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N ESTA SEMANA > CELEBR AR ABRI L , EM ABRI L / RECEI TAS PAR A A PÁSCOA / RELÓ GIO SLOW RE TAIL , EM CA SCAIS

Café Milenário,
em Guimarães,
aberto em 1953

Cafés com História


Ponto de encontro do quotidiano da cidade,
LUCÍLIA MONTEIRO

conhecidos pelas suas tertúlias, guardam ainda


o ar dos tempos. Doze moradas, do Minho ao
Algarve, aonde ir pelo menos uma vez na vida
7 ---------- S A I R

MAJESTIC, NO PORTO

CLÁSSICOS E CHEIOS
DE HISTÓRIAS
Foram lugares de convívio, de tertúlias
e de conspirações políticas. De Braga até Loulé,
12 cafés históricos que souberam preservar o
passado com o olhar no futuro – sem nostalgias

— P O R F LO R B E L A A LV E S , I N Ê S B E LO, J O A N A LO U R E I R O,
S A N D R A P I N TO E S U S A N A LO P E S FA U S T I N O

92 VISÃO 28 MARÇO 2024


NotíciasFlix

de Queiroz. O Vianna acolheu os candeeiros de ferro com Café São


conspirações políticas, como
o golpe de Estado de 28 de
formato de guarda-chuva e
a pintura na esquina, são dos
Gonçalo
maio de 1926 – que partiu elementos mais distintivos. No
AMARANTE
de Braga, comandado pelo primeiro piso, onde chegou a ANO DE ABERTURA 1937
general Gomes da Costa, e existir um salão de jogos, fun- Café €1
levou ao fim da I República –, ciona o restaurante e o bar,
e também desportivas, tendo com decoração requintada. Lugar que serviu de inspiração
ali germinado o embrião do Na oferta, mantém o tradicio- ao poeta e filósofo Teixeira
Sporting Clube de Braga. nal café de saco (moído em de Pascoaes – conta-se que
O espaço preserva muita da máquina própria e servido em quando entrava com a boina
sua imagem original, como chávena de vidro), que con- na cabeça, os empregados já
as paredes com painéis de tinua a ter muita saída entre sabiam que não deveriam in-
mármore, espelhos e frisos a heterogénea e fiel clientela. comodar “o senhor escritor” –,
dourados ou as cadeiras Também vende café avulso. reabriu remodelado em 2023,
de couro e as mesas com após ter sido adquirido pelos
tampo de mármore. Além da Lg. do Barão de S. Martinho, 17, irmãos Luís Miguel e João
programação cultural própria, Braga > T. 253 262 104 > dom-qui Pedro Antunes, 43 e 39 anos
o café é muito solicitado para 8h-24h, sex-sáb 8h-2h respetivamente, nascidos em
a realização de tertúlias e Amarante. Devolver o espaço
apresentação de livros. “Con- à cidade, “sem lhe retirar a
tinuamos a ser um local onde
se sente a sociedade braca-
Café Milenário identidade”, foi o objetivo dos
novos proprietários deste
rense, como escreveu Camilo, café, bar e restaurante, situado
GUIMARÃES
apesar de também acolher- ANO DE ABERTURA 1953 próximo da Ponte e do Mos-
mos muitos turistas”, aponta Café €0,75 teiro de São Gonçalo. No café
Mário Pereira, o gerente. (andar de baixo e esplanada)
servem doçaria tradicional
Pç. da República, Braga > T. 253 Nasceu quando Guimarães feita na casa, como lérias,
262 336 > dom-qui 10h-00h, comemorava mil anos da sua foguetes, papos d’anjo e os
sex-sáb 10h-2h fundação – daí o nome Mile- São Gonçalo. Em cima, subin-
nário. Situado paredes-meias do a escadaria antiga, funcio-
com a Torre da Alfândega, na o restaurante de cozinha
A Brasileira onde se lê a frase “Aqui
nasceu Portugal”, conserva a
portuguesa, com o polvo à
lagareiro, a posta mirandesa
mesma decoração dos anos ou a costela de vitela como
BRAGA
ANO DE ABERTURA 1907 50 do século passado: as os pratos de eleição.
Café €1,15 mesas com tampo de vidro, as
LUCÍLIA MONTEIRO

cadeiras com ripas de madei- Pç. da República, 8 > T. 255 432


ra, o painel de cerâmica alu- 707 > seg-dom 9h-24h
Estrategicamente localiza- sivo aos Descobrimentos, os
do, no cruzamento de duas espelhos, as portas voltadas

Café Vianna
artérias do centro histórico,
a sua sala e a sua esplana-
para o Largo do Toural, prin-
cipal praça da cidade. E tem
Café Aviz
da constituem uma plateia outra particularidade: foi nesta
PORTO
BRAGA para o rodopio citadino. O esquina, onde existiam lojas e ANO DE ABERTURA 1947
ANO DE ABERTURA 1858 piso térreo pouco se alterou, escritórios, que, em 1922, foi Café €0,90
Café €0,95 desde a fundação, em 1907, fundado o Vitória Sport Clube.
por Adolpho de Azevedo, A escolha de muitos clientes
Situado no emblemático edi- empresário portuense e vice- ainda recai no antigo café de O saudoso sr. Adriano já
fício da Arcada, virado para -cônsul do Brasil em Braga, saco feito duas vezes por dia, não engraxa os sapatos aos
a Praça da República (como numa espécie de franchising às 12h e às 18h30. Dulce Oli- clientes, mas (quase) tudo
passou a ser denominada do café com o mesmo nome veira, 61 anos, que herdou do o resto que acompanhou a
no séc. XX), é o café mais em Lisboa. Preserva o slogan pai esta casa histórica, conta história do antigo salão de
antigo de Braga, fundado em inscrito em letras douradas com orgulho que, entre os chá Aviz, nascido após a II
1858. Chegou a ser salão de numa parede: “O melhor café mais assíduos, “há um senhor Guerra Mundial, se mantém.
jogos, mas converteu-se num é o da Brasileira.” As mesas reformado de Braga que to- Os candelabros de cristal, as
simples café, em 1927, com com tampo de vidro e supor- dos os dias vem ao Milenário, mesas e cadeiras da época, a
a regulação da exploração te de metal (onde está inscri- depois do almoço”. estátua da Menina de Bronze,
do jogo. Consta que, além to o símbolo), as cadeiras de do escultor António Azevedo,
da elite bracarense, por ali couro, as colunas com relevos Lg. do Toural, 47, Guimarães > a primeira caixa registadora, o
terão passado figuras como dourados alusivos à produ- T. 253 060 024 > seg-ter, qui- painel de azulejo evocativo a
Camilo Castelo Branco e Eça ção de café ou, no exterior, -dom 7h30-24h D. João I, o Mestre de Aviz, os

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Café Santa Cruz


COIMBRA
ANO DE ABERTURA 1923
Café €1
Celebrou um século no
ano passado este café que
é Monumento Nacional e
onde, até 1834, funcionou
a igreja da paróquia anexa
ao Mosteiro de Santa Cruz.
Ninguém fica indiferente à
arquitetura de estilo manue-
lino do Café Santa Cruz, com
o interior abobadado e o
seu conjunto de vitrais, que
acolheu tertúlias e foi poiso
de intelectuais da cidade,
como o político e professor

LUCÍLIA MONTEIRO
de Medicina Bissaya Barreto.
A acrescentar às mesas com
CAFÉ MILENÁRIO, EM GUIMARÃES tampo de mármore em forma
de hexágono e às cadeiras de
madeira (réplicas do mobiliá-
jornais do dia e, claro, as dez João Queiroz, com a fachada do Porto (é também dona do rio dos anos 20), o café histó-
mesas de bilhar no piso inferior de mármore e um frontão no Guarany), que durante anos foi rico recuperou o crúzio, um
que ainda animam as noites de topo ladeado pela escultura local de tertúlia de escritores, doce antigo da casa que leva
sexta e sábado. Neste café his- de duas crianças, os grandes intelectuais e artistas, e que ovos e amêndoa tostada e
tórico, adquirido pela família de espelhos de cristal flamengo, recebeu a visita do piloto tem sido premiado em vários
Mário Almeida quando deixou o estuque a representar rostos aviador Gago Coutinho em concursos de doçaria con-
o Brasil, em 1998, conseguimos humanos, florões e figuras 1922, no dia da inauguração. ventual. Entre lançamentos
imaginar o ambiente de tertúlia desnudas, o piano e o pátio A completar este ambiente, de livros e debates, todos os
dos estudantes de Medicina interior ao fundo valem-lhe realce-se a farda branca dos dias acolhe fado de Coim-
que ali se reuniam antes do 25 visitas e fotografias de todas empregados e os concertos bra (às 18h, entrada livre).
de Abril e cujos testemunhos as geografias do mundo. A sua ao piano, todos os dias das Antes do verão, será lançado
se leem por lá. A francesinha preservação muito se deve à 17h às 19h. o livro Memórias do Café
continua a brilhar na carta, jun- família Barrias que, na década Santa Cruz, com fotografias
tamente com as pataniscas, os de 90 do século passado, R. Santa Catarina, 112, Porto > e testemunhos que ajudam a
panados com arroz de feijão restaurou o café centenário T. 22 200 3887 > seg-sáb 9h-23h contar a sua história. “Porque
ou o bacalhau à Braga.
A BRASILEIRA, EM LISBOA
R. de Aviz, 27, Porto >
T. 22 200 4575 > seg-qui
8h-24h, sex-sáb 8h-2h

Majestic
PORTO
ANO DE ABERTURA 1922
Café €5

Às nove da manhã, mal as


portas se abrem, já há filas de
gente para tomar o peque-
no-almoço (ou saborear a
célebre rabanada, frita no
momento) naquele que foi
considerado o sexto café
LUÍS BARRA

mais bonito do mundo. E não


é para menos. A arquitetura
Arte Nova, desenhada por

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Café Águias
D’Ouro
ESTREMOZ
ANO DE ABERTURA 1909
Café €0,95

Num dos topos do Rossio


Marquês de Pombal, o Café
Águias D’Ouro sobressai entre
PARAÍSOS
o casario e os monumentos PERDIDOS
que o rodeiam. Não é difícil.
Marrare, Chiado, Martinho,
O edifício de arquitetura Arte Suisso, Royal, Chave
Nova está revestido a azulejo d’Ouro, Aviz, Palladium,
de tom castanho, tem varan- Colonial, Montanha,
das com guardas de ferro Portugal, Abadia,
forjado, vitrais e janelas em Montecarlo… Nomes
vários estilos. Quando abriu, que remetem para uma
a 4 de abril de 1909, além cidade de fantasmas,
de café, tinha buffet e sala desaparecida. Ao contrário
de bilhar. Já nos anos 30 do do que foi acontecendo
século passado, sofreu uma no Porto, em Lisboa
intervenção pelo arquiteto praticamente todos
LUCÍLIA MONTEIRO

Jorge Santos Costa, e em os grandes cafés,


1964, alterações pelo traço inaugurados desde
A BRASILEIRA, EM BRAGA de José Manuel Pinto Rocha. o século XIX e ao longo
“Até ao 25 de Abril, era do século XX,
frequentado pela população desapareceram ou
é preciso atrair mais gente, Manuel Cândido da Mota, um mais abastada e apenas os mudaram radicalmente.
Eram um elemento
para que as pessoas que nos dos fundadores. À entrada, graduados do quartel cá en-
fundamental da
visitam não se limitem a tirar a antiga tabacaria, agora travam”, diz Gilberto Rebola,
vida quotidiana na
fotografias à porta e depois transformada num pequeno 66 anos, que antes de ficar
cidade, conhecidos
se vão embora”, sustenta museu, guarda peças dos com a exploração foi cliente pelas suas tertúlias e
Vítor Marques, um dos sócios tempos de tertúlias, como as do estabelecimento. O Águias ponto de encontro de
e presidente da Associação revistas Século Ilustrado e D’Ouro passou uma fase grupos bem definidos.
dos Cafés com História de Flama, a caixa registadora e difícil, esteve fechado durante Arquitetonicamente,
Portugal. a máquina de café originais. três anos, reabrindo em 2004. houve verdadeiras pérolas
Ao longo das décadas, foi Hoje, já sem convivas ilustres, nos cafés da capital –
Pç. 8 de Maio > T. 239 833 617 > palco de peças de teatro e como o filósofo e escritor e olhando para fotografias
seg-sáb 7h-24h, dom 8h-20h concertos, cenário de filmes António Telmo, as portas antigas (por exemplo,
publicitários e frequentado mantêm-se abertas para do belíssimo Martinho,
por individualidades, como um café, um bife de vitela ao lado do Teatro Nacional
Café Paraíso Umberto Eco, durante a sua
pesquisa para o livro O Pên-
à Águias ou uma fotografia
para mais tarde recordar.
D. Maria II, ou do Chave
Douro, no Rossio, onde
dulo de Foucault, ou o com- Humberto Delgado
TOMAR proferiu a célebre frase
ANO DE ABERTURA 1911 positor Fernando Lopes-Gra- Rossio Marquês de Pombal, 27,
ça, nascido em Tomar. Nos Estremoz > T. 268 324201 > seg, “obviamente demito-o”)
Café €0,80 custa a acreditar que
pequenos-almoços e lanches qua-dom 8h30-24h
demorados, destacam-se as tudo tenha, simplesmente,
Os espelhos importados de desaparecido. A melhor
tostas e as torradas, depois
maneira de revisitar esses
Veneza, as cadeiras da alemã
Bauhaus e as colunas a imitar
do jantar vira um bar anima-
do, tanto no interior como na
A Brasileira velhos e gloriosos cafés
é folheando este livro de
mármore destacam-se assim esplanada. Não é, por isso, de
LISBOA Marina Tavares Dias,
que se entra no Café Paraíso. estranhar que seja “conhe- ANO DE ABERTURA 1905 Os Cafés de Lisboa,
Inaugurado em 1911, sofreu cido como o paraíso pela Café €2,50 publicado pela Quimera
uma grande remodelação em manhã, o purgatório durante em 1999. Esgotado,
1946, assinada pelo arquiteto a tarde e o inferno à noite”, também ele é, hoje, uma
Francisco Granja. “Desde essa ri-se a proprietária. Quando, em 1988, sentaram espécie de fantasma
altura que se mantém tudo Fernando Pessoa no Chiado, de outra era que só
praticamente igual”, diz Ale- R. Serpa Pinto, 127, Tomar > talvez não imaginassem que pode ser encontrado em
xandra Grego Vasconcelos, T. 249 312 997 > seg-sex 8h30-2h, o poeta seria fotografado alfarrabistas e no mercado
55 anos, sobrinha-bisneta de sáb 9h30-2h dezenas de vezes por dia. de livros usados. — P.D.A.

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altura. Hoje, são sobretudo


os turistas que se sentam
nas mesas vestidas de toalha
branca, faca e garfo na mão,
a mirar a grande praça.

Pç. D. Pedro IV, 24, Lisboa > T. 21


346 0479 > seg-dom 8h-24h

Café Calcinha
LOULÉ
ANO DE ABERTURA 1929
Café €1,20

Chamou-se Central, Carioca


e Louletano, mas foi por
Calcinha (alcunha dos
filhos do primeiro proprie-

JOSÉ CARLOS CARVALHO


tário) que se registou para
sempre o nome deste café
da cidade algarvia de Loulé.
CAFÉ CALCINHA, EM LOULÉ Até ao 25 de Abril, vivia-se
a dois ritmos: durante o
dia, o ambiente era pacato,
Falamos, claro, da estátua de CAFÉ NICOLA, EM LISBOA separado entre abastados
Lagoa Henriques que está e remediados; à noite, eram
na esplanada d’A Brasileira, todos boémios e uma das
fundada pelo torna-viagem atividades até horas tardias
Adriano Telles. Aquela que era o jogo a dinheiro e o
foi a loja, em 1905, onde se bilhar. No risco de encerrar,
vendia o “genuíno café do a câmara municipal adquiriu
Brazil, proveniente de Minas o edifício de estilo Arte Nova
Geraes”, e que, três anos mais em 2016, funcionando hoje
tarde, passou a ter também por exploração privada com
uma sala onde se bebia a a obrigação de manter a me-
exótica bebida, é um dos mória da cidade – o folhado
locais mais visitados pelos de Loulé, doce regional, é
turistas que se passeiam por disso exemplo. No interior
LUÍS BARRA

Lisboa. Percebe-se porquê. respira-se um ambiente Belle


Por aqui ainda paira alguma Époque, tendo sido recupe-
da mística do lugar, palco de rados os materiais e as cores
tertúlias intelectuais da ge- originais, caso das madeiras
ração de Orpheu. Quem tem Café Nicola Júnior a marcar o Rossio há importadas do Brasil. Nas
raízes noutras terras e vier 95 anos. Tudo o que vemos paredes, veem-se fotografias
aqui beber um café (de lote LISBOA em volta, a partir de uma de gerações de louletanos.
exclusivo da casa) vai gostar ANO DE ABERTURA 1929 das mesas logo à entrada, António Aleixo, natural de
de saber que o quiosque Café €2 a beber um café Nicola Vila Real de Santo António,
na entrada vende títulos da (pois), vem do ano de 1935: costumava aqui declamar os
imprensa regional, de Trás- É do tempo dos primeiros as pinturas a óleo de Fer- seus poemas, nos intervalos
-os-Montes ao Algarve. Uma botequins, no século XVIII, nando Santos que encimam da sua vida errante como
ideia do grupo O Valor do abertos por italianos. O an- o balcão, o estilo Art Déco e guarda de polícia, pedreiro
Tempo (que adquiriu A Brasi- tigo Botequim do Nicola (de geométrico desenhado por ou cauteleiro. É ele, aliás,
leira em 2020) para dizer que Nicola Breteiro) vendia cafés Raul Tojal, os ferros forjados na estátua, em que está de
os quadros de, entre outros, e refrescos aos lisboetas e e muitos lustres. Cá dentro perna traçada, esculpida em
Nikias Skapinakis, António viveu várias vidas – inclusive ou lá fora, na esplanada, sen- bronze por Lagoa Henriques,
Palolo ou Eduardo Nery não tornou-se a segunda casa taram-se escritores, artistas, fazendo companhia a quem
são só para inglês ver. do poeta Bocage – até ser intelectuais e políticos ao fica na esplanada.
promovido a Café Nicola, em longo de décadas – a essa
R. Garrett, 120-122, Lisboa > 1929, com a sua fachada da clientela se deve a designa- Pç. da República, 67, Loulé >
T. 21 346 9541 > seg-dom 8h-24h autoria do arquiteto Norte ção de “Academia”, a certa ter-dom 8h-23h

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DESARMA*
UMA ESTRELA
100% MADEIRENSE.
Do topo do The Views Baía, num conceito de cozinha assinado pelo Chef Octávio Freitas, os
sabores madeirenses desarmam quem os prova. Uma rendição emocional aos paladares
mais tradicionais numa cozinha contemporânea e surpreendente que conquista quem se
senta à mesa. Fruto de uma estratégia bem definida, dedicação ávida, muitas investidas,
batalhas e uma entrega total conquistamos a nossa primeira Estrela Michelin em fevereiro
de 2024. Um reconhecimento que se tornou força e inspiração para as lutas que se seguem.
Deixe-se desarmar também!

*Uma batalha de sentidos travada na boca.


7 ---------- CO O R D E N A DAS

Fora
borrego terá honras oficinas de Páscoa
de destaque em no Museu Bordalo
diversas ementas – ou Pinheiro, em Lisboa.
não estivéssemos em São cinco dias
altura de Páscoa. Até preenchidos com
domingo, 7, decorre várias atividades, no
a 3.ª Quinzena período da manhã
Gastronómica Terras (10h-13h) e da tarde
do Borrego em (14h30-17h30), para
129 restaurantes celebrar Abril e a
espalhados pelos quadra pascal. Da
15 concelhos do distrito criação de azulejos
de Portalegre. Já em com autorretratos
Sousel, a 1.ª edição (oficina Cara-de-Pau,

YUSUKE MIYAZAKI
do Festival Terras do dia 1) à pintura e escrita
Borrego, que acontece de manifestos, lemas
a partir desta sexta, e sonhos (A liberdade
29, e até 1 de abril, de ser insólito, dia
no Pavilhão Multiúsos, 2), ou à criação de
O que há —— Exposições ARTE E HISTÓRIA
NATURAL
junta esta iguaria à
animação musical.
autocolantes para
invadir as ruas

de novo YAYOI KUSAMA


EM SERRALVES
Na Casa Comum, no
Porto, a exposição
(A liberdade de ser
manifesto, dia 3), há

para sair Diz que a sua


obra nasceu das
Espanto coloca em
confronto as obras da
muito para entreter as
crianças a partir dos 10

ou ficar alucinações de que


padece, vive
Coleção Norlinda e
José Lima com objetos
anos. Cada oficina €10.

em casa
voluntariamente num pertencentes ao Museu
hospital psiquiátrico de História Natural da —— Música
há décadas, criou Universidade do Porto,
Restaurantes um museu em seu como escaravelhos, CONCERTO
DE PÁSCOA
e oficinas para nome em Tóquio, fez desenhos de arte
crianças, entre das bolinhas (polka rupestre e tamancos. —— Crianças A Igreja da Lapa,
dots) um padrão São mais de 70 no Porto, encerra as
a exposição omnipresente nos peças, onde figuram FÉRIAS NO COLISEU comemorações do
da artista seus trabalhos. trabalhos de André O Coliseu do Porto Mistério Pascal com
japonesa Yayoi A artista japonesa Cepeda, Anish Kapoor, organiza, pela primeira o habitual Concerto
Kusama e os Yayoi Kusama, 95 Dan Graham, Rui vez, um campo de férias de Sexta-Feira Santa,
anos, tem uma Chafes, Sara Bichão, de Páscoa, de 1 a 5 de no dia 29, às 21h30,
lenços da Dior grande retrospetiva entre outros, que abril (das 8h30 às 18h), com a atuação do
em livro no Museu de Arte ajudam a perceber destinado a crianças Coro da Sé Catedral
Contemporânea de as relações entre dos 6 aos 12 anos. do Porto e a Orquestra
Serralves, no Porto, arte contemporânea, Sob o lema Circo das do Atlântico. A entrada
a partir desta quarta, antropologia e Marionetas, propõe a é gratuita.
27. Pinturas, esculturas, etnografia. Até 31 criação de um minicirco
instalações e materiais de agosto, a entrada da Páscoa sob a forma
de arquivo, desde é gratuita. de marionetas, com —— Vinhos
os seus primeiros trapezistas, palhaços e petiscos
desenhos no pós-II e outros artistas
Guerra Mundial até —— Festival de (€160/5 dias). Com PIGMEU NO
às obras de arte gastronomia muita brincadeira MERCADO
imersivas de grande à mistura, claro. DA RIBEIRA
escala dos dias de MESAS FARTAS Ao restaurante
hoje, num total de 160 DE BORREGO OFICINAS “TOMA Pigmeu, em Campo
trabalhos, são reunidos Nos próximos dias, A LIBERDADE!” de Ourique, Miguel
para celebrar uma haverá dois festivais A partir desta segunda, Azevedo Peres
artista singular. onde a carne de 1, e até sexta, 5, há acrescentou o

98 VISÃO 28 MARÇO 2024


Dentro
—— Restaurante produções durante
um ciclo vegetativo
MADRASTA para documentar a
EM OEIRAS paisagem, os trabalhos,
No Jardim de Paço a vinha e a riqueza
de Arcos, em Oeiras, natural. “A ideia é
o novíssimo restaurante valorizar estas vinhas
Madrasta (dos como património”, diz
mesmos donos do o autor. O resultado, em
Pasta Non Basta, em constante atualização,
Lisboa) veio dar uma pode ser apreciado em
vida nova ao icónico velhassaoasvinhas.pt.
edifício dos anos 50
que ali se encontra.
Todos os dias, os ——Páscoa
comensais podem
Pigmeu da Ribeira, saborear, nas duas AMÊNDOAS
no Mercado da salas ou na esplanada, DE CHOCOLATE
Ribeira. Além de pratos de inspiração Caramelo e flor de sal,
loja de vinhos, vária mediterrânea, com framboesa ou canela.

BRIGITTE NIEDERMAIR
charcutaria e produtos especial influência da Às vezes, é difícil
de mercearia, serve cozinha portuguesa e decidir qual escolher.
petiscos – queijos italiana. À prova estão, Na dúvida, provem-se
de ovelha e cabra da por exemplo, pastéis os três sabores de
dona Amália do Vale de massa tenra de amêndoas de chocolate
da Alfaia ou sanduíche camarão e choco com da Pedaços de Cacau,
de pata negra bio da maionese de chipotle —— Livro Christian Dior a Maria que chegam numa
Señorío de Montanera (€9/3 unidades), Grazia Chiuri, a atual caixa (€18). A marca de
da Extremadura, tártaro do lombo OS LENÇOS DA DIOR diretora criativa da chocolates artesanais,
em bolo do caco trufado (€21), cachorro Editado pela Thames marca. O livro fica com loja em Vila Nova
da Quinoa Padaria de lavagante (€27), & Hudson, o livro disponível a partir de Gaia e também
Biológica. E ainda filetes de pescada Dior Scarves. Fashion desta quinta, 28. loja online, tem outras
organiza provas de com arroz de limão Stories (760 págs., proposta doces para
vinho. Nesta quinta, 28, e grelos (€16), ravioli de €85) é um elogio a Páscoa: ovo de
será a vez de Diogo romesco com burrata e à casa Dior e aos ——Vinhos chocolate recheado de
Baeta da Adega Viúva lavagante (€22) e bife seus lenços em seda. brigadeiro e bombons
Gomes, em Colares, do lombo à Madrasta A edição reúne 425 VELHAS SÃO em forma de coelhinho.
fazer uma aula com (€25). Durante a tarde, lenços organizados por AS VINHAS
prova cega de vinhos é possível beber temas (Paris, Efeitos O editor Nuno Miguel
naturais vs. industriais um copo e petiscar, Óticos, Cosmogonias, Borges criou o projeto ——Hora
(€10, inscrições no enquanto se aprecia Tramas, Códex, Flora, Velhas são as Vinhas de verão
Instagram do Pigmeu). a vista para o mar. Bestiário, Colorama, com o objetivo de
Mensagens, Moda) e mapear as vinhas com A HORA VAI MUDAR
fotografados pela lente mais de 80 anos, de Nunca é demais
de Brigitte Niedermair. norte a sul de Portugal, lembrar. Na madrugada
Vêm acompanhados ilhas incluídas. Deste deste sábado, 30,
por textos de projeto online, que para domingo, 31, em
historiadores de moda conta já com nove Portugal Continental
como Maria Luisa Frisa, vinhas assinaladas, e na Madeira, quando
editora da publicação, fazem igualmente for uma da manhã, os
Claire Allen-Johnstone, parte conversas com relógios vão adiantar
Elda Danese e Émilie arquitetos paisagistas, 60 minutos. Sim,
Hammen, num exercício geógrafos, produtores entramos no horário
HARES PASCOAL

visual e histórico que e investigadores, de verão e, mesmo


revela as inspirações bem como ensaios perdendo uma hora
e visões à volta deste de fotógrafos que de sono, os dias ficam
acessório, desde acompanham estas mais longos.

28 MARÇO 2024 VISÃO 99


7 ---------- M Ú S I CA

FREAMUNDE

Walk & Dance


Música à solta pelas ruas
O festival está de regresso no fim de semana
da Páscoa. Noiserv, Best Youth,
Zen e Bonga são os cabeças de cartaz LISBOA

Capitão Fausto
Prossegue a digressão
nacional dos Capitão Fausto,
apresentando o novo álbum,
Subida Infinita. E, agora, é
tempo de jogarem em casa
com quatro noites seguidas
na Culturgest, em Lisboa, não
muito longe do bairro que faz
parte do passado e presente
da banda, Alvalade. O tempo
voa e, de repente, Tomás
Wallenstein e companhia já
não são os miúdos que fazem
umas canções pop frescas e
descomplexadas, sintonizadas
com o seu tempo, e
transformaram-se mesmo
numa espécie de pequena
instituição da música popular
D.R.

portuguesa deste século,

T
influentes na sonoridade de
udo começou em 2015, quan- distante ano de 2005. No dia seguinte, outras bandas, a caminho
do quatro jovens de Frea- sexta, 29, o protagonismo divide-se de serem considerados…
munde criaram este festival, entre dois projetos portuenses, os Zen clássicos. Demonstrando
motivados pelo desejo de e os Best Youth. Os primeiros são esse peso da História,
mostrarem a música que gostam e uma das maiores bandas de culto dos os Capitão Fausto até
de, pelo caminho, envolverem a ci- anos 90 e o seu regresso aos palcos chegaram agora ao momento
dade onde vivem, dando-a também tem sido vivido com grande euforia em que anunciam uma
a conhecer a quem vem de fora. E a pelos fãs (os mais antigos, mas tam- mudança na sua formação,
verdade é que, a cada edição, o Walk bém os novos), enquanto os segundos passando de quinteto a
& Dance tem crescido muito além das vêm apresentar o novo e muito elo- quarteto, com a saída do
melhores expetativas dos seus orga- giado álbum Everywhen, editado no teclista Francisco Ferreira.
nizadores, sendo hoje uma referência início deste ano. O álbum novo (quinto de
para bandas, músicos e público. Para encerrar em grande a edição uma carreira começada
O grande desafio, agora, é conseguir deste ano foi convocado o angola- em 2009) demonstra bem
elevar um pouco a fasquia a cada ano, no Bonga, que durante 2024 andará que conseguiram criar uma
como mais uma vez acontece nesta na estrada a celebrar os 50 anos de sonoridade muito própria e
edição, com um cartaz de luxo que, carreira, esperando-se por isso uma se tornaram mestres seguros
durante três dias, vai invadir as ruas de festa a condizer. O cartaz inclui ainda na escrita de boas canções
Freamunde, com concertos espalhados propostas como Samba Sem Frontei- pop, vagamente melancólicas,
por cinco locais distintos da cidade: ras, Azonga e Miguel Estrela B2B Fábio em português. Uma das
Associação de Socorros Mútuos, Casa Estrela (dia 28); The Ema Thomas, Os faixas, Cantiga Infinita, é
da Cultura, Loja Nova, Casa das Sebas- Overdoses, Caio e Mr. Bubble (dia 29); interpretada em dueto com
tianas e Praça 1º de Maio. Batida apresenta Neon Colonialismo, o brasileiro Tim Bernardes.
O primeiro cabeça de cartaz a subir Hot Air Balloon, Conferência Inferno, — P.D.A.
ao palco, já nesta quinta-feira, 28, é O Mau Olhado Trio e Matko Destroka-
Noiserv, que passará em revista, como nov (dia 30). — Miguel Judas Culturgest > R. Arco do Cego,
sempre sozinho em palco, mas a soar 50, Lisboa > 2-5 abr, ter-sex 21h
> €30
como uma verdadeira orquestra, a sua Vários locais de Freamunde > 28-30 mar,
já muito profícua carreira, iniciada no qui-sáb 21h > €18 a €30 (passe)

100 VISÃO 28 MARÇO 2024


7 ---------- CI N E M A

Premiado How to Have Sex


O Mal Não Está
Aqui fez um
– A Primeira Vez
percurso notável por
festivais de cinema, Álcool, álcool, álcool,
recebendo vários
prémios em
eventualmente sexo e
Veneza clubbing em vez de rock’n’roll.
Os adolescentes ingleses
da classe média anseiam
por uma espécie de ritual
de passagem, em hotéis de
veraneio no Mediterrâneo,
feitos para uma desbunda
sem escrúpulos.
Molly Manning Walker, jovem
realizadora que também
passou por esses hotéis,
serve-se das suas memórias
para contar a história de um
grupo de amigas que chega

D.R.
a um destes lugares com o
compromisso de permanente
divertimento (álcool, álcool,
O Mal Não Está Aqui álcool) e o secreto propósito
de perder a virgindade.
A natureza do Homem Tudo o que se passa no
contexto é demasiado
Uma bela parábola ecológica de Ryûsuke violento para ser relativizado.
Há reminiscência de Kids,
Hamaguchi, o realizador de Drive My Car de Larry Clark, o filme que
deixou não sei quantos

N
pais em pânico, embora
o pré-genérico, olhamos na empresa de Tóquio apresenta um plano esteticamente fique aquém.
vertical, de baixo para cima, para construir um campo de glamping Retratando bem o ambiente,
para a folhagem das árvores na floresta e marca uma reunião com a Molly abusa em alguns
da floresta e a sua oscilação comunidade. Gera-se o conflito maior momentos a velocidade
natural. O realizador quer deixar claro, entre o progresso e a Natureza, entre vertiginosa da câmara,
logo desde o início, que a verdadei- o natural e o artificial, entre o campo mas, em geral, faz um
ra protagonista do filme é a própria e a cidade. A empresa de glamping é retrato acutilante de uma
Natureza. É assim tanto em O Mal Não um retrato extremado e impiedoso do adolescência fútil e epicurista,
Está Aqui como no planeta. O Homem mundo negocial de Tóquio, em que os com uma curva narrativa
só se pode sentir pequeno e reverente lucros se colocam à frente de todos os suficientemente ágil, que
perante essa imensidão. outros princípios. São o equivalente aos procura algum realismo, mas
Por isso é que nem a introdução fazendeiros que disputam a terra dos que resiste a moralismos.
suave de figuras humanas desfaz esse indígenas na Amazónia (como se vê no — M.H.
sentido. Ele faz parte de um ecossiste- filme A Flor do Buriti, de João Salaviza
ma que trata com respeito e equilíbrio. e de Renée Nader Messora). Neste caso De Molly Manning Walker,
O equilíbrio acaba mesmo por ser uma com a perversa ideia de construir um com Anna Antoniades,
Mia McKenna-Bruce,
ideia determinante. conceito urbano de desfrute da Natu- Lara Peake > 91 min
O Mal Não Está Aqui, sobretudo na reza e que destrói a própria Natureza.
primeira parte, é construído com uma O Mal Não Está Aqui fez um per-
candura poética, uma lentidão con- curso notável por festivais, recebendo
templativa, que se torna deslumbran- vários prémios em Veneza, e funcio-
te. É um filme de baixo ritmo, em que na, sobretudo, como uma enorme
parece que nada acontece, a não ser parábola ecológica. Tem um fundo
o vento a passar nas árvores, a neve a zen, com a arte de recentrar as nossas
cobrir o solo, a água a correr na fonte. prioridades na essência das coisas. Tão
Um mundo é aqui desenhado como um importante quanto belo e devastador.
paraíso terrestre. E não seria preciso — Manuel Halpern
mais nada para fazer um filme-poema,
mas Ryûsuke Hamaguchi faz. De Ryûsuke Hamaguchi, com Hitoshi Omika,
Quase a meio da longa surge o Ryo Nishikawa, Ryuji Kosaka, Ayaka Shibutani
grande episódio destabilizador. Uma > 106 min

28 MARÇO 2024 VISÃO 101


7 ---------- S A I R

Celebrar Abril
em abril
Os 50 anos da Revolução
dos Cravos são assinalados
nos palcos, em museus
e no cinema. Seleção de 12
propostas para sair à rua
— P O R I N Ê S B E LO

palco seis jovens atores com texto e encenação de Pedro


MÚSICA a Orquestra Sinfonietta de Penim e direção musical de
Lisboa, o Coro de Santo Amaro Filipe Sambado. A meio cami-
de Oeiras, o Coro da Escola nho entre o concerto e a peça
Artística do Instituto Gregoria- de teatro, “pretende revisitar
Sons da no de Lisboa e vários solistas, as canções da Revolução, as
Liberdade num total de 180 músicos. Seis
histórias narradas na primeira
palavras de ordem, as cantigas
que eram armas, mas também
pessoa, traçando um retrato as histórias pessoais das
No centenário Teatro Tivoli, três do Portugal de hoje, inspiram gerações que fizeram o 25
músicos nascidos nas décadas a banda sonora composta por de Abril”. Para o elenco foram
de 1970 e 1980 reinterpretam canções de José Afonso, José escolhidos, numa audiência
o repertório de artistas que Mário Branco, Sérgio Godinho, nacional, jovens atores,
usaram a sua voz para cantar Fausto, Adriano Correia de cantores e instrumentistas,
a Liberdade. A 24 de abril, Oliveira, Fernando Lopes-Gra- entre os 16 e os 20 anos. J.L.
JP Simões canta José Mário ça, Carlos Paredes e ainda um
Branco – o nome do espetá- tema inédito: Abril É Sempre Teatro Municipal São Luiz >
culo é também o título do seu Primavera, com letra de José R. António Maria Cardoso, Lisboa
mais recente disco, editado em Luís Peixoto e música de Luís > 20-28 abr, ter-sáb 20h,
fevereiro. A fadista Gisela João Varatojo e Filipe Raposo. dom 17h30 > €12 a €15
canta Abril, no dia 25, acom- A noite termina com um
panhada pelo guitarrista espa-
nhol Carles Rodenas Martinez.
apontamento piromusical.
Fado
E, no dia 26, B Fachada dá-nos Terreiro do Paço, Lisboa > Alexandrino
Zeca, Zeca e mais Zeca!. 24 abr, qua 22h > grátis
Nova produção, com ence-
Teatro Tivoli > Av. da Liberdade, nação de Nuno Cardoso,
182A, Lisboa > 24-26 abr, Fado Alexandrino parte da
qua-sex 21h > a partir de TEATRO dramatização do romance de
€12,50, existem packs de 2 e 3 António Lobo Antunes, um
concertos relato do reencontro de cinco
militares que regressaram da
Um Ideia Quis Saber Guerra Colonial. As vivências

de Futuro Quem Sou das personagens, em quatro


tempos – o Estado Novo, a
memória dos combates em
Na noite de 24 de abril, a festa O Teatro Nacional D. Maria Moçambique, a Revolução dos
faz-se no Terreiro do Paço. II continua encerrado para Cravos e o pós-Revolução
Às 22 horas, um video mapping obras, mas as suas produções –, cruzam-se em cena, numa
com fotografias de Alfredo regressam a Lisboa para o alegoria sobre o fado de se
Cunha e música de Rodrigo ciclo Abril Abriu, em que se ser português. J.L.
Leão será projetado nas celebram os 50 anos da Revo-
fachadas da praça. Segue-se lução de 1974 noutros palcos. Teatro Nacional São João, Porto
o espetáculo Uma Ideia de No Teatro São Luiz, estreia-se > 5-28 abr, qua-qui e sáb 19h,
Futuro que irá juntar em Quis Saber Quem Sou, com sex 21h, dom 16h > €15-€40

102 VISÃO 28 MARÇO 2024


Guião para um do formato Beers and Politics, -nos a passagem dos partidos
País Possível uma sessão informal de de- clandestinos à legalidade, CINEMA
bate sobre ideias e propostas a construção de novos
políticas de cerveja na mão, partidos e o compromisso de
Os diários da Assembleia da que nasceu em Barcelona, fazer eleições livres através de
República – que registam em 2008. Em maio, o festival documentos e objetos únicos Ir ao Cinema em
todos os discursos, interven-
ções, apartes, insubordinações
instala-se em Braga. reunidos pelo historiador.
1974 e O Outro
e até os gestos feitos na sala Cinema São Jorge > Av. da Mercado do Forno do Tijolo > 25 de Abril
de sessões – servem de base Liberdade, 175, Lisboa > 3-5 abr R. Maria da Fonte, 4, Lisboa > até
à nova criação de Sara Barros > grátis 26 mai, ter-dom 11h-19h > grátis No ano de 1974, que filmes
Leitão. Em 1h40 de espetácu- estavam nas salas de cinema
lo, a atriz e encenadora cons-
truiu cenas a focar aspetos
As portas 25 de Abril, em Portugal? A Cinemateca
regista que, em meados dos
como a disciplina regimental, que Amália Sempre! anos 1970, muitos dos mestres
as estreias nervosas, as des-
pedidas comoventes, o lado
abriu | Fado Lugar simbólico de resis-
consagrados do cinema ainda
estavam ativos, enquanto uma
invisível, os momentos inusi- e Liberdade tência, o Museu do Aljube nova geração começava a
tados, as pequenas e grandes inaugura a exposição 25 de dar os primeiros passos. Ao
votações. Os atores João Joana Mortágua e Ana Rita Abril, Sempre!, que propõe longo do mês de abril, o ciclo
Melo e Margarida Carvalho Bessa abrem este ciclo uma viagem pelas resistências Ir ao Cinema em 1974 apre-
desdobram-se na interpreta- de conversas em torno do desde o 25 de Abril de 74 senta filmes de, entre outros,
ção de deputados e membros legado de liberdade e de até aos nossos dias. Luis Buñuel, Chantal Akerman,
do governo de diferentes independência artística de O museu estará também de Robert Bresson e Steven Spiel-
cores políticas, numa viagem Amália Rodrigues, com conce- portas abertas, com dois dias berg. Já o programa organiza-
pelos 50 anos do regime ção e moderação de Miguel de festa (dias 20 e 21), de do em colaboração com a Fes-
democrático português. Guião Carvalho, ex-jornalista da entrada livre e a participação ta do Cinema Italiano assinala
para um País Possível está VISÃO e autor do livro Amália, de Inês Vieira da Silva O Outro 25 de Abril, aquele
em digressão pelo País até Ditadura e Revolução. Até (colagens) e Nuno Saraiva que em Itália é considerado
novembro. Depois de Lisboa, junho, haverá outras sessões, (ilustração). A dar música o dia do fim da ocupação nazi,
ainda em abril, será apresen- sempre à quinta-feira, às 19h, estarão as Batucadeiras das em 1945. Roma, Cidade Aberta,
tado em Viseu (dias 19 e 20) com Luís Cília e Mitó Mendes Olaias, Samba Sem Fronteiras, de Roberto Rossellini, Tão Ami-
e Santarém (dia 26). J.L. (9 mai), Carlos Tê e João DIDI, Mãe Bruxa, Celina da gos que Nós Éramos, de Ettore
Gobern (23 mai), Luís Varatojo Piedade e Tropicaustica. Scola, e O Conformista, de
Teatro do Bairro Alto > e Gaspar Varela (6 jun), Bernardo Bertolucci são alguns
R. Tenente Raúl Cascais, 1A, Napoleão Mira e Sam The Kid Museu do Aljube > R. Augusto dos 11 filmes escolhidos.
Lisboa > 12-14 abr, sex-sáb (20 jun), Aldina Duarte e Maria Rosa, 42, Lisboa > 4 abr-31 jan
19h30, dom 17h30 > €12 do Rosário Pedreira (27 jun). 2025, ter-dom 10h-18h > €3 Cinemateca Portuguesa >
R. Barata Salgueiro, 39, Lisboa >
Museu do Fado > Lg. Chafariz
de Dentro, 1, Lisboa > 18 abr-27
Pré/Pós 1-29 abr > €3,20

CONVERSAS jun, qui 19h > grátis – Declinações Outras


Visuais Revoluções
do 25 de Abril
Festival Política EXPOSIÇÕES Na Biblioteca Almeida Garrett,
O Museu de Serralves expõe no Porto, serão projetados e
No Cinema São Jorge, mais de 300 obras do período comentados 10 filmes sobre
o Festival Política tem a In- entre 1970 e 1977, para mos- revoluções de outras geo-
tervenção como tema da sua Os 10 Dias trar como a realidade política grafias ou de outros tempos.
programação. Entre os dias
3 e 5, a atenção de artistas,
que Abalaram e social contaminou as artes
visuais, aqui complementadas
No dia 11 de abril, Maria João
Madeira e Moisés de Lemos
jovens, criadores, acadé- Portugal com materiais documentais Martins apresentam Brandos
micos e ativistas estará na vindos dos arquivos, entre Costumes, de Alberto Seixas
necessidade de aumentar a Do imenso Arquivo Ephemera outros, da Fundação Mário Santos. No dia 23, é a vez de
participação dos cidadãos nas de José Pacheco Pereira Soares, Associação 25 de Dina e Django, de Solveig
instituições, nos atos eleito- nasce esta exposição inserida Abril e do Partido Comunista Nordlund, numa sessão que
rais e nas suas comunidades. nas Festas de Abril em Lisboa, Português. contará com o escritor e argu-
Tudo isto se fará através do que testemunha o início da mentista Rui Cardoso Martins.
cinema, de performances, democracia após a Revolução Museu de Serralves > R. Dom
música, humor, exposições e dos Cravos. No Mercado do João de Castro, 210, Porto > Jardins do Palácio de Cristal,
conversas de entrada gratuita. Forno do Tijolo, Os 10 Dias que 23 abr-31 out, seg-sex 10h-19h, Porto > 11 abr, qui e 23 abr, ter
Uma das novidades é a estreia Abalaram Portugal devolve- sáb-dom até 20h > €12 21h30 > grátis

28 MARÇO 2024 VISÃO 103


7 ---------- L I V R O S

Dos quatro cantos do mundo


De Inglaterra, do México, do Vietname e do Brasil chegam
estes romances de escritoras consagradas

Dickens vs. O outro lado Alimentar


Ainsworth Quando as Montanhas o passado
Cantam, Nguyên Phan
A Fraude, Zadie Smith Quê Mai As Pequenas Chances,
Natalia Timerman

Um novo romance de Pelos meios ao dispor


Zadie Smith é sempre
um acontecimento Sem porta e por uma hegemonia
também cultural,
Na onda dos livros
de autoficção,
editorial, sobretudo
quando se trata de
um livro há muito
de saída durante muitos anos
a Guerra Vietname foi
contada em narrativas
chega a Portugal
o último romance
da brasileira Natalia
aguardado (a sua Paradaise, Fernanda Melchor americanas, o que não Timerman, psiquiatra,
última ficção era de deixou de ser uma psicoterapeuta, crítica
2016). Além disso, A Repugnância, desalento, aflição. Segundo contradição. Entre literária e também
Fraude não deixará de outras dimensões, a escritora. Parte de um
livro da mexicana Fernanda Melchor (n.
surpreender os leitores. crescente publicação inesperado encontro
1982) a ser traduzido para português, nova
Se em obras anteriores de romances de no aeroporto entre a
a escritora inglesa, uma
avalanche de emoções, em quase tudo escritores vietnamitas protagonista e o médico
das mais destacadas semelhante à provocada pela primeira tem proporcionado de cuidados paliativos
da sua geração, se obra, Temporada de Furacões, vencedora um contacto mais do seu pai, e viaja até
centrava no seu tempo, do Prémio Literário Casino da Póvoa em direto com o outro às semanas da doença,
agora oferece-nos 2024. Em Paradaise, há Polo e Frank, uma lado, com quem lá à ansiedade dos últimos
um retrato do final do dupla improvável de desintegrados, que se estava antes (vítima de dias e à vivência do
século XIX, através da junta a engendrar um plano macabro com outras guerras) e com luto. E eis que, num
sedutora reconstituição tudo para ser um insucesso. O primeiro é quem lá ficou depois rumo pouco óbvio,
de um julgamento (uma um jardineiro contrariado, de mal com a (com um país para esta ideia de procurar
pessoa fez-se passar vida e com muita sede de álcool (e de afe- reconstruir). É tudo novas versões do
pelo herdeiro de uma to), desejando por todos os meios encon- isso que Nguyên Phan passado, para manter
enorme fortuna) que trar uma saída para a vida miserável que Quê Mai nos oferece viva a história desse
teve como principal lhe calhou. “E como é que fugiria daquilo, em Quando as alguém que partiu, leva
testemunha um porra? Também não lhe ocorria nada. Não Montanhas Cantam, a autora a investigar as
homem que cresceu tinha nada, não possuía nada de seu”, lê-se, o seu primeiro raízes da comunidade
como escravo na a meio do romance, este desespero sentido romance publicado judaica na Europa
Jamaica. Pelo meio em toda a obra. Frank é o rapaz gordinho e em Portugal. A de Leste, de onde os
há dois escritores em malcriado, o neto castigado de um casal de escritora, nascida em seus bisavós partiram
confronto, Charles 1973, podia ser a neta, para o Brasil, há mais
avós ricos, que vivem no condomínio de
Dickens, que a no livro, que ouve a de 100 anos. Uma
luxo Paradaise, sexualmente obcecado por
literatura celebrou, história da avó. Uma viragem interessante,
uma vizinha mais velha. A povoar esta his-
e William Harrison saga familiar igual a que alimenta bem uma
Ainsworth, que o
tória, que se lê num sopro, culpa de uma tantas outras, única história, descobre-se
esquecimento devorou. escrita ansiosa e pontuada de impropérios, pela resiliência vivida no final, com um quê de
L.R.D. os temas da pobreza, da diferença de clas- por tantos. L.R.D. criação literária. M.C.B.
— D. Quixote, 536 págs., ses, da violência. — Mariana Correia de Barros — Alma dos Livros, 360 — Tinta-da-china, 216
€24,90 — Elsinore, 136 págs., €16,65 págs., €19,45 págs., €15,90

104 VISÃO 28 MARÇO 2024


7 ---------- CO M E R

LISBOA

Mila
Brunch todo o dia
Com larga tradição em Santos, o Mila chega agora
à Almirante Reis, com o mesmo ambiente de “boa onda”

E
ntramos neste novo Mila ao som dos benedict com sapateira (€14). Passada a estra-
Portugal. The Man. Enquanto entoamos nheza, ligamos o marisco à famosa cervejaria que
Feel It Steel, aquela música a que é im- fica mais abaixo, na Almirante Reis (e junta filas
possível ficar indiferente, começa a “dis- de turistas à porta), e tudo passa a fazer sentido.
cussão”. Sabem aquele verde-água que está muito O brunch (€20, inclui iogurte com granola,
na moda por ser deveras instagramável? Aquele a sumo, qualquer prato da lista e qualquer café)
que alguns chamam azul-marinho e depois nun- pode ser comido durante todo o dia, já se escre-
ca ninguém chega a conclusão nenhuma de qual veu, mas na realidade, e por enquanto, a cozinha
é a cor em questão? fecha às quatro, embora seja possível continuar
Pois, neste recente all-day brunch, que se neste ambiente onírico, apenas de copo na mão
arruma dentro do hotel WC, ficamos imersos e umas azeitonas para depenicar, até às oito. Os
nesse tom, desde as cortinas aos azulejos e aos planos eram outros, mas os tapumes das obras
sofás e por aí fora. A fazer pandã, também ao do metro dos Anjos escondem este novo recan-
estilo marshmallow, juntam-se alguns apon- to – até a sua abrigada esplanada – e por isso
tamentos de cor de rosa, que têm a sua maior os donos, Tiago e Mila (sim, é por sua causa
expressão nos Salmon Pink Beny (€13), uns ovos o nome), preferiram avançar mais devagarinho.
que se tornam irresistíveis à fotografia. No verão, têm esperança, já dará para aqui
Descrito o invólucro, passemos ao conteúdo. ficar até às 23 horas, mas sem pensar em jan-
Quem já conhece o outro Mila, ali em Santos, tar-jantar. Será mais do género das ofertas tipo
com largo rasto enquanto café de bairro (em balcão. Quando saímos do Mila, a ouvir Stevie
tempos, foi também mercearia fina), sabe mais Nicks, pensamos: aconteça o que acontecer, seja
ou menos o que esperar, pois as ementas asse- verde-água ou azul-marinho, da boa música
melham-se e são ambas assinadas por Wagner (e da boa onda) não nos livramos. — Luísa Oliveira
dos Santos. Este chefe, com um percurso de 25
anos em Dublin, criou para aqui uma especiali- WC by The Beautique Hotels, Av. Almirante Reis, 35A >
dade que à primeira vista pode soar bizarra: ovos T. 92 594 0526 > seg-dom 9h-20h (cozinha fecha às 16h)

Verde-água ou
azul-marinho
Seja qual for
a cor, no Mila
ficamos imersos
nesse tom, desde
as cortinas aos
azulejos e aos
sofás, com alguns
apontamentos
em cor de rosa
LUÍS BARRA

28 MARÇO 2024 VISÃO 105


7 ---------- CO M E R

POR
Marlene
Santa Páscoa
Vieira Folar para entrada, um prato de
bacalhau e, no fim, adoça-se a boca
Chefe dos restaurantes Zunzum
Gastrobar e Marlene, em Lisboa. com aletria e pão de ló. Cinco receitas
No programa de televisão Cozinha
de Chef, no canal Casa e Cozinha,
para brilhar na cozinha
apresenta receitas, com o seu toque,
de todas as regiões do País

BACALHAU À BRAGA
INGREDIENTES louro, manteiga e azeite. Deixar
cerca de 20 a 30 minutos
— Bacalhau — Agrião
ao lume até caramelizar.
— Cebola — Fermento em pó
Acrescentar depois sal, pimenta
— Alho — Colorau e o caldo de bacalhau.
— Batatas — Louro šC
 ortar as batatas na mandolina.
— Água — Manteiga œQuando a cebolada estiver
— Sal — Azeite finalizada, dispô-la numa
— Ovo — Pimenta travessa onde acrescentamos
— Água com gás — Amido de milho depois uma camada de batatas.
— Farinha — Óleo
Pincelar as batatas com
manteiga e levar o preparado
ao forno a 200ºC durante cerca
PREPARAÇÃO de 30 minutos. As batatas devem
alourar.
˜Começar por trabalhar o žPara a polme, vai precisar
bacalhau. Retirar as espinhas de farinha, amido de milho,
e preparar os filetes. Depois, fermento em pó, sal fino,
temperar o bacalhau com um ovo e, por fim, água com
colorau, alho e um fio de azeite. gás. Depois de ter todos os
Envolver tudo e reservar. elementos, envolver. Aquecer
™Com as aparas e as espinhas o óleo numa frigideira. Quando
do bacalhau, fazer um caldo estiver quente, envolver os filetes ALETRIA
numa panela com água. de bacalhau na polme e fritar.
›A
 receita inclui uma cebolada Com todos os elementos INGREDIENTES
feita sobre a forma de uma prontos, é hora de servir.
sopa de cebola. Num tacho, pôr O prato pode acompanhar com — 300 g de açúcar — Limão — 100 ml leite
ao lume: cebola, alho laminado, uma salada fresca de agrião. — 1,5 litro de água — 250 g de aletria — Canela em pó
— Sal grosso — 20 g de manteiga — Framboesas
— Pau de canela — 4 gemas de ovo

PREPARAÇÃO

˜O primeiro passo durante 10 a 15


é desfiar a aletria. minutos. Depois
Num tacho, colo- misturar as gemas
car ao lume a água, com o leite e adi-
o açúcar, sal, pau cionar à aletria,
de canela e casca deixando cozi-
de limão, fazendo nhar mais cinco
uma infusão até minutos.
levantar fervura. ›E
 mpratar a aletria
™Adicionar a aletria e finalizar com
e a manteiga e canela em pó e
mexer. Cozinhar framboesas.

106 VISÃO 28 MARÇO 2024


ARROZ DE POLVO

INGREDIENTES
— Polvo congelado — Água — Arroz carolino
— Cebolas — Cravinhos — Sal grosso
— Dentes de alho — Pimento vermelho — Pimenta em grão
— Folha de louro — Tomate — Salsa
— Vinho tinto — Azeite — Chouriço de sangue

PREPARAÇÃO

˜Colocar o polvo na o caldo da cozedura e


panela com a cebola reservar para a cozedura
cortada ao meio com do arroz.

FOTOS: TIAGO CARAMUJO


os cravinhos espeta- šP
 ré-aquecer o forno a
dos. Juntar ainda louro, 220ºC. Retirar o tacho
vinho tinto, alho e água. do refogado do lume e
Deixar cozer durante acrescentar o arroz e o
30 minutos. Retirar do caldo. Retificar os tempe-
lume e deixar na panela ros (sal e pimenta). Mexer
FOLAR TRANSMONTANO mais 15 minutos para ligeiramente e levar o
REINVENTADO que fique no ponto.
™Preparar uma base de
arroz ao forno por 20
minutos até estar cozido.
legumes para o arroz. œEnquanto o arroz cozi-
INGREDIENTES Para isso, picar cebola, nha, separar os tentáculos
— Orelha fumada — Chouriço mouro — 18 g de fermento
alho, pimento, toma- do polvo, colocar numa
— Alheira de padeiro fresco te e chouriço. Colocar assadeira e molhar
— 300 g de farinha
— 113 g de manteiga num tacho em lume com azeite. Adicionar
— Entremeada — 43 g de gema de ovo
baixo e adicionar azeite. alho laminado e levar
— Bacon — 113 g de leite Refogar tudo e deixar também ao forno
— Chouriço de carne — 5 g de sal cozinhar. durante 10 minutos.
›Com o polvo já cozido, žRetirar o arroz do forno e
PREPARAÇÃO retirá-lo do tacho e acrescentar os tentáculos,
deixar arrefecer. Coar finalizando com salsa.
˜Começar pelas carnes, teiga fria. Deixar a
que podem ser apro- massa a levedar.
veitamentos de carnes ›Quando a massa já
do cozido, cortando-as tiver duplicado de ta-
em pequenos cubos e manho, moldá-la em
reservar. rolos e encher cada um
™A
 massa será a princi- com as carnes.
pal alteração à receita šPincelar um tabuleiro
original. Numa bate- com manteiga derreti-
deira, juntar a farinha, da e dispor os rolos do
o sal, o fermento, as folar. Levar ao forno a
gemas e o leite. Bater 180ºC durante 20 a 30
todos os ingredientes minutos.
e, quando tiverem œCom o folar já cozido,
alguma espessura, retirar do forno e
juntar cubos de man- desenformar.

PÃO DE LÓ
INGREDIENTES PREPARAÇÃO
— 8 ovos ˜Bater os ovos, as gemas e o açúcar. Este é o segredo do pão de
— 6 gemas de ovo ló, por isso, deve bater-se durante pelo menos 12 minutos.
— 350 g de açúcar ™Depois envolver lentamente a farinha. Nesta fase, pode
— 350 g de farinha também incluir as groselhas. Mas, caso prefira, pode manter
— Groselhas
simplesmente a massa.
›Humedecer a forma e forrar com papel vegetal.
Verter o preparado na forma e levar ao forno a 220ºC
entre 20 e 30 minutos.
šO pão de ló está pronto a servir. Boa Páscoa!

28 MARÇO 2024 VISÃO 107


7 ---------- CO M P R A R

De sala em sala
Entre as marcas
e os projetos
presentes no
Relógio Slow
Retail estão a
Saints at Sea,
as joias da HLC
(à direita,
em cima) e a
chocolataria de
Niccoló Corallo,
que vende
também café
torrado em grão
ou moído
(à direita,
em baixo)

CASCAIS

Relógio Slow Retail


Moda portuguesa e cheirinho a café
O piso térreo do edifício do Relógio, no centro de Cascais,
foi transformado numa concept store com cinco lojas
abertas para a rua e uma chocolataria artesanal

A
pesar de existente, a placa que indica um pedaço escolhido pelo cliente. Para casa,
Relógio Slow Retail ainda passa des- podem levar-se não só chocolates mas também
percebida a quem se cruza com este café torrado em grãos ou moído.
edifício histórico, numa esquina da A primeira loja da Origem está de janela
Praça 5 de Outubro, junto à Câmara Municipal aberta para a rua, num convite à descoberta
de Cascais. O prédio, que tem na fachada prin- dos óculos de sol e óticos da marca. São feitos
cipal duas torres sineiras, as armas de Portugal com armações de bambu e lentes polarizadas
e um relógio (daí a designação), abriu no início de alta qualidade, um projeto fundado por Pe-
de dezembro com o piso térreo transformado dro Romão.
numa concept store, que se descobre como se Se dermos um passo em frente, literalmente,
de uma matriosca se tratasse. estamos na sala onde se instalou A Indústria,
Fazemos a primeira paragem na Niccoló. A com acessórios e vestuário para homem, mas
atenção detém-se em coisas diferentes con- igualmente usados por mulheres. A oferta inclui
soante a porta por onde se entra (há duas). De t-shirts, camisas ou polos, confecionados a par-
um lado, está a lustrosa máquina da torra de tir de tecidos que sobram na indústria têxtil e
café que, quando está ativa, liberta o aroma a com vários pormenores, mas também mochilas,
café no ar. Do outro, a vitrina do balcão exibe sacos de viagem, carteiras ou porta-cartões em
outra especialidade, o chocolate, em 12 varia- pele e com a possibilidade de serem personali-
ções, com pimenta e flor de sal, de leite com zados com gravação – tudo feito com processos
milho tufado ou de cacau cru, por exemplo. “É de fabrico tradicionais, graças à paixão de Deni-
feito com grãos de São Tomé e Príncipe”, diz se Lemos, a fundadora da marca.
Niccoló Corallo, que, com o pai Cláudio e a As joias de Helena Lopes Cardoso (HLC)
mãe Bettina, aprendeu a mestria do fabrico de não podiam estar mais bem apresentadas
chocolate artesanal. Aqui, o café é servido com neste Relógio Slow Retail. Uma das salas ainda

108 VISÃO 28 MARÇO 2024


LISBOA E PORTO

Pigmentarium
Emoções num frasco
As fragrâncias e incensos
da marca checa encontram-se,
em exclusivo, na Banema Studio

A
cada aroma que dá a testar, Tomáš Ric, fundador e
diretor criativo da Pigmentarium, pergunta qual a
sensação que nos evoca e a que cor o associamos.
O exercício, olfativo e ao mesmo tempo emocio-
nal, serve para apresentar as seis fragrâncias e os incensos
da marca de perfumaria que fundou em 2018, em Praga, na
Chéquia, agora disponíveis em exclusivo nas lojas da Banema
Studio, em Lisboa e no Porto.
Cada criação conta uma história, evoca emoções e
memórias. São perfumes de nicho feitos de combinações
MARCOS BORGA

aromáticas inusitadas e intemporais. O lançamento, em


2018, fez-se com Ad Libitum, inspirado no pôr do sol sob o
Castelo de Praga, uma composição com notas refrescantes
de citrinos, jasmim e musgo. Seguiram-se Erotikon, “afro-
disíaco e inspirado no filme do realizador Gustav Machatý”;
ostenta o cofre antigo destas instalações que Murmur, “intimista, como se estivéssemos a sussurrar ao
outrora funcionaram como sede do concelho. ouvido de alguém”; Paradiso, “a alegria e o verão num fras-
É aí, nesse cantinho mais recatado, que uma co”; Genesis, “originalmente criado para uma artista checa”,
vitrina exibe as peças em ouro. Noutra zona, e Oratorio, com assinatura do perfumista francês Théo Bel-
mostram-se as novidades mais recentes, como a mas, explica o diretor criativo. Apresentam-se em frascos
pulseira Ocean’s Treasure, com safiras sintéticas minimalistas cujas letras são as mesmas usadas nas notas
coloridas, e o colar Corallo, feito em coral 100% checas, um estilo criado em 1960 pelo designer gráfico Jan
natural, a par de outras pulseiras e anéis em Solpera. O universo Pigmentarium inclui ainda uma seleção
prata e prata dourada. de incensos, fabricados artesanalmente no Sri Lanka, e su-
Os cabides costumam estar impecavelmente portes de porcelana com acabamento metalizado. São seis
alinhados por Taryn, a funcionária sorridente fragrâncias cujos aromas remetem a destinos distantes, de
que recebe os clientes da Papua, outra marca Marrocos a Jaipur, na Índia, passando por Praga. No dia 8
portuguesa a ganhar morada em Cascais. De- de abril, é lançado Azabache Chapter 2. Desenvolvido em
dicada ao vestuário feminino e swimwear, tem 2021 com o designer de moda espanhol Arturo Obegero,
peças de inspiração boho, descontraídas, com chega numa nova versão.— S.L.F.
um toque diferenciador. Os vestidos, calças ou
tops tanto se usam num dia de trabalho como Banema Studio > R. Coelho da Rocha, 27 C, Lisboa > R. Adolfo Casais
numa ida à praia, neste caso a combinar com Monteiro, 123, Porto > ter-sáb 10h-19h
um biquíni da marca.
Na última sala, ou na primeira, dependendo
por onde se entra, está a Saints at Sea, um pro-
jeto inspirado no slow living e nos rituais diá-
rios. Nascido na Ericeira pelas mãos de Petrina
Reddy, apresenta-se em Cascais com uma série
de objetos decorativos, como cerâmicas, can-
deeiros e telas assinados por vários artistas e ar-
tesãos, além de velas e almofadas que convivem
com as pranchas e t-shirts da Magic Quiver, de
Mario Wehle, marido de Petrina. Também há
quimonos, jaquetas e calças, entre outras peças
de vestuário confecionadas em musselina, linho
e seda, produzidas na Ericeira e que apetece le-
var para casa a cada visita. — Susana Lopes Faustino

Pç. 5 de Outubro, 75, Cascais > seg-dom 11h-14h30,


D.R.

15h-19h30 > Niccoló > seg-dom 10h-18h

28 MARÇO 2024 VISÃO 109


7 ---------- O G O STO D O S O U T R O S

“O que mais me —— Livro


SILO DOUGLAS MCMASTER
parte muito importante da sua
vida. “É algo que me trouxe

impactou no Japão não Mais do que um livro de


culinária, Silo é uma síntese
autoconfiança quando estava
a lutar como pessoa e como

foi necessariamente
chefe, tentando provar que,
do trabalho do chefe apesar de vir de longe e ainda
ativista Douglas McMaster, me faltarem tantas chaves, com

a comida em si, conhecido como o pai do


movimento desperdício zero,
dedicação e paciência poderia
ter sucesso.”

mas o profundo e proprietário do restaurante


com o mesmo nome, no
Reino Unido. “Neste livro, —— Disco
sentido de serviço o chefe descreve como
encontraram alternativas, UMOJA SKINSHAPE

dos japoneses e a por exemplo, fundindo e


comprimindo embalagens
“É a banda sonora da minha
vida quotidiana. A sua música

devoção à sua tarefa” para as transformar em pratos


ou utilizando o calor gerado
pelo composto orgânico como
acalma-me, deixa-me feliz
e dá-me tempo para olhar
a beleza ao meu redor.
forno de baixa temperatura.” Também adoro o facto de
Skinshape ser um daqueles
artistas que quando se

Louise Bourrat —— Festival


MÚSICAS DO MUNDO SINES
ouve as primeiras notas
sabemos automaticamente
Chefe de cozinha do restaurante BouBou’s, em Lisboa, quem as toca”, diz Louise,
29 anos A música é o seu segundo recomendando o álbum Umoja,
amor, depois da cozinha. que tem a participação
“Comida e música estão de artistas de world music
intrinsecamente ligadas e de África e do Brasil.
partilham muitos aspetos: são
sobre cultura, comunicação,
conexão e um reflexo do —— Viagem
mundo em que vivemos.” Vê
o festival de Sines como uma JAPÃO
reunião de “artistas de todo Visitou o Japão em janeiro
o mundo, para celebrar a deste ano. “Foi a viagem da
beleza, a interculturalidade, minha vida e superou todas
as diferenças, as tradições as expectativas que tinha.
e a modernidade.” O Japão é a meca dos chefes
e donos de restaurantes.
O que mais me impactou não
—— Bem-estar foi necessariamente a comida
em si, mas o profundo sentido
IOGA de serviço dos japoneses e a
Descobriu o ioga aos 15 anos devoção à sua tarefa, que eles
e, desde então, sempre foi uma chamam de honne e tatemae.”

Antes de vencer o —— Prato


programa televisivo COZIDO À PORTUGUESA
Top Chef 2022, “Percebi que era o único prato
em França, que ligava as minhas raízes
francesas e portuguesas,
a luso-francesa porque quase todos os países
já liderava o têm a sua versão. Moro fora
restaurante de França desde os 18 anos,
e quero sentir-me em casa
Boubou’s, em qualquer lugar que vá.
em Lisboa, Quando como um cozido, sei
que estou no lugar certo.”
que em julho
celebra seis anos
D.R.

— Sandra Pinto

110 VISÃO 28 MARÇO 2024


7 ---------- J O G O S

PALAVRAS CRUZADAS
> > HORI ZON TAIS > > 1. O espaço sideral. Que ou aquele que faz
versos. // 2. Animal vertebrado, ovíparo, de respiração pulmonar,
sangue quente, pele coberta de penas. Exército Republicano Irlandês
(sigla). Nocivo. // 3. Praticar sabotagem em. Altitude (abrev.). // 4.
Descendência. Planta hortense da família das liliáceas. // 5. Encontrar
obstáculos (fig.). // 6. Pífaro. Estabelecimento comercial que serve
bebidas e onde se bebe quase sempre de pé ou sentado em bancos
altos junto de um balcão. // 7. Estabelecer divisões ou graus. // 8.
Composição poética e musical em honra de uma nação, de um herói,
de um partido, etc. Estrofe (abrev.). Senhor (abrev.). // 9. Passado.
Alvoroçar. // 10. Está na posse ou em poder de. Apatetado.
// 11. Aprazível. Instrumento de alveitar com que se aperta o focinho da
besta, obrigando-a a estar quieta. >> VERTICAIS >> 1. Escamas finas
que se levantam na pele, especialmente no couro cabeludo. Tecido
de algodão, estampado a cores. // 2. Cidade do distrito de Aveiro.
O mesmo, da mesma maneira. // 3. Substância gorda e consistente
das vísceras abdominais de alguns animais. Apelido que se juntava
ao sobrenome (ant.). // 4. Pessoa que cria ou vende objetos de
cerâmica. // 5. Oito dezenas. Amarro. // 6. Rádio (s. q.). Mulher cujo
comportamento é considerado reprovável (pejorativo). // 7. Pessoa
que dança, em relação àquela com quem dança. Servira-se de.
// 8. Ave palmípede da família dos macrópteros. // 9. Prender nas
malhas da rede. Com grande intensidade, em geral empregue antes
de adjetivos e advérbios. // 10. Cortar em talhões. Saco grande, largo
e comprido. // 11. Aquele que cria ou produz, apenas por faculdade
própria. Viagem sem rumo, indeterminada.

SUDOKU QUIZ
— FÁ C I L — PO R PED RO D IAS D E ALM EI DA

1. Entre 2016 e 2022, 6. Na música portuguesa,


Roberto Martinez, atual Luís Clara Gomes é conhecido
treinador da Seleção por que nome artístico?
Portuguesa de Futebol, A. Moullinex
treinou que outra seleção? B. Mirror People
A. Suíça C. Stereossauro
B. Polónia
C. Bélgica 7. O pampilho é um doce típico
de que cidade?
2. Em que país fica o deserto A. Viana do Castelo
de Atacama? B. Évora
A. Argentina C. Santarém
B. México
C. Chile 8. Quem publicou, em 1984,
o romance Amadeo, inspirado
3. Em que disco de José na vida do pintor Amadeo de
Afonso se encontra a canção Souza-Cardoso?
Grândola, Vila Morena? A. José Cardoso Pires
A. Cantigas do Maio B. Mário Cláudio
B. Traz Outro Amigo Também C. João de Melo
C. Venham Mais Cinco
9. Como se chama a mais
4. Qual o país de origem célebre peça de Eugène
da marca de automóveis Dacia? Ionesco, estreada em 1959?
A. República Checa A. Rinoceronte
B. Hungria B. Hipopótamo
C. Roménia C. Elefante

5. Em que concelho nasceu, 10. Quantos jogadores tem


em 1949, o poeta Nuno Júdice? uma equipa de polo aquático?
A. Loulé A. Cinco
B. Faro B. Seis
C. Portimão C. Sete

> > QUI Z > > 1. C // 2. C // 3. A // 4. C // 5. C // 6. A // 7. C // 8. B // 9. A // 10. C


// 6. Ra, Cadela. // 7. Par, Usara. // 8. Albatroz. // 9. Emalhar, Mui. // 10. Talhar, Saca. // 11. Autor, Error.
SOLUÇÕES >> VERT ICAIS >> 1. Caspa, Chita. // 2. Ovar, Idem. // 3. Sebo, Agnome. // 4. Oleiro. // 5. Oitenta, Ato.
// 6. Gaita, Bar. // 7. Graduar. // 8. Hino, Est, Sr. // 9. Ido, Alarmar. // 10. Tem, Tarouco. // 11. Ameno, Aziar.
>> HORIZON TAIS >> 1. Cosmo, Poeta. // 2. Ave, IRA, Mau. // 3. Sabotar, Alt. // 4. Prole, Alho. // 5. Encalhar.

112 VISÃO 1 JANEIRO 1999

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