradecimentos
Prefácio de James Fallows
Introdução à edição revista
Bem-vindo a Fazer Bem as Coisas
Conclusão
Para Kathryn,
a minha extraordinária parceira na vida e no trabalho.
Agradecimentos
JAMES FALLOWS
James Fallows é correspondente nacional da revista Atlantic e
autor de dez livros, incluindo o mais recente China Airborne.
Escreveu pela primeira vez sobre David Allen num artigo de
2004 para a Atlantic chamado «Organize Your Life!».
Introdução à edição revista
As novidades
... este continuará a ser um novo livro. Nos muitos anos em que
estas informações têm estado disponíveis nas suas várias formas,
sempre que alguém regressa à matéria responde invariavelmente
com uma observação do género: «Oh, meu Deus, estas
informações e perspectivas parecem-me completamente diferentes
das que consegui reconhecer e absorver da primeira vez». Mesmo
pessoas que chegaram a ler a edição original de Fazer Bem as
Coisas cinco vezes disseram-me: «É um livro completamente
diferente cada vez que o leio!» A experiência assemelha-se
bastante a uma segunda leitura de um manual de software, um ano
depois de já ter colocado o essencial em «piloto automático». Ficará
espantado e animado com todas as coisas fantásticas que podia
estar (e podia ter estado) a fazer (ou ter feito), ali mesmo à mão,
mas que não foi capaz de reconhecer e implementar por causa de
outros assuntos importantes que tinham de ser resolvidos para pôr
as coisas a funcionar.
Com esta edição revista, irá experimentar um nível de
envolvimento novo e absorvente, não importa quando ou quantas
vezes possa ter lido uma versão anterior de Fazer Bem as Coisas
ou participado em quaisquer dos seminários, formações, webinars,
podcasts ou outras apresentações desta matéria. Prometo-lhe isso.
O que vai descobrir nas páginas seguintes é um novo universo de
ideias para incorporar, no âmbito da estrutura e das ferramentas que
provavelmente já possui.
Comprometer-se com este livro e com as informações nele
contidas não deixará de lhe proporcionar uma forma de pensar
positiva e produtiva para os aspectos da sua vida e do seu trabalho
que são realmente importantes.
-
* GTD (abreviatura de Getting Things Done) tronou-se um acrónimo popular em todo o
mundo da metodologia que descrevo neste livro. Esta edição utiliza-o como forma
abreviada de a referir.
* Enquanto escrevo isto, encontro-me a meio de uma mudança dos EUA para a Europa,
tentando reduzir as minhas posses físicas ao mínimo essencial. Por conseguinte, digitalizei
tudo no meu arquivo físico de coisas a fazer (que usei durante trinta anos, descrito na
página 237). Já me senti várias vezes frustrado com coisas que teriam sido tratadas de
forma muito mais fácil se tivesse mantido a versão física!
* Uma excelente referência nesta área é o livro de Charles Duhigg, A Força do Hábito.
Bem-vindo a Fazer Bem as Coisas
Quase todos os que encontro por estes dias sentem que lidam com
demasiadas coisas e não têm tempo suficiente para fazer tudo. No
decurso de apenas uma semana, aconselhei a sócia de uma grande
empresa de investimentos a nível global, preocupada com a
hipótese de ver afectados os seus compromissos familiares para lá
do limite devido às novas responsabilidades de gestão que lhe
tinham sido oferecidas; e uma gestora intermédia de recursos
humanos que tentava manter-se a par dos seus mais de 150 e-mails
diários, alimentada pelo objectivo de, num ano, duplicar a equipa do
escritório regional da empresa, de 1100 para dois mil colaboradores,
ao mesmo tempo que procurava proteger a sua vida social aos fins-
de-semana.
Um paradoxo emergiu neste novo milénio: as pessoas
melhoraram a sua qualidade de vida mas, ao mesmo tempo, estão a
aumentar os seus níveis de stress, ao quererem fazer mais do que
os seus recursos permitem. É como se tivessem «mais olhos do que
barriga». E a maioria sente alguma frustração e perplexidade em
relação à forma de melhorar a situação.
É por isso que está sempre a pensar. Até que sejam esclarecidos
esses pensamentos e tomadas decisões, e a informação daí
resultante tenha sido guardada num sistema que conheça na sua
totalidade, continuará a pensar neles tantas vezes quanto precisar,
porque o seu cérebro não consegue libertar-se da tarefa. Pode
enganar toda a gente, menos a sua própria mente*. Ela sabe se
chegou ou não às conclusões de que necessita e se colocou os
resultados e os lembretes das acções num sítio onde confie que
voltem a surgir na sua consciência no tempo certo. Se essas coisas
não forem feitas, o cérebro continuará a «fazer horas
extraordinárias». Mesmo que já tenha decidido o passo seguinte
para resolver um problema, a sua mente não se libertará ainda, a
não ser que coloque um lembrete num sítio que saiba que você não
se esquecerá. Continuará a pressioná-lo sobre o passo seguinte
que não deu, normalmente quando não pode fazer nada em relação
a isso, aumentando ainda mais o seu stress.
A maior parte das listas de coisas a fazer que tenho visto ao longo
dos anos (quando as pessoas realmente as tinham) eram meras
listagens de «assuntos» e não inventários do trabalho a sério daí
resultante e que precisava de ser feito. Eram lembretes parciais de
uma quantidade de coisas por resolver e ainda não traduzidas em
resultados e acções – isto é, as verdadeiras linhas gerais e os
detalhes do que os criadores das listas tinham de «fazer».
O que normalmente podemos encontrar numa lista de coisas a
fazer: «mãe», «banco», «médico» «babysitter», «VP de Marketing»,
etc. Olhar para isto cria quase sempre mais stress do que alívio,
porque, embora seja um estímulo valioso para alguma coisa que se
comprometeu a fazer ou sobre a qual é obrigado a decidir continua
a implorar-lhe na mente: «Decide sobre mim!» E se você não tiver
nem a energia nem a concentração no momento para pensar e
decidir, servirá apenas para lhe lembrar que se sente assoberbado.
Os «assuntos» não são por si só uma coisa má. Tudo o que
reclama a nossa atenção é um «assunto», pela sua própria
natureza. Mas a partir do momento em que o «assunto» entra nas
nossas vidas e no nosso trabalho, temos um compromisso inerente
connosco de definir e clarificar o seu significado. No mundo
profissional, os nossos empregos exigem que pensemos, avaliemos,
decidamos e executemos – minuto a minuto – algo relacionado com
um e-mail ou com os apontamentos da reunião de estratégia que
tivemos de manhã. Isso faz parte do nosso trabalho. Se não
tivéssemos de pensar nessas coisas provavelmente não seríamos
necessários. E pessoalmente enganamo-nos a nós mesmos quando
permitimos que problemas da nossa vida quotidiana – casa, família,
saúde, finanças, carreira ou relações – permaneçam em pousio na
nossa consciência por falta de definição de resultados pretendidos e
acções necessárias.
Na conclusão de um dos meus seminários, uma gestora sénior
de uma grande empresa de biotecnologia olhou para as listas de
coisas a fazer que trouxera e disse: «Bom, isto era uma bolha sem
estrutura de coisas não exequíveis!» Foi a melhor descrição que
alguma vez ouvi sobre aquilo a que chamam organizar listas na
maior parte dos sistemas pessoais. A grande maioria tem tentado
organizar-se rearranjando listas incompletas de coisas pouco
definidas; ainda não percebeu de quanto e o que precisa de
organizar para conseguir uma verdadeira recompensa. Precisa de
reunir tudo o que requeira reflexão e depois fazer essa reflexão se
quiser ver os seus esforços de organização a ter sucesso.
Pode-se treinar, quase como um atleta, para ser mais rápido, mais
reactivo, mais proactivo e mais focalizado no trabalho do
conhecimento. Pode pensar mais eficazmente e gerir os resultados
com maior facilidade e controlo. Pode diminuir os ciclos em aberto
ao longo de toda a sua vida profissional e pessoal e fazer muito
mais com menos esforço. E pode tomar decisões rápidas sobre
todos os «assuntos» que recolheu e criar um procedimento
operacional padronizado para viver e trabalhar neste novo milénio.
Antes de conseguir conquistar qualquer destas coisas, precisa,
contudo, de adquirir o hábito de não deixar nada na sua mente. E a
maneira de o fazer, como vimos, não é gerir o tempo, gerir a
informação ou gerir as prioridades. Afinal de contas:
O que faz com o seu tempo, o que faz com a informação e o que faz
com o seu corpo e a sua focalização no que respeita às suas
prioridades – são estas as verdadeiras opções onde pode alocar os
seus recursos limitados. A grande questão está na escolha das
opções adequadas sobre o que fazer em qualquer momento. A
verdadeira questão é a de como gerimos acções.
Isto pode parecer óbvio. No entanto, ficaria surpreendido se
soubesse quantas próximas acções de não sei quantos projectos e
compromissos permanecem por determinar pela maioria. É
extremamente difícil gerir acções ainda não identificadas ou por
decidir. A maior parte tem dezenas de coisas que precisa de fazer
para progredir em muitas frentes, só que ainda não sabe o que são.
E a desculpa habitual de «não tenho tempo para ___________»
(preencher o espaço em branco) é compreensível, porque muitos
projectos parecem avassaladores – e são avassaladores porque
nem sequer é capaz de fazer um projecto! Apenas pode executar
uma acção relacionada com ele. No contexto adequado, muitas
acções requerem apenas um minuto ou dois para fazer avançar um
projecto.
Normalmente, a quantidade de
algo que guarda na cabeça é
inversamente proporcional à
quantidade que está a ser feita.
* Não tudo, exactamente. Na maior parte do tempo, a minha mente encontra-se apenas a
«pastar» – reparando ou pensando em coisas, e potencialmente amadurecendo a minha
consciência de uma coisa ou outra. Não estou a anotar milhares de pensamentos que me
ocorrem durante o dia. Quase todos são completos em si mesmos. Só aponto os que criam
um «ciclo em aberto» na minha mente – um restaurante de que ouvi falar e que talvez
queira experimentar, uma ideia para possíveis conteúdos para a revisão deste livro, algo
que me ocorreu e que quero fazer à minha mulher, um pergunta que tenho de fazer ao meu
contabilista, uma coisa que tenho de comprar na loja de material informático, etc.
* Um livro excelente que aborda este assunto (e muitos outros) é Willpower: Rediscovering
the Greatest Human Strength, de Roy Baumeister e John Tierney (Penguin, 2011).
CAPÍTULO 2
Descobri que uma das principais razões pelas quais muitos têm
pouco sucesso a «conseguir organizar-se» é simplesmente porque
tentam efectuar as cinco fases ao mesmo tempo. A maioria, quando
se senta a «fazer uma lista», tenta recolher as «coisas mais
importantes» por alguma ordem que reflicta prioridades e
sequências, sem planear muitas (se é que alguma) tarefas
verdadeiras a empreender. No entanto, se não decidir o que precisa
de ser feito relativamente ao aniversário da sua assistente, porque
«não é assim tão importante» no imediato, este ciclo em aberto vai
consumir energia e impedir que se concentre total e eficazmente no
que é importante.
Este capítulo explica as cinco fases ao pormenor. Os capítulos 4
a 8 fornecem um programa passo a passo para a implementação de
um sistema infalível em cada fase, com muitos exemplos e melhores
práticas.
Recolher
Uma tarefa que fica por fazer fica por fazer em dois sítios – no
local efectivo da tarefa e dentro da sua cabeça. As tarefas
incompletas na sua cabeça consomem a energia da sua
atenção e atormentam a sua consciência.
– BRAHMA KUMARIS
As ferramentas de recolha
Integração de tecnologias
Esclarecer
O que é isto?
É susceptível de acção?
Faça, delegue ou adie. Uma vez decidida a próxima acção, tem três
opções:
Organizar
Projectos
Tudo deve ser o mais simples possível, mas não mais simples
do que isso.
– ALBERT EINSTEIN
Lixo
O lixo deve ser evidente por si mesmo. Deite fora tudo o que não
tenha potencial para uma acção no futuro ou valor como referência.
Se deixar este material misturado com outras categorias, isso irá
minar seriamente o sistema.
Incubação
• Livros a ler
• Vinhos a provar
• Receitas a fazer
• Filmes para ver
• Viagens de fim-de-semana a realizar
• Actividades a fazer com os miúdos
• Seminários a frequentar.
• Websites a visitar
Material de referência
Muitas das coisas que recebe não requerem qualquer acção mas
têm um valor intrínseco como informação. Devem ser guardadas de
forma a poder recuperá-las quando necessário. Poderão ser
armazenadas em papel ou em formato digital.
O material de papel – qualquer coisa, desde o menu de uma loja
de comida para levar situada nas redondezas até aos planos,
desenhos e informação do fornecedor para um projecto paisagístico
– é mais bem armazenado em sistemas onde possa ser fisicamente
recuperado de forma eficiente. Estes podem ser desde páginas
numa agenda anual ou um caderno de apontamentos de folhas
soltas para uma lista de restaurantes preferidos ou números de
telefone dos membros de uma comissão escolar a arquivos inteiros
dedicados à auditoria realizada para uma fusão de empresas.
Embora cada vez mais informações apareçam em formato digital, as
versões impressas continuam a ser por vezes uma forma eficaz de
as mesmas serem armazenadas ou revistas.
O armazenamento electrónico pode incluir tudo, desde a
informação de bases de dados ligada em rede até referências
específicas e pastas de arquivo localizadas no seu software de
comunicações.
O mais importante a recordar aqui é que a orientação deve ser
exactamente essa – informação fácil de consultar quando desejado.
Os sistemas de referência têm geralmente duas formas: (1)
armazenamento de acordo com temas e áreas específicos; e (2)
arquivos de referência global. Os do primeiro tipo definem-se a si
mesmos de acordo com a maneira como estão armazenados – por
exemplo, um arquivador para contratos, ordenado por data; um
arquivador só com informação confidencial sobre as remunerações
dos colaboradores; ou uma série de armários para processos legais
encerrados que podem ser necessários para consulta em futuros
julgamentos; ou uma base de dados «gestão de relações com os
clientes» para a história de clientes actuais e potenciais.
Rever
Fazer
Tempo disponível: quando é que tem de fazer outra coisa? Ter uma
reunião dentro de cinco minutos impede-o de fazer muitas acções
que requerem mais tempo.
Da última vez que foi jantar fora, o que é que inicialmente o levou a
pensar em fazê-lo? Pode ter sido uma série de coisas – o desejo de
saciar a fome, conviver com amigos, celebrar uma ocasião especial,
assinar um acordo empresarial ou aprofundar um romance. Assim
que alguma delas se transformou numa genuína inclinação para
avançar, começou a planear. A sua intenção era o seu objectivo e
isso desencadeou automaticamente o seu processo de planeamento
interno. Os seus princípios criaram os limites do seu plano.
Provavelmente, nem pensou conscientemente sobre os seus
princípios em relação a jantar fora, mas pensou dentro dos limites
estabelecidos por eles: padrões de comida e serviço, disponibilidade
financeira, conveniência e conforto, todos tiveram o seu papel. Em
qualquer caso, o seu objectivo e princípios funcionaram como o
ímpeto para definir e limitar o seu planeamento.
Uma vez decidido a cumprir o seu objectivo, quais foram os seus
primeiros pensamentos mais importantes? O mais provável é que
não tenha sido «o ponto II.A.3.b do plano». O mais certo é que as
suas primeiras ideias tenham sido «comida italiana no Giovanni's»
ou «sentado numa mesa da esplanada do Bistro Café».
Provavelmente, também imaginou um retrato positivo daquilo que
podia vir a experimentar ou naquilo em que a noite se iria tornar –
talvez as pessoas envolvidas, a atmosfera e/ou o resultado. Isso foi
a sua previsão do resultado. Enquanto o seu objectivo foi o motivo
para ir jantar fora, a sua visão foi uma imagem de o quê – do
aspecto, som e estado de espírito que melhor satisfaria o seu
objectivo no mundo material.
A partir do momento em que se identifica com a sua visão, o que
é que a sua mente começa a fazer naturalmente? Em que é que
começou a pensar? – «A que horas temos de ir?»; «Será que está
aberto hoje?»; «Será que está cheio?»; «Como é que está o
tempo?»; «Devemos mudar de roupa?»; «O automóvel tem
gasolina?»; «Temos muita fome ou pouca?». Isto foi um
brainstorming. Estas perguntas fazem parte do processo criativo
natural que acontece assim que se compromete com algum
resultado que ainda não aconteceu. O seu cérebro apercebe-se da
existência de uma diferença entre aquilo que ansiava e o sítio onde
está de facto nessa altura e começa a resolver essa «dissonância
cognitiva» tentando preencher os espaços em branco. É o início da
fase «como» do planeamento natural. Mas esse pensamento surge
de forma aleatória e ad hoc. Muitos dos diferentes aspectos de sair
para jantar simplesmente ocorreram-lhe. Certamente não necessitou
de os escrever todos num pedaço de papel, mas fez uma versão
desse processo na sua mente.*
Assim que tiver gerado um número suficiente de ideias e
pormenores, não consegue evitar começar a organizá-los. Pode ter
pensado ou dito: «Primeiro, precisamos de descobrir se o
restaurante está aberto» ou «Vamos ligar aos Anderson e ver se
eles querem ir connosco». Uma vez gerados vários pensamentos
relevantes para o resultado, a sua mente irá automaticamente
começar a ordená-los por componentes (subprojectos), prioridades
e/ou sequências de eventos. Os componentes seriam: «Precisamos
de lidar com a logística, as pessoas e a localização.» As prioridades
seriam: «É essencial saber se o cliente quer mesmo ir jantar.» As
sequências seriam: «Primeiro, precisamos de verificar se o
restaurante está aberto, depois temos de ligar aos Anderson e a
seguir temos de nos vestir.»
Nem é preciso dizê-lo, mas mesmo assim deve ser dito outra vez:
pensar de formas mais eficazes sobre projectos e situações pode
fazer as coisas acontecerem mais cedo, melhor e com mais
sucesso. Por isso, se a nossa mente é capaz de planear
naturalmente, o que podemos aprender com isso? Como é que
podemos utilizar esse modelo para facilitar a obtenção de mais e
melhores resultados quando pensamos?
Vamos examinar cada uma das cinco fases do planeamento
natural e ver como é que podemos conquistar vantagens
estratégicas a partir desses contextos.
Objectivo
• Define o sucesso.
• Cria critérios para a tomada de decisão.
• Alinha recursos.
• Motiva.
• Clarifica a focalização.
• Expande as opções.
Motiva: sejamos francos, sem uma boa razão para fazer algo não
vale a pena fazê-lo. Muitas vezes fico estupefacto com a quantidade
de pessoas que se esqueceram do porquê daquilo que estão a fazer
– e de como uma simples pergunta como «Por que é que está a
fazer isso?» pode voltar a pô-las no bom caminho.
Princípios
Os seus padrões e valores também são importantes como critérios
fundamentais para conduzir e dirigir um projecto. Embora raramente
sejam pensados de forma consciente, estão lá sempre. E se forem
violados, resultam em inevitável distracção e stress improdutivos.
Visão/Resultado
O poder da focalização
Clarificar os resultados
Brainstorming
Cognição distribuída
As chaves do brainstorming
Não julgue, não desafie, não avalie, não critique: é fácil o modelo de
planeamento não natural mostrar a sua «cara feia» no
brainstorming, fazendo que as pessoas se lancem em avaliações
prematuras e critiquem ideias. Se dá importância, mesmo que
ligeira, àquilo que um crítico pensa, censurará o seu processo
expressivo por andar à procura da coisa «certa» para dizer. Existe
uma distinção muito subtil entre manter o brainstorming dentro do
tema e reprimir o processo criativo. Também é importante que o
brainstorming seja colocado no contexto geral do processo de
planeamento porque, se pensar fazê-lo apenas porque sim, poderá
parecer banal e inapropriadamente fora do tema. Se, em vez disso,
o conseguir entender como algo que está a fazer neste momento,
durante um certo tempo, antes de avançar para uma solução final,
vai sentir-se mais confortável, dando a esta parte do processo o
valor devido.
Organização
Os fundamentos da organização
As etapas-chave são:
Próximas acções
Os fundamentos
Criar o espaço
Um escritório no trânsito
Papel liso
A impressora de etiquetas
Pastas de arquivo
Agenda
Cestos do lixo/reciclagem
Se for como a maioria, acabará por deitar fora mais do que estava à
espera; por isso, prepare-se para fazer um monte de lixo
considerável. Alguns executivos de quem fui coach consideraram
por bem arranjar um grande caixote para colocar à porta do seu
escritório no dia em que trabalhámos juntos.
Limpe os seus arquivos pelo menos uma vez por ano: limpar os
arquivos com regularidade impede que os mesmos se
desactualizem e pareçam um buraco negro. Além disso, dá-lhe
também a liberdade de guardar qualquer coisa quando lhe apetecer
«no caso de precisar». De qualquer forma, sabe que tudo será
reavaliado dentro de alguns meses e que poderá voltar a decidir
então o que vale a pena ou não guardar. Isto aplica-se igualmente a
referências em papel ou em formato digital. Como já disse, costumo
limpar os meus ficheiros quando me deixam à espera ao telefone
(ou quando estou a matar o tempo numa teleconferência que se
arrasta interminavelmente!).
Colocar num único local, de uma só vez, todas as coisas que não
pertencem onde estão pode ser intimidador. Pode até parecer um
pouco contra-intuitivo porque, em grande parte, a maioria dessas
coisas não era, e não é, «assim tão importante»; é por isso que
ainda estão espalhadas. Quando decidiu não era urgente e,
provavelmente, não veio mal algum ao mundo até agora por
ninguém ainda ter tratado disso. Estamos a falar do cartão-de-visita
guardado na sua carteira e que pertence a alguém que pretendia
contactar um dia. Estamos a falar do pequeno equipamento
electrónico ao qual falta uma peça arrumado na última gaveta da
sua secretária. Estamos a falar da impressora que passa a vida a
dizer a si mesmo que irá mudar para um local melhor no seu
escritório. Este é o estilo de coisas que o chateiam, mas que ainda
não decidiu se deve lidar com elas ou retirá-las definitivamente da
sua lista de ciclos em aberto. No entanto, pelo facto de pensar que
ainda podem ser importantes, deixa que esses «assuntos» o
controlem e consumam mais energia psicológica do que realmente
merecem. Não se esqueça que só se sentirá bem em relação ao
que não está a fazer quando souber o que não está a fazer.
Chegou a altura de começar. Pegue no seu tabuleiro de entrada
e numa mão-cheia de papel em branco para as suas notas e...
... partida!
Recolha física
• Provisões.
• Material de referência.
• Decoração.
• Equipamento.
Gavetas da secretária
O próximo passo são as gavetas da secretária – se as tiver – uma
de cada vez. Há alguma coisa que lhe salte à vista? Alguns itens
implicam alguma acção? Alguma coisa que não lhe pertença? Se a
resposta a alguma destas perguntas for «sim», coloque o item em
questão no tabuleiro de entrada ou escreva uma nota. Mais uma
vez, aproveitar para limpar e organizar as gavetas ou escrever
apenas uma nota para o fazer depois irá depender da quantidade de
tempo de que dispõe e da quantidade de coisas que tem lá dentro.
Estantes
Olhe agora para o interior dos armários. O que está lá dentro? Estas
são as áreas perfeitas para esconder grandes quantidades de
provisões e materiais de referência, sendo igualmente tentadoras
para guardar outro tipo de materiais. Tem lá dentro algumas coisas
partidas ou fora de prazo? Muitas vezes encontro objectos antigos e
recordações que já nada dizem aos meus clientes. Por exemplo,
havia um director-geral de uma agência de seguros que acabou por
deitar fora um pequeno contentor cheio de prémios de
«reconhecimento» que acumulara ao longo dos anos.
Mais uma vez, se algumas destas áreas estiverem fora de
controlo e necessitarem de limpeza e organização, escreva uma
nota e coloque-a no tabuleiro de entrada.
Outros locais
Profissionais / trabalho
O inventário de entrada
Quando tudo isto estiver feito, estará pronto para o próximo passo.
Não deixe tudo no tabuleiro de entrada durante um período de
tempo indefinido, porque certamente voltará a insinuar-se na sua
mente, pois esta saberá que não está a lidar com o assunto. Como
é óbvio, um dos principais factores de resistência à recolha de
material para o tabuleiro de entrada é a falta de uma boa
metodologia de processamento e organização.
Isto leva-nos ao próximo capítulo sobre processar e esvaziar o
tabuleiro de entrada.
-
* Se já tiver implementado alguma versão da metodologia GTD e possuir listas de acções e
projectos para organizar mas cujo conteúdo já não for actual e suficientemente activo, é
aconselhável imprimi-los e colocá-los no tabuleiro de entrada para os utilizar novamente,
começando de novo. Não quer reformular uma nova versão do seu sistema devido a
material desactualizado.
* A acumulação obsessiva-compulsiva é outra questão, e uma perturbação para ser tratada
fora do âmbito desta metodologia e da minha área de conhecimento.
* Muitas pessoas (mesmo as mais orientadas para a alta tecnologia), depois de
experimentarem o valor de escrever um pensamento num pedaço de papel, tornam esse
gesto parte integrante da sua prática permanente de gestão pessoal. É gratificante dar o
devido valor às suas ideias potencialmente importantes!
CAPÍTULO 6
UEPS ou PEPS?
• Lixo.
• Assuntos para incubar.
• Material de referência.
Lixo
O resultado do excesso de
informação cria o mesmo efeito
que a ausência de informação:
não tem aquilo que quer, quando
quer e da forma que precisa.
Incubar
Referência
• Limpar a garagem.
• Tratar dos impostos.
• Conferência a que vou.
• Aniversário do Bobby.
• Press release.
• Análises de desempenho.
• Alterações na gestão.
Embora cada um destes itens possa parecer relativamente claro
como tarefa ou projecto, determinar a próxima acção em cada um
deles obrigará a alguma reflexão.
• Limpar a garagem:
Então e...
E para a...
Faça-a
Se a próxima acção puder ser feita em dois minutos ou menos, faça-
a assim que pegar no assunto. Se o memorando requer apenas
uma leitura de 30 segundos e uma resposta rápida
«sim»/«não»/outra num post-it devolvido ao emissor, faça-o agora.
Se consegue folhear o catálogo num minuto ou dois para descobrir
se há alguma coisa interessante, folheie-o imediatamente e depois
deite-o fora, determine o seu destino ou referencie-o como é
requerido. Se a próxima acção a fazer for deixar uma mensagem
rápida no voice mail de alguém, faça o telefonema de imediato.
Mesmo que o item não seja de «elevada prioridade», faça agora
ou nunca irá fazê-lo. A fundamentação lógica da regra dos dois
minutos é que se trata, mais ou menos, do ponto a partir do qual
começa a demorar mais tempo guardar e manter o rasto de um item
do que lidar logo com ele na primeira vez em que está nas suas
mãos – por outras palavras, é o limite da eficiência. Se algo não for
suficientemente importante para ser feito, deite-o fora. Se for, e se o
vai fazer algum dia, deve entrar em jogo o factor eficiência.
Delegue
Adie-a
As categorias básicas
Assim que souber aquilo que não quer perder de vista (abordado no
capítulo anterior, em Processar), só precisa de listas e pastas para
materiais de referência e de apoio. As suas listas (que, tal como já
referi, podem ser itens em pastas) irão mantê-lo a par dos projectos
e dos «Algum dia/Talvez», assim como das acções que terá de
realizar em relação aos seus ciclos activos em aberto. As pastas
(digitais ou de papel) serão necessárias para guardar o seu material
de referência e a informação de apoio para os projectos activos.
• Telefonemas.
• No computador.
• Recados.
• No escritório (diversos).
• Em casa.
• Em qualquer lado.
• Planos de trabalho (para pessoas e reuniões).
• Ler/Rever.
Mantenha os e-mails e os
documentos que requerem uma
acção mais imediata separados
de tudo o resto.
Mais uma vez, esvaziar a caixa de entrada não quer dizer que já
esteja tudo tratado. Significa que APAGOU o que pôde, ARQUIVOU
aquilo que queria guardar e não o obriga a agir, EFECTUOU as
respostas inferiores a dois minutos e passou para os seus arquivos
de alerta todas as coisas de que está à espera e todos os seus e-
mails que impliquem acção. Agora poderá abrir o arquivo «@ACÇÃO»
e rever os e-mails que seleccionou para dedicar mais tempo. É ou
não um processo mais fácil de lidar do que «andar às apalpadelas»
em múltiplas janelas, temendo a todo o momento que lhe escape
qualquer coisa que lhe pode rebentar nas mãos?
• Actividades em curso
• Interesses e compromissos de horizonte superior
• Problemas, questões e oportunidades actuais
• Problemas
• Melhorias de processos
• Oportunidades de desenvolvimento criativo e de capacidades
Quando é que um problema é um projecto? Sempre. Quando
avalia e define uma coisa como um problema e não como algo
natural que deve simplesmente aceitar, está a pressupor que existe
uma solução potencial. Se essa solução existe ou não é algo que
poderá ainda ter de ser determinado. Mas no mínimo terá de fazer
alguma pesquisa para ficar a saber. «Procurar melhorar relação de
Frederick com a escola», «Resolver situação com senhorio e
manutenção do prédio» e «Resolver conflito de compensações com
sócio da empresa» são o tipo de projectos muito concretos que
poderá resistir a definir como tal. Depois de efectivamente lhes dar
um nome, de os colocar na sua lista e de criar uma próxima acção
para os mesmos, surpreender-se-á com um novo nível de elegância
no jogo da produtividade sem stress.
Invariavelmente, existem também projectos escondidos entre os
seus processos administrativos, de manutenção e fluxo de trabalho
– tanto na área profissional como na área pessoal. De que é que
anda a queixar-se relativamente aos seus sistemas ou apenas ao
modo como as coisas estão a ser feitas (ou não)? Existe alguma
coisa frustrante nos seus procedimentos de arquivamento,
armazenamento, comunicações, contratações, acompanhamento ou
conservação de registos? É preciso melhorar alguma coisa nos seus
processos pessoais ou profissionais relacionados com relatórios de
despesas, transacções bancárias ou investimento? Como é que se
mantém em contacto com os amigos e a família? Existem também
tipos de projectos que muitas vezes se tornam projectos
sorrateiramente – é difícil perceber quando atravessam a linha entre
o ligeiramente irritante e o verdadeiramente incómodo (ou
inspirador) mas que merecem ser tratados.
Por fim, poderão muito bem existir coisas que gostaria de
aprender ou experimentar para melhorar o seu próprio
desenvolvimento ou expressão criativa. Gostaria de aprender a
desenhar ou a fazer cozinha italiana? Tem andado a convencer-se
de que seria óptimo tirar um curso online de fotografia digital ou
marketing de redes sociais? Muitos destes tipos de projectos
«gostaria de» poderiam permanecer sem problemas na sua lista
«Algum dia/Talvez». Mas à medida que se for familiarizando com a
eficácia de Fazer Bem as Coisas, quererá tirar partido da
metodologia para incorporar com maior facilidade experiências
novas, interessantes e úteis na sua vida, definindo os resultados
pretendidos para as mesmas na sua lista de «Projectos».
A quantidade certa de
complexidade é aquela que cria a
simplicidade ideal.
Arquivos de papel: ter uma pasta de arquivo para cada projecto faz
todo o sentido quando acumula materiais em papel; pode ser de
baixa qualidade, mas mesmo assim é uma solução eficiente. O
manuseamento fácil e simples favorece um bom sistema de arquivo
de referência global – deixando-o à vontade para criar uma pasta
para anotações em papel de uma reunião. Às vezes é mais fácil
rever e ter acesso no momento a informações relacionadas com
projectos para sessões e conversas de planeamento usando uma
pasta física do que tentar utilizar os suportes digitais. Eu costumo
imprimir todos os itens potencialmente úteis relacionados com o
projecto – folhas de cálculo, planos de trabalho, e-mails, páginas da
Web, etc. – para os ter à mão como referência para esse tipo de
interacções.
Páginas em blocos de apontamentos: uma grande vantagem dos
blocos de apontamentos de papel com folhas soltas é poder dedicar
uma página inteira ou um conjunto delas a um projecto individual.
Durante anos, mantive um bloco de apontamentos de média
dimensão com uma lista de «Projectos» na frente e uma secção
«Apoio de projecto» no verso, no qual tinha sempre algumas
páginas em branco para apontar quaisquer pensamentos casuais,
planos ou detalhes sobre projectos da minha lista. Embora os
componentes em papel do sistema pessoal estejam a substituir,
cada vez mais, os seus equivalentes digitais, o modelo «bloco de
apontamentos» continua a ser útil, sustentando uma plataforma
mais integrada e multifacetada para um pensamento bem orientado.
Cada um dos métodos atrás descritos pode ser eficaz na
organização dos pensamentos sobre um projecto. O essencial é que
tem de estar sempre à procura das medidas de acção inerentes nas
suas notas de projecto e rever as notas tantas vezes quantas achar
necessário, tendo em atenção a natureza do projecto.
Também quererá deitar fora muitos dos seus apontamentos que
se tornaram inactivos, irreais ou redundantes, para impedir que todo
o sistema apanhe o «vírus da caducidade». Tenho achado muito útil
recolher este tipo de pensamentos, mais pelo modo como me
ajudam a reflectir do que pelas ideias que poderei aproveitar (quase
nenhuma!). Mas procuro evitar que as minhas ideias antigas
permaneçam no sistema durante muito tempo, passando por úteis
quando, na verdade, não o são.
Materiais de referência
Algum dia/Talvez
A segunda coisa a tratar no seu sistema de organização é o modo
como manter o conhecimento das coisas que poderá querer
reavaliar novamente no futuro. Estas podem ir desde uma viagem
especial que queira efectuar um dia a livros que pretenda ler, a
projectos aos quais se poderá dedicar no próximo ano fiscal, até
competências e talentos que esteja a pensar vir a desenvolver. Para
uma implementação completa deste modelo irá necessitar de algum
componente do género «baixa prioridade» ou «em espera».
A sua agenda pode ser um local muito útil para colocar lembretes de
coisas que talvez queira ponderar fazer no futuro. A maioria
daqueles de quem fui coach não estava, nem de perto nem de
longe, tão à vontade com as suas agendas como deveriam; caso
contrário, provavelmente teriam mais coisas para lá colocar.
Um dos três usos de uma agenda reside na informação
específica do dia. Esta categoria pode incluir um vasto número de
assuntos, mas uma das maneiras mais produtivas de utilizar esta
função é registar coisas que quer retirar da sua cabeça e reavaliar
numa data posterior. Aqui ficam alguns dos inúmeros assuntos que
poderá introduzir:
• Contratar/despedir.
• Fusão/aquisição/venda/desinvestimento.
• Mudar de emprego/carreira.
• Potencial reorientação de estratégia.
Uma forma elegante de gerir assuntos que não implicam uma acção
no momento mas que poderão precisar de uma acção no futuro é
através do arquivo de «coisas a fazer». Como uma versão
tridimensional de uma agenda, permite-lhe guardar lembretes físicos
de coisas que quer ver ou das quais se quer lembrar – não agora
mas no futuro. Pode ser uma ferramenta extremamente prática,
permitindo-lhe criar o seu próprio serviço de correio e «enviar»
coisas para si mesmo numa data determinada. Há anos que uso um
arquivo de «coisas a fazer». Embora a tecnologia tenha facilitado a
digitalização deste tipo de lembretes em software e dispositivos de
acesso móveis, é possível que para si muitas coisas continuem a
ser mais fáceis de gerir com esta forma de baixa tecnologia. A
promessa de uma gestão digital deste tipo de assuntos avança
incessantemente, mas muitas coisas no meu sistema pessoal
continuam a ser mais bem geridas com o recurso a lembretes
físicos.
Fundamentalmente, este arquivo é um sistema simples de pastas
de arquivo que lhe permite distribuir papéis e outros lembretes
físicos de maneira a que qualquer coisa que queira ver numa data
futura específica lhe surja «automaticamente» nesse dia, no seu
tabuleiro de entrada.
Se tiver um assistente, pode encarregá-lo de pelo menos parte
dessa tarefa, assumindo que ele tem algum tipo de versão funcional
do mesmo ou um sistema semelhante. Exemplos comuns poderão
ser:
• Objectivos de carreira.
• Serviço público.
• Família.
• Relações.
• Comunidade.
• Saúde e energia.
• Recursos financeiros.
• Expressão criativa.
• Moral da equipa.
• Processos.
• Calendarizações.
• Assuntos de pessoal.
• Carga de trabalho.
• Comunicação.
• Tecnologia
A capacidade e a vontade de
fazer instantaneamente uma lista
de verificação, sempre acessível
e pronta a ser usada quando
necessário, é uma componente
central para uma elevada
capacidade de gestão pessoal.
Houve alturas em que precisei de fazer uma lista das áreas com
que tinha de lidar, temporariamente, até as coisas ficarem sob
controlo. Por exemplo, quando eu e a minha mulher decidimos criar
uma estrutura completamente nova para um negócio com o qual
estávamos envolvidos há vários anos, assumi áreas de
responsabilidade com as quais nunca tivera de lidar antes –
nomeadamente, contabilidade, informática, marketing, jurídica e
administrativa. Durante vários meses, precisei de manter à minha
frente uma lista de verificação dessas responsabilidades, para me
certificar de que estava a «preencher os espaços em branco» em
todo o lado e de que geria a transição o melhor que podia. Depois
de a empresa começar a entrar em «piloto automático», deixei de
precisar dessa lista.
Se for como eu, e a maioria das outras pessoas, por melhores que
sejam as suas intenções o mundo avançará para si mais depressa
do que é capaz de aguentar. Para muitos, parece que é da nossa
natureza estarmos constantemente a envolver-nos em mais do que
aquilo que somos capazes de aguentar. Marcamos reuniões umas a
seguir às outras durante todo o dia, vamos a eventos depois da hora
de expediente que servem para criar ideias e compromissos com os
quais temos de lidar e deixamo-nos envolver em acordos e projectos
que têm o potencial de pôr a nossa inteligência criativa a rodopiar.
Esse turbilhão de actividade é precisamente o que torna tão
valiosa a Revisão Semanal. Inclui algum tempo para captação,
reavaliação e reprocessamento de maneira a manter o seu
equilíbrio. Pura e simplesmente não é possível fazer esta
reorganização necessária durante o seu trabalho diário.
Clarifique
Actualize
Seja criativo
1) Contexto.
2) Tempo disponível.
3) Energia disponível.
4) Prioridade.
Contexto
Tempo disponível
Energia disponível
Prioridade
• Horizonte 5: Vida
• Horizonte 4: Visões a logo prazo
• Horizonte 3: Metas de um ou dois anos
• Horizonte 2: Áreas de atenção e responsabilidade
• Horizonte 1: Projectos em curso
• Solo: Acções em curso
Ou, na outra direcção, decidiu que quer ser o seu próprio chefe e
liberta algumas das suas qualidades e talentos únicos em relação a
uma área concreta que tenha que ver consigo (vida). Deste modo,
cria a sua própria empresa (visão), com alguns objectivos
operacionais determinantes de curto prazo (objectivo de carreira).
Com isso, passa a ter funções essenciais que precisa de cumprir
para manter tudo a funcionar (responsabilidade), com alguns
resultados imediatos a alcançar (projectos). Em cada um destes
projectos terá coisas que precisa de fazer, o mais rápido possível
(próximas acções).
A abordagem mais saudável para um controlo descontraído e
uma produtividade inspirada é gerir todos os níveis de forma
equilibrada. Em qualquer um dos níveis é fundamental identificar
todos os ciclos em aberto, todos os «incompletos» e todos os
compromissos que poderá ter no momento, da melhor forma que
puder. Todos eles emanam, de modo consciente ou não, dos
estímulos e energias destes vários níveis dentro de si. Sem uma
aceitação e uma avaliação objectiva do que é verdadeiro no
presente, e sem se sentir seguro de que consegue gerir aquilo que
criou, é sempre difícil partir para novas paragens. O que está no seu
e-mail? Quais são os projectos que precisa de iniciar ou concluir
com os seus filhos? De que é que precisa tratar nas suas funções
actuais no escritório? O que está a incitá-lo a mudar ou a criar nos
próximos meses ou anos? Estes ciclos estão todos em aberto na
sua cabeça, embora muitas vezes sejam necessários processos
mais profundos e introspectivos para identificar os objectivos
maiores e as inclinações mais subtis.
É mágico viver a sua vida no presente. Fico sempre surpreendido
com o poder de uma mera observação clara do que se está a
passar, do que é verdade. Descobrir os pormenores exactos das
suas finanças pessoais, clarificar a informação histórica sobre a
empresa que está a comprar ou conhecer os factos sobre quem
realmente disse o quê a quem num conflito interpessoal pode ser
construtivo, se não absolutamente reparador.
O melhor local para ter sucesso é onde está com aquilo que
tem.
– CHARLES SCHWAB
Não perca qualquer ideia sobre projectos que possa vir a ser
potencialmente útil. É frequente pensar em algo que não quer
esquecer quando está num local que nada tem que ver com o
projecto. Vai a conduzir até à loja, por exemplo, e pensa numa
óptima forma para começar a próxima reunião de pessoal. Ou está
na cozinha a mexer o molho do esparguete e ocorre-lhe que talvez
queira oferecer umas bonitas pastas aos participantes da próxima
assembleia. Ou está a ver as notícias da noite quando, subitamente,
se lembra de outra pessoa fundamental para incluir no conselho
consultivo que está a formar.
Embora não sendo especificamente próximas acções que
possam ir directamente para as suas listas, ainda assim tem de as
registar e organizar num local onde faça sentido. Como é óbvio, o
seu sistema de recolha contém as ferramentas fundamentais para
assegurar que nada se perde – o tabuleiro de entrada, blocos e
papel (ou o equivalente) no trabalho e em casa e numa versão
portátil (fichas de arquivo) quando está fora. Precisa de guardar
todas as suas ideias até decidir mais tarde o que fazer com elas.
Instrumentos de escrita
Papel e blocos
Como é que sei o que estou a pensar até ouvir o que digo?
– E. M. FORSTER
As estruturas de apoio
Ferramentas de software
O benefício pessoal
Os sentimentos de ansiedade e
de culpa não surgem por ter muito
que fazer, mas são o resultado
automático de não cumprir os
compromissos consigo próprio.
Como é que evita quebrar os compromissos para consigo
próprio?
Provavelmente, soube muito bem pegar num monte dos seus velhos
assuntos, decidir que não ia fazer nada com eles e deitar tudo para
o lixo. Uma forma de lidar com algo incompleto no seu mundo é
simplesmente dizer «não»!
Ficaria muito mais tranquilo se se limitasse a reduzir os seus
padrões. Se não se importasse tanto de fazer elevar as coisas até
um determinado nível – a sua condição de progenitor, o seu sistema
escolar, o moral da sua equipa, o código do software – teria menos
coisas para fazer.*
Duvido de que vá reduzir os seus padrões. Mas assim que
perceber realmente o que isso significa, provavelmente passará a
assumir menos compromissos. Comigo foi assim. Costumava
assumir muitos, apenas para conseguir a aprovação dos outros.
Quando compreendi o preço que pagava no final por não manter
esses compromissos, tornei-me muito mais consciente com aqueles
que assumia. Um quadro de topo do sector dos seguros com quem
trabalhei descreveu assim o maior benefício que retirou por
implementar este sistema: «Antes, dizia a todos “Claro, eu faço
isso”, porque não sabia o quanto tinha para fazer. Agora que tenho o
inventário claro e completo, para manter a minha integridade fui
obrigado a dizer: “Não, não posso fazer isso, lamento.” O mais
incrível é que, em vez de ficarem perturbados com a minha recusa,
todos ficaram impressionados com a minha disciplina!»
Cumpra o compromisso
Vai sentir-se melhor recolhendo tudo aquilo que ainda não recolheu.
Vai sentir-se melhor quando disser a si próprio «Ah, é verdade,
preciso de comprar manteiga da próxima vez que for à loja» e
escrever isso na lista da mercearia. Vai sentir-se melhor quando se
lembrar «Tenho de ligar ao meu gestor de conta por causa do fundo
fiduciário» e escrever isso algures, sabendo que o irá ver da
próxima vez que pegar no telefone. Mas a diferença será grande
quando souber que tem tudo.
Quando é que saberá o que ainda resta na sua mente para
recolher? Somente quando não houver mais nada. Se alguma parte
de si estiver consciente, mesmo que de uma forma vaga, que não
tem tudo, não poderá saber verdadeiramente qual a percentagem já
recolhida. Como é que sabe quando é que não falta nada? Quando
já não lhe aparecer mais nada como lembrete na sua cabeça.
Isto não significa que a sua mente fique vazia. Se estiver
consciente, a sua mente estará sempre concentrada em alguma
coisa. Mas se estiver focalizado em apenas uma coisa de cada vez,
sem distracções, estará a funcionar de forma eficiente.
Sugiro que utilize a sua mente para pensar sobre coisas em vez
de pensar nelas. Quer acrescentar valor quando pensa sobre
projectos e pessoas e não apenas lembrar-se de que existem. Para
se aperceber na totalidade desse lugar mais produtivo, precisa de o
captar na totalidade. É preciso focalização e uma mudança de
hábitos para aprender a reconhecer e a fazer download até dos
mais pequenos compromissos que assume consigo logo que
surgem na sua mente. Cumprir o processo de recolha tão bem
quanto puder e o mais completamente possível e depois incorporar
o hábito de captar todas as coisas novas à medida que vão surgindo
será muito mais fortalecedor e produtivo do que possa imaginar.
Isto não significa que todos tenham de fazer tudo. Espero ter
descrito uma forma de nos relacionarmos com o nosso mundo
relativamente novo dependente do conhecimento, onde há espaço
para todos terem muito mais para fazer do que aquilo que
conseguem fazer. O fundamental é facilitar um processo de
renegociação constante com todos os envolvidos, para que se
sintam bem com o que não estão a fazer. Isto é verdadeiro trabalho
de conhecimento, a um nível mais sofisticado. No entanto, há pouca
esperança de lá chegar se não pusermos em funcionamento uma
série de sistemas «à prova de bala». Lembre-se, não pode
renegociar um compromisso consigo mesmo se não se lembrar de o
ter assumido. E, seguramente, não pode renegociar compromissos
com pessoas das quais perdeu o rasto.
Quando grupos adoptam colectivamente o padrão de recolha a
cem por cento, ficam com um barco firme para navegar. Não quer
isto dizer que estejam a navegar no rumo certo ou mesmo que
estejam no barco adequado; significa apenas que o barco no qual
se encontram, com o rumo que leva, está a utilizar a energia mais
eficiente ao seu dispor.
-
* Tem sido um conceito popular no mundo da auto-ajuda o de que a focalização nos
valores simplificará a sua vida. Eu defendo o oposto: a enorme quantidade de coisas que
as pessoas têm para fazer deriva dos seus valores. Os valores são elementos decisivos
para o significado e a direcção. Mas não se engane – quanto mais se concentra neles,
mais provável é que sinta a responsabilidade de ter de aceitar mais coisas. Os seus
valores podem facilitar-lhe a tomada de decisão, mas não pense que lhe vão tornar as
coisas mais simples.
CAPÍTULO 12
A origem da técnica
Como é que algo tão simples pode ser tão poderoso – «Qual é a
próxima acção?», pergunto.
Para ajudar a responder a esta pergunta, convido-o a reler por
um instante a sua lista de limpeza da mente (ver Capítulo 5). Ou,
pelo menos, pense em todos os projectos que provavelmente tem
na sua cabeça. Tem a sensação de que não têm avançado com a
consistência e produtividade que deviam? Provavelmente admitirá
que sim, de facto alguns deles estão um pouco «encalhados».
Se não tem a certeza se precisa de fazer um telefonema, enviar
um e-mail, procurar algo ou comprar um artigo na loja como a
próxima coisa a fazer para avançar, é porque não está a conseguir
fazer bem as coisas. O irónico é que precisaria apenas de pensar
durante dez segundos para perceber qual a próxima acção para
quase tudo o que tem na sua lista. Mas são esses dez segundos de
pensamento que a maioria não usa em relação à maior parte dos
itens na sua lista.
Por exemplo, um cliente tem qualquer coisa como «pneus» numa
lista.
Então, pergunto-lhe: «O que é que isso quer dizer?»
Ao que ele responde: «Bem, preciso de pneus novos para o meu
automóvel.»
«Qual é então a próxima acção?»
Nesse momento, o cliente habitualmente franze a testa, pondera
durante alguns instantes e expressa a sua conclusão: «Bem, preciso
de ver na Internet lojas de pneus para saber preços.»
É esse o tempo necessário para decidir o que significa «fazer»
em quase todas as situações. São apenas os poucos segundos de
concentração que a maioria ainda não teve em relação à maior
parte das suas coisas.
Provavelmente é verdade que alguém que precisa de pneus para
o automóvel já ande a pensar nisso há muito tempo. É também
provável que tenha estado ao telefone centenas de vezes,
frequentemente com tempo e/ou energia só para esse tal
telefonema. Por que motivo não o fez? Porque, no seu estado de
espírito, a última coisa no mundo que lhe apeteceu fazer foi pensar
em todos os seus projectos, incluindo comprar pneus, e em quais
seriam as suas próximas acções. Nessas alturas, nem sequer lhe
apetecia pensar.
Precisava era de ter definido essas coisas antes. Se tiver
completado o pensamento sobre a próxima acção, então, quando
lhe sobrarem 15 minutos antes de uma reunião, com um telefone
perto de si e a sua energia em 4,2 num total de dez, poderá olhar
para a lista de opções de coisas a fazer e ficar contente por lá
encontrar «Ligar para a loja de pneus para saber preços». «Isto é
uma coisa que posso fazer e completar com êxito!», pensará e
ficará motivado para fazer a chamada, só para sentir a «vitória» de
completar alguma coisa útil dentro da janela de tempo e energia de
que dispõe. Neste contexto, seria incapaz de começar a delinear
uma grande proposta para um cliente; porém, tem recursos
suficientes para marcar números de telefone e obter, rapidamente,
uma informação simples. É muito provável que, a dada altura, olhe
para o novo conjunto de pneus do seu automóvel e se sinta no topo
do mundo.
Simplificação inteligente
Clareza
Responsabilização
O lado negro das «culturas colaborativas» é a alergia que têm a
atribuir responsabilidade. Infelizmente, «minha ou tua?» não faz
parte do vocabulário comum de muitas dessas empresas. Há a
sensação de que seria indelicado. «Estamos todos juntos nisto» é
um sentimento digno, embora raramente seja uma realidade no
difícil dia-a-dia do mundo do trabalho. Muitas reuniões terminam
com a vaga sensação entre os intervenientes de que alguma coisa
devia acontecer e a esperança em cada um deles de que não seja
tarefa sua fazê-lo.
Na minha maneira de ver, o que é verdadeiramente indelicado é
deixar que as pessoas terminem as discussões sem clarificar as
coisas. A verdadeira «coesão» de um grupo reflecte-se na
responsabilidade que todos assumem em definir o que deve ser
feito e em designar as pessoas específicas para o fazer, de modo
que todos fiquem livres da angústia das acções ainda por decidir.
Mais uma vez, se já passou por isto sabe do que estou a falar. Se
não, faça o teste – arrisque um pouco e pergunte «Então qual é a
próxima acção?» no final da discussão de cada ponto na sua
próxima reunião de pessoal ou na sua próxima «conversa familiar»
durante o jantar.
Produtividade
A produtividade só melhorará
quando os indivíduos
aumentarem a sua capacidade de
resposta operacional. E, no
trabalho do conhecimento, isso
significa clarificar as acções na
etapa inicial em vez de as deixar
para o fim.
Empowerment
Uma visão sem uma tarefa não é mais do que um sonho, uma
tarefa sem uma visão é trabalho penoso, uma visão e uma
tarefa são a esperança do mundo.
– DE UMA IGREJA EM SUSSEX, INGLATERRA, POR VOLTA DE 1730
• Psicologia positiva
• Cognição distribuída: a importância de um cérebro exterior
• Aliviar a carga cognitiva dos «incompletos»
• Teoria do fluxo
• Teoria da autoliderança
• Implementação de objectivos e as «intenções de
implementação»
• Capital psicológico
Foram realizados vários estudos no início desde século pelo Dr. Roy
Baumeister et al. para determinar os efeitos sobre a consciência de
itens incompletos – objectivos, projectos, resultados, etc. que
foram definidos mas que ainda não foram cumpridos. As suas
conclusões confirmam apenas o que eu tenho verificado há
décadas: as tarefas incompletas ocupam espaço na mente,
reduzindo a clareza e a concentração*.
Mas curiosamente, e na linha das práticas de Fazer Bem as
Coisas, Baumeister demonstrou também que a conclusão desses
pontos não é necessária para aliviar o fardo sobre a mente. É
necessário um plano de confiança, que garanta o seu cumprimento
futuro*.
No modelo de Baumeister, a simples definição de uma próxima
acção para satisfazer um compromisso é um resultado final e
suficiente do «planeamento» – desde que o estímulo ou lembrete
esteja guardado num lugar que sabemos que iremos consultar
dentro de um espaço de tempo razoável. O meu pensamento e
modelo foram largamente citados no seu excelente livro Willpower,
que os situa no rico contexto da gestão do «músculo» mental que
temos de usar continuamente, sobretudo no trabalho de
conhecimento*.
A teoria do fluxo
Um dos conceitos mais populares neste campo, e que tem sido
frequentemente associado a Fazer Bem as Coisas, é a ideia de
«fluxo» – o estado de desempenho e envolvimento ideais. O fluxo é
o que os atletas descrevem como estar «na zona», podendo ser
equiparado à ideia de «mente como água», que apresentei no
primeiro capítulo.
A experiência do fluxo caracteriza-se por vários elementos
distintos, muitos dos quais já implementados pelo método de Fazer
Bem as Coisas. Para sentir o estado de fluxo, é necessário que as
suas competências numa determinada tarefa correspondam ao
desafio que enfrenta. Se o desafio estiver acima do seu nível de
competências, sentirá ansiedade, e se as suas competências
estiverem acima daquelas que são exigidas pelo desafio, muito
provavelmente sentir-se-á entediado durante a actividade*. O fluxo é
normalmente acompanhado da concentração total na tarefa
designada, de uma sensação de controlo e de uma visão clara dos
objectivos pretendidos. Os indivíduos em estado de fluxo têm uma
ideia clara daquilo que vem a seguir e recebem feedback imediato
durante a tarefa. Sentem também uma fusão de acção e
concentração, durante a qual perdem não só a consciência de si
mesmos mas também a sua noção de tempo. Normalmente sentem-
se intrinsecamente motivados, realizando uma actividade por ela
própria e não por uma recompensa externa. Os que se encontram
em estado de fluxo estão quase sempre num nível ideal de
desempenho e completamente absortos no que estão a fazer.
Depois de experimentarem o estado de fluxo, as pessoas sentem-se
muitas vezes impelidas a repetir as actividades que lhes
proporcionaram essa experiência.
A teoria da autoliderança
Capital psicológico
A boa notícia é que é tão fácil voltar a entrar na sua rotina produtiva
como poderá ter sido sair dela. Basta voltar às regras básicas:
pegue numa caneta e num papel e volte a esvaziar a mente; faça
uma limpeza das suas listas de acções e projectos; identifique e
acrescente novos projectos e próximas acções para actualizar as
suas listas; arrume o que poderá ter saído do seu sistema.
Este ciclo de sair e voltar a entrar nos carris acontece a quase
toda a gente – sobretudo durante este primeiro nível de dominar as
regras básicas do jogo. Segundo a minha experiência, poderá
precisar de dois anos para integrar completamente esta fase da
prática no seu estilo de vida e trabalho, e para a manter de forma
regular.
Outra boa notícia é que mesmo que uma pessoa tenha extraído
apenas alguns conceitos deste material, ou não tenha implementado
o sistema de forma regular, este pode trazer melhorias assinaláveis.
Se adoptou nada mais do que a regra dos dois minutos, esta valerá
o seu peso em ouro. Se põe por escrito apenas mais algumas
coisas que estavam na sua mente do que as que costumava anotar
anteriormente, dormirá melhor. Se esvaziar o seu e-mail pelo menos
de vez em quando, terá uma boa razão para festejar. E se agora
pergunta «Qual é a próxima acção?» a si mesmo ou a qualquer
outra pessoa, quando não o fazia no passado, está a aumentar a
sua produtividade sem stress.
É evidente que quanto mais estas técnicas começarem a
funcionar como um todo, de forma sistemática e regular, maior será
a sua experiência de um controlo descontraído e focalizado.
Dominar o essencial é uma experiência transformadora para quase
toda a gente. Se atingir essa fase, conseguirá fazer muito mais
coisas, mais depressa e com maior facilidade, e agir com muito mais
confiança na forma como está a lidar com os pormenores
operacionais da vida. Geralmente, neste primeiro nível de domínio
da metodologia conseguirá manter-se controlado e concentrado
durante várias horas ou dias.
ESPERO QUE ESTE LIVRO TENHA SIDO ÚTIL – E LHE PERMITA começar a
colher as recompensas de fazer mais com menos esforço e menos
tensão. E espero, realmente, que tenha provado a liberdade da
«mente como água» e a libertação das energias criativas que a
aplicação destas técnicas implica. Aqueles que começam a
implementar estes métodos descobrem sempre que há aqui mais do
que parece à primeira vista e você pode começar a experimentar a
sua própria versão disso.
Aposto que Fazer Bem as Coisas veio validar muito do que já
sabia e, até certo ponto, o que já estava a fazer. No entanto, talvez
se torne mais fácil para si aplicar esse senso comum de forma mais
sistemática num mundo que cada vez nos parece confundir mais
com a sua intensidade e complexidade.
A minha intenção não é acrescentar mais uma ao grande
conjunto de teorias e modelos modernos sobre como ter sucesso.
Antes pelo contrário, tentei definir os métodos essenciais que não
mudam com o tempo e que funcionam sempre quando aplicados.
Tal como a gravidade, ao compreender o princípio consegue
funcionar muito mais eficazmente, independentemente do que
estiver a fazer. Talvez seja esse o Vanguardismo do Regresso ao
Essencial!
Fazer Bem as Coisas é um mapa orientador para atingir a
focalização positiva e sem tensão que caracteriza o seu estado mais
produtivo. Convido-o a utilizá-lo como tal, como uma ferramenta de
referência à qual regressa sempre que necessitar.
Eis algumas dicas finais para seguir em frente:
• Instale o seu hardware de organização pessoal.
• Organize o seu local de trabalho.
• Arranje tabuleiros de entrada.
• Crie um sistema de referência pessoal prático e de fácil acesso
– no trabalho e em casa.
• Encontre um bom organizer de gestão de listas que lhe dê
vontade de as utilizar.
• Permita-se fazer quaisquer alterações que tenha vindo a
contemplar para melhorar os seus ambientes de trabalho.
Pendure quadros, compre canetas, deite coisas fora e reorganize
o seu espaço de trabalho. Apoie o seu novo começo.
• Reserve algum tempo para tratar de uma área inteira do seu
escritório e depois todas as áreas da sua casa. Reúna tudo no
seu sistema e siga o processo de Fazer Bem as Coisas.
• Partilhe qualquer coisa de valor que tenha retirado deste
processo com outra pessoa (é a forma mais rápida de aprender).
• Reveja Fazer Bem as Coisas dentro de três a seis meses.
Reparará em coisas que lhe poderão ter escapado da primeira
vez.
Garanto-lhe que ficará com a impressão de estar a ler um livro
completamente novo.
• Mantenha-se em contacto com pessoas que estejam a divulgar
e a reproduzir estes comportamentos e padrões*.
• Reveja Fazer Bem as Coisas dentro de três a seis meses. Irá
reparar em coisas que lhe poderão ter escapado da primeira vez.
Garanto-lhe que vai ficar com a impressão de estar a ler um livro
completamente novo.
• Mantenha-se em contacto com pessoas que estejam a divulgar
e a reproduzir estes comportamentos e padrões*.